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Apresentação
A Organização Não Governamental HOC TEMPORE surgiu no final do
ano de 2004, tendo seu registro definitivo em 09.03.2005.
Representa o pensamento coletivo de um grupo de pessoas
interessadas em fortalecer o terceiro setor no Brasil, atuando em áreas como
interesses difusos, mídia alternativa e desenvolvimento com sustentabilidade.
O nome quer dizer Por Todo o Tempo.
O quadro de associados e colaboradores é composto de acadêmicos,
profissionais e lutadores populares de vários campos do saber.
Nossa estratégia para mudança a um mundo melhor passa por incidir na
realidade social, formulando ações por meio de políticas públicas e projetos
técnicos.
Projeto Mediação
Viver, no mundo de hoje, não é uma tarefa fácil. Num primeiro olhar,
viver apresenta-se como uma difícil missão. Viver em sociedade significa viver
em comunidade. Viver em comunidade acima de tudo é viver em família, nesta
onde a vida procura deitar as suas raízes, estreitar laços. Em todos estes
lugares o viver se desfaz e se refaz.
Nas relações entre Pais e filhos, amigos, vizinhos, ou apenas pessoas
que vivem em uma mesma comunidade, muitas vezes ocorre que essas
relações perdem a harmonia que as constituía, perdem os laços que as unia,
devido, por exemplo, a uma palavra desagradável referida a alguém,
igualmente, em desentendimentos surgidos no seio familiar resultantes de um
simples mal entendido e, muitas outras circunstâncias bem conhecidas de
vocês. Todas essas situações, sabemos, são capazes de por fim ao diálogo
entre as pessoas.
E no sentido de restabelecer esse diálogo a partir da superação do
conflito pela sua própria mediação, visamos contribuir para o fortalecimento da
harmonia no interior da comunidade, através do cultivo do diálogo franco que é
o que pode fortalecer uma boa relação!
Através de uma iniciativa da Associação Civil Hoctempore, juntamente
em parceria com a UFPel, mediante apoio do Ministério da Justiça, Secretaria
da Reforma do Judiciário e Projeto Pacificar surgiu na cidade de Pelotas o
Núcleo de Mediação.
Núcleo de Mediação
Os Núcleos de Mediação ou Postos de cidadania são unidades básicas
onde os cidadãos encontrarão serviços para exercício da justiça e informações
diversas de direito e cidadania. O Núcleo tem o intuito de disponibilizar justiça e
acesso à cidadania de forma gratuita.
O posto de cidadania central, Núcleo de Mediação, está localizado no
Bairro São Gonçalo (Balsa), no campus Porto da UFPel.
O Núcleo de Mediação oferecerá os seguintes serviços:
Serviço “Meu Lar”
Após a realização de um estudo prévio nas regiões onde poderão ser
instalados os Postos de Cidadania, este serviço buscará fornecer informações
específicas de regularização fundiária aos interessados no tema, bem como
estabelecer um link direto para a realização de debates entre a comunidade e
Administração Pública.
Serviço de mediação de conflitos do “Projeto Mediação” (SIM, sistema de
informação e mediação)
Este serviço é o de mediação de conflitos. Ele deve ser utilizado, sem
custo nenhum para o cidadão, em substituição ao judiciário. Com a ajuda deste
serviço as pessoas resolvem seus problemas, sem ter que recorrer ao poder
judiciário, sem os custos de advogados e processo: as pessoas envolvidas no
problema, com a orientação de um mediador comunitário capacitado,
elaborarão um acordo. O Sistema de informação e mediação prestará
informações de cada mediação unicamente aos interessados.
Serviço “Sementes da Paz”
Este serviço possui como objetivo, o de constituir uma Unidade voltada
para disseminação da cultura da paz, visando com publico alvo, os jovens e as
crianças. O presente módulo contará com palestras, teatro de fantoches,
recreações e oficinas voltadas para o ensino da cidadania como forma de
prevenção da violência, voltada para crianças e adolescentes. Pode ser
requisitado pelas escolas ou qualquer associação civil.
Serviço “Vizinhança Cidadã”
Minicursos ministrados por mediadores já capacitados para multiplicação
da cidadania. Temas: mediação e justiça comunitária, direitos humanos, temas
do direito, meio ambiente, gênero, segurança pública, cidadania, entre outros.
Pode ser requisitada por escolas, universidades, qualquer associação civil e
demais interessados. O objetivo desta unidade é orientar pedagogicamente a
organização política das comunidades e dos cidadãos para que todos tenham
conhecimento das formas de como exigir os direitos básicos que o Estado
assegura.
Serviço “Sujeito Legal”
Unidade cadastral que prestará serviços de assessoria jurídica,
encaminhamentos ao cartório judicial (inventários e separações), ações de
direitos difusos (serviço de assessoria jurídica popular) e documentações.
Capacitação
A capacitação é um eixo do projeto e da associação. Cursos, palestras,
capacitações e treinamento são ministrados em diversas áreas: direito
ambiental, gênero, comunicação, consumidor, segurança e cidadania,
mediação, entre outros. A importância desta atividade se revela na
multiplicação do acesso à informação e sua conseqüente constribuição para a
cidadania: a formação de indivíduos conscientes do locus social que ocupam e
da relevância de sua presença e ação frente a comunidade.
Endereço Eletrônico
http://www.hoctempore.org.br/
Projeto mediação
Equipe de mediadores:
Aisllan Souza
Claudia Schuster
Gitana Nebel
Jaqueline Machado
Jonas Machado
Mara Beatriz Gomes
Ricardo Fournier
Roberto Silveira
Sergio Madeira
Sergio Renato Martins
Responsáveis:
Marcelo Bezerra- coordenador acadêmico
Pablo Lisboa- Coordenador geral
Ricardo Fournier- coordenador técnico
Jaqueline Machado da Silva- coordenadora
técnica adjunta
Índice
Capacitação em Cidadania e Segurança nas Relações Sociais
Introdução
Objetivo
Justificativa
Fundamentação
O Diálogo
O Conflito
Relacionamento Construtivo e Linguagem Positiva
Mediação como método do estabelecimento do diálogo para qualquer relação
Introdução
Frente ao distúrbio das relações sociais, refletido nos altos índices de
violência, afogamento do judiciário, separações, brigas, distânciamento entre
pessoas da mesma comunidade, vizinhos, desconhecimento de cidadania, fica
claro que agentes sociais esqueceram-se de como dialogar. O diálogo não é
eficaz ou se quer existe, ele que é o Principal agente de segurança nas boas
relações sociais.
Na tentativa de reestabelecer o diálogo como uma prática de cidadania,
a mediação surge como um instrumento pedagógico de educação e
reeducação das falas humanas. Estas falas ocorrerão, de acordo com o
método da mediação, para os relacionamentos sociais tornarem-se alvo da
prática de alteridade, o que as transformará em diálogos. Estes diálogos por
sua vez agirão no seio das relações sociais multiplicando as boas condutas e
ações para postura uma cidadã.
Para que esta prática seja de conhecimento daqueles que se relacionam
socialmente, ou seja, todos nós, é necessário um plano de multiplicação de
conhecimento destes saberes.
Assim colocamos a capacitação em cidadania e segurança nas relações
sociais como um instrumento de agilidade no acesso à estas informações, e
todos que detiverem acesso às informações estarão aptos a multiplicar esta
prática de cidadania no seu dia-a-dia.
Objetivo
Transmitir os princípios básicos e prática do relacionamento construtivo
e linguagem positiva de abordagem para aplicação do instrumento de
diagnóstico na SG3.6, micro-regiões da Balsa.
Justificativa
Esta capacitação tem como proposta transformar a aplicação do
diagnóstico em um contato mais sensível com a comunidade. Para isso,
utilizar-se-á de linguagem idêntica a da mediação comunitária.
A incorporação de tal linguagem pelos relacionamentos sociais e institucionais
leva os agentes das diversas realidades a estabelecerem diálogos.
Fundamentação
À compreensão de mediação como conceito latu sensu, é necessário
que se assuma que a linguagem utilizada na mediação possa ser utilizada para
qualquer forma de relação e contato social.Assim colocamos a mediação como
uma abordagem pacífica diante da aplicação do diagnóstico a ser realizado no
entorno do Campus Porto da UFPel.
À capacidade de reagir e interagir de forma a encarar as relações sociais
de forma positiva e construtiva (relacionamento construtivo e linguagem
positiva) daremos o nome de mediação. Pois estes dois princípios da
comunicação são instrumentos da conduta que constrói um elo de
compreensão para as diferentes realidades (GADAMER, 1960).
Logo levaremos os princípios da mediação para as relações quotidianas, como
uma forma de atitude chamada de pacífica. Esta é uma tentativa de um método
hermenêutico para compreensão dos comportamentos sociais afim de não
gerar o conflito negativo. Esta metodologia propõe uma hermenêutica baseada
no diálogo.
Para compreender a necessidade do relacionamento construtivo e da
linguagem positiva é importante conhecer:
1.A importância do diálogo nos relacionamentos sociais (diálogo é um
canal de expressão);
2.O conflito;
3. A necessidade do relacionamento construtivo e linguagem positiva
diante das relações entre realidades sociais.
O Diálogo
O diálogo é “algo que se constitui através da participação dos
dialogantes.” (GADAMER IN RICOEUR, 2008 p.51) . O diálogo para uma
acepção da psicanálise é o canal de reconhecimento, construção e
reconstrução dos signos e símbolos de uma dada realidade (WARAT, 2007)
para formar e transformá-los em releituras sobre estes símbolos e signos para
as mesmas realidades. A este processo dá-se o nome de diálogo e à seu
método, hermenêutica.
A importância do diálogo consiste na sua fundamental necessidade de
existência para que realidades diferentes se compreendam. Estas realidades
existem para o diálogo em momento diferente daquele que interessa à
mediação.
