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3ª Série EM –Vestibular – Volume 1 | 139
Módulo 1
1.1	 O Espaço Industrial
Definindo Indústria
	 A atividade industrial corresponde a todo o processo de
transformação da matéria-prima mediante a utilização de
máquinas e do uso de força de trabalho no interior do espaço
fabril. O resultado da matéria-prima transformada é destinado
ao mercado.
		
Fatores Locacionais
	 A instalação de indústrias em determinada localidade
depende de uma série de fatores que são decisivos na escolha.
Tratam-se dos chamados fatores locacionais. Dentre os diversos
fatores locacionais destacam-se a proximidade e/ou existência de:
a)	Matéria-prima;
b)	 Mão de obra;
c)	 Mercado Consumidor;
d)	 Rede de Transportes;
e)	 Rede de Comunicação;
f)	Energia;
Novos Fatores Locacionais
a)	 Incentivos e/ou Isenções Fiscais;
b)	 Universidades e Centros de Pesquisa;
c)	 Mão de obra Qualificada;
d)	 Infraestrutura Informacional;
e)	 Doações de Terrenos;
f)	 Financiamentos da Planta Industrial;
g)	 Facilidade na remessa dos lucros.
	 Para algumas indústrias há determinados fatores que são
mais decisivos para a definição da localização o que pode não
ser para outras. Isso, portanto, dependerá do tipo de indústria.
Novos Espaços Industriais - Tecnopolos
(Adaptado de: BENKO, G. Novos Espaços Industriais e Tecnopolos: algumas Reflexões.
IN: Economia espaço e globalização na aurora do século XXI. São Paulo: HUCITEC, 1999)
	 A nomenclatura tecnopolo começou a aparecer na litera-
tura mundial no final dos anos 1970, referindo-se à discussão
sobre o desenvolvimento polarizado ocorrido nos anos 1950
e 1960, com a formação de polos de crescimento e polos de
desenvolvimento. Depois deste período de forte crescimento,
o contexto econômico mudou. O desenvolvimento polarizado
caiu em desuso e o desenvolvimento local o substitui, conde-
nando o desenvolvimento estimulado por poderosas firmas
motrizes substituídas, agora pela força de pequenas empresas.
	 O remédio mudou de nome, ouve-se em todos os lábios
o termo tecnopolos, mas na realidade este se integra na defi-
nição já antiga de polo de desenvolvimento - um aglomerado
de empresas inovadoras, dinâmicas, motrizes com efeitos
econômicos positivos sobre toda a economia regional. Mais
comum, entretanto, é a associação dos tecnopolos com a
ideia de centros de atividades industriais de alta tecnologia.
	 A partir de estratégias de desenvolvimento econômico,
algumas regiões ou cidades utilizam-se da valorização de seu
potencial universitário e de pesquisa para estimular um novo
surto de industrialização a partir de empresas de alta tecno-
logia, criadas no local ou para lá atraídas.
	 Para Pierre Laffitte, a “reunião, num mesmo lugar, de
atividades de alta tecnologia, centros de pesquisa, empresas
e universidades, assim como de organismo financeiros que
facilitem os contatos pessoais entre esses meios, produz efeito
de sinergia, do qual podem surgir ideias novas, inovações téc-
nicas, suscitando, portanto criações de empresas”.
	 Deste modo, os tecnopolos surgem como espaços pri-
vilegiados na estratégia de aplicação de políticas industriais
temáticas, participando da recomposição ou da renovação
do sistema produtivo. Isto não representa uma mudança do
regime de acumulação, mas sim um fracionamento que se
opera dentro do sistema produtivo. Cada região, cada cidade
torna-se uma área industrial específica porque se define por
seu papel na divisão espacial do trabalho.
	 Podemos observar a formação de tecnopolos nas áreas
industriais tradicionais, que buscam modernizar e atrair
novas atividades no seu tecido industrial local “obsoleto”,
principalmente nos espaços metropolitanos, que oferecem
economias de aglomeração com forte concentração nos seto-
res de técnica elevada e transição possível entre antigas e
novas tecnologias, como é o caso Los Angeles. Mas o grande
destaque deve ser dado aos novos espaços industriais, cria-
dos por empresas existentes ou por empresas novas, onde as
regiões escolhidas são quase sempre sem tradição industrial
e por isso mais adequadas às condições e à organização atual
da produção (força de trabalho, universidades e institutos de
pesquisa, atrativo da paisagem, infraestrutura de transportes,
serviços). A eles estão associados espaços da terceira revolu-
ção industrial como a Califórnia, Arizona e o Texas (Sun Belt),
nos EUA.
(texto adaptadp pelo professor Fabio Tadeu Santana)
	 Polos tecnológicos ou tecnópolis são definidos como gran-
des áreas com infraestrutura necessária para unidades produti-
vas que realizam atividades de baixa ou grande escala, baseadas
em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Nestas áreas, são
oferecidos serviços que facilitam a obtenção de recursos tecno-
lógicos e humanos de alto nível, acesso a centros de investiga-
ções, bibliotecas e serviços de documentação especializada e de
contratação de projetos tecnológicos. As tecnópolis combinam,
em uma área pré-estabelecida, os seguintes grupos de elemen-
tos: organizações de pesquisa e ensino; empresas avançadas
tecnologicamente e inovativas, a maioria pequenas e médias;
organizações e agências, públicas e privadas, com missão de
garantir e fomentar o estabelecimento de acordos colaborativos
Geografia 1
140 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
entre os agentes mencionados acima, de forma a maximizar
criatividade e atividades inovativas, assim como elevar a com-
petitividade da região.
	 Alguns utilizam o termo polo tecnológico como sinônimo
de parques tecnológicos. Essas experiências difundiram-se mais
rapidamente nos anos de 1980, em torno de uma base local ou
regional e o interesse de envolver organizações de P&D e ensino
com o setor produtivo. Embora algumas diferenças marcantes
possam ser destacadas nestas experiências, os objetivos finais
tenderam a ser similares: intensificar as perspectivas do territó-
rio local de abrigar firmas tecnologicamente intensivas, o que
pode provocar disparidades regionais.
Os Tipos de Indústrias
	 Costuma-se dividir as indústrias em dois tipos. São eles:
Indústrias Pesadas
Bens de Produção
	 Também chamadas de indústrias de base ou pesadas. É o
caso das indústrias petroquímicas, siderúrgicas e metalúrgicas.
Essas indústrias fomentam as demais atividades produtivas,
abastecendo-as com matéria-prima.
Indústrias Bens de Capital
	 São também denominadas como indústrias de máquinas e
equipamentos. Elas são assim chamadas por produzirem bens
industrializados não para o consumidor direto, mas para outras
atividades produtivas. Neste caso tratam-se das indústrias que
produzem máquinas, equipamentos, ferramentas e materiais
de transporte.
Indústrias Leves
Indústrias Bens de Consumo
	 Conhecidas também como indústrias leves. Tratam-se das
indústrias que produzem bens industrializados diretamente para
o mercado consumidor. Entretanto, as indústrias de bens de
consumo são classificadas em dois tipos, a seguir discriminadas:
a)	 Bens de Consumo Duráveis
	 São indústrias que produzem produtos com maior valor
agregado, tais como automóveis, eletrodomésticos, eletrô-
nicos e móveis.
b)	 Bens de Consumo Não duráveis
	 São indústrias que produzem produtos com menor valor
agregado, utilizam muita mão de obra e matéria-prima.
Podemos citar como exemplos às indústrias alimentícias, de
cosméticos, de produtos de higiene, têxteis e de calçados.
Exercícios de Fixação
01	 Defina o conceito de indústria.
02	 Por que as indústrias de bens intermediários são importan-
tes para o desenvolvimento das forças produtivas?
Questões Objetivas
03	 (PUCCAMP) Na escolha de um local para a implantação das
indústrias, os fatores mais importantes estão relacionados a
matérias-primas, fontes de energia, mão de obra, recursos
financeiros e acesso ao mercado consumidor dos bens pro-
duzidos. A importância de cada fator em relação aos demais
pode variar. Depende do tipo de bens a produzir, da escala
de produção pretendida, do grau de desenvolvimento das
técnicas utilizadas e da infraestrutura existente.
	 Da leitura do texto é possível concluir que
a)	 as indústrias leves contam com maior número de opções,
quanto à escolha do local para sua instalação.
b) 	 as indústrias pesadas dispersam-se mais pelo espaço, em
função dos fatores disponíveis.
c) 	 em função do destino final da produção, as indústrias leves
necessitam de maiores espaços e investimentos.
d) 	 como dependem de infraestrutura, as indústrias pesadas
devem estar próximas a portos marítimos.
e) 	 as indústrias leves são muito mais sensíveis às condições da
infraestrutura, nos setores de transportes e energia.
04	 (UNIRIO) A instalação industrial em uma região depende dos
fatores favoráveis, que podem ser considerados gerais ou
específicos. Em relação à localização podemos destacar os
fatores a seguir, dos quais um NÃO está apresentado corre-
tamente. Indique-o:
a) 	 Mercado Consumidor - importante para as empresas que
trabalham com produtos finais de baixo custo unitário e de
consumo.
b) 	 Matérias-primas - é determinante para as indústrias que as
utilizam em grandes quantidades, como é o caso das indús-
trias de base.
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 141
c) 	 Água - algumas indústrias tendem a manter uma estreita
relação com a água, como é o caso das siderúrgicas.
d) 	 Mão de obra - fator decisivo tanto para as empresas que
utilizam grande número de trabalhadores quanto para as
que requerem trabalho altamente qualificado.
e) 	 Transporte - é fundamental para viabilizar a atividade pro-
dutiva, sendo que nos grandes centros a maior flexibilidade
faz do transporte ferroviário a melhor opção.
05	 (UNIFICADO) Em virtude de sua extrema variedade, a indústria
é passível de ser classificada de acordo com múltiplos cri-
térios. Dentre as alternativas abaixo, assinale a ÚNICA que
expressa um conceito INCORRETO acerca de modos ou cri-
térios de classificação da indústria.
a)	 Considera-se como indústria de base aquela que produz bens
e matérias-primas para outras indústrias, conforme o exem-
plo da siderurgia e das montadoras de veículos automotores.
b)	 Define-se como indústria de bens-duráveis aquela que
produz bens que não se esgotam imediatamente, como a
dos eletrodomésticos.
c)	 Entende-se como indústria de alta-tecnologia aquela que
produz bens, cujos investimentos em pesquisa científica cor-
respondem a mais de 50% dos custos finais, a exemplo da
robótica e da microeletrônica.
d)	 Compreende-se como indústria de bens de capital aquela
que produz equipamentos para outras indústrias, como os
setores de caldeiraria pesada, prensas e tornos mecânicos.
e)	 Designa-se indústria tradicional aquela cujo emprego de
mão de obra é alto em relação ao valor da produção, sendo
pouco automatizada, conforme alguns ramos dos setores ali-
mentícios e têxtil.
06	 (UERJ) Cortando fronteiras com capital e tecnologia, as mul-
tinacionais otimizam mercados, recursos naturais e políticos
em escala mundial. Uma nova forma de acumular lucros,
uma nova divisão internacional do trabalho.
(KUCINSKI, Bemardo. O que são multinacionais. Brasiliense, 1985.)
	 A nova divisão internacional do trabalho apresentada no
texto tem como causa a seguinte atuação das multinacionais:
a)	 aplicação de capitais em atividades agropastoris nos países
periféricos.
b)	 implantação de filiais em países de mão de obra barata.
c)	 participação em mais de um ramo de atividade.
d)	 importação de matérias‑primas do 3º mundo.
e)	 exploração de novas fontes de energia.
07	 (UFF) Os tecnopolos representam uma das principais inovações na
geografia das firmas industriais. A organização espacial própria
dos tecnopolos caracteriza-se por:
a)	 aglutinar grande variedade de empresas dedicadas à produ-
ção de bens de consumo não duráveis;
b)	 agregar unidades de pesquisa e produção de bens e serviços
de alta tecnologia à presença de mão de obra qualificada;
c)	 segmentar as grandes unidades fabris em diferentes pontos
do território, para estimular a produção;
d)	 integrar mega-empresas de vários ramos industriais em um
único território, para aumentar a concorrência no mercado
de trabalho;
e)	 reunir firmas de montagem de bens industriais destinados à
exportação com a proteção fiscal do Estado.  
Questões Discursivas
08	 (UERJ) Após a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução euro-
peia se deu em bases bem particulares.
	 Para evitar que os trabalhadores fossem seduzidos pela pro-
posta comunista, foram concedidos a eles vários benefícios,
instaurando-se um tipo de “capitalismo humano” conhecido
como “Estado do Bem-Estar Social”. (...) A mobilidade do
capital - principal característica da globalização atual - está
desmanchando uma arquitetura que demorou décadas a ser
construída (...). Milhares de empresas transnacionais chan-
tageiam seus países de origem, ameaçando se mudar.
(CARVALHO, Bernardo de A. “A globalização em xeque: incer-
tezas para o século XXI”. São Paulo: Atual, 2000.)
	 As empresas chantageiam seus países de origem ameaçando
se mudar para outros onde haja certas vantagens compara-
tivas que permitam maior lucratividade.
	 Apresente duas dessas vantagens.
09	 (UERJ) No atual estágio de desenvolvimento do capitalismo
mundial, a abundância de recursos e de mão de obra não
têm a mesma importância que possuíam antes da Revolução
Técnico-científica.
	 Apresente dois fatores importantes para a definição de
novos padrões de localização industrial.
Questões ENEM
10	 (ENEM) No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a
Estrada de Ferro Carajás, pertencente e diretamente operada
pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região Norte
do país, ligando o interior ao principal porto da região, em
São Luís. Por seus, aproximadamente, 900 quilômetros de
linha, passam, hoje, 5353 vagões e 100 locomotivas.
Disponível em: http://www.transportes.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).
	 A ferrovia em questão é de extrema importância para a logís-
tica do setor primário da economia brasileira, em especial para
porções dos estados do Pará e Maranhão. Um argumento que
destaca a importância estratégica dessa porção do território é a
a)	 produção de energia para as principais áreas industriais do país.
b)	 produção sustentável de recursos minerais não metálicos.
c)	 capacidade de produção de minerais metálicos.
d)	 logística de importação de matérias-primas industriais.
e)	 produção de recursos minerais energéticos.
Geografia1
142 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
11	 (SIMULADO QI) As regiões de Campinas, São Carlos, São Jose
dos Campos e Santa Rita do Sapucaí tem apresentado um
intenso crescimento industrial que se destaca pelo:
a)	 desenvolvimento da indústria de ponta, estimulado pelos
tecnopolos criados a partir de uma integração entre comu-
nidade científica e o capital empresarial.
b)	 desenvolvimento da indústria do etanol decorrente da
grande produção local dos canaviais.
c)	 desenvolvimento de indústrias tradicionais que utilizam
muita mão de obra e predominantemente associadas ao
beneficiamento de matéria‑prima local.
d)	 grande domínio de capitais nacionais, sendo uma das
poucas áreas do país onde as empresas transnacionais não
atuam.
e)	 predomínio da indústria têxtil, responsável pela maior parte
da oferta de empregos nos municípios citados.
Módulo 2
As Fases ou Etapas da
Atividade Industrial
	 Desde o surgimento da atividade industrial, por volta de
1750, até os dias de hoje, a atividade industrial pode ser divi-
dida em três fases ou etapas. Essas etapas distinguem-se entre
si em função de diversas características que as individualizam.
Essas fases referem-se à:
a)	 1ª Revolução Industrial ou Revolução Industrial Clássica ou
Original;
b)	 2ª Revolução Industrial e;
c)	 3ª Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica
Informacional.
A Evolução Capitalista
Principais Caracterizações no Tocante a Tecnologia, Gestão do Espaço e do Trabalho
CARACTERIZAÇÃO 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Época e lugar
Ocorridos
Inglaterra (1780/1830)
Franca, Bélgica, Holanda, EUA,
Alemanha, Itália e Japão (1870).
Japão e EUA (1970)
Ramos de Atividade Indústria têxtil
Indústrias metalúrgicas, químicas,
automobilísticas e petroquímicas.
Indústria de informática, micro-
eletrônica, robótica, química fina,
biotecnologia, telecomunicações,
engenharia genética etc.
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 143
CARACTERIZAÇÃO 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Inovações
Tecnológicas
Máquina à vapor e
tear mecânico
Motor à combustão Microprocessador (chip)
Fontes de energia Carvão mineral Eletricidade e petróleo
Não há nova fonte de energia.
Entretanto, houve o cresci-
mento da energia termonu-
clear e fontes alternativas.
Meios de transporte
Trens e navios
movidos à vapor
Automóvel e aviões
Trens de grande velocidade, super
navios, supersônicos e infovias.
Características
da organização
do trabalho
Trabalho assalariado
Trabalho especializado
com separação do trabalho
manual do intelectual
Trabalho qualificado com fusão
do trabalho manual e intelectual
Transformações
do Espaço
Deslocamento da população
do campo para as cidades
Consolidação dos grandes
centros industriais (econo-
mias de aglomeração)
Desconcentração da ativi-
dade industrial (desecono-
mias de aglomeração)
Ideologia
Dominante
Liberalismo econômico
(até o final da 2ª década
do século XX).
Keynesianismo e Welfare State
(a partir da década de 1930).
Neoliberalismo (a partir
da década de 1970).
Mundo do Trabalho
Precariedade do trabalho com
ausência de direitos sócio-tra-
balhistas para o operariado.
Melhoria das condições de tra-
balho e conquista de diversos
direitos sócio-trabalhistas.
Flexibilização das relações
trabalhistas; crescimento do
trabalho temporário, do desem-
prego e do subemprego.
Sistema de Orga-
nização Produtiva
Manchesteriano Taylorismo e Fordismo. Toyotismo ou sistema flexível.
	 O petróleo permanece, ainda, como a principal matriz energé-
tica mundial. Entretanto, por se tratar de um recurso natural não-re-
novável e em função de sucessivas crises envolvendo esta commo-
ditie, desencadeadas em especial a partir da década de 1970 e que
serão analisadas posteriormente, foram motivadas as pesquisas para
o desenvolvimento das chamadas fontes energéticas alternativas.
	 As grandes concentrações fabris da 1ª Revolução Industrial
estiveram associadas à proximidade das reservas carboníferas.
A partir da 2ª Revolução Industrial diminui-se a necessidade das
indústrias estarem próximas às fontes geradoras de energia em
virtude da maior facilidade de transmissão da eletricidade e do
transporte do petróleo a longas distâncias.
2.1	 Os Sistemas de Organização
Produtiva da 2ª Revolução Industrial
	 Os dois sistemas produtivos que marcaram esta fase da ati-
vidade industrial foram desenvolvidos nos Estados Unidos com
o mesmo objetivo: melhorar a eficiência de gestão industrial
buscando o aumento da produtividade.
Taylorismo
	 Desenvolvido pelo engenheiro F. Taylor que em 1911 publi-
cou Os Princípios da Administração científica, onde propôs a
implantação de um sistema de organização científica do traba-
lho que teve como características principais:
a)	 O aprofundamento da divisão do trabalho;
b)	 A especialização do trabalho;
c)	 A cronometragem do tempo do trabalho dos operários para
realização das tarefas;
d)	 A divisão entre o trabalho manual e intelectual;
e)	 A rigidez do trabalho.
Fordismo
	 Para muitos estudiosos o fordismo, introduzido em 1913,
foi, na verdade, um aprimoramento do taylorismo. Deste modo,
é comum referir-se a ambos como um único sistema de organi-
zação produtiva: o taylorismo-fordismo.
	 O fordismo foi desenvolvido pelo também engenheiro H.
Ford, o fundador das indústrias automobilísticas Ford. Dentre
as inovações de destaque deste sistema produtivo estão:
a)	 A criação da linha de montagem (ou linha de produção) e;
b)	 A padronização da produção;
c)	 A produção em série e em massa de mercadorias.
	 Essas duas inovações do modelo fordista promoveram a
intensa especialização do trabalho e, também, a intensa rigidez
do trabalho e da produção. Uma das mais célebres e agudas
críticas a esse sistema produtivo foi brilhantemente trabalhado
no filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin.
Cena de “Tempos Moderno”, Charles Chaplin
Fonte: HTTP://www.offoffoff.com.film/2003/images/moderntimes.jpg
Geografia1
144 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
2.2	 OEstadoKeynesiano(ouInterventor)
	 O keynesianismo (conjunto de ideias econômicas desen-
volvidas por J. M. Keynes) tem como princípio fundamental a
tese de que é necessária a intervenção do estado na economia
através de medidas como:
a)	 Investimentos em infraestrutura;
b)	 Criação de empresas de capital estatal em setores estratégicos;
c)	 Estímulo às políticas de pleno emprego.
2.3	 O Estado de Bem-Estar
Social (Welfare State)
	 O Estado de Bem-Estar Social foi o fundamental para a expan-
são do consumo e para a formação do que hoje conhecemos como
a classe média. Ele consistiu nas políticas que viabilizaram a con-
quista e a ampliação de direitos sócio-trabalhistas como:
a)	 Redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias;
b)	 Salário mínimo;
c)	Aposentadoria;
d)	 Férias remuneradas;
e)	 13º salário;
f)	 Licença maternidade;
g)	Auxílio-desemprego.
O Welfare State e a Experiência Social-democrata
	 “A experiência mais profunda de social-democracia é
a construída pela Suécia, desde a década de 1920, seguida
da Noruega e da Dinamarca. A partir da década de 1930,
e, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
quase todos os países da europa ocidental puseram em prá-
tica ideias da social-democracia, em grau maior ou menor
de intensidade-profundidade, na perspectiva de construção
do estado de bem-estar social: Holanda, Bélgica, Áustria,
França, Alemanha, Inglaterra, Itália Islândia e outros. Até
certo ponto isso ocorreu também nos EUA, Canadá, Japão,
Austrália, Nova Zelândia e outros países”.
	 “Nas sociais-democracias, a presença do estado na eco-
nomia é expressiva e a carga tributária, elevada”.
	 “Elementos da social-democracia, em graus variáveis,
também integraram as políticas governamentais de países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento da América Latina
(inclusive o Brasil, a partir da Era Vargas) e de outros continen-
tes, atenuando acentuados desequilíbrios sociais, mas muitas
vezes dentro de um contraditório viés autoritário, e sem alcan-
çar os êxitos econômicos e sociais das experiências europeias”.
(Brum, A. J. O desenvolvimento econômico brasileiro. Ed. Unijuí/vozes, 1997. p.46-47).
	 É importante lembrar que a implantação do Estado Keyne-
siano e de Bem-estar Social ocorre num contexto histórico no qual
o capitalismo não é mais a única alternativa de organização polí-
tica, econômica e social da sociedade moderna. O socialismo se
apresenta como alternativa concreta que se afirma e cresce não só
na URSS e no Leste europeu no pós-guerra, mas que passa a con-
quistar militantes e simpatizantes no interior dos próprios países
capitalistas na Europa do Oeste e nos Estados Unidos. Ademais, não
se tratou de uma benesse dos dirigentes políticos dos países capita-
listas aos trabalhadores, mas de uma luta árdua da classe operária
para conquistar os direitos sociais e trabalhistas destacados.
	 É frequente considerar o consumo em massa como outra
característica do fordismo. Mas, o consumo em massa fordista
apenas será viabilizado após a adoção das estratégias político-
econômicas que permitiram a superação da crise de 1929.
	 O sistema de produção fordista mais do que um modo de
organização da atividade industrial promoverá e exigirá trans-
formações mais amplas que afetarão todo o conjunto da socie-
dade industrial dos países que o adotam. O período de vigência
dele levará à utilização da expressão sociedade fordista.
	 O fordismo deve ser encarado muito mais como um
modo de vida total do que um sistema de produção em
massa. Sua data inicial simbólica situa-se em 1914 quando
Henry Ford estabelece seu dia de oito horas e 5 dóla-
res. As inovações tecnológicas e organizacionais de Ford,
entretanto, eram mera extensão de tendências bem esta-
belecidas. Ainda assim ao fazer o trabalho chegar ao tra-
balhador numa posição fixa, ele atinge dramáticos ganhos
de produtividade. O especial em Ford era o seu reconheci-
mento de que produção em massa significava consumo em
massa, mas mais do que isso: um novo tipo de sociedade.
(Harvey, David - A Condição Pós-moderna, Ed. Loyola, São Paulo, 1993.)
Fordismo, Liberalismo Econômico e Crise de 1929
	 A grande crise capitalista de 1929 foi provocada pela asso-
ciação entre o fordismo e o liberalismo econômico.
	 A base ideológica do liberalismo econômico defendia a
não-intervenção do Estado na economia e, no caso, o Estado
também não mediava as relações entre capital e trabalho.
Neste período do capitalismo europeu e estadunidense havia
uma superexploração do trabalho do operariado (baixíssimos
salários, longas jornadas de trabalho diário, insalubridade nos
locais de trabalho, além da inexistência de direitos sociais e tra-
balhistas). Neste quadro de intensa exploração do trabalho pelo
capital, a conclusão é: a classe trabalhadora não participava ati-
vamente do consumo.
	 Enquanto isso, o ritmo da produção industrial avançava em
termos de ganhos de produtividade, em especial com a adoção
da linha de montagem, garantindo, por conseguinte, a produção
em massa. Entretanto, o ritmo crescente da produção (oferta)
não era acompanhado pelo consumo (procura ou demanda). O
resultado foi uma crise, até então, sem precedentes na história
do capitalismo provocada pela superprodução de mercadorias.
Diversas foram as consequências da crise, com destaque para
as falências de empresas (que resultaram no crack da bolsa de
Nova Iorque) e do aumento do número de desemprego.
As Estratégias Adotadas para a
Superação da Crise Capitalista
	 A superação da crise estava atrelada à necessidade de
se promover o estímulo ao consumo, de modo que este
acompanhasse o ritmo de expansão da produção. Duas ações
foram adotadas. Elas foram inicialmente implantadas nos
Estados Unidos, nos anos 1930, no governo do então presidente
F. Roosevelt e ficaram conhecidas como New Deal (Novo
Pacto). O New Deal consistiu num conjunto de políticas que
modificaram o papel até então desempenhado pelo Estado,
que passa a atuar como agente regulador da economia e das
relações entre capital e trabalho. Isso ocorre com a instituição
dos Estados Keynesiano e de Bem-Estar Social (Welfare State).
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 145
I.	 a primeira fase foi dominada pela produção têxtil, que tinha
na Alemanha o seu maior centro, até meados do século XIX.
II.	 a segunda época corresponde à emergência do complexo
metalomecânico e ao surgimento de novas potências indus-
triais, que dariam início aos fenômenos do Imperialismo e
das Guerras Mundiais.
III.	 o terceiro período foi marcado pela hegemonia norte-ame-
ricana, estruturada na produção de bens de consumo de
massa, que atingiria seu apogeu nas décadas de 1950 e 60.
IV.	 o quarto momento foi inaugurado com a grande crise mundial
de 1973, e vem tendo como base o desenvolvimento de seto-
res tecnologicamente avançados, especialmente no Japão.
	 Das afirmativas a seguir, estão corretas:
a)	 somente I e II.			 d)	 somente I, II e III.
b)	 somente I e III.			 e)	 somente II, III e IV.
c)	 somente II e III.
05	 (UNIRIO) - Desde o seu advento até os dias de hoje, a atividade
industrial passou por várias transformações e teve várias
etapas ou fases. São características da Segunda Revolução
Industrial a(o):
a)	 liderança dos Estados Unidos, o petróleo como principal
fonte de energia e a indústria automobilística.
b)	 liderança inglesa, o predomínio da máquina a vapor e as
indústrias têxteis.
c)	 disputa pela liderança entre Japão, Estados Unidos e Europa
Ocidental, a robótica, a informática e a biotecnologia.
d)	 dispersão espacial da indústria e a utilização de várias fontes
de energia como a nuclear, a solar e a eólica.
e)	 uso do carvão mineral como principal fonte de energia, o
Taylorismo e o Fordismo.
06	 (UFSCAR) A Terceira Revolução Industrial gerou mudanças profun-
dasnaconfiguraçãoespacialdomundo,aqualogeógrafoMilton
Santosdenominoudemeiotécnico-científico-informacional.Sobre
essas mudanças, são feitas quatro afirmações. Analise-as.
I.	 O avanço do sistema de comunicações e de informática per-
mitiu uma organização do espaço geográfico através de redes,
que ampliam os fluxos possíveis, mesmo sem a fixação con-
creta das atividades produtivas em muitos pontos do espaço.
II.	 Apesar da ciência, da técnica e da produção estarem irre-
gularmente distribuídas no espaço geográfico, as inovações
tecnológicas estão disponíveis para todos, visto que elas
transitam em fluxos que circulam por todo o mundo.
III.	Embora a ampliação das relações internacionais, entre
países da economia capitalista, tenha se iniciado há alguns
séculos, essas mudanças alteraram o ritmo das interações
espaciais, aumentando as trocas de mercadorias e a difusão
de hábitos de consumo.
IV.	 A organização do espaço, através de redes, permitiu uma
distribuição multiterritorial das atividades produtivas,
gerando maior equilíbrio entre nações ricas e pobres, na
divisão internacional do trabalho.
Estão corretas as afirmações:
Exercícios de Fixação
01	 Na passagem do século XIX para o séc. XX, o processo pro-
dutivo industrial transformou-se, caracterizando a fase for-
dista, muito bem retratado no filme Tempos Modernos, de
Charles Chaplin, que estreou em 1936.
	 Segundo o autor: “a máquina que produz em grande escala
tem provocado a escassez. Mais do que máquinas precisa-
mos de humanidade, mais do que inteligência, precisamos
de afeição e doçura”.
	 Apresente duas transformações propostas pelo modelo for-
dista na sua implementação no setor industrial.
02	 A produção crescente de lixo é marca das sociedades moder-
nas. Apesar de suas diferenças quantitativas e qualitativas,
que demarcam padrões sociais de consumo, o lixo é um
elemento de entendimento do modelo cultural dominante.
	 Explique a relação entre a expansão do sistema fordista de
produção e o desenvolvimento da sociedade de consumo.
Questões Objetivas
03	 (IBMECRJ) “A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada
para designar um conjunto de transformações econômicas,
sociais e tecnológicas que teve início na Inglaterra, na segunda
metade do século XVIII. Em pouco tempo, essas mudanças afe-
tariam outros países da Europa e outros continentes, alterando
definitivamente as relações entre as sociedades humanas.”
FIGUEIRA, D. G. “História”. São Paulo: Ática, 2005. p. 193.
	 Sobre esse tema são feitas as seguintes afirmativas:
I.	 A produção de tecidos foi um dos primeiros setores a desen-
volver o processo industrializador.
II.	 Ao aumentar a produtividade de cada trabalhador, aumen-
tou a oferta de mercadoria e, por consequência, possibilitou
uma redução nos preços dos produtos.
III.	 O sucesso da Revolução Industrial foi tão significativo que
originou um apoio à utilização de máquinas, processo que
ficou conhecido como ludismo.
	Assinale:
a)	 Se apenas a afirmativa I for correta.
b)	 Se apenas a afirmativa II for correta.
c)	 Se apenas a afirmativa III for correta.
d)	 Se as afirmativas I e II forem corretas.
e)	 Se as afirmativas II e III forem corretas.
04	 (CESGRANRIO) A evolução da Geografia da indústria, desde a intro-
dução das primeiras máquinas, no século XVIII, pode ser divi-
dida em quatro fases, tendo como base os tipos de bens e pro-
dutos de maior rentabilidade. A esse respeito, afirma-se que:
Geografia1
146 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
a)	 I, II, III e IV.				 d)	 I e III, apenas.
b)	 I, II e III, apenas.			 e)	 II e IV, apenas.
c)	 II, III e IV, apenas.
07	 (UERJ) A Revolução Industrial iniciada no século XVIII na
Europa, que resultou na reformulação do mapa econômico
desse continente, e o atual processo de desenvolvimento
industrial, exemplificado nos textos, têm mecanismos dis-
tintos de localização das atividades industriais.
	 A Intel, líder mundial de inovações em silício, desenvolve
tecnologias, produtos e iniciativas para melhorar continua-
damente a forma como as pessoas trabalham e vivem.
(www.intel.com)
	 A Intel investirá mais de US$ 1 bilhão de dólares na Índia
ao longo de cinco anos (...). A Intel está conversando com o
governo indiano sobre a instalação de unidades de produ-
ção no país (...).
(Adaptado de Valor Econômico. 06/12/2005)
	 Em cada uma dessas fases, as fábricas com novas tecnologias
foram atraídas, respectivamente, pela presença de:
a)	 rede de transporte – governo democrático
b)	 incentivo fiscal – abundante matéria-prima
c)	 mercado consumidor – legislação ambiental flexível
d)	 fonte de energia – mão de obra com qualificação
08	 (UERJ)
Equipamentos dos domicílios em porcentagem na França
Adaptado de ADOUMIÉ, Vincent et al. Histoire géographie, 3éme. Paris: Hachette Éducation, 2006.
	 O gráfico aponta importantes mudanças no padrão de consumo de países desenvolvidos, entre as décadas de 1950 e 1990.
	 O modelo produtivo e a correspondente explicação para tais mudanças estão apontadas em:
a)	 consumismo – aumento do volume de crédito para a população.
b)	 sistêmico-flexível – adoção do livre-cambismo como política alfandegária.
c)	 fordismo – transferência aos trabalhadores de ganhos de produtividade.
d)	 neofordismo – redução do preço dos produtos por subsídios governamentais.
Questões Discursivas
09	 (FUVEST) As novas formas de organização da produção industrial foram chamadas por alguns autores de pós-fordismo, para dife-
renciá-las da produção fordista.
a)	 Apresente dois aspectos do processo industrial fordista e dois do pós-fordista.
b)	 Caracterize o espaço industrial no fordismo e no pós-fordismo.
10	 (PUCRIO) O desenho representa a imagem do globo “encolhendo”:
	 Analise duas consequências, para a organização do espaço mundial, das inovações tecnológicas surgidas com a 3ª Revolução Industrial.
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 147
13	 (ENEM) “... Um operário desenrola o arame, o outro o endi-
reita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para
a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do
alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; ...”
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natu-
reza e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de1997.
	 A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes
afirmações:
I.	 Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são
submetidos os operários.
II. 	 O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à
produção artesanal.
III. 	 Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade indus-
trial não depende do conhecimento de todo o processo por
parte do operário.
	 Dentre essas afirmações, apenas
a)	 I está correta.			 d) 	 I e II estão corretas.
b) 	 II está correta.			 e) 	 I e III estão corretas.
c) 	 III está correta.
Módulo 3
A Sociedade de Consumo
Fordista e a “Era de
Ouro” do Capitalismo
	 O período que compreendeu o pós-2ª Guerra Mundial até
meados dos anos 1960 foi marcado pela consolidação das socie-
dades de consumo nos Estados Unidos, nos países da Europa
Ocidental e posteriormente no Japão em função da associação
entre a expansão da produção industrial e do padrão de con-
sumo da população. Esta época, denominada como a “Era de
Ouro” do capitalismo, foi marcada pelas elevadas taxas de cres-
cimento econômico nos países capitalistas e pela expansão de
investimentos produtivos dos países centrais para os periféricos.
A Era de Ouro
	 “Hoje é evidente que a era de ouro pertenceu essencial-
mente aos países capitalistas desenvolvidos, que, por todas
essas décadas, representaram cerca de três quartos da produ-
ção do mundo, e mais de 80% de suas exportações manufatu-
11	 (UFG) Observe a imagem e o texto a seguir.
Cena do filme Tempos Modernos
“Tempos modernos, filme de 1936, cuja temática
ultrapassa a tragédia da existência individual e coloca
em cena o conflito entre o homem e o taylorismo.”
BODY-GENDROT, Sophie. Uma vida privada francesa segundo o modelo americano. In:
DUBY, Georges; ARIÈS, Philippe. História da vida privada. V.3, p. 535. [Adaptado].
	 Considerando a imagem e o fragmento,
a)	 indique duas características do taylorismo;
b)	 explique o novo tipo de conflito sugerido no texto.
Questões ENEM
12	 (ENEM) A Revolução Industrial ocorrida no final do século
XVIII transformou as relações do homem com o trabalho.
As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas
concentraram-se em regiões próximas às matérias-primas e
grandes portos, originando vastas concentrações humanas.
Muitos dos operários vinham da área rural e cumpriam jor-
nadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes
em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito
lentamente ao longo do século XIX e a diminuição da jor-
nada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no
início do século XX.
	 Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século,
decorrentes da legislação trabalhista, estão relacionadas
com
a)	 a expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes
monárquicos constitucionais.
b)	 a expressiva diminuição da oferta de mão de obra, devido à
demanda por trabalhadores especializados.
c) 	 a capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa
dos seus interesses.
d) 	 o crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a
representação operária.
e) 	 a vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais
capitais europeias.
Geografia1
148 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
radas. Outra razão pela qual essa característica da era só len-
tamente foi reconhecida é que na década de 1950 o surto eco-
nômico pareceu quase mundial e independente dos regimes
econômicos (...)”.
	 “Apesar disso, a era de ouro foi um fenômeno mundial,
embora a riqueza jamais chegasse à vista da maioria da popu-
lação do mundo”.
(HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX, 1914-
1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. P. 255)
	 Sociedade salarial: aquela em que a maioria dos sujei-
tos sociais recebe renda, estatuto, reconhecimento, e
proteção social por meio do trabalho ⇒ salário ⇒ tra-
balho assalariado.
	 Sua culminância anos 70: sociedade salarial propria-
mente promove novo tipo de segurança relacionada ao traba-
lho e não somente à propriedade ⇒ inovação extraordinária:
metamorfose das proteções - ao final do processo de assa-
lariamento foi possível garantir remunerações confortáveis,
prestigio e poder; trabalho fonte de segurança.
(Castels, Robert - As metamorfoses da questão social: uma crô-
nica do trabalho Ed. Vozes Rio de Janeiro – Petrópolis (1998))
Principais Regiões Industriais do Mundo
	 A expansão dos investimentos do centro para a periferia
capitalista enquadra-se no contexto da internacionalização do
capital através da instalação de filiais de empresas transnacio-
nais em alguns países periféricos como o Brasil, o México, a
Argentina e a Coreia do Sul.
3.1	 Os Modelos de Substituição de
Importações e as Plataformas
de Exportações
	 Dois modelos econômicos distintos foram adotados pelos
países periféricos no contexto da industrialização tardia desses:
o de substituição de importações e o de plataformas de expor-
tações. O primeiro ocorreu com mais ênfase em alguns países
latino-americanos (Brasil, México e a Argentina, por exemplo),
enquanto o segundo foi adotado por países do sudeste asiático,
os chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura
e Hong Kong).
	 No modelo substitutivo de importações a prioridade passa
a ser o mercado interno. Já nas plataformas de exportações a
prioridade é a produção de bens industrializados visando à con-
quista do mercado externo.
3.2	 A Nova DIT
	 Com a internacionalização do capital produtivo dos países
centrais para os periféricos ocorre a mudança da tradicional
Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
	 Na figura abaixo a letra A representa os países centrais (ou
desenvolvidos) e a letra B o novo papel que passa a ser desempe-
nhado pelos países periféricos industrializados (“semiperiféricos” ou
“economias emergentes”). A função tradicional de meros exporta-
dores de produtos primários é modificada. Nota-se, contudo, que a
dependência econômica dos países “semiperiféricos” se amplia.
(SENE, E. & MOREIRA, J.C. “O Espaço Geográfico: Geogra-
fia Geral e do Brasil”. São Paulo: Ed. Scipione, 1998. P.42).
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 149
c)	 A não-adoção do welfare state no Japão e nos Tigres Asiáti-
cos no imediato pós-2ª guerra mundial. Isso, dentre outros
fatores, permitiu uma maior competitividade a esses países,
em especial ao Japão, em função dos baixos custos de pro-
dução tendo em vista a existência de uma mão de obra
abundante e superexplorada.
d)	 A adoção de novas tecnologias da 3ª Revolução Industrial no
processo produtivo, com destaque para robotização e infor-
matização. A introdução dessas tecnologias na produção
promove o aumento crescente dos índices de desemprego
(que passa a ser estrutural). A tendência seria de cresci-
mento dos gastos públicos na área social e a necessidade do
aumento da carga tributária para atender às políticas sociais
devido ao crescimento do número de desempregados. Essa
opção gerou reações contrárias, em especial do empresa-
riado, e ao questionamento do Estado de Bem-Estar Social.
Nesse contexto é que se difunde a ideologia neoliberal.
e)	 O desenvolvimento de um novo sistema de organização
produtiva: o Toyotismo. Sistema mais ágil e eficiente que
atende as necessidades das empresas na atualidade, ele-
vando a competitividade e as margens de lucro.
3.3	 A Crise do Modelo Fordista
	 Após a reconstrução da Europa com o Plano Marshal e do
Japão com o Plano MacArthur, no final da década de 1960, o
sistema fordismo começou a demonstrar sinais de sérios pro-
blemas. Com a recuperação das economias dos países centrais,
esses países deixaram de ser consumir mercadorias da indústria
estadunidense e passaram a constituir mercados concorrentes
na busca por novas fronteiras e mercados.
	 Diversos fatores conjugados contribuem para a crise do
modelo de desenvolvimento fordista baseado na produção e no
consumo em massa. Dentre esses se destacam:
a)	 Questionamento por setores da sociedade civil dos impactos
ambientais planetários (desmatamentos, aumento do aque-
cimento global, chuva ácida etc.) provocados pelo modelo
fordista. Nesse contexto crescem as ONG’S que atuam em
defesa da causa ecológica.
b)	 Crise energética (crises do petróleo) proporcionada pelas
sucessivas elevações do preço internacional do petróleo na
década de 1970 promovida pela OPEP.
Taxa de Desemprego na Europa - 2010
Participação do Estado na Economia em 1990
País
Participação do
Estado na Economia
em Relação
ao PIB (%)
Carga Tributária
no Total em
Relação ao
PIB (%)
BRASIL 30 23
EUA 37 32
ALEMANHA 50 38
SUÉCIA 70 51
FONTE: BRUM, A. J. O desenvolvimento econômico brasileiro. Ed. UNIJUÍ/VOZES, 1997. P.47.
Carga Tributária
Fontes: OCDE e IBPT
Geografia1
150 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
3.4	 O Toyotismo
	 Também denominado sistema de organização flexível ou pós-fordista foi desenvolvido na empresa automobilística japonesa
Toyota aprimorando e corrigindo “pontos falhos” do taylorismo-fordismo. Consiste no processo de reestruturação da produção
industrial mediante a incorporação de novos conceitos gerenciais e administrativos.
	 Dentre as principais características deste modelo destacam-se:
a)	 A substituição do trabalhador especialista pelo polivalente (flexível);
b)	 Produção baseada no sistema just in time (produção adequada à demanda);
c)	 Operação com estoques reduzidos;
d)	 Introdução do controle de qualidade;
e)	 Terceirização de atividades secundárias.
Transição do Fordismo para o Pós-Fordismo
FORDISMO PRODUÇÃO FLEXÍVEL
• 	 Linha de montagem • 	 Automação e Informatização
• 	 Produção em massa • 	 Produção de pequenos lotes
• 	 Padronização das mercadorias • 	 Variedades de um mesmo produto
• 	 Controle de qualidade ao final da produção – CQF • 	 Controle de qualidade durante a produção – CQT
• 	 Grandes estoques – Just in case • 	 Pequenos estoques – Just in time
• 	 Realização de uma única tarefa pelo trabalhador • 	 Realização de múltiplas tarefas pelo trabalhador
• 	 Dispensa maior treinamento da mão de obra • 	 Treinamento permanente
Adaptado de Harvey, D (1993)
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 151
O CHOQUE DO NOVO
(Materiais, processos e ferramentas: tudo mudou na fabricação do automóvel)
ANTES DEPOIS
•	 os materiais mais usados eram aço, borracha e madeira.
•	 em toda a década de 80 foram lançados no Brasil oito
modelos.
•	 100% das soldas eram feitas manualmente.
•	 as montadoras brasileiras recebiam das matrizes máqui-
nas com dez anos de uso.
•	 os carros têm materiais recicláveis como alumínio e plástico.
•	 só na primeira metade dos anos 90 foram lançados doze
modelos.
•	 99% das soldas são feitas por robôs.
•	 as montadoras têm máquinas como no máximo um ano de
uso na Europa e Estados Unidos.
Fonte: “O choque do novo”, revista Veja, 10 de janeiro de 2001.
3.5	 O Estado Neoliberal
	 A ideologia neoliberal teve como países precursores os
Estados Unidos e a Inglaterra (nos governos de Ronald Reagan
e Margareth Thatcher, respectivamente). Consiste na defesa e
na retomada de alguns dos pressupostos do liberalismo eco-
nômico clássico, adequados, obviamente, à conjuntura econô-
mica contemporânea, através da difusão da ideia de que os
marcos regulatórios da economia devem ser prerrogativas do
mercado. Portanto, o neoliberalismo representa um conjunto
de ideias que convergem para a necessidade da menor partici-
pação e intervenção do estado na economia (Estado Mínimo),
permitindo maiores eficiência, produtividade e competitividade
empresarial, o que, teoricamente, traria maiores benefícios
para o conjunto da sociedade em termos de qualidade e preços
baixos dos produtos devido à concorrência entre as empresas.
Mas, a realidade mostra que a concorrência é comprometida em
termos práticos em função do controle do mercado por gran-
des conglomerados empresariais que resultam de fusões entre
empresas que atuam no mesmo ramo de atividade ou não.
3.6	 As Modalidades de
Concentração Empresarial
•	 MONOPÓLIO: É o domínio do mercado de um determi-
nado produto ou serviço por uma única empresa ou pelo
Estado.
•	 OLIGOPÓLIO: É o domínio do mercado por um pequeno
grupo de empresas.
•	 TRUSTE: É o processo de fusão entre empresas com a
finalidade de eliminar a concorrência. Com isso, impõe-
se preço e aumenta-se a lucratividade mediante o con-
trole do mercado. Os trustes tendem a controlar toda a
etapa do processo produtivo, desde a extração da matéria-
-prima até a comercialização do produto acabado.
•	 CARTEL: É o acordo entre empresas do mesmo ramo
para eliminar a concorrência e evitar a queda dos preços
no mercado. Nesses acordos podem ser estabelecidos
preços, divisão do mercado e cotas de produção.
•	 HOLDING: É quando dentro do agrupamento de empre-
sas, uma delas controla as outras, suas subsidiárias, atra-
vés do controle acionário.
(SANDRONI, P. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999 Adaptado).
Fusão de Empresas no Brasil
	
	 Deste modo, o neoliberalismo está atrelado ao:
•	 Desmonte ou Enfraquecimento dos Estados Keynesiano e de
Bem-Estar Social.
	
	 Portanto, a ideologia neoliberal tem como características a
ela associadas:
1.	 Mínima participação estatal nos rumos da economia de um
país;
2.	 Pouca intervenção do governo no mercado de trabalho;
3.	 Política de privatização de empresas estatais;
4.	 Livre circulação de capitais internacionais;
5.	 Abertura da economia para a entrada das transnacionais;
6.	 Adoção de medidas contra o protecionismo econômico;
7,	 Desburocratização do estado: leis e regras econômicas mais
simplificadas para facilitar o funcionamento das atividades
econômicas;
8.	 Diminuição do tamanho do estado, tornando-o mais
eficiente;
9.	 Posição contrária aos impostos e tributos excessivos;
10.	 A base da economia deve ser formada por empresas
privadas;
11.	 Defesa dos princípios econômicos do capitalismo.
Geografia1
152 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
Exercícios de Fixação
01	 MERCADODEREMÉDIOSÉDOMINADOPOROLIGOPÓLIO
	 Mesmo com todos os tipos de arranjos criativos – associa-
ções, consórcios, farmácias populares, compras governa-
mentais – o mercado de medicamentos no país ainda é
dominado por oligopólio, segundo o Ministério da Saúde. O
governo acha que a estrutura do setor não mudou nos últi-
mos anos – grandes laboratórios com uma fatia imensa de
mercado – fazendo com que os remédios com preços mais
competitivos sejam aqueles que não são protegidos pela Lei
de Patentes.
(O Globo, 08/05/2005)
a)	 Defina o conceito de Oligopólio.
b)	 Apresente dois efeitos nocivos provocados pelos Oligopólios.
02	 Leia o texto com atenção.
	 “Em 1989, no bojo do reaganismo e do tatcherismo máxi-
mas expressões do neoliberalismo em ação, reuniram-se em
Washington, convocados pelo Institute for International Eco-
nomics, entidade de caráter privado, diversos economistas
latino-americanos de perfil liberal, funcionários do Fundo
Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do governo
norte-americano. O tema do encontro Latin Americ Adjust-
ment: Howe Much has Happened?, visava a avaliar as refor-
mas econômicas em curso no âmbito da América Latina.”
Fonte: Negrão, JJ (1998) Para conhecer o Neoliberalismo, pág. 41-43, Publisher Brasil.
	 O texto acima faz referência ao “Consenso de Washington”,
em síntese, esse receituário faz parte do conjunto de refor-
mas neoliberais. Sendo assim, apresente (4) quatro caracte-
rísticas do modelo neoliberal.
Questões Objetivas
03	 (ESPM) Observe o texto:
	 Cada ponto do espaço torna-se então importante, efetiva-
mente ou potencialmente. Como a produção se mundializa,
as possibilidades de cada lugar se afirmam e se diferenciam
em nível mundial. Dada a crescente internacionalização do
capital (...) observar-se-á uma tendência à fixação mundial
– e não mais nacional.
(Milton Santos, Metamorfose do espaço habitado, 1997)
	 Relacionando a ideia de espaço geográfico com a noção de
globalização, podemos afirmar que:
a) 	 A globalização traz uma ideia de fechamento do mundo e o
espaço geográfico perde sua importância neste novo cenário.
b) 	 O capitalismo global impôs uma forte rigidez do processo
produtivo, desestimulando a migração das transnacionais,
daí a reorientação do uso do espaço.
c) 	 A verticalidade do espaço geográfico permitiu uma globa-
lização mais solidária e uma melhor distribuição da renda
mundial, como se verifica neste início de século.
d) 	 A fluidez e mobilidade das transnacionais permitiu a descen-
tralização do processo produtivo e a consequente reconfigu-
ração do espaço mundial.
e) 	 As diferenciações geográficas perderam importância devido
à diminuição da escolha a distância para a instalação de
uma empresa.
04	 (UFF) O sucesso das indústrias de alta tecnologia reside na
integração de diferenciados fatores que variam segundo as
regiões geográficas. Todavia, o modo de desenvolvimento
dessas indústrias repousa sobre determinadas condições
qualitativas indispensáveis, tais como:
a) 	 existência de uma densa rede de transportes destinados à
exportação de bens, descentralização das atividades comer-
ciais e elevados investimentos em indústrias de base local;
b) 	 criação de infraestruturas viárias, redução de impostos e
presença indispensável de indústrias químicas como suporte
de suas atividades produtivas;
c) 	 inovação técnico-científica permanente, capital humano
agregado e integração com uma rede urbana dotada de equi-
pamentos e serviços de energia, informação e comunicação;
d) 	 expansão permanente da rede de comunicação, criação de
territórios independentes da legislação nacional e isenção
de taxas de exportação para outras regiões e países;
e) 	 flexibilização das leis trabalhistas, proximidade de amplos
mercados de consumo e, sobretudo, presença de jazidas
energéticas.
05	 (FGV) “(...) A ideia subjacente a este sistema é que as partes
utilizadas numa linha de montagem deverão ser fornecidas
imediatamente à medida que são utilizadas, exatamente
como ocorre com as mercadorias expostas nas prateleiras
dos supermercados, que são repostas quase simultanea-
mente ao ato de compra.”
(Mitsuhiro Kagami, “Revista de Administração de Empresas”. Washington, set./out., 1993.)
	 Integrantes da organização do espaço industrial, os proces-
sos de produção relacionam-se a sistemas como o enunciado
acima. Este é o
a) 	 keynesianismo, desenvolvido nos países emergentes.
b) 	 fordismo, característica atual dos países do Primeiro Mundo.
c) 	 taylorismo, vigente nos países do Terceiro Mundo.
d) 	 “just-in-time”, implantado nos países do Primeiro Mundo.
e) 	 welfare state, predominante nos países do Terceiro Mundo.
06	 (UFF) No mundo contemporâneo, marcado pela globaliza-
ção, a expressão “Fábrica Global” busca sintetizar os novos
processos de ordenamento do território fabril, cuja caracte-
rística principal é:
a) 	 a concentração da produção de bens em grandes unidades
fabris para administrar melhor as relações de trabalho e
integrar todas as tarefas técnico-produtivas;
b)	 a segmentação do processo produtivo de bens em diferentes
lugares, tendo como suporte de realização as redes técnicas
de informação, financiamento e comercialização;
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 153
c) 	 a centralização do processo produtivo em um único ponto
do território, para evitar a divisão técnica do trabalho e
impedir o desperdício de energia;
d) 	 a integração estratégica de vários ramos e setores em uma
única região, com o objetivo de monopolizar os mercados
mundiais de consumo;
e) 	 a produção especializada de bens e serviços em megaem-
presas, com o objetivo de fortalecer o domínio do mercado
interno e a competitividade em seus países de origem.
07	 (UERJ)
Participação no mercado mundial das cinco maiores
empresas por respectivo setor de atuação
Adaptado de O Globo, 16/02/2007
	 Uma forte tendência do atual momento do capitalismo,
observável a partir do gráfico, é expressa pela:
a)	 formação de oligopólios globais
b)	 internacionalização das indústrias de base
c)	 concentração das empresas de alta tecnologia
d)	 fragmentação da produção em escala planetária
08	 (UERJ) BRASÍLIA - O Conselho Administrativo de Defesa Eco-
nômica (CADE) do Ministério da Justiça condenou, ontem,
as empresas Roche, Basf e Aventis. Segundo o Cade, essas
empresas teriam restringido a oferta e elevado os preços no
Brasil das vitaminas A, B2, B5, C e E, na segunda metade
dos anos 90. Elas também teriam impedido a entrada de
vitaminas chinesas, a preços mais baratos, no Brasil. As
empresas já haviam sido condenadas por práticas seme-
lhantes na Europa e EUA.
Juliano Basile Adaptado de Valor Econômico, 12/04/2007
	 Desde o final do século XIX, tornou-se um aspecto marcante
do modo de produção capitalista a formação de grandes
empresas capazes de controlar a maior parte ou mesmo
todo o mercado de um ou mais produtos.
	 A notícia acima expressa a seguinte prática presente nessa
realidade centenária, associada à seguinte característica do
atual momento econômico:
a)	 holding – fusão de companhias do mesmo setor.
b)	 cartel – controle do mercado em escala planetária.
c)	 oligopólio – padronização mundial das leis de concorrência.
d)	dumping – protecionismo para produtos de países
emergentes.
Questões ENEM
09	 (ENEM)
	 A situação abordada na tira torna explícita a contradição
entre a
a)	 relações pessoais e o avanço tecnológico.
b)	 inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos.
c)	 inclusão digital e a modernização das empresas.
d)	 economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado.
e)	 revolução informática e a exclusão digital.
10	 (SIMULADO MODELO QI)
Fusão entre JBS-Friboi e Bertin preocupa produtores
	 O anúncio da fusão entre JBS-Friboi e Bertin, dois gigantes
do setor de carnes do Brasil, trouxe preocupação a produto-
res e pequenos frigoríficos. A concentração do setor é vista
com apreensão no segmento.
	 Os produtores pedem que o Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) analise os efeitos sobre o mercado
interno de carne bovina porque o gigante do setor exercerá
um poder sobre o mercado consumidor conhecido como:
	 Essas empresas são conhecidas como:
a)	Holding;					d)	cartel.;
b)	monopólio; 				d)	oligopólio.
c)	dumpimg;
Questões Discursivas
11	 (UFRRJ) Em uma entrevista ao caderno do Terceiro Mundo,
edição especial nº 200, Adolfo Sanchez Vasquez, professor
da Universidade Autônoma do México, faz referência a duas
formas de política econômica adotadas pelo Estado capita-
lista moderno. Segundo ele, o neoliberalismo considera que
o Estado deve ser mínimo e o mercado máximo. No entanto,
para desempenhar uma adequada função social, a cultura, a
arte, o meio ambiente e o bem-estar social não podem estar
sujeitos às leis de mercado e exigem a ação do Estado.
CADERNO DO TERCEIRO MUNDO. N. 200, Janeiro, 2003.
a)	 Quais são as duas formas de política econômica a que o
entrevistado faz referência?
b)	 Dê as características dessas políticas, considerando os ele-
mentos contidos no texto.
Geografia1
154 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
Módulo 4
O Espaço Industrial Brasileiro
4.1	 A Formação Geoeconômica
do Espaço Brasileiro
	 De meados do século XVI até o início da década de 1930,
a economia brasileira esteve organizada com base no modelo
primário-exportador, com destaque para a agroexportação.
Desde o período colonial até as primeiras décadas da República
foi essa a principal marca da economia nacional.
	 Dentre os principais produtos que compunham a pauta
exportadora do Brasil destacaram-se:
a)	cana-de-açúcar;
b)	algodão;
c)	ouro;
d)	borracha;
e)	café.
	 A organização do território nacional esteve, nesse longo
período histórico, estruturada com base no que se convencio-
nou chamar Arquipélago Econômico Regional. Neste período,
as regiões brasileiras constituíam verdadeiras “ilhas econômi-
cas”, pois se caracterizavam por:
12	 (UERJ) No atual estágio de desenvolvimento do capitalismo
mundial, a abundância de recursos e de mão de obra não
têm a mesma importância que possuíam antes da Revolução
Técnico-científica.
	 Apresente dois fatores importantes para a definição de
novos padrões de localização industrial.
13	 (UFV) Embora o neoliberalismo tenha surgido como doutrina
econômica sistematizada no final da década de 1930, foi a
partir da década de 80 do século XX que ele ganhou expres-
são como política de governo.
a)	 Que países se destacaram na implementação desta política
na década de 80 do século XX?
b)	 Destaque três características desta doutrina.
14	 (UFSCAR) Após a Segunda Guerra, principalmente a partir dos
anos de 1980, cresceu o fluxo de capitais especulativos no
mundo, inaugurando o que é conhecido como “globaliza-
ção financeira”.
a)	 Qual a relação entre o aumento dos fluxos de capital espe-
culativo no mundo e o avanço dos setores de informática e
telecomunicações?
b)	 Qual a política usualmente adotada pelos países emergentes
para atrair capitais especulativos e quais os principais efeitos
negativos desta política?
a)	 Pouquíssima ou nenhuma relação comercial entre as regiões brasileiras;
b)	 Ínfima integração nacional.
	 Essas características são explicadas pelo fato da economia nacional ter sido organizada quase que exclusivamente voltada para
atender a demandas externas, ou seja, o mercado interno não era a prioridade do arranjo econômico nacional.
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 155
	 Os fatores acima destacados constituíram as chamadas eco-
nomias de escala ou de aglomeração, ou seja, um conjunto de
fatores locacionais que propiciaram e favoreceram os investi-
mentos produtivos na região Sudeste.
Exercícios de Fixação
01	 	O café chegou ao estado do Rio de Janeiro em 1774, plan-
tado inicialmente nas vertentes da Serra do Mar e o Vale do
Paraíba, o café chegou ao estado de São Paulo em 1825.
a)	 Por que o café encontrou melhores condições produtivas em
São Paulo após seu auge no espaço Fluminense?
b)	 Cite dois impactos ambientais provocados pela cafeicultura
no Estado do Rio de Janeiro.
02	 Cite quatro condições criadas pela economia cafeeira que
contribuíram para o desenvolvimento industrial do Brasil.
Questões Objetivas
03	 Sabe-se que a atividade canavieira expandiu-se pela região
Nordeste entre os séculos XVI e XVII. Dentre as consequên-
cias sócio-espaciais decorrentes desta atividade, aquela que
está incorreta é:
a)	 surgimentos de núcleos de povoamento que deram origem
a cidades como Recife e Salvador.
b)	 desmatamento da Mata Atlântica (Floresta Tropical Úmida)
para dar lugar ao cultivo de cana de açúcar.
c)	 consolidação da região como área de centralidade da colô-
nia, a capital estabelece-se em Salvador.
d)	 ocupação efetiva do território, com papel importante dos
engenhos na produção de alimentos, no ensino da língua
portuguesa e da religião católica.
e)	 convivência harmônica com os grupos étnicos tradicionais,
presentes mesmo antes da chegada dos portugueses.
	 O modelo primário-exportador de subdesenvolvimento
e o correspondente Estado Oligárquico Mercantil entram em
colapso com a Grande Depressão dos anos trinta. Abre-se
então um período de crise para o sistema capitalista central,
com profundas reprecussões no sistema de divisão internacio-
nal do trabalho. Os países periféricos, com sua economia toda
voltada para fora, são duramente atingidos pela depresssão
mundial.
Fonte: Bresser Pereira
4.1	 A Crise do Modelo
Primário-Exportador
	 O café foi o mais importante produto da pauta de expor-
tações brasileiras da 2ª metade do século XIX até as primeiras
décadas do século XX. A dependência da economia nacional
das exportações de café era fortíssima e, assim, era intensa a
dependência da economia nacional frente ao mercado externo,
isto é, frente aos principais compradores do café brasileiro.
	 Entretanto, uma série de fatores iria demonstrar a fragili-
dade de um modelo econômico excessivamente dependente do
mercado externo e mais: que apresenta uma pauta exportadora
muito pouco diversificada. Os fatores geradores da crise da eco-
nomia cafeeira, e de toda a economia brasileira de então foram:
a)	 a 1ª Guerra Mundial;
b)	 a Crise de 1929 (esse evento foi mais devastador) e;
c)	 a 2ª Guerra Mundial.
	 E é exatamente a partir dessa crise que surge uma nova e
decisiva oportunidade para a industrialização. O modelo pri-
mário-exportador, mal ou bem, propiciara certo grau de acu-
mulação de capital na infraestrutura de transportes e energia.
O trabalho assalariado permitira o surgimento de um inci-
piente mercado interno e de um processo de urbanização
Fonte: Bresser Pereira
	 Contudo, a crise da economia cafeeira criou várias condi-
ções necessárias para a industrialização do país:
a)	 A retração do mercado importador do café brasileiro propi-
ciou a disponibilidade de capitais obtidos até então com as
exportações;
b)	 A redução drástica das importações de bens industrializados
forçou a produção de diversos produtos no país.
4.2	 A Concentração Industrial no Sudeste
	 A atividade cafeeira deixou uma herança que foi funda-
mental para que a região sudeste, notadamente os estados de
São Paulo e Rio de Janeiro, assumisse a dianteira no processo de
industrialização do país. Destacam-se os seguintes fatores:
a)	 A infraestrutura (a rede de transportes, em especial ferroviá-
rio; a rede de comunicações e de energia);
b)	 A concentração de mão de obra;
c)	 O mercado consumidor;
d)	 O sistema bancário;
e)	 A presença do imigrante europeu.
Geografia1
156 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
04	 (SEVERINOSOMBRA) A respeito da formação histórica brasileira e as
diferentes formas de organização espacial que ela apresentou
desde o período colonial, analise as afirmativas a seguir:
I.	 As regiões mercantis do período colonial, relativamente autôno-
mas, convergiam para as cidades portuárias que se articulavam
diretamente com os mercados consumidores metropolitanos.
II.	 O complexo cafeeiro que se desenvolveu no planalto pau-
lista, nos séculos XIX e XX, estimulou o crescimento de
numerosos setores industriais e gerou economias comple-
mentares na sua periferia.
III.	 A concentração industrial no Sudeste se intensificou, no
período de 1950 a 1970, devido às vantagens locacionais
que atraíram os capitais investidos na implantação dos seto-
res modernos da indústria.
	Assinale:
a)	 se somente a afirmativa I estiver correta.
b)	 se somente a afirmativa II estiver correta.
c)	 se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d)	 se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e)	 se todas as afirmativas estiverem corretas.
05	 	A produção do espaço no Brasil colônia teve sua dinâmica
econômica, política e social estruturada segundo os moldes
das necessidades e interesses de exploração de Portugal.
	 Nesse sentido, é correto afirmar que:
a)	 a produção da cana-de-açúcar deve ser apontada como o ele-
mento norteador da ocupação territorial, uma vez que tinha
como função básica promover a acumulação primitiva de capi-
tal para a colônia brasileira, por meio da exportação do açúcar.
b)	 as decisões de caráter político e econômico ficavam limita-
das ao espaço da colônia, apesar de as práticas capitalistas
serem responsáveis pela estruturação do sistema global, cuja
hegemonia coube aos países centrais.
c)	 o Brasil colonial se insere numa lógica espacial que se
expressa numa divisão internacional da produção desfavo-
rável ao seu desenvolvimento, tendo em vista a condição de
espaço de acumulação primitiva de capital.
d)	 o sistema global emergente propiciou condições para o sur-
gimento de uma pequena produção mercantil, no âmbito
das atividades agrícolas de subsistência, responsável pela
acumulação interna de capital no espaço colonial.
06	 A partir da leitura do texto:
	 Esta descoberta originou uma “corrida” às minas de pessoas
de todas as condições quer do Brasil quer do Reino.
	 Vicente Serrão refere André Antonil como sendo o primeiro jesu-
íta a registar o ambiente que se vivia naquela época, dizendo
que “cada ano vem nas frotas quantidades de portugueses e de
estrangeiros para passarem às minas; (também) das cidades,
vilas, recôncavos e sertões do Brasil vão brancos, pardos, pretos
e muitos índios (…) A mistura é de toda a condição de pessoas:
nobres e plebeus, seculares, clérigos e religiosos de diversos ins-
titutos, muitos dos quais nem têm no Brasil convento ou casa”.
(ALBUQUERQUE, 1989, Vol. V, “O ciclo do ouro brasileiro”: 272).
I.	 Retrata o grande deslocamento de pessoas em direção à
região aurífera brasileira, no século XVIII.
II.	 A “corrida” às minas foi tão impactante que provocou a
modificação do eixo de centralidade política e econômica.
III.	 O Rio de Janeiro elevou seu status sócio-espacial por ter sido
uma das principais áreas produtoras do ouro.
IV .	 Um dos impactos mais marcantes deste período foi a ocupa-
ção interiorana do território, com a fundação de inúmeras
cidades, dentre as quais pode-se destacar Vila Rica (atual
Ouro Preto), Diamantina e Mariana.
