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1
INPG- INSTITUTO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
JADAILTON FIGUEIREDO PORTO
MBA EXECUTIVO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS – COMÉRCIO
EXTERIOR E LOGÍSTICA- 2011B
A FORÇA DOS BRICS
São Paulo
2015
2
A FORÇA DOS BRICS
Dissertação apresentada ao curso de MBA do INPG- Instituto Nacional de Pós-Graduação,
como requisito para obtenção do título de MBA Executivo em Gestão de Negócios
Internacionais.
Área de Concentração: Comércio Exterior e Logística.
Orientador: José Antonio Rosa
São Paulo
2015
3
RESUMO
BRICS são os novos atores na sociedade internacional e com seus mercados emergentes
acredita-se que terão mais força econômica que os EUA na próxima década. A teoria da
globalização, pelo liberalismo explica porque os países do BRICS se uniram e a decisão de
criar um novo banco de desenvolvimento. Este banco não pode apenas ser explicado pela
globalização, mas também como o resultado das instituições financeiras FMI e Banco
Mundial não lhes dar mais influência. Com a criação de um novo banco de
desenvolvimento que vem desafiar o pensamento ocidental e da teoria de grande
potência, que argumenta que um estado não pode ser uma grande potência sem um
poder militar. Este projeto pretende analisar como BRICS pode reunir mais influência nas
instituições financeiras internacionais sem uso de força militar. Ao contrário, eles
procuram sua influência através de uma criação de uma nova instituição internacional,
que é desenvolvido pelo Sul para o Sul com a criação de um novo banco de
desenvolvimento. Isso poderia desafiar as instituições financeiras internacionais atuais,
que são dominadas por influências dos países mais poderosos.
4
Conteúdo
1 Introdução ............................................................................................................................. 6
1.1 Introdução de Motivação................................................................................................ 6
1.2 Área de problema........................................................................................................... 7
1.3 Questões de pesquisa..................................................................................................... 7
1.3.1 Subquestões ........................................................................................................... 7
1.4 Delimitações................................................................................................................... 8
1.5 Esclarecimento de conceitos........................................................................................... 8
2 Metodologia........................................................................................................................... 8
2.1 Estratégia Analítica......................................................................................................... 9
2.2 Processo de Investigação................................................................................................ 9
2.3 Seleção dos Dados Relevantes ...................................................................................... 10
2.4 Reflexão sobre a validade............................................................................................. 11
3 BRICS ................................................................................................................................... 11
3.1 BRICS............................................................................................................................ 12
3.1.1 Cúpula da China 2011 ........................................................................................... 13
3.1.2 Cúpula da África do Sul 2013................................................................................. 14
4 Globalização......................................................................................................................... 15
4.1 Globalização................................................................................................................. 15
4.1.1 Investimento Estrangeiro Direto de Empresas dos Países do BRICS ....................... 17
4.2 Analises da Globalização e BRICS .................................................................................. 17
4.3 Subconclusão................................................................................................................ 20
5 Instituições Financeiras Internacionais ................................................................................. 21
5.1 Fundo Monetário Internacional (FMI)........................................................................... 21
5.1.1 FMI- Financiamento por Sistema de Cotas............................................................. 21
5.1.2 Papel do FMI......................................................................................................... 22
5.1.3 FMI- Críticas e Reformas ....................................................................................... 23
5.2 Banco Mundial.............................................................................................................. 24
5.2.1 Financiamento através de títulos .......................................................................... 24
5.2.2 Papel do Banco Mundial........................................................................................ 25
5.2.3 Banco Mundial- Críticas e Reformas...................................................................... 25
5.3 Plano dos BRICS para um Novo Banco de Desenvolvimento.......................................... 26
5
5.3.1 Porque criar um Novo Banco de Desenvolvimento................................................ 26
5.3.2 O Novo Banco de Desenvolvimento ...................................................................... 27
5.3.3 Críticas.................................................................................................................. 28
5.4 Analise do Novo Banco de Desenvolvimento e o FMI e Banco Mundial. ........................ 28
6 Análises................................................................................................................................ 32
6.1.1 BRICS e o Poder .................................................................................................... 32
6.1.2 BRICS – Desafiando a teoria de grande potência jogando um novo jogo................ 33
7 Discussão ............................................................................................................................. 34
8 Conclusão ............................................................................................................................ 35
9 Perspectivas Futuras ............................................................................................................ 35
10 Referencias ...................................................................................................................... 37
6
1 Introdução
A pesquisa para esse trabalho de conclusão de curso teve inicio no ano de 2013,
portanto, as informações nele contidas são uma realidade daquele ano. A realidade com
relação ao cenário aqui apresentado pode não estar exatamente de acordo com o
cenário político e econômico atual, podendo ter sofrido algumas alterações.
1.1 Introdução de Motivação
As últimas décadas tem visto um aumento significante na integração global, e como
resultado disso, o mundo tem se tornado mais interdependente do que nunca.
Corporações multinacionais fabricam produtos em muitos países e vendem estes
produtos para consumidores em todo o mundo. Comércio, capital e matéria-prima são
movimentados através das fronteiras nacionais, e como resultado, políticas
econômicas estão sendo formadas em nível internacional.
A Globalização tem sido assunto de debates nas últimas décadas. Assim como
defensores argumentam que ela pode explicar o desenvolvimento da sociedade
internacional, os críticos argumentam que ela tira o poder do estado. Brasil, Rússia,
Índia, China, e África do Sul são parte da globalização já que o crescimento da
economia destes excederam as expectativas que foram criadas para eles, e eles, estão
para se tornar o maior mercado emergente nas próximas décadas. O BRICS foi criado
para fazer parte do impulso que a globalização gerou, assim como para muitas outras
organizações, associações, e companhias privadas e não privadas. A visão liberal da
globalização também se propôs a explicar o aumento na organização internacional.
Depois da Segunda Guerra Mundial, muitas instituições foram criadas para assegurar
a paz e estabilidade financeira internacional, como o Fundo Monetário Internacional e
o Banco Mundial. Estas instituições foram criadas com um ponto de vista liberal pelos
Estados Unidos, aonde os países podem se tornarem membros, e, portanto,
assegurarem cooperação de paz mundial. Os Estados Unidos tem sido o país líder
dessas instituições por causa de suas contribuições, como são o Japão, Alemanha,
França e Inglaterra. Na última década, o BRICS tem criticado essas instituições por
não dar a eles maior influência de acordo com o seus status econômicos no mundo
através da construção de um bloco ocidental. Isso pode explicitamente ser
demonstrado através da cota e sistema de votos do FMI e Banco Mundial, onde as
cotas dos países do BRICS não tem aumentado. Também, as reformas criadas para
aumentá-las, não tem sido implementadas. Isso pode ainda ser demonstrado através
do conselho de administração do Banco Mundial, onde os cinco principais países
mencionados anteriormente podem selecionar que países poderão indicar um diretor
executivo, que é o que pode gerar maior ganho de influência. Essas críticas resultaram
no planejamento do BRICS em criar um novo Banco de Desenvolvimento que terá o
7
mesmo papel do FMI e Banco Mundial, porém será de propriedade dos “países em
desenvolvimento” para países desenvolvimento. Fazendo isso, eles estão desafiando
as instituições atuais no cenário internacional e tem o potencial de desafiar as atuais
potências, criando uma ordem mundial multilateral. Uma potência é, de acordo com o
realismo, aquele que tem maior capacidade militar, portanto, equilibra os blocos de
poder no mundo. Os países do BRICS têm sido vistos como uma potencial ameaça, já
que eles têm força econômica. Isso está mais de acordo com os tempos atuais, já que
força militar não é mais tão importante como era nos anos 90. No entanto, a criação de
um Novo Banco de Desenvolvimento pode ser uma ameaça as grandes potências nas
últimas seis décadas.
1.2 Área de problema
Em tempos em que a crise financeira global está na boca de todo mundo (dentro do
debate político mundial), a economia mundial é foco de atenção. Nas últimas décadas
novas economias emergentes surgirão, e estão pleiteando influência no cenário
financeiro internacional, na medida em que sua parte no PIB mundial tem crescido. O
grupo de Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul tem seguido juntos em criar uma
aliança, os BRICS. Os BRICS são mencionados em várias discussões, uma delas é a
mudança na ordem mundial, outro debate é sobre poder e influência no cenário
internacional. Desde que instituições financeiras internacionais foram fundadas por
países de economias desenvolvidas, as suas ideologias tem predominado nas políticas
internacionais. Entretanto, o surgimento dos BRICS, agora querem influenciar as
instituições financeiras internacionais existentes e as políticas elaboradas por eles, já
que eles (os BRICS) se tornaram grandes economias.
Isso nos leva as seguintes questões de pesquisa:
1.3 Questões de pesquisa
Os BRICS estão mudando a ordem de poder internacional?
1.3.1 Subquestões
Como a aliança dos países do BRICS pode ser explicada?
Por que os BRICS criaram um plano para um Novo Banco de
Desenvolvimento?
Como os BRICS desafiam o equilíbrio de poder da ordem global?
8
1.4 Delimitações
Evitei fazer uma analise dos países individualmente dentro do BRICS, como eles
estão funcionando, como estão sendo governados e suas políticas estratégicas. Além
disso, o intuito aqui não é fazer nenhuma comparação entre os países membros,
analisando que país é mais forte que o outro. O objetivo desse trabalho é investigar o
BRICS como um, e o seu papel combinado numa ordem internacional.
Além disso, evitei em analisar outra coalizão existente, uma vez que este projeto se
propõe a investigar o atual papel do BRICS com as instituições internacionais e a
ordem mundial.
Estou ciente que o BRICS está envolvido com outras instituições, porém evitei aqui
usá-las a fim de analisar os seus poderes, devido ao fato de ter escolhido o Novo
Banco de Desenvolvimento como caso de estudo. É interessante falar sobre o Novo
Banco de Desenvolvimento, devido à ideia de criá-lo, vir a desafiar as instituições
existentes como o Banco Mundial e o FMI, portanto analisei exclusivamente o BRICS
de acordo com essas duas instituições, evitando assim, analisar a influência do BRICS
junto a outras instituições internacionais, sindicatos e organizações.
1.5 Esclarecimento de conceitos.
Uma vez que um dos meus conceitos chaves pode ter diferente significados,
dependendo dos conceitos específicos discutidos, a seguir esclareço como podemos
entendê-los no âmbito do meu projeto.
Organização: Será usado para descrever os BRICS, embora eles não tenham regras,
regulamentos e uma estrutura comum. Esse termo será usado para captar a cooperação
existente entre eles.
2 Metodologia
Neste capítulo será mostrado como optei por investigar as questões de pesquisa e por que.
Além disso, a descrição da minha abordagem metodológica ajudará fazer minhas escolhas
e limitações visíveis, com o intuito de deixar o projeto mais transparente. Agora irei
explicar a estrutura do projeto e os dados coletados, afim de, dar uma resposta sólida à
nossa questão de pesquisa.
9
2.1 Estratégia Analítica
O processo de analisar os dados empíricos combinando com abordagens teóricas é
baseado na estratégia de indução. Ao usar essa abordagem, posso analisar os
resultados empíricos e concluir a implicação dos resultados. Isso significa,
portanto, que quero analisar como os BRICS estão mudando a ordem mundial
através de uma investigação dos BRICS, o envolvimento deles com o Fundo
Monetário Internacional e O Banco Mundial, e um estudo de caso do Novo Banco
de Desenvolvimento, e assim concluir sobre eles. Isso significa, portanto, o desejo
de analisar os resultados da pesquisa sobre o BRICS, FMI e o Banco Mundial,
através de diferentes teorias de abordagens. E assim chegar a uma conclusão.
Usando abordagens teóricas para fundamentar as minhas conclusões, tenho uma
abordagem indutiva em que crio um quadro geral de algumas abordagens teóricas,
já que o Novo Banco de Desenvolvimento ainda não foi implementado. Isso me
permite fazer suposições gerais do efeito que um Novo Banco de
Desenvolvimento poderia ter sobre a ordem mundial e identificar as razões por
traz dele.
2.2 Processo de Investigação
No processo de responder a minha questão de pesquisa, primeiramente apresento
uma pequena introdução do BRICS, qual a origem do termo e o que o BRICS
realmente faz, com o objetivo de entender o que é o BRICS. Segundo, apresento
globalização e políticas econômicas neoliberais, com o objetivo de examinar como
o BRICS se tornou o BRICS, e também como políticas neoliberais ainda
influenciam as atuais instituições financeiras internacionais. Isso será seguido por
uma subanalise do BRICS e da globalização.
Terceiro, apresento as duas instituições financeiras internacionais da investigação,
FMI e Banco Mundial, já que são elas as instituições internacionais em que o
BRICS que ter influência, pois são elas que definem a agenda de políticas
econômicas (FMI), e para o desenvolvimento e redução de pobreza (Banco
Mundial). Depois disso apresento o Novo Banco de Desenvolvimento que o
BRICS quer estabelecer, e como ele fará isso. Finalmente, isso é seguido pela
analise do FMI, Banco Mundial, e o Novo Banco de Desenvolvimento, no intuito
de ver a influência que o BRCS tem no FMI e Banco Mundial, e porque o BRICS
planeja a criação de um Novo Banco Mundial de Desenvolvimento.
Nesta analise, apresento as diferentes abordagens teóricas, tais como o equilíbrio
de poderes, teoria de grande potência, uma abordagem liberalista, um ponto de
vista realista e teoria da dependência. Essas abordagens teóricas foram adicionadas
para que eu pudesse analisar o BRICS, e como eles estão desafiando e mudando a
ordem mundial. A análise me permite comparar os resultados de diferentes
10
analises em uma discussão, e finalmente proporcionar uma resposta sólida as
questões de pesquisa e subquestões.
2.3 Seleção dos Dados Relevantes
Irei agora fornecer um raciocínio metodológico para as escolhas que fiz em
relação às estruturas e temas principais do projeto. Os diferentes capítulos foram
criados com o objetivo de levar a uma resposta sólida das questões de pesquisa, e
por isso explicarei metodologicamente a forma de abordar os diferentes assuntos.
2.3.1 Escolha dos Dados Empíricos
Todas as informações aqui utilizadas vêm de fontes secundárias: Livros, Jornais,
artigos acadêmicos, páginas oficiais na internet, etc. Esta escolha foi devido à
natureza intrínseca da minha pesquisa. O BRICS é relativamente um fenômeno
novo e o estudo dele está no seu primeiro estágio. Está é a razão por não termos
muitos livros sobre o assunto, e nenhum com foco no caso de estudo específico
que escolhi: a possibilidade de surgimento de um Novo Banco de
Desenvolvimento do BRICS e suas repercussões. Entretanto os artigos escritos e
as abordagens teóricas que uso, nos permite analisar as consequências que um
potencial novo banco de desenvolvimento poderia ter e os desafios que a sua
instalação viria enfrentar.
2.3.2 Acesso aos Dados Empíricos
A acessibilidade das fontes foi uma das principais questões que determinaram a
forma como conduzi a pesquisa. Como principal fonte de pesquisa, utilizei a
internet, devido às razões acima descritas: o meu estudo de caso, como uma
corrente, e como um processo ainda em curso, não me deixou muito espaço para
fazer pesquisa de outra forma. Artigos de jornais online (o que permite alcançar
um âmbito global) e artigos acadêmicos (uma importante fonte de pesquisa foi o
centro de pesquisa do BRICS da Universidade de Toronto) e páginas oficias do
FMI, Banco Mundial, etc. onde entre outras coisas, foi possível extrair tudo
relacionado à história dessas instituições, e os números oficiais referentes à
participação dos diferentes países nessas instituições, foram minhas principais
fontes de informação.
2.3.2 Escolha da Teoria
Usei a teoria da globalização para explicar a natureza dos BRICS como uma
organização conjunta das nações individuais, que buscam alguma forma de
11
cooperação em resposta a necessidade atual da cooperação no cenário da economia
global, bem como para as novas relações entre Norte-Sul e Sul-Sul que estão
sendo moldadas no processo.
Usei a teoria das grandes potências para entender o equilíbrio de poder, e como
isso pode mudar em um mundo onde novas economias emergentes querem ter
influência na tomada de decisões internacionais. Além disso, uso a teoria das
grandes potências para discutir o surgimento do BRICS, como mais que uma
colaboração de estados com um Novo Banco de Desenvolvimento com o potencial
de desafiar a ordem mundial. Essa discussão nos leva a mais critica da teoria
realista, já que quero investigar a possibilidade da importância cada vez mais da
força econômica, acabar substituindo a capacidade militar como meio mais
importante para chegar ao poder, e determinar se um país pode ser considerado
uma grande potência.
2.4 Reflexão sobre a validade
Ao longo de todo o projeto, cito alguns relatórios divulgados pelas próprias
instituições que viso analisar. Assim, isso me leva a incluir criticamente todas essas
informações, estando completamente consciente de que o que posso encontrar nas
páginas da web a partir dessas diferentes instituições ou eventos analisados tenha
natureza oficial, e não ser autocrítica. Os mais confiáveis são os artigos do Centro de
Pesquisa sobre o BRICS da Universidade de Toronto, que tem um grupo de pesquisa
acadêmica voltado para este assunto. Além disso, utilizo fontes externas e criticas, a
fim de obter uma analise mais profunda dos dados empíricos e uma conclusão mais
precisa das questões de pesquisa.
Mas os problemas com fontes secundárias permanecem: as fontes são confiáveis e o
escritor/escritores ter uma agenda especifica é o tema em questão? Como mencionado
acima, tentei ter esses problemas constantemente em mente, quando se tratava de
analisar os dados coletados.
3 BRICS
Neste capítulo apresentarei o BRICS. Primeiramente, analisarei como ele foi criado, e
segundo, como o BRICS funciona e que acordos eles tem feito entre eles. Isso irá
permitir uma analise sobre o ele.
12
3.1 BRICS
O BRICS é um agrupamento econômico atualmente composto por cinco países:
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Não se trata de um bloco econômico ou
uma instituição internacional, mas de um mecanismo internacional na forma de um
agrupamento informal, ou seja, não registrado burocraticamente com estatuto e carta
de princípios.
Em 2001, o economista Jim O´neil formulou a expressão BRICs (com “s” minúsculo
no final para designar o plural de BRIC), considerado as iniciais dos quatro países
considerados emergentes, que possuíam potencial econômico para superar as grandes
potências mundiais em um período de, no máximo, cinquenta anos.
O que era, no inicio, apenas uma classificação utilizada por economistas e cientistas
políticos para designar um grupo de países com características econômicas em
comum, passou a partir de 2006, a ser um mecanismo internacional. Isso porque
Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar um caráter diplomático a essa expressão
na 61º Assembleia Geral das Nações Unidas, o que propiciou a realização de ações
econômicas coletivas por parte desses países, bem como uma maior combinação
entre eles.
Em 2008 os líderes dos BRICs fizeram a primeira reunião oficial, onde foram
tratados problemas como desenvolvimento, energia, mudança climática, problemas
sociais, segurança e paz, todos os problemas que eles sentiam que eram importantes
para o que eles estavam vivenciando em um nível global. Após esse encontro, os
ministros de finanças dos BRIC´s decidiram se encontrarem e discutirem a crise
econômica mundial. Não apenas os ministros de finanças se encontraram, mas
também os ministros de agricultura, saúde, e comércio se encontraram para discutir
competição, estatísticas, segurança nacional e tecnologia.
Desde o primeiro encontro em 2008, eles tem realizado cúpulas anuais. Estas cúpulas
são realizadas a margem dos encontros anuais do Banco Mundial e FMI, e dos
encontros do G20, do qual os BRICS fazem parte. Na terceira cúpula em 2010, os
ministros de comércio exterior do BRIC´s concordaram que África do Sul poderia se
tornar parte dos BRIC, então na cúpula de 2011 o mecanismo tornou-se o BRICS.
Para África do Sul se tornar parte dos BRICS, está alinhada com os objetivos de
política estrangeira do BRICS. A África do Sul se juntou aos BRICS com três
objetivos em mente, sendo a primeira para promover os interesses nacionais, o
segundo para promover seu programa de integração regional e programas de
infraestrutura continental e terceiro objetivo é ser um parceiro dos jogadores chaves
em problemas relacionados à governança global e a reforma dela. O´Neill declarou
em um artigo em 12 de Abril de 2013, que a África do Sul tem um grande papel no
13
BRICS e uma grande responsabilidade em ser um tipo de porta de entrada para ajudar
o resto da África a se desenvolver mais e a ter mais sucesso.
O ponto de O´Neill, é que o resto do mundo agora tem que ter conhecimento da
importância dos BRICS, por causa do seu crescimento e força, e não apenas vê-los
como membros individuais que se encontram uma vez por ano para ser noticiados
pela sociedade internacional. O´Neill e alguns analistas dirá, quase exclusivamente,
que por causa dos países do BRICS, o PIB global da década diz- se estar entre 4 a 4.5
por cento. Através destes encontros e cúpulas, o mundo está começando a ver como
suas cúpulas são um fórum importante para problemas importantes, por que as
decisões feitas pelo BRICS pode afetar o mundo inteiro, por isso é importante
mencionar os problemas que eles estão abordando para mostrar como eles estão
evoluindo.
A partir do ano 2011, a África do Sul também foi oficialmente incorporada ao BRIC,
que passou a se chamar BRICS, com o “S” maiúsculo no final para designar o
ingresso do novo membro (O “S” vem do nome do país em inglês: South Africa).
Atualmente, os BRICS são detentores de mais de 21% do PIB mundial, formando o
grupo de países que mais crescem no planeta. Além disso, representam 42% da
população mundial, 45% da força de trabalho e o maior poder de consumo do mundo.
Destacam-se também pela abundância de suas riquezas nacionais e as condições
favoráveis que atualmente apresentam para explorá-las.
3.1.1 Cúpula da China 2011
As primeiras cúpulas realizadas pelo BRIC em 2008-2010 foram discussões sobre a
situação atual e os problemas globais, mas após a adesão da África do Sul na
Cúpula da China em 2011, a discussão, foi para outro patamar, já que eles
discutiram e acordaram sobre várias mudanças que eles gostariam de fazer no
sistema financeiro internacional, e assim, ganhar mais influência no cenário
internacional. Isso foi devido ao fato deles sentirem que não estavam sendo tratados
com igualdade em comparação com os países de economia forte. Os BRICS
discutiram mudanças específicas que eles gostariam de ver no Fundo Monetário
Internacional, sobre o Direito Especial de Saque, em inglês, (Special Drawing
Rights (SDR)).
O Direito Especial de Saque é o ativo financeiro do FMI. Substitui o ouro e o dólar
para efeitos de troca. Funciona apenas entre bancos centrais e também pode ser
trocado por moeda corrente com o aval do FMI. Tendo sido criado em 1969,
14
começou a ser utilizado apenas em 1981. Seu valor é determinado pela variação
média da taxa de câmbio dos cinco maiores exportadores do mundo: França (Euro),
Alemanha (Euro), Japão (Iene), Reino Unido (Libra esterlina) e Estados Unidos
(Dólar estadunidense). A partir de 1999, o euro substituiu as moedas francesa e
alemã neste cálculo.
O BRICS quer que o FMI amplie o uso do Direito Especial de Saque em acordo
com o seu crescimento econômico, uma vez que o Conselho de Administração do
FMI é quem decide como o Direito Especial de Saque é alocado. Neste conselho os
cinco principais acionistas são: Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e
Inglaterra. Assim, os países do BRICS concordaram com a necessidade de
alcançarem a estabilidade e que certamente gostariam de um sistema de moeda de
reserva internacional de base ampla.
Nesta mesma cúpula, os países do BRICS discutiram também, como eles queriam
que a Declaração de Sanya fosse representativa, uma vez que eles sentiam que ela
não era seguida. Esta declaração afirma que “A estrutura de gestão das instituições
financeiras internacionais deve refletir as mudanças na economia mundial, dando
maior voz e representação a economias emergentes e a países em desenvolvimento”.
3.1.2 Cúpula da África do Sul 2013
A última cúpula do BRICS foi realizada em Durban, África do Sul em março de
2013 e foi intitulada “BRICS e África: Parceria para o Desenvolvimento, Integração
e Industrialização”. Nesta cúpula as discussões foram bem diferentes das que eles
tiveram nas primeiras reuniões, como informado no capítulo anterior, passando da
discussão inicial sobre a atual situação global em 2008, a discussão sobre como eles
queriam mudanças nas instituições financeiras internacionais na cúpula de 2011,
para a situação atual na cúpula de 2013, que envolveu a criação do Novo Banco de
Desenvolvimento, criado por eles, os países do BRICS. Eles concordaram na
criação de um novo banco de desenvolvimento em 2014 e indicaram que o capital
inicial do banco seria substancial e eficiente para o banco ser efetivo em
infraestrutura de financiamento.
Eles também concordaram na criação de um arranjo de contingente de reserva, com
um valor inicial de $100 bilhões, que os ajudariam prevenir pressão de liquidez de
curto prazo e fortalecer ainda mais a estabilidade financeira. Para estes acordos
virem a ter efeito, os países do BRICS concordaram em rever o progresso na
próxima reunião dos ministros de finanças e diretores dos bancos centrais dos
15
BRICS, em setembro de 2013. O último resultado da cúpula foi a criação de um
conselho “Think Tanks” e um conselho de negócios. O conselho “Think Tanks”
desenvolveria opções de políticas para avaliação e futuras estratégias de longo prazo
para o BRICS. O Conselho de Negócios buscaria associações de negócios com cada
membro do BRICS e também criar engajamento entre estas comunidades de
negócios. Essa nova estrutura, acredita-se fortaleceria a cooperação intra-BRICS.
4 Globalização
Neste capítulo, farei uma breve apresentação da Globalização e como ela tem
influenciado a economia global desde os anos 70. Além disso, também analiso como a
globalização tem alterado ou de certa forma remodelado as políticas globais no que se
refere às instituições internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, e como o
neoliberalismo prosperou sob a globalização e nas instituições anteriormente
mencionadas. E finalmente, apresento uma subanalise da globalização e BRICS e
como eles se adaptaram a globalização. Na subanalise também apresento o
Investimento Estrangeiro Direto, uma vez que está área cresceu durante a globalização,
e incentivos econômicos neoliberais, para demonstrar como o BRICS está no trabalho
de se tornar maior. O BRICS está trabalhando para se tornar maior. O BRICS é agora
um dos maiores exportadores do Investimento Estrangeiro Direto, não só para países
em desenvolvimento, mas também países desenvolvidos, devido a políticas de governo
que promove investimento estrangeiro direto em seus respectivos países.
4.1 Globalização
Hoje existe um debate considerável em torno da globalização. O que isso significa,
quais são as consequências e como isso influência o mundo hoje? Estudiosos
parecem concordar e discordar quando se trata de fixar para baixo o atual significado
de mundo e como entender o termo ‘globalização’. Existe um debate especialmente
entre os teóricos que se veem como defensores de Economia Centralizada ou não
Centralizada, como globalização pode redefinir qualidades do sistema e do caráter da
política mundial. Além disso, existem dois grandes grupos teóricos; um que consiste
de cientistas sociais que analisam a compreensão interdisciplinar da globalização e o
segundo, um grupo de teóricos que promovem ou querem mudar o neoliberalismo da
globalização atual. A última sendo entre estudiosos que são a favor ou críticos em
relação às políticas econômicas neoliberais que favorecem o comércio corporativo de
16
larga escala, privatização de recursos e livre mercado como mais eficiente alocação
de recursos globais.
Em consequência do 11/09, aqueles que eram céticos quanto à globalização,
escreveram sobre o fim da globalização e da ordem mundial liberal, devido à guerra
contra o terrorismo, que foi interpretada por alguns, como um mundo de
nacionalismo intensificado (com hegemonia militar americana, fronteiras fechadas e
estado forte). Entretanto, apesar da guerra contra o terrorismo, globalização ou inter
conectividade, tem provado ser resiliente especialmente no fluxo da economia global.
A ontologia de Economia Centralizada vê a globalização como uma ameaça a esta
visão, como isso ameaça todos que veem política internacional através de olhos de
autointeresse, autossuficiente, e mais notadamente soberano do estado como atores,
porque na globalização o estado não é o único ator significante no cenário
internacional. “Novos” atores como, as instituições financeiras internacionais (FMI,
Banco Mundial), tem se tornado de maneira crescente mais influentes. E Além disso,
estas instituições são expoentes de políticas neoliberais.
A Globalização também desafia perspectivas teóricas neoliberais, e suas mais
apaixonadas suposições analíticas que podem ser caracterizadas como: “aberta,
competitiva, mercados abertos, livres de todas as formas de interferência do estado,
representa o mecanismo de otimização de desenvolvimento”. Porque, embora a
ideologia neoliberal critique a intervenção do estado, formas disciplinares de
intervenção do estado, ainda são praticadas por atuais políticas neoliberais. Podemos
dizer que a globalização tem atribuído para expansão de políticas neoliberais em
política global e economia. Um exemplo são os países do BRICS. Todos se
submeteram a reforma econômica nos anos 70 e 80, onde os princípios de mercado
capitalista elevaram-se, como resultado da crise do petróleo nos anos 70, a queda do
comunismo em 1989 e políticas neoliberais. Alguns destes princípios de mercado
capitalista foram: abertura do país para investimento estrangeiro e privatização de
algumas das indústrias estatais para se tornar parte da economia global.
Algumas das mudanças que a globalização tem sido parte são: A capacidade de
soberania e policy-making do estado nação estão comprometidas pelos fluxos
transnacionais além do controle do estado; instituições transnacionais de governança
global têm crescido e mudado o caráter do mundo político; um novo cenário político
é preenchido por uma variedade de atores, e não todos os estados-nações estão
incluídos e assim o estado nação deixa de ser o mais importante ator no mundo
político.
17
4.1.1 Investimento Estrangeiro Direto de Empresas dos Países do BRICS
Um dos maiores pilares da internacionalização das empresas dos BRICS é capital
estrangeiro direto, isso pode ser visto como o principal canal de competição
internacional que tem sido elevado pela globalização. Ele é usado pelas empresas,
como uma maneira de expandir e competir com empresas locais e outras empresas
no mercado internacional. De acordo com o Relatório de Investimento Mundial de
2012, os fundos de investimento estrangeiro tem um importante papel de
desenvolvimento porque metade do fluxo global total é para economias em
desenvolvimento e transição, incluindo os países menos desenvolvidos. Isso pode
ser visto na avaliação do Relatório de Investimento Global, onde economias em
desenvolvimento, responde por 45%, e economias em transição, responde por 6%
do fluxo global. (De acordo com as projeções do Relatório de Investimento
Mundial, estes países continuarão com os seus autos índices de desenvolvimento
nos próximos três anos). Além disso, de acordo com o Relatório de Investimento
Mundial de 2006, o crescimento da taxa de fundo de investimento estrangeiro de
empresas de países desenvolvidos tem sido ultrapassado pelo crescimento externo,
por empresas de mercados emergentes, uma tendência que tem se mostrado
crescente nos últimos anos. Quando se trata dos países dos BRICS, o relatório
mostra que ambos os níveis de Investimento estrangeiro direto, entrada e saída, tem
aumentado significativamente. Rússia e China foram os maiores investidores
externos em 2008, seguidos por Brasil e Índia, e em 2012 os BRICS foram
responsáveis por aproximadamente um décimo da saída de investimento global,
onde um terço foi proveniente de economias em desenvolvimento e em transição.
Além disso, os BRICS provaram um pouco de resiliência para as crises econômicas,
já que o escoamento de capital dos BRICS caiu 26% em 2009, comparado com os
40% para todo o mundo. Críticos dentro do movimento antiglobalização alegam que
o resultado de Investimento Estrangeiro Direto resulta na retirada de dinheiro do
sistema local, em oposição a apoiar a indústria local, o que, gera redução da mesma,
resultando em subdesenvolvimento social e econômico em uma escala local.
4.2 Analises da Globalização e BRICS
Quando se trata dos países do BRICS e globalização, se torna evidente que eles
pouco se ajustam ao modelo de que tanto os céticos, quanto os favoráveis à
globalização dizem, já que eles, os BRICS, implementaram políticas neoliberais,
enquanto tentam ainda manter um ponto de vista de Economia Centralizada (China,
18
Rússia e África do Sul privatizaram parte do seu setor industrial). Índia tem imposto
políticas neoliberal e privatizado seus serviços público. No Brasil também se viu uma
transição, com a privatização de empresas estatais. Além disso, os países do BRICS
ainda querem manter um estado forte, porque os BRICS, por direito próprio, são
grandes mercados emergentes em desenvolvimento com grandes populações,
territórios e recursos e são lideres de aproximadamente 40% da população mundial.
Portanto, cada um dos países do BRICS tem os seus próprios respectivos interesses
nacionais a exercer dentro do grupo. Entretanto, para ser parte de uma economia
global, eles tiveram que formar um grupo, ainda que eles tenham certos pontos de
vista políticos diferentes, devido ao fato da globalização de tecnologia e
desenvolvimento ter amarrado países juntamente com comércio, finanças e centros
bancários que desenvolveram para estarem todos integrados em uma rede.
Além disso, o termo BRICS também tem um significado simbólico no sentido de que
eles criaram um papel importante para eles no palco global. Portanto, pode se dizer
que os países do BRICS usaram a oportunidade que um mundo globalizado tem dado,
para trabalharem juntos e assegurarem-se de um mercado seguro entre os países
membros. Neste sentido o estado é o principal ator. Entretanto, os estados- nação tem
que se comprometerem com algumas visões políticas, se eles quiserem ter influência,
e fazerem parte de uma economia global e de tomada de decisão, e possivelmente, o
estado-nação torna-se marginalizado, uma vez que, se um deles for uma economia
menor, tem que se juntar a algum tipo de aliança ou união. Entretanto, considerando o
fato que os BRICS são fortes, ainda economias em crescimento, isso poderia ser visto
como um fim para o estado-nação como o principal ator em uma sociedade
internacional, e que a cooperação entre países tornou-se um novo caminho a seguir,
porque eles não têm influência suficiente se eles se manterem sozinhos na arena
internacional. O ponto de vista liberal em Relações Internacionais apoiam que não é
somente o estado que está em foco para analise, mas também cooperação, já que os
BRICS devem ser vistos como uma cooperação entre diferentes países, para quem o
principal objetivo é o crescimento econômico. Através do ponto de vista liberal,
assuntos internacionais podem ser moldados por cooperação e não somente conflitos,
por isso a partir de uma visão liberal em Relações Internacionais, BRICS pode ser
dito como sendo uma cooperação entre cinco países membros, o que os ajuda a criar
e manter crescimento, já que eles têm acordos benéficos entre eles, e cooperam
ajudando outros países em desenvolvimento. Isto também está em alinhamento com
as tendências e desenvolvimentos recentes, na esteira da crise econômica global, têm
levado a um ajuste na política econômica global, com novos grupos emergentes,
como G20, G8 e BRICS a fim de traçar estratégias para fortalecer a economia global
ou suas economias nacionais.
19
O G20 foi formado em 1999 como uma forma de dar aos países em desenvolvimento
um poder maior de voz na formação da economia global. Juntos estes países
representam dois terços da população mundial e 85% da economia.
O G8 consiste de membros do mundo industrializado e desenvolvido e exclui China e
Índia apesar de suas grandes economias. O G8 tem sido criticado por representar o
mundo desenvolvido.
Portanto, podemos dizer que os BRICS cooperam entre sim em crises financeira, uma
vez que teoricamente eles ajudariam um ao outro a criar boas condições para manter
o crescimento. Entretanto, o comércio entre os países ainda é deficiente, e Brasil e
Rússia estão competindo um com o outro para ser o principal fornecedor de energia, e
a maioria das exportações chinesas vão para os Estados Unidos. Então, pode se dizer
que a cooperação entre eles se resume em garantir as melhores condições para o
crescimento da economia de que cada país membro. Isso mostra que os BRICS são
uma cooperação entre estados, mas o interesse nacional é o mais importante, que é
também por isso em primeiro lugar, que eles entraram em uma cooperação.
O fato de que os países do BRICS querem criar um Novo Banco de
Desenvolvimento, mostra que ainda que eles representem 40% da população do
mundo, eles não acreditam que eles tenham voz suficiente em um sistema político
que é dominado pelos países ricos do ocidente. Além disso, isso mostra que os
BRICS querem influenciar como ajudar países em desenvolvimento, com seus
próprios pontos de vistas, que diferem do ponto de vista do Banco Mundial, e assim
aumentar/reforçar a cooperação Sul-Sul. Em certo sentido pode se alegar que eles
querem mudar a ordem mundial com os BRICS querendo que instituições
internacionais como FMI e Banco Mundial para ser reformulado para representar
adequadamente os interesses de nação, porque eles acreditam que estas instituições
são dominadas pelos países do Ocidente que usam essas instituições para promover
suas políticas estrangeira ou poder para controlar e ditar o resto mundo, e os BRICS
querem acabar com esse monopólio. Entretanto, é como se os BRICS não
acreditassem que isso seja possível, quando planejam criar sua própria instituição
financeira que capacitaria potencialmente outros países em desenvolvimento e
economias emergentes serem uma parte maior da economia global, o que poderia
fortalecer a posição dos BRICS como potente força de influência na sociedade
internacional.
Desde o inicio os países do então BRIC, se concentraram em Fundos de Investimento
Direto, apoiando empresas em investir no exterior. Como resultado um grande
número de empresas entraram no mercado internacional. Isso é devido à liberalização
da economia e mudanças fundamentais no regime de comércio exterior dos BRIC, o
20
que também atraiu entrada de altos Fundos de Investimento Direto para estes países.
Levado por motivos econômicos, os países do BRICS internacionalizaram suas
companhias e deram a elas apoio político para investir no exterior.
4.3 Subconclusão
Devido à globalização, muitas novas forças (jogadores com direito de influenciar)
surgiram, já que as políticas neoliberais das últimas décadas abriram mercados,
aumentaram os fluxos transfronteiriços e fundos de investimento direto. Como
resultado, os membros dos BRICS se beneficiaram de políticas econômicas
estabelecidas por lideranças ocidentais e as instituições internacionais. Suas
indústrias ganharam vastamente com a globalização, uma vez que ela abriu mercados
para corporações ocidentais querendo maximar seus lucros, mudando sua produção
para países de economia menos desenvolvida, com menor custo de locação e mão de
obra. Além disso, o crescimento de Fundo de Investimento Direto nos BRICS pode
ser atribuído a políticas econômicas neoliberais que dominaram a economia global
nas últimas décadas, já que isso permitiu a abertura de mercados, não apenas para
economias em desenvolvimento, mas também para economias desenvolvidas.
Entretanto, as vozes dentro do movimento antiglobalização, levantaram preocupação
com a globalização irresponsável, onde corporações e governos exploram as
possibilidades que um mercado aberto oferece, para maximizar lucro, não
considerando os direitos humanos e a preservação do meio ambiente.
Além disso, a questão permanece: existe ainda um ator estado soberano? Se nós
examinarmos a abordagem neoliberal veremos que ainda que o neoliberalismo
promova a não intervenção do estado, na realidade, ainda existe alguma forma de
intervenção do estado, como o estado é o que define o terreno para o mercado em que
uma empresa tem de atuar, isso pode ser através de regras e regulações, que ainda são
feitas pelo estado nação. Entretanto, considerando que a globalização abriu novos
mercados, existe a possibilidade que a empresa que enfrenta mais e mais regras ou
regulações impostas pelo estado, mude seu negócio para algum outro lugar, onde as
condições são melhores. Isso poderia então, forçar um governo a abrir mão dessas
regulações para manter os negócios no país.
21
5 Instituições Financeiras Internacionais
Neste capítulo apresentarei as instituições financeiras internacionais. Primeiramente,
apresentarei o FMI e o Banco Mundial já que estas são instituições em que os BRICS
pretendem ter maior influência. Finalmente, apresentarei o Novo Banco de
Desenvolvimento para que possamos analisar o que os BRICS pretendem com a
criação dessa instituição, e como isso potencialmente pode influenciar as instituições
financeiras internacionais já existentes.
5.1 Fundo Monetário Internacional (FMI)
O FMI é uma das duas instituições que foram criadas na cúpula de Bretton Woods em
1944. Quarenta e cinco países concordaram em estabelecer um quadro de cooperação
internacional. Estes países acreditaram que um quadro como este os ajudaria a evitar
as consequências de políticas econômicas que tinham contribuído para grande
depressão. Todos eles concordaram em manter suas taxas de câmbio, e taxas
vinculadas que poderiam ser ajustadas na balança de pagamentos. Além disso, isso só
poderia ser feito com a autorização do FMI. O sistema de taxas fixas entrou em
colapso em 1971 e os países estavam livres para escolher sua taxa de câmbio.
A primeira ideia é que o FMI ajudasse na reconstrução dos países atingidos pelas
guerras mundiais e, depois, socorresse os países que adotam o sistema neoliberal. O
novo ordenamento do mundo do após-guerra seria caracterizado pelo fortalecimento
do capitalismo e pela obediência a instituições internacionais regidas pelo principio
democrático no qual todos se fariam representar igualmente, sem que nada fosse
imposto aos seus integrantes. O FMI seria uma instituição que procurava abrigar
todos os países que dele quisessem participar. Agora o FMI interfere na política
econômica dos países devedores de forma extremamente autoritária. Na sua criação
estava a ideia de que o mundo poderia estar tranquilo. Dali em diante uma moeda em
comum, cambiável em escala universal, facilitando e ajudando a expandir o comércio
pelo mundo inteiro. Se algum país passasse por sérias dificuldades financeiras, o FMI
iria a seu socorro para evitar a falência ou a moratória dele contaminasse o
funcionamento de todo o sistema internacional.
5.1.1 FMI- Financiamento por Sistema de Cotas
Cada país membro detém no FMI uma cota a ser determinada com base em seus
indicadores econômicos, entre eles o PIB. Quanto maior a contribuição ao FMI,
maior é o peso do voto nas decisões. Há uma revisão geral das cotas a cada cinco
22
anos. O Fundo pode propor um aumento nas cotas de determinado país, mas é
necessária a aprovação por 85% dos votos para qualquer modificação.
Cada país pode retirar 25 % de sua cota correspondente. Acima deste percentual, é
preciso assinar um termo (carta de intenções, atrelada geralmente a um memorando
técnico de entendimento) onde se compromete a reduzir o déficit fiscal e promover
a estabilização monetária. A partir de 1980, o FMI passa a funcionar como
supervisor da dívida externa. Recentemente, o combate à pobreza mundial vem-se
tornando uma preocupação central.
Os cinco maiores acionistas são: Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Reino
Unido.
5.1.2 Papel do FMI
Quando um país decide se juntar ao FMI, ele concorda com um número de políticas
econômicas e financeiras ao escrutínio da comunidade internacional. Os países
devem concordar com várias políticas que eles devem seguir e serem efetivas para o
crescimento econômico, isso é para evitar manipulação de taxa cambial com fins de
vantagem competitiva desleal. O FMI pode monitorar estes países e identificar as
fraquezas que estão causando ou podem levar a uma crise financeira; isso é
chamado de vigilância. Não apenas o FMI tem vigilância sobre os países membros,
mas também em um nível regional, incluindo a área do Euro e União Monetária e
Econômica do Oeste da África. Além disso, eles discutem desenvolvimento
econômico e políticas chaves em regiões como a Ásia, Europa e África Subsaariana.
Assistência técnica é uma das atividades essenciais do FMI, isso é concentrado em
áreas onde o fundo tem maiores vantagens. Isso é feito para fortalecer habilidades
Cotas em 2013 EUA REINO UNIDO ALEMANHA FRANÇA JAPÃO
Em milhões (USS)
Direito de saques
especiais 42.122,40 10.738,50 14.565,50 10.738,50 15.628,50
% do total 17,69 4,51 6,12 4,51 6,56
% de voto 16,75 4,29 5,81 4,29 6,23
23
em instituições como ministérios de finanças e bancos centrais. Aproximadamente
80% da assistência técnica do FMI vão para países de média e baixa renda, e
principalmente ligados à África Subsaariana e Ásia. Essa assistência técnica tem o
objetivo de fortalecer o sistema financeiro internacional, através de redução de
pobreza e programas de crescimento e ajudar fortemente países pobres redução de
déficit e programas de crescimento.
Qualquer país em grave crise financeira, que pode ameaçar a estabilidade do
sistema financeiro internacional, pode recorrer ao FMI para assistência financeira.
Estes empréstimos financeiros são para ajudar os países a restaurar o crescimento
sustentável. A resolução de crises é o núcleo do programa de empréstimos do FMI.
5.1.3 FMI- Críticas e Reformas
O sistema de cotas tem estado praticamente inalterado nas últimas décadas. Nessas
décadas, os maiores doadores do FMI são os que governam as maiores economias.
Embora nesta última década, vozes críticas têm se tornando mais intensas com o
crescimento da economia mundial e países em desenvolvimento estão em progresso
em se tornarem países desenvolvidos com suas economias crescentes. Esses países
pedem por uma alteração no sistema de cotas do FMI. A maioria das críticas é
destinada a questões de governança, e entre 2006 e 2008 várias reformas foram
propostas, por exemplo, as cotas cresceram para 54 países membros. Uma mudança
que fez com que mais de 6 % das cotas partes no conselho de governadores, fossem
para mercados emergentes e países em desenvolvimento. Essa mudança também
contém benefícios em tomada de decisões, além disso, o sistema de eleição dos
diretores executivos mudará para se tornar mais democrático. Em 2008, o ex-
diretor Dominique Strauss-Kahn, disse que esse tipo de implementação de reformas
reflete o compromisso da fundação para fortalecer a eficácia do FMI, credibilidade
e legitimidade. Ele completa que a reforma a maior revisão de governança nos 65
anos história do FMI e a maior mudança de influência em favor dos mercados
emergentes e países em desenvolvimento, isso deve estar em consonância com a
representação do FMI com as realidades econômicas globais.
Depois disso, Brasil e Índia estarão, ao lado de Rússia e China, entre os 10
principais acionistas do FMI. Retratando um cenário em que os 10 maiores
acionistas serão: Os Estados Unidos, os quatro maiores países europeus (França,
Alemanha, Itália e Reino Unido), Japão e os BRICS (Brasil, China, índia e Rússia).
Havendo essas reformas, quatro dos cinco países do BRICS estarão na posição dos
dez maiores acionistas, apenas deixando um país para trás, África do Sul, uma vez
que esse não tem uma economia forte como os demais países do BRICS, portanto
não pode fazer parte dos dez maiores acionistas. Deve ser notado que a maioria
24
dessas reformas não foram ainda implementadas, deixando os países em
desenvolvimento e mercados emergentes nos mesmos lugares de antes.
O FMI e o Banco Mundial estão diretamente ligados como sendo os provedores de
ajuda ao desenvolvimento e assistência financeira, mas a diferença é que o FMI não
financia projetos. Por isso, é crucial analisar ambos os bancos já que o Novo Banco
de Desenvolvimento dos BRICS irá providenciar a mesma assistência.
5.2 Banco Mundial
O Banco Mundial foi fundado em 1944 em Bretton Woods simultaneamente com o
FMI e foi inicialmente para ajudar a reconstruir a Europa após a Segunda Guerra
Mundial. Reconstrução tem sido mantida como o principal foco do Banco Mundial,
por exemplo, em casos de desastres naturais, emergências humanitárias e necessidade
de reabilitação pós-conflito que afetam o desenvolvimento e economias de transição.
Para cobrir todas essas áreas o Banco Mundial tem se ampliado e tornado mais
complexo. Ele se tornou um grupo de cinco instituições de desenvolvimento
intimamente interligadas: O Banco Internacional para Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD), a Associação de Desenvolvimento Internacional (AID), a
Corporação Financeira Internacional (CFI), a Agência de Garantia de Investimento
Multilateral (MIGA), e o Centro Internacional para Resolução de Disputa Sobre
Investimento (ICSID).
5.2.1 Financiamento através de títulos
O conselho de diretores consiste do presidente do Banco Mundial e 25 diretores
executivos. As principais cadeiras destes 25 diretores executivos são os cinco países
que tem maior participação no Banco Mundial, são eles: Estados Unidos. Japão,
França, Alemanha e o Reino Unido. Esses cinco países tem o poder de indicar os
diretores executivos para outro país, o que é feito juntando todos os 188 membros
dentro de 20 grupos e cada grupo indica um diretor. Dentro desses 20 grupos,
China, Rússia e Arábia Saudita, cada um tem seu próprio grupo, portanto, elegem
seu próprio direto executivo. Para uma decisão passar no conselho de diretores, é
necessário ser representado pelos 80% de maioria total do poder de voto. O Banco
dispõe de um sistema de votação de peso como o FMI, e de acordo com artigos de
acordo do BIRD, os países precisam ser membros no FMI para se tornar membro no
Banco Mundial.
25
No caso do Banco Mundial, por exemplo, cada membro paga 20% do capital
enquanto os 80% remanescente é deixado como “exigível” (para ser pago no caso
de omissão). Essa garantia permite ao Banco Mundial arrecadar dinheiro para suas
finalidades de empréstimos nos mercados internacionais de capital pela venda de
seus títulos. Assim, Financiamentos do FMI vem de dinheiro arrecadado através de
sistema se cotas, enquanto que financiamento do Banco Mundial vem especialmente
de títulos de emissão nos mercados financeiros e de pagamentos de obrigação de
dívida, emprestando as suas reservas, levantadas de obrigações dos seus 188
acionistas.
5.2.2 Papel do Banco Mundial
O Banco Mundial é uma importante fonte de financiamento e assistência técnica
para desenvolvimento de países em todo o mundo. Seu papel é reduzir pobreza e
apoiar o desenvolvimento. Existem duas principais instituições no Banco Mundial,
são elas o BIRD e a AID. O BIRD tem como objetivo a redução da pobreza nos
países de renda média e que podem arcar com empréstimos em termos não
concessionais, e a AID que visa reduzir a pobreza por meio de doações e
empréstimos livres de juros a países em grave situação social. Os créditos são
concedidos com prazos mais longos para devolução (30 ou 40 anos, por exemplo), e
a aplicação do dinheiro deve ser direcionada a programas governamentais que
promovam crescimento econômico, reduzam desigualdades e melhorem as
condições de vida da população, promovam crescimento econômico, reduzam
desigualdades e melhorem as condições de vida da população. Ambas as
instituições são representadas pelos 188 países membros. O Banco Mundial oferece
empréstimos com baixa taxa de juros, créditos sem juros, e subsídios para países em
desenvolvimento em todas as regiões. Através da assistência financeira, o Banco
Mundial apoia uma gama de investimentos, como em educação, saúde,
infraestrutura e agricultura.
5.2.3 Banco Mundial- Críticas e Reformas
Durante a década de 80, o Banco Mundial foi empurrado em muitas direções. No
inicio da década, foi colocado face a face com questões macroeconômicas e
reescalonamento de dívidas, no final da década, questões sociais e de meio ambiente
foram o foco, e uma sociedade civil cada vez mais ativa, acusou o Banco Mundial
de não observar suas próprias políticas em alguns projetos de alto perfil.
Para abordar as preocupações sobre a qualidade das operações do Banco Mundial, o
relatório Wapenhans foi divulgado logo depois, foram dados passos em direção a
reformas, incluindo a criação de um painel de inspeção para investigar reclamações
contra o Banco Mundial. O impacto desse relatório foi enorme, com repercussões
internas e externas. O relatório declarou que mais de um terço dos projetos do
26
Banco Mundial concluídos em 1991 foram julgados como falhos pelos próprios
funcionários do Banco. Geograficamente, a África teve os maiores problemas, no
qual alguns países tiveram uma taxa de sucesso menor que 17,2%, e dois países na
America Latina tiveram 50% dos projetos julgados como falhos. Contudo,
cresceram as críticas, atingindo um pico em 1994 no encontro anual em Madri. Um
acompanhamento de revisão, o Relatório Financeiro e Auditoria, liderado por
George Russel, apontou que estas falhas podem ser atribuídas a uma série de
fatores: normas de contabilidades deficientes nos países beneficiários, a falta de
pessoal experiente e requisitos de informação demasiado pesados, que não refletiam
o que era considerado necessário.
5.3 Plano dos BRICS para um Novo Banco de Desenvolvimento
Na cúpula dos BRICS em 2012 em Nova Delhi, na Índia, os cinco presidentes do
BRICS levaram para a mesa uma série de importantes acordos de cooperação,
relacionadas a ações bancárias conjuntas. Configurando o acordo principal sobre a
extensão de crédito em moeda local (com a intenção de redução a demanda por
moedas plenamente conversíveis para os custos do comércio intra-BRICS) e a Carta
Multilateral de Contrato de Confirmação de Crédito (que ajudaria reduzir custos de
transação comercial, além de promover o comércio intra-BRICS).
Na cúpula de Nova Delhi, muitas questões foram abordadas, como, gestão financeira
e macroeconômica, investimento, comércio, tecnologia, inovação e como seria
melhor lidar com esses tipos de problemas com suas próprias instituições. Portanto,
nesta cúpula, eles também começaram a discussão quanto à possibilidade de criar seu
próprio banco de desenvolvimento, o que é principalmente devido às razões
colocadas a seguir.
5.3.1 Porque criar um Novo Banco de Desenvolvimento
Uma das razões é que o novo banco de desenvolvimento funcionaria como uma
alternativa para as promessas não atendidas por mais influência nas instituições
internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Para o
BRICS as reformas que permitiriam maior influência em ambas as instituições tem
andado muito lentamente. Segundo os BRICS, eles esperavam maior reciprocidade
por parte dos membros do FMI a suas contribuições, através de realização de
alterações acordadas que reforçaria o poder de voto das economias emergentes na
organização. Eles querem mudar a atual reforma de cota dessas instituições e
adaptá-la ao momento atual. Os BRICS gostariam de assegurar que a reforma de
27
cota do FMI pudesse dar a eles o seus devidos lugares e querem também assegurar
que as cabeças do FMI e do Banco Mundial sejam selecionadas na base do mérito
global e não em um princípio nacional.
Eles estão frustrados em função das regras do jogo não terem sido alteradas
refletindo a realidade de hoje. Como colocado pelo ministro de finanças da África
do Sul, Pravin Gordhan: ”as raízes do Banco Mundial e do FMI ainda estão no
ambiente da Segunda Guerra Mundial”, o que significa que o FMI e o Banco
Mundial não parecem ter conhecimento das novas economias emergentes. Além
disso, o Banco Mundial e outras instituições financeiras internacionais são
frequentemente chamados a mudar. Estas mudanças envolvem diferentes ações e,
muitas vezes, diferentes objetivos. Gordhan acrescenta que ainda temos uma
situação onde certas partes do mundo são super-representadas, por exemplo, África
tem apenas três assentos no conselho de vinte e cinco assentos, assim o Banco
Mundial e o FMI continuam a ser dominados pela America e Europa. Os BRICS
querem uma mudança que nunca aconteceu, e eles estão agora desenvolvendo o
projeto de um Novo Banco de Desenvolvimento.
A segunda razão para começarem um Novo Banco de Desenvolvimento é que os
BRICS acreditam que países em desenvolvimento enfrentam desafios de
desenvolvimento de infraestrutura por causa de insuficiente financiamento de longo
prazo, Fundo de Investimento Direto e mais especialmente sobre capital próprio. O
objetivo dos BRICS é fugir da lógica dessas instituições. Por exemplo, o FMI e o
Banco Mundial, das suas sedes em Washington D.C, lançam diferentes tipos de
empréstimos para ajudar economias com problemas ou para providenciar
investimento para projeto de infraestrutura em um nível internacional.
5.3.2 O Novo Banco de Desenvolvimento
Este novo banco de desenvolvimento funcionaria como um fundo anti-crise, e ao
mesmo tempo, um mecanismo paralelo ao FMI, como uma nova instituição
alternativa destinada a canalizar ajuda financeira internacional dos países do
BRICS. Depois da última cúpula em 2013 em Durban, África do Sul, o projeto
completo foi colocado em andamento e eles planejam ter todas as preparações
finalizadas na cúpula de 2014 no Brasil. Os objetivos do Novo Banco de
Desenvolvimento foram definidos nos termos a seguir: criação de um arranjo
contingente de reservas que ajudará os países membros a enfrentar crises financeiras
e volatilidade de moeda com uma soma inicial de US$100 bilhões; financiar
projetos de infraestrutura em todas as nações em desenvolvimento; facilitar
empréstimos Sul-Sul. O capital próprio proposto é de US$50 bilhões, onde países
membros pagariam US$10 bilhões, o que significa US$2 bilhões por país.
28
5.3.3 Críticas
Apesar de tudo que já foi acordado, ainda existem questões pendentes. Por exemplo,
importantes questões como a localização da sede, a moeda que será utilizada, o
nível de abertura que isso teria para países fora do BRICS, ou o real montante
inicial, que ainda está em aberto. Porque quase todos os países do BRICS, exceto
China, acharam muito alto o montante de US$100 bilhões, e eles não querem que a
China invista mais dinheiro que os demais, de modo que ela teria uma fatia maior
que os outros. Embora estes US$100 bilhões pareçam modestos em comparação
com o recente meio trilhão de dólares mobilizado pelos BRICS para o novo fundo
“firewall” no FMI. Isso pode parecer modesto também em comparação com o fundo
contra a crise levantado pela Europa para proteger o Euro. Ainda que US$100
bilhões de dólares possam parecer modestos em comparação a outros fundos que
tenham sido levantados, isso é considerado um valor alto, por exemplo, para África
do Sul, para quem US$10 bilhões são substanciais. O detalhamento de como dividir
o capital social pode afetar a tomada de decisão e liderança.
Na cúpula de Durban em 2013, os líderes não conseguiram deixar claro quanto
tempo seria necessário para ter o Novo Banco de Desenvolvimento em
funcionamento. Isso prova ser um processo lento, como declarou o ministro de
finanças russo Anton Siluanov que eles precisavam de mais tempo para criar o novo
banco, para trabalhar nos detalhes sobre o financiamento e operações. Uma das
questões-chave do banco é o capital global e se a contribuição inicial é suficiente o
bastante para ser eficaz em infraestrutura de financiamento.
5.4 Analise do Novo Banco de Desenvolvimento e o FMI e Banco Mundial.
Ao analisar a estrutura governamental, políticas e críticas ao FMI, Banco Mundial e o
Novo Banco de Desenvolvimento, nos permitirá analisar sobre as controvérsias
detectadas.
O sistema de cotas tornou-se o principal problema para o BRICS, conforme
mencionado anteriormente, devido a pouca influência no FMI e no Banco Mundial, o
que gerou crescimento das criticas na última década. Os maiores acionistas tanto do
FMI quanto do Banco Mundial são os Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e o
Reino Unido. Estes cinco países sempre tiveram assento desde a criação destas
instituições no final da segunda guerra mundial. No Banco Mundial esses cinco
países tem o poder de escolher quem recebe assento no Conselho de Direção. São
eles que escolhem quais são os casos que passam, já que eles têm 80% da votação por
maioria.
29
Para o BRICS isso pode significar que estes cinco principais acionistas podem fazer a
escolha dos diretores executivos que mais provavelmente votarão alinhados com os
interesses próprios desses países. Assim, eles podem implementar suas próprias
agendas pelos votos no Banco Mundial, não escolhendo um diretor executivo de um
dos membros do BRICS, que podem afetar a votação nos assuntos os quais eles não
são favoráveis.
Isso é interessante, considerando que todos os países que se candidatam a membros
do FMI são submetidos a um exame minucioso e medidas de política. E ainda, eles
não são tratados iguais quando se trata de divisão de cotas. Antes de o país conseguir
filiação, ele deve concordar com políticas econômicas e financeiras na necessidade de
perseguir e ter crescimento econômico efetivo.
O foco em crescimento econômico não é apenas uma política que um país deve
empreender, é também crucial, já que a cota do país dependerá disso. Como
mencionado anteriormente, certas cotas são baseadas principalmente na relativa
posição na economia mundial e determina o poder de voto e o acesso ao
financiamento do FMI. Desde que o poder de voto e cotas são determinados no
crescimento econômico dos países, parece estranho para os BRICS não terem
ganhado aumento no poder de voto, de acordo com suas crescentes economias. Isso
pode parecer estranho considerando a política de vigilância que o FMI tem, onde o
FMI mantém uma vigilância em todos os membros, monitorando suas economias.
Portanto, o FMI deveria ter informação sobre o crescimento econômico em primeira
mão. Assim, vigiando seus países membros o FMI poderia claramente ver que os
BRICS são economias crescentes, e assim concordar em dar mais poderes aos BRICS
de acordo com suas economias. Referindo-se ao capítulo 3, o que os BRICS
acordaram na cúpula de 2011, que eles acreditam que mudanças são necessárias,
assim eles poderiam ganhar mais influência. Assim, eles pensam que as instituições
financeiras internacionais não estão reagindo aos mercados emergentes e crescimento
econômico que os BRICS possuem, e gostariam que mudanças fossem feitas de
acordo. Por exemplo, eles gostariam que o FMI ampliasse o uso do Direito Especial
de Saque para se tornar mais benéfico para os BRICS.
Em 2006 e 2008 algumas reformas no FMI sobre divisão de cotas foram acordadas,
que envolveram mais de 6% de divisão de cotas foram destinadas aos mercados
emergentes e países em desenvolvimento.
Em 2008 China e Brasil foram os principais beneficiários desta reforma de cota, e na
reforma de 2009 do FMI todos os BRICS foram os maiores compradores de títulos do
total crescimento de cota. Quanto ao crescimento de cotas para mercados emergentes,
é interessante mencionar que as cotas para a África do Sul não cresceram, pelo
contrário, declinaram. Isso reforça, o que o economista inglês Jim O´Niell declarou
30
que ele não vê a África do Sul pertencendo ao BRICS, porque a África não tem
crescimento econômico como os outros membros. A África do Sul está em 28º lugar
no PIB mundial, enquanto os outros membros estão entre os dez.
Além disso, houve uma mudança na estrutura do Conselho de Diretores, isso foi
ajustado para minimizar os privilégios dos membros europeus, reduzindo seus
números de diretores para dois, e todos os diretores deveriam ser eleitos pelos
diretores executivos em vez de nomeados pelos cinco principais acionistas.
Como mostrado no capítulo 5, o ex-diretor gerente do FMI Dominique Strauss Kahn
disse em 2008 que esses tipos de reforma refletem verdadeiramente o compromisso
dos afiliados em fortalecer a efetividade do FMI, credibilidade e legitimidade. Ele
acrescentou que esses tipos de mudanças não tinham sido vistas nos 65 anos de
história do FMI e que estas reformas deveria ser em favor dos mercados emergentes e
países em desenvolvimento, e alinhadas com a realidade econômica global.
Entretanto, muitas dessas reformas ainda estão pendentes de implementação. O
BRICS afirmou ter esperado os membros do FMI por um longo tempo retribuírem
sua contribuição, realizando mudanças que reforçam o poder de voto dos países
emergentes nas organizações, mas até 2008 não houve nenhuma proposta para
aumentar a cota desde 1998. Ainda que pareça que o FMI deseja mudar, isso não tem
resultado em mudanças drásticas na influência dos países do BRICS.
No caso do Banco Mundial, o critério no poder de voto tem também sido revisto, e
tem existido um aumento no poder de voto de algumas economias em
desenvolvimento, ao mesmo tempo em que alguns dos países mais poderosos viram
seu poder de voto reduzido. No entanto, Arábia Saudita, Rússia e os Estados Unidos
não sofreram nenhuma mudança.
Estas reformas podem, portanto, parecerem questionáveis. Como colocou o ministro
de finança da África do Sul, Pravin Gordhan: “As raízes do Banco Mundial e do FMI
ainda estão no ambiente de pós Segunda Guerra Mundial.” O que significa que eles
não querem reconhecer os mercados emergentes e as economias em
desenvolvimento.
As críticas não estão apenas na divisão de cotas e no poder de voto, os BRICS
também desafiam o conceito de desenvolvimento dessas instituições. Por exemplo, o
FMI foca no desenvolvimento na Ásia e Sul da África Subsaariana. Ambos os
continentes estão onde a maioria dos países do BRICS está colocando seus
investimentos. Todos os países do BRICS tiveram assistência do FMI e Banco
Mundial, eles devem, portanto, ter uma grande experiência em desenvolvimento, uma
vez que eles mesmos estão em desenvolvimento. Como descrito anteriormente neste
capítulo, o relatório Wapenhas sobre o Banco Mundial, declarou que um terço dos
casos de desenvolvimento foram julgados como falhos pelos seus próprios
empregados. O segundo relatório do Banco Mundial, o chamado relatório FRAT,
destacou o relatório de Wapenhans e declarou que a falta de pessoal com experiência
entre outros, foram as principais razões para falhas nos projetos e missões. Para os
31
BRICS esses relatórios podem ser vistos como evidência da forma de selecionar o
que é desenvolvimento e por isso seria natural para os BRICS acreditarem que eles
poderiam ser capazes de terem mais impactos nessas regiões, já que o Banco Mundial
falhou. Porém, ambos FMI e Banco Mundial ainda insistem em seguir o consenso de
Washington, que é focado em liberação de comércio, investimento e setor financeiro.
Essas condicionalidades não conseguem resolver os problemas econômicos nos
países. Em outras palavras, o FMI e o Banco Mundial não deixam de trabalhar em
linha com o consenso de Washington porque senão os BRICS teriam maior
influência.
As razões mencionadas podem ser, portanto, as principais precondições para os
BREACS criarem um novo banco de desenvolvimento, já que não parece que a
influência de poder deles junto ao FMI e ao Banco Mundial irá mudar. No Novo
Banco de Desenvolvimento, somente os BRICS serão membros, e eles podem,
portanto, controlar os projetos de desenvolvimento em que eles irão investir o que
significa que eles podem criar sua própria agenda de como irão operar e criar seus
próprios regulamentos. Isso é o contrario da situação atual dentro do Banco Mundial
e FMI, onde eles seguem a agenda dessas instituições. Conforme apresentado na
estratégia dos BRICS para o Novo Banco de Desenvolvimento, isso terá operações
similares ao plano financeiro de crise do FMI e projetos de desenvolvimento do
Banco Mundial. Como colocado pelo presidente da áfrica do Sul Jacob Suma, os
lideres do BRICS concordaram em criar um Novo Banco de Desenvolvimento
considerando suas próprias necessidades.
A expectativa é que este novo banco de desenvolvimento esteja concluído em 2014,
embora que, parecem existir ceticismo e críticas com relação a ele. Isso é devido
alguns pontos soltos e a falta de informação do banco. Ainda assim, os planos estão
definidos para a conclusão do banco em 2014, mas as probabilidades estão contra os
BRICS, uma vez que a Rússia afirmou precisar de mais tempo para colaborar. Por
exemplo, eles precisam colaborar mais com a quantidade necessária de que eles
querem como sendo o capital mínimo para o Novo Banco de Desenvolvimento e o
Arranjo de Contingente de reserva. Membros dos BRICS discordam do montante,
porque a África do Sul, por exemplo, não pode pagar grandes quantidades como os
grandes países do BRICS, como China por exemplo.
Tudo que é realmente sabido é que este Novo Banco de Desenvolvimento será de
propriedade de países em desenvolvimento para países em desenvolvimento.
32
6 Análises
Neste capítulo, apresentarei a minha analise. Na primeira parte, apresentarei
brevemente o equilíbrio de poder da teoria, seguido por uma analise da teoria junto
com o BRICS. Na segunda parte, analiso como o BRICS enfrenta a teoria de grande
poder, não fazendo uso de força militar. Ao longo da analise, irei implementar as
conclusões da sub-analises anteriores do projeto.
6.1.1 BRICS e o Poder
Esta analise se propõe a investigar a influência e poder dos BRICS no mundo
globalizado. Por muitas décadas o debate na sociedade internacional tem envolvido
discussão sobre a ordem mundial, afirmando que os Estados Unidos são a potência
unipolar. Entretanto, o debate na última década mudou para poder multipolar que é,
portanto, o equilíbrio do poder mundial. A criação do BRICS como uma
organização mudou o debate para se ainda existe um poder unipolar ou se isso
evoluiu para um poder multipolar com as economias emergentes, liderada pelo
BRICS. O equilíbrio de poder é um conceito dos mais antigos e mais essenciais em
relações internacionais, como o cientista político Professor Glenn Snyder chama
isso, conceito teórico central. Ao longo da história o conceito de equilíbrio de poder
tem sido frequentemente aplicado a eventos históricos, como por exemplo, o
renascimento e a civilização antiga da China e da Grécia. Teoria de equilíbrio de
poder implica que grandes potencias fazem a maior parte do equilíbrio. Apesar de
pequenos e médios estados preferem limitar o poder de aspirante hegemonia,
somente as grandes potências tem o militar para fazer a diferença. Hans
Morgenthau, um realista, refere-se ao equilíbrio de poder como uma lei de ferro de
políticos, enquanto o político Henry Kissinger refere-se a isso com um
conhecimento ou uma arte que políticos tiveram ou não. A teoria de equilíbrio de
poder perdeu seu status depois da Primeira Guerra Mundial, entretanto ela retornou
mais forte depois da Segunda Guerra Mundial. A teoria de equilíbrio de poder pode
por isso ter diferentes significados, enquanto alguns teóricos usam o conceito para
descrever a distribuição atual de poder no sistema internacional, outros se referem a
isso como uma estratégia de estado.
A fim de analisar a influência dos BRICS no equilíbrio de poder, a teoria de grande
potência será usada para explicar o que é necessário para ser uma grande potência,
através de perspectivas de realismo, Para ser uma grande potência, a teoria afirma
que a capacidade militar é um importante fator. Os BRICS como uma colaboração
não tem nenhuma cooperação militar, e sua colaboração é principalmente
econômica, com foco em comércio, desenvolvimento e crescimento. A teoria da
grande potência concorda, que a fim de ser uma potência, é importante que outros
33
também reconheçam o estado como um estado potência. Como o pesquisador
global, Jack A. Smith, disse, os Estados Unidos sendo a grande potência, reconhece
BRICS como uma potência, porque eles reconhecem os BRICS como uma ameaça
ao seu poder. O desenvolvimento desta nova cooperação entre as economias
emergentes do BRICS tem sem dúvida criado aumento de frustrações em
Washington. “Os Estados Unidos tem se preocupado sobre crescente economia e
força política dos países do BRICS nos últimos anos.” A teoria de grande potência
é, então, desafiada, como ressalta o poder, como mencionado anteriormente, como
fator importante. Por exemplo, o Conselho Nacional de Inteligência dos Estados
Unidos criou um documento chamado “Tendências Globais” que o sistema
internacional, que se baseia nas relações de poder que se seguiram após a Segunda
Guerra Mundial, será alterado, como novos jogadores, como os países do BRICS
tem chegado. Eles irão demandar influência, e trarão novas regras para o jogo.
A relação de poder após a Segunda Guerra Mundial, pode ser refletida nas
instituições financeiras como o FMI e o Banco Mundial, que foram criados após a
Segunda Guerra Mundial, onde o principal acionista são os Estados Unidos. Desde
a última década, eles têm expressado o desejo de realizar mudanças, mas como
vimos na analise do FMI e do Banco Mundial, isso não parece acontecer em
alinhamento com o crescimento que os BRICS experimentam. Isso pode, por
exemplo, ser demonstrado através de reformas no FMI em 2008, onde o FMI não
tem visto muitas mudanças nos seus 65 anos de história, e muitas dessas reformas,
não foram implementadas ainda.
6.1.2 BRICS – Desafiando a teoria de grande potência jogando um novo jogo
Podemos dizer que os países do BRICS ao invés de alterarem as regras nas
instituições internacionais existentes, alteram o jogo de outra maneira. Isso
pode ser demonstrado através da criação da sua própria instituição
internacional, o Novo Banco de Desenvolvimento em que o objetivo é ter as
mesmas funções do Banco Mundial e do FMI. Aqui eles farão sua própria
agenda, e dessa forma o jogo será alterado. Isso mostra que embora os Estados
Unidos ainda seja uma superpotência militar incomparável, um cenário de um
mundo em rápida mudança esta ocorrendo, já que a influência política e
econômica de Washington está em declínio.
O BRICS esta desafiando a teoria de superpotência no sentido que força
militar, como fator principal, para relação de força esta mudando, como vimos
que o objetivo do BRICS é ganhar força sem foco em poder militar. Enquanto
realistas explicam como os Estados Unidos tornou-se uma grande potência,
por causa da sua capacidade militar, eles não explicam o aspecto
contemporâneo de potência. Além de força, existem outros tipos relevantes de
34
poder, como os novos realistas afirmariam. O mundo já não é tão irrestrito
como no século dezenove, apesar de poder militar ser um dos principais
recursos em assuntos internacionais, uma grande potência não é definido mais
como um país militarmente potente.
Até agora concordamos que o equilíbrio de poder esta mudando com as
economias emergentes. O BRICS, criando uma organização onde eles
cooperam entre si, com suas ideias de vanguarda, e assim devem ser vistos
como mais fortes nas regras de mudanças, e como tendo maior influência.
Podemos vê-los crescendo sem o uso de poder militar.
7 Discussão
Neste capítulo serão discutidos os resultados das analises, em como os BRICS podem
ser explicados através da teoria da globalização, e de como eles estão mudando a
influência no sistema internacional com a criação de um Novo Banco de
Desenvolvimento.
Através da teoria da globalização, é visto que a coalizão dos BRICS pode ser explicada
pelo pensamento liberal de coalizões, sendo reconhecido como um ator global. O
BRICS é apenas uma coalizão, não tendo regras comuns ou de maior aplicação da lei,
como uma união teria. Eles usam o livre mercado, e agora estão criando uma
organização, entre os cinco países de economias emergentes, para maximizar suas
oportunidades, visando assegurar um maior crescimento econômico possível. Eles
cooperam entre si, devido ao fato de estarem em uma coalizão, o que para cada
membro do BRICS, é dado uma “voz maior” e reconhecimento na área econômica
internacional. Como visto nos capítulos anteriores, os BRICS seguem juntos com um
acordo, com o objetivo de alterar as já existentes instituições internacionais, FMI e
Banco Mundial. Uma das principais razões para os planos dos BRICS em criar sua
própria instituição financeira, o Novo Banco de Desenvolvimento, é lentidão do FMI e
Banco Mundial nas reformas de cotas e governança. Com o Novo Banco de
Desenvolvimento, os membros do BRICS teriam outra alternativa que não apenas o
FMI e o Banco Mundial.
Ao longo da discussão entre liberalismo e realismo em Relações Internacionais, é
mostrado que os Estados Unidos, como uma hegemonia, tem sido a grande potência
desde o fim da Guerra Fria. Eles veem a organização das economias emergentes,
BRICS, como uma ameaça, uma vez que pode ser acordado que eles estão desafiando a
posição dos Estados Unidos como hegemonia, já que os BRICS são reconhecidos
como uma organização com uma influência crescente, e como potência porque é capaz
35
de alterar a ordem internacional. Devido ao fato dos BRICS não conseguirem a
influência nas instituições financeiras existentes que eles gostariam, eles objetivam
criar sua própria instituição.
8 Conclusão
Através da teoria da globalização, a coalizão dos países do BRICS pode ser explicada
pela visão liberalista do livre mercado, onde cada país individualmente, sendo membro
do BRICS, se beneficia da coalizão para criar melhores condições para assegurar
crescimento econômico. Para responder por que os BRICS tem um plano para criação
de um Novo Banco de Desenvolvimento, é pelo fato deles não terem o nível de
influência nas já existentes instituições internacionais, FMI e Banco Mundial, como
eles tem direito e querem, com base em seus crescimentos econômicos. Mudanças
foram aprovadas e acordos foram feitos, ainda que os mesmos não foram
implementados. A reestruturação do FMI e do Banco Mundial não está acontecendo, o
que motiva o BRICS criar sua própria instituição financeira internacional.
Os BRICS desafiam a teoria de grande potência, uma vez que eles estão estabelecendo
poder de grande potência, ainda que sem fazer uso de força militar. No lugar de força
militar, eles tem força econômica.
9 Perspectivas Futuras
Após analisar o BRICS e seu plano para criação de um Novo Banco de
Desenvolvimento, e assim investigado como o BRICS surgiu e que influência ele pode
ter na ordem mundial, outras áreas poderão ser exploradas.
O sistema de cotas tem sido a questão principal nas instituições do FMI e Banco
Mundial porque os mercados emergentes tem solicitado uma mudança na distribuição
de cotas na última década. Seria interessante investigar se o plano para um novo banco
de desenvolvimento seria encerrado ou talvez suspenso, se mais cotas fossem dadas ao
BRICS, portanto, maior poder de voto. Porque é isso que eles vêm solicitando do FMI
e Banco Mundial, então, seria interessante se uma mudança nessas instituições mudaria
alguma coisa nos planos da criação de um novo banco de desenvolvimento.
Seria interessante também ver em como um novo banco de desenvolvimento seria
diferente do FMI e do Banco Mundial, no que se refere à implementação de ajuda
financeira e de desenvolvimento. Como a forma do BRICS administrar e prover ajuda
36
seria diferente da forma em que isso é feito pelas instituições atuais. Seria então a
ajuda de desenvolvimento e financeira dos BRICS como o que os membros do BRICS
estão atualmente fazendo, como a forma chinesa, que, por exemplo, encoraja e
patrocina empresas chinesas ir para a África e estabelecer trabalho e crescimento
econômico.
O que pode ser também interessante é olhar para os BRICS como membros. Olhar
como cada e todos os membros estão construindo e o que os fazem ser diferentes um
dos outros. Porque BRICS era apenas um conceito alguns anos atrás, mas agora ele é
uma organização. O significa para o BRICS ser uma organização com as principais
forças emergentes do mundo, o que eles ganham e o que eles teriam a oferecer, sendo
tão diferentes em termos de economias, cultura e história.
37
10 Referencias
Bibliografia:
Brics - As Potências Emergentes - (Paulo Vicentini, Gabriel Adam, Maira Vieira,
André Silva, Analúcia Pereira). Editora: Vozes - Ano: 2013
Fontes de pesquisas online:
http://www.imf.org/external/
http://www.stwr.org/globalization/neoliberalism-and-economic-globalization.html
http://siteresources.worldbank.org/DEVCOMMINT/Documentation/22553921/DC201
0-006(E)Voice.pdf
http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/EXTABOUTUS/ORGANIZATION/
BODEXT/0,,contentMDK:21429866~menuPK:64020035~pagePK:64020054~piPK:6
4020408~theSitePK:278036,00.html
http://www.bloomberg.com/news/2013-03-27/brics-nations-need-more-time-for-
development-bank-russia-says.html

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MONOGRAFIA - A FORÇA DOS BRICS

  • 1. 1 INPG- INSTITUTO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO JADAILTON FIGUEIREDO PORTO MBA EXECUTIVO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS – COMÉRCIO EXTERIOR E LOGÍSTICA- 2011B A FORÇA DOS BRICS São Paulo 2015
  • 2. 2 A FORÇA DOS BRICS Dissertação apresentada ao curso de MBA do INPG- Instituto Nacional de Pós-Graduação, como requisito para obtenção do título de MBA Executivo em Gestão de Negócios Internacionais. Área de Concentração: Comércio Exterior e Logística. Orientador: José Antonio Rosa São Paulo 2015
  • 3. 3 RESUMO BRICS são os novos atores na sociedade internacional e com seus mercados emergentes acredita-se que terão mais força econômica que os EUA na próxima década. A teoria da globalização, pelo liberalismo explica porque os países do BRICS se uniram e a decisão de criar um novo banco de desenvolvimento. Este banco não pode apenas ser explicado pela globalização, mas também como o resultado das instituições financeiras FMI e Banco Mundial não lhes dar mais influência. Com a criação de um novo banco de desenvolvimento que vem desafiar o pensamento ocidental e da teoria de grande potência, que argumenta que um estado não pode ser uma grande potência sem um poder militar. Este projeto pretende analisar como BRICS pode reunir mais influência nas instituições financeiras internacionais sem uso de força militar. Ao contrário, eles procuram sua influência através de uma criação de uma nova instituição internacional, que é desenvolvido pelo Sul para o Sul com a criação de um novo banco de desenvolvimento. Isso poderia desafiar as instituições financeiras internacionais atuais, que são dominadas por influências dos países mais poderosos.
  • 4. 4 Conteúdo 1 Introdução ............................................................................................................................. 6 1.1 Introdução de Motivação................................................................................................ 6 1.2 Área de problema........................................................................................................... 7 1.3 Questões de pesquisa..................................................................................................... 7 1.3.1 Subquestões ........................................................................................................... 7 1.4 Delimitações................................................................................................................... 8 1.5 Esclarecimento de conceitos........................................................................................... 8 2 Metodologia........................................................................................................................... 8 2.1 Estratégia Analítica......................................................................................................... 9 2.2 Processo de Investigação................................................................................................ 9 2.3 Seleção dos Dados Relevantes ...................................................................................... 10 2.4 Reflexão sobre a validade............................................................................................. 11 3 BRICS ................................................................................................................................... 11 3.1 BRICS............................................................................................................................ 12 3.1.1 Cúpula da China 2011 ........................................................................................... 13 3.1.2 Cúpula da África do Sul 2013................................................................................. 14 4 Globalização......................................................................................................................... 15 4.1 Globalização................................................................................................................. 15 4.1.1 Investimento Estrangeiro Direto de Empresas dos Países do BRICS ....................... 17 4.2 Analises da Globalização e BRICS .................................................................................. 17 4.3 Subconclusão................................................................................................................ 20 5 Instituições Financeiras Internacionais ................................................................................. 21 5.1 Fundo Monetário Internacional (FMI)........................................................................... 21 5.1.1 FMI- Financiamento por Sistema de Cotas............................................................. 21 5.1.2 Papel do FMI......................................................................................................... 22 5.1.3 FMI- Críticas e Reformas ....................................................................................... 23 5.2 Banco Mundial.............................................................................................................. 24 5.2.1 Financiamento através de títulos .......................................................................... 24 5.2.2 Papel do Banco Mundial........................................................................................ 25 5.2.3 Banco Mundial- Críticas e Reformas...................................................................... 25 5.3 Plano dos BRICS para um Novo Banco de Desenvolvimento.......................................... 26
  • 5. 5 5.3.1 Porque criar um Novo Banco de Desenvolvimento................................................ 26 5.3.2 O Novo Banco de Desenvolvimento ...................................................................... 27 5.3.3 Críticas.................................................................................................................. 28 5.4 Analise do Novo Banco de Desenvolvimento e o FMI e Banco Mundial. ........................ 28 6 Análises................................................................................................................................ 32 6.1.1 BRICS e o Poder .................................................................................................... 32 6.1.2 BRICS – Desafiando a teoria de grande potência jogando um novo jogo................ 33 7 Discussão ............................................................................................................................. 34 8 Conclusão ............................................................................................................................ 35 9 Perspectivas Futuras ............................................................................................................ 35 10 Referencias ...................................................................................................................... 37
  • 6. 6 1 Introdução A pesquisa para esse trabalho de conclusão de curso teve inicio no ano de 2013, portanto, as informações nele contidas são uma realidade daquele ano. A realidade com relação ao cenário aqui apresentado pode não estar exatamente de acordo com o cenário político e econômico atual, podendo ter sofrido algumas alterações. 1.1 Introdução de Motivação As últimas décadas tem visto um aumento significante na integração global, e como resultado disso, o mundo tem se tornado mais interdependente do que nunca. Corporações multinacionais fabricam produtos em muitos países e vendem estes produtos para consumidores em todo o mundo. Comércio, capital e matéria-prima são movimentados através das fronteiras nacionais, e como resultado, políticas econômicas estão sendo formadas em nível internacional. A Globalização tem sido assunto de debates nas últimas décadas. Assim como defensores argumentam que ela pode explicar o desenvolvimento da sociedade internacional, os críticos argumentam que ela tira o poder do estado. Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul são parte da globalização já que o crescimento da economia destes excederam as expectativas que foram criadas para eles, e eles, estão para se tornar o maior mercado emergente nas próximas décadas. O BRICS foi criado para fazer parte do impulso que a globalização gerou, assim como para muitas outras organizações, associações, e companhias privadas e não privadas. A visão liberal da globalização também se propôs a explicar o aumento na organização internacional. Depois da Segunda Guerra Mundial, muitas instituições foram criadas para assegurar a paz e estabilidade financeira internacional, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Estas instituições foram criadas com um ponto de vista liberal pelos Estados Unidos, aonde os países podem se tornarem membros, e, portanto, assegurarem cooperação de paz mundial. Os Estados Unidos tem sido o país líder dessas instituições por causa de suas contribuições, como são o Japão, Alemanha, França e Inglaterra. Na última década, o BRICS tem criticado essas instituições por não dar a eles maior influência de acordo com o seus status econômicos no mundo através da construção de um bloco ocidental. Isso pode explicitamente ser demonstrado através da cota e sistema de votos do FMI e Banco Mundial, onde as cotas dos países do BRICS não tem aumentado. Também, as reformas criadas para aumentá-las, não tem sido implementadas. Isso pode ainda ser demonstrado através do conselho de administração do Banco Mundial, onde os cinco principais países mencionados anteriormente podem selecionar que países poderão indicar um diretor executivo, que é o que pode gerar maior ganho de influência. Essas críticas resultaram no planejamento do BRICS em criar um novo Banco de Desenvolvimento que terá o
  • 7. 7 mesmo papel do FMI e Banco Mundial, porém será de propriedade dos “países em desenvolvimento” para países desenvolvimento. Fazendo isso, eles estão desafiando as instituições atuais no cenário internacional e tem o potencial de desafiar as atuais potências, criando uma ordem mundial multilateral. Uma potência é, de acordo com o realismo, aquele que tem maior capacidade militar, portanto, equilibra os blocos de poder no mundo. Os países do BRICS têm sido vistos como uma potencial ameaça, já que eles têm força econômica. Isso está mais de acordo com os tempos atuais, já que força militar não é mais tão importante como era nos anos 90. No entanto, a criação de um Novo Banco de Desenvolvimento pode ser uma ameaça as grandes potências nas últimas seis décadas. 1.2 Área de problema Em tempos em que a crise financeira global está na boca de todo mundo (dentro do debate político mundial), a economia mundial é foco de atenção. Nas últimas décadas novas economias emergentes surgirão, e estão pleiteando influência no cenário financeiro internacional, na medida em que sua parte no PIB mundial tem crescido. O grupo de Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul tem seguido juntos em criar uma aliança, os BRICS. Os BRICS são mencionados em várias discussões, uma delas é a mudança na ordem mundial, outro debate é sobre poder e influência no cenário internacional. Desde que instituições financeiras internacionais foram fundadas por países de economias desenvolvidas, as suas ideologias tem predominado nas políticas internacionais. Entretanto, o surgimento dos BRICS, agora querem influenciar as instituições financeiras internacionais existentes e as políticas elaboradas por eles, já que eles (os BRICS) se tornaram grandes economias. Isso nos leva as seguintes questões de pesquisa: 1.3 Questões de pesquisa Os BRICS estão mudando a ordem de poder internacional? 1.3.1 Subquestões Como a aliança dos países do BRICS pode ser explicada? Por que os BRICS criaram um plano para um Novo Banco de Desenvolvimento? Como os BRICS desafiam o equilíbrio de poder da ordem global?
  • 8. 8 1.4 Delimitações Evitei fazer uma analise dos países individualmente dentro do BRICS, como eles estão funcionando, como estão sendo governados e suas políticas estratégicas. Além disso, o intuito aqui não é fazer nenhuma comparação entre os países membros, analisando que país é mais forte que o outro. O objetivo desse trabalho é investigar o BRICS como um, e o seu papel combinado numa ordem internacional. Além disso, evitei em analisar outra coalizão existente, uma vez que este projeto se propõe a investigar o atual papel do BRICS com as instituições internacionais e a ordem mundial. Estou ciente que o BRICS está envolvido com outras instituições, porém evitei aqui usá-las a fim de analisar os seus poderes, devido ao fato de ter escolhido o Novo Banco de Desenvolvimento como caso de estudo. É interessante falar sobre o Novo Banco de Desenvolvimento, devido à ideia de criá-lo, vir a desafiar as instituições existentes como o Banco Mundial e o FMI, portanto analisei exclusivamente o BRICS de acordo com essas duas instituições, evitando assim, analisar a influência do BRICS junto a outras instituições internacionais, sindicatos e organizações. 1.5 Esclarecimento de conceitos. Uma vez que um dos meus conceitos chaves pode ter diferente significados, dependendo dos conceitos específicos discutidos, a seguir esclareço como podemos entendê-los no âmbito do meu projeto. Organização: Será usado para descrever os BRICS, embora eles não tenham regras, regulamentos e uma estrutura comum. Esse termo será usado para captar a cooperação existente entre eles. 2 Metodologia Neste capítulo será mostrado como optei por investigar as questões de pesquisa e por que. Além disso, a descrição da minha abordagem metodológica ajudará fazer minhas escolhas e limitações visíveis, com o intuito de deixar o projeto mais transparente. Agora irei explicar a estrutura do projeto e os dados coletados, afim de, dar uma resposta sólida à nossa questão de pesquisa.
  • 9. 9 2.1 Estratégia Analítica O processo de analisar os dados empíricos combinando com abordagens teóricas é baseado na estratégia de indução. Ao usar essa abordagem, posso analisar os resultados empíricos e concluir a implicação dos resultados. Isso significa, portanto, que quero analisar como os BRICS estão mudando a ordem mundial através de uma investigação dos BRICS, o envolvimento deles com o Fundo Monetário Internacional e O Banco Mundial, e um estudo de caso do Novo Banco de Desenvolvimento, e assim concluir sobre eles. Isso significa, portanto, o desejo de analisar os resultados da pesquisa sobre o BRICS, FMI e o Banco Mundial, através de diferentes teorias de abordagens. E assim chegar a uma conclusão. Usando abordagens teóricas para fundamentar as minhas conclusões, tenho uma abordagem indutiva em que crio um quadro geral de algumas abordagens teóricas, já que o Novo Banco de Desenvolvimento ainda não foi implementado. Isso me permite fazer suposições gerais do efeito que um Novo Banco de Desenvolvimento poderia ter sobre a ordem mundial e identificar as razões por traz dele. 2.2 Processo de Investigação No processo de responder a minha questão de pesquisa, primeiramente apresento uma pequena introdução do BRICS, qual a origem do termo e o que o BRICS realmente faz, com o objetivo de entender o que é o BRICS. Segundo, apresento globalização e políticas econômicas neoliberais, com o objetivo de examinar como o BRICS se tornou o BRICS, e também como políticas neoliberais ainda influenciam as atuais instituições financeiras internacionais. Isso será seguido por uma subanalise do BRICS e da globalização. Terceiro, apresento as duas instituições financeiras internacionais da investigação, FMI e Banco Mundial, já que são elas as instituições internacionais em que o BRICS que ter influência, pois são elas que definem a agenda de políticas econômicas (FMI), e para o desenvolvimento e redução de pobreza (Banco Mundial). Depois disso apresento o Novo Banco de Desenvolvimento que o BRICS quer estabelecer, e como ele fará isso. Finalmente, isso é seguido pela analise do FMI, Banco Mundial, e o Novo Banco de Desenvolvimento, no intuito de ver a influência que o BRCS tem no FMI e Banco Mundial, e porque o BRICS planeja a criação de um Novo Banco Mundial de Desenvolvimento. Nesta analise, apresento as diferentes abordagens teóricas, tais como o equilíbrio de poderes, teoria de grande potência, uma abordagem liberalista, um ponto de vista realista e teoria da dependência. Essas abordagens teóricas foram adicionadas para que eu pudesse analisar o BRICS, e como eles estão desafiando e mudando a ordem mundial. A análise me permite comparar os resultados de diferentes
  • 10. 10 analises em uma discussão, e finalmente proporcionar uma resposta sólida as questões de pesquisa e subquestões. 2.3 Seleção dos Dados Relevantes Irei agora fornecer um raciocínio metodológico para as escolhas que fiz em relação às estruturas e temas principais do projeto. Os diferentes capítulos foram criados com o objetivo de levar a uma resposta sólida das questões de pesquisa, e por isso explicarei metodologicamente a forma de abordar os diferentes assuntos. 2.3.1 Escolha dos Dados Empíricos Todas as informações aqui utilizadas vêm de fontes secundárias: Livros, Jornais, artigos acadêmicos, páginas oficiais na internet, etc. Esta escolha foi devido à natureza intrínseca da minha pesquisa. O BRICS é relativamente um fenômeno novo e o estudo dele está no seu primeiro estágio. Está é a razão por não termos muitos livros sobre o assunto, e nenhum com foco no caso de estudo específico que escolhi: a possibilidade de surgimento de um Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS e suas repercussões. Entretanto os artigos escritos e as abordagens teóricas que uso, nos permite analisar as consequências que um potencial novo banco de desenvolvimento poderia ter e os desafios que a sua instalação viria enfrentar. 2.3.2 Acesso aos Dados Empíricos A acessibilidade das fontes foi uma das principais questões que determinaram a forma como conduzi a pesquisa. Como principal fonte de pesquisa, utilizei a internet, devido às razões acima descritas: o meu estudo de caso, como uma corrente, e como um processo ainda em curso, não me deixou muito espaço para fazer pesquisa de outra forma. Artigos de jornais online (o que permite alcançar um âmbito global) e artigos acadêmicos (uma importante fonte de pesquisa foi o centro de pesquisa do BRICS da Universidade de Toronto) e páginas oficias do FMI, Banco Mundial, etc. onde entre outras coisas, foi possível extrair tudo relacionado à história dessas instituições, e os números oficiais referentes à participação dos diferentes países nessas instituições, foram minhas principais fontes de informação. 2.3.2 Escolha da Teoria Usei a teoria da globalização para explicar a natureza dos BRICS como uma organização conjunta das nações individuais, que buscam alguma forma de
  • 11. 11 cooperação em resposta a necessidade atual da cooperação no cenário da economia global, bem como para as novas relações entre Norte-Sul e Sul-Sul que estão sendo moldadas no processo. Usei a teoria das grandes potências para entender o equilíbrio de poder, e como isso pode mudar em um mundo onde novas economias emergentes querem ter influência na tomada de decisões internacionais. Além disso, uso a teoria das grandes potências para discutir o surgimento do BRICS, como mais que uma colaboração de estados com um Novo Banco de Desenvolvimento com o potencial de desafiar a ordem mundial. Essa discussão nos leva a mais critica da teoria realista, já que quero investigar a possibilidade da importância cada vez mais da força econômica, acabar substituindo a capacidade militar como meio mais importante para chegar ao poder, e determinar se um país pode ser considerado uma grande potência. 2.4 Reflexão sobre a validade Ao longo de todo o projeto, cito alguns relatórios divulgados pelas próprias instituições que viso analisar. Assim, isso me leva a incluir criticamente todas essas informações, estando completamente consciente de que o que posso encontrar nas páginas da web a partir dessas diferentes instituições ou eventos analisados tenha natureza oficial, e não ser autocrítica. Os mais confiáveis são os artigos do Centro de Pesquisa sobre o BRICS da Universidade de Toronto, que tem um grupo de pesquisa acadêmica voltado para este assunto. Além disso, utilizo fontes externas e criticas, a fim de obter uma analise mais profunda dos dados empíricos e uma conclusão mais precisa das questões de pesquisa. Mas os problemas com fontes secundárias permanecem: as fontes são confiáveis e o escritor/escritores ter uma agenda especifica é o tema em questão? Como mencionado acima, tentei ter esses problemas constantemente em mente, quando se tratava de analisar os dados coletados. 3 BRICS Neste capítulo apresentarei o BRICS. Primeiramente, analisarei como ele foi criado, e segundo, como o BRICS funciona e que acordos eles tem feito entre eles. Isso irá permitir uma analise sobre o ele.
  • 12. 12 3.1 BRICS O BRICS é um agrupamento econômico atualmente composto por cinco países: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Não se trata de um bloco econômico ou uma instituição internacional, mas de um mecanismo internacional na forma de um agrupamento informal, ou seja, não registrado burocraticamente com estatuto e carta de princípios. Em 2001, o economista Jim O´neil formulou a expressão BRICs (com “s” minúsculo no final para designar o plural de BRIC), considerado as iniciais dos quatro países considerados emergentes, que possuíam potencial econômico para superar as grandes potências mundiais em um período de, no máximo, cinquenta anos. O que era, no inicio, apenas uma classificação utilizada por economistas e cientistas políticos para designar um grupo de países com características econômicas em comum, passou a partir de 2006, a ser um mecanismo internacional. Isso porque Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar um caráter diplomático a essa expressão na 61º Assembleia Geral das Nações Unidas, o que propiciou a realização de ações econômicas coletivas por parte desses países, bem como uma maior combinação entre eles. Em 2008 os líderes dos BRICs fizeram a primeira reunião oficial, onde foram tratados problemas como desenvolvimento, energia, mudança climática, problemas sociais, segurança e paz, todos os problemas que eles sentiam que eram importantes para o que eles estavam vivenciando em um nível global. Após esse encontro, os ministros de finanças dos BRIC´s decidiram se encontrarem e discutirem a crise econômica mundial. Não apenas os ministros de finanças se encontraram, mas também os ministros de agricultura, saúde, e comércio se encontraram para discutir competição, estatísticas, segurança nacional e tecnologia. Desde o primeiro encontro em 2008, eles tem realizado cúpulas anuais. Estas cúpulas são realizadas a margem dos encontros anuais do Banco Mundial e FMI, e dos encontros do G20, do qual os BRICS fazem parte. Na terceira cúpula em 2010, os ministros de comércio exterior do BRIC´s concordaram que África do Sul poderia se tornar parte dos BRIC, então na cúpula de 2011 o mecanismo tornou-se o BRICS. Para África do Sul se tornar parte dos BRICS, está alinhada com os objetivos de política estrangeira do BRICS. A África do Sul se juntou aos BRICS com três objetivos em mente, sendo a primeira para promover os interesses nacionais, o segundo para promover seu programa de integração regional e programas de infraestrutura continental e terceiro objetivo é ser um parceiro dos jogadores chaves em problemas relacionados à governança global e a reforma dela. O´Neill declarou em um artigo em 12 de Abril de 2013, que a África do Sul tem um grande papel no
  • 13. 13 BRICS e uma grande responsabilidade em ser um tipo de porta de entrada para ajudar o resto da África a se desenvolver mais e a ter mais sucesso. O ponto de O´Neill, é que o resto do mundo agora tem que ter conhecimento da importância dos BRICS, por causa do seu crescimento e força, e não apenas vê-los como membros individuais que se encontram uma vez por ano para ser noticiados pela sociedade internacional. O´Neill e alguns analistas dirá, quase exclusivamente, que por causa dos países do BRICS, o PIB global da década diz- se estar entre 4 a 4.5 por cento. Através destes encontros e cúpulas, o mundo está começando a ver como suas cúpulas são um fórum importante para problemas importantes, por que as decisões feitas pelo BRICS pode afetar o mundo inteiro, por isso é importante mencionar os problemas que eles estão abordando para mostrar como eles estão evoluindo. A partir do ano 2011, a África do Sul também foi oficialmente incorporada ao BRIC, que passou a se chamar BRICS, com o “S” maiúsculo no final para designar o ingresso do novo membro (O “S” vem do nome do país em inglês: South Africa). Atualmente, os BRICS são detentores de mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem no planeta. Além disso, representam 42% da população mundial, 45% da força de trabalho e o maior poder de consumo do mundo. Destacam-se também pela abundância de suas riquezas nacionais e as condições favoráveis que atualmente apresentam para explorá-las. 3.1.1 Cúpula da China 2011 As primeiras cúpulas realizadas pelo BRIC em 2008-2010 foram discussões sobre a situação atual e os problemas globais, mas após a adesão da África do Sul na Cúpula da China em 2011, a discussão, foi para outro patamar, já que eles discutiram e acordaram sobre várias mudanças que eles gostariam de fazer no sistema financeiro internacional, e assim, ganhar mais influência no cenário internacional. Isso foi devido ao fato deles sentirem que não estavam sendo tratados com igualdade em comparação com os países de economia forte. Os BRICS discutiram mudanças específicas que eles gostariam de ver no Fundo Monetário Internacional, sobre o Direito Especial de Saque, em inglês, (Special Drawing Rights (SDR)). O Direito Especial de Saque é o ativo financeiro do FMI. Substitui o ouro e o dólar para efeitos de troca. Funciona apenas entre bancos centrais e também pode ser trocado por moeda corrente com o aval do FMI. Tendo sido criado em 1969,
  • 14. 14 começou a ser utilizado apenas em 1981. Seu valor é determinado pela variação média da taxa de câmbio dos cinco maiores exportadores do mundo: França (Euro), Alemanha (Euro), Japão (Iene), Reino Unido (Libra esterlina) e Estados Unidos (Dólar estadunidense). A partir de 1999, o euro substituiu as moedas francesa e alemã neste cálculo. O BRICS quer que o FMI amplie o uso do Direito Especial de Saque em acordo com o seu crescimento econômico, uma vez que o Conselho de Administração do FMI é quem decide como o Direito Especial de Saque é alocado. Neste conselho os cinco principais acionistas são: Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Inglaterra. Assim, os países do BRICS concordaram com a necessidade de alcançarem a estabilidade e que certamente gostariam de um sistema de moeda de reserva internacional de base ampla. Nesta mesma cúpula, os países do BRICS discutiram também, como eles queriam que a Declaração de Sanya fosse representativa, uma vez que eles sentiam que ela não era seguida. Esta declaração afirma que “A estrutura de gestão das instituições financeiras internacionais deve refletir as mudanças na economia mundial, dando maior voz e representação a economias emergentes e a países em desenvolvimento”. 3.1.2 Cúpula da África do Sul 2013 A última cúpula do BRICS foi realizada em Durban, África do Sul em março de 2013 e foi intitulada “BRICS e África: Parceria para o Desenvolvimento, Integração e Industrialização”. Nesta cúpula as discussões foram bem diferentes das que eles tiveram nas primeiras reuniões, como informado no capítulo anterior, passando da discussão inicial sobre a atual situação global em 2008, a discussão sobre como eles queriam mudanças nas instituições financeiras internacionais na cúpula de 2011, para a situação atual na cúpula de 2013, que envolveu a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, criado por eles, os países do BRICS. Eles concordaram na criação de um novo banco de desenvolvimento em 2014 e indicaram que o capital inicial do banco seria substancial e eficiente para o banco ser efetivo em infraestrutura de financiamento. Eles também concordaram na criação de um arranjo de contingente de reserva, com um valor inicial de $100 bilhões, que os ajudariam prevenir pressão de liquidez de curto prazo e fortalecer ainda mais a estabilidade financeira. Para estes acordos virem a ter efeito, os países do BRICS concordaram em rever o progresso na próxima reunião dos ministros de finanças e diretores dos bancos centrais dos
  • 15. 15 BRICS, em setembro de 2013. O último resultado da cúpula foi a criação de um conselho “Think Tanks” e um conselho de negócios. O conselho “Think Tanks” desenvolveria opções de políticas para avaliação e futuras estratégias de longo prazo para o BRICS. O Conselho de Negócios buscaria associações de negócios com cada membro do BRICS e também criar engajamento entre estas comunidades de negócios. Essa nova estrutura, acredita-se fortaleceria a cooperação intra-BRICS. 4 Globalização Neste capítulo, farei uma breve apresentação da Globalização e como ela tem influenciado a economia global desde os anos 70. Além disso, também analiso como a globalização tem alterado ou de certa forma remodelado as políticas globais no que se refere às instituições internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, e como o neoliberalismo prosperou sob a globalização e nas instituições anteriormente mencionadas. E finalmente, apresento uma subanalise da globalização e BRICS e como eles se adaptaram a globalização. Na subanalise também apresento o Investimento Estrangeiro Direto, uma vez que está área cresceu durante a globalização, e incentivos econômicos neoliberais, para demonstrar como o BRICS está no trabalho de se tornar maior. O BRICS está trabalhando para se tornar maior. O BRICS é agora um dos maiores exportadores do Investimento Estrangeiro Direto, não só para países em desenvolvimento, mas também países desenvolvidos, devido a políticas de governo que promove investimento estrangeiro direto em seus respectivos países. 4.1 Globalização Hoje existe um debate considerável em torno da globalização. O que isso significa, quais são as consequências e como isso influência o mundo hoje? Estudiosos parecem concordar e discordar quando se trata de fixar para baixo o atual significado de mundo e como entender o termo ‘globalização’. Existe um debate especialmente entre os teóricos que se veem como defensores de Economia Centralizada ou não Centralizada, como globalização pode redefinir qualidades do sistema e do caráter da política mundial. Além disso, existem dois grandes grupos teóricos; um que consiste de cientistas sociais que analisam a compreensão interdisciplinar da globalização e o segundo, um grupo de teóricos que promovem ou querem mudar o neoliberalismo da globalização atual. A última sendo entre estudiosos que são a favor ou críticos em relação às políticas econômicas neoliberais que favorecem o comércio corporativo de
  • 16. 16 larga escala, privatização de recursos e livre mercado como mais eficiente alocação de recursos globais. Em consequência do 11/09, aqueles que eram céticos quanto à globalização, escreveram sobre o fim da globalização e da ordem mundial liberal, devido à guerra contra o terrorismo, que foi interpretada por alguns, como um mundo de nacionalismo intensificado (com hegemonia militar americana, fronteiras fechadas e estado forte). Entretanto, apesar da guerra contra o terrorismo, globalização ou inter conectividade, tem provado ser resiliente especialmente no fluxo da economia global. A ontologia de Economia Centralizada vê a globalização como uma ameaça a esta visão, como isso ameaça todos que veem política internacional através de olhos de autointeresse, autossuficiente, e mais notadamente soberano do estado como atores, porque na globalização o estado não é o único ator significante no cenário internacional. “Novos” atores como, as instituições financeiras internacionais (FMI, Banco Mundial), tem se tornado de maneira crescente mais influentes. E Além disso, estas instituições são expoentes de políticas neoliberais. A Globalização também desafia perspectivas teóricas neoliberais, e suas mais apaixonadas suposições analíticas que podem ser caracterizadas como: “aberta, competitiva, mercados abertos, livres de todas as formas de interferência do estado, representa o mecanismo de otimização de desenvolvimento”. Porque, embora a ideologia neoliberal critique a intervenção do estado, formas disciplinares de intervenção do estado, ainda são praticadas por atuais políticas neoliberais. Podemos dizer que a globalização tem atribuído para expansão de políticas neoliberais em política global e economia. Um exemplo são os países do BRICS. Todos se submeteram a reforma econômica nos anos 70 e 80, onde os princípios de mercado capitalista elevaram-se, como resultado da crise do petróleo nos anos 70, a queda do comunismo em 1989 e políticas neoliberais. Alguns destes princípios de mercado capitalista foram: abertura do país para investimento estrangeiro e privatização de algumas das indústrias estatais para se tornar parte da economia global. Algumas das mudanças que a globalização tem sido parte são: A capacidade de soberania e policy-making do estado nação estão comprometidas pelos fluxos transnacionais além do controle do estado; instituições transnacionais de governança global têm crescido e mudado o caráter do mundo político; um novo cenário político é preenchido por uma variedade de atores, e não todos os estados-nações estão incluídos e assim o estado nação deixa de ser o mais importante ator no mundo político.
  • 17. 17 4.1.1 Investimento Estrangeiro Direto de Empresas dos Países do BRICS Um dos maiores pilares da internacionalização das empresas dos BRICS é capital estrangeiro direto, isso pode ser visto como o principal canal de competição internacional que tem sido elevado pela globalização. Ele é usado pelas empresas, como uma maneira de expandir e competir com empresas locais e outras empresas no mercado internacional. De acordo com o Relatório de Investimento Mundial de 2012, os fundos de investimento estrangeiro tem um importante papel de desenvolvimento porque metade do fluxo global total é para economias em desenvolvimento e transição, incluindo os países menos desenvolvidos. Isso pode ser visto na avaliação do Relatório de Investimento Global, onde economias em desenvolvimento, responde por 45%, e economias em transição, responde por 6% do fluxo global. (De acordo com as projeções do Relatório de Investimento Mundial, estes países continuarão com os seus autos índices de desenvolvimento nos próximos três anos). Além disso, de acordo com o Relatório de Investimento Mundial de 2006, o crescimento da taxa de fundo de investimento estrangeiro de empresas de países desenvolvidos tem sido ultrapassado pelo crescimento externo, por empresas de mercados emergentes, uma tendência que tem se mostrado crescente nos últimos anos. Quando se trata dos países dos BRICS, o relatório mostra que ambos os níveis de Investimento estrangeiro direto, entrada e saída, tem aumentado significativamente. Rússia e China foram os maiores investidores externos em 2008, seguidos por Brasil e Índia, e em 2012 os BRICS foram responsáveis por aproximadamente um décimo da saída de investimento global, onde um terço foi proveniente de economias em desenvolvimento e em transição. Além disso, os BRICS provaram um pouco de resiliência para as crises econômicas, já que o escoamento de capital dos BRICS caiu 26% em 2009, comparado com os 40% para todo o mundo. Críticos dentro do movimento antiglobalização alegam que o resultado de Investimento Estrangeiro Direto resulta na retirada de dinheiro do sistema local, em oposição a apoiar a indústria local, o que, gera redução da mesma, resultando em subdesenvolvimento social e econômico em uma escala local. 4.2 Analises da Globalização e BRICS Quando se trata dos países do BRICS e globalização, se torna evidente que eles pouco se ajustam ao modelo de que tanto os céticos, quanto os favoráveis à globalização dizem, já que eles, os BRICS, implementaram políticas neoliberais, enquanto tentam ainda manter um ponto de vista de Economia Centralizada (China,
  • 18. 18 Rússia e África do Sul privatizaram parte do seu setor industrial). Índia tem imposto políticas neoliberal e privatizado seus serviços público. No Brasil também se viu uma transição, com a privatização de empresas estatais. Além disso, os países do BRICS ainda querem manter um estado forte, porque os BRICS, por direito próprio, são grandes mercados emergentes em desenvolvimento com grandes populações, territórios e recursos e são lideres de aproximadamente 40% da população mundial. Portanto, cada um dos países do BRICS tem os seus próprios respectivos interesses nacionais a exercer dentro do grupo. Entretanto, para ser parte de uma economia global, eles tiveram que formar um grupo, ainda que eles tenham certos pontos de vista políticos diferentes, devido ao fato da globalização de tecnologia e desenvolvimento ter amarrado países juntamente com comércio, finanças e centros bancários que desenvolveram para estarem todos integrados em uma rede. Além disso, o termo BRICS também tem um significado simbólico no sentido de que eles criaram um papel importante para eles no palco global. Portanto, pode se dizer que os países do BRICS usaram a oportunidade que um mundo globalizado tem dado, para trabalharem juntos e assegurarem-se de um mercado seguro entre os países membros. Neste sentido o estado é o principal ator. Entretanto, os estados- nação tem que se comprometerem com algumas visões políticas, se eles quiserem ter influência, e fazerem parte de uma economia global e de tomada de decisão, e possivelmente, o estado-nação torna-se marginalizado, uma vez que, se um deles for uma economia menor, tem que se juntar a algum tipo de aliança ou união. Entretanto, considerando o fato que os BRICS são fortes, ainda economias em crescimento, isso poderia ser visto como um fim para o estado-nação como o principal ator em uma sociedade internacional, e que a cooperação entre países tornou-se um novo caminho a seguir, porque eles não têm influência suficiente se eles se manterem sozinhos na arena internacional. O ponto de vista liberal em Relações Internacionais apoiam que não é somente o estado que está em foco para analise, mas também cooperação, já que os BRICS devem ser vistos como uma cooperação entre diferentes países, para quem o principal objetivo é o crescimento econômico. Através do ponto de vista liberal, assuntos internacionais podem ser moldados por cooperação e não somente conflitos, por isso a partir de uma visão liberal em Relações Internacionais, BRICS pode ser dito como sendo uma cooperação entre cinco países membros, o que os ajuda a criar e manter crescimento, já que eles têm acordos benéficos entre eles, e cooperam ajudando outros países em desenvolvimento. Isto também está em alinhamento com as tendências e desenvolvimentos recentes, na esteira da crise econômica global, têm levado a um ajuste na política econômica global, com novos grupos emergentes, como G20, G8 e BRICS a fim de traçar estratégias para fortalecer a economia global ou suas economias nacionais.
  • 19. 19 O G20 foi formado em 1999 como uma forma de dar aos países em desenvolvimento um poder maior de voz na formação da economia global. Juntos estes países representam dois terços da população mundial e 85% da economia. O G8 consiste de membros do mundo industrializado e desenvolvido e exclui China e Índia apesar de suas grandes economias. O G8 tem sido criticado por representar o mundo desenvolvido. Portanto, podemos dizer que os BRICS cooperam entre sim em crises financeira, uma vez que teoricamente eles ajudariam um ao outro a criar boas condições para manter o crescimento. Entretanto, o comércio entre os países ainda é deficiente, e Brasil e Rússia estão competindo um com o outro para ser o principal fornecedor de energia, e a maioria das exportações chinesas vão para os Estados Unidos. Então, pode se dizer que a cooperação entre eles se resume em garantir as melhores condições para o crescimento da economia de que cada país membro. Isso mostra que os BRICS são uma cooperação entre estados, mas o interesse nacional é o mais importante, que é também por isso em primeiro lugar, que eles entraram em uma cooperação. O fato de que os países do BRICS querem criar um Novo Banco de Desenvolvimento, mostra que ainda que eles representem 40% da população do mundo, eles não acreditam que eles tenham voz suficiente em um sistema político que é dominado pelos países ricos do ocidente. Além disso, isso mostra que os BRICS querem influenciar como ajudar países em desenvolvimento, com seus próprios pontos de vistas, que diferem do ponto de vista do Banco Mundial, e assim aumentar/reforçar a cooperação Sul-Sul. Em certo sentido pode se alegar que eles querem mudar a ordem mundial com os BRICS querendo que instituições internacionais como FMI e Banco Mundial para ser reformulado para representar adequadamente os interesses de nação, porque eles acreditam que estas instituições são dominadas pelos países do Ocidente que usam essas instituições para promover suas políticas estrangeira ou poder para controlar e ditar o resto mundo, e os BRICS querem acabar com esse monopólio. Entretanto, é como se os BRICS não acreditassem que isso seja possível, quando planejam criar sua própria instituição financeira que capacitaria potencialmente outros países em desenvolvimento e economias emergentes serem uma parte maior da economia global, o que poderia fortalecer a posição dos BRICS como potente força de influência na sociedade internacional. Desde o inicio os países do então BRIC, se concentraram em Fundos de Investimento Direto, apoiando empresas em investir no exterior. Como resultado um grande número de empresas entraram no mercado internacional. Isso é devido à liberalização da economia e mudanças fundamentais no regime de comércio exterior dos BRIC, o
  • 20. 20 que também atraiu entrada de altos Fundos de Investimento Direto para estes países. Levado por motivos econômicos, os países do BRICS internacionalizaram suas companhias e deram a elas apoio político para investir no exterior. 4.3 Subconclusão Devido à globalização, muitas novas forças (jogadores com direito de influenciar) surgiram, já que as políticas neoliberais das últimas décadas abriram mercados, aumentaram os fluxos transfronteiriços e fundos de investimento direto. Como resultado, os membros dos BRICS se beneficiaram de políticas econômicas estabelecidas por lideranças ocidentais e as instituições internacionais. Suas indústrias ganharam vastamente com a globalização, uma vez que ela abriu mercados para corporações ocidentais querendo maximar seus lucros, mudando sua produção para países de economia menos desenvolvida, com menor custo de locação e mão de obra. Além disso, o crescimento de Fundo de Investimento Direto nos BRICS pode ser atribuído a políticas econômicas neoliberais que dominaram a economia global nas últimas décadas, já que isso permitiu a abertura de mercados, não apenas para economias em desenvolvimento, mas também para economias desenvolvidas. Entretanto, as vozes dentro do movimento antiglobalização, levantaram preocupação com a globalização irresponsável, onde corporações e governos exploram as possibilidades que um mercado aberto oferece, para maximizar lucro, não considerando os direitos humanos e a preservação do meio ambiente. Além disso, a questão permanece: existe ainda um ator estado soberano? Se nós examinarmos a abordagem neoliberal veremos que ainda que o neoliberalismo promova a não intervenção do estado, na realidade, ainda existe alguma forma de intervenção do estado, como o estado é o que define o terreno para o mercado em que uma empresa tem de atuar, isso pode ser através de regras e regulações, que ainda são feitas pelo estado nação. Entretanto, considerando que a globalização abriu novos mercados, existe a possibilidade que a empresa que enfrenta mais e mais regras ou regulações impostas pelo estado, mude seu negócio para algum outro lugar, onde as condições são melhores. Isso poderia então, forçar um governo a abrir mão dessas regulações para manter os negócios no país.
  • 21. 21 5 Instituições Financeiras Internacionais Neste capítulo apresentarei as instituições financeiras internacionais. Primeiramente, apresentarei o FMI e o Banco Mundial já que estas são instituições em que os BRICS pretendem ter maior influência. Finalmente, apresentarei o Novo Banco de Desenvolvimento para que possamos analisar o que os BRICS pretendem com a criação dessa instituição, e como isso potencialmente pode influenciar as instituições financeiras internacionais já existentes. 5.1 Fundo Monetário Internacional (FMI) O FMI é uma das duas instituições que foram criadas na cúpula de Bretton Woods em 1944. Quarenta e cinco países concordaram em estabelecer um quadro de cooperação internacional. Estes países acreditaram que um quadro como este os ajudaria a evitar as consequências de políticas econômicas que tinham contribuído para grande depressão. Todos eles concordaram em manter suas taxas de câmbio, e taxas vinculadas que poderiam ser ajustadas na balança de pagamentos. Além disso, isso só poderia ser feito com a autorização do FMI. O sistema de taxas fixas entrou em colapso em 1971 e os países estavam livres para escolher sua taxa de câmbio. A primeira ideia é que o FMI ajudasse na reconstrução dos países atingidos pelas guerras mundiais e, depois, socorresse os países que adotam o sistema neoliberal. O novo ordenamento do mundo do após-guerra seria caracterizado pelo fortalecimento do capitalismo e pela obediência a instituições internacionais regidas pelo principio democrático no qual todos se fariam representar igualmente, sem que nada fosse imposto aos seus integrantes. O FMI seria uma instituição que procurava abrigar todos os países que dele quisessem participar. Agora o FMI interfere na política econômica dos países devedores de forma extremamente autoritária. Na sua criação estava a ideia de que o mundo poderia estar tranquilo. Dali em diante uma moeda em comum, cambiável em escala universal, facilitando e ajudando a expandir o comércio pelo mundo inteiro. Se algum país passasse por sérias dificuldades financeiras, o FMI iria a seu socorro para evitar a falência ou a moratória dele contaminasse o funcionamento de todo o sistema internacional. 5.1.1 FMI- Financiamento por Sistema de Cotas Cada país membro detém no FMI uma cota a ser determinada com base em seus indicadores econômicos, entre eles o PIB. Quanto maior a contribuição ao FMI, maior é o peso do voto nas decisões. Há uma revisão geral das cotas a cada cinco
  • 22. 22 anos. O Fundo pode propor um aumento nas cotas de determinado país, mas é necessária a aprovação por 85% dos votos para qualquer modificação. Cada país pode retirar 25 % de sua cota correspondente. Acima deste percentual, é preciso assinar um termo (carta de intenções, atrelada geralmente a um memorando técnico de entendimento) onde se compromete a reduzir o déficit fiscal e promover a estabilização monetária. A partir de 1980, o FMI passa a funcionar como supervisor da dívida externa. Recentemente, o combate à pobreza mundial vem-se tornando uma preocupação central. Os cinco maiores acionistas são: Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Reino Unido. 5.1.2 Papel do FMI Quando um país decide se juntar ao FMI, ele concorda com um número de políticas econômicas e financeiras ao escrutínio da comunidade internacional. Os países devem concordar com várias políticas que eles devem seguir e serem efetivas para o crescimento econômico, isso é para evitar manipulação de taxa cambial com fins de vantagem competitiva desleal. O FMI pode monitorar estes países e identificar as fraquezas que estão causando ou podem levar a uma crise financeira; isso é chamado de vigilância. Não apenas o FMI tem vigilância sobre os países membros, mas também em um nível regional, incluindo a área do Euro e União Monetária e Econômica do Oeste da África. Além disso, eles discutem desenvolvimento econômico e políticas chaves em regiões como a Ásia, Europa e África Subsaariana. Assistência técnica é uma das atividades essenciais do FMI, isso é concentrado em áreas onde o fundo tem maiores vantagens. Isso é feito para fortalecer habilidades Cotas em 2013 EUA REINO UNIDO ALEMANHA FRANÇA JAPÃO Em milhões (USS) Direito de saques especiais 42.122,40 10.738,50 14.565,50 10.738,50 15.628,50 % do total 17,69 4,51 6,12 4,51 6,56 % de voto 16,75 4,29 5,81 4,29 6,23
  • 23. 23 em instituições como ministérios de finanças e bancos centrais. Aproximadamente 80% da assistência técnica do FMI vão para países de média e baixa renda, e principalmente ligados à África Subsaariana e Ásia. Essa assistência técnica tem o objetivo de fortalecer o sistema financeiro internacional, através de redução de pobreza e programas de crescimento e ajudar fortemente países pobres redução de déficit e programas de crescimento. Qualquer país em grave crise financeira, que pode ameaçar a estabilidade do sistema financeiro internacional, pode recorrer ao FMI para assistência financeira. Estes empréstimos financeiros são para ajudar os países a restaurar o crescimento sustentável. A resolução de crises é o núcleo do programa de empréstimos do FMI. 5.1.3 FMI- Críticas e Reformas O sistema de cotas tem estado praticamente inalterado nas últimas décadas. Nessas décadas, os maiores doadores do FMI são os que governam as maiores economias. Embora nesta última década, vozes críticas têm se tornando mais intensas com o crescimento da economia mundial e países em desenvolvimento estão em progresso em se tornarem países desenvolvidos com suas economias crescentes. Esses países pedem por uma alteração no sistema de cotas do FMI. A maioria das críticas é destinada a questões de governança, e entre 2006 e 2008 várias reformas foram propostas, por exemplo, as cotas cresceram para 54 países membros. Uma mudança que fez com que mais de 6 % das cotas partes no conselho de governadores, fossem para mercados emergentes e países em desenvolvimento. Essa mudança também contém benefícios em tomada de decisões, além disso, o sistema de eleição dos diretores executivos mudará para se tornar mais democrático. Em 2008, o ex- diretor Dominique Strauss-Kahn, disse que esse tipo de implementação de reformas reflete o compromisso da fundação para fortalecer a eficácia do FMI, credibilidade e legitimidade. Ele completa que a reforma a maior revisão de governança nos 65 anos história do FMI e a maior mudança de influência em favor dos mercados emergentes e países em desenvolvimento, isso deve estar em consonância com a representação do FMI com as realidades econômicas globais. Depois disso, Brasil e Índia estarão, ao lado de Rússia e China, entre os 10 principais acionistas do FMI. Retratando um cenário em que os 10 maiores acionistas serão: Os Estados Unidos, os quatro maiores países europeus (França, Alemanha, Itália e Reino Unido), Japão e os BRICS (Brasil, China, índia e Rússia). Havendo essas reformas, quatro dos cinco países do BRICS estarão na posição dos dez maiores acionistas, apenas deixando um país para trás, África do Sul, uma vez que esse não tem uma economia forte como os demais países do BRICS, portanto não pode fazer parte dos dez maiores acionistas. Deve ser notado que a maioria
  • 24. 24 dessas reformas não foram ainda implementadas, deixando os países em desenvolvimento e mercados emergentes nos mesmos lugares de antes. O FMI e o Banco Mundial estão diretamente ligados como sendo os provedores de ajuda ao desenvolvimento e assistência financeira, mas a diferença é que o FMI não financia projetos. Por isso, é crucial analisar ambos os bancos já que o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS irá providenciar a mesma assistência. 5.2 Banco Mundial O Banco Mundial foi fundado em 1944 em Bretton Woods simultaneamente com o FMI e foi inicialmente para ajudar a reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial. Reconstrução tem sido mantida como o principal foco do Banco Mundial, por exemplo, em casos de desastres naturais, emergências humanitárias e necessidade de reabilitação pós-conflito que afetam o desenvolvimento e economias de transição. Para cobrir todas essas áreas o Banco Mundial tem se ampliado e tornado mais complexo. Ele se tornou um grupo de cinco instituições de desenvolvimento intimamente interligadas: O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), a Associação de Desenvolvimento Internacional (AID), a Corporação Financeira Internacional (CFI), a Agência de Garantia de Investimento Multilateral (MIGA), e o Centro Internacional para Resolução de Disputa Sobre Investimento (ICSID). 5.2.1 Financiamento através de títulos O conselho de diretores consiste do presidente do Banco Mundial e 25 diretores executivos. As principais cadeiras destes 25 diretores executivos são os cinco países que tem maior participação no Banco Mundial, são eles: Estados Unidos. Japão, França, Alemanha e o Reino Unido. Esses cinco países tem o poder de indicar os diretores executivos para outro país, o que é feito juntando todos os 188 membros dentro de 20 grupos e cada grupo indica um diretor. Dentro desses 20 grupos, China, Rússia e Arábia Saudita, cada um tem seu próprio grupo, portanto, elegem seu próprio direto executivo. Para uma decisão passar no conselho de diretores, é necessário ser representado pelos 80% de maioria total do poder de voto. O Banco dispõe de um sistema de votação de peso como o FMI, e de acordo com artigos de acordo do BIRD, os países precisam ser membros no FMI para se tornar membro no Banco Mundial.
  • 25. 25 No caso do Banco Mundial, por exemplo, cada membro paga 20% do capital enquanto os 80% remanescente é deixado como “exigível” (para ser pago no caso de omissão). Essa garantia permite ao Banco Mundial arrecadar dinheiro para suas finalidades de empréstimos nos mercados internacionais de capital pela venda de seus títulos. Assim, Financiamentos do FMI vem de dinheiro arrecadado através de sistema se cotas, enquanto que financiamento do Banco Mundial vem especialmente de títulos de emissão nos mercados financeiros e de pagamentos de obrigação de dívida, emprestando as suas reservas, levantadas de obrigações dos seus 188 acionistas. 5.2.2 Papel do Banco Mundial O Banco Mundial é uma importante fonte de financiamento e assistência técnica para desenvolvimento de países em todo o mundo. Seu papel é reduzir pobreza e apoiar o desenvolvimento. Existem duas principais instituições no Banco Mundial, são elas o BIRD e a AID. O BIRD tem como objetivo a redução da pobreza nos países de renda média e que podem arcar com empréstimos em termos não concessionais, e a AID que visa reduzir a pobreza por meio de doações e empréstimos livres de juros a países em grave situação social. Os créditos são concedidos com prazos mais longos para devolução (30 ou 40 anos, por exemplo), e a aplicação do dinheiro deve ser direcionada a programas governamentais que promovam crescimento econômico, reduzam desigualdades e melhorem as condições de vida da população, promovam crescimento econômico, reduzam desigualdades e melhorem as condições de vida da população. Ambas as instituições são representadas pelos 188 países membros. O Banco Mundial oferece empréstimos com baixa taxa de juros, créditos sem juros, e subsídios para países em desenvolvimento em todas as regiões. Através da assistência financeira, o Banco Mundial apoia uma gama de investimentos, como em educação, saúde, infraestrutura e agricultura. 5.2.3 Banco Mundial- Críticas e Reformas Durante a década de 80, o Banco Mundial foi empurrado em muitas direções. No inicio da década, foi colocado face a face com questões macroeconômicas e reescalonamento de dívidas, no final da década, questões sociais e de meio ambiente foram o foco, e uma sociedade civil cada vez mais ativa, acusou o Banco Mundial de não observar suas próprias políticas em alguns projetos de alto perfil. Para abordar as preocupações sobre a qualidade das operações do Banco Mundial, o relatório Wapenhans foi divulgado logo depois, foram dados passos em direção a reformas, incluindo a criação de um painel de inspeção para investigar reclamações contra o Banco Mundial. O impacto desse relatório foi enorme, com repercussões internas e externas. O relatório declarou que mais de um terço dos projetos do
  • 26. 26 Banco Mundial concluídos em 1991 foram julgados como falhos pelos próprios funcionários do Banco. Geograficamente, a África teve os maiores problemas, no qual alguns países tiveram uma taxa de sucesso menor que 17,2%, e dois países na America Latina tiveram 50% dos projetos julgados como falhos. Contudo, cresceram as críticas, atingindo um pico em 1994 no encontro anual em Madri. Um acompanhamento de revisão, o Relatório Financeiro e Auditoria, liderado por George Russel, apontou que estas falhas podem ser atribuídas a uma série de fatores: normas de contabilidades deficientes nos países beneficiários, a falta de pessoal experiente e requisitos de informação demasiado pesados, que não refletiam o que era considerado necessário. 5.3 Plano dos BRICS para um Novo Banco de Desenvolvimento Na cúpula dos BRICS em 2012 em Nova Delhi, na Índia, os cinco presidentes do BRICS levaram para a mesa uma série de importantes acordos de cooperação, relacionadas a ações bancárias conjuntas. Configurando o acordo principal sobre a extensão de crédito em moeda local (com a intenção de redução a demanda por moedas plenamente conversíveis para os custos do comércio intra-BRICS) e a Carta Multilateral de Contrato de Confirmação de Crédito (que ajudaria reduzir custos de transação comercial, além de promover o comércio intra-BRICS). Na cúpula de Nova Delhi, muitas questões foram abordadas, como, gestão financeira e macroeconômica, investimento, comércio, tecnologia, inovação e como seria melhor lidar com esses tipos de problemas com suas próprias instituições. Portanto, nesta cúpula, eles também começaram a discussão quanto à possibilidade de criar seu próprio banco de desenvolvimento, o que é principalmente devido às razões colocadas a seguir. 5.3.1 Porque criar um Novo Banco de Desenvolvimento Uma das razões é que o novo banco de desenvolvimento funcionaria como uma alternativa para as promessas não atendidas por mais influência nas instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Para o BRICS as reformas que permitiriam maior influência em ambas as instituições tem andado muito lentamente. Segundo os BRICS, eles esperavam maior reciprocidade por parte dos membros do FMI a suas contribuições, através de realização de alterações acordadas que reforçaria o poder de voto das economias emergentes na organização. Eles querem mudar a atual reforma de cota dessas instituições e adaptá-la ao momento atual. Os BRICS gostariam de assegurar que a reforma de
  • 27. 27 cota do FMI pudesse dar a eles o seus devidos lugares e querem também assegurar que as cabeças do FMI e do Banco Mundial sejam selecionadas na base do mérito global e não em um princípio nacional. Eles estão frustrados em função das regras do jogo não terem sido alteradas refletindo a realidade de hoje. Como colocado pelo ministro de finanças da África do Sul, Pravin Gordhan: ”as raízes do Banco Mundial e do FMI ainda estão no ambiente da Segunda Guerra Mundial”, o que significa que o FMI e o Banco Mundial não parecem ter conhecimento das novas economias emergentes. Além disso, o Banco Mundial e outras instituições financeiras internacionais são frequentemente chamados a mudar. Estas mudanças envolvem diferentes ações e, muitas vezes, diferentes objetivos. Gordhan acrescenta que ainda temos uma situação onde certas partes do mundo são super-representadas, por exemplo, África tem apenas três assentos no conselho de vinte e cinco assentos, assim o Banco Mundial e o FMI continuam a ser dominados pela America e Europa. Os BRICS querem uma mudança que nunca aconteceu, e eles estão agora desenvolvendo o projeto de um Novo Banco de Desenvolvimento. A segunda razão para começarem um Novo Banco de Desenvolvimento é que os BRICS acreditam que países em desenvolvimento enfrentam desafios de desenvolvimento de infraestrutura por causa de insuficiente financiamento de longo prazo, Fundo de Investimento Direto e mais especialmente sobre capital próprio. O objetivo dos BRICS é fugir da lógica dessas instituições. Por exemplo, o FMI e o Banco Mundial, das suas sedes em Washington D.C, lançam diferentes tipos de empréstimos para ajudar economias com problemas ou para providenciar investimento para projeto de infraestrutura em um nível internacional. 5.3.2 O Novo Banco de Desenvolvimento Este novo banco de desenvolvimento funcionaria como um fundo anti-crise, e ao mesmo tempo, um mecanismo paralelo ao FMI, como uma nova instituição alternativa destinada a canalizar ajuda financeira internacional dos países do BRICS. Depois da última cúpula em 2013 em Durban, África do Sul, o projeto completo foi colocado em andamento e eles planejam ter todas as preparações finalizadas na cúpula de 2014 no Brasil. Os objetivos do Novo Banco de Desenvolvimento foram definidos nos termos a seguir: criação de um arranjo contingente de reservas que ajudará os países membros a enfrentar crises financeiras e volatilidade de moeda com uma soma inicial de US$100 bilhões; financiar projetos de infraestrutura em todas as nações em desenvolvimento; facilitar empréstimos Sul-Sul. O capital próprio proposto é de US$50 bilhões, onde países membros pagariam US$10 bilhões, o que significa US$2 bilhões por país.
  • 28. 28 5.3.3 Críticas Apesar de tudo que já foi acordado, ainda existem questões pendentes. Por exemplo, importantes questões como a localização da sede, a moeda que será utilizada, o nível de abertura que isso teria para países fora do BRICS, ou o real montante inicial, que ainda está em aberto. Porque quase todos os países do BRICS, exceto China, acharam muito alto o montante de US$100 bilhões, e eles não querem que a China invista mais dinheiro que os demais, de modo que ela teria uma fatia maior que os outros. Embora estes US$100 bilhões pareçam modestos em comparação com o recente meio trilhão de dólares mobilizado pelos BRICS para o novo fundo “firewall” no FMI. Isso pode parecer modesto também em comparação com o fundo contra a crise levantado pela Europa para proteger o Euro. Ainda que US$100 bilhões de dólares possam parecer modestos em comparação a outros fundos que tenham sido levantados, isso é considerado um valor alto, por exemplo, para África do Sul, para quem US$10 bilhões são substanciais. O detalhamento de como dividir o capital social pode afetar a tomada de decisão e liderança. Na cúpula de Durban em 2013, os líderes não conseguiram deixar claro quanto tempo seria necessário para ter o Novo Banco de Desenvolvimento em funcionamento. Isso prova ser um processo lento, como declarou o ministro de finanças russo Anton Siluanov que eles precisavam de mais tempo para criar o novo banco, para trabalhar nos detalhes sobre o financiamento e operações. Uma das questões-chave do banco é o capital global e se a contribuição inicial é suficiente o bastante para ser eficaz em infraestrutura de financiamento. 5.4 Analise do Novo Banco de Desenvolvimento e o FMI e Banco Mundial. Ao analisar a estrutura governamental, políticas e críticas ao FMI, Banco Mundial e o Novo Banco de Desenvolvimento, nos permitirá analisar sobre as controvérsias detectadas. O sistema de cotas tornou-se o principal problema para o BRICS, conforme mencionado anteriormente, devido a pouca influência no FMI e no Banco Mundial, o que gerou crescimento das criticas na última década. Os maiores acionistas tanto do FMI quanto do Banco Mundial são os Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e o Reino Unido. Estes cinco países sempre tiveram assento desde a criação destas instituições no final da segunda guerra mundial. No Banco Mundial esses cinco países tem o poder de escolher quem recebe assento no Conselho de Direção. São eles que escolhem quais são os casos que passam, já que eles têm 80% da votação por maioria.
  • 29. 29 Para o BRICS isso pode significar que estes cinco principais acionistas podem fazer a escolha dos diretores executivos que mais provavelmente votarão alinhados com os interesses próprios desses países. Assim, eles podem implementar suas próprias agendas pelos votos no Banco Mundial, não escolhendo um diretor executivo de um dos membros do BRICS, que podem afetar a votação nos assuntos os quais eles não são favoráveis. Isso é interessante, considerando que todos os países que se candidatam a membros do FMI são submetidos a um exame minucioso e medidas de política. E ainda, eles não são tratados iguais quando se trata de divisão de cotas. Antes de o país conseguir filiação, ele deve concordar com políticas econômicas e financeiras na necessidade de perseguir e ter crescimento econômico efetivo. O foco em crescimento econômico não é apenas uma política que um país deve empreender, é também crucial, já que a cota do país dependerá disso. Como mencionado anteriormente, certas cotas são baseadas principalmente na relativa posição na economia mundial e determina o poder de voto e o acesso ao financiamento do FMI. Desde que o poder de voto e cotas são determinados no crescimento econômico dos países, parece estranho para os BRICS não terem ganhado aumento no poder de voto, de acordo com suas crescentes economias. Isso pode parecer estranho considerando a política de vigilância que o FMI tem, onde o FMI mantém uma vigilância em todos os membros, monitorando suas economias. Portanto, o FMI deveria ter informação sobre o crescimento econômico em primeira mão. Assim, vigiando seus países membros o FMI poderia claramente ver que os BRICS são economias crescentes, e assim concordar em dar mais poderes aos BRICS de acordo com suas economias. Referindo-se ao capítulo 3, o que os BRICS acordaram na cúpula de 2011, que eles acreditam que mudanças são necessárias, assim eles poderiam ganhar mais influência. Assim, eles pensam que as instituições financeiras internacionais não estão reagindo aos mercados emergentes e crescimento econômico que os BRICS possuem, e gostariam que mudanças fossem feitas de acordo. Por exemplo, eles gostariam que o FMI ampliasse o uso do Direito Especial de Saque para se tornar mais benéfico para os BRICS. Em 2006 e 2008 algumas reformas no FMI sobre divisão de cotas foram acordadas, que envolveram mais de 6% de divisão de cotas foram destinadas aos mercados emergentes e países em desenvolvimento. Em 2008 China e Brasil foram os principais beneficiários desta reforma de cota, e na reforma de 2009 do FMI todos os BRICS foram os maiores compradores de títulos do total crescimento de cota. Quanto ao crescimento de cotas para mercados emergentes, é interessante mencionar que as cotas para a África do Sul não cresceram, pelo contrário, declinaram. Isso reforça, o que o economista inglês Jim O´Niell declarou
  • 30. 30 que ele não vê a África do Sul pertencendo ao BRICS, porque a África não tem crescimento econômico como os outros membros. A África do Sul está em 28º lugar no PIB mundial, enquanto os outros membros estão entre os dez. Além disso, houve uma mudança na estrutura do Conselho de Diretores, isso foi ajustado para minimizar os privilégios dos membros europeus, reduzindo seus números de diretores para dois, e todos os diretores deveriam ser eleitos pelos diretores executivos em vez de nomeados pelos cinco principais acionistas. Como mostrado no capítulo 5, o ex-diretor gerente do FMI Dominique Strauss Kahn disse em 2008 que esses tipos de reforma refletem verdadeiramente o compromisso dos afiliados em fortalecer a efetividade do FMI, credibilidade e legitimidade. Ele acrescentou que esses tipos de mudanças não tinham sido vistas nos 65 anos de história do FMI e que estas reformas deveria ser em favor dos mercados emergentes e países em desenvolvimento, e alinhadas com a realidade econômica global. Entretanto, muitas dessas reformas ainda estão pendentes de implementação. O BRICS afirmou ter esperado os membros do FMI por um longo tempo retribuírem sua contribuição, realizando mudanças que reforçam o poder de voto dos países emergentes nas organizações, mas até 2008 não houve nenhuma proposta para aumentar a cota desde 1998. Ainda que pareça que o FMI deseja mudar, isso não tem resultado em mudanças drásticas na influência dos países do BRICS. No caso do Banco Mundial, o critério no poder de voto tem também sido revisto, e tem existido um aumento no poder de voto de algumas economias em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que alguns dos países mais poderosos viram seu poder de voto reduzido. No entanto, Arábia Saudita, Rússia e os Estados Unidos não sofreram nenhuma mudança. Estas reformas podem, portanto, parecerem questionáveis. Como colocou o ministro de finança da África do Sul, Pravin Gordhan: “As raízes do Banco Mundial e do FMI ainda estão no ambiente de pós Segunda Guerra Mundial.” O que significa que eles não querem reconhecer os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento. As críticas não estão apenas na divisão de cotas e no poder de voto, os BRICS também desafiam o conceito de desenvolvimento dessas instituições. Por exemplo, o FMI foca no desenvolvimento na Ásia e Sul da África Subsaariana. Ambos os continentes estão onde a maioria dos países do BRICS está colocando seus investimentos. Todos os países do BRICS tiveram assistência do FMI e Banco Mundial, eles devem, portanto, ter uma grande experiência em desenvolvimento, uma vez que eles mesmos estão em desenvolvimento. Como descrito anteriormente neste capítulo, o relatório Wapenhas sobre o Banco Mundial, declarou que um terço dos casos de desenvolvimento foram julgados como falhos pelos seus próprios empregados. O segundo relatório do Banco Mundial, o chamado relatório FRAT, destacou o relatório de Wapenhans e declarou que a falta de pessoal com experiência entre outros, foram as principais razões para falhas nos projetos e missões. Para os
  • 31. 31 BRICS esses relatórios podem ser vistos como evidência da forma de selecionar o que é desenvolvimento e por isso seria natural para os BRICS acreditarem que eles poderiam ser capazes de terem mais impactos nessas regiões, já que o Banco Mundial falhou. Porém, ambos FMI e Banco Mundial ainda insistem em seguir o consenso de Washington, que é focado em liberação de comércio, investimento e setor financeiro. Essas condicionalidades não conseguem resolver os problemas econômicos nos países. Em outras palavras, o FMI e o Banco Mundial não deixam de trabalhar em linha com o consenso de Washington porque senão os BRICS teriam maior influência. As razões mencionadas podem ser, portanto, as principais precondições para os BREACS criarem um novo banco de desenvolvimento, já que não parece que a influência de poder deles junto ao FMI e ao Banco Mundial irá mudar. No Novo Banco de Desenvolvimento, somente os BRICS serão membros, e eles podem, portanto, controlar os projetos de desenvolvimento em que eles irão investir o que significa que eles podem criar sua própria agenda de como irão operar e criar seus próprios regulamentos. Isso é o contrario da situação atual dentro do Banco Mundial e FMI, onde eles seguem a agenda dessas instituições. Conforme apresentado na estratégia dos BRICS para o Novo Banco de Desenvolvimento, isso terá operações similares ao plano financeiro de crise do FMI e projetos de desenvolvimento do Banco Mundial. Como colocado pelo presidente da áfrica do Sul Jacob Suma, os lideres do BRICS concordaram em criar um Novo Banco de Desenvolvimento considerando suas próprias necessidades. A expectativa é que este novo banco de desenvolvimento esteja concluído em 2014, embora que, parecem existir ceticismo e críticas com relação a ele. Isso é devido alguns pontos soltos e a falta de informação do banco. Ainda assim, os planos estão definidos para a conclