1. “Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
PROPOSTA
DO ESTADO DE SÃO PAULO
CURRICULAR
ENSINO FUNDAMENTAL – CICLO II E ENSINO MÉDIO
GEOGRAFIA
2. Coordenação do Desenvolvimento dos Educação Física: Adalberto dos Santos Souza,
Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches
Professores Neto, Mauro Betti, Sérgio Roberto Silveira
Ghisleine Trigo Silveira LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges,
Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini
COORDENAÇÃO DE ÁREA PARA O Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles
DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS Fidalgo
PROGRAMÁTICOS E DOS CADERNOS DOS Língua Portuguesa: Débora Mallet Pezarin de
PROFESSORES Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís
Ciências Humanas e suas Tecnologias: Angela Marques López Landeira e João Henrique Nogueira
Corrêa da Silva e Paulo Miceli Mateos
Ciências da Natureza e suas Tecnologias: Luis
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Carlos de Menezes Matemática
Governador
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: Alice Matemática: Carlos Eduardo de Souza Campos
José Serra Granja, José Luiz Pastore Mello, Nilson José
Vieira
Vice-Governador Matemática: Nilson José Machado Machado, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César
Pietropaolo e Walter Spinelli
Alberto Goldman
AUTORES
Secretária da Educação Ciências Humanas e suas Tecnologias Coordenação do Desenvolvimento do
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
Maria Helena Guimarães de Castro Caderno do Gestor
Filosofia: Adilton Luís Martins e Paulo Miceli
Guiomar Namo de Mello e Marta Wolak
Secretária-Adjunta Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu
Grosbaum
Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Célia Bega
Iara Gloria Areias Prado dos Santos, Regina Célia Corrêa de Araújo e Autores: Elianeth Dias Kanthack Hernandes,
Sérgio Adas Guiomar Namo de Mello, Maria Silvia Bonini
Chefe de Gabinete
História: Diego López Silva, Glaydson José da Tararam, Marta Wolak Grosbaum, Miriam Martins
Fernando Padula Silva, Mônica Lungov Bugelli, Paulo Miceli e Raquel Inácio e Terezinha Antonia Berti Tranchitella
dos Santos Funari
Coordenador de Estudos e Normas Colaboradores: Dalva de Oliveira S. da Costa,
Pedagógicas Ermelinda Maura Chezzi Dallan, José Alves da
Silva, Liara Ferraz Conte APS, Maria Alice Pereira e
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Ciências da Natureza e suas Tecnologias
José Carlos Neves Lopes Maura Silva Guedes
Biologia: Fabíola Bovo Mendonça, Ghisleine
Coordenador de Ensino da Região Trigo Silveira, Maria Augusta Querubim Rodrigues Preparação de originais: Tina Amado
Pereira, Olga Aguilar Santana, Rodrigo Venturoso
Metropolitana da Grande São Paulo Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo Consulta à rede sobre experiências exitosas:
Luiz Candido Rodrigues Maria Ciências: Cristina Leite, João Carlos Thomaz
Lourdes Athiê e Raquel B. Namo Cury
Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisboa,
Coordenadora de Ensino do Interior EQUIPE DE PRODUÇÃO
Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni
Aparecida Edna de Matos e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Coordenação Executiva: Beatriz Scavazza
Pereira, Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Renata Assessores: Alex Barros, Beatriz Blay, Denise
Presidente da Fundação para o Alves Ribeiro, Rosana dos Santos Jordão, Simone Blanes, Eliane Yambanis, Heloisa Amaral Dias de
Desenvolvimento da Educação – FDE Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume Oliveira, Luis Márcio Barbosa, Luiza Christov e
Fábio Bonini Simões de Lima Física: José Guilherme Brockington, Marcelo de Vanessa Dias Moretti
Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de
Oliveira, Maxwell Roger da Purificação Siqueira e
EQUIPE EDITORIAL
EXECUÇÃO Yassuko Hosoume
Coordenação Executiva: Angela Sprenger
Coordenação Geral Química: Fabio Luis de Souza, Hebe Ribeiro da
Cruz Peixoto, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Projeto Editorial: Zuleika de Felice Murrie
Maria Inês Fini
Eunice Ribeiro Marcondes, Maria Fernanda Edição e Produção Editorial: Edições Jogo de
Concepção
Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião Amarelinha, Conexão Editorial e Occy Design
Guiomar Namo de Mello (projeto gráfico)
Lino de Macedo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Luis Carlos de Menezes
Arte: Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque, CTP, Impressão e Acabamento
Maria Inês Fini
Mirian Celeste Ferreira Dias Martins e Sayonara Pereira Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Ruy Berger
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução deste material pelas
GESTÃO demais secretarias de educação, desde que mantida a integridade da obra e dos créditos.
Fundação Carlos Alberto Vanzolini
Presidente do Conselho Curador: Antonio Rafael
Namur Muscat
Presidente da Diretoria Executiva: Mauro Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Geografia /
Zilbovicius Coord. Maria Inês Fini. – São Paulo: SEE, 2008.
Diretor de Gestão de Tecnologias aplicadas à
Educação: Guilherme Ary Plonski ISBN 978-85-61400-07-1.
Coordenadoras Executivas de Projetos: Beatriz
Scavazza e Angela Sprenger 1. Geografia (Ensino Fundamental e Médio) – Estudo e ensino. I. Fini, Maria Inês. II. São Paulo
(Estado)
APOIO Secretaria da Educação.
CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas
Pedagógicas CDD 22ed. 910.7
FDE – Fundação para o Desenvolvimento da
Educação
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E ENSINO MÉDIO
DO ESTADO DE SÃO PAULO
ENSINO FUNDAMENTAL – CICLO II
GEOGRAFIA
PROPOSTA
CURRICULAR
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5. PROPOSTA
CURRICULAR
Carta da Secretária
Prezados gestores e professores,
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Neste ano, colocamos em prática uma nova Proposta Curricular, para aten-
der à necessidade de organização do ensino em todo o Estado.
A criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia às escolas
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para que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi um passo importante.
Ao longo do tempo, porém, essa tática descentralizada mostrou-se ineficiente.
Por esse motivo, propomos agora uma ação integrada e articulada, cujo
objetivo é organizar melhor o sistema educacional de São Paulo.
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Com esta nova Proposta Curricular, daremos também subsídios aos profis-
sionais que integram nossa rede para que se aprimorem cada vez mais.
Lembramos, ainda, que apesar de o currículo ter sido apresentado e discuti-
do em toda a rede, ele está em constante evolução e aperfeiçoamento.
Mais do que simples orientação, o que propomos, com a elaboração da
Proposta Curricular e de todo o material que a integra, é que nossa ação tenha
um foco definido.
Apostamos na qualidade da educação. Para isso, contamos com o entusiasmo
e a participação de todos.
Um grande abraço e bom trabalho.
Maria Helena Guimarães de Castro
Secretária da Educação do Estado de São Paulo
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7. PROPOSTA
CURRICULAR
Sumário
Apresentação 8
1. Uma educação à altura dos desafios contemporâneos 9
2. Princípios para um currículo comprometido com o seu tempo 12
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
I. Uma escola que também aprende 12
II. O currículo como espaço de cultura 12
III. As competências como referência 13
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IV. Prioridade para a competência da leitura e da escrita 16
V. Articulação das competências para aprender 18
VI. Articulação com o mundo do trabalho 20
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A área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 26
1. A presença das Ciências da Natureza na sociedade contemporânea 26
2. A aprendizagem na área das Ciências da Natureza na educação de base 27
A Matemática e as áreas do conhecimento 32
Por que uma área específica para a Matemática? 33
A área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 35
A área de Ciências Humanas e suas Tecnologias 38
Proposta Curricular do Estado de São Paulo
para a disciplina de Geografia 41
8. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo
Apresentação da Proposta Curricular do
Estado de São Paulo
A Secretaria de Educação do Estado de cesso, a Secretaria procura também cumprir
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
São Paulo está realizando um projeto que visa seu dever de garantir a todos uma base co-
propor um currículo para os níveis de ensino mum de conhecimentos e competências, para
Fundamental – Ciclo II e Médio. Com isso, que nossas escolas funcionem de fato como
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pretende apoiar o trabalho realizado nas es- uma rede. Com esse objetivo, prevê a elabora-
colas estaduais e contribuir para a melhoria ção dos subsídios indicados a seguir.
da qualidade das aprendizagens de seus alu-
nos. Esse processo partirá dos conhecimentos Este documento básico apresenta os prin-
e das experiências práticas já acumulados, ou cípios orientadores para uma escola capaz
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seja, da sistematização, revisão e recuperação de promover as competências indispensá-
de documentos, publicações e diagnósticos já veis ao enfrentamento dos desafios sociais,
existentes e do levantamento e análise dos re- culturais e profissionais do mundo contem-
sultados de projetos ou iniciativas realizados. porâneo. O documento aborda algumas
das principais características da sociedade
No intuito de fomentar o desenvolvi- do conhecimento e das pressões que a
mento curricular, a Secretaria toma assim duas contemporaneidade exerce sobre os jo-
iniciativas complementares. A primeira delas vens cidadãos, propondo princípios orien-
é realizar um amplo levantamento do acervo tadores para a prática educativa, a fim de
documental e técnico pedagógico existente. que as escolas possam se tornar aptas a
A segunda é iniciar um processo de consulta preparar seus alunos para esse novo tem-
a escolas e professores, para identificar, siste- po. Priorizando a competência de leitura e
matizar e divulgar boas práticas existentes nas escrita, esta proposta define a escola como
escolas de São Paulo. Articulando conheci- espaço de cultura e de articulação de com-
mento e herança pedagógicos com experiên- petências e conteúdos disciplinares.
cias escolares de sucesso, a Secretaria pretende
que esta iniciativa seja, mais do que uma nova Integra esta Proposta Curricular um segun-
declaração de intenções, o início de uma con- do documento, de Orientações para a Ges-
tínua produção e divulgação de subsídios que tão do Currículo na Escola, dirigido espe-
incidam diretamente na organização da escola cialmente às unidades escolares e aos diri-
como um todo e nas aulas. Ao iniciar este pro- gentes e gestores que as lideram e apóiam:
8
9. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação
diretores, assistentes técnico-pedagógicos, São os Cadernos do Professor, orga-
professores coordenadores e superviso- nizados por bimestre e por disciplina.
res. Esse segundo documento não trata Neles, são apresentadas situações de
da gestão curricular em geral, mas tem a aprendizagem para orientar o trabalho do
finalidade específica de apoiar o gestor professor no ensino dos conteúdos disci-
para que seja um líder e animador da im- plinares específicos. Esses conteúdos, ha-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
plementação desta Proposta Curricular nas bilidades e competências são organizados
escolas públicas estaduais de São Paulo. por série e acompanhados de orientações
para a gestão da sala de aula, para a
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Existe uma variedade de outros programas avaliação e a recuperação, bem como
e materiais disponíveis sobre o tema da de sugestões de métodos e estratégias
gestão, alguns dos quais descritos em ane- de trabalho nas aulas, experimentações,
xo, aos quais as equipes gestoras também projetos coletivos, atividades extraclasse
poderão recorrer para apoiar seu trabalho. e estudos interdisciplinares.
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O ponto mais importante desse segundo
documento é garantir que o Projeto Peda- 1. Uma educação à altura dos
gógico, que organiza o trabalho nas con- desafios contemporâneos
dições singulares de cada escola, seja um
recurso efetivo e dinâmico para assegurar A sociedade do século XXI é cada vez
aos alunos a aprendizagem dos conteúdos mais caracterizada pelo uso intensivo do co-
e a constituição das competências previstas nhecimento, seja para trabalhar, conviver ou
nesta Proposta Curricular. O segundo docu- exercer a cidadania, seja para cuidar do am-
mento, Orientações para a Gestão do Cur- biente em que se vive. Essa sociedade, pro-
rículo, propõe que a aprendizagem resulte duto da revolução tecnológica que se acele-
também da coordenação de ações entre as rou na segunda metade do século passado e
disciplinas, do estímulo à vida cultural da dos processos políticos que redesenharam as
escola e do fortalecimento de suas relações relações mundiais, já está gerando um novo
com a comunidade. Para isso, reforça e pro- tipo de desigualdade, ou exclusão, ligada ao
põe orientações e estratégias para a educa- uso das tecnologias de comunicação que hoje
ção continuada dos professores. mediam o acesso ao conhecimento e aos bens
culturais. Na sociedade de hoje, são indesejá-
A Proposta Curricular se completará veis tanto a exclusão pela falta de acesso a
com um conjunto de documentos diri- bens materiais quanto a exclusão pela falta de
gidos especialmente aos professores. acesso ao conhecimento e aos bens culturais.
9
10. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo
No Brasil essa tendência caminha pa- Outro fenômeno relevante diz respei-
ralelamente à democratização do acesso a to à precocidade da adolescência, ao mes-
níveis educacionais além do ensino obriga- mo tempo em que o ingresso no trabalho
tório. Com mais gente estudando, a posse se torna cada vez mais tardio. Tais fenô-
de um diploma de nível superior deixa de menos ampliam o tempo e a importância
ser um diferencial suficiente, e característi- da permanência na escola, tornando-a um
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
cas cognitivas e afetivas são cada vez mais lugar privilegiado para o desenvolvimento
valorizadas, como as capacidades de resol- do pensamento autônomo, que é condição
ver problemas, trabalhar em grupo, conti- para uma cidadania responsável. Ser estu-
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nuar aprendendo e agir de modo coope- dante, nesse mundo que expõe o jovem
rativo, pertinente em situações complexas. desde muito cedo às práticas da vida adulta
Em um mundo no qual o conhecimento – e, ao mesmo tempo, posterga a sua in-
é usado de forma intensiva, o diferencial serção profissional –, é fazer da experiência
será marcado pela qualidade da educação escolar uma oportunidade para aprender a
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recebida. A qualidade do convívio, assim ser livre e ao mesmo tempo respeitar as di-
como dos conhecimentos e das compe- ferenças e as regras de convivência. Hoje,
tências constituídas na vida escolar, será mais do que nunca, aprender na escola é o
o fator determinante para a participação “ofício de aluno”, a partir do qual ele vai
do indivíduo em seu próprio grupo social e fazer o trânsito para a autonomia da vida
para que tome parte de processos de críti- adulta e profissional.
ca e renovação.
Para que a democratização do acesso à
Nesse quadro ganha importância re- educação tenha uma função realmente inclu-
dobrada a qualidade da educação ofere- siva não é suficiente universalizar a escola. É
cida nas escolas públicas, pois é para elas indispensável a universalização da relevância
que estão acorrendo, em número cada vez da aprendizagem. Criamos uma civilização
mais expressivo, as camadas mais pobres da que reduz distâncias, que tem instrumentos
sociedade brasileira, que antes não tinham capazes de aproximar as pessoas ou de distan-
acesso à escola. A relevância e a pertinên- ciá-las, que aumenta o acesso à informação e
cia das aprendizagens escolares nessas ins- ao conhecimento, mas que também acentua
tituições são decisivas para que o acesso a diferenças culturais, sociais e econômicas. Só
elas proporcione uma oportunidade real de uma educação de qualidade para todos pode
aprendizagem para inserção no mundo de evitar que essas diferenças constituam mais
modo produtivo e solidário. um fator de exclusão.
10
11. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação
O desenvolvimento pessoal é um pro- Construir identidade, agir com autono-
cesso de aprimoramento das capacidades mia e em relação com o outro, e incorporar a
de agir, pensar, atuar sobre o mundo e lidar diversidade são as bases para a construção de
com a influência do mundo sobre cada um, valores de pertencimento e responsabilidade,
bem como atribuir significados e ser perce- essenciais para a inserção cidadã nas dimen-
bido e significado pelos outros, apreender sões sociais e produtivas. Preparar indivíduos
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
a diversidade e ser compreendido por ela, para manter o equilíbrio da produção cultural,
situar-se e pertencer. A educação precisa num tempo em que a duração se caracteriza
estar a serviço desse desenvolvimento, que não pela permanência, mas pela constante
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coincide com a construção da identidade, mudança – quando o inusitado, o incerto e o
da autonomia e da liberdade. Não há liber- urgente constituem a regra e não a exceção –,
dade sem possibilidade de escolhas. Elas é mais um desafio contemporâneo para a
pressupõem um quadro de referências, um educação escolar.
repertório que só pode ser garantido se
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houver acesso a um amplo conhecimento, Outro elemento relevante hoje para
dado por uma educação geral, articulado- pensarmos o conteúdo e o sentido da escola
ra, que transite entre o local e o mundial. é a complexidade da ambiência cultural, das
Esse tipo de educação constrói, de forma dimensões sociais, econômicas e políticas,
cooperativa e solidária, uma síntese dos a presença maciça de produtos científicos e
saberes produzidos pela humanidade, ao tecnológicos e a multiplicidade de linguagens
longo de sua história e de sua geografia, e códigos no cotidiano. Apropriar-se ou não
e dos saberes locais. Tal síntese é uma das desses conhecimentos pode ser um instru-
condições para o individúo acessar o co- mento da ampliação das liberdades ou mais
nhecimento necessário ao exercício da ci- um fator de exclusão.
dadania em dimensão mundial.
O currículo que dá conteúdo e sentido à
A autonomia para gerenciar a pró- escola precisa levar em conta esses elementos.
pria aprendizagem (aprender a aprender) e Por isso, esta Proposta Curricular tem como
o resultado dela em intervenções solidárias princípios centrais: a escola que aprende, o
(aprender a fazer e a conviver) deve ser a currículo como espaço de cultura, as compe-
base da educação das crianças, dos jovens tências como eixo de aprendizagem, a priori-
e dos adultos, que têm em suas mãos a dade da competência de leitura e de escrita, a
continuidade da produção cultural e das articulação das competências para aprender e
práticas sociais. a contextualização no mundo do trabalho.
11
12. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo
2. Princípios para um currículo diferente. Esse é o ponto de partida para o tra-
comprometido com o seu tempo balho colaborativo, para a formação de uma
“comunidade aprendente”, nova terminologia
para um dos mais antigos ideais educativos. A
I. Uma escola que também aprende
vantagem é que hoje a tecnologia facilita a via-
A tecnologia imprime um ritmo sem bilização prática desse ideal.
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
precedentes no acúmulo de conhecimentos
e gera uma transformação profunda na sua Ações como a construção coletiva da
estrutura e nas suas formas de organização e Proposta Pedagógica, por meio da reflexão e
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
distribuição. Nesse contexto, a capacidade de da prática compartilhadas, e o uso intencio-
aprender terá de ser trabalhada não apenas nal da convivência como situação de apren-
nos alunos, mas na própria escola, enquan- dizagem fazem parte da constituição de uma
to instituição educativa: tanto as instituições escola à altura dos tempos atuais. Observar
como os docentes terão de aprender. que as regras da boa pedagogia também se
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aplicam àqueles que estão aprendendo a en-
Isso muda radicalmente nossa concep- sinar é uma das chaves para o sucesso das
ção da escola como instituição que ensina lideranças escolares. Os gestores, como agen-
para posicioná-la como instituição que tam- tes formadores, devem aplicar com os profes-
bém aprende a ensinar. As interações en- sores tudo aquilo que recomendam a eles que
tre os responsáveis pela aprendizagem dos apliquem com seus alunos.
alunos têm caráter de ações formadoras,
mesmo que os envolvidos não se dêem conta
II. O currículo como espaço de cultura
disso. Neste sentido, cabe lembrar a respon-
sabilidade da equipe gestora como formado- No cotidiano escolar, a cultura é muitas
ra de professores e a responsabilidade dos vezes associada ao que é local, pitoresco, fol-
docentes, entre si e com o grupo gestor, na clórico, bem como ao divertimento ou lazer,
problematização e na significação dos co- enquanto o conhecimento é freqüentemente
nhecimentos sobre sua prática. associado a um inalcançável saber. Essa dico-
tomia não cabe em nossos tempos: a infor-
De acordo com essa concepção, a esco- mação está disponível a qualquer instante,
la que aprende parte do princípio de que nin- em tempo real, ao toque de um dedo, e o co-
guém conhece tudo e de que o conhecimento nhecimento constitui-se como uma ferramen-
coletivo é maior que a soma dos conhecimen- ta para articular teoria e prática, o mundial e
tos individuais, além de ser qualitativamente o local, o abstrato e seu contexto físico.
12
13. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação
Currículo é a expressão de tudo o que tural, o currículo é a referência para ampliar,
existe na cultura científica, artística e huma- localizar e contextualizar os conhecimentos
nista, transposto para uma situação de apren- que a humanidade acumulou ao longo do
dizagem e ensino. Precisamos entender que tempo. Então, o fato de uma informação ou
as atividades extraclasse não são “extracurri- um conhecimento ser de outro lugar, ou de
culares” quando se deseja articular a cultura todos os lugares na grande rede de informa-
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
e o conhecimento. Neste sentido todas as ção, não será obstáculo à prática cultural re-
atividades da escola são curriculares, ou não sultante da mobilização desse conhecimento
serão justificáveis no contexto escolar. Se não nas ciências, nas artes e nas humanidades.
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
rompermos essa dissociação entre cultura e
conhecimento não conseguiremos conectar
III. As competências como referência
o currículo à vida – e seguiremos alojando
na escola uma miríade de atividades “cultu- Um currículo que promove competên-
rais” que mais dispersam e confundem do cias tem o compromisso de articular as dis-
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que promovem aprendizagens curriculares ciplinas e as atividades escolares com aquilo
relevantes para os alunos. que se espera que os alunos aprendam ao
longo dos anos. Logo, a atuação do professor,
O conhecimento tomado como ins- os conteúdos, as metodologias disciplinares e
trumento, mobilizado em competências, a aprendizagem requerida dos alunos são as-
reforça o sentido cultural da aprendizagem. pectos indissociáveis: compõem um sistema ou
Tomado como valor de conteúdo lúdico, de rede cujas partes têm características e funções
caráter ético ou de fruição estética, numa es- específicas que se complementam para formar
cola com vida cultural ativa, o conhecimento um todo, sempre maior do que elas. Maior
torna-se um prazer que pode ser aprendido, porque se compromete em formar crianças e
ao se aprender a aprender. Nessa escola, o jovens para que se tornem adultos preparados
professor não se limita a suprir o aluno de para exercer suas responsabilidades (trabalho,
saberes, mas é o parceiro de fazeres cultu- família, autonomia etc.) e para atuar em uma
rais, aquele que promove de muitas formas o sociedade que muito precisa deles.
desejo de aprender, sobretudo com o exem-
plo de seu próprio entusiasmo pela cultura Um currículo referido a competências
humanista, científica, artística e literária. supõe que se aceite o desafio de promover os
conhecimentos próprios de cada disciplina ar-
Quando o projeto pedagógico da escola ticuladamente às competências e habilidades
tem entre suas prioridades essa cidadania cul- do aluno. É com essas competências e habi-
13
14. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo
lidades que ele contará para fazer sua leitura petências em adolescentes, bem como ins-
crítica do mundo, para compreendê-lo e pro- tigar desdobramentos para a vida adulta.
por explicações, para defender suas idéias e
compartilhar novas e melhores formas de ser, Paralelamente a essa conduta, é preciso
na complexidade em que hoje isso é reque- considerar quem são esses alunos. Ter entre 11
rido. É com elas que, em síntese, ele poderá e 18 anos significa estar em uma fase peculiar
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
enfrentar problemas e agir de modo coerente da vida, localizada entre a infância e a idade
em favor das múltiplas possibilidades de solu- adulta. Neste sentido, o jovem é aquele que
ção ou gestão. deixou de ser criança e se prepara para tornar-
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se adulto. Trata-se de um momento complexo e
Tais competências e habilidades podem contraditório, que deve orientar nossa propos-
ser consideradas em uma perspectiva geral, ta sobre o papel da escola nessa fase de vida.
isto é, no que têm de comum com as discipli-
nas e tarefas escolares, ou então no que têm Nessa etapa curricular, a tríade sobre a
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de específico. Competências, neste sentido, qual competências e habilidades são desen-
caracterizam modos de ser, raciocinar e inte- volvidas pode ser assim caracterizada: a) o
ragir que podem ser depreendidos das ações adolescente e as características de suas ações
e das tomadas de decisão em contextos de e pensamentos; b) o professor, suas caracte-
problemas, tarefas ou atividades. Graças a rísticas pessoais e profissionais e a qualidade
elas podemos inferir se a escola como insti- de suas mediações; e c) os conteúdos das dis-
tuição está cumprindo bem o papel que se ciplinas e as metodologias para seu ensino e
espera dela no mundo de hoje. aprendizagem.
Os alunos considerados nesta pro- Houve um tempo em que a educação
posta têm, de modo geral, de 11 a 18 anos escolar era referenciada no ensino – o plano
de idade. Valorizar o desenvolvimento de de trabalho da escola indicava o que seria
competências nesta fase da vida implica ensinado ao aluno. Essa foi uma das razões
em ponderar, além de aspectos curricula- pelas quais o currículo escolar foi confundi-
res e docentes, os recursos cognitivos, afe- do com um rol de conteúdos disciplinares. A
tivos e sociais de que os alunos dispõem. Lei de Diretrizes e Bases – LDB (lei 9394/1996)
Implica, pois, em analisar como o professor deslocou o foco do ensino para o da apren-
mobiliza conteúdos, metodologias e sabe- dizagem, e não é por acaso que sua filosofia
res próprios de sua disciplina ou área de não é mais a da liberdade de ensino, mas a do
conhecimento, visando desenvolver com- direito de aprender.
14
15. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação
O conceito de competências também oportunidades, diversidade de tratamento e
é fundamental na LDB e nas Diretrizes e Pa- unidade de resultados. Quando os pontos
râmetros Curriculares Nacionais, elaboradas de partida são diferentes, é preciso tratar
pelo Conselho Nacional de Educação e pelo diferentemente os desiguais para garantir a
Ministério da Educação. O currículo referen- todos uma base comum.
ciado em competências é uma concepção
“Matéria licenciada exclusivamente à Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
que requer que a escola e o plano do profes- Pensar o currículo no tempo atual é
sor indiquem o que aluno vai aprender. viver uma transição, na qual, como em toda
transição, traços do velho e do novo se mes-
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
Uma das razões para se optar por clam nas práticas cotidianas. É comum que o
uma educação centrada em competências professor, quando formula o seu plano de tra-
diz respeito à democratização da escola. No balho, indique o que vai ensinar e não o que
momento em que se conclui o processo de o aluno vai aprender. E é compreensível nesse
universalização do Ensino Fundamental e se caso que, ao final do ano, tendo cumprido
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incorpora toda a heterogeneidade que ca- seu plano, ele afirme, diante do fracasso do
racteriza o povo brasileiro, a escola, para ser aluno, que fez sua parte, ensinando, e que foi
democrática, tem de ser igualmente acessível o aluno que não aprendeu.
a todos, diversa no tratamento de cada um e
unitária nos resultados. A transição da cultura do ensino
para a da aprendizagem não é individual.
Dificilmente essa unidade seria obtida A escola deve fazê-la coletivamente, ten-
com ênfase no ensino, porque é quase im- do à frente seus gestores para capacitar os
possível, em um país como o Brasil, estabe- professores em seu dia-a-dia, a fim de que
lecer o que deve ser ensinado a todos, sem todos se apropriem dessa mudança de foco.
exceção. Por isso optou-se por construir a Cabe às instâncias condutoras da política
unidade com ênfase no que é indispensável educacional nos estados e nos municípios ela-
que todos tenham aprendido ao final do pro- borar, a partir das Diretrizes e dos Parâmetros
cesso, considerando a diversidade. Todos têm Nacionais, Propostas Curriculares próprias e
direito de construir, ao longo de sua escolari- específicas, prover os recursos humanos, téc-
dade, um conjunto básico de competências, nicos e didáticos para que as escolas, em seu
definido pela lei. Este é o direito básico, mas projeto pedagógico, estabeleçam os planos
a escola deverá ser tão diversa quanto são os de trabalho que, por sua vez, farão das pro-
pontos de partida das crianças que recebe. postas currículos em ação – como no presente
Assim, será possível garantir igualdade de esforço desta Secretaria.
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16. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo
IV. Prioridade para a competência da terário, histórico e social, seja científico e
leitura e da escrita
tecnológico. Em cada uma dessas áreas, as
A humanidade criou a palavra, que é linguagens são essenciais.
constitutiva do humano, seu traço distin-
tivo. O ser humano constitui-se assim um As linguagens são sistemas simbólicos,
ser de linguagem e disso decorre todo o com os quais recortamos e representamos o
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restante, tudo o que transformou a huma- que está em nosso exterior, em nosso inte-
nidade naquilo que é. Ao associar palavras rior e na relação entre esses âmbitos; é com
e sinais, criando a escrita, o homem cons- eles também que nos comunicamos com os
É estritamente vedada sua reprodução parcial e/ou integral por terceiros”
truiu um instrumental que ampliou expo- nossos iguais e expressamos nossa articulação
nencialmente sua capacidade de comuni- com o mundo.
car-se, incluindo pessoas que estão longe
no tempo e no espaço. Em nossa sociedade, as linguagens e os
códigos se multiplicam: os meios de comuni-
para uso no site do programa ‘São Paulo faz escola’.
Representar, comunicar e expressar são cação estão repletos de gráficos, esquemas,
atividades de construção de significado rela- diagramas, infográficos, fotografias e dese-
cionadas a vivências que se incorporam ao nhos. O design diferencia produtos equivalen-
repertório de saberes de cada indivíduo. Os tes quanto ao desempenho ou à qualidade.
sentidos são construídos na relação entre a A publicidade circunda nossas vidas, exigindo
linguagem e o universo natural e cultural em permanentes tomadas de decisão e fazendo
que nos situamos. E é na adolescência, como uso de linguagens sedutoras e até enigmáti-
vimos, que a linguagem adquire essa qualida- cas. Códigos sonoros e visuais estabelecem a
de de instrumento para compreender e agir comunicação nos diferentes espaços. As ci-
sobre o mundo real. ências construíram suas próprias linguagens,
plenas de símbolos e códigos. A produção
A ampliação das capacidades de re- de bens e serviços foi em grande parte au-
presentação, comunicação e expressão está tomatizada e cabe a nós programar as má-
articulada ao domínio não apenas da língua quinas, utilizando linguagens específicas. As
mas de todas as outras linguagens e, princi- manifestações artísticas e de entretenimento
palmente, ao repertório cultural de cada in- utilizam, cada vez mais, diversas linguagens
divíduo e de seu grupo social, que a elas dá que se articulam.
sentido. A escola é o espaço em que ocorre
a transmissão, entre as gerações, do ativo Para acompanhar tal contexto, a com-
cultural da humanidade, seja artístico e li- petência de leitura e de escrita contemplada
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17. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação
nesta proposta vai além da linguagem ver- A linguagem não é apenas uma forma
bal, vernácula – ainda que esta tenha papel de representação, como expressam, por seus
fundamental – e refere-se a sistemas simbó- limites, as crianças. Mais do que isso, ela é
licos como os citados, pois essas múltiplas uma forma de compreensão e ação sobre o
linguagens estão presentes no mundo con- mundo. É isso o que os adolescentes, com to-
temporâneo, na vida cultural e política, bem dos os seus exageros, manifestam. Graças à
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como nas designações e nos conceitos cien- linguagem, o pensamento pode se tornar an-
tíficos e tecnológicos usados atualmente. A tecipatório em sua manifestação mais comple-
constituição dessa competência tem como ta: é possível calcular as conseqüências de uma
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base o desenvolvimento do pensamento ação sem precisar realizá-la. Pode-se ainda fa-
antecipatório, combinatório e probabilístico zer combinações e analisar hipóteses sem pre-
que permite estabelecer hipóteses, algo que cisar conferi-las de antemão, na prática, pois
caracteriza o período da adolescência. algumas de suas conseqüências podem ser
deduzidas apenas pelo âmbito da linguagem.
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A prioridade das linguagens no currí- Pode-se estabelecer relações de relações, isto
culo da educação básica tem como funda- é, imaginar um objeto e agir sobre ele, deci-
mento a centralidade da linguagem no de- dindo se vale a pena ou não interagir com ele
senvolvimento da criança e do adolescente. em outro plano. Em outras palavras, graças à
Nas crianças a linguagem, em suas diversas linguagem, agora constituída como forma de
expressões, é apenas um recurso simbólico, pensar e agir, o adolescente pode raciocinar
ou seja, permite representar ou comunicar em um contexto de proposições ou possibili-
conteúdos cujas formas, elas mesmas, não dades, pode ter um pensamento combinató-
podem ser estruturadas como linguagem. rio, pode aprender as disciplinas escolares em
Nessa fase, tais formas são as próprias ações sua versão mais exigente, pode refletir sobre
e os pensamentos, organizados como es- os valores e fundamentos das coisas.
quemas de procedimentos, representações e
compreensões. Ou seja, as crianças realizam Do ponto de vista social e afetivo, a
e compreendem ao falar, pensar ou sentir, centralidade da linguagem nos processos de
mas não sabem ainda tratar o próprio agir, desenvolvimento possibilita ao adolescente
pensar ou sentir como uma forma de lingua- aprender, pouco a pouco, a considerar suas
gem. É só na adolescência que isso se tor- escolhas em uma escala de valores. Viabiliza-
nará possível e transformará o ser humano lhe aprender a enfrentar as conseqüências
em um ser de linguagem, em sua expressão das próprias ações, a propor e alterar contra-
mais radical. tos, a respeitar e criticar normas, a formular
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18. Apresentação Proposta Curricular do Estado de São Paulo
seu próprio projeto de vida e a tecer seus so- Por fim, é importante destacar que o
nhos de transformação do mundo. domínio das linguagens representa um pri-
mordial elemento para a conquista da au-
É, portanto, em virtude da centralidade tonomia, sendo a chave para o acesso a in-
da linguagem no desenvolvimento da criança formações e permitindo a comunicação de
e do adolescente que esta Proposta Curricular idéias, a expressão de sentimentos e o diálo-
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prioriza a competência leitora e escritora. go, necessários à negociação dos significados
Só por meio dela será possível concretizar a e à aprendizagem continuada.
constituição das demais competências, tanto
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as gerais como aquelas associadas a discipli-
V. Articulação das competências para
nas ou temas específicos. Para desenvolvê-la aprender
é indispensável que seja objetivo de aprendi-
zagem de todas as disciplinas do currículo, ao A aprendizagem é o centro da atividade
longo de toda a escolaridade básica. escolar. Por extensão, o professor caracteriza-se
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como um profissional da aprendizagem e não
Por esse caráter essencial da competên- tanto do ensino. Isto é, ele apresenta e explica
cia de leitura e escrita para a aprendizagem conteúdos, organiza situações para a aprendi-
dos conteúdos curriculares de todas as áreas e zagem de conceitos, métodos, formas de agir
disciplinas, a responsabilidade por sua aprendi- e pensar, em suma, promove conhecimentos
zagem e avaliação cabe a todos os professores, que possam ser mobilizados em competências
que devem transformar seu trabalho em opor- e habilidades, as quais, por sua vez, instrumen-
tunidades nas quais os alunos possam aprender talizam os alunos para enfrentar os proble-
e consolidar o uso da Língua Portuguesa e das mas do mundo real. Dessa forma, a expressão
outras linguagens e códigos que fazem parte “educar para a vida” pode ganhar seu sentido
da cultura, bem como das formas de comuni- mais nobre e verdadeiro na prática do ensino.
cação em cada uma delas. Tal radicalismo na Se a educação básica é para a vida, a quanti-
centralidade da competência leitora e escritora dade e a qualidade do conhecimento têm de
leva a colocá-la como objetivo de todas as séries ser determinadas por sua relevância para a vida
e todas as disciplinas. Desta forma, coloca aos de hoje e do futuro, além dos limites da escola.
gestores (a quem cabe a educação continuada Portanto, mais que os conteúdos isolados, as
dos professores na escola) a necessidade de criar competências são guias eficazes para educar
oportunidades para que os docentes também para a vida. As competências são mais gerais
desenvolvam essa competência – por cuja cons- e constantes, e os conteúdos, mais específi-
tituição, nos alunos, são responsáveis. cos e variáveis. É exatamente a possibilidade
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19. Proposta Curricular do Estado de São Paulo Apresentação
de variar os conteúdos no tempo e no espaço trará novas ênfases e necessidades, que preci-
que legitima a iniciativa dos diferentes sistemas sarão ser continuamente supridas. Preparar-se
públicos de ensino para selecionar, organizar para acompanhar esse movimento torna-se o
e ordenar os saberes disciplinares que servirão grande desafio das novas gerações.
como base para a constituição de competên-
cias, cuja referência são as diretrizes e orienta- Esta Proposta Curricular adota, como
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ções nacionais, de um lado, e as demandas do competências para aprender, aquelas que
mundo contemporâneo, de outro. foram formuladas no referencial teórico do
Enem – Exame Nacional do Ensino Médio.
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As novas tecnologias da informação Entendidas como desdobramentos da com-
produziram uma mudança na produção, na petência leitora e escritora, para cada uma
organização, no acesso e na disseminação do das cinco competências do Enem transcritas a
conhecimento. A escola hoje já não é mais a seguir, apresenta-se a articulação com a com-
única detentora da informação e do conhe- petência de ler e escrever.
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cimento, mas cabe a ela preparar seu aluno
para viver em uma sociedade em que a infor- I. “Dominar a norma culta da Língua Portu-
mação é disseminada em grande velocidade. guesa e fazer uso das linguagens matemá-
tica, artística e científica.” A constituição da
Vale insistir que essa preparação não competência de leitura e escrita é também o
exige maior quantidade de ensino e sim me- domínio das normas e dos códigos que tor-
lhor qualidade de aprendizagem. É preci- nam as linguagens instrumentos eficientes
so deixar claro que isso não significa que os de registro e expressão, que podem ser com-
conteúdos do ensino não sejam importantes; partilhados. Ler e escrever, hoje, são compe-
ao contrário, são tão importantes que a eles tências fundamentais a qualquer disciplina
está dedicado este trabalho de elaboração da ou profissão. Ler, entre outras coisas, é in-
Proposta Curricular do ensino oficial do Esta- terpretar (atribuir sentido ou significado), e
do de São Paulo. São tão decisivos que é in- escrever, igualmente, é assumir uma autoria
dispensável aprender a continuar aprendendo individual ou coletiva (tornar-se responsável
os conteúdos escolares, mesmo fora da esco- por uma ação e suas conseqüências).
la ou depois dela. Continuar aprendendo é a
mais vital das competências que a educação II. “Construir e aplicar conceitos das várias áreas
deste século precisa desenvolver. Não só os do conhecimento para a compreensão de
conhecimentos com os quais a escola traba- fenômenos naturais, de processos histórico-
lha podem mudar, como a vida de cada um geográficos, da produção tecnológica e das
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