	 Sobre as afirmativas acima podemos dizer que:
a)	 apenas a I e IV estão corretas.
b)	 apenas a II e III estão corretas.
c)	 apenas a I e III estão corretas.
d)	 apenas a I, II e IV estão corretas.
07	 (PUC) Observe o mapa seguinte.
Espaço geográfico brasileiro
Fonte: S.MIELLI, M.H.Geografia 17ª Ed. São Paulo, 1996.
	 Qual das alternativas seguintes contém ERRO?
a)	 áreas de industrialização e urbanização mais
desenvolvidas.
b)	 áreas agropecuárias mais modernas.
c)	 expansão das fronteiras agrícolas.
d	 áreas com técnicas agropecuárias tradicionais,
com algumas grandes cidades e indústrias.
e)	 áreas pouco povoadas com paisagens naturais
pouco alteradas.
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 157
08	 (UFF) O território brasileiro apresenta características
marcantes em suas diferentes regiões.
	 Assinale a opção em que o conjunto de características apon-
tadas não corresponde à região indicada.
a)	 Sul: grandes extensões de planaltos, diversidade dos núcleos
coloniais, intensa integração entre indústria e agricultura.
b)	 Amazônia: grandes províncias minerais, binômio mata‑água
em abundância, população de densidade restrita.
c)	 Nordeste: grandes extensões cristalinas com relevo residual,
tendências cíclicas de escassez de chuvas, problemas sociais
graves resultantes da concentração fundiária.
d)	Sudeste: grandes alinhamentos montanhosos, intensa
devastação de ecossistemas naturais, domínio da paisagem
urbano-Industrial.
e)	 Centro‑Oeste: grandes áreas de chapadas, clima de verões
quentes e invernos muito frios, domínio recente dos amplos
cultivos de cana‑de‑açúcar.
Questões Discursivas
09	 (UERJ) Resultado de um processo histórico e do processo de
industrialização e de integração pelo qual passou o país, o
Nordeste brasileiro apresenta hoje várias regiões geoeco-
nômicas, entre elas “o Nordeste açucareiro” e o “Nordeste
algodoeiro‑pecuário .
	Apresente:
a)	 uma semelhança entre essas regiões.
b)	 uma diferença entre essas regiões.
10	 (UFRJ) Os mapas mostram as fases de crescimento da rede
ferroviária do Brasil até 1930.
	 Explique por que a expansão da rede ferroviária foi maior
na região Sudeste do Brasil.
Geografia1
158 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
11	 O mapa apresenta as sete maiores capitais do Brasil, em população. Se, por um lado, algumas dessas capitais confirmam tendências
historicamente consagradas na formação socioespacial brasileira, por outro lado, revelam mudanças importantes no seu perfil.
As capitais mais populosas do País
População brasileira: 163.947.554
Fonte: IBGE, 1999
a)	 Apresente e explique dois fatores que estabeleceram a concentração demográfica na faixa litorânea.
b)	 Destaque e comente um aspecto determinante da maior concentração demográfica observada nas capitais da Região Nordeste – Sal-
vador, Fortaleza e Recife – em comparação a Porto Alegre, principal capital da Região Sul.
Questões ENEM
12	 As secas e o apelo econômico da borracha – produto que no
final do século XIX alcançava preços altos nos mercados inter-
nacionais – motivaram a movimentação de massas humanas
oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto, até o
início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a
maioria da sua população fosse brasileira e não obedecesse à
autoridade boliviana. Para reagir à presença de brasileiros, o
governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma
entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violen-
tas disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou
em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual
o Brasil comprou o território por 2 milhões de libras esterlinas.
Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso em: 03 nov. 2008 (adaptado).
	 Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos apre-
sentados, o Acre tornou-se parte do território nacional brasileiro
a)	 pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava
o Brasil pela sua anexação.
b)	 por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes
brasileiros na região.
c)	 devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam
os seringais.
d)	 em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros
na região.
e)	 pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à
Bolívia.
13	 O mapa abaixo apresenta parte do contorno da América do
Sul destacando a bacia amazônica. Os pontos assinalados
representam fortificações militares instaladas no século XVIII
pelos portugueses. A linha indica o Tratado de Tordesilhas
revogado pelo Tratado de Madri, apenas em 1750.
	 Pode-se afirmar que a construção dos fortes pelos portugue-
ses visava, principalmente, dominar
a)	 militarmente a bacia hidrográfica do Amazonas.
b)	 economicamente as grandes rotas comerciais.
c)	 as fronteiras entre nações indígenas.
d)	 o escoamento da produção agrícola.
e)	 o potencial de pesca da região.
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 159
Módulo 5
As Principais Fases da
Industrialização Brasileira
	 Até a década de 1930, as indústrias que se desenvolve-
ram no país atuavam, predominantemente, no setor de bens
de consumo não-duráveis. Essa realidade muda a partir desta
década em diante, onde o desenvolvimento das forças produti-
vas nacionais se intensifica com o Estado brasileiro atuando de
forma ativa nesse processo.
	 A grande guerra de 1914-1918 dará grande impulso à
indústria brasileira. No primeiro grande censo posterior à
guerra realizado em 1920, os estabelecimentos industriais
arrolados somarão 13.336, com 1.815.156 contos de capital
e 275.512 operários. Destes estabelecimentos, 5.936 tinham
sido fundados no quinquênio 1915-1919, o que revela clara-
mente a influência da guerra.
(Caio Prado Jr. História Econômica do Brasil)
5.1	 Os Períodos Vargas (1930-
45 e 1950-54)
	 Durante os governos de Getúlio Vargas o modelo econômico
brasileiro passa por profundas transformações. O modelo pri-
mário-exportador perde a prioridade para a industrialização. A
base industrial lançada tem como componente central o naciona-
lismo econômico.
O Modelo Econômico Nacionalista
	 O nacionalismo econômico foi marcado pela predominân-
cia de duas modalidades de capitais que atuavam na atividade
econômica baseada na indústria: o capital privado nacional
e o capital estatal. Neste binômio, a primeira modalidade de
capital atuava notadamente nos setores de bens de consumo
não-duráveis, enquanto a segunda modalidade no setor de bens
de produção.
	 O desenvolvimento da indústria nacional tinha, pois, no
Estado brasileiro o agente principal. A ação interventora do
estado na economia foi decisiva para o avanço da industria-
lização do período (Estado Keynesiano). O Estado Interventor
brasileiro promoveu ações, destacadamente, através de:
a)	 Investimentos públicos em infraestrutura (transporte, ener-
gia, comunicações etc.);
b)	 Criação de empresas de capital estatal (Estado-empresário),
a exemplo da CSN, da CHESF, da CVRD e da Petrobrás.
A Política de Substituição de Importações
	 Esta política foi estimulada pela conjuntura internacional, em
especial a Crise de 1929 e a 2ª Guerra Mundial. A substituição
de importações consistiu na necessidade de produzir interna-
mente bens industrializados anteriormente importados, já que
os condicionantes acima destacados reduziram drasticamente as
importações de bens industrializados que abasteciam o mercado
nacional.
	 “Conceito elaborado por economistas da CEPAL (Comis-
são Econômica para a América Latina) para designar um
processo interno de desenvolvimento estimulado por dese-
quilíbrio externo (como balança comercial desfavorável) e
que resulta na dinamização, crescimento e diversificação da
produção industrial. Portanto, é mais que a produção local
de bens tradicionalmente importados. Sob esta ótica, consi-
dera-se que o desenvolvimento industrial brasileiro ocorreu
sob o estímulo das restrições externas: a depressão de 1929-
1932 e a segunda guerra mundial (...)”.
(Sandroni, P. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999. p. 581).
	
	 A expansão do parque industrial brasileiro teve um preço
alto. A implantação dos setores de bens de produção necessi-
tava de um investimento inicial muito elevado e o retorno do
capital empregado era muito lento, o que dificultava o investi-
mento de capital privado, nacional ou estrangeiro. Sendo assim,
o Estado tomou todas as medidas para permitir o desenvolvi-
mento do parque industrial, com um auxílio financeiro e estru-
tural às empresas, incentivando a substituição de importações
com a restrição de produtos importados. Na prática esse pro-
cesso ocorria desde o início da industrialização, mas foi com
o governo Getúlio Vargas que se iniciou a adoção de medidas
fiscais e cambiais com esse propósito substitutivo.
	 Entretanto, o sucesso do modelo econômico esbarrava em
alguns entraves, em especial a organização do espaço brasileiro
em “arquipélago regional”, que limitava o desenvolvimento da
economia nacional, isto é, do mercado interno. Por isso, era neces-
sário promover, no bojo desse processo, a integração do territó-
rio nacional.
	 Nos seus anos de governo procurou retomar suas antigas
linhas de política econômica nacionalista e intervencionista,
agora voltada em especial para os setores da indústria de
base, siderúrgica e petroquímica, energia, transportes, frigo-
ríficos e técnicas agrícolas.
(Francisco Teixeira. Estudos de História do Brasil.)
A Política de Integração do Território Nacional
	 A integração do território nacional representava a unifica-
ção do mercado nacional, estimulando as relações comerciais
internas para, assim, viabilizar a arrancada industrial. Essa polí-
tica de integração territorial fundamentava-se, pois, no:
a)	 Desenvolvimento da economia nacional;
b)	 Articulação entre regiões produtoras e consumidoras;
c)	 Remoção da organização territorial em “arquipélago
regional”.
	 Diversas medidas foram tomadas com o intuito de promo-
ver a integração do território nacional: investimentos no setor
de transportes inter-regional e no sistema de comunicações,
além da abolição das tarifas de comércio entre os estados
da federação.
A CLT
	 Foi no governo Vargas que foi instituída a CLT (Consolida-
ção das Leis Trabalhistas), em 1943. Ela consistiu em diversas
conquistas sócio-trabalhistas tais como redução da jornada de
trabalho para 8 horas diárias, repouso semanal remunerado
Geografia1
160 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
salário-mínimo, previdência social, concessão de férias etc. As
leis trabalhistas devem ser compreendidas no contexto do incre-
mento do mercado consumidor interno, fomentador do desen-
volvimento industrial. Porém, a expansão do mercado interno
neste período se restringiu ao espaço urbano, haja vista que a
CLT não contemplou a totalidade dos trabalhadores brasileiros,
mas, apenas aos trabalhadores urbanos excluindo, por conse-
guinte, os trabalhadores rurais.
Exercícios de Fixação
01	 A atividade industrial e a industrialização brasileira estão
desigualmente distribuídas pelas regiões do país. Construí-
das predominantemente no século XX, elas são componen-
tes da modernização urbana que reinventa nossa sociedade
e dinâmica espacial. Sobre a indústria e industrialização bra-
sileira, explique o papel exercido pelo Estado nesse processo.
02	 	Cite e explique duas mudanças socioeconômicas vinculadas
ao processo de industrialização que se estruturou no País, do
final do século XIX até a “Era Vargas”.
Questões Objetivas
03	 (UERJ) “(...) O consumo nacional de derivados de petróleo
acusa uma ascensão regular, que traduz o desenvolvimento
das atividades do país, não só quanto ao transporte mas
também quanto à indústria.
	 No entanto (...) essa ascensão constante do consumo implica
necessariamente um aumento das importações, com dispên-
dios crescentes de divisas, que poderão ser empregadas na
compra de outras utilidades estrangeiras, quando o permitir
a produção brasileira de óleo mineral”.
(DEL PRIORE, Mary et alli (orgs).  “Documentos de História do Brasil:
de Cabral aos anos 90”.  São Paulo: Scipione, 1997.)
	 Esse texto é parte da mensagem enviada por Getúlio Vargas
ao Congresso Nacional, em 1951, propondo a criação da
Petrobrás.
	 A leitura do texto permite concluir que o principal objetivo
da Petrobrás era:
a)	 ampliar a exportação de petróleo, obtendo mais divisas
para a economia nacional.
b)	 aumentar a produção petrolífera, garantindo recursos para o
desenvolvimento industrial.
c)	 incentivar a construção de rodovias, objetivando o aumento
do consumo de petróleo e derivados.
d)	 desenvolver a pesquisa petroquímica, gerando autonomia
para o setor de produção de petróleo.
04	 (UNIFICADO) A inustrialização brasileira tem como marco a
década de 1930, com o processo de implantação de setores
de base. Isto não quer dizer que, antes daquela década, não
houvesse indústrias no país. Elas existiram, só que compuse-
ram um setor de pouca monta e, ainda:
a)	 se caracterizaram pela forte dependência a uma política de
investimentos governamentais.
b)	 se basearam em capitais provenientes da exportação da bor-
racha amazônica.
c)	 tiveram, na redução de tarifas de importação de manufatu-
rados, seu principal fator de competitividade
d)	 estiveram ligadas à formação de um mercado consumi-
dor representado pelo afluxo de imigrantes europeus
assalariados.
e)	 apresentam forte concentração de investimentos nos setores
de energia e transporte.
05	 (UNIRIO) Considerando as transformações provocadas pela
indústria no processo de organização do espaço brasileiro,
podemos afirmar que a industrialização promoveu:
a)	 maior integração das diversas regiões que compõem
o país, permanecendo, porém, a economia nacional
descentralizada.
b)	 maior articulação econômica entre as várias regiões brasilei-
ras, permitindo a diminuição das desigualdades sociais.
c)	 modernização da economia, levando a uma desarticulação
regional, porém com áreas autossuficientes.
d)	 construção de um espaço urbano moderno e desenvolvido,
com maior equilíbrio entre as pequenas e grandes cidades.
e)	 divisão inter‑regional do trabalho, reproduzindo inter-
namente as relações centro‑periferia que ocorrem a nível
internacional.
06	 (UERJ)
O PETRÓLEO, ENFIM, É NOSSO
(O Globo, 26/03/2006)
	 Em 2006, o Brasil alcançou a autossuficiência na produção
de petróleo, 53 anos após a criação da Petrobras.
	 Nos anos de 1953 e 2006, respectivamente, o setor petro-
lífero pode ser caracterizado pela adoção das seguintes
práticas:
a)	 tributação concentradora – economia mista
b)	 monopólio estatal – abertura ao setor privado
c)	 livre-comércio – proteção às empresas nacionais
d)	 desenvolvimentismo – protecionismo alfandegário
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 161
Questões Discursivas
07	 (FUVEST)
Pessoal Ocupado na Indústria
Fonte: Simielli, Geoatlas,  2009.
	 Com base no mapa acima e em seus conhecimentos,
 
a)	 identifique o tipo de indústria predominante na região Nor-
deste, considerando sua capacidade geradora de emprego.
b)	 caracterize o parque industrial da região Sudeste.
 
08	 (UNIFESP) Comparando-se dois momentos do processo de
industrialização brasileira, a década de 1930 e a década de
1950, responda:
 
a)	 Quais são as diferenças, com relação ao mercado externo,
entre esses dois momentos?
b)	 Quais transformações a industrialização trouxe para a orga-
nização espacial brasileira?
 
Questões ENEM
09	 (ENEM) A figura de Getúlio Vargas, como personagem histó-
rica, é bastante polêmica, devido à complexidade e à mag-
nitude de suas ações como presidente do Brasil durante um
longo período de quinze anos (1930-1945). Foram anos
de grandes e importantes mudanças para o país e para o
mundo. Pode-se perceber o destaque dado a Getúlio Vargas
pelo simples fato de este período ser conhecido no Brasil
como a “Era Vargas”. Entretanto, Vargas não é visto de
forma favorável por todos. Se muitos o consideram como
um fervoroso nacionalista, um progressista ativo e o “Pai dos
Pobres”, existem outros tantos que o definem como ditador
oportunista, um intervencionista e amigo das elites.
	 Considerando as colocações acima, responda à questão
seguinte, assinalando a alternativa correta:
	 Provavelmente você percebeu que as duas opiniões sobre
Vargas são opostas, defendendo valores praticamente anta-
gônicos. As diferentes interpretações do papel de uma per-
sonalidade histórica podem ser explicadas, conforme uma
das opções abaixo. Assinale-a.
a)	 Um dos grupos está totalmente errado, uma vez que a per-
manência no poder depende de ideias coerentes e de uma
política contínua.
b)	 O grupo que acusa Vargas de ser ditador está totalmente
errado. Ele nunca teve uma orientação ideológica favorá-
vel aos regimes politicamente fechados e só tomou medidas
duras forçado pelas circunstâncias.
c)	 Os dois grupos estão certos. Cada um mostra Vargas da
forma que serve melhor aos seus interesses, pois ele foi um
governante apático e fraco - um verdadeiro marionete nas
mãos das elites da época.
d)	 O grupo que defende Vargas como um autêntico nacionalista
está totalmente enganado. Poucas medidas nacionalizantes
foram tomadas para iludir os brasileiros, devido à política
populista do varguismo, e ele fazia tudo para agradar aos
grupos estrangeiros.
e)	 Os dois grupos estão errados, por assumirem características
parciais e, às vezes conjunturais, como sendo posturas defi-
nitivas e absolutas.
10	 (ENEM) Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas
outras, formando ruas, contornando praças. As chaminés
principiavam a fumar; deslizavam as carrocinhas multico-
res dos padeiros; as vacas de leite caminhavam com o seu
passo vagaroso, parando à porta dos fregueses, tilintando o
chocalho; os quiosques vendiam café a homens de jaqueta
e chapéu desabado; cruzavam- se na rua os libertinos retar-
dios com os operários que se levantavam para a obriga-
ção; ouvia-se o ruído estalado dos carros de água, o rodar
monótono dos bondes.
(AZEVEDO, Aluísio de Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973)
	 O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o
cotidiano de uma cidade, no seguinte contexto:
a)	 a convivência entre elementos de uma economia agrária e
os de uma economia industrial indicam o início da industria-
lização no Brasil, no século XIX.
b)	 desde o século XVIII, a principal atividade da economia bra-
sileira era industrial, como se observa no cotidiano descrito.
c)	 apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX,
ela continuou a ser uma atividade pouco desenvolvida no
Brasil.
d)	 apesar da industrialização, muitos operários levantavam
cedo, porque iam diariamente para o campo desenvolver
atividades rurais.
e)	 a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no
texto, ignora a industrialização existente na época.
Geografia1
162 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1
Módulo 6
Política Nacionalista
Desenvolvimentista
	 A década de 1950 representou para o Brasil um momento
de grandes transformações políticas, sociais e econômicas. Era
necessário eliminar os obstáculos que retinham o crescimento
da produção, a acumulação de riquezas e a melhoria da quali-
dade de vida da população. A grande meta a ser atingida era o
desenvolvimento econômico do país.
	 Após o fim da Segunda Guerra e, sobretudo, a partir dos
anos 1950, o Brasil passaria por mudanças significativas em sua
estrutura produtiva. Houve uma maior diversificação da ativi-
dade industrial, que sofreu um impulso ao longo do conflito
mundial devido à necessidade de substituição das importações.
Ao mesmo tempo em que a indústria se fortalecia, o Estado
Keynesiano passava a assumir um papel fundamental, imple-
mentando políticas de desenvolvimento econômico. Esse pro-
cesso, iniciado no governo Vargas (1951-1954) foi acelerado no
governo Juscelino Kubitschek (1956-1961).
6.1	 O Período Juscelino
Kubitschek (1956-61)
	 Com o governo de Juscelino Kubitschek o Brasil ingressa num
período de internacionalização da economia nacional mediante a
substituição do binômio pelo tripé econômico onde teremos:
•	 Três modalidades de capital atuando de forma decisiva na
economia: o Capital Estatal, o Capital Privado Nacional e o
Capital Estrangeiro ou Transnacional.
	 As empresas de capital estrangeiro que passam a investir
no país participam, preferencialmente, nos setores de bens de
consumo duráveis como automóveis e eletrodomésticos. Entre-
tanto, diversas medidas foram adotadas pelo governo brasileiro
para tornar o país atrativo a esses investidores internacionais.
Foi nesse contexto que se implanta o chamado “Plano de
Metas”.
Investimento Requerido pelo Plano de Metas
por Setores (em %) de 1957 a 1961
Setor % do Investimento Total
Energia
Transportes
Alimentação
Indústria de base
Educação
43,4
29,6
3,2
20,4
3,4
Total 100,0
(Fonte: Lessa, 1982, p.35)
O Plano de Metas
	 O Plano de Metas foi na verdade uma estratégia adotada
pelo governo para atrair o capital transnacional mediante:
•	 Investimentos públicos em infraestrutura.
	 A proposta original do Plano de Metas estabelecia que os
investimentos públicos não se concentrassem exclusivamente nos
setores de infraestrutura (energia, transportes, comunicações),
mas, também, se direcionariam para setores sociais como saúde
e educação, além da agricultura. Contudo, algo em torno de 75%
dos recursos investidos foi aplicado em energia e transporte o que
tornou evidente a predisposição de adequar o país em termos infra-
estruturais para atender à demanda das empresas transnacionais.
	 O programa tinha 30 metas, sendo que a de maior visi-
bilidade era a de número 27, que tratava da implantação da
indústria automobilística. Na época, cerca de 300 mil carros
importados circulavam no Brasil. O presidente que- ria pro-
duzir outros tantos para promover o crescimento econômico
e, ao mesmo tempo, aliviar o balanço de paga- mentos.
(Revista História Viva, no 76, p. 24.)
	 Quanto a organização espacial do país ocorreu a intensifi-
cação do processo de urbanização e a solidificação do centro-
sul como a principal área geoeconômica do país, por nela se
concentrarem os principais polos de desenvolvimento indus-
trial, dentre os quais se destacaram os do eixo industrial São
Paulo-Rio-Belo Horizonte. Ocorreu também a ampliação das
desigualdades regionais nesse período.
As Indústrias Automobilísticas e
a Política do Rodoviarismo
	 O setor automobilístico foi o que teve maior destaque
no período no que tange à participação dos capitais externos
investidos no país. Por essa razão ele foi considerado o “carro-
chefe” do modelo desenvolvimentista adotado.
	 As montadoras se concentraram, inicialmente, na região
do ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo e São
Caetano do Sul), reforçando a concentração do parque indus-
trial brasileiro na região sudeste, notadamente no estado de São
Paulo que amplia a sua participação no PIB nacional.
	 Com a implantação do setor de produção de automóveis no
Brasil a prioridade na matriz de transportes é dada a este setor. Isso
é corroborado pelos maciços investimentos públicos na ampliação
da malha rodoviária nacional no governo JK e nos que o sucederam.
Matrizes de Transportes - Comparativo Internacional
Fonte: Zaidan, Roberto (2005), Curso de Política e Estratégias Aero-
espaciais –CPEA - Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáu-
tica – ACEMAR - Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2005.
Geografia1
3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 163
Capacidade de Carga Transportada
Fonte: Zaidan, Roberto (2005), Curso de Política e Estratégias Aeroespaciais - CPEA
Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica - ACEMAR
- Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2005.
	 A opção pelo rodoviarismo num país continental como o Brasil
é caracterizada por uma série de desvantagens onde se destacam:
a)	 O aumento da dependência em relação ao petróleo;
b)	 A menor capacidade dos caminhões em transportar cargas e
dos ônibus em transportar pessoas;
c)	 Os grandes congestionamentos existentes nos centros urbanos;
d)	 Os elevados custos de manutenção das rodovias;
e)	 O aumento dos índices de poluição atmosférica devido à
queima de combustível fóssil, no caso o petróleo.
	 As desvantagens contrastam com a vantagem desse meio
de transporte que é a sua flexibilidade em relação aos outros
meios de transportes. Por isso, não se trata de descartar o
transporte rodoviário, mas integrar as diversas modalidades de
transportes, ou seja, promover a inter ou multimodalidade.
A Transferência da Capital Federal
do Rio de Janeiro para Brasília
	 Este projeto geopolítico foi esboçado em outros momentos
da política nacional. Mas a sua realização se concretiza apenas
em 1960 mediante a mudança geográfica do litoral para o Pla-
nalto Central da Capital Federal. O discurso oficial que defendia
a transferência da capital estava baseado em argumentos:
a)	 Dificultar a tomada da capital por nações inimigas, em caso
de guerras;
b)	 Intensificar o processo de integração do território nacional;
c)	 Acelerar o povoamento do Brasil Central.
Brasília, nova Capital do Brasil
Fonte: Guia Quatro Rodas, 1999. (adaptado)
	 Contrapondo-se ao discurso oficial entidades de represen-
tação da sociedade civil (sindicatos, intelectuais, movimento
estudantil etc.) viram a transferência como uma política que
tinha por finalidade:
• 	 Dificultar as pressões exercidas pela sociedade civil sobre os
poderes executivo e legislativo federal, pois a capital passa-
ria a se localizar não mais na região de maior concentração
populacional.
	 Esse discurso se baseia ainda na crítica ao padrão arquite-
tônico de Brasília que se baseia no controle e na vigilância siste-
mática dos fluxos e da mobilidade de pessoas no seu espaço.
Brasília: Um Espaço de Vigilância e Controle
As Superintendências de
Desenvolvimento Regional
	 Ainda no governo JK foram criadas diversas superinten-
dências federais cuja finalidade, no plano teórico, consistiria
em promover a redução das disparidades regionais. A proposta
consistia em de dotar essas superintendências com recursos da
União com o propósito de promover o desenvolvimento das
regiões brasileiras visando à descentralização das políticas de
desenvolvimento e a desconcentração dos investimentos públi-
cos federais. Nesse contexto que foram criadas as superinten-
dências de desenvolvimento regional. A Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE em 1959 e, as demais
nos anos de chumbo do Governo Militar (SUDESUL, SUDECO
e SUDAM).
	 A trajetória das superintendências regionais, contudo, foi
permeada por diversos escândalos de má utilização dos recursos
públicos (fraudes, corrupção, apropriação indébita etc.) que as
desviaram de seu projeto original. No caso específico do Nor-
deste, a política clientelista dos “coronéis” ficou conhecida como
indústria da seca.
Geografia1
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  • 1. 3ª Série EM –Vestibular – Volume 1 | 139 Módulo 1 1.1 O Espaço Industrial Definindo Indústria A atividade industrial corresponde a todo o processo de transformação da matéria-prima mediante a utilização de máquinas e do uso de força de trabalho no interior do espaço fabril. O resultado da matéria-prima transformada é destinado ao mercado. Fatores Locacionais A instalação de indústrias em determinada localidade depende de uma série de fatores que são decisivos na escolha. Tratam-se dos chamados fatores locacionais. Dentre os diversos fatores locacionais destacam-se a proximidade e/ou existência de: a) Matéria-prima; b) Mão de obra; c) Mercado Consumidor; d) Rede de Transportes; e) Rede de Comunicação; f) Energia; Novos Fatores Locacionais a) Incentivos e/ou Isenções Fiscais; b) Universidades e Centros de Pesquisa; c) Mão de obra Qualificada; d) Infraestrutura Informacional; e) Doações de Terrenos; f) Financiamentos da Planta Industrial; g) Facilidade na remessa dos lucros. Para algumas indústrias há determinados fatores que são mais decisivos para a definição da localização o que pode não ser para outras. Isso, portanto, dependerá do tipo de indústria. Novos Espaços Industriais - Tecnopolos (Adaptado de: BENKO, G. Novos Espaços Industriais e Tecnopolos: algumas Reflexões. IN: Economia espaço e globalização na aurora do século XXI. São Paulo: HUCITEC, 1999) A nomenclatura tecnopolo começou a aparecer na litera- tura mundial no final dos anos 1970, referindo-se à discussão sobre o desenvolvimento polarizado ocorrido nos anos 1950 e 1960, com a formação de polos de crescimento e polos de desenvolvimento. Depois deste período de forte crescimento, o contexto econômico mudou. O desenvolvimento polarizado caiu em desuso e o desenvolvimento local o substitui, conde- nando o desenvolvimento estimulado por poderosas firmas motrizes substituídas, agora pela força de pequenas empresas. O remédio mudou de nome, ouve-se em todos os lábios o termo tecnopolos, mas na realidade este se integra na defi- nição já antiga de polo de desenvolvimento - um aglomerado de empresas inovadoras, dinâmicas, motrizes com efeitos econômicos positivos sobre toda a economia regional. Mais comum, entretanto, é a associação dos tecnopolos com a ideia de centros de atividades industriais de alta tecnologia. A partir de estratégias de desenvolvimento econômico, algumas regiões ou cidades utilizam-se da valorização de seu potencial universitário e de pesquisa para estimular um novo surto de industrialização a partir de empresas de alta tecno- logia, criadas no local ou para lá atraídas. Para Pierre Laffitte, a “reunião, num mesmo lugar, de atividades de alta tecnologia, centros de pesquisa, empresas e universidades, assim como de organismo financeiros que facilitem os contatos pessoais entre esses meios, produz efeito de sinergia, do qual podem surgir ideias novas, inovações téc- nicas, suscitando, portanto criações de empresas”. Deste modo, os tecnopolos surgem como espaços pri- vilegiados na estratégia de aplicação de políticas industriais temáticas, participando da recomposição ou da renovação do sistema produtivo. Isto não representa uma mudança do regime de acumulação, mas sim um fracionamento que se opera dentro do sistema produtivo. Cada região, cada cidade torna-se uma área industrial específica porque se define por seu papel na divisão espacial do trabalho. Podemos observar a formação de tecnopolos nas áreas industriais tradicionais, que buscam modernizar e atrair novas atividades no seu tecido industrial local “obsoleto”, principalmente nos espaços metropolitanos, que oferecem economias de aglomeração com forte concentração nos seto- res de técnica elevada e transição possível entre antigas e novas tecnologias, como é o caso Los Angeles. Mas o grande destaque deve ser dado aos novos espaços industriais, cria- dos por empresas existentes ou por empresas novas, onde as regiões escolhidas são quase sempre sem tradição industrial e por isso mais adequadas às condições e à organização atual da produção (força de trabalho, universidades e institutos de pesquisa, atrativo da paisagem, infraestrutura de transportes, serviços). A eles estão associados espaços da terceira revolu- ção industrial como a Califórnia, Arizona e o Texas (Sun Belt), nos EUA. (texto adaptadp pelo professor Fabio Tadeu Santana) Polos tecnológicos ou tecnópolis são definidos como gran- des áreas com infraestrutura necessária para unidades produti- vas que realizam atividades de baixa ou grande escala, baseadas em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Nestas áreas, são oferecidos serviços que facilitam a obtenção de recursos tecno- lógicos e humanos de alto nível, acesso a centros de investiga- ções, bibliotecas e serviços de documentação especializada e de contratação de projetos tecnológicos. As tecnópolis combinam, em uma área pré-estabelecida, os seguintes grupos de elemen- tos: organizações de pesquisa e ensino; empresas avançadas tecnologicamente e inovativas, a maioria pequenas e médias; organizações e agências, públicas e privadas, com missão de garantir e fomentar o estabelecimento de acordos colaborativos Geografia 1
  • 2. 140 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 entre os agentes mencionados acima, de forma a maximizar criatividade e atividades inovativas, assim como elevar a com- petitividade da região. Alguns utilizam o termo polo tecnológico como sinônimo de parques tecnológicos. Essas experiências difundiram-se mais rapidamente nos anos de 1980, em torno de uma base local ou regional e o interesse de envolver organizações de P&D e ensino com o setor produtivo. Embora algumas diferenças marcantes possam ser destacadas nestas experiências, os objetivos finais tenderam a ser similares: intensificar as perspectivas do territó- rio local de abrigar firmas tecnologicamente intensivas, o que pode provocar disparidades regionais. Os Tipos de Indústrias Costuma-se dividir as indústrias em dois tipos. São eles: Indústrias Pesadas Bens de Produção Também chamadas de indústrias de base ou pesadas. É o caso das indústrias petroquímicas, siderúrgicas e metalúrgicas. Essas indústrias fomentam as demais atividades produtivas, abastecendo-as com matéria-prima. Indústrias Bens de Capital São também denominadas como indústrias de máquinas e equipamentos. Elas são assim chamadas por produzirem bens industrializados não para o consumidor direto, mas para outras atividades produtivas. Neste caso tratam-se das indústrias que produzem máquinas, equipamentos, ferramentas e materiais de transporte. Indústrias Leves Indústrias Bens de Consumo Conhecidas também como indústrias leves. Tratam-se das indústrias que produzem bens industrializados diretamente para o mercado consumidor. Entretanto, as indústrias de bens de consumo são classificadas em dois tipos, a seguir discriminadas: a) Bens de Consumo Duráveis São indústrias que produzem produtos com maior valor agregado, tais como automóveis, eletrodomésticos, eletrô- nicos e móveis. b) Bens de Consumo Não duráveis São indústrias que produzem produtos com menor valor agregado, utilizam muita mão de obra e matéria-prima. Podemos citar como exemplos às indústrias alimentícias, de cosméticos, de produtos de higiene, têxteis e de calçados. Exercícios de Fixação 01 Defina o conceito de indústria. 02 Por que as indústrias de bens intermediários são importan- tes para o desenvolvimento das forças produtivas? Questões Objetivas 03 (PUCCAMP) Na escolha de um local para a implantação das indústrias, os fatores mais importantes estão relacionados a matérias-primas, fontes de energia, mão de obra, recursos financeiros e acesso ao mercado consumidor dos bens pro- duzidos. A importância de cada fator em relação aos demais pode variar. Depende do tipo de bens a produzir, da escala de produção pretendida, do grau de desenvolvimento das técnicas utilizadas e da infraestrutura existente. Da leitura do texto é possível concluir que a) as indústrias leves contam com maior número de opções, quanto à escolha do local para sua instalação. b) as indústrias pesadas dispersam-se mais pelo espaço, em função dos fatores disponíveis. c) em função do destino final da produção, as indústrias leves necessitam de maiores espaços e investimentos. d) como dependem de infraestrutura, as indústrias pesadas devem estar próximas a portos marítimos. e) as indústrias leves são muito mais sensíveis às condições da infraestrutura, nos setores de transportes e energia. 04 (UNIRIO) A instalação industrial em uma região depende dos fatores favoráveis, que podem ser considerados gerais ou específicos. Em relação à localização podemos destacar os fatores a seguir, dos quais um NÃO está apresentado corre- tamente. Indique-o: a) Mercado Consumidor - importante para as empresas que trabalham com produtos finais de baixo custo unitário e de consumo. b) Matérias-primas - é determinante para as indústrias que as utilizam em grandes quantidades, como é o caso das indús- trias de base. Geografia1
  • 3. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 141 c) Água - algumas indústrias tendem a manter uma estreita relação com a água, como é o caso das siderúrgicas. d) Mão de obra - fator decisivo tanto para as empresas que utilizam grande número de trabalhadores quanto para as que requerem trabalho altamente qualificado. e) Transporte - é fundamental para viabilizar a atividade pro- dutiva, sendo que nos grandes centros a maior flexibilidade faz do transporte ferroviário a melhor opção. 05 (UNIFICADO) Em virtude de sua extrema variedade, a indústria é passível de ser classificada de acordo com múltiplos cri- térios. Dentre as alternativas abaixo, assinale a ÚNICA que expressa um conceito INCORRETO acerca de modos ou cri- térios de classificação da indústria. a) Considera-se como indústria de base aquela que produz bens e matérias-primas para outras indústrias, conforme o exem- plo da siderurgia e das montadoras de veículos automotores. b) Define-se como indústria de bens-duráveis aquela que produz bens que não se esgotam imediatamente, como a dos eletrodomésticos. c) Entende-se como indústria de alta-tecnologia aquela que produz bens, cujos investimentos em pesquisa científica cor- respondem a mais de 50% dos custos finais, a exemplo da robótica e da microeletrônica. d) Compreende-se como indústria de bens de capital aquela que produz equipamentos para outras indústrias, como os setores de caldeiraria pesada, prensas e tornos mecânicos. e) Designa-se indústria tradicional aquela cujo emprego de mão de obra é alto em relação ao valor da produção, sendo pouco automatizada, conforme alguns ramos dos setores ali- mentícios e têxtil. 06 (UERJ) Cortando fronteiras com capital e tecnologia, as mul- tinacionais otimizam mercados, recursos naturais e políticos em escala mundial. Uma nova forma de acumular lucros, uma nova divisão internacional do trabalho. (KUCINSKI, Bemardo. O que são multinacionais. Brasiliense, 1985.) A nova divisão internacional do trabalho apresentada no texto tem como causa a seguinte atuação das multinacionais: a) aplicação de capitais em atividades agropastoris nos países periféricos. b) implantação de filiais em países de mão de obra barata. c) participação em mais de um ramo de atividade. d) importação de matérias‑primas do 3º mundo. e) exploração de novas fontes de energia. 07 (UFF) Os tecnopolos representam uma das principais inovações na geografia das firmas industriais. A organização espacial própria dos tecnopolos caracteriza-se por: a) aglutinar grande variedade de empresas dedicadas à produ- ção de bens de consumo não duráveis; b) agregar unidades de pesquisa e produção de bens e serviços de alta tecnologia à presença de mão de obra qualificada; c) segmentar as grandes unidades fabris em diferentes pontos do território, para estimular a produção; d) integrar mega-empresas de vários ramos industriais em um único território, para aumentar a concorrência no mercado de trabalho; e) reunir firmas de montagem de bens industriais destinados à exportação com a proteção fiscal do Estado. Questões Discursivas 08 (UERJ) Após a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução euro- peia se deu em bases bem particulares. Para evitar que os trabalhadores fossem seduzidos pela pro- posta comunista, foram concedidos a eles vários benefícios, instaurando-se um tipo de “capitalismo humano” conhecido como “Estado do Bem-Estar Social”. (...) A mobilidade do capital - principal característica da globalização atual - está desmanchando uma arquitetura que demorou décadas a ser construída (...). Milhares de empresas transnacionais chan- tageiam seus países de origem, ameaçando se mudar. (CARVALHO, Bernardo de A. “A globalização em xeque: incer- tezas para o século XXI”. São Paulo: Atual, 2000.) As empresas chantageiam seus países de origem ameaçando se mudar para outros onde haja certas vantagens compara- tivas que permitam maior lucratividade. Apresente duas dessas vantagens. 09 (UERJ) No atual estágio de desenvolvimento do capitalismo mundial, a abundância de recursos e de mão de obra não têm a mesma importância que possuíam antes da Revolução Técnico-científica. Apresente dois fatores importantes para a definição de novos padrões de localização industrial. Questões ENEM 10 (ENEM) No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a Estrada de Ferro Carajás, pertencente e diretamente operada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na região Norte do país, ligando o interior ao principal porto da região, em São Luís. Por seus, aproximadamente, 900 quilômetros de linha, passam, hoje, 5353 vagões e 100 locomotivas. Disponível em: http://www.transportes.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). A ferrovia em questão é de extrema importância para a logís- tica do setor primário da economia brasileira, em especial para porções dos estados do Pará e Maranhão. Um argumento que destaca a importância estratégica dessa porção do território é a a) produção de energia para as principais áreas industriais do país. b) produção sustentável de recursos minerais não metálicos. c) capacidade de produção de minerais metálicos. d) logística de importação de matérias-primas industriais. e) produção de recursos minerais energéticos. Geografia1
  • 4. 142 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 11 (SIMULADO QI) As regiões de Campinas, São Carlos, São Jose dos Campos e Santa Rita do Sapucaí tem apresentado um intenso crescimento industrial que se destaca pelo: a) desenvolvimento da indústria de ponta, estimulado pelos tecnopolos criados a partir de uma integração entre comu- nidade científica e o capital empresarial. b) desenvolvimento da indústria do etanol decorrente da grande produção local dos canaviais. c) desenvolvimento de indústrias tradicionais que utilizam muita mão de obra e predominantemente associadas ao beneficiamento de matéria‑prima local. d) grande domínio de capitais nacionais, sendo uma das poucas áreas do país onde as empresas transnacionais não atuam. e) predomínio da indústria têxtil, responsável pela maior parte da oferta de empregos nos municípios citados. Módulo 2 As Fases ou Etapas da Atividade Industrial Desde o surgimento da atividade industrial, por volta de 1750, até os dias de hoje, a atividade industrial pode ser divi- dida em três fases ou etapas. Essas etapas distinguem-se entre si em função de diversas características que as individualizam. Essas fases referem-se à: a) 1ª Revolução Industrial ou Revolução Industrial Clássica ou Original; b) 2ª Revolução Industrial e; c) 3ª Revolução Industrial ou Revolução Técnico-Científica Informacional. A Evolução Capitalista Principais Caracterizações no Tocante a Tecnologia, Gestão do Espaço e do Trabalho CARACTERIZAÇÃO 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Época e lugar Ocorridos Inglaterra (1780/1830) Franca, Bélgica, Holanda, EUA, Alemanha, Itália e Japão (1870). Japão e EUA (1970) Ramos de Atividade Indústria têxtil Indústrias metalúrgicas, químicas, automobilísticas e petroquímicas. Indústria de informática, micro- eletrônica, robótica, química fina, biotecnologia, telecomunicações, engenharia genética etc. Geografia1
  • 5. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 143 CARACTERIZAÇÃO 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Inovações Tecnológicas Máquina à vapor e tear mecânico Motor à combustão Microprocessador (chip) Fontes de energia Carvão mineral Eletricidade e petróleo Não há nova fonte de energia. Entretanto, houve o cresci- mento da energia termonu- clear e fontes alternativas. Meios de transporte Trens e navios movidos à vapor Automóvel e aviões Trens de grande velocidade, super navios, supersônicos e infovias. Características da organização do trabalho Trabalho assalariado Trabalho especializado com separação do trabalho manual do intelectual Trabalho qualificado com fusão do trabalho manual e intelectual Transformações do Espaço Deslocamento da população do campo para as cidades Consolidação dos grandes centros industriais (econo- mias de aglomeração) Desconcentração da ativi- dade industrial (desecono- mias de aglomeração) Ideologia Dominante Liberalismo econômico (até o final da 2ª década do século XX). Keynesianismo e Welfare State (a partir da década de 1930). Neoliberalismo (a partir da década de 1970). Mundo do Trabalho Precariedade do trabalho com ausência de direitos sócio-tra- balhistas para o operariado. Melhoria das condições de tra- balho e conquista de diversos direitos sócio-trabalhistas. Flexibilização das relações trabalhistas; crescimento do trabalho temporário, do desem- prego e do subemprego. Sistema de Orga- nização Produtiva Manchesteriano Taylorismo e Fordismo. Toyotismo ou sistema flexível. O petróleo permanece, ainda, como a principal matriz energé- tica mundial. Entretanto, por se tratar de um recurso natural não-re- novável e em função de sucessivas crises envolvendo esta commo- ditie, desencadeadas em especial a partir da década de 1970 e que serão analisadas posteriormente, foram motivadas as pesquisas para o desenvolvimento das chamadas fontes energéticas alternativas. As grandes concentrações fabris da 1ª Revolução Industrial estiveram associadas à proximidade das reservas carboníferas. A partir da 2ª Revolução Industrial diminui-se a necessidade das indústrias estarem próximas às fontes geradoras de energia em virtude da maior facilidade de transmissão da eletricidade e do transporte do petróleo a longas distâncias. 2.1 Os Sistemas de Organização Produtiva da 2ª Revolução Industrial Os dois sistemas produtivos que marcaram esta fase da ati- vidade industrial foram desenvolvidos nos Estados Unidos com o mesmo objetivo: melhorar a eficiência de gestão industrial buscando o aumento da produtividade. Taylorismo Desenvolvido pelo engenheiro F. Taylor que em 1911 publi- cou Os Princípios da Administração científica, onde propôs a implantação de um sistema de organização científica do traba- lho que teve como características principais: a) O aprofundamento da divisão do trabalho; b) A especialização do trabalho; c) A cronometragem do tempo do trabalho dos operários para realização das tarefas; d) A divisão entre o trabalho manual e intelectual; e) A rigidez do trabalho. Fordismo Para muitos estudiosos o fordismo, introduzido em 1913, foi, na verdade, um aprimoramento do taylorismo. Deste modo, é comum referir-se a ambos como um único sistema de organi- zação produtiva: o taylorismo-fordismo. O fordismo foi desenvolvido pelo também engenheiro H. Ford, o fundador das indústrias automobilísticas Ford. Dentre as inovações de destaque deste sistema produtivo estão: a) A criação da linha de montagem (ou linha de produção) e; b) A padronização da produção; c) A produção em série e em massa de mercadorias. Essas duas inovações do modelo fordista promoveram a intensa especialização do trabalho e, também, a intensa rigidez do trabalho e da produção. Uma das mais célebres e agudas críticas a esse sistema produtivo foi brilhantemente trabalhado no filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin. Cena de “Tempos Moderno”, Charles Chaplin Fonte: HTTP://www.offoffoff.com.film/2003/images/moderntimes.jpg Geografia1
  • 6. 144 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 2.2 OEstadoKeynesiano(ouInterventor) O keynesianismo (conjunto de ideias econômicas desen- volvidas por J. M. Keynes) tem como princípio fundamental a tese de que é necessária a intervenção do estado na economia através de medidas como: a) Investimentos em infraestrutura; b) Criação de empresas de capital estatal em setores estratégicos; c) Estímulo às políticas de pleno emprego. 2.3 O Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) O Estado de Bem-Estar Social foi o fundamental para a expan- são do consumo e para a formação do que hoje conhecemos como a classe média. Ele consistiu nas políticas que viabilizaram a con- quista e a ampliação de direitos sócio-trabalhistas como: a) Redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias; b) Salário mínimo; c) Aposentadoria; d) Férias remuneradas; e) 13º salário; f) Licença maternidade; g) Auxílio-desemprego. O Welfare State e a Experiência Social-democrata “A experiência mais profunda de social-democracia é a construída pela Suécia, desde a década de 1920, seguida da Noruega e da Dinamarca. A partir da década de 1930, e, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quase todos os países da europa ocidental puseram em prá- tica ideias da social-democracia, em grau maior ou menor de intensidade-profundidade, na perspectiva de construção do estado de bem-estar social: Holanda, Bélgica, Áustria, França, Alemanha, Inglaterra, Itália Islândia e outros. Até certo ponto isso ocorreu também nos EUA, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia e outros países”. “Nas sociais-democracias, a presença do estado na eco- nomia é expressiva e a carga tributária, elevada”. “Elementos da social-democracia, em graus variáveis, também integraram as políticas governamentais de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento da América Latina (inclusive o Brasil, a partir da Era Vargas) e de outros continen- tes, atenuando acentuados desequilíbrios sociais, mas muitas vezes dentro de um contraditório viés autoritário, e sem alcan- çar os êxitos econômicos e sociais das experiências europeias”. (Brum, A. J. O desenvolvimento econômico brasileiro. Ed. Unijuí/vozes, 1997. p.46-47). É importante lembrar que a implantação do Estado Keyne- siano e de Bem-estar Social ocorre num contexto histórico no qual o capitalismo não é mais a única alternativa de organização polí- tica, econômica e social da sociedade moderna. O socialismo se apresenta como alternativa concreta que se afirma e cresce não só na URSS e no Leste europeu no pós-guerra, mas que passa a con- quistar militantes e simpatizantes no interior dos próprios países capitalistas na Europa do Oeste e nos Estados Unidos. Ademais, não se tratou de uma benesse dos dirigentes políticos dos países capita- listas aos trabalhadores, mas de uma luta árdua da classe operária para conquistar os direitos sociais e trabalhistas destacados. É frequente considerar o consumo em massa como outra característica do fordismo. Mas, o consumo em massa fordista apenas será viabilizado após a adoção das estratégias político- econômicas que permitiram a superação da crise de 1929. O sistema de produção fordista mais do que um modo de organização da atividade industrial promoverá e exigirá trans- formações mais amplas que afetarão todo o conjunto da socie- dade industrial dos países que o adotam. O período de vigência dele levará à utilização da expressão sociedade fordista. O fordismo deve ser encarado muito mais como um modo de vida total do que um sistema de produção em massa. Sua data inicial simbólica situa-se em 1914 quando Henry Ford estabelece seu dia de oito horas e 5 dóla- res. As inovações tecnológicas e organizacionais de Ford, entretanto, eram mera extensão de tendências bem esta- belecidas. Ainda assim ao fazer o trabalho chegar ao tra- balhador numa posição fixa, ele atinge dramáticos ganhos de produtividade. O especial em Ford era o seu reconheci- mento de que produção em massa significava consumo em massa, mas mais do que isso: um novo tipo de sociedade. (Harvey, David - A Condição Pós-moderna, Ed. Loyola, São Paulo, 1993.) Fordismo, Liberalismo Econômico e Crise de 1929 A grande crise capitalista de 1929 foi provocada pela asso- ciação entre o fordismo e o liberalismo econômico. A base ideológica do liberalismo econômico defendia a não-intervenção do Estado na economia e, no caso, o Estado também não mediava as relações entre capital e trabalho. Neste período do capitalismo europeu e estadunidense havia uma superexploração do trabalho do operariado (baixíssimos salários, longas jornadas de trabalho diário, insalubridade nos locais de trabalho, além da inexistência de direitos sociais e tra- balhistas). Neste quadro de intensa exploração do trabalho pelo capital, a conclusão é: a classe trabalhadora não participava ati- vamente do consumo. Enquanto isso, o ritmo da produção industrial avançava em termos de ganhos de produtividade, em especial com a adoção da linha de montagem, garantindo, por conseguinte, a produção em massa. Entretanto, o ritmo crescente da produção (oferta) não era acompanhado pelo consumo (procura ou demanda). O resultado foi uma crise, até então, sem precedentes na história do capitalismo provocada pela superprodução de mercadorias. Diversas foram as consequências da crise, com destaque para as falências de empresas (que resultaram no crack da bolsa de Nova Iorque) e do aumento do número de desemprego. As Estratégias Adotadas para a Superação da Crise Capitalista A superação da crise estava atrelada à necessidade de se promover o estímulo ao consumo, de modo que este acompanhasse o ritmo de expansão da produção. Duas ações foram adotadas. Elas foram inicialmente implantadas nos Estados Unidos, nos anos 1930, no governo do então presidente F. Roosevelt e ficaram conhecidas como New Deal (Novo Pacto). O New Deal consistiu num conjunto de políticas que modificaram o papel até então desempenhado pelo Estado, que passa a atuar como agente regulador da economia e das relações entre capital e trabalho. Isso ocorre com a instituição dos Estados Keynesiano e de Bem-Estar Social (Welfare State). Geografia1
  • 7. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 145 I. a primeira fase foi dominada pela produção têxtil, que tinha na Alemanha o seu maior centro, até meados do século XIX. II. a segunda época corresponde à emergência do complexo metalomecânico e ao surgimento de novas potências indus- triais, que dariam início aos fenômenos do Imperialismo e das Guerras Mundiais. III. o terceiro período foi marcado pela hegemonia norte-ame- ricana, estruturada na produção de bens de consumo de massa, que atingiria seu apogeu nas décadas de 1950 e 60. IV. o quarto momento foi inaugurado com a grande crise mundial de 1973, e vem tendo como base o desenvolvimento de seto- res tecnologicamente avançados, especialmente no Japão. Das afirmativas a seguir, estão corretas: a) somente I e II. d) somente I, II e III. b) somente I e III. e) somente II, III e IV. c) somente II e III. 05 (UNIRIO) - Desde o seu advento até os dias de hoje, a atividade industrial passou por várias transformações e teve várias etapas ou fases. São características da Segunda Revolução Industrial a(o): a) liderança dos Estados Unidos, o petróleo como principal fonte de energia e a indústria automobilística. b) liderança inglesa, o predomínio da máquina a vapor e as indústrias têxteis. c) disputa pela liderança entre Japão, Estados Unidos e Europa Ocidental, a robótica, a informática e a biotecnologia. d) dispersão espacial da indústria e a utilização de várias fontes de energia como a nuclear, a solar e a eólica. e) uso do carvão mineral como principal fonte de energia, o Taylorismo e o Fordismo. 06 (UFSCAR) A Terceira Revolução Industrial gerou mudanças profun- dasnaconfiguraçãoespacialdomundo,aqualogeógrafoMilton Santosdenominoudemeiotécnico-científico-informacional.Sobre essas mudanças, são feitas quatro afirmações. Analise-as. I. O avanço do sistema de comunicações e de informática per- mitiu uma organização do espaço geográfico através de redes, que ampliam os fluxos possíveis, mesmo sem a fixação con- creta das atividades produtivas em muitos pontos do espaço. II. Apesar da ciência, da técnica e da produção estarem irre- gularmente distribuídas no espaço geográfico, as inovações tecnológicas estão disponíveis para todos, visto que elas transitam em fluxos que circulam por todo o mundo. III. Embora a ampliação das relações internacionais, entre países da economia capitalista, tenha se iniciado há alguns séculos, essas mudanças alteraram o ritmo das interações espaciais, aumentando as trocas de mercadorias e a difusão de hábitos de consumo. IV. A organização do espaço, através de redes, permitiu uma distribuição multiterritorial das atividades produtivas, gerando maior equilíbrio entre nações ricas e pobres, na divisão internacional do trabalho. Estão corretas as afirmações: Exercícios de Fixação 01 Na passagem do século XIX para o séc. XX, o processo pro- dutivo industrial transformou-se, caracterizando a fase for- dista, muito bem retratado no filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, que estreou em 1936. Segundo o autor: “a máquina que produz em grande escala tem provocado a escassez. Mais do que máquinas precisa- mos de humanidade, mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura”. Apresente duas transformações propostas pelo modelo for- dista na sua implementação no setor industrial. 02 A produção crescente de lixo é marca das sociedades moder- nas. Apesar de suas diferenças quantitativas e qualitativas, que demarcam padrões sociais de consumo, o lixo é um elemento de entendimento do modelo cultural dominante. Explique a relação entre a expansão do sistema fordista de produção e o desenvolvimento da sociedade de consumo. Questões Objetivas 03 (IBMECRJ) “A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para designar um conjunto de transformações econômicas, sociais e tecnológicas que teve início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Em pouco tempo, essas mudanças afe- tariam outros países da Europa e outros continentes, alterando definitivamente as relações entre as sociedades humanas.” FIGUEIRA, D. G. “História”. São Paulo: Ática, 2005. p. 193. Sobre esse tema são feitas as seguintes afirmativas: I. A produção de tecidos foi um dos primeiros setores a desen- volver o processo industrializador. II. Ao aumentar a produtividade de cada trabalhador, aumen- tou a oferta de mercadoria e, por consequência, possibilitou uma redução nos preços dos produtos. III. O sucesso da Revolução Industrial foi tão significativo que originou um apoio à utilização de máquinas, processo que ficou conhecido como ludismo. Assinale: a) Se apenas a afirmativa I for correta. b) Se apenas a afirmativa II for correta. c) Se apenas a afirmativa III for correta. d) Se as afirmativas I e II forem corretas. e) Se as afirmativas II e III forem corretas. 04 (CESGRANRIO) A evolução da Geografia da indústria, desde a intro- dução das primeiras máquinas, no século XVIII, pode ser divi- dida em quatro fases, tendo como base os tipos de bens e pro- dutos de maior rentabilidade. A esse respeito, afirma-se que: Geografia1
  • 8. 146 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 a) I, II, III e IV. d) I e III, apenas. b) I, II e III, apenas. e) II e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. 07 (UERJ) A Revolução Industrial iniciada no século XVIII na Europa, que resultou na reformulação do mapa econômico desse continente, e o atual processo de desenvolvimento industrial, exemplificado nos textos, têm mecanismos dis- tintos de localização das atividades industriais. A Intel, líder mundial de inovações em silício, desenvolve tecnologias, produtos e iniciativas para melhorar continua- damente a forma como as pessoas trabalham e vivem. (www.intel.com) A Intel investirá mais de US$ 1 bilhão de dólares na Índia ao longo de cinco anos (...). A Intel está conversando com o governo indiano sobre a instalação de unidades de produ- ção no país (...). (Adaptado de Valor Econômico. 06/12/2005) Em cada uma dessas fases, as fábricas com novas tecnologias foram atraídas, respectivamente, pela presença de: a) rede de transporte – governo democrático b) incentivo fiscal – abundante matéria-prima c) mercado consumidor – legislação ambiental flexível d) fonte de energia – mão de obra com qualificação 08 (UERJ) Equipamentos dos domicílios em porcentagem na França Adaptado de ADOUMIÉ, Vincent et al. Histoire géographie, 3éme. Paris: Hachette Éducation, 2006. O gráfico aponta importantes mudanças no padrão de consumo de países desenvolvidos, entre as décadas de 1950 e 1990. O modelo produtivo e a correspondente explicação para tais mudanças estão apontadas em: a) consumismo – aumento do volume de crédito para a população. b) sistêmico-flexível – adoção do livre-cambismo como política alfandegária. c) fordismo – transferência aos trabalhadores de ganhos de produtividade. d) neofordismo – redução do preço dos produtos por subsídios governamentais. Questões Discursivas 09 (FUVEST) As novas formas de organização da produção industrial foram chamadas por alguns autores de pós-fordismo, para dife- renciá-las da produção fordista. a) Apresente dois aspectos do processo industrial fordista e dois do pós-fordista. b) Caracterize o espaço industrial no fordismo e no pós-fordismo. 10 (PUCRIO) O desenho representa a imagem do globo “encolhendo”: Analise duas consequências, para a organização do espaço mundial, das inovações tecnológicas surgidas com a 3ª Revolução Industrial. Geografia1
  • 9. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 147 13 (ENEM) “... Um operário desenrola o arame, o outro o endi- reita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; ...” SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natu- reza e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985. Jornal do Brasil, 19 de fevereiro de1997. A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações: I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos os operários. II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produção artesanal. III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade indus- trial não depende do conhecimento de todo o processo por parte do operário. Dentre essas afirmações, apenas a) I está correta. d) I e II estão corretas. b) II está correta. e) I e III estão corretas. c) III está correta. Módulo 3 A Sociedade de Consumo Fordista e a “Era de Ouro” do Capitalismo O período que compreendeu o pós-2ª Guerra Mundial até meados dos anos 1960 foi marcado pela consolidação das socie- dades de consumo nos Estados Unidos, nos países da Europa Ocidental e posteriormente no Japão em função da associação entre a expansão da produção industrial e do padrão de con- sumo da população. Esta época, denominada como a “Era de Ouro” do capitalismo, foi marcada pelas elevadas taxas de cres- cimento econômico nos países capitalistas e pela expansão de investimentos produtivos dos países centrais para os periféricos. A Era de Ouro “Hoje é evidente que a era de ouro pertenceu essencial- mente aos países capitalistas desenvolvidos, que, por todas essas décadas, representaram cerca de três quartos da produ- ção do mundo, e mais de 80% de suas exportações manufatu- 11 (UFG) Observe a imagem e o texto a seguir. Cena do filme Tempos Modernos “Tempos modernos, filme de 1936, cuja temática ultrapassa a tragédia da existência individual e coloca em cena o conflito entre o homem e o taylorismo.” BODY-GENDROT, Sophie. Uma vida privada francesa segundo o modelo americano. In: DUBY, Georges; ARIÈS, Philippe. História da vida privada. V.3, p. 535. [Adaptado]. Considerando a imagem e o fragmento, a) indique duas características do taylorismo; b) explique o novo tipo de conflito sugerido no texto. Questões ENEM 12 (ENEM) A Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII transformou as relações do homem com o trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da área rural e cumpriam jor- nadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX e a diminuição da jor- nada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no início do século XX. Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século, decorrentes da legislação trabalhista, estão relacionadas com a) a expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monárquicos constitucionais. b) a expressiva diminuição da oferta de mão de obra, devido à demanda por trabalhadores especializados. c) a capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses. d) o crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a representação operária. e) a vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais capitais europeias. Geografia1
  • 10. 148 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 radas. Outra razão pela qual essa característica da era só len- tamente foi reconhecida é que na década de 1950 o surto eco- nômico pareceu quase mundial e independente dos regimes econômicos (...)”. “Apesar disso, a era de ouro foi um fenômeno mundial, embora a riqueza jamais chegasse à vista da maioria da popu- lação do mundo”. (HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX, 1914- 1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. P. 255) Sociedade salarial: aquela em que a maioria dos sujei- tos sociais recebe renda, estatuto, reconhecimento, e proteção social por meio do trabalho ⇒ salário ⇒ tra- balho assalariado. Sua culminância anos 70: sociedade salarial propria- mente promove novo tipo de segurança relacionada ao traba- lho e não somente à propriedade ⇒ inovação extraordinária: metamorfose das proteções - ao final do processo de assa- lariamento foi possível garantir remunerações confortáveis, prestigio e poder; trabalho fonte de segurança. (Castels, Robert - As metamorfoses da questão social: uma crô- nica do trabalho Ed. Vozes Rio de Janeiro – Petrópolis (1998)) Principais Regiões Industriais do Mundo A expansão dos investimentos do centro para a periferia capitalista enquadra-se no contexto da internacionalização do capital através da instalação de filiais de empresas transnacio- nais em alguns países periféricos como o Brasil, o México, a Argentina e a Coreia do Sul. 3.1 Os Modelos de Substituição de Importações e as Plataformas de Exportações Dois modelos econômicos distintos foram adotados pelos países periféricos no contexto da industrialização tardia desses: o de substituição de importações e o de plataformas de expor- tações. O primeiro ocorreu com mais ênfase em alguns países latino-americanos (Brasil, México e a Argentina, por exemplo), enquanto o segundo foi adotado por países do sudeste asiático, os chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong). No modelo substitutivo de importações a prioridade passa a ser o mercado interno. Já nas plataformas de exportações a prioridade é a produção de bens industrializados visando à con- quista do mercado externo. 3.2 A Nova DIT Com a internacionalização do capital produtivo dos países centrais para os periféricos ocorre a mudança da tradicional Divisão Internacional do Trabalho (DIT). Na figura abaixo a letra A representa os países centrais (ou desenvolvidos) e a letra B o novo papel que passa a ser desempe- nhado pelos países periféricos industrializados (“semiperiféricos” ou “economias emergentes”). A função tradicional de meros exporta- dores de produtos primários é modificada. Nota-se, contudo, que a dependência econômica dos países “semiperiféricos” se amplia. (SENE, E. & MOREIRA, J.C. “O Espaço Geográfico: Geogra- fia Geral e do Brasil”. São Paulo: Ed. Scipione, 1998. P.42). Geografia1
  • 11. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 149 c) A não-adoção do welfare state no Japão e nos Tigres Asiáti- cos no imediato pós-2ª guerra mundial. Isso, dentre outros fatores, permitiu uma maior competitividade a esses países, em especial ao Japão, em função dos baixos custos de pro- dução tendo em vista a existência de uma mão de obra abundante e superexplorada. d) A adoção de novas tecnologias da 3ª Revolução Industrial no processo produtivo, com destaque para robotização e infor- matização. A introdução dessas tecnologias na produção promove o aumento crescente dos índices de desemprego (que passa a ser estrutural). A tendência seria de cresci- mento dos gastos públicos na área social e a necessidade do aumento da carga tributária para atender às políticas sociais devido ao crescimento do número de desempregados. Essa opção gerou reações contrárias, em especial do empresa- riado, e ao questionamento do Estado de Bem-Estar Social. Nesse contexto é que se difunde a ideologia neoliberal. e) O desenvolvimento de um novo sistema de organização produtiva: o Toyotismo. Sistema mais ágil e eficiente que atende as necessidades das empresas na atualidade, ele- vando a competitividade e as margens de lucro. 3.3 A Crise do Modelo Fordista Após a reconstrução da Europa com o Plano Marshal e do Japão com o Plano MacArthur, no final da década de 1960, o sistema fordismo começou a demonstrar sinais de sérios pro- blemas. Com a recuperação das economias dos países centrais, esses países deixaram de ser consumir mercadorias da indústria estadunidense e passaram a constituir mercados concorrentes na busca por novas fronteiras e mercados. Diversos fatores conjugados contribuem para a crise do modelo de desenvolvimento fordista baseado na produção e no consumo em massa. Dentre esses se destacam: a) Questionamento por setores da sociedade civil dos impactos ambientais planetários (desmatamentos, aumento do aque- cimento global, chuva ácida etc.) provocados pelo modelo fordista. Nesse contexto crescem as ONG’S que atuam em defesa da causa ecológica. b) Crise energética (crises do petróleo) proporcionada pelas sucessivas elevações do preço internacional do petróleo na década de 1970 promovida pela OPEP. Taxa de Desemprego na Europa - 2010 Participação do Estado na Economia em 1990 País Participação do Estado na Economia em Relação ao PIB (%) Carga Tributária no Total em Relação ao PIB (%) BRASIL 30 23 EUA 37 32 ALEMANHA 50 38 SUÉCIA 70 51 FONTE: BRUM, A. J. O desenvolvimento econômico brasileiro. Ed. UNIJUÍ/VOZES, 1997. P.47. Carga Tributária Fontes: OCDE e IBPT Geografia1
  • 12. 150 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 3.4 O Toyotismo Também denominado sistema de organização flexível ou pós-fordista foi desenvolvido na empresa automobilística japonesa Toyota aprimorando e corrigindo “pontos falhos” do taylorismo-fordismo. Consiste no processo de reestruturação da produção industrial mediante a incorporação de novos conceitos gerenciais e administrativos. Dentre as principais características deste modelo destacam-se: a) A substituição do trabalhador especialista pelo polivalente (flexível); b) Produção baseada no sistema just in time (produção adequada à demanda); c) Operação com estoques reduzidos; d) Introdução do controle de qualidade; e) Terceirização de atividades secundárias. Transição do Fordismo para o Pós-Fordismo FORDISMO PRODUÇÃO FLEXÍVEL • Linha de montagem • Automação e Informatização • Produção em massa • Produção de pequenos lotes • Padronização das mercadorias • Variedades de um mesmo produto • Controle de qualidade ao final da produção – CQF • Controle de qualidade durante a produção – CQT • Grandes estoques – Just in case • Pequenos estoques – Just in time • Realização de uma única tarefa pelo trabalhador • Realização de múltiplas tarefas pelo trabalhador • Dispensa maior treinamento da mão de obra • Treinamento permanente Adaptado de Harvey, D (1993) Geografia1
  • 13. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 151 O CHOQUE DO NOVO (Materiais, processos e ferramentas: tudo mudou na fabricação do automóvel) ANTES DEPOIS • os materiais mais usados eram aço, borracha e madeira. • em toda a década de 80 foram lançados no Brasil oito modelos. • 100% das soldas eram feitas manualmente. • as montadoras brasileiras recebiam das matrizes máqui- nas com dez anos de uso. • os carros têm materiais recicláveis como alumínio e plástico. • só na primeira metade dos anos 90 foram lançados doze modelos. • 99% das soldas são feitas por robôs. • as montadoras têm máquinas como no máximo um ano de uso na Europa e Estados Unidos. Fonte: “O choque do novo”, revista Veja, 10 de janeiro de 2001. 3.5 O Estado Neoliberal A ideologia neoliberal teve como países precursores os Estados Unidos e a Inglaterra (nos governos de Ronald Reagan e Margareth Thatcher, respectivamente). Consiste na defesa e na retomada de alguns dos pressupostos do liberalismo eco- nômico clássico, adequados, obviamente, à conjuntura econô- mica contemporânea, através da difusão da ideia de que os marcos regulatórios da economia devem ser prerrogativas do mercado. Portanto, o neoliberalismo representa um conjunto de ideias que convergem para a necessidade da menor partici- pação e intervenção do estado na economia (Estado Mínimo), permitindo maiores eficiência, produtividade e competitividade empresarial, o que, teoricamente, traria maiores benefícios para o conjunto da sociedade em termos de qualidade e preços baixos dos produtos devido à concorrência entre as empresas. Mas, a realidade mostra que a concorrência é comprometida em termos práticos em função do controle do mercado por gran- des conglomerados empresariais que resultam de fusões entre empresas que atuam no mesmo ramo de atividade ou não. 3.6 As Modalidades de Concentração Empresarial • MONOPÓLIO: É o domínio do mercado de um determi- nado produto ou serviço por uma única empresa ou pelo Estado. • OLIGOPÓLIO: É o domínio do mercado por um pequeno grupo de empresas. • TRUSTE: É o processo de fusão entre empresas com a finalidade de eliminar a concorrência. Com isso, impõe- se preço e aumenta-se a lucratividade mediante o con- trole do mercado. Os trustes tendem a controlar toda a etapa do processo produtivo, desde a extração da matéria- -prima até a comercialização do produto acabado. • CARTEL: É o acordo entre empresas do mesmo ramo para eliminar a concorrência e evitar a queda dos preços no mercado. Nesses acordos podem ser estabelecidos preços, divisão do mercado e cotas de produção. • HOLDING: É quando dentro do agrupamento de empre- sas, uma delas controla as outras, suas subsidiárias, atra- vés do controle acionário. (SANDRONI, P. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999 Adaptado). Fusão de Empresas no Brasil Deste modo, o neoliberalismo está atrelado ao: • Desmonte ou Enfraquecimento dos Estados Keynesiano e de Bem-Estar Social. Portanto, a ideologia neoliberal tem como características a ela associadas: 1. Mínima participação estatal nos rumos da economia de um país; 2. Pouca intervenção do governo no mercado de trabalho; 3. Política de privatização de empresas estatais; 4. Livre circulação de capitais internacionais; 5. Abertura da economia para a entrada das transnacionais; 6. Adoção de medidas contra o protecionismo econômico; 7, Desburocratização do estado: leis e regras econômicas mais simplificadas para facilitar o funcionamento das atividades econômicas; 8. Diminuição do tamanho do estado, tornando-o mais eficiente; 9. Posição contrária aos impostos e tributos excessivos; 10. A base da economia deve ser formada por empresas privadas; 11. Defesa dos princípios econômicos do capitalismo. Geografia1
  • 14. 152 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 Exercícios de Fixação 01 MERCADODEREMÉDIOSÉDOMINADOPOROLIGOPÓLIO Mesmo com todos os tipos de arranjos criativos – associa- ções, consórcios, farmácias populares, compras governa- mentais – o mercado de medicamentos no país ainda é dominado por oligopólio, segundo o Ministério da Saúde. O governo acha que a estrutura do setor não mudou nos últi- mos anos – grandes laboratórios com uma fatia imensa de mercado – fazendo com que os remédios com preços mais competitivos sejam aqueles que não são protegidos pela Lei de Patentes. (O Globo, 08/05/2005) a) Defina o conceito de Oligopólio. b) Apresente dois efeitos nocivos provocados pelos Oligopólios. 02 Leia o texto com atenção. “Em 1989, no bojo do reaganismo e do tatcherismo máxi- mas expressões do neoliberalismo em ação, reuniram-se em Washington, convocados pelo Institute for International Eco- nomics, entidade de caráter privado, diversos economistas latino-americanos de perfil liberal, funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do governo norte-americano. O tema do encontro Latin Americ Adjust- ment: Howe Much has Happened?, visava a avaliar as refor- mas econômicas em curso no âmbito da América Latina.” Fonte: Negrão, JJ (1998) Para conhecer o Neoliberalismo, pág. 41-43, Publisher Brasil. O texto acima faz referência ao “Consenso de Washington”, em síntese, esse receituário faz parte do conjunto de refor- mas neoliberais. Sendo assim, apresente (4) quatro caracte- rísticas do modelo neoliberal. Questões Objetivas 03 (ESPM) Observe o texto: Cada ponto do espaço torna-se então importante, efetiva- mente ou potencialmente. Como a produção se mundializa, as possibilidades de cada lugar se afirmam e se diferenciam em nível mundial. Dada a crescente internacionalização do capital (...) observar-se-á uma tendência à fixação mundial – e não mais nacional. (Milton Santos, Metamorfose do espaço habitado, 1997) Relacionando a ideia de espaço geográfico com a noção de globalização, podemos afirmar que: a) A globalização traz uma ideia de fechamento do mundo e o espaço geográfico perde sua importância neste novo cenário. b) O capitalismo global impôs uma forte rigidez do processo produtivo, desestimulando a migração das transnacionais, daí a reorientação do uso do espaço. c) A verticalidade do espaço geográfico permitiu uma globa- lização mais solidária e uma melhor distribuição da renda mundial, como se verifica neste início de século. d) A fluidez e mobilidade das transnacionais permitiu a descen- tralização do processo produtivo e a consequente reconfigu- ração do espaço mundial. e) As diferenciações geográficas perderam importância devido à diminuição da escolha a distância para a instalação de uma empresa. 04 (UFF) O sucesso das indústrias de alta tecnologia reside na integração de diferenciados fatores que variam segundo as regiões geográficas. Todavia, o modo de desenvolvimento dessas indústrias repousa sobre determinadas condições qualitativas indispensáveis, tais como: a) existência de uma densa rede de transportes destinados à exportação de bens, descentralização das atividades comer- ciais e elevados investimentos em indústrias de base local; b) criação de infraestruturas viárias, redução de impostos e presença indispensável de indústrias químicas como suporte de suas atividades produtivas; c) inovação técnico-científica permanente, capital humano agregado e integração com uma rede urbana dotada de equi- pamentos e serviços de energia, informação e comunicação; d) expansão permanente da rede de comunicação, criação de territórios independentes da legislação nacional e isenção de taxas de exportação para outras regiões e países; e) flexibilização das leis trabalhistas, proximidade de amplos mercados de consumo e, sobretudo, presença de jazidas energéticas. 05 (FGV) “(...) A ideia subjacente a este sistema é que as partes utilizadas numa linha de montagem deverão ser fornecidas imediatamente à medida que são utilizadas, exatamente como ocorre com as mercadorias expostas nas prateleiras dos supermercados, que são repostas quase simultanea- mente ao ato de compra.” (Mitsuhiro Kagami, “Revista de Administração de Empresas”. Washington, set./out., 1993.) Integrantes da organização do espaço industrial, os proces- sos de produção relacionam-se a sistemas como o enunciado acima. Este é o a) keynesianismo, desenvolvido nos países emergentes. b) fordismo, característica atual dos países do Primeiro Mundo. c) taylorismo, vigente nos países do Terceiro Mundo. d) “just-in-time”, implantado nos países do Primeiro Mundo. e) welfare state, predominante nos países do Terceiro Mundo. 06 (UFF) No mundo contemporâneo, marcado pela globaliza- ção, a expressão “Fábrica Global” busca sintetizar os novos processos de ordenamento do território fabril, cuja caracte- rística principal é: a) a concentração da produção de bens em grandes unidades fabris para administrar melhor as relações de trabalho e integrar todas as tarefas técnico-produtivas; b) a segmentação do processo produtivo de bens em diferentes lugares, tendo como suporte de realização as redes técnicas de informação, financiamento e comercialização; Geografia1
  • 15. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 153 c) a centralização do processo produtivo em um único ponto do território, para evitar a divisão técnica do trabalho e impedir o desperdício de energia; d) a integração estratégica de vários ramos e setores em uma única região, com o objetivo de monopolizar os mercados mundiais de consumo; e) a produção especializada de bens e serviços em megaem- presas, com o objetivo de fortalecer o domínio do mercado interno e a competitividade em seus países de origem. 07 (UERJ) Participação no mercado mundial das cinco maiores empresas por respectivo setor de atuação Adaptado de O Globo, 16/02/2007 Uma forte tendência do atual momento do capitalismo, observável a partir do gráfico, é expressa pela: a) formação de oligopólios globais b) internacionalização das indústrias de base c) concentração das empresas de alta tecnologia d) fragmentação da produção em escala planetária 08 (UERJ) BRASÍLIA - O Conselho Administrativo de Defesa Eco- nômica (CADE) do Ministério da Justiça condenou, ontem, as empresas Roche, Basf e Aventis. Segundo o Cade, essas empresas teriam restringido a oferta e elevado os preços no Brasil das vitaminas A, B2, B5, C e E, na segunda metade dos anos 90. Elas também teriam impedido a entrada de vitaminas chinesas, a preços mais baratos, no Brasil. As empresas já haviam sido condenadas por práticas seme- lhantes na Europa e EUA. Juliano Basile Adaptado de Valor Econômico, 12/04/2007 Desde o final do século XIX, tornou-se um aspecto marcante do modo de produção capitalista a formação de grandes empresas capazes de controlar a maior parte ou mesmo todo o mercado de um ou mais produtos. A notícia acima expressa a seguinte prática presente nessa realidade centenária, associada à seguinte característica do atual momento econômico: a) holding – fusão de companhias do mesmo setor. b) cartel – controle do mercado em escala planetária. c) oligopólio – padronização mundial das leis de concorrência. d) dumping – protecionismo para produtos de países emergentes. Questões ENEM 09 (ENEM) A situação abordada na tira torna explícita a contradição entre a a) relações pessoais e o avanço tecnológico. b) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos. c) inclusão digital e a modernização das empresas. d) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado. e) revolução informática e a exclusão digital. 10 (SIMULADO MODELO QI) Fusão entre JBS-Friboi e Bertin preocupa produtores O anúncio da fusão entre JBS-Friboi e Bertin, dois gigantes do setor de carnes do Brasil, trouxe preocupação a produto- res e pequenos frigoríficos. A concentração do setor é vista com apreensão no segmento. Os produtores pedem que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) analise os efeitos sobre o mercado interno de carne bovina porque o gigante do setor exercerá um poder sobre o mercado consumidor conhecido como: Essas empresas são conhecidas como: a) Holding; d) cartel.; b) monopólio; d) oligopólio. c) dumpimg; Questões Discursivas 11 (UFRRJ) Em uma entrevista ao caderno do Terceiro Mundo, edição especial nº 200, Adolfo Sanchez Vasquez, professor da Universidade Autônoma do México, faz referência a duas formas de política econômica adotadas pelo Estado capita- lista moderno. Segundo ele, o neoliberalismo considera que o Estado deve ser mínimo e o mercado máximo. No entanto, para desempenhar uma adequada função social, a cultura, a arte, o meio ambiente e o bem-estar social não podem estar sujeitos às leis de mercado e exigem a ação do Estado. CADERNO DO TERCEIRO MUNDO. N. 200, Janeiro, 2003. a) Quais são as duas formas de política econômica a que o entrevistado faz referência? b) Dê as características dessas políticas, considerando os ele- mentos contidos no texto. Geografia1
  • 16. 154 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 Módulo 4 O Espaço Industrial Brasileiro 4.1 A Formação Geoeconômica do Espaço Brasileiro De meados do século XVI até o início da década de 1930, a economia brasileira esteve organizada com base no modelo primário-exportador, com destaque para a agroexportação. Desde o período colonial até as primeiras décadas da República foi essa a principal marca da economia nacional. Dentre os principais produtos que compunham a pauta exportadora do Brasil destacaram-se: a) cana-de-açúcar; b) algodão; c) ouro; d) borracha; e) café. A organização do território nacional esteve, nesse longo período histórico, estruturada com base no que se convencio- nou chamar Arquipélago Econômico Regional. Neste período, as regiões brasileiras constituíam verdadeiras “ilhas econômi- cas”, pois se caracterizavam por: 12 (UERJ) No atual estágio de desenvolvimento do capitalismo mundial, a abundância de recursos e de mão de obra não têm a mesma importância que possuíam antes da Revolução Técnico-científica. Apresente dois fatores importantes para a definição de novos padrões de localização industrial. 13 (UFV) Embora o neoliberalismo tenha surgido como doutrina econômica sistematizada no final da década de 1930, foi a partir da década de 80 do século XX que ele ganhou expres- são como política de governo. a) Que países se destacaram na implementação desta política na década de 80 do século XX? b) Destaque três características desta doutrina. 14 (UFSCAR) Após a Segunda Guerra, principalmente a partir dos anos de 1980, cresceu o fluxo de capitais especulativos no mundo, inaugurando o que é conhecido como “globaliza- ção financeira”. a) Qual a relação entre o aumento dos fluxos de capital espe- culativo no mundo e o avanço dos setores de informática e telecomunicações? b) Qual a política usualmente adotada pelos países emergentes para atrair capitais especulativos e quais os principais efeitos negativos desta política? a) Pouquíssima ou nenhuma relação comercial entre as regiões brasileiras; b) Ínfima integração nacional. Essas características são explicadas pelo fato da economia nacional ter sido organizada quase que exclusivamente voltada para atender a demandas externas, ou seja, o mercado interno não era a prioridade do arranjo econômico nacional. Geografia1
  • 17. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 155 Os fatores acima destacados constituíram as chamadas eco- nomias de escala ou de aglomeração, ou seja, um conjunto de fatores locacionais que propiciaram e favoreceram os investi- mentos produtivos na região Sudeste. Exercícios de Fixação 01 O café chegou ao estado do Rio de Janeiro em 1774, plan- tado inicialmente nas vertentes da Serra do Mar e o Vale do Paraíba, o café chegou ao estado de São Paulo em 1825. a) Por que o café encontrou melhores condições produtivas em São Paulo após seu auge no espaço Fluminense? b) Cite dois impactos ambientais provocados pela cafeicultura no Estado do Rio de Janeiro. 02 Cite quatro condições criadas pela economia cafeeira que contribuíram para o desenvolvimento industrial do Brasil. Questões Objetivas 03 Sabe-se que a atividade canavieira expandiu-se pela região Nordeste entre os séculos XVI e XVII. Dentre as consequên- cias sócio-espaciais decorrentes desta atividade, aquela que está incorreta é: a) surgimentos de núcleos de povoamento que deram origem a cidades como Recife e Salvador. b) desmatamento da Mata Atlântica (Floresta Tropical Úmida) para dar lugar ao cultivo de cana de açúcar. c) consolidação da região como área de centralidade da colô- nia, a capital estabelece-se em Salvador. d) ocupação efetiva do território, com papel importante dos engenhos na produção de alimentos, no ensino da língua portuguesa e da religião católica. e) convivência harmônica com os grupos étnicos tradicionais, presentes mesmo antes da chegada dos portugueses. O modelo primário-exportador de subdesenvolvimento e o correspondente Estado Oligárquico Mercantil entram em colapso com a Grande Depressão dos anos trinta. Abre-se então um período de crise para o sistema capitalista central, com profundas reprecussões no sistema de divisão internacio- nal do trabalho. Os países periféricos, com sua economia toda voltada para fora, são duramente atingidos pela depresssão mundial. Fonte: Bresser Pereira 4.1 A Crise do Modelo Primário-Exportador O café foi o mais importante produto da pauta de expor- tações brasileiras da 2ª metade do século XIX até as primeiras décadas do século XX. A dependência da economia nacional das exportações de café era fortíssima e, assim, era intensa a dependência da economia nacional frente ao mercado externo, isto é, frente aos principais compradores do café brasileiro. Entretanto, uma série de fatores iria demonstrar a fragili- dade de um modelo econômico excessivamente dependente do mercado externo e mais: que apresenta uma pauta exportadora muito pouco diversificada. Os fatores geradores da crise da eco- nomia cafeeira, e de toda a economia brasileira de então foram: a) a 1ª Guerra Mundial; b) a Crise de 1929 (esse evento foi mais devastador) e; c) a 2ª Guerra Mundial. E é exatamente a partir dessa crise que surge uma nova e decisiva oportunidade para a industrialização. O modelo pri- mário-exportador, mal ou bem, propiciara certo grau de acu- mulação de capital na infraestrutura de transportes e energia. O trabalho assalariado permitira o surgimento de um inci- piente mercado interno e de um processo de urbanização Fonte: Bresser Pereira Contudo, a crise da economia cafeeira criou várias condi- ções necessárias para a industrialização do país: a) A retração do mercado importador do café brasileiro propi- ciou a disponibilidade de capitais obtidos até então com as exportações; b) A redução drástica das importações de bens industrializados forçou a produção de diversos produtos no país. 4.2 A Concentração Industrial no Sudeste A atividade cafeeira deixou uma herança que foi funda- mental para que a região sudeste, notadamente os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, assumisse a dianteira no processo de industrialização do país. Destacam-se os seguintes fatores: a) A infraestrutura (a rede de transportes, em especial ferroviá- rio; a rede de comunicações e de energia); b) A concentração de mão de obra; c) O mercado consumidor; d) O sistema bancário; e) A presença do imigrante europeu. Geografia1
  • 18. 156 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 04 (SEVERINOSOMBRA) A respeito da formação histórica brasileira e as diferentes formas de organização espacial que ela apresentou desde o período colonial, analise as afirmativas a seguir: I. As regiões mercantis do período colonial, relativamente autôno- mas, convergiam para as cidades portuárias que se articulavam diretamente com os mercados consumidores metropolitanos. II. O complexo cafeeiro que se desenvolveu no planalto pau- lista, nos séculos XIX e XX, estimulou o crescimento de numerosos setores industriais e gerou economias comple- mentares na sua periferia. III. A concentração industrial no Sudeste se intensificou, no período de 1950 a 1970, devido às vantagens locacionais que atraíram os capitais investidos na implantação dos seto- res modernos da indústria. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 05 A produção do espaço no Brasil colônia teve sua dinâmica econômica, política e social estruturada segundo os moldes das necessidades e interesses de exploração de Portugal. Nesse sentido, é correto afirmar que: a) a produção da cana-de-açúcar deve ser apontada como o ele- mento norteador da ocupação territorial, uma vez que tinha como função básica promover a acumulação primitiva de capi- tal para a colônia brasileira, por meio da exportação do açúcar. b) as decisões de caráter político e econômico ficavam limita- das ao espaço da colônia, apesar de as práticas capitalistas serem responsáveis pela estruturação do sistema global, cuja hegemonia coube aos países centrais. c) o Brasil colonial se insere numa lógica espacial que se expressa numa divisão internacional da produção desfavo- rável ao seu desenvolvimento, tendo em vista a condição de espaço de acumulação primitiva de capital. d) o sistema global emergente propiciou condições para o sur- gimento de uma pequena produção mercantil, no âmbito das atividades agrícolas de subsistência, responsável pela acumulação interna de capital no espaço colonial. 06 A partir da leitura do texto: Esta descoberta originou uma “corrida” às minas de pessoas de todas as condições quer do Brasil quer do Reino. Vicente Serrão refere André Antonil como sendo o primeiro jesu- íta a registar o ambiente que se vivia naquela época, dizendo que “cada ano vem nas frotas quantidades de portugueses e de estrangeiros para passarem às minas; (também) das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil vão brancos, pardos, pretos e muitos índios (…) A mistura é de toda a condição de pessoas: nobres e plebeus, seculares, clérigos e religiosos de diversos ins- titutos, muitos dos quais nem têm no Brasil convento ou casa”. (ALBUQUERQUE, 1989, Vol. V, “O ciclo do ouro brasileiro”: 272). I. Retrata o grande deslocamento de pessoas em direção à região aurífera brasileira, no século XVIII. II. A “corrida” às minas foi tão impactante que provocou a modificação do eixo de centralidade política e econômica. III. O Rio de Janeiro elevou seu status sócio-espacial por ter sido uma das principais áreas produtoras do ouro. IV . Um dos impactos mais marcantes deste período foi a ocupa- ção interiorana do território, com a fundação de inúmeras cidades, dentre as quais pode-se destacar Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana. Sobre as afirmativas acima podemos dizer que: a) apenas a I e IV estão corretas. b) apenas a II e III estão corretas. c) apenas a I e III estão corretas. d) apenas a I, II e IV estão corretas. 07 (PUC) Observe o mapa seguinte. Espaço geográfico brasileiro Fonte: S.MIELLI, M.H.Geografia 17ª Ed. São Paulo, 1996. Qual das alternativas seguintes contém ERRO? a) áreas de industrialização e urbanização mais desenvolvidas. b) áreas agropecuárias mais modernas. c) expansão das fronteiras agrícolas. d áreas com técnicas agropecuárias tradicionais, com algumas grandes cidades e indústrias. e) áreas pouco povoadas com paisagens naturais pouco alteradas. Geografia1
  • 19. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 157 08 (UFF) O território brasileiro apresenta características marcantes em suas diferentes regiões. Assinale a opção em que o conjunto de características apon- tadas não corresponde à região indicada. a) Sul: grandes extensões de planaltos, diversidade dos núcleos coloniais, intensa integração entre indústria e agricultura. b) Amazônia: grandes províncias minerais, binômio mata‑água em abundância, população de densidade restrita. c) Nordeste: grandes extensões cristalinas com relevo residual, tendências cíclicas de escassez de chuvas, problemas sociais graves resultantes da concentração fundiária. d) Sudeste: grandes alinhamentos montanhosos, intensa devastação de ecossistemas naturais, domínio da paisagem urbano-Industrial. e) Centro‑Oeste: grandes áreas de chapadas, clima de verões quentes e invernos muito frios, domínio recente dos amplos cultivos de cana‑de‑açúcar. Questões Discursivas 09 (UERJ) Resultado de um processo histórico e do processo de industrialização e de integração pelo qual passou o país, o Nordeste brasileiro apresenta hoje várias regiões geoeco- nômicas, entre elas “o Nordeste açucareiro” e o “Nordeste algodoeiro‑pecuário . Apresente: a) uma semelhança entre essas regiões. b) uma diferença entre essas regiões. 10 (UFRJ) Os mapas mostram as fases de crescimento da rede ferroviária do Brasil até 1930. Explique por que a expansão da rede ferroviária foi maior na região Sudeste do Brasil. Geografia1
  • 20. 158 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 11 O mapa apresenta as sete maiores capitais do Brasil, em população. Se, por um lado, algumas dessas capitais confirmam tendências historicamente consagradas na formação socioespacial brasileira, por outro lado, revelam mudanças importantes no seu perfil. As capitais mais populosas do País População brasileira: 163.947.554 Fonte: IBGE, 1999 a) Apresente e explique dois fatores que estabeleceram a concentração demográfica na faixa litorânea. b) Destaque e comente um aspecto determinante da maior concentração demográfica observada nas capitais da Região Nordeste – Sal- vador, Fortaleza e Recife – em comparação a Porto Alegre, principal capital da Região Sul. Questões ENEM 12 As secas e o apelo econômico da borracha – produto que no final do século XIX alcançava preços altos nos mercados inter- nacionais – motivaram a movimentação de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto, até o início do século XX, essa região pertencia à Bolívia, embora a maioria da sua população fosse brasileira e não obedecesse à autoridade boliviana. Para reagir à presença de brasileiros, o governo de La Paz negociou o arrendamento da região a uma entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violen- tas disputas dos dois lados da fronteira. O conflito só terminou em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil comprou o território por 2 milhões de libras esterlinas. Disponível em: www.mre.gov.br. Acesso em: 03 nov. 2008 (adaptado). Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos apre- sentados, o Acre tornou-se parte do território nacional brasileiro a) pela formalização do Tratado de Petrópolis, que indenizava o Brasil pela sua anexação. b) por meio do auxílio do Bolivian Syndicate aos emigrantes brasileiros na região. c) devido à crescente emigração de brasileiros que exploravam os seringais. d) em função da presença de inúmeros imigrantes estrangeiros na região. e) pela indenização que os emigrantes brasileiros pagaram à Bolívia. 13 O mapa abaixo apresenta parte do contorno da América do Sul destacando a bacia amazônica. Os pontos assinalados representam fortificações militares instaladas no século XVIII pelos portugueses. A linha indica o Tratado de Tordesilhas revogado pelo Tratado de Madri, apenas em 1750. Pode-se afirmar que a construção dos fortes pelos portugue- ses visava, principalmente, dominar a) militarmente a bacia hidrográfica do Amazonas. b) economicamente as grandes rotas comerciais. c) as fronteiras entre nações indígenas. d) o escoamento da produção agrícola. e) o potencial de pesca da região. Geografia1
  • 21. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 159 Módulo 5 As Principais Fases da Industrialização Brasileira Até a década de 1930, as indústrias que se desenvolve- ram no país atuavam, predominantemente, no setor de bens de consumo não-duráveis. Essa realidade muda a partir desta década em diante, onde o desenvolvimento das forças produti- vas nacionais se intensifica com o Estado brasileiro atuando de forma ativa nesse processo. A grande guerra de 1914-1918 dará grande impulso à indústria brasileira. No primeiro grande censo posterior à guerra realizado em 1920, os estabelecimentos industriais arrolados somarão 13.336, com 1.815.156 contos de capital e 275.512 operários. Destes estabelecimentos, 5.936 tinham sido fundados no quinquênio 1915-1919, o que revela clara- mente a influência da guerra. (Caio Prado Jr. História Econômica do Brasil) 5.1 Os Períodos Vargas (1930- 45 e 1950-54) Durante os governos de Getúlio Vargas o modelo econômico brasileiro passa por profundas transformações. O modelo pri- mário-exportador perde a prioridade para a industrialização. A base industrial lançada tem como componente central o naciona- lismo econômico. O Modelo Econômico Nacionalista O nacionalismo econômico foi marcado pela predominân- cia de duas modalidades de capitais que atuavam na atividade econômica baseada na indústria: o capital privado nacional e o capital estatal. Neste binômio, a primeira modalidade de capital atuava notadamente nos setores de bens de consumo não-duráveis, enquanto a segunda modalidade no setor de bens de produção. O desenvolvimento da indústria nacional tinha, pois, no Estado brasileiro o agente principal. A ação interventora do estado na economia foi decisiva para o avanço da industria- lização do período (Estado Keynesiano). O Estado Interventor brasileiro promoveu ações, destacadamente, através de: a) Investimentos públicos em infraestrutura (transporte, ener- gia, comunicações etc.); b) Criação de empresas de capital estatal (Estado-empresário), a exemplo da CSN, da CHESF, da CVRD e da Petrobrás. A Política de Substituição de Importações Esta política foi estimulada pela conjuntura internacional, em especial a Crise de 1929 e a 2ª Guerra Mundial. A substituição de importações consistiu na necessidade de produzir interna- mente bens industrializados anteriormente importados, já que os condicionantes acima destacados reduziram drasticamente as importações de bens industrializados que abasteciam o mercado nacional. “Conceito elaborado por economistas da CEPAL (Comis- são Econômica para a América Latina) para designar um processo interno de desenvolvimento estimulado por dese- quilíbrio externo (como balança comercial desfavorável) e que resulta na dinamização, crescimento e diversificação da produção industrial. Portanto, é mais que a produção local de bens tradicionalmente importados. Sob esta ótica, consi- dera-se que o desenvolvimento industrial brasileiro ocorreu sob o estímulo das restrições externas: a depressão de 1929- 1932 e a segunda guerra mundial (...)”. (Sandroni, P. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999. p. 581). A expansão do parque industrial brasileiro teve um preço alto. A implantação dos setores de bens de produção necessi- tava de um investimento inicial muito elevado e o retorno do capital empregado era muito lento, o que dificultava o investi- mento de capital privado, nacional ou estrangeiro. Sendo assim, o Estado tomou todas as medidas para permitir o desenvolvi- mento do parque industrial, com um auxílio financeiro e estru- tural às empresas, incentivando a substituição de importações com a restrição de produtos importados. Na prática esse pro- cesso ocorria desde o início da industrialização, mas foi com o governo Getúlio Vargas que se iniciou a adoção de medidas fiscais e cambiais com esse propósito substitutivo. Entretanto, o sucesso do modelo econômico esbarrava em alguns entraves, em especial a organização do espaço brasileiro em “arquipélago regional”, que limitava o desenvolvimento da economia nacional, isto é, do mercado interno. Por isso, era neces- sário promover, no bojo desse processo, a integração do territó- rio nacional. Nos seus anos de governo procurou retomar suas antigas linhas de política econômica nacionalista e intervencionista, agora voltada em especial para os setores da indústria de base, siderúrgica e petroquímica, energia, transportes, frigo- ríficos e técnicas agrícolas. (Francisco Teixeira. Estudos de História do Brasil.) A Política de Integração do Território Nacional A integração do território nacional representava a unifica- ção do mercado nacional, estimulando as relações comerciais internas para, assim, viabilizar a arrancada industrial. Essa polí- tica de integração territorial fundamentava-se, pois, no: a) Desenvolvimento da economia nacional; b) Articulação entre regiões produtoras e consumidoras; c) Remoção da organização territorial em “arquipélago regional”. Diversas medidas foram tomadas com o intuito de promo- ver a integração do território nacional: investimentos no setor de transportes inter-regional e no sistema de comunicações, além da abolição das tarifas de comércio entre os estados da federação. A CLT Foi no governo Vargas que foi instituída a CLT (Consolida- ção das Leis Trabalhistas), em 1943. Ela consistiu em diversas conquistas sócio-trabalhistas tais como redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, repouso semanal remunerado Geografia1
  • 22. 160 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 salário-mínimo, previdência social, concessão de férias etc. As leis trabalhistas devem ser compreendidas no contexto do incre- mento do mercado consumidor interno, fomentador do desen- volvimento industrial. Porém, a expansão do mercado interno neste período se restringiu ao espaço urbano, haja vista que a CLT não contemplou a totalidade dos trabalhadores brasileiros, mas, apenas aos trabalhadores urbanos excluindo, por conse- guinte, os trabalhadores rurais. Exercícios de Fixação 01 A atividade industrial e a industrialização brasileira estão desigualmente distribuídas pelas regiões do país. Construí- das predominantemente no século XX, elas são componen- tes da modernização urbana que reinventa nossa sociedade e dinâmica espacial. Sobre a indústria e industrialização bra- sileira, explique o papel exercido pelo Estado nesse processo. 02 Cite e explique duas mudanças socioeconômicas vinculadas ao processo de industrialização que se estruturou no País, do final do século XIX até a “Era Vargas”. Questões Objetivas 03 (UERJ) “(...) O consumo nacional de derivados de petróleo acusa uma ascensão regular, que traduz o desenvolvimento das atividades do país, não só quanto ao transporte mas também quanto à indústria. No entanto (...) essa ascensão constante do consumo implica necessariamente um aumento das importações, com dispên- dios crescentes de divisas, que poderão ser empregadas na compra de outras utilidades estrangeiras, quando o permitir a produção brasileira de óleo mineral”. (DEL PRIORE, Mary et alli (orgs). “Documentos de História do Brasil: de Cabral aos anos 90”. São Paulo: Scipione, 1997.) Esse texto é parte da mensagem enviada por Getúlio Vargas ao Congresso Nacional, em 1951, propondo a criação da Petrobrás. A leitura do texto permite concluir que o principal objetivo da Petrobrás era: a) ampliar a exportação de petróleo, obtendo mais divisas para a economia nacional. b) aumentar a produção petrolífera, garantindo recursos para o desenvolvimento industrial. c) incentivar a construção de rodovias, objetivando o aumento do consumo de petróleo e derivados. d) desenvolver a pesquisa petroquímica, gerando autonomia para o setor de produção de petróleo. 04 (UNIFICADO) A inustrialização brasileira tem como marco a década de 1930, com o processo de implantação de setores de base. Isto não quer dizer que, antes daquela década, não houvesse indústrias no país. Elas existiram, só que compuse- ram um setor de pouca monta e, ainda: a) se caracterizaram pela forte dependência a uma política de investimentos governamentais. b) se basearam em capitais provenientes da exportação da bor- racha amazônica. c) tiveram, na redução de tarifas de importação de manufatu- rados, seu principal fator de competitividade d) estiveram ligadas à formação de um mercado consumi- dor representado pelo afluxo de imigrantes europeus assalariados. e) apresentam forte concentração de investimentos nos setores de energia e transporte. 05 (UNIRIO) Considerando as transformações provocadas pela indústria no processo de organização do espaço brasileiro, podemos afirmar que a industrialização promoveu: a) maior integração das diversas regiões que compõem o país, permanecendo, porém, a economia nacional descentralizada. b) maior articulação econômica entre as várias regiões brasilei- ras, permitindo a diminuição das desigualdades sociais. c) modernização da economia, levando a uma desarticulação regional, porém com áreas autossuficientes. d) construção de um espaço urbano moderno e desenvolvido, com maior equilíbrio entre as pequenas e grandes cidades. e) divisão inter‑regional do trabalho, reproduzindo inter- namente as relações centro‑periferia que ocorrem a nível internacional. 06 (UERJ) O PETRÓLEO, ENFIM, É NOSSO (O Globo, 26/03/2006) Em 2006, o Brasil alcançou a autossuficiência na produção de petróleo, 53 anos após a criação da Petrobras. Nos anos de 1953 e 2006, respectivamente, o setor petro- lífero pode ser caracterizado pela adoção das seguintes práticas: a) tributação concentradora – economia mista b) monopólio estatal – abertura ao setor privado c) livre-comércio – proteção às empresas nacionais d) desenvolvimentismo – protecionismo alfandegário Geografia1
  • 23. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 161 Questões Discursivas 07 (FUVEST) Pessoal Ocupado na Indústria Fonte: Simielli, Geoatlas, 2009. Com base no mapa acima e em seus conhecimentos,   a) identifique o tipo de indústria predominante na região Nor- deste, considerando sua capacidade geradora de emprego. b) caracterize o parque industrial da região Sudeste.   08 (UNIFESP) Comparando-se dois momentos do processo de industrialização brasileira, a década de 1930 e a década de 1950, responda:   a) Quais são as diferenças, com relação ao mercado externo, entre esses dois momentos? b) Quais transformações a industrialização trouxe para a orga- nização espacial brasileira?   Questões ENEM 09 (ENEM) A figura de Getúlio Vargas, como personagem histó- rica, é bastante polêmica, devido à complexidade e à mag- nitude de suas ações como presidente do Brasil durante um longo período de quinze anos (1930-1945). Foram anos de grandes e importantes mudanças para o país e para o mundo. Pode-se perceber o destaque dado a Getúlio Vargas pelo simples fato de este período ser conhecido no Brasil como a “Era Vargas”. Entretanto, Vargas não é visto de forma favorável por todos. Se muitos o consideram como um fervoroso nacionalista, um progressista ativo e o “Pai dos Pobres”, existem outros tantos que o definem como ditador oportunista, um intervencionista e amigo das elites. Considerando as colocações acima, responda à questão seguinte, assinalando a alternativa correta: Provavelmente você percebeu que as duas opiniões sobre Vargas são opostas, defendendo valores praticamente anta- gônicos. As diferentes interpretações do papel de uma per- sonalidade histórica podem ser explicadas, conforme uma das opções abaixo. Assinale-a. a) Um dos grupos está totalmente errado, uma vez que a per- manência no poder depende de ideias coerentes e de uma política contínua. b) O grupo que acusa Vargas de ser ditador está totalmente errado. Ele nunca teve uma orientação ideológica favorá- vel aos regimes politicamente fechados e só tomou medidas duras forçado pelas circunstâncias. c) Os dois grupos estão certos. Cada um mostra Vargas da forma que serve melhor aos seus interesses, pois ele foi um governante apático e fraco - um verdadeiro marionete nas mãos das elites da época. d) O grupo que defende Vargas como um autêntico nacionalista está totalmente enganado. Poucas medidas nacionalizantes foram tomadas para iludir os brasileiros, devido à política populista do varguismo, e ele fazia tudo para agradar aos grupos estrangeiros. e) Os dois grupos estão errados, por assumirem características parciais e, às vezes conjunturais, como sendo posturas defi- nitivas e absolutas. 10 (ENEM) Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas outras, formando ruas, contornando praças. As chaminés principiavam a fumar; deslizavam as carrocinhas multico- res dos padeiros; as vacas de leite caminhavam com o seu passo vagaroso, parando à porta dos fregueses, tilintando o chocalho; os quiosques vendiam café a homens de jaqueta e chapéu desabado; cruzavam- se na rua os libertinos retar- dios com os operários que se levantavam para a obriga- ção; ouvia-se o ruído estalado dos carros de água, o rodar monótono dos bondes. (AZEVEDO, Aluísio de Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973) O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o cotidiano de uma cidade, no seguinte contexto: a) a convivência entre elementos de uma economia agrária e os de uma economia industrial indicam o início da industria- lização no Brasil, no século XIX. b) desde o século XVIII, a principal atividade da economia bra- sileira era industrial, como se observa no cotidiano descrito. c) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX, ela continuou a ser uma atividade pouco desenvolvida no Brasil. d) apesar da industrialização, muitos operários levantavam cedo, porque iam diariamente para o campo desenvolver atividades rurais. e) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no texto, ignora a industrialização existente na época. Geografia1
  • 24. 162 | 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 Módulo 6 Política Nacionalista Desenvolvimentista A década de 1950 representou para o Brasil um momento de grandes transformações políticas, sociais e econômicas. Era necessário eliminar os obstáculos que retinham o crescimento da produção, a acumulação de riquezas e a melhoria da quali- dade de vida da população. A grande meta a ser atingida era o desenvolvimento econômico do país. Após o fim da Segunda Guerra e, sobretudo, a partir dos anos 1950, o Brasil passaria por mudanças significativas em sua estrutura produtiva. Houve uma maior diversificação da ativi- dade industrial, que sofreu um impulso ao longo do conflito mundial devido à necessidade de substituição das importações. Ao mesmo tempo em que a indústria se fortalecia, o Estado Keynesiano passava a assumir um papel fundamental, imple- mentando políticas de desenvolvimento econômico. Esse pro- cesso, iniciado no governo Vargas (1951-1954) foi acelerado no governo Juscelino Kubitschek (1956-1961). 6.1 O Período Juscelino Kubitschek (1956-61) Com o governo de Juscelino Kubitschek o Brasil ingressa num período de internacionalização da economia nacional mediante a substituição do binômio pelo tripé econômico onde teremos: • Três modalidades de capital atuando de forma decisiva na economia: o Capital Estatal, o Capital Privado Nacional e o Capital Estrangeiro ou Transnacional. As empresas de capital estrangeiro que passam a investir no país participam, preferencialmente, nos setores de bens de consumo duráveis como automóveis e eletrodomésticos. Entre- tanto, diversas medidas foram adotadas pelo governo brasileiro para tornar o país atrativo a esses investidores internacionais. Foi nesse contexto que se implanta o chamado “Plano de Metas”. Investimento Requerido pelo Plano de Metas por Setores (em %) de 1957 a 1961 Setor % do Investimento Total Energia Transportes Alimentação Indústria de base Educação 43,4 29,6 3,2 20,4 3,4 Total 100,0 (Fonte: Lessa, 1982, p.35) O Plano de Metas O Plano de Metas foi na verdade uma estratégia adotada pelo governo para atrair o capital transnacional mediante: • Investimentos públicos em infraestrutura. A proposta original do Plano de Metas estabelecia que os investimentos públicos não se concentrassem exclusivamente nos setores de infraestrutura (energia, transportes, comunicações), mas, também, se direcionariam para setores sociais como saúde e educação, além da agricultura. Contudo, algo em torno de 75% dos recursos investidos foi aplicado em energia e transporte o que tornou evidente a predisposição de adequar o país em termos infra- estruturais para atender à demanda das empresas transnacionais. O programa tinha 30 metas, sendo que a de maior visi- bilidade era a de número 27, que tratava da implantação da indústria automobilística. Na época, cerca de 300 mil carros importados circulavam no Brasil. O presidente que- ria pro- duzir outros tantos para promover o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, aliviar o balanço de paga- mentos. (Revista História Viva, no 76, p. 24.) Quanto a organização espacial do país ocorreu a intensifi- cação do processo de urbanização e a solidificação do centro- sul como a principal área geoeconômica do país, por nela se concentrarem os principais polos de desenvolvimento indus- trial, dentre os quais se destacaram os do eixo industrial São Paulo-Rio-Belo Horizonte. Ocorreu também a ampliação das desigualdades regionais nesse período. As Indústrias Automobilísticas e a Política do Rodoviarismo O setor automobilístico foi o que teve maior destaque no período no que tange à participação dos capitais externos investidos no país. Por essa razão ele foi considerado o “carro- chefe” do modelo desenvolvimentista adotado. As montadoras se concentraram, inicialmente, na região do ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul), reforçando a concentração do parque indus- trial brasileiro na região sudeste, notadamente no estado de São Paulo que amplia a sua participação no PIB nacional. Com a implantação do setor de produção de automóveis no Brasil a prioridade na matriz de transportes é dada a este setor. Isso é corroborado pelos maciços investimentos públicos na ampliação da malha rodoviária nacional no governo JK e nos que o sucederam. Matrizes de Transportes - Comparativo Internacional Fonte: Zaidan, Roberto (2005), Curso de Política e Estratégias Aero- espaciais –CPEA - Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáu- tica – ACEMAR - Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2005. Geografia1
  • 25. 3ª Série EM – Vestibular – Volume 1 | 163 Capacidade de Carga Transportada Fonte: Zaidan, Roberto (2005), Curso de Política e Estratégias Aeroespaciais - CPEA Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica - ACEMAR - Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2005. A opção pelo rodoviarismo num país continental como o Brasil é caracterizada por uma série de desvantagens onde se destacam: a) O aumento da dependência em relação ao petróleo; b) A menor capacidade dos caminhões em transportar cargas e dos ônibus em transportar pessoas; c) Os grandes congestionamentos existentes nos centros urbanos; d) Os elevados custos de manutenção das rodovias; e) O aumento dos índices de poluição atmosférica devido à queima de combustível fóssil, no caso o petróleo. As desvantagens contrastam com a vantagem desse meio de transporte que é a sua flexibilidade em relação aos outros meios de transportes. Por isso, não se trata de descartar o transporte rodoviário, mas integrar as diversas modalidades de transportes, ou seja, promover a inter ou multimodalidade. A Transferência da Capital Federal do Rio de Janeiro para Brasília Este projeto geopolítico foi esboçado em outros momentos da política nacional. Mas a sua realização se concretiza apenas em 1960 mediante a mudança geográfica do litoral para o Pla- nalto Central da Capital Federal. O discurso oficial que defendia a transferência da capital estava baseado em argumentos: a) Dificultar a tomada da capital por nações inimigas, em caso de guerras; b) Intensificar o processo de integração do território nacional; c) Acelerar o povoamento do Brasil Central. Brasília, nova Capital do Brasil Fonte: Guia Quatro Rodas, 1999. (adaptado) Contrapondo-se ao discurso oficial entidades de represen- tação da sociedade civil (sindicatos, intelectuais, movimento estudantil etc.) viram a transferência como uma política que tinha por finalidade: • Dificultar as pressões exercidas pela sociedade civil sobre os poderes executivo e legislativo federal, pois a capital passa- ria a se localizar não mais na região de maior concentração populacional. Esse discurso se baseia ainda na crítica ao padrão arquite- tônico de Brasília que se baseia no controle e na vigilância siste- mática dos fluxos e da mobilidade de pessoas no seu espaço. Brasília: Um Espaço de Vigilância e Controle As Superintendências de Desenvolvimento Regional Ainda no governo JK foram criadas diversas superinten- dências federais cuja finalidade, no plano teórico, consistiria em promover a redução das disparidades regionais. A proposta consistia em de dotar essas superintendências com recursos da União com o propósito de promover o desenvolvimento das regiões brasileiras visando à descentralização das políticas de desenvolvimento e a desconcentração dos investimentos públi- cos federais. Nesse contexto que foram criadas as superinten- dências de desenvolvimento regional. A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE em 1959 e, as demais nos anos de chumbo do Governo Militar (SUDESUL, SUDECO e SUDAM). A trajetória das superintendências regionais, contudo, foi permeada por diversos escândalos de má utilização dos recursos públicos (fraudes, corrupção, apropriação indébita etc.) que as desviaram de seu projeto original. No caso específico do Nor- deste, a política clientelista dos “coronéis” ficou conhecida como indústria da seca. Geografia1