Em um primeiro momento chamamos este diálogo de preventivo, e em
um segundo momento de diálogo construtivo.
No diálogo preventivo não existe conflito.
No diálogo construtivo existe um conflito.
À propositura de um método de diálogo de relacionamento construtivo e
linguagem positiva (que é o modo como se estabelece o canal de releitura dos
símbolos) chamamos de mediação.
Mediação é um meio ou canal por onde se faz o diálogo, com método pré-
estabelecido (relacionamento construtivo e linguagem positiva).
O Conflito
Conflito é o nome dado aqueles distúrbios que ocorrem na comunicação
que impedem o diálogo de chegar à sua completude, pois falta à conversa o
elemento que torna possível visões de mundo diferentes se fundirem: a
alteridade.
Nesta conversa onde um não se coloca apto à refletir sob o s pontos de
vista do outro ocorre o conflito. Esta conversa ou diálogo problemático
chamamos em uma linguagem positiva de diálogo construtivo, pois aqui há a
possibilidade dos diálogantes exercitarem a sua cidadania. Eles o farão na
medida em que necessitam aprender como reestabelecer o diálogo.
Para tanto é necessária a figura de um interlocutor neutro, chamado de
mediador, que fará o canal de comunição tornar-se mais higienizado, ou seja
aplicando o método da mediação, que é o relacionamento construtivo e
linguagem positiva, ele educará as partes na prática pedagógica de falar e
ouvir.
O conflito surge neste contexto como uma tentativa das partes
dialogantes imporem seu pontos de vista, que se baseam em uma realidade
particular, ao outro dialogante. Isto pode se agravar, na mediada em que neum
lado cede, gerando a possibilidade de atrito físico e moral, discórdia, e outros
sentimentos que deterioram as relações sociais.
Relacionamento Construtivo e Linguagem Positiva
De posse dos passos de como exercer o relacionamento construtivo e
linguagem positiva o agente social ou o mediador exercerão a boa conduta que
evita o agravamento do conflito e poderão ainda transformá-lo em algo positivo
e quem sabe em um diálogo e reflexão.
O mediador é quem vai auxiliar as partes durante a conversa. Ele será
um canal de facilitação de entendimento entre os envolvidos.Este canal será
denominado assim, não importa qual seja o tipo de mediação aplicada
(institucional, comunitária, social, burocrática...).
O relacionamento construtivo pode ser utilizado em dois momentos:
1) nas relações quotidianas, para praticar o diálogo preventivo;
2) por um mediador ou pelos dialogantes na tentativa de reestabelecer um
diálogo, na prática do diálogo construtivo.
Os mediadores e facilitadores são treinados em comunicação positiva e
relacionamento construtivo. A comunicação positiva e o relacionamento
construtivo aperfeiçoam as relações interpessoais. Correspondem a uma
linguagem persuasiva e igualitária, baseada em princípios. Diferentemente da
comunicação dominadora, que polariza as posições mediante uma linguagem
impositiva, excludente e hierarquizante.
Para o exercício do relacionamento construtivo e linguagem positiva
forma elaborados alguns passos:
“1º - Adote a Escuta Ativa, ou seja, aprenda que as pessoas precisam dizer
o que sentem. A melhor comunicação é aquela que reconhece a necessidade de o
outro se expressar. Em vez de conselhos e sermões, escute, sempre, com toda
atenção o que está sendo falado e sentido pelo outro. Somente pessoas que se
sentem verdadeiramente escutadas estarão dispostas a lhe escutar.
2º - Construa a empatia. Receba o outro gentilmente. Deixe-o à vontade.
Para tanto, procure libertar-se dos preconceitos, dos estereótipos. Preconceitos e
estereótipos são autoritários e geram antipatia. Pessoas que aprendem a respeitar as
diferenças são capazes de se libertar dos preconceitos e estereótipos. O
preconceituoso se apega às suas “verdades” e condena o que é diferente. A empatia
se estabelece entre pessoas que se vêem, se aceitam e se respeitam como seres
humanos, com todas a suas diferenças.
3º - Aprenda a perguntar. Em vez de acusar, pergunte. Perguntar
esclarece, sem ofender. A pergunta lhe protege contra a pressa em julgar o outro.
Através da pergunta você ajuda a outra pessoa a entender melhor o seu próprio
problema. As perguntas podem ser fechadas, quando se busca uma resposta do tipo
sim ou não. Podem ser dirigidas, quando se quer o esclarecimento de um detalhe do
problema. Ou podem ser abertas, para um esclarecimento pleno do assunto.
4º - Estabeleça a igualdade na comunicação. Fale claramente, mas
respeite o igual direito do outro de falar. Após escutar ativamente o que o outro tem a
dizer, estabeleça uma comunicação em que ambos respeitam o direito do outro de se
expressar. Adote, pois, uma comunicação de mão dupla. Pessoas que falam e falam
sem perceber que o outro não está mais a fim de ouvir comunicam-se negativamente.
