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1
TV Digital
Pequena história
SBTVD
Artur Mendes
2
Pequena história da
TV Digital Brasileira
SBTVD
Artur Mendes
MTb 8063
Agradecimentos
Equipe do Laboratório de TV Digital
da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Dr. Gunnar Bedicks Junior
Prof. Dr. Cristiano Akamine
Prof. Fujio Yamada (in memoriam)
Prof. Carlos Eduardo Dantas (in memoriam)
3
Índice
Cronologia TV..................................................................................03
O princípio digital...........................................................................09
O Brasil abre a janela.....................................................................12
Mackenzie na vanguarda.................................................................19
Definindo os testes...........................................................................24
Universidades unidas......................................................................30
Apêndices.........................................................................................35
4
1817
• Tudo começou em 1817, quando o cientista sueco Jakob Berzelius
descobriu e isolou o selênio, observando a fotossensibilidade do ele-
mento químico que desprendia elétrons quando exposto à luz.
1884
• Em 1884, o alemão Paul Nipkow patenteou uma proposta de trans-
missão de imagens à distância, e foi chamado de o "fundador da téc-
nica de TV".
1892
• Em 1892, Juluis Elster e Hans Getbel inventaram a célula fo-
toelétrica.
1900
• A palavra televisão foi inventada em 1900, pelo francês Constantin
Perskyi. Vem da junção das palavras tele (longe, em grego) e videre
(ver, em latim). Perskyi apresentou uma tese no Congresso Interna-
cional de Eletricidade, em Paris cujo título era "Televisão".
1906
• Em 1906, Arbwhnett desenvolveu o sistema de televisão por raios
catódicos, que empregava a exploração mecânica de espelhos so-
4
1
Cronologia TV
5
mada ao tubo de raios catódicos. O mesmo seria feito na Rússia, por
Boris Rosing. Por isso não se pode atribuir a invenção da televisão a
uma única pessoa. Os novos equipamentos eram construídos a partir
de experiências anteriores de outros pesquisadores.
1920
• Em 1920, o inglês John Logie Baira realizou as primeiras trans-
missões através do sistema mecânico baseado num invento de Nip-
tow. 1924
• Quatro anos depois, em 1924, Baira transmitiu contornos de obje-
tos à distância e, no ano seguinte, fisionomias de pessoas. O padrão
de definição possuía 30 linhas e era mecânico.
• O primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica foi
demonstrado em fevereiro de 1924 em Londres por John Logie
Baird com uma imagem do desenho animado “O Gato Félix”.
1926
• Baird fez a primeira demonstração no Royal Institution em Lon-
dres para a comunidade científica e logo após assinou contrato com
a BBC para transmissões experimentais.
1928
• O primeiro serviço de transmissão de tv no mundo foi o da TV
WGY em Schenectady, Nova Iorque, inaugurada em 11 de maio de
1928.
1935
• Em março de 1935, a Alemanha, primeiro país a oferecer um
serviço de televisão pública, emitiu oficialmente a televisão,
adotando um padrão de média definição: 180 linhas e 25 quadros
por segundo.
1941
• Surge a propaganda na TV. A NBC estreou em 1941, com anun-
ciantes e patrocinadores sustentando a programação.
1950
• No Brasil, em 18 de Setembro de 1950 é inaugurado o primeiro
canal de TV da América Latina. A TV Tupi de São Paulo, PRF-3
TV, canal 3, Difusora.
1954
• A rede americana NBC começa a transmitir em cores pela primeira
vez no mundo, com o padrão americano NTSC.
5
6
1962
• A TV Excelsior de São Paulo transmite experimentalmente em
cores o programa Moacyr Franco Show pela primeira vez no Brasil,
no sistema NTSC.
1963
• Em 1963 a TV Tupi de São Paulo também experimenta a transmis-
são em cores e começa a transmitir o seriado Bonanza nas noites de
sábado, tambem em NTSC.
1967
• AAlemanha colocou em funcionamento, em 1967, uma variação
do sistema americano, que recebeu o nome de Phase Alternation
Line, dando as iniciais para o sistema PAL; resolvendo algumas de-
bilidades do primeiro sistema. Nesse mesmo ano, entrou na França
o SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire), não compatível com
o sistema preto e branco francês.
1970
• A Copa do Mundo de Futebol de 1970, no México, chegou em
cores no Brasil em transmissão experimental para as estações da
Embratel, que retransmitia para os raros possuidores de televisão
colorida no Brasil. A Embratel reuniu convidados na sua sede no
Rio de Janeiro, em São Paulo (no Edifício Itália) e em Brasília. O
sinal, recebido em NTSC (padrão americano), era convertido para
PAL-M e captado por aparelhos de TV instalados nas três cidades.•
• A Japão Nippon Hoso Kyokai (NHK) criou a TV de alta definição,
o que seria chamado mais tarde de HDTV - Hi Definition Televi-
sion.
1971
• Em 1971 o governo baixa uma lei determinando o corte da con-
cessão das emissoras que não transmitirem uma porcentagem mín-
ima de programas em cores. O sistema oficial passa a ser o PAL-M,
que é uma mistura do padrão M do sistema NTSC e das cores do
sistema PAL Europeu. O objetivo era criar uma indústria totalmente
nacional com o sistema próprio. Para aumentar as vendas de recep-
tores coloridos a fábrica de televisores Colorado, patrocina replays
de jogos de futebol todas as tardes nas TVs Bandeirantes e Gazeta.
1972
• A primeira transmissão oficial em cores no Brasil ocorreu em 19
de fevereiro de 1972, com a cobertura da "Festa da Uva", na cidade
7
gaúcha de Caxias do Sul, autorizada pelo Ministério das Comuni-
cações. Em 31 de março de 1972, as principais emissoras brasileiras
inauguraram oficialmente suas programações coloridas.
1974
• Com o advento da Copa do Mundo de Futebol de 1974, a venda de
televisores coloridos finalmente decola e coloca definitivamente o
Brasil no mundo da TV em cores.
1980
• A Hi-Vision Promotion Association começou a dar os primeiros
passos na direção da digitalização das transmissões de TV. Surgia
assim o primeiro sistema de transmissão de TV Digital do mundo, o
japonês, DHVB – Digital Hi-Vision Broadcasting.
• Europa começa a desenvolver o sistema DVB - Digital Video
Broadcasting. O DVB foi projetado a partir dos anos 80 pelo con-
sórcio que hoje possui 250 integrantes de 15 países.
1987
• Os Estados Unidos criam o padrão ATSC - Advanced Television
System Committee. O padrão norte-americano de TV Digital, foi
desenvolvido por um grupo de 58 indústrias de equipamentos
eletroeletrônicos.
1991
• O governo Collor de Mello, estabeleceu a Comissão Assessora
para Assuntos de Televisão (COMTV) cuja tarefa principal era re-
unir governo e empresas de comunicação nos estudos e análise da
então chamada “TV de Alta Definição”.
1994
• Em 1994 surgiu o chamado Grupo ABERT / SET que centralizou
seus esforços na pesquisa e desenvolvimento da TV Digital no
Brasil.
1998
• Assinado o acordo de Cooperação Técnica do Mackenzie com a
ABERT / SET – Associação Brasileira de Televisão e Sociedade
Brasileira de Engenharia de Televisão para obter dados técnicos do
desempenho dos sistemas de transmissão de TV Digital
• Em 1998, numa cooperação técnica com a Associação Brasileira
de Empresas de Rádio e Televisão (ABERT), a Sociedade de En-
genharia de Televisão (SET), a Agência Nacional de Telecomuni-
cações (ANATEL) e a empresa NEC do Brasil, foi inaugurado o
8
Laboratório de Televisão Digital da Escola de Engenharia da Uni-
versidade Presbiteriana Mackenzie.
• Em outubro de 98 a TV Digital entra em operação comercial nos
Estados Unidos.
• O DVB entra em operação no Reino Unido e na Austrália.
• Anatel publica a Resolução No. 69 que autorizava a realização dos
primeiros testes de transmissão de TV Digital em circuito fechado
em caráter experimental.
1999
• Anatel expede em 30 de agosto de 1999, o Ato nº 4609, do Con-
selho Diretor da ANATEL, assinado pelo então presidente do con-
selho, Roberto Navarro Guerreiro, autorizando a instalação da
estação transmissora em São Paulo para executar Serviço Especial
para Fins Científicos e Experimentais.
• Começam os primeiros testes com TV Digital no Brasil de com o
aval de especialistas da Universidade Mackenzie.
2002
• Em 12 de setembro de 2002, o professor Eng. Gunnar Bedicks foi
nomeado oficialmente representante do Mackenzie junto a ABERT /
SET.
• Professor Eng. Gunnar Bedicks é empossado pelo diretor presi-
dente do Mackenzie, Sr. Cyro Aguiar, no cargo de Coordenador do
Labarotório de TV Digital em 21 de novembro.
• Selado novo acordo de Cooperação Técnica entre Mackenzie e a
ABERT / SET visando a execução de novos testes e a implantação
de uma estação de teste de TV Digital.
2003
• Professor Eng. Gunnar Bedicks Jr e o Dr. Pedro Ronzelli Jr. vice
reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em visita ao então
ministro das Comunicações, Miro Teixeira, propuseram ao ministro
a criação de um consórcio de universidades para reativar o projeto
da TV Digital.
• Foi realizada no Mackenzie, no dia 6 de junho de 2003, a 1a. Re-
união do Consórcio de Universidade para o Desenvolvimento do
Sistema Brasileiro de TV Digital
• Foi realizado em Campinas, na Unicamp, em 11 e 12 de agosto o I
WorkShop Técnico sobre o Projeto do Sistema Brasileiro de Tele-
visão Digital (SBTVD). Essa foi a segunda reunião do Consórcio de
9
Universidades.
• Entra em operação comercial o sistema japonês de TV Digital
chamado de ISDB-T - Integrated Services Digital Broadcasting Ter-
restrial - Serviço Integrado de Transmissão Digital Terrestre.
2006
• O Presidente Lula da Silva emite o decreto Nº 5.820, DE 29 DE
JUNHO DE 2006 que implanta oficialmente o Sistema Brasileiro de
Televisão Digital Terrestre - SBTVD-T.
• Em 23 de novembro, na cidade de São Paulo, instala-se o Fórun
Do Sistema Brasileiro de TV Digital, órgão que vai acompanhar a
implantacão e o desenvolvimento da TV Digital no Brasil.
A tecnologia digital tem suas bases associadas ao
desenvolvimento dos primeiros computadores eletrônicos
Boole, o percursor digital
O professor de matemática no Quen’s College em Cork na Irlanda,
George Boole, publicou certa vez dois trabalhos que serviram de
base conceitual para a lógica digital. No artigo “The Mathematical
Analysis of Logic” (1847) e no artigo “The Laws of Thought”
(1854), Boole explicou, como processos de lógica fundamental po-
diam ser expressos em termos de um e zero por um sistema
chamado Álgebra Booleana. Entretanto Boole naquele tempo
achava que seu sistema não teria nenhuma aplicação prática. Mal
sabe ele que seu sistema de Álgebra Booleana tornou-se a base
teórica para todo o desenvolvimento dos circuitos digitais.
Hollerith
Outra invenção, que também ocorreu no século 19 e que foi funda-
10
2
O princípio digital
mental para a revolução digital foi a do americano Herman Hol-
lerith. Como os dados do Censu Americano de 1880, foram proces-
sados, manualmente, durante oito anos. Herman Hollerith,
empregado do Census Bureau, desenvolveu uma máquina que us-
ando eletricidade, automaticamente selecionava e tabulava dados
que haviam sido gravados em cartões perfurados. Esse sistema
processou os dados do Censu Americano de 1890, em apenas dois
anos e meio. A partir desse sucesso Hollerith fundou a empresa
“Tabulating Machine Company” que acabou se tornando a IBM.
Juntando idéias
As duas invenções foram colocadas juntas em 1937, quando Claude
Shanon, em sua dissertação de mestrado no MIT, combinou a Álge-
bra de Boole com os circuitos de chaveamento de relés, usados na
máquina de Hollerith, mostrando como máquinas podiam operar
com lógica matemática.
ENIAC, o primeiro computador
Nove anos mais tarde, em 1946 surge o ENIAC (Electronic Numeri-
cal Integrator Calculator), construído por J. Presper Eckert e John
Mauchly da Universidade da Pensilvânia. O ENIAC é considerado
o primeiro computador com tecnologia Digital do mundo.
FAX
Do primeiro ENIAC até os anos 70 a tecnologia digital predomi-
nava nos ambientes dos computadores. A partir de 1973 surgiram os
primeiros aparelhos de fax produzidos em escala comercial, que
começaram a transmitir cópias tipo fac símile com sinais digitais
transmitidas por meio da rede telefônica.
CD
Quase dezoito anos mais tarde, no final dos anos 80, mais uma vez
o digital sai dos computadores e migra para os estúdios musicais e
gravadoras de disco. A humanidade conhece então o compact disc, o
11
CD como é conhecido popularmente até hoje.
Telefone móvel
O próximo aparelho de uso popular a incorporar a tecnologia digital
é o telefone celular. Os primeiros telefones móveis digitais surgiram
no final dos anos 80. Hoje quase toda a telefonia móvel funciona
em cima de tecnologias digitais. Quase tudo ao nosso redor hoje
tem dispositivos digitais. Seja um tocador de musica tipo iPod,
aparelhos de CD e DVD, máquinas fotográficas, controladores de
luz e tantos outros equipamentos utilizados em diversas áreas de
atividade.
O digital na TV
Se na indústria da televisão muitas estações já operavam interna-
mente com equipamentos digitais, na ponta do sistema, ou seja nos
sistemas de transmissão ainda permanciam e se mantém ainda hoje
em grande parte analógicos. A TV é um dos últimos dos moicanos
que começa a migrar a partir dos anos 2000 para a tecnologia digital
em seus sistemas de transmissão.
Surge a TV Digital
A história da TV Digital, começou em 1970, quando um dos
maiores canais de televisão do mundo, a Japão Nippon Hoso
Kyokai (NHK) criou a TV de alta definição, o que seria chamado
mais tarde de HDTV - Hi Definition Television. Como na época os
técnicos da NHK estavam tendo problemas técnicos para transmitir
HDTV com toda a gama de informações exigidas pela alta
definição, dentro de uma plataforma analógica em meados de 1980
a Hi-Vision Promotion Association começou a dar os primeiros pas-
sos na direção da digitalização das transmissões de TV. Surgia
assim o primeiro sistema de transmissão de TV Digital do mundo, o
japonês, DHVB – Digital Hi-Vision Broadcasting.
12
1991, o Brasil acorda para a TV Digital
Se nas década de 80 a TV Digital já engatinhava no Japão, Estados
Unidos e na Europa, no Brasil o assunto começou a ser discutido a
partir de 1991, no então governo Collor de Mello, quando o Min-
istério das Comunicações estabeleceu a Comissão Assessora para
Assuntos de Televisão (COMTV) cuja tarefa principal era reunir
governo e empresas de comunicação nos estudos e análise da então
chamada “TV de Alta Definição”, acompanhando os trabalhos de
implantação do sistema em outros países e as discussões no âmbito
da União Internacional da Telecomunicações. Dessa comissão
faziam parte a Associação Brasileira de Rádio e Televisão que
naquele momento agregava todas as emissoras de rádio e televisão
do país e a Sociedade de Engenharia de Televisão entre outras enti-
dades setoriais diretamente interessadas no desenvolvimento da tec-
nologia. Em 1994 surgiu o chamado Grupo ABERT / SET que
centralizava seus esforços na pesquisa e desenvolvimento da TV
Digital no Brasil.
13
3
O Brasil abre a janela
Brasil de olho no mundo
Em 1997, a perspectiva do início da implantação dos sistemas na
Europa e EUA motivou várias emissoras de televisão a solicitarem à
Anatel autorizações especiais para testes de transmissão e recepção
de TV Digital, utilizando equipamentos que já estavam disponíveis
no mercado internacional. O objetivo destes testes era incorporar o
conhecimento das vantagens e problemas que a escolha de um even-
tual sistema de TV Digital poderia trazer ao país.
Começam os testes
Por orientação do Ministério das Comunicações, coube à Anatel es-
tabelecer a coordenação destes pedidos, publicando então a Res-
olução No. 69 que autorizava a realização de testes em circuito
fechado de caráter experimental, possibilitando desta forma que
aquele grupo pudesse se organizar na construção de uma estação pi-
loto e iniciar a execução de testes em sistemas de TV Digital já em
1998. Esta mesma resolução, em seu artigo 3.2 autorizava expressa-
mente a participação de universidades e centros de pesquisa tec-
nológica nos trabalhos de pesquisa de maneira a permitir que
engenheiros brasileiros pudessem contribuir com sua experiência
para o desenvolvimento do projeto. Imediatamente diversas empre-
sas de tecnologia que também estavam interessadas no desenvolvi-
mento dos testes manifestaram seu interesse em participar e
engrossaram as fileiras do grupo ABERT / SET, a quem coube a
missão de acompanhar o desenvolvimento, estudar, analisar e
avaliar os sistemas de TV Digital existentes no mundo, bem como
coordenar a realização dos testes no Brasil, com o objetivo de co-
laborar no processo de definição do padrão a ser adotado no país.
Os testes deveriam avaliar o sistema de transmissão digital, anal-
isando como se comportam um canal analógico e um canal digital
em operação simultânea, porque durante dez a quinze anos teriam
que conviver juntos, já que este seria o período esperado para a
transição dos sistemas.
Mackenzista coordena laboratório
A aliança que compunha o grupo ABERT / SET indicou um grupo
14
de profissionais altamente especializados e cientes das necessidades
técnicas e comerciais do mercado de televisão ABERTa no Brasil.
Entre estes, estava o Engº. Eduardo Bicudo, ex-aluno da Escola de
Engenharia Mackenzie e dirigente da SET, que viria a desempenhar
o papel de coordenador dos trabalhos de laboratório. Por outro lado,
a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) constituiu à Fun-
dação CPqD, que já vinha atuando em convênio como consultoria
para pesquisa e desenvolvimento em diversos projetos, como sua
representante junto ao grupo de pesquisas, com o objetivo de acom-
panhar os desenvolvimentos e complementar os estudos realizados
consolidando os resultados obtidos. A equipe do CPqD foi liderada
pelo Eng° Takashi Tome e contava com a participação destacada
dos Eng°s Antônio França Pessoa e Renato Maroja. Faltava então
definir onde seria montado o laboratório.
O papel do Mackenzie
Era consenso entre todos os participantes que a escolha deveria con-
templar uma universidade que pudesse fornecer os recursos hu-
manos necessários ao trabalho de coleta e processamento dos testes.
Como a Escola de Engenharia do Mackenzie gozava de grande
prestígio em testes de campo e laboratório para diversas empresas
de engenharia e seu corpo de professores era formado na sua maio-
ria por engenheiros com experiência no mercado de trabalho, o con-
vite foi feito a Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Implantacão
A implantação do Centro de Pesquisas deu-se ao longo do ano de
1999, com a importação dos equipamentos e sua instalação, origi-
nando assim ao “Laboratório de TV Digital”, no 1º andar do Edifí-
cio João Calvino. Nessa fase, foi necessário montar também uma
“gaiola de Faraday”, cuja construção foi atribuída ao Centro Tec-
nológico Mackenzie – CTM. Para o trabalho de campo, foi con-
struído um veículo dotado de antenas e equipamentos embarcados,
que passou a cumprir extenso programa de transmissão e recepção
de sinais a partir de pontos previamente estabelecidos dentro da
cidade de São Paulo. Foram essas experiências iniciais que permiti-
15
ram o desenvolvimento das análises comparativas de robustez dos
sistemas, colocando lado a lado os padrões ATSC (americano) e
DVB-T (europeu). Num momento posterior os trabalhos foram ex-
pandidos de forma a compreender também o sistema japonês
(ISDB). Todos esses passos foram precedidos de estudos e dis-
cussões que visavam à definição das estratégias metodológicas,
essenciais para um projeto inédito como esse. Conforme realça o
professor Marcel, “a participação de professores da Escola de En-
genharia, estagiários e técnicos na equipe foi marcada por significa-
tiva excitação e marcante comprometimento”. Os desenvolvimentos
técnicos foram conduzidos por equipes constituídas, principalmente,
por docentes da Escola de Engenharia e alguns profissionais do
grupo SET / ABERT, além de estagiários e auxiliares recrutados
dentro do Mackenzie. O envolvimento de todos foi muito significa-
tivo e, ao longo tempo foi se constituído uma “massa crítica” de alta
competência. Para isso, foi preciso investir não só numa metodolo-
gia de trabalho próprio, como, também, foram estabelecidas inter-
ações com profissionais de indústrias e instituições de ensino e de
pesquisa do Brasil e do Exterior, mediante viagens, visitas feitas e
recebidas, troca de informações, estágios, cursos, simpósios e outros
eventos técnicos.
Equipe pioneira
TV Digital no mundo e principalmente no Brasil é algo novo, tanto
em tecnologia, quanto em negócio. E, como toda novidade sempre
existem os pioneiros, aqueles que acreditam e apostam em novas
tendencias e tecnologias, assim o Mackenzie, que desde a intro-
dução das ferrovias, das primeiras hidrelétricas, tem participado ati-
vamente da modernização do Brasil, mais uma vez coloca sua
marca e seus pesquisadores em favor que tiveram atuação relevante
nas origens do programa: Doutor Adonias Costa da Silveira (então
Diretor-Presidente do IPM), Professores Marcel Mendes (então
Vice-Reitor da UPM), Antonio Carlos Bragança Pinheiro (então Di-
retor da EE), Luiz Tadeu Mendes Raunheitte (então Chefe do De-
partamento de Engenharia Elétrica), Carlos Eduardo da Silva
Dantas, Fujiô Yamada, Cristiano Akamine, Francisco Sukys e Ana
Cecília Munhoz e Engº Ricardo Franzen. Da parte da NEC, foi deci-
16
siva a atuação do Engº. José Yugi Ito e da parte da SET/ABERT, os
Engenheiros Fernando Bittencourt, Joaquim Mendonça e José
Olímpio Franco, que se mostraram entusiastas desse projeto e em-
prestaram grande apoio a todas as iniciativas. Boa parte do êxito das
primeiras ações deve ser creditada ao Engenheiro e ex-Professor
Eduardo Bicudo, que não só promoveu a aproximação entre as
partes envolvidas tornando viável o projeto, como também coorde-
nou tecnicamente as suas primeiras etapas e, num segundo mo-
mento, a atuação do Prof. Gunnar Bedicks, que desde 2002, tem
dirigido e coordenado o laboratório, como também tem sido figura
expoente dentro do desenvolvimento técnico do Sistema Brasileiro
de Televisão Digital representando o Mackenzie em diversos con-
selhos e Fóruns de discussão da TV Digital brasileira.
Convênio NEC x Mackenzie
No contexto do Mackenzie, o interesse pela TV Digital surgiu entre
professores da Escola de Engenharia e profissionais da área de Tele-
comunicações que vislumbraram uma oportunidade de instalar den-
tro do campus um moderno Centro de Pesquisas em TV Digital,
contando para isso com a participação de empresas e entidades com
as quais foram firmados convênios estratégicos.
O primeiro desses acordos de cooperação foi com a multinacional
NEC, que destinou cerca de R$ 2,5 milhões para a compra de
equipamentos e montagem de laboratórios, utilizando recursos in-
centivados pela “Lei da Informática” então vigente (Lei nº 8.248/91
e Decreto nº 792/93).
Convênio SET/ABERT x Mackenzie
O segundo convênio foi com o Grupo SET/ABERT, que viabilizou
o desenvolvimento de pesquisas inéditas nessa área. Coube à Uni-
versidade Presbiteriana Mackenzie entrar com a “inteligência” do
projeto, disponibilizando professores especialistas, alunos de
mestrado e de graduação, além do suporte administrativo e logís-
tico. Toda essa mobilização inicial deu-se nos anos finais da década
passada, tendo os convênios sido assinados em 12 de novembro de
1998.
17
TV Digital coloca Mackenzie no topo
Segundo o vice reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, na
época o professor Prof. Marcel Mendes, este convite veio num mo-
mento especialmente importante pois começava a esboçar-se uma
mudança na filosofia educacional da Universidade. O Mackenzie
que sempre tivera seus esforços voltados para uma experiência
prática de seus alunos e por poucas vezes se dedicara efetivamente a
trabalhos de pesquisa científica estava exatamente naquele mo-
mento iniciando diversos programas de incentivo a pesquisa em sis-
tema de pós-graduação. A criação de um novo laboratório de
pesquisa voltado para uma nova tecnologia seria um incentivo a
mais para que esta mudança pudesse consolidar-se. Esta também era
visão do então presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Dr.
Adonias Costa Silveira, que afirmou na ocasião que a assinatura do
convênio com a NEC inseriu de uma vez por todas o Mackenzie no
cenário das instituições de ponta na área de pesquisa e desenvolvi-
mento.
Nasce o laboratório
Em 1998, numa cooperação técnica com a Associação Brasileira de
Empresas de Rádio e Televisão (ABERT), a Sociedade de Engen-
haria de Televisão (SET), a Agência Nacional de Telecomunicações
(ANATEL) e a empresa NEC do Brasil, foi inaugurado o Labo-
ratório de Televisão Digital da Escola de Engenharia da Universi-
dade Presbiteriana Mackenzie. A montagem do Laboratório levou
cerca de seis meses que incluia a preparação dos sistemas irradi-
antes, a aquisição dos equipamentos de medição, a construção de
uma gaiola de Faraday e a montagem de uma unidade móvel para a
medição do sinais em campo.
Criado com o objetivo de desenvolver e aplicar testes comparativos
entre os dois sistemas de TV Digital existentes na época, o ameri-
cano (ATSC), o europeu (DVB-T) e mais tarde foi comparado tam-
bém o sistema japonês (ISDB-T), o laboratório desenvolveu, ao
longo desses anos, várias pesquisas e projetos em parceria com em-
presas privadas, instituições governamentais e outras universidades
18
brasileiras, entre elas a criação da TV Digital Interativa, em con-
vênio com a TV Escola do Ministério da Educação – MEC.
19
O século XX marcou uma luta entre ciência positivista e ciência
pura, uma defendendo a idéia de que a sociedade devia ser organi-
zada como um grande projeto, sob o comando dos especialistas e a
outra lutando por ideais para os quais a ciência não era simples-
mente um instrumento de ação da sociedade, mas a busca do con-
hecimento amplo e aberto baseado no empirismo, em conexão com
a cultura e com a formação humanística. Em diversos momentos
estas visões se alternaram influenciando a criação e o desenvolvi-
mento das instituições de ensino superior e pesquisa cientifica que
optavam por uma ou por outra orientação. Nas palavras do Prof.
Simon Schwartzman, em palestra proferida no VI Encontro Na-
cional de Pós-Graduação nas IES Particulares, no final do Século
XIX, predominava no Brasil a visão positivista da ciência, para a
qual sobretudo havia um conhecimento científico, técnico, que era
superior a outras formas de conhecimento, e que deveria ser uti-
lizado para tornar o pais mais moderno, racional e eficiente. Esta
apreciação pela ciência não estava associada, no entanto, à apreci-
ação pela pesquisa enquanto tal. Não havia um mundo descon-
hecido a descobrir, mas uma tecnologia já definida para aplicar.
20
4
Mackenzie sempre na vanguarda
Escola técnico professional
Naquele momento, no começo do século XX, desejava-se no Brasil
a criação de escolas que preparassem nossos estudantes com ênfase
crescente na educação técnico-profissional, de tipo aplicado bem ao
estilo da ideologia positivista que predominava nos setores mais
modernos do país. Naquele contexto a Escola Americana, matriz
geradora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, gozava do
prestígio que acumulara por seus modernos métodos pedagógicos,
inspirados na chamada “pedagogia norte-americana”. Apoiando-se
na ascendência filosófica dos principios educacionais da religião
protestante, fez-se conhecida por suas posições progressistas e liber-
tadoras, onde o fazer e o pensar integravam-se.
Abolucionistas e Republicanos
A Escola Americana, naquele tempo também conhecida por Insti-
tuto São Paulo, ficara famosa por acolher os filhos de muitos aboli-
cionistas e republicanos, alvos da perseguição política nas escolas
públicas do Império. A Escola apesar de ser nitidamente cristã e
evangélica nutria profundo respeito pelas convicções religiosas de
seus alunos não protestantes.
Este histórico liberal, associado a alguma correspondência trocada
com José Bonifácio de Andrada e Silva durante seu exílio na Eu-
ropa, sensibilizou o advogado norte-americano John Theron
Mackenzie e o levou a manifestar seu desejo de contribuir para a
criação de “uma Escola capaz de ensinar à mocidade brasileira os
modernos conhecimentos da tecnologia relacionada com o trans-
porte ferroviário” conforme deixou registrado em seu testamento.
Surge uma nova escola
Mesmo sem jamais ter vindo ao Brasil, o Dr. Mackenzie legou uma
sonante quantia para a fundação de uma instituição de ensino de en-
genharia em nosso país, a Escola de Engenharia Mackenzie.
O cenário da educação superior no Brasil, até aquele momento ofer-
ecido em regime público e oficial, deslocaria-se assim de forma
21
notável para acolher um novo e importante ator: uma Escola de na-
tureza privada, de índole protestante, inspirada em modelo norte-
americano.
Escola de Engenharia Privada
Assim nasceu a Escola de Engenharia “Mackenzie College”, cuja
criação veio tornar realidade um projeto educativo definido em sua
declaração de princípios e gravada na placa inaugural: “Mackenzie
College - Às Sciencias Divinas e Humannas”. Segundo o Prof. Mar-
cel Mendes em sua pesquisa “A escola de Engenharia Mackenzie
College e a questão do reconhecimento”, do ponto de vista formal, a
ação educacional adotada pelo Mackenzie College impregnou-se de
uma concepção educacional moderna e de visão de humanista, sub-
limada pela perspectiva cristã reformada que vê o ser humano
revestido de dignidade, responsabilidade e liberdade. Ainda se-
gundo o Prof. Mendes, a esse eixo fundamental aliou-se uma pro-
funda filiação aos conceitos pragmáticos e filosóficos de uma
pedagogia norte-americana, adotados com firmeza por seu primeiro
reitor, o educador americano Horace M. Lane e que podem explicar
a tradicional orientação pelas experiências que põem à prova as teo-
rias e pelo ensino de caráter utilitário, prático e positivo.
Mackenzie nas ferrovias, Mackenzie nas hidrelétricas
Esse pragmatismo marcou o projeto educacional pelo qual o
Mackenzie sempre procurou preparar seus alunos para atuarem nos
empreendimentos importantes para o crescimento urbano, industrial
e técnico do país. Eram do Mackenzie grande parte dos engenheiros
que trabalharam nos projetos de eletrificação das cidades, nos proje-
tos de construção de ferrovias e usinas hidroelétricas e em todos os
grandes projetos de urbanização que marcaram a primeira metade
do século XX em todo o Brasil e especialmente a capital paulista.
Hoje, ao longo de seus 136 anos de existência, a Universidade Pres-
biteriana Mackenzie continua fiel aos seu projeto original, baseando
sua pedagogia na prática, na realização e na construção do conheci-
mento, seguindo os princípios de sua filiação religiosa e filosófica.
22
Canteiro de obras
Essa tradição, sempre viva na Universidade Presbiteriana Macken-
zie, materializou-se durante sua história em numerosas e variadas
atividades pedagógicas e na criação de centros de estudo e prática
tecnológica. De seus primeiros anos pode-se recordar os acampa-
mentos de topografia que levavam os estudantes de engenharia ao
canteiro de obras por vários dias e onde punham em prática as
noções e teorias adquiridas na sala de aula e que até hoje são pratica
regular ou a referência nos prospectos do curso de engenharia
“mecânica elétrica” de 1924 que indicava que durante o último ano
do curso o aluno deveria “Trabalhar como operário em oficina
mecânica, desde janeiro até junho, devendo dar relatórios sem-
anais... e trabalhar como empregado em serviço de eletricidade,
desde julho até dezembro, devendo dar relatórios semanais ....”
Com o passar dos anos e a evolução da tecnologia a Escola de En-
genharia desenvolveu novas áreas de atuação e criou novos espaços
de estudos e pesquisas técnológicas como o Laboratório de
Metrologia, o Centro de Radioastronomia e Astrofisica, o Labo-
ratório de Fotônica e finalmente, e mais recentemente o Laboratório
de Televisão Digital, o LABTVD.
Uma visão de futuro das tecnologias digitais
Nas palavras do professor Marcel, que desde 1982 tem participado
da direção e administração da centenária Escola de Engenharia do
Mackenzie, “o Laboratório de TV Digital tem potencial para consol-
idar-se como centro de referência nacional, não apenas pela quali-
dade da sua estrutura física, (que a cada dia necessita de
atualizações tecnológicas), mas, principalmente, pela excelente
equipe de profissionais. Não se pode pensar em ilha de excelência,
mas em relevante presença e atuação numa rede de centros de
pesquisas. Esse conceito já está em vigor e deve ser mantido e am-
pliado no futuro, envolvendo não só instituições de ensino, como,
também, os segmentos produtivos da indústria e dos meios de co-
municação”. Segue o professor Marcel, “hoje temos a vantagem do
pioneirismo, que não basta como marca histórica, mas constitui uma
credencial importante para a continuidade dos trabalhos”. Para o
professor Marcel, em termos de Brasil e de mundo, não há dúvida
23
de que as tecnologias digitais estão destinadas a uma expansão em
escala exponencial, especialmente se forem consideradas as con-
vergências das múltiplas aplicações e o enorme potencial de cresci-
mento do universo de usuários. Para ele a presença do Mackenzie
nesse contexto não será marginal, pois, segundo Marcel, o Macken-
zie tem cérebros e infraestrutura para acompanhar e até induzir
novos desenvolvimentos. Em termos puramente estruturais de ‘de-
partamento’ ou ‘setor’, o professor Marcel, não se arrisca a fazer
prognósticos, até porque acho esses aspectos não são fundamentais
para o êxito dos empreendimentos científicos e tecnológicos. Para
Marcel “visão de oportunidade e competência diferenciada, esses
sim, são aspectos que não podem ser descuidados”.
24
Em 1998, o Congresso da SET havia trazido ao Brasil o Eng. Neil
Pickford, do Communications Lab, orgão assessor do Ministério das
Comunicações Australiano, para que apresentasse os procedimentos
desenvolvidos para os testes de TV Digital na Austrália. Aquela ap-
resentação serviu como importante referência para o trabalho dos
pesquisadores do LABTVD já que os cenários nos dois paises era
comparável em muitos aspectos. Até aquele momento, sómente os
engenheiros australianos haviam testado problemas e distorções dos
sinais digitais da forma que se imaginava necessário para os testes
brasileiros.
Simulação de canais
Nas discussões que se seguiram, o grupo de pesquisadores do
Mackenzie já em estreita colaboração com a equipe do CPqD, optou
por simular os canais digitais já com a presença de fantasmas e in-
terferências, um modelo que avançava sobre os resultados obtidos
pelos australianos e já vinha sendo desenvolvido nos trabalhos ante-
riores do Eng. Antônio França Pessoa, ao pesquisar a segmentação
25
5
Definindo os testes
da imagem digital para a avaliação da qualidade da transmissão.
Isso levou a equipe do LABTVD a decidir pelo aprofundamento de
alguns daqueles testes, solicitando a aquisição de equipamentos de
simulação mais sofisticados para garantir a fidelidade dos resultados
brasileiros.
Rigor científico
Todos os métodos de ensaio, as tabelas de resultados que seriam
considerados e a seqüência dos testes de laboratório foram definidas
com cuidado e rigor científicos, de maneira que fosse possível sim-
ular todas a situações de interferência, permitindo assim que se ob-
servasse em ambiente controlado, o comportamento do sinal digital
aplicado as nossas condições e realidade, comparando o desem-
penho de cada sistema, os requisitos de proteção com relação aos
canais adjacentes e canais “taboo” – canais adjacentes passiveis de
interferencias - nas situações digital x analógico, analógico x digital
e digital x digital e, além disso, todas as hipóteses de interferência
do ambiente como os sinais multipercurso e os efeitos do ruído im-
pulsivo.
Segundo os membros da equipe esta foi a fase mais intensa do
processo pois a inexistência à época de testes padronizados obri-
gava a discussão cuidadosa de cada parâmetro de comparação que
pudesse ser utilizado de forma a gerar resultados que pudessem ser
aceitos por todos os interessados, ou seja, os radiodifusores
brasileiros, os representantes dos sistemas internacionais e a Anatel.
Em busca do reconhecimento internacional
Mas, apesar do grande apoio institucional e corporativo ao projeto,
nem tudo foi “céu de brigadeiro” na construção deste modelo de tra-
balho. Para que os resultados fossem aceitos como válidos pela co-
munidade cientifica e tecnológica era preciso obter informações
mais detalhadas junto às equipes técnicas dos padrões interna-
cionais. Para isso era necessário que especialistas estivessem acom-
panhando a evolução do trabalho e fornecendo informações
relevantes para as comparações dos resultados.
26
National Association of Broadcasters
Em 1999 os pesquisadores do LABTVD participaram como convi-
dados da SET da reunião da National Association of Broadcasters
em Las Vegas - EUA. Esta visita tinha o objetivo de apresentar a co-
munidade mundial o projeto dos testes brasileiros e buscar a aproxi-
mação dos responsáveis pelos padrões internacionais, estabelecendo
os necessários canais de comunicação. Num primeiro momento
houve por parte dos representantes internacionais um certo ceti-
cismo da iniciativa brasileira, sendo que alguns nem consideravam
possível que os engenheiros brasileiros pudessem gerar um relatório
fiável. Testemunhas daquelas reuniões relatam que houveram mo-
mentos de muita tensão onde o desconhecimento da realidade
brasileira pelos responsáveis internacionais era tão grande que cri-
ava o risco de inviabilizar todo o projeto. No entanto, com o passar
dos dias, nas sucessivas reuniões que aconteceram, a equipe
brasileira pode demonstrar que para além de fiáveis os testes pro-
postos seriam muito úteis para o desenvolvimento futuro dos
padrões mundiais de TV Digital. Com esses acordos firmados a
equipe retornou ao Brasil com a certeza de que os testes seriam
apoiados e respeitados internacionalmente.
Estudo de viabilidade técnica
Em fevereiro de 1999, foram submetidos à ANATEL o estudo de vi-
abilidade técnica dos canais que seriam utilizados em São Paulo,
bem como as características de instalação e os equipamentos da es-
tação transmissora. A autorização para execução do Serviço Espe-
cial para Fins Científicos e Experimentais e para a instalação da
estação transmissora em São Paulo foi expedida em 30 de agosto de
1999, pelo Ato nº 4609, do Conselho Diretor da ANATEL, assinado
pelo então presidente do conselho, Roberto Navarro Guerreiro.
Ainda em agosto a equipe de pesquisadores apresentou o Relatório
Inicial que descrevia em detalhes cada passo que seria seguido na
execução dos testes de laboratório e de campo. Os testes de labo-
ratório foram desenhados para cobrir uma gama de situações muito
maior do que as que seriam verificadas nos testes de campo. Por sua
vez os resultados dos testes de campo funcionariam como um verifi-
27
cador dos dados que seriam obtidos nos testes de laboratório.
Estação transmissora
A instalação da estação transmissora foi concluída em 27 de setem-
bro, data em que foram iniciadas as transmissões e os ajustes finais
para o início dos testes de campo. Os testes de laboratório foram
iniciados em 8 de outubro e os testes de campo em 8 de novembro
de 1999.
Os testes
Inicialmente havia-se planejado a realização de testes nas cidades
do Rio de Janeiro e São Paulo, mas devido aos custos elevados para
a instalação de duas estações de transmissão o grupo optou por re-
alizar apenas os testes de São Paulo, que apresentava condições de
densidade urbana e relevo que poderiam simular quaisquer situ-
ações, inclusive as existentes no Rio de Janeiro, de forma a colocar
um verdadeiro desafio a performance dos sistemas a serem testados.
Assim a estação de transmissão foi montada nas instalações da TV
Cultura de São Paulo, no Sumaré, um bairro com tradição na
história da televisão brasileira.
126 pontos
Para a continuidade do processo de pesquisa foram selecionados
num grande mapa da cidade de São Paulo, 126 pontos onde seriam
medidos os sinais recebidos de maneira que se pudessem observar o
maior numero possível de situações reais de transmissão e recepção
do sinal digital. Eram pontos que variavam muito em distância
chegando até a localidades na periferia da cidade, a mais de 20 km
da antena de transmissão. Para estes 126 pontos, espalhados nos
quatro cantos da cidade de São Paulo, deslocava-se uma viatura
preparada com uma antena digital montada num braço telescópico e
diversos aparelhos de recepção e medição do sinal segundo quatro
esquemas principais:
A. Comparação do desempenho de cobertura;
B. Comparação em condições domésticas de recepção com simu-
28
lação de situações reais como eletrodomésticos ligados e pessoas
circulando proximas a antena;
C. Interferência no canal adjacente analógico
D. Interferência no canal adjacente digital.
Testes dia e noite
Os testes, realizados tanto de dia quanto de noite, iniciaram com
apenas os sitemas ATSC e DVB que já haviam sido lançados e en-
contravam-se em fase inicial de implementação na Europa e Esta-
dos Unidos. Depois de iniciados os testes de campo surgiu a
necessidade de incluir o ISDB-T que havia sido lançado no Japão na
esteira de uma série de desenvolvimentos técnicos de transmissão e
recepção de sinais digitais para rádio e televisão por um grupo de
empresas capitaneadas pelo NHK, Science and Technical Research
Labs. O sistema havia sido desenvolvido como uma variante do
padrão DVB-T (modulação OFDM) e permitia a difusão integrada
de sinais digitais em banda larga e banda estreita e assim apresen-
tavam excelente potencial para a transmissão simultânea de sinais
para receptores fixos e móveis. A decisão de incluir o sistema
japonês foi tomada por causa da excelente performance dos testes
realizados pelo Tokio Pilot em 1998 e pelo sucesso das transmissões
de TV Digital em alta definição por satélite que haviam ocorrido em
1999. Dessa forma os pontos de recepção foram revisitados para
que fossem feitos os testes de campo também com o padrão
japonês.
Durante os trabalhos, o LABTVD recebeu a visita de diversas dele-
gações de engenheiros e técnicos dos sistemas ATSC, DVB e ISDB
que contribuiram enormente com sugestões e críticas que sempre
que possível foram assimiladas pelos pesquisadores do Mackenzie.
“Brazil Digital TV Testing Procedures”
Os testes foram um marco tanto para a engenharia de televisão no
Brasil como para o Mackenzie que ampliou seu prestígio institu-
cional graças aos resultados positivos obtidos durante os trabalhos e
a sua estreita colaboração com todas as entidades e pesquisadores
envolvidos no projeto. Esta cooperação entre as entidades envolvi-
29
das criou um ambiente que facilitou a realização do trabalho para
além da aplicação de testes já conhecidos, permitindo que se
chegasse a criação de um novo conjunto de procedimentos que hoje
é utilizado como padrão global. São os chamados Brazil Digital TV
Testing Procedures da ITU - International Telecommunication
Union - que foram reconhecidos internacionalmente como procedi-
mentos padrão para os testes de transmissão de TV Digital. Recen-
temente, os receptores de quinta geração do sistema ATSC foram
lançados ao mercado destacando sua compatibilidade com os resul-
tados exigidos pelos testes Brazil A, B, C, D e E.
O trabalho consolidado
Depois de terminados os trabalhos dos testes para o Sistema
Brasileiro de Televisão digital, o LABTVD manteve a sua equipe de
pesquisadores em atividade, trabalhando em testes para a industria
de equipamentos, em testes de digitalização para sistemas de tv
paga, no desenvolvimento de sistemas de TV Digital interativa por
satélite entre outros projetos de forma que todo o conhecimento
acumulado durante as pesquisas não ficasse desatualizado além de
uma produção acadêmica muito rica, gerando artigos em publi-
cações, apresentações internacionais, teses de mestrado e doutorado.
O primeiro relatório
Em abril de 2000 foi encerrada a primeira fase das pesquisas, dando
origem ao relatório técnico que, até hoje, é considerado o primeiro
documento qualificado sobre o tema, no Brasil, compreendendo não
só a síntese do estado-da-arte, mas o resultado de um ano e meio de
trabalhos de campo e laboratório.
30
No começo do governo Lula, mais precisamente no dia 3 março de
2003, o professor Gunnar Bedicks Jr. e o vice-reitor da Universi-
dade Presbiteriana Mackenzie, Dr. Pedro Ronzelli Jr. em visita ao
então ministro das Comunicações, Miro Teixeira, propuseram ao
ministro a criação de um consórcio de universidades para reascen-
der o projeto da TV Digital que andava meio parado. O ministro de
tão receptivo à idéia gerou alguns dias depois a Minuta de Ex-
posição de Motivos nr MC 00034 EM endereçada ao presidente
Lula, propondo entre outras coisas a formação de um consórcio de
universidades brasileiras, públicas e privadas, para se encarregar da
pesquisa básica de possíveis soluções tecnológicas, tanto em com-
ponentes, quanto em programação. Um trabalho inicial, coordenado
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, obteve a
adesão de laboratórios ou departamentos de engenharia das
seguintes universidades: Universidade Estadual de Campinas (UNI-
CAMP), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-
Rio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Universidade
de São Paulo (USP), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), In-
stituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Assim, em 6 de
31
6
Universidades unidas
junho de 2003, foi realizada a primeira Reunião do Consórcio das
Universidades para o Desenvolvimento de um Sistema Brasileiro de
TV Digital. A histórica reunião, que deu um novo alento ao projeto,
ocorreu nas dependências do Mackenzie em São Paulo, e contou
com a presença de representantes das seguintes universidades:
Mackenzie, Unicamp, USP, UFPB, PUC, UPM.
No bojo, a Educação à distância
Uma das grandes vantagens da TV Digital é facilidade de agregar
funções interativas dentro da transmissão. E o Mackenzie, além de
participar diretamente na criação do Sistema Brasileiro de Televisão
Digital, também desenvolveu em parceria com a Secretaria de Edu-
cação a Distância, do Ministério da Educação um projeto piloto
para a TV Escola Digital Interativa onde todo o conhecimento acu-
mulado em TV Digital, foi aplicado no desenvolvimento de uma
plataforma de educação por TV Interativa via Satélite, com certeza
um dos promissores sub-produtos da digitalização da TV. Este pro-
jeto aprovado pelo ministro da Educação da época, Cristovam Buar-
que, foi apresentado na UNESCO e ao ministro da Educação da
China.
O SBTVD nasce por decreto
Em 2003, no primeiro ano de madato do presidente Lula, o Governo
Brasileiro lançou o Programa de Desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de TV Digital (SBTVD) no Decreto nº 4.901, de 26 de
novembro. O decreto assinado pelo ministro das Comunicações de
então, Miro Teixeira, e pelo ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, tinha o objetivo de estabelecer uma rede de competências
nacional, promovendo a integração dos centros de pesquisa
brasileiros para apresentar uma solução técnica inovadora, man-
tendo e aproveitando a compatibilidade com elementos já
padronizados no mercado mundial de TV Digital. Através do finan-
ciamento de projetos articulados de pesquisa e desenvolvimento do
Sistema de TV Digital Terrestre, um convênio firmado entre o
Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações
(FUNTTEL) e a Fundação CPqD designava para o programa, em
32
sua fase inicial, uma dotação orçamentária de R$ 65 milhões,
cabendo R$ 15 milhões à Fundação CPqD e R$ 50 milhões para a
contratação das instituições de pesquisa em todo o país. De acordo
com Miro Teixeira, “a televisão digital não é apenas uma evolução
tecnológica da tv analógica, mas uma nova plataforma de comuni-
cação, com profundos impactos na sociedade”, afirmou na época o
ministro Teixeira.
Convite oficial
No Decreto 4.901 foram determinadas seis áreas principais de
pesquisa e emitidas cartas convite para que as instituições pudessem
participar do desenvolvimento. O LABTVD já havia se habilitado a
participar do processo de seleção das instituições na área de
pesquisa voltada para “Transmissão e Recepção, codificação de
canais e Modulação” e assim recebeu a carta convite 02/2004 onde
foi formalmente convidado a apresentar seu projeto de pesquisa. O
projeto apresentado pelo Mackenzie incluiu uma parceria com a
Universidade de São Paulo e a Universidade Federal da Paraíba, de
maneira que os trabalhos pudessem ser complementados e os resul-
tados ampliados na sua aplicação prática.
No ar uma nova Televisão brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em 29 de junho de
2006, no Palácio do Planalto, decreto que define o regime de tran-
sição da televisão analógica brasileira para o sistema digital. Na
ocasião, estiveram reunidos representantes dos governos brasileiro e
japonês, inclusive o ministro do Interior e das Comunicações, Heiko
Takenaka; e empresários da indústria eletro-eletrônica e das emisso-
ras. “Com essa decisão, ao invés de simplesmente comprarmos os
direitos de um sistema de televisão digital, decidimos criar o Sis-
tema Brasileiro de Televisão Digital, com características brasileiras,
um projeto não apenas para aqueles que podem pagar por um
serviço a cabo ou por satélite”, afirmou, em discurso durante a cer-
imônia, o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
O decreto estabelece prazo de 10 anos para que toda transmissão
terrestre no País seja digital. Nesse período, os sinais analógicos e o
33
digital serão transmitidos simultaneamente. O consumidor, caso de-
cida desfrutar das vantagens da nova tecnologia, deverá trocar de
aparelho ou comprar um adaptador. Senão, poderá continuar com a
mesma tevê que possuí hoje. “Temos um parceiro de primeira quali-
dade e estamos com o melhor sistema de televisão digital do
mundo, como reconhecem os próprios concorrentes”, discursou na
ocasião o empresário e conselheiro da Associação Nacional dos
Fabricantes de Produtos Eletro-Eletrônicos (Eletros), Eugênio
Staub. “É preciso registrar o papel do ministro Hélio Costa nesse
processo; colocou o tema na agenda e nos fez chegar até o dia de
hoje.”
Tv Digital. O Céu é o limite
A televisão, além de ser uma das raras fontes de lazer da grande
maioria dos brasileiros, é o único serviço de comunicação realmente
universal e gratuito no Brasil. Este serviço tão fundamental para o
povo brasileiro vem sofrendo crescente concorrência de outras mí-
dias, numa clara tendência de fragmentação do mercado, podendo
vir a perder espaço e reduzir sua participação no bolo publicitário. A
introdução da TV Digital, certamente, virá recompor o poder com-
petitivo da televisão como um todo e devolvendo a atenção tanto de
telespectadores quanto dos patrocinadores. Praticamente a tecnolo-
gia digital, dará a TV um renascimento e abrirá aos produtores de
conteúdo e programadores de TV novas oportunidades em negócios
e em formatos de progama.
34
35
Apêndices
36
37
Grandes histórias de sucesso começam aqui.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
O Sistema Brasileiro de TV Digital, ISDTV,
já é uma realidade. Nascido e desenvolvido
nos laboratórios de TV Digital da
Universidade Presbiteriana Mackenzie,
em breve estará nos lares de milhões
de brasileiros. É o Mackenzie colocando
conhecimento a serviço da sociedade.
ISDTV.
A próxima atração da tv brasileira nasceu
no laboratório de TV Digital do Mackenzie.
38
Grandes histórias de sucesso começam aqui.
Bar do Zé.
O primeiro bar
do Brasil com
TV Digital.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
O Sistema Brasileiro de TV Digital, já é uma realidade.
Nascido e desenvolvido nos laboratórios de
TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
já pode estar nos lares de milhões de brasileiros.
É o Mackenzie colocando conhecimento a serviço
da sociedade e também do Bar do Zé.
39
TV Digital
Pequena história
SBTVD
Artur Mendes
©2007ArturMendes

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  • 2. 2 Pequena história da TV Digital Brasileira SBTVD Artur Mendes MTb 8063 Agradecimentos Equipe do Laboratório de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie Prof. Dr. Gunnar Bedicks Junior Prof. Dr. Cristiano Akamine Prof. Fujio Yamada (in memoriam) Prof. Carlos Eduardo Dantas (in memoriam)
  • 3. 3 Índice Cronologia TV..................................................................................03 O princípio digital...........................................................................09 O Brasil abre a janela.....................................................................12 Mackenzie na vanguarda.................................................................19 Definindo os testes...........................................................................24 Universidades unidas......................................................................30 Apêndices.........................................................................................35
  • 4. 4 1817 • Tudo começou em 1817, quando o cientista sueco Jakob Berzelius descobriu e isolou o selênio, observando a fotossensibilidade do ele- mento químico que desprendia elétrons quando exposto à luz. 1884 • Em 1884, o alemão Paul Nipkow patenteou uma proposta de trans- missão de imagens à distância, e foi chamado de o "fundador da téc- nica de TV". 1892 • Em 1892, Juluis Elster e Hans Getbel inventaram a célula fo- toelétrica. 1900 • A palavra televisão foi inventada em 1900, pelo francês Constantin Perskyi. Vem da junção das palavras tele (longe, em grego) e videre (ver, em latim). Perskyi apresentou uma tese no Congresso Interna- cional de Eletricidade, em Paris cujo título era "Televisão". 1906 • Em 1906, Arbwhnett desenvolveu o sistema de televisão por raios catódicos, que empregava a exploração mecânica de espelhos so- 4 1 Cronologia TV
  • 5. 5 mada ao tubo de raios catódicos. O mesmo seria feito na Rússia, por Boris Rosing. Por isso não se pode atribuir a invenção da televisão a uma única pessoa. Os novos equipamentos eram construídos a partir de experiências anteriores de outros pesquisadores. 1920 • Em 1920, o inglês John Logie Baira realizou as primeiras trans- missões através do sistema mecânico baseado num invento de Nip- tow. 1924 • Quatro anos depois, em 1924, Baira transmitiu contornos de obje- tos à distância e, no ano seguinte, fisionomias de pessoas. O padrão de definição possuía 30 linhas e era mecânico. • O primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica foi demonstrado em fevereiro de 1924 em Londres por John Logie Baird com uma imagem do desenho animado “O Gato Félix”. 1926 • Baird fez a primeira demonstração no Royal Institution em Lon- dres para a comunidade científica e logo após assinou contrato com a BBC para transmissões experimentais. 1928 • O primeiro serviço de transmissão de tv no mundo foi o da TV WGY em Schenectady, Nova Iorque, inaugurada em 11 de maio de 1928. 1935 • Em março de 1935, a Alemanha, primeiro país a oferecer um serviço de televisão pública, emitiu oficialmente a televisão, adotando um padrão de média definição: 180 linhas e 25 quadros por segundo. 1941 • Surge a propaganda na TV. A NBC estreou em 1941, com anun- ciantes e patrocinadores sustentando a programação. 1950 • No Brasil, em 18 de Setembro de 1950 é inaugurado o primeiro canal de TV da América Latina. A TV Tupi de São Paulo, PRF-3 TV, canal 3, Difusora. 1954 • A rede americana NBC começa a transmitir em cores pela primeira vez no mundo, com o padrão americano NTSC. 5
  • 6. 6 1962 • A TV Excelsior de São Paulo transmite experimentalmente em cores o programa Moacyr Franco Show pela primeira vez no Brasil, no sistema NTSC. 1963 • Em 1963 a TV Tupi de São Paulo também experimenta a transmis- são em cores e começa a transmitir o seriado Bonanza nas noites de sábado, tambem em NTSC. 1967 • AAlemanha colocou em funcionamento, em 1967, uma variação do sistema americano, que recebeu o nome de Phase Alternation Line, dando as iniciais para o sistema PAL; resolvendo algumas de- bilidades do primeiro sistema. Nesse mesmo ano, entrou na França o SECAM (Séquentielle Couleur à Mémoire), não compatível com o sistema preto e branco francês. 1970 • A Copa do Mundo de Futebol de 1970, no México, chegou em cores no Brasil em transmissão experimental para as estações da Embratel, que retransmitia para os raros possuidores de televisão colorida no Brasil. A Embratel reuniu convidados na sua sede no Rio de Janeiro, em São Paulo (no Edifício Itália) e em Brasília. O sinal, recebido em NTSC (padrão americano), era convertido para PAL-M e captado por aparelhos de TV instalados nas três cidades.• • A Japão Nippon Hoso Kyokai (NHK) criou a TV de alta definição, o que seria chamado mais tarde de HDTV - Hi Definition Televi- sion. 1971 • Em 1971 o governo baixa uma lei determinando o corte da con- cessão das emissoras que não transmitirem uma porcentagem mín- ima de programas em cores. O sistema oficial passa a ser o PAL-M, que é uma mistura do padrão M do sistema NTSC e das cores do sistema PAL Europeu. O objetivo era criar uma indústria totalmente nacional com o sistema próprio. Para aumentar as vendas de recep- tores coloridos a fábrica de televisores Colorado, patrocina replays de jogos de futebol todas as tardes nas TVs Bandeirantes e Gazeta. 1972 • A primeira transmissão oficial em cores no Brasil ocorreu em 19 de fevereiro de 1972, com a cobertura da "Festa da Uva", na cidade
  • 7. 7 gaúcha de Caxias do Sul, autorizada pelo Ministério das Comuni- cações. Em 31 de março de 1972, as principais emissoras brasileiras inauguraram oficialmente suas programações coloridas. 1974 • Com o advento da Copa do Mundo de Futebol de 1974, a venda de televisores coloridos finalmente decola e coloca definitivamente o Brasil no mundo da TV em cores. 1980 • A Hi-Vision Promotion Association começou a dar os primeiros passos na direção da digitalização das transmissões de TV. Surgia assim o primeiro sistema de transmissão de TV Digital do mundo, o japonês, DHVB – Digital Hi-Vision Broadcasting. • Europa começa a desenvolver o sistema DVB - Digital Video Broadcasting. O DVB foi projetado a partir dos anos 80 pelo con- sórcio que hoje possui 250 integrantes de 15 países. 1987 • Os Estados Unidos criam o padrão ATSC - Advanced Television System Committee. O padrão norte-americano de TV Digital, foi desenvolvido por um grupo de 58 indústrias de equipamentos eletroeletrônicos. 1991 • O governo Collor de Mello, estabeleceu a Comissão Assessora para Assuntos de Televisão (COMTV) cuja tarefa principal era re- unir governo e empresas de comunicação nos estudos e análise da então chamada “TV de Alta Definição”. 1994 • Em 1994 surgiu o chamado Grupo ABERT / SET que centralizou seus esforços na pesquisa e desenvolvimento da TV Digital no Brasil. 1998 • Assinado o acordo de Cooperação Técnica do Mackenzie com a ABERT / SET – Associação Brasileira de Televisão e Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão para obter dados técnicos do desempenho dos sistemas de transmissão de TV Digital • Em 1998, numa cooperação técnica com a Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (ABERT), a Sociedade de En- genharia de Televisão (SET), a Agência Nacional de Telecomuni- cações (ANATEL) e a empresa NEC do Brasil, foi inaugurado o
  • 8. 8 Laboratório de Televisão Digital da Escola de Engenharia da Uni- versidade Presbiteriana Mackenzie. • Em outubro de 98 a TV Digital entra em operação comercial nos Estados Unidos. • O DVB entra em operação no Reino Unido e na Austrália. • Anatel publica a Resolução No. 69 que autorizava a realização dos primeiros testes de transmissão de TV Digital em circuito fechado em caráter experimental. 1999 • Anatel expede em 30 de agosto de 1999, o Ato nº 4609, do Con- selho Diretor da ANATEL, assinado pelo então presidente do con- selho, Roberto Navarro Guerreiro, autorizando a instalação da estação transmissora em São Paulo para executar Serviço Especial para Fins Científicos e Experimentais. • Começam os primeiros testes com TV Digital no Brasil de com o aval de especialistas da Universidade Mackenzie. 2002 • Em 12 de setembro de 2002, o professor Eng. Gunnar Bedicks foi nomeado oficialmente representante do Mackenzie junto a ABERT / SET. • Professor Eng. Gunnar Bedicks é empossado pelo diretor presi- dente do Mackenzie, Sr. Cyro Aguiar, no cargo de Coordenador do Labarotório de TV Digital em 21 de novembro. • Selado novo acordo de Cooperação Técnica entre Mackenzie e a ABERT / SET visando a execução de novos testes e a implantação de uma estação de teste de TV Digital. 2003 • Professor Eng. Gunnar Bedicks Jr e o Dr. Pedro Ronzelli Jr. vice reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em visita ao então ministro das Comunicações, Miro Teixeira, propuseram ao ministro a criação de um consórcio de universidades para reativar o projeto da TV Digital. • Foi realizada no Mackenzie, no dia 6 de junho de 2003, a 1a. Re- união do Consórcio de Universidade para o Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital • Foi realizado em Campinas, na Unicamp, em 11 e 12 de agosto o I WorkShop Técnico sobre o Projeto do Sistema Brasileiro de Tele- visão Digital (SBTVD). Essa foi a segunda reunião do Consórcio de
  • 9. 9 Universidades. • Entra em operação comercial o sistema japonês de TV Digital chamado de ISDB-T - Integrated Services Digital Broadcasting Ter- restrial - Serviço Integrado de Transmissão Digital Terrestre. 2006 • O Presidente Lula da Silva emite o decreto Nº 5.820, DE 29 DE JUNHO DE 2006 que implanta oficialmente o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre - SBTVD-T. • Em 23 de novembro, na cidade de São Paulo, instala-se o Fórun Do Sistema Brasileiro de TV Digital, órgão que vai acompanhar a implantacão e o desenvolvimento da TV Digital no Brasil.
  • 10. A tecnologia digital tem suas bases associadas ao desenvolvimento dos primeiros computadores eletrônicos Boole, o percursor digital O professor de matemática no Quen’s College em Cork na Irlanda, George Boole, publicou certa vez dois trabalhos que serviram de base conceitual para a lógica digital. No artigo “The Mathematical Analysis of Logic” (1847) e no artigo “The Laws of Thought” (1854), Boole explicou, como processos de lógica fundamental po- diam ser expressos em termos de um e zero por um sistema chamado Álgebra Booleana. Entretanto Boole naquele tempo achava que seu sistema não teria nenhuma aplicação prática. Mal sabe ele que seu sistema de Álgebra Booleana tornou-se a base teórica para todo o desenvolvimento dos circuitos digitais. Hollerith Outra invenção, que também ocorreu no século 19 e que foi funda- 10 2 O princípio digital
  • 11. mental para a revolução digital foi a do americano Herman Hol- lerith. Como os dados do Censu Americano de 1880, foram proces- sados, manualmente, durante oito anos. Herman Hollerith, empregado do Census Bureau, desenvolveu uma máquina que us- ando eletricidade, automaticamente selecionava e tabulava dados que haviam sido gravados em cartões perfurados. Esse sistema processou os dados do Censu Americano de 1890, em apenas dois anos e meio. A partir desse sucesso Hollerith fundou a empresa “Tabulating Machine Company” que acabou se tornando a IBM. Juntando idéias As duas invenções foram colocadas juntas em 1937, quando Claude Shanon, em sua dissertação de mestrado no MIT, combinou a Álge- bra de Boole com os circuitos de chaveamento de relés, usados na máquina de Hollerith, mostrando como máquinas podiam operar com lógica matemática. ENIAC, o primeiro computador Nove anos mais tarde, em 1946 surge o ENIAC (Electronic Numeri- cal Integrator Calculator), construído por J. Presper Eckert e John Mauchly da Universidade da Pensilvânia. O ENIAC é considerado o primeiro computador com tecnologia Digital do mundo. FAX Do primeiro ENIAC até os anos 70 a tecnologia digital predomi- nava nos ambientes dos computadores. A partir de 1973 surgiram os primeiros aparelhos de fax produzidos em escala comercial, que começaram a transmitir cópias tipo fac símile com sinais digitais transmitidas por meio da rede telefônica. CD Quase dezoito anos mais tarde, no final dos anos 80, mais uma vez o digital sai dos computadores e migra para os estúdios musicais e gravadoras de disco. A humanidade conhece então o compact disc, o 11
  • 12. CD como é conhecido popularmente até hoje. Telefone móvel O próximo aparelho de uso popular a incorporar a tecnologia digital é o telefone celular. Os primeiros telefones móveis digitais surgiram no final dos anos 80. Hoje quase toda a telefonia móvel funciona em cima de tecnologias digitais. Quase tudo ao nosso redor hoje tem dispositivos digitais. Seja um tocador de musica tipo iPod, aparelhos de CD e DVD, máquinas fotográficas, controladores de luz e tantos outros equipamentos utilizados em diversas áreas de atividade. O digital na TV Se na indústria da televisão muitas estações já operavam interna- mente com equipamentos digitais, na ponta do sistema, ou seja nos sistemas de transmissão ainda permanciam e se mantém ainda hoje em grande parte analógicos. A TV é um dos últimos dos moicanos que começa a migrar a partir dos anos 2000 para a tecnologia digital em seus sistemas de transmissão. Surge a TV Digital A história da TV Digital, começou em 1970, quando um dos maiores canais de televisão do mundo, a Japão Nippon Hoso Kyokai (NHK) criou a TV de alta definição, o que seria chamado mais tarde de HDTV - Hi Definition Television. Como na época os técnicos da NHK estavam tendo problemas técnicos para transmitir HDTV com toda a gama de informações exigidas pela alta definição, dentro de uma plataforma analógica em meados de 1980 a Hi-Vision Promotion Association começou a dar os primeiros pas- sos na direção da digitalização das transmissões de TV. Surgia assim o primeiro sistema de transmissão de TV Digital do mundo, o japonês, DHVB – Digital Hi-Vision Broadcasting. 12
  • 13. 1991, o Brasil acorda para a TV Digital Se nas década de 80 a TV Digital já engatinhava no Japão, Estados Unidos e na Europa, no Brasil o assunto começou a ser discutido a partir de 1991, no então governo Collor de Mello, quando o Min- istério das Comunicações estabeleceu a Comissão Assessora para Assuntos de Televisão (COMTV) cuja tarefa principal era reunir governo e empresas de comunicação nos estudos e análise da então chamada “TV de Alta Definição”, acompanhando os trabalhos de implantação do sistema em outros países e as discussões no âmbito da União Internacional da Telecomunicações. Dessa comissão faziam parte a Associação Brasileira de Rádio e Televisão que naquele momento agregava todas as emissoras de rádio e televisão do país e a Sociedade de Engenharia de Televisão entre outras enti- dades setoriais diretamente interessadas no desenvolvimento da tec- nologia. Em 1994 surgiu o chamado Grupo ABERT / SET que centralizava seus esforços na pesquisa e desenvolvimento da TV Digital no Brasil. 13 3 O Brasil abre a janela
  • 14. Brasil de olho no mundo Em 1997, a perspectiva do início da implantação dos sistemas na Europa e EUA motivou várias emissoras de televisão a solicitarem à Anatel autorizações especiais para testes de transmissão e recepção de TV Digital, utilizando equipamentos que já estavam disponíveis no mercado internacional. O objetivo destes testes era incorporar o conhecimento das vantagens e problemas que a escolha de um even- tual sistema de TV Digital poderia trazer ao país. Começam os testes Por orientação do Ministério das Comunicações, coube à Anatel es- tabelecer a coordenação destes pedidos, publicando então a Res- olução No. 69 que autorizava a realização de testes em circuito fechado de caráter experimental, possibilitando desta forma que aquele grupo pudesse se organizar na construção de uma estação pi- loto e iniciar a execução de testes em sistemas de TV Digital já em 1998. Esta mesma resolução, em seu artigo 3.2 autorizava expressa- mente a participação de universidades e centros de pesquisa tec- nológica nos trabalhos de pesquisa de maneira a permitir que engenheiros brasileiros pudessem contribuir com sua experiência para o desenvolvimento do projeto. Imediatamente diversas empre- sas de tecnologia que também estavam interessadas no desenvolvi- mento dos testes manifestaram seu interesse em participar e engrossaram as fileiras do grupo ABERT / SET, a quem coube a missão de acompanhar o desenvolvimento, estudar, analisar e avaliar os sistemas de TV Digital existentes no mundo, bem como coordenar a realização dos testes no Brasil, com o objetivo de co- laborar no processo de definição do padrão a ser adotado no país. Os testes deveriam avaliar o sistema de transmissão digital, anal- isando como se comportam um canal analógico e um canal digital em operação simultânea, porque durante dez a quinze anos teriam que conviver juntos, já que este seria o período esperado para a transição dos sistemas. Mackenzista coordena laboratório A aliança que compunha o grupo ABERT / SET indicou um grupo 14
  • 15. de profissionais altamente especializados e cientes das necessidades técnicas e comerciais do mercado de televisão ABERTa no Brasil. Entre estes, estava o Engº. Eduardo Bicudo, ex-aluno da Escola de Engenharia Mackenzie e dirigente da SET, que viria a desempenhar o papel de coordenador dos trabalhos de laboratório. Por outro lado, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) constituiu à Fun- dação CPqD, que já vinha atuando em convênio como consultoria para pesquisa e desenvolvimento em diversos projetos, como sua representante junto ao grupo de pesquisas, com o objetivo de acom- panhar os desenvolvimentos e complementar os estudos realizados consolidando os resultados obtidos. A equipe do CPqD foi liderada pelo Eng° Takashi Tome e contava com a participação destacada dos Eng°s Antônio França Pessoa e Renato Maroja. Faltava então definir onde seria montado o laboratório. O papel do Mackenzie Era consenso entre todos os participantes que a escolha deveria con- templar uma universidade que pudesse fornecer os recursos hu- manos necessários ao trabalho de coleta e processamento dos testes. Como a Escola de Engenharia do Mackenzie gozava de grande prestígio em testes de campo e laboratório para diversas empresas de engenharia e seu corpo de professores era formado na sua maio- ria por engenheiros com experiência no mercado de trabalho, o con- vite foi feito a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Implantacão A implantação do Centro de Pesquisas deu-se ao longo do ano de 1999, com a importação dos equipamentos e sua instalação, origi- nando assim ao “Laboratório de TV Digital”, no 1º andar do Edifí- cio João Calvino. Nessa fase, foi necessário montar também uma “gaiola de Faraday”, cuja construção foi atribuída ao Centro Tec- nológico Mackenzie – CTM. Para o trabalho de campo, foi con- struído um veículo dotado de antenas e equipamentos embarcados, que passou a cumprir extenso programa de transmissão e recepção de sinais a partir de pontos previamente estabelecidos dentro da cidade de São Paulo. Foram essas experiências iniciais que permiti- 15
  • 16. ram o desenvolvimento das análises comparativas de robustez dos sistemas, colocando lado a lado os padrões ATSC (americano) e DVB-T (europeu). Num momento posterior os trabalhos foram ex- pandidos de forma a compreender também o sistema japonês (ISDB). Todos esses passos foram precedidos de estudos e dis- cussões que visavam à definição das estratégias metodológicas, essenciais para um projeto inédito como esse. Conforme realça o professor Marcel, “a participação de professores da Escola de En- genharia, estagiários e técnicos na equipe foi marcada por significa- tiva excitação e marcante comprometimento”. Os desenvolvimentos técnicos foram conduzidos por equipes constituídas, principalmente, por docentes da Escola de Engenharia e alguns profissionais do grupo SET / ABERT, além de estagiários e auxiliares recrutados dentro do Mackenzie. O envolvimento de todos foi muito significa- tivo e, ao longo tempo foi se constituído uma “massa crítica” de alta competência. Para isso, foi preciso investir não só numa metodolo- gia de trabalho próprio, como, também, foram estabelecidas inter- ações com profissionais de indústrias e instituições de ensino e de pesquisa do Brasil e do Exterior, mediante viagens, visitas feitas e recebidas, troca de informações, estágios, cursos, simpósios e outros eventos técnicos. Equipe pioneira TV Digital no mundo e principalmente no Brasil é algo novo, tanto em tecnologia, quanto em negócio. E, como toda novidade sempre existem os pioneiros, aqueles que acreditam e apostam em novas tendencias e tecnologias, assim o Mackenzie, que desde a intro- dução das ferrovias, das primeiras hidrelétricas, tem participado ati- vamente da modernização do Brasil, mais uma vez coloca sua marca e seus pesquisadores em favor que tiveram atuação relevante nas origens do programa: Doutor Adonias Costa da Silveira (então Diretor-Presidente do IPM), Professores Marcel Mendes (então Vice-Reitor da UPM), Antonio Carlos Bragança Pinheiro (então Di- retor da EE), Luiz Tadeu Mendes Raunheitte (então Chefe do De- partamento de Engenharia Elétrica), Carlos Eduardo da Silva Dantas, Fujiô Yamada, Cristiano Akamine, Francisco Sukys e Ana Cecília Munhoz e Engº Ricardo Franzen. Da parte da NEC, foi deci- 16
  • 17. siva a atuação do Engº. José Yugi Ito e da parte da SET/ABERT, os Engenheiros Fernando Bittencourt, Joaquim Mendonça e José Olímpio Franco, que se mostraram entusiastas desse projeto e em- prestaram grande apoio a todas as iniciativas. Boa parte do êxito das primeiras ações deve ser creditada ao Engenheiro e ex-Professor Eduardo Bicudo, que não só promoveu a aproximação entre as partes envolvidas tornando viável o projeto, como também coorde- nou tecnicamente as suas primeiras etapas e, num segundo mo- mento, a atuação do Prof. Gunnar Bedicks, que desde 2002, tem dirigido e coordenado o laboratório, como também tem sido figura expoente dentro do desenvolvimento técnico do Sistema Brasileiro de Televisão Digital representando o Mackenzie em diversos con- selhos e Fóruns de discussão da TV Digital brasileira. Convênio NEC x Mackenzie No contexto do Mackenzie, o interesse pela TV Digital surgiu entre professores da Escola de Engenharia e profissionais da área de Tele- comunicações que vislumbraram uma oportunidade de instalar den- tro do campus um moderno Centro de Pesquisas em TV Digital, contando para isso com a participação de empresas e entidades com as quais foram firmados convênios estratégicos. O primeiro desses acordos de cooperação foi com a multinacional NEC, que destinou cerca de R$ 2,5 milhões para a compra de equipamentos e montagem de laboratórios, utilizando recursos in- centivados pela “Lei da Informática” então vigente (Lei nº 8.248/91 e Decreto nº 792/93). Convênio SET/ABERT x Mackenzie O segundo convênio foi com o Grupo SET/ABERT, que viabilizou o desenvolvimento de pesquisas inéditas nessa área. Coube à Uni- versidade Presbiteriana Mackenzie entrar com a “inteligência” do projeto, disponibilizando professores especialistas, alunos de mestrado e de graduação, além do suporte administrativo e logís- tico. Toda essa mobilização inicial deu-se nos anos finais da década passada, tendo os convênios sido assinados em 12 de novembro de 1998. 17
  • 18. TV Digital coloca Mackenzie no topo Segundo o vice reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, na época o professor Prof. Marcel Mendes, este convite veio num mo- mento especialmente importante pois começava a esboçar-se uma mudança na filosofia educacional da Universidade. O Mackenzie que sempre tivera seus esforços voltados para uma experiência prática de seus alunos e por poucas vezes se dedicara efetivamente a trabalhos de pesquisa científica estava exatamente naquele mo- mento iniciando diversos programas de incentivo a pesquisa em sis- tema de pós-graduação. A criação de um novo laboratório de pesquisa voltado para uma nova tecnologia seria um incentivo a mais para que esta mudança pudesse consolidar-se. Esta também era visão do então presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Dr. Adonias Costa Silveira, que afirmou na ocasião que a assinatura do convênio com a NEC inseriu de uma vez por todas o Mackenzie no cenário das instituições de ponta na área de pesquisa e desenvolvi- mento. Nasce o laboratório Em 1998, numa cooperação técnica com a Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (ABERT), a Sociedade de Engen- haria de Televisão (SET), a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e a empresa NEC do Brasil, foi inaugurado o Labo- ratório de Televisão Digital da Escola de Engenharia da Universi- dade Presbiteriana Mackenzie. A montagem do Laboratório levou cerca de seis meses que incluia a preparação dos sistemas irradi- antes, a aquisição dos equipamentos de medição, a construção de uma gaiola de Faraday e a montagem de uma unidade móvel para a medição do sinais em campo. Criado com o objetivo de desenvolver e aplicar testes comparativos entre os dois sistemas de TV Digital existentes na época, o ameri- cano (ATSC), o europeu (DVB-T) e mais tarde foi comparado tam- bém o sistema japonês (ISDB-T), o laboratório desenvolveu, ao longo desses anos, várias pesquisas e projetos em parceria com em- presas privadas, instituições governamentais e outras universidades 18
  • 19. brasileiras, entre elas a criação da TV Digital Interativa, em con- vênio com a TV Escola do Ministério da Educação – MEC. 19
  • 20. O século XX marcou uma luta entre ciência positivista e ciência pura, uma defendendo a idéia de que a sociedade devia ser organi- zada como um grande projeto, sob o comando dos especialistas e a outra lutando por ideais para os quais a ciência não era simples- mente um instrumento de ação da sociedade, mas a busca do con- hecimento amplo e aberto baseado no empirismo, em conexão com a cultura e com a formação humanística. Em diversos momentos estas visões se alternaram influenciando a criação e o desenvolvi- mento das instituições de ensino superior e pesquisa cientifica que optavam por uma ou por outra orientação. Nas palavras do Prof. Simon Schwartzman, em palestra proferida no VI Encontro Na- cional de Pós-Graduação nas IES Particulares, no final do Século XIX, predominava no Brasil a visão positivista da ciência, para a qual sobretudo havia um conhecimento científico, técnico, que era superior a outras formas de conhecimento, e que deveria ser uti- lizado para tornar o pais mais moderno, racional e eficiente. Esta apreciação pela ciência não estava associada, no entanto, à apreci- ação pela pesquisa enquanto tal. Não havia um mundo descon- hecido a descobrir, mas uma tecnologia já definida para aplicar. 20 4 Mackenzie sempre na vanguarda
  • 21. Escola técnico professional Naquele momento, no começo do século XX, desejava-se no Brasil a criação de escolas que preparassem nossos estudantes com ênfase crescente na educação técnico-profissional, de tipo aplicado bem ao estilo da ideologia positivista que predominava nos setores mais modernos do país. Naquele contexto a Escola Americana, matriz geradora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, gozava do prestígio que acumulara por seus modernos métodos pedagógicos, inspirados na chamada “pedagogia norte-americana”. Apoiando-se na ascendência filosófica dos principios educacionais da religião protestante, fez-se conhecida por suas posições progressistas e liber- tadoras, onde o fazer e o pensar integravam-se. Abolucionistas e Republicanos A Escola Americana, naquele tempo também conhecida por Insti- tuto São Paulo, ficara famosa por acolher os filhos de muitos aboli- cionistas e republicanos, alvos da perseguição política nas escolas públicas do Império. A Escola apesar de ser nitidamente cristã e evangélica nutria profundo respeito pelas convicções religiosas de seus alunos não protestantes. Este histórico liberal, associado a alguma correspondência trocada com José Bonifácio de Andrada e Silva durante seu exílio na Eu- ropa, sensibilizou o advogado norte-americano John Theron Mackenzie e o levou a manifestar seu desejo de contribuir para a criação de “uma Escola capaz de ensinar à mocidade brasileira os modernos conhecimentos da tecnologia relacionada com o trans- porte ferroviário” conforme deixou registrado em seu testamento. Surge uma nova escola Mesmo sem jamais ter vindo ao Brasil, o Dr. Mackenzie legou uma sonante quantia para a fundação de uma instituição de ensino de en- genharia em nosso país, a Escola de Engenharia Mackenzie. O cenário da educação superior no Brasil, até aquele momento ofer- ecido em regime público e oficial, deslocaria-se assim de forma 21
  • 22. notável para acolher um novo e importante ator: uma Escola de na- tureza privada, de índole protestante, inspirada em modelo norte- americano. Escola de Engenharia Privada Assim nasceu a Escola de Engenharia “Mackenzie College”, cuja criação veio tornar realidade um projeto educativo definido em sua declaração de princípios e gravada na placa inaugural: “Mackenzie College - Às Sciencias Divinas e Humannas”. Segundo o Prof. Mar- cel Mendes em sua pesquisa “A escola de Engenharia Mackenzie College e a questão do reconhecimento”, do ponto de vista formal, a ação educacional adotada pelo Mackenzie College impregnou-se de uma concepção educacional moderna e de visão de humanista, sub- limada pela perspectiva cristã reformada que vê o ser humano revestido de dignidade, responsabilidade e liberdade. Ainda se- gundo o Prof. Mendes, a esse eixo fundamental aliou-se uma pro- funda filiação aos conceitos pragmáticos e filosóficos de uma pedagogia norte-americana, adotados com firmeza por seu primeiro reitor, o educador americano Horace M. Lane e que podem explicar a tradicional orientação pelas experiências que põem à prova as teo- rias e pelo ensino de caráter utilitário, prático e positivo. Mackenzie nas ferrovias, Mackenzie nas hidrelétricas Esse pragmatismo marcou o projeto educacional pelo qual o Mackenzie sempre procurou preparar seus alunos para atuarem nos empreendimentos importantes para o crescimento urbano, industrial e técnico do país. Eram do Mackenzie grande parte dos engenheiros que trabalharam nos projetos de eletrificação das cidades, nos proje- tos de construção de ferrovias e usinas hidroelétricas e em todos os grandes projetos de urbanização que marcaram a primeira metade do século XX em todo o Brasil e especialmente a capital paulista. Hoje, ao longo de seus 136 anos de existência, a Universidade Pres- biteriana Mackenzie continua fiel aos seu projeto original, baseando sua pedagogia na prática, na realização e na construção do conheci- mento, seguindo os princípios de sua filiação religiosa e filosófica. 22
  • 23. Canteiro de obras Essa tradição, sempre viva na Universidade Presbiteriana Macken- zie, materializou-se durante sua história em numerosas e variadas atividades pedagógicas e na criação de centros de estudo e prática tecnológica. De seus primeiros anos pode-se recordar os acampa- mentos de topografia que levavam os estudantes de engenharia ao canteiro de obras por vários dias e onde punham em prática as noções e teorias adquiridas na sala de aula e que até hoje são pratica regular ou a referência nos prospectos do curso de engenharia “mecânica elétrica” de 1924 que indicava que durante o último ano do curso o aluno deveria “Trabalhar como operário em oficina mecânica, desde janeiro até junho, devendo dar relatórios sem- anais... e trabalhar como empregado em serviço de eletricidade, desde julho até dezembro, devendo dar relatórios semanais ....” Com o passar dos anos e a evolução da tecnologia a Escola de En- genharia desenvolveu novas áreas de atuação e criou novos espaços de estudos e pesquisas técnológicas como o Laboratório de Metrologia, o Centro de Radioastronomia e Astrofisica, o Labo- ratório de Fotônica e finalmente, e mais recentemente o Laboratório de Televisão Digital, o LABTVD. Uma visão de futuro das tecnologias digitais Nas palavras do professor Marcel, que desde 1982 tem participado da direção e administração da centenária Escola de Engenharia do Mackenzie, “o Laboratório de TV Digital tem potencial para consol- idar-se como centro de referência nacional, não apenas pela quali- dade da sua estrutura física, (que a cada dia necessita de atualizações tecnológicas), mas, principalmente, pela excelente equipe de profissionais. Não se pode pensar em ilha de excelência, mas em relevante presença e atuação numa rede de centros de pesquisas. Esse conceito já está em vigor e deve ser mantido e am- pliado no futuro, envolvendo não só instituições de ensino, como, também, os segmentos produtivos da indústria e dos meios de co- municação”. Segue o professor Marcel, “hoje temos a vantagem do pioneirismo, que não basta como marca histórica, mas constitui uma credencial importante para a continuidade dos trabalhos”. Para o professor Marcel, em termos de Brasil e de mundo, não há dúvida 23
  • 24. de que as tecnologias digitais estão destinadas a uma expansão em escala exponencial, especialmente se forem consideradas as con- vergências das múltiplas aplicações e o enorme potencial de cresci- mento do universo de usuários. Para ele a presença do Mackenzie nesse contexto não será marginal, pois, segundo Marcel, o Macken- zie tem cérebros e infraestrutura para acompanhar e até induzir novos desenvolvimentos. Em termos puramente estruturais de ‘de- partamento’ ou ‘setor’, o professor Marcel, não se arrisca a fazer prognósticos, até porque acho esses aspectos não são fundamentais para o êxito dos empreendimentos científicos e tecnológicos. Para Marcel “visão de oportunidade e competência diferenciada, esses sim, são aspectos que não podem ser descuidados”. 24
  • 25. Em 1998, o Congresso da SET havia trazido ao Brasil o Eng. Neil Pickford, do Communications Lab, orgão assessor do Ministério das Comunicações Australiano, para que apresentasse os procedimentos desenvolvidos para os testes de TV Digital na Austrália. Aquela ap- resentação serviu como importante referência para o trabalho dos pesquisadores do LABTVD já que os cenários nos dois paises era comparável em muitos aspectos. Até aquele momento, sómente os engenheiros australianos haviam testado problemas e distorções dos sinais digitais da forma que se imaginava necessário para os testes brasileiros. Simulação de canais Nas discussões que se seguiram, o grupo de pesquisadores do Mackenzie já em estreita colaboração com a equipe do CPqD, optou por simular os canais digitais já com a presença de fantasmas e in- terferências, um modelo que avançava sobre os resultados obtidos pelos australianos e já vinha sendo desenvolvido nos trabalhos ante- riores do Eng. Antônio França Pessoa, ao pesquisar a segmentação 25 5 Definindo os testes
  • 26. da imagem digital para a avaliação da qualidade da transmissão. Isso levou a equipe do LABTVD a decidir pelo aprofundamento de alguns daqueles testes, solicitando a aquisição de equipamentos de simulação mais sofisticados para garantir a fidelidade dos resultados brasileiros. Rigor científico Todos os métodos de ensaio, as tabelas de resultados que seriam considerados e a seqüência dos testes de laboratório foram definidas com cuidado e rigor científicos, de maneira que fosse possível sim- ular todas a situações de interferência, permitindo assim que se ob- servasse em ambiente controlado, o comportamento do sinal digital aplicado as nossas condições e realidade, comparando o desem- penho de cada sistema, os requisitos de proteção com relação aos canais adjacentes e canais “taboo” – canais adjacentes passiveis de interferencias - nas situações digital x analógico, analógico x digital e digital x digital e, além disso, todas as hipóteses de interferência do ambiente como os sinais multipercurso e os efeitos do ruído im- pulsivo. Segundo os membros da equipe esta foi a fase mais intensa do processo pois a inexistência à época de testes padronizados obri- gava a discussão cuidadosa de cada parâmetro de comparação que pudesse ser utilizado de forma a gerar resultados que pudessem ser aceitos por todos os interessados, ou seja, os radiodifusores brasileiros, os representantes dos sistemas internacionais e a Anatel. Em busca do reconhecimento internacional Mas, apesar do grande apoio institucional e corporativo ao projeto, nem tudo foi “céu de brigadeiro” na construção deste modelo de tra- balho. Para que os resultados fossem aceitos como válidos pela co- munidade cientifica e tecnológica era preciso obter informações mais detalhadas junto às equipes técnicas dos padrões interna- cionais. Para isso era necessário que especialistas estivessem acom- panhando a evolução do trabalho e fornecendo informações relevantes para as comparações dos resultados. 26
  • 27. National Association of Broadcasters Em 1999 os pesquisadores do LABTVD participaram como convi- dados da SET da reunião da National Association of Broadcasters em Las Vegas - EUA. Esta visita tinha o objetivo de apresentar a co- munidade mundial o projeto dos testes brasileiros e buscar a aproxi- mação dos responsáveis pelos padrões internacionais, estabelecendo os necessários canais de comunicação. Num primeiro momento houve por parte dos representantes internacionais um certo ceti- cismo da iniciativa brasileira, sendo que alguns nem consideravam possível que os engenheiros brasileiros pudessem gerar um relatório fiável. Testemunhas daquelas reuniões relatam que houveram mo- mentos de muita tensão onde o desconhecimento da realidade brasileira pelos responsáveis internacionais era tão grande que cri- ava o risco de inviabilizar todo o projeto. No entanto, com o passar dos dias, nas sucessivas reuniões que aconteceram, a equipe brasileira pode demonstrar que para além de fiáveis os testes pro- postos seriam muito úteis para o desenvolvimento futuro dos padrões mundiais de TV Digital. Com esses acordos firmados a equipe retornou ao Brasil com a certeza de que os testes seriam apoiados e respeitados internacionalmente. Estudo de viabilidade técnica Em fevereiro de 1999, foram submetidos à ANATEL o estudo de vi- abilidade técnica dos canais que seriam utilizados em São Paulo, bem como as características de instalação e os equipamentos da es- tação transmissora. A autorização para execução do Serviço Espe- cial para Fins Científicos e Experimentais e para a instalação da estação transmissora em São Paulo foi expedida em 30 de agosto de 1999, pelo Ato nº 4609, do Conselho Diretor da ANATEL, assinado pelo então presidente do conselho, Roberto Navarro Guerreiro. Ainda em agosto a equipe de pesquisadores apresentou o Relatório Inicial que descrevia em detalhes cada passo que seria seguido na execução dos testes de laboratório e de campo. Os testes de labo- ratório foram desenhados para cobrir uma gama de situações muito maior do que as que seriam verificadas nos testes de campo. Por sua vez os resultados dos testes de campo funcionariam como um verifi- 27
  • 28. cador dos dados que seriam obtidos nos testes de laboratório. Estação transmissora A instalação da estação transmissora foi concluída em 27 de setem- bro, data em que foram iniciadas as transmissões e os ajustes finais para o início dos testes de campo. Os testes de laboratório foram iniciados em 8 de outubro e os testes de campo em 8 de novembro de 1999. Os testes Inicialmente havia-se planejado a realização de testes nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, mas devido aos custos elevados para a instalação de duas estações de transmissão o grupo optou por re- alizar apenas os testes de São Paulo, que apresentava condições de densidade urbana e relevo que poderiam simular quaisquer situ- ações, inclusive as existentes no Rio de Janeiro, de forma a colocar um verdadeiro desafio a performance dos sistemas a serem testados. Assim a estação de transmissão foi montada nas instalações da TV Cultura de São Paulo, no Sumaré, um bairro com tradição na história da televisão brasileira. 126 pontos Para a continuidade do processo de pesquisa foram selecionados num grande mapa da cidade de São Paulo, 126 pontos onde seriam medidos os sinais recebidos de maneira que se pudessem observar o maior numero possível de situações reais de transmissão e recepção do sinal digital. Eram pontos que variavam muito em distância chegando até a localidades na periferia da cidade, a mais de 20 km da antena de transmissão. Para estes 126 pontos, espalhados nos quatro cantos da cidade de São Paulo, deslocava-se uma viatura preparada com uma antena digital montada num braço telescópico e diversos aparelhos de recepção e medição do sinal segundo quatro esquemas principais: A. Comparação do desempenho de cobertura; B. Comparação em condições domésticas de recepção com simu- 28
  • 29. lação de situações reais como eletrodomésticos ligados e pessoas circulando proximas a antena; C. Interferência no canal adjacente analógico D. Interferência no canal adjacente digital. Testes dia e noite Os testes, realizados tanto de dia quanto de noite, iniciaram com apenas os sitemas ATSC e DVB que já haviam sido lançados e en- contravam-se em fase inicial de implementação na Europa e Esta- dos Unidos. Depois de iniciados os testes de campo surgiu a necessidade de incluir o ISDB-T que havia sido lançado no Japão na esteira de uma série de desenvolvimentos técnicos de transmissão e recepção de sinais digitais para rádio e televisão por um grupo de empresas capitaneadas pelo NHK, Science and Technical Research Labs. O sistema havia sido desenvolvido como uma variante do padrão DVB-T (modulação OFDM) e permitia a difusão integrada de sinais digitais em banda larga e banda estreita e assim apresen- tavam excelente potencial para a transmissão simultânea de sinais para receptores fixos e móveis. A decisão de incluir o sistema japonês foi tomada por causa da excelente performance dos testes realizados pelo Tokio Pilot em 1998 e pelo sucesso das transmissões de TV Digital em alta definição por satélite que haviam ocorrido em 1999. Dessa forma os pontos de recepção foram revisitados para que fossem feitos os testes de campo também com o padrão japonês. Durante os trabalhos, o LABTVD recebeu a visita de diversas dele- gações de engenheiros e técnicos dos sistemas ATSC, DVB e ISDB que contribuiram enormente com sugestões e críticas que sempre que possível foram assimiladas pelos pesquisadores do Mackenzie. “Brazil Digital TV Testing Procedures” Os testes foram um marco tanto para a engenharia de televisão no Brasil como para o Mackenzie que ampliou seu prestígio institu- cional graças aos resultados positivos obtidos durante os trabalhos e a sua estreita colaboração com todas as entidades e pesquisadores envolvidos no projeto. Esta cooperação entre as entidades envolvi- 29
  • 30. das criou um ambiente que facilitou a realização do trabalho para além da aplicação de testes já conhecidos, permitindo que se chegasse a criação de um novo conjunto de procedimentos que hoje é utilizado como padrão global. São os chamados Brazil Digital TV Testing Procedures da ITU - International Telecommunication Union - que foram reconhecidos internacionalmente como procedi- mentos padrão para os testes de transmissão de TV Digital. Recen- temente, os receptores de quinta geração do sistema ATSC foram lançados ao mercado destacando sua compatibilidade com os resul- tados exigidos pelos testes Brazil A, B, C, D e E. O trabalho consolidado Depois de terminados os trabalhos dos testes para o Sistema Brasileiro de Televisão digital, o LABTVD manteve a sua equipe de pesquisadores em atividade, trabalhando em testes para a industria de equipamentos, em testes de digitalização para sistemas de tv paga, no desenvolvimento de sistemas de TV Digital interativa por satélite entre outros projetos de forma que todo o conhecimento acumulado durante as pesquisas não ficasse desatualizado além de uma produção acadêmica muito rica, gerando artigos em publi- cações, apresentações internacionais, teses de mestrado e doutorado. O primeiro relatório Em abril de 2000 foi encerrada a primeira fase das pesquisas, dando origem ao relatório técnico que, até hoje, é considerado o primeiro documento qualificado sobre o tema, no Brasil, compreendendo não só a síntese do estado-da-arte, mas o resultado de um ano e meio de trabalhos de campo e laboratório. 30
  • 31. No começo do governo Lula, mais precisamente no dia 3 março de 2003, o professor Gunnar Bedicks Jr. e o vice-reitor da Universi- dade Presbiteriana Mackenzie, Dr. Pedro Ronzelli Jr. em visita ao então ministro das Comunicações, Miro Teixeira, propuseram ao ministro a criação de um consórcio de universidades para reascen- der o projeto da TV Digital que andava meio parado. O ministro de tão receptivo à idéia gerou alguns dias depois a Minuta de Ex- posição de Motivos nr MC 00034 EM endereçada ao presidente Lula, propondo entre outras coisas a formação de um consórcio de universidades brasileiras, públicas e privadas, para se encarregar da pesquisa básica de possíveis soluções tecnológicas, tanto em com- ponentes, quanto em programação. Um trabalho inicial, coordenado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, obteve a adesão de laboratórios ou departamentos de engenharia das seguintes universidades: Universidade Estadual de Campinas (UNI- CAMP), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC- Rio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), In- stituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Assim, em 6 de 31 6 Universidades unidas
  • 32. junho de 2003, foi realizada a primeira Reunião do Consórcio das Universidades para o Desenvolvimento de um Sistema Brasileiro de TV Digital. A histórica reunião, que deu um novo alento ao projeto, ocorreu nas dependências do Mackenzie em São Paulo, e contou com a presença de representantes das seguintes universidades: Mackenzie, Unicamp, USP, UFPB, PUC, UPM. No bojo, a Educação à distância Uma das grandes vantagens da TV Digital é facilidade de agregar funções interativas dentro da transmissão. E o Mackenzie, além de participar diretamente na criação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, também desenvolveu em parceria com a Secretaria de Edu- cação a Distância, do Ministério da Educação um projeto piloto para a TV Escola Digital Interativa onde todo o conhecimento acu- mulado em TV Digital, foi aplicado no desenvolvimento de uma plataforma de educação por TV Interativa via Satélite, com certeza um dos promissores sub-produtos da digitalização da TV. Este pro- jeto aprovado pelo ministro da Educação da época, Cristovam Buar- que, foi apresentado na UNESCO e ao ministro da Educação da China. O SBTVD nasce por decreto Em 2003, no primeiro ano de madato do presidente Lula, o Governo Brasileiro lançou o Programa de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) no Decreto nº 4.901, de 26 de novembro. O decreto assinado pelo ministro das Comunicações de então, Miro Teixeira, e pelo ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, tinha o objetivo de estabelecer uma rede de competências nacional, promovendo a integração dos centros de pesquisa brasileiros para apresentar uma solução técnica inovadora, man- tendo e aproveitando a compatibilidade com elementos já padronizados no mercado mundial de TV Digital. Através do finan- ciamento de projetos articulados de pesquisa e desenvolvimento do Sistema de TV Digital Terrestre, um convênio firmado entre o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL) e a Fundação CPqD designava para o programa, em 32
  • 33. sua fase inicial, uma dotação orçamentária de R$ 65 milhões, cabendo R$ 15 milhões à Fundação CPqD e R$ 50 milhões para a contratação das instituições de pesquisa em todo o país. De acordo com Miro Teixeira, “a televisão digital não é apenas uma evolução tecnológica da tv analógica, mas uma nova plataforma de comuni- cação, com profundos impactos na sociedade”, afirmou na época o ministro Teixeira. Convite oficial No Decreto 4.901 foram determinadas seis áreas principais de pesquisa e emitidas cartas convite para que as instituições pudessem participar do desenvolvimento. O LABTVD já havia se habilitado a participar do processo de seleção das instituições na área de pesquisa voltada para “Transmissão e Recepção, codificação de canais e Modulação” e assim recebeu a carta convite 02/2004 onde foi formalmente convidado a apresentar seu projeto de pesquisa. O projeto apresentado pelo Mackenzie incluiu uma parceria com a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal da Paraíba, de maneira que os trabalhos pudessem ser complementados e os resul- tados ampliados na sua aplicação prática. No ar uma nova Televisão brasileira O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em 29 de junho de 2006, no Palácio do Planalto, decreto que define o regime de tran- sição da televisão analógica brasileira para o sistema digital. Na ocasião, estiveram reunidos representantes dos governos brasileiro e japonês, inclusive o ministro do Interior e das Comunicações, Heiko Takenaka; e empresários da indústria eletro-eletrônica e das emisso- ras. “Com essa decisão, ao invés de simplesmente comprarmos os direitos de um sistema de televisão digital, decidimos criar o Sis- tema Brasileiro de Televisão Digital, com características brasileiras, um projeto não apenas para aqueles que podem pagar por um serviço a cabo ou por satélite”, afirmou, em discurso durante a cer- imônia, o ministro das Comunicações, Hélio Costa. O decreto estabelece prazo de 10 anos para que toda transmissão terrestre no País seja digital. Nesse período, os sinais analógicos e o 33
  • 34. digital serão transmitidos simultaneamente. O consumidor, caso de- cida desfrutar das vantagens da nova tecnologia, deverá trocar de aparelho ou comprar um adaptador. Senão, poderá continuar com a mesma tevê que possuí hoje. “Temos um parceiro de primeira quali- dade e estamos com o melhor sistema de televisão digital do mundo, como reconhecem os próprios concorrentes”, discursou na ocasião o empresário e conselheiro da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletro-Eletrônicos (Eletros), Eugênio Staub. “É preciso registrar o papel do ministro Hélio Costa nesse processo; colocou o tema na agenda e nos fez chegar até o dia de hoje.” Tv Digital. O Céu é o limite A televisão, além de ser uma das raras fontes de lazer da grande maioria dos brasileiros, é o único serviço de comunicação realmente universal e gratuito no Brasil. Este serviço tão fundamental para o povo brasileiro vem sofrendo crescente concorrência de outras mí- dias, numa clara tendência de fragmentação do mercado, podendo vir a perder espaço e reduzir sua participação no bolo publicitário. A introdução da TV Digital, certamente, virá recompor o poder com- petitivo da televisão como um todo e devolvendo a atenção tanto de telespectadores quanto dos patrocinadores. Praticamente a tecnolo- gia digital, dará a TV um renascimento e abrirá aos produtores de conteúdo e programadores de TV novas oportunidades em negócios e em formatos de progama. 34
  • 36. 36
  • 37. 37 Grandes histórias de sucesso começam aqui. Universidade Presbiteriana Mackenzie O Sistema Brasileiro de TV Digital, ISDTV, já é uma realidade. Nascido e desenvolvido nos laboratórios de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em breve estará nos lares de milhões de brasileiros. É o Mackenzie colocando conhecimento a serviço da sociedade. ISDTV. A próxima atração da tv brasileira nasceu no laboratório de TV Digital do Mackenzie.
  • 38. 38 Grandes histórias de sucesso começam aqui. Bar do Zé. O primeiro bar do Brasil com TV Digital. Universidade Presbiteriana Mackenzie O Sistema Brasileiro de TV Digital, já é uma realidade. Nascido e desenvolvido nos laboratórios de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, já pode estar nos lares de milhões de brasileiros. É o Mackenzie colocando conhecimento a serviço da sociedade e também do Bar do Zé.