No poema de Vinicius de Moraes ele se mostra fiel aos seus sentimentos e muito zeloso em relação ao amor que sente. O eu-lírico demonstra seu encanto por esse amor e deseja viver cada momento intensamente espalhando seu canto, riso ou pranto em função das emoções que esse amor lhe traz. Ele demonstra que independente de sua amada está feliz ou triste ele também estará. No fim do poema Vinicius de Moraes usa um paradoxo: “Mas que seja infinito enquanto dure.” Significa que não importa se seu amor durará dois dias, dois meses ou dois anos, o que prevalecerá será o desejo do eu-lírico de que seja vivido intensamente a tal ponto que pareça eterno. 109 Minha vida!, me dizes que este nosso amor será feliz aos dois, será eterno. Deuses grandes, fazei que prometa a verdade, que sincera e de coração o diga e que nos seja dado, a vida inteira, sempre este pacto viver de amor sagrado. (1-6, Catulo) Catulo quer viver um amor eterno, ele pede aos deuses que possa viver esse amor, pede felicidade e que sua amada seja sincera em relação aos sentimentos. No final de seus versos pede que possa viver a vida inteira esse amor sagrado. Os dois poemas demonstram o desejo de viver um amor duradouro. No poema de Vinicius de Moraes ele pede que seja infinito enquanto dure, ele deixa claro que viverá cada momento intensamente. Não importa quanto tempo dure será vivido cada momento como único. Diferentemente de Catulo que deseja que seu amor não tenha fim, que dure pra vida inteira. No versos de Catulo encontramos pouca intensidade nos sentimentos, uma descrição bem superficial de seus sentimentos. No “Soneto de fidelidade” o eu-lírico descreve cada emoção com muita sinceridade e muito amor, seu ultimo verso é um exemplo de muita intensidade: “Mas que seja infinito enquanto dure.” Podemos perceber a estética da intensidade nesse paradoxo que tem como intuito intensificar os sentimentos e produzir um efeito de sinceridade. “Embora a intensidade não acrescente nada à verdade do texto, ainda assim, garante autenticidade porque ao intensificar, produz efeito de sinceridade.” A estética da intensidade é acompanhada pela pragmática da sinceridade e destas sai a conceitualização moderna do talento como originalidade. (Paul Veyne) (Mary Jane Hilário da Silva)