5º - Adote a Linguagem “Eu”. Quando fizer alguma crítica sobre o
comportamento de alguém use a primeira pessoa: Exemplo: “em minha opinião isto
poderia ter sido feito de outra forma. O que você acha?” Essa forma de comunicação
evita que você fale pelo outro. Nunca se deve dizer “você não devia ter feito isso ou
aquilo”. Fale por você, nunca pelo outro. Diga: “eu penso que isto deveria ter sido feito
da seguinte forma...”. A linguagem eu evita que a outra pessoa se sinta invadida ou
julgada por você.
6º - Seja claro no que diz. Comunicação positiva não é bajulação. Ser claro
é ser assertivo. Dizer sim ou dizer não com todas as letras. Com gentileza deve-se
dizer não ao comportamento imoral, ilegal ou injusto. Quem não sabe dizer não
também não sabe dizer sim. O “bonzinho” não é confiável. Ele quer ser agradável para
levar vantagem em tudo. Comunicação positiva se baseia em princípios éticos e não
no desejo de simplesmente agradar o outro.
Para um relacionamento construtivo:
1º - Separe o problema pessoal do problema material. Quando o conflito
for pessoal e, ao mesmo tempo, material, aprenda a separar o problema pessoal do
problema material. Primeiro enfoque o problema pessoal (a relação propriamente
dita). Somente após restaurar a relação, as partes estarão aptas a cuidar do problema
material (os bens e os direitos envolvidos).
2º - Passe para o outro lado. Diante do conflito esteja consciente de que
nós, humanos, percebemos os fatos do mundo de modo incompleto e imperfeito. Isto
porque a mente humana tende a optar e fixar uma posição. Procure sair da sua
posição e se coloque no lugar do outro para perceber as razões pelo outro lado. Isto
ajudará a descobrir o interesse comum a ser protegido.
3º - Não reaja. Ao sofrer uma acusação injusta, não reaja. Dê um tempo e
repita o que o outro disse, pedindo para ele explicar melhor. Quem reage se escraviza
ao comportamento alheio. Quem reage cede, revida ou rompe, sempre em função do
que o outro fez ou disse. Proteja-se contra a reação reformulando. Quem reformula sai
do jogo da reação e recria a comunicação. Reformula-se parafraseando ou
perguntando. Parafrasear é repetir o que o outro disse com as suas próprias palavras.
Exemplo: entendi que você disse que eu era um mentiroso; foi isto mesmo o que você
disse? Também se reformula perguntando. Exemplo: “por que você acha que eu sou
mentiroso?” ou “e se o problema...” ou “você não acha que...”. Ao reformular você cria
oportunidades para que a outra parte volte a praticar uma comunicação mais
adequada.
4º - Nunca ameace. A ameaça é um jogo de poder. Ao ameaçar você está
obrigando a outra parte a provar que é mais poderosa do que você. Em vez de uma
solução de ganhos mútuos (ganha-ganha), passa-se a um jogo de ganha-perde ou de
perde-perde. Vai-se do conflito ao confronto e, até mesmo, à violência. Às vezes cabe
advertir a outra pessoa para os riscos que ela está correndo, com base em dados de
realidade. Mas nunca em tom de ameaça.” 1
Mediaçao como método de estabelecimento do diálogo para qualquer relação
A mediação é o mais destacado dos métodos de solução de conflitos
através da ação da própria comunidade. O método da mediação põe a
comunidade na situação de protagonista da solução dos conflitos. Pela
mediação a comunidade aprende a lidar com técnicas de comunicação
positiva e relacionamento construtivo absolutamente necessários ao
aprimoramento das suas ações, quer em relação ao conflito, quer no tocante à
emancipação
1VASCONCELOS, Carlos Eduardo de. Educação para a Paz. Relações Interpessoais e Mediação de Conflitos.
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. O autor é Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP. Gerente
de Prevenção e Mediação de Conflitos da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco.
e desenvolvimento sociais.
A mediação como método de interlocução institucional com a
comunidade, através da extensão, é um instrumento de estruturação de
relacionamento e diálogo entre locais distantes para a construção de uma outra
realidade mais sensível, duradoura e quiçá mais cada vez mais indissociável.
Referências Bibliográficas
BARTUNEK, J. M. & SEO, M. Qualitative research can add new meanings to quantitative research.
Journal of Organizational Behavior, v. 23, n.2, , mar., 2002
GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de
Empresas, Rio de Janeiro, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar./abr., 1995.
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio
de Janeiro: Record, 1999.
GUTIERREZ, G. L. A metodologia científica e o estudo das organizações. Revista de Administração
de Empresas, Rio de Janeiro, v. 26, n.1, p. 91-96, jan./mar., 1986.
HAGUETTE, T.F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis:Vozes, 1999.
HEYINK, J.W. & TYMSTRA, T. J. The function of qualitative research. Social Indicators Research, v.
29, 291-305, 1993.
MACIEL, M. I. E. A pesquisa-ação e Habermas. Belo Horizonte: UMA, 1999.
RICOEUR, Paul. Hermenêutica e Ideologias. Petrópolis:Vozes.2008.
VASCONCELOS, Carlos Eduardo de. Educação para a Paz. Relações Interpessoais e Mediação de
Conflitos. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. O autor é Mestre em Direito das Relações Sociais
pela PUC/SP. Gerente de Prevenção e Mediação de Conflitos da Secretaria de Justiça e Direitos
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Apostila capacitação -cidadania e segurança nas relações sociais 1

  • 1.
  • 2. Apresentação A Organização Não Governamental HOC TEMPORE surgiu no final do ano de 2004, tendo seu registro definitivo em 09.03.2005. Representa o pensamento coletivo de um grupo de pessoas interessadas em fortalecer o terceiro setor no Brasil, atuando em áreas como interesses difusos, mídia alternativa e desenvolvimento com sustentabilidade. O nome quer dizer Por Todo o Tempo. O quadro de associados e colaboradores é composto de acadêmicos, profissionais e lutadores populares de vários campos do saber. Nossa estratégia para mudança a um mundo melhor passa por incidir na realidade social, formulando ações por meio de políticas públicas e projetos técnicos. Projeto Mediação Viver, no mundo de hoje, não é uma tarefa fácil. Num primeiro olhar, viver apresenta-se como uma difícil missão. Viver em sociedade significa viver em comunidade. Viver em comunidade acima de tudo é viver em família, nesta onde a vida procura deitar as suas raízes, estreitar laços. Em todos estes lugares o viver se desfaz e se refaz. Nas relações entre Pais e filhos, amigos, vizinhos, ou apenas pessoas que vivem em uma mesma comunidade, muitas vezes ocorre que essas relações perdem a harmonia que as constituía, perdem os laços que as unia, devido, por exemplo, a uma palavra desagradável referida a alguém, igualmente, em desentendimentos surgidos no seio familiar resultantes de um simples mal entendido e, muitas outras circunstâncias bem conhecidas de vocês. Todas essas situações, sabemos, são capazes de por fim ao diálogo entre as pessoas. E no sentido de restabelecer esse diálogo a partir da superação do conflito pela sua própria mediação, visamos contribuir para o fortalecimento da harmonia no interior da comunidade, através do cultivo do diálogo franco que é o que pode fortalecer uma boa relação! Através de uma iniciativa da Associação Civil Hoctempore, juntamente em parceria com a UFPel, mediante apoio do Ministério da Justiça, Secretaria da Reforma do Judiciário e Projeto Pacificar surgiu na cidade de Pelotas o Núcleo de Mediação.
  • 3. Núcleo de Mediação Os Núcleos de Mediação ou Postos de cidadania são unidades básicas onde os cidadãos encontrarão serviços para exercício da justiça e informações diversas de direito e cidadania. O Núcleo tem o intuito de disponibilizar justiça e acesso à cidadania de forma gratuita. O posto de cidadania central, Núcleo de Mediação, está localizado no Bairro São Gonçalo (Balsa), no campus Porto da UFPel. O Núcleo de Mediação oferecerá os seguintes serviços: Serviço “Meu Lar” Após a realização de um estudo prévio nas regiões onde poderão ser instalados os Postos de Cidadania, este serviço buscará fornecer informações específicas de regularização fundiária aos interessados no tema, bem como estabelecer um link direto para a realização de debates entre a comunidade e Administração Pública. Serviço de mediação de conflitos do “Projeto Mediação” (SIM, sistema de informação e mediação) Este serviço é o de mediação de conflitos. Ele deve ser utilizado, sem custo nenhum para o cidadão, em substituição ao judiciário. Com a ajuda deste serviço as pessoas resolvem seus problemas, sem ter que recorrer ao poder judiciário, sem os custos de advogados e processo: as pessoas envolvidas no problema, com a orientação de um mediador comunitário capacitado, elaborarão um acordo. O Sistema de informação e mediação prestará informações de cada mediação unicamente aos interessados. Serviço “Sementes da Paz” Este serviço possui como objetivo, o de constituir uma Unidade voltada para disseminação da cultura da paz, visando com publico alvo, os jovens e as crianças. O presente módulo contará com palestras, teatro de fantoches, recreações e oficinas voltadas para o ensino da cidadania como forma de prevenção da violência, voltada para crianças e adolescentes. Pode ser requisitado pelas escolas ou qualquer associação civil. Serviço “Vizinhança Cidadã” Minicursos ministrados por mediadores já capacitados para multiplicação da cidadania. Temas: mediação e justiça comunitária, direitos humanos, temas do direito, meio ambiente, gênero, segurança pública, cidadania, entre outros. Pode ser requisitada por escolas, universidades, qualquer associação civil e demais interessados. O objetivo desta unidade é orientar pedagogicamente a organização política das comunidades e dos cidadãos para que todos tenham conhecimento das formas de como exigir os direitos básicos que o Estado assegura. Serviço “Sujeito Legal” Unidade cadastral que prestará serviços de assessoria jurídica, encaminhamentos ao cartório judicial (inventários e separações), ações de direitos difusos (serviço de assessoria jurídica popular) e documentações.
  • 4. Capacitação A capacitação é um eixo do projeto e da associação. Cursos, palestras, capacitações e treinamento são ministrados em diversas áreas: direito ambiental, gênero, comunicação, consumidor, segurança e cidadania, mediação, entre outros. A importância desta atividade se revela na multiplicação do acesso à informação e sua conseqüente constribuição para a cidadania: a formação de indivíduos conscientes do locus social que ocupam e da relevância de sua presença e ação frente a comunidade. Endereço Eletrônico http://www.hoctempore.org.br/ Projeto mediação Equipe de mediadores: Aisllan Souza Claudia Schuster Gitana Nebel Jaqueline Machado Jonas Machado Mara Beatriz Gomes Ricardo Fournier Roberto Silveira Sergio Madeira Sergio Renato Martins Responsáveis: Marcelo Bezerra- coordenador acadêmico Pablo Lisboa- Coordenador geral Ricardo Fournier- coordenador técnico Jaqueline Machado da Silva- coordenadora técnica adjunta
  • 5. Índice Capacitação em Cidadania e Segurança nas Relações Sociais Introdução Objetivo Justificativa Fundamentação O Diálogo O Conflito Relacionamento Construtivo e Linguagem Positiva Mediação como método do estabelecimento do diálogo para qualquer relação
  • 6. Introdução Frente ao distúrbio das relações sociais, refletido nos altos índices de violência, afogamento do judiciário, separações, brigas, distânciamento entre pessoas da mesma comunidade, vizinhos, desconhecimento de cidadania, fica claro que agentes sociais esqueceram-se de como dialogar. O diálogo não é eficaz ou se quer existe, ele que é o Principal agente de segurança nas boas relações sociais. Na tentativa de reestabelecer o diálogo como uma prática de cidadania, a mediação surge como um instrumento pedagógico de educação e reeducação das falas humanas. Estas falas ocorrerão, de acordo com o método da mediação, para os relacionamentos sociais tornarem-se alvo da prática de alteridade, o que as transformará em diálogos. Estes diálogos por sua vez agirão no seio das relações sociais multiplicando as boas condutas e ações para postura uma cidadã. Para que esta prática seja de conhecimento daqueles que se relacionam socialmente, ou seja, todos nós, é necessário um plano de multiplicação de conhecimento destes saberes. Assim colocamos a capacitação em cidadania e segurança nas relações sociais como um instrumento de agilidade no acesso à estas informações, e todos que detiverem acesso às informações estarão aptos a multiplicar esta prática de cidadania no seu dia-a-dia. Objetivo Transmitir os princípios básicos e prática do relacionamento construtivo e linguagem positiva de abordagem para aplicação do instrumento de diagnóstico na SG3.6, micro-regiões da Balsa. Justificativa Esta capacitação tem como proposta transformar a aplicação do diagnóstico em um contato mais sensível com a comunidade. Para isso, utilizar-se-á de linguagem idêntica a da mediação comunitária. A incorporação de tal linguagem pelos relacionamentos sociais e institucionais leva os agentes das diversas realidades a estabelecerem diálogos. Fundamentação À compreensão de mediação como conceito latu sensu, é necessário que se assuma que a linguagem utilizada na mediação possa ser utilizada para qualquer forma de relação e contato social.Assim colocamos a mediação como uma abordagem pacífica diante da aplicação do diagnóstico a ser realizado no entorno do Campus Porto da UFPel. À capacidade de reagir e interagir de forma a encarar as relações sociais de forma positiva e construtiva (relacionamento construtivo e linguagem positiva) daremos o nome de mediação. Pois estes dois princípios da comunicação são instrumentos da conduta que constrói um elo de compreensão para as diferentes realidades (GADAMER, 1960). Logo levaremos os princípios da mediação para as relações quotidianas, como uma forma de atitude chamada de pacífica. Esta é uma tentativa de um método hermenêutico para compreensão dos comportamentos sociais afim de não
  • 7. gerar o conflito negativo. Esta metodologia propõe uma hermenêutica baseada no diálogo. Para compreender a necessidade do relacionamento construtivo e da linguagem positiva é importante conhecer: 1.A importância do diálogo nos relacionamentos sociais (diálogo é um canal de expressão); 2.O conflito; 3. A necessidade do relacionamento construtivo e linguagem positiva diante das relações entre realidades sociais. O Diálogo O diálogo é “algo que se constitui através da participação dos dialogantes.” (GADAMER IN RICOEUR, 2008 p.51) . O diálogo para uma acepção da psicanálise é o canal de reconhecimento, construção e reconstrução dos signos e símbolos de uma dada realidade (WARAT, 2007) para formar e transformá-los em releituras sobre estes símbolos e signos para as mesmas realidades. A este processo dá-se o nome de diálogo e à seu método, hermenêutica. A importância do diálogo consiste na sua fundamental necessidade de existência para que realidades diferentes se compreendam. Estas realidades existem para o diálogo em momento diferente daquele que interessa à mediação. Em um primeiro momento chamamos este diálogo de preventivo, e em um segundo momento de diálogo construtivo. No diálogo preventivo não existe conflito. No diálogo construtivo existe um conflito. À propositura de um método de diálogo de relacionamento construtivo e linguagem positiva (que é o modo como se estabelece o canal de releitura dos símbolos) chamamos de mediação. Mediação é um meio ou canal por onde se faz o diálogo, com método pré- estabelecido (relacionamento construtivo e linguagem positiva). O Conflito Conflito é o nome dado aqueles distúrbios que ocorrem na comunicação que impedem o diálogo de chegar à sua completude, pois falta à conversa o elemento que torna possível visões de mundo diferentes se fundirem: a alteridade. Nesta conversa onde um não se coloca apto à refletir sob o s pontos de vista do outro ocorre o conflito. Esta conversa ou diálogo problemático chamamos em uma linguagem positiva de diálogo construtivo, pois aqui há a possibilidade dos diálogantes exercitarem a sua cidadania. Eles o farão na medida em que necessitam aprender como reestabelecer o diálogo. Para tanto é necessária a figura de um interlocutor neutro, chamado de mediador, que fará o canal de comunição tornar-se mais higienizado, ou seja aplicando o método da mediação, que é o relacionamento construtivo e linguagem positiva, ele educará as partes na prática pedagógica de falar e ouvir. O conflito surge neste contexto como uma tentativa das partes dialogantes imporem seu pontos de vista, que se baseam em uma realidade particular, ao outro dialogante. Isto pode se agravar, na mediada em que neum
  • 8. lado cede, gerando a possibilidade de atrito físico e moral, discórdia, e outros sentimentos que deterioram as relações sociais. Relacionamento Construtivo e Linguagem Positiva De posse dos passos de como exercer o relacionamento construtivo e linguagem positiva o agente social ou o mediador exercerão a boa conduta que evita o agravamento do conflito e poderão ainda transformá-lo em algo positivo e quem sabe em um diálogo e reflexão. O mediador é quem vai auxiliar as partes durante a conversa. Ele será um canal de facilitação de entendimento entre os envolvidos.Este canal será denominado assim, não importa qual seja o tipo de mediação aplicada (institucional, comunitária, social, burocrática...). O relacionamento construtivo pode ser utilizado em dois momentos: 1) nas relações quotidianas, para praticar o diálogo preventivo; 2) por um mediador ou pelos dialogantes na tentativa de reestabelecer um diálogo, na prática do diálogo construtivo. Os mediadores e facilitadores são treinados em comunicação positiva e relacionamento construtivo. A comunicação positiva e o relacionamento construtivo aperfeiçoam as relações interpessoais. Correspondem a uma linguagem persuasiva e igualitária, baseada em princípios. Diferentemente da comunicação dominadora, que polariza as posições mediante uma linguagem impositiva, excludente e hierarquizante. Para o exercício do relacionamento construtivo e linguagem positiva forma elaborados alguns passos: “1º - Adote a Escuta Ativa, ou seja, aprenda que as pessoas precisam dizer o que sentem. A melhor comunicação é aquela que reconhece a necessidade de o outro se expressar. Em vez de conselhos e sermões, escute, sempre, com toda atenção o que está sendo falado e sentido pelo outro. Somente pessoas que se sentem verdadeiramente escutadas estarão dispostas a lhe escutar. 2º - Construa a empatia. Receba o outro gentilmente. Deixe-o à vontade. Para tanto, procure libertar-se dos preconceitos, dos estereótipos. Preconceitos e estereótipos são autoritários e geram antipatia. Pessoas que aprendem a respeitar as diferenças são capazes de se libertar dos preconceitos e estereótipos. O preconceituoso se apega às suas “verdades” e condena o que é diferente. A empatia se estabelece entre pessoas que se vêem, se aceitam e se respeitam como seres humanos, com todas a suas diferenças. 3º - Aprenda a perguntar. Em vez de acusar, pergunte. Perguntar esclarece, sem ofender. A pergunta lhe protege contra a pressa em julgar o outro. Através da pergunta você ajuda a outra pessoa a entender melhor o seu próprio problema. As perguntas podem ser fechadas, quando se busca uma resposta do tipo sim ou não. Podem ser dirigidas, quando se quer o esclarecimento de um detalhe do problema. Ou podem ser abertas, para um esclarecimento pleno do assunto. 4º - Estabeleça a igualdade na comunicação. Fale claramente, mas respeite o igual direito do outro de falar. Após escutar ativamente o que o outro tem a dizer, estabeleça uma comunicação em que ambos respeitam o direito do outro de se expressar. Adote, pois, uma comunicação de mão dupla. Pessoas que falam e falam sem perceber que o outro não está mais a fim de ouvir comunicam-se negativamente. 5º - Adote a Linguagem “Eu”. Quando fizer alguma crítica sobre o comportamento de alguém use a primeira pessoa: Exemplo: “em minha opinião isto poderia ter sido feito de outra forma. O que você acha?” Essa forma de comunicação evita que você fale pelo outro. Nunca se deve dizer “você não devia ter feito isso ou
  • 9. aquilo”. Fale por você, nunca pelo outro. Diga: “eu penso que isto deveria ter sido feito da seguinte forma...”. A linguagem eu evita que a outra pessoa se sinta invadida ou julgada por você. 6º - Seja claro no que diz. Comunicação positiva não é bajulação. Ser claro é ser assertivo. Dizer sim ou dizer não com todas as letras. Com gentileza deve-se dizer não ao comportamento imoral, ilegal ou injusto. Quem não sabe dizer não também não sabe dizer sim. O “bonzinho” não é confiável. Ele quer ser agradável para levar vantagem em tudo. Comunicação positiva se baseia em princípios éticos e não no desejo de simplesmente agradar o outro. Para um relacionamento construtivo: 1º - Separe o problema pessoal do problema material. Quando o conflito for pessoal e, ao mesmo tempo, material, aprenda a separar o problema pessoal do problema material. Primeiro enfoque o problema pessoal (a relação propriamente dita). Somente após restaurar a relação, as partes estarão aptas a cuidar do problema material (os bens e os direitos envolvidos). 2º - Passe para o outro lado. Diante do conflito esteja consciente de que nós, humanos, percebemos os fatos do mundo de modo incompleto e imperfeito. Isto porque a mente humana tende a optar e fixar uma posição. Procure sair da sua posição e se coloque no lugar do outro para perceber as razões pelo outro lado. Isto ajudará a descobrir o interesse comum a ser protegido. 3º - Não reaja. Ao sofrer uma acusação injusta, não reaja. Dê um tempo e repita o que o outro disse, pedindo para ele explicar melhor. Quem reage se escraviza ao comportamento alheio. Quem reage cede, revida ou rompe, sempre em função do que o outro fez ou disse. Proteja-se contra a reação reformulando. Quem reformula sai do jogo da reação e recria a comunicação. Reformula-se parafraseando ou perguntando. Parafrasear é repetir o que o outro disse com as suas próprias palavras. Exemplo: entendi que você disse que eu era um mentiroso; foi isto mesmo o que você disse? Também se reformula perguntando. Exemplo: “por que você acha que eu sou mentiroso?” ou “e se o problema...” ou “você não acha que...”. Ao reformular você cria oportunidades para que a outra parte volte a praticar uma comunicação mais adequada. 4º - Nunca ameace. A ameaça é um jogo de poder. Ao ameaçar você está obrigando a outra parte a provar que é mais poderosa do que você. Em vez de uma solução de ganhos mútuos (ganha-ganha), passa-se a um jogo de ganha-perde ou de perde-perde. Vai-se do conflito ao confronto e, até mesmo, à violência. Às vezes cabe advertir a outra pessoa para os riscos que ela está correndo, com base em dados de realidade. Mas nunca em tom de ameaça.” 1 Mediaçao como método de estabelecimento do diálogo para qualquer relação A mediação é o mais destacado dos métodos de solução de conflitos através da ação da própria comunidade. O método da mediação põe a comunidade na situação de protagonista da solução dos conflitos. Pela mediação a comunidade aprende a lidar com técnicas de comunicação positiva e relacionamento construtivo absolutamente necessários ao aprimoramento das suas ações, quer em relação ao conflito, quer no tocante à emancipação 1VASCONCELOS, Carlos Eduardo de. Educação para a Paz. Relações Interpessoais e Mediação de Conflitos. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. O autor é Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP. Gerente de Prevenção e Mediação de Conflitos da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco.
  • 10. e desenvolvimento sociais. A mediação como método de interlocução institucional com a comunidade, através da extensão, é um instrumento de estruturação de relacionamento e diálogo entre locais distantes para a construção de uma outra realidade mais sensível, duradoura e quiçá mais cada vez mais indissociável. Referências Bibliográficas BARTUNEK, J. M. & SEO, M. Qualitative research can add new meanings to quantitative research. Journal of Organizational Behavior, v. 23, n.2, , mar., 2002 GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, Rio de Janeiro, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar./abr., 1995. GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 1999. GUTIERREZ, G. L. A metodologia científica e o estudo das organizações. Revista de Administração de Empresas, Rio de Janeiro, v. 26, n.1, p. 91-96, jan./mar., 1986. HAGUETTE, T.F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis:Vozes, 1999. HEYINK, J.W. & TYMSTRA, T. J. The function of qualitative research. Social Indicators Research, v. 29, 291-305, 1993. MACIEL, M. I. E. A pesquisa-ação e Habermas. Belo Horizonte: UMA, 1999. RICOEUR, Paul. Hermenêutica e Ideologias. Petrópolis:Vozes.2008. VASCONCELOS, Carlos Eduardo de. Educação para a Paz. Relações Interpessoais e Mediação de Conflitos. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2006. O autor é Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP. Gerente de Prevenção e Mediação de Conflitos da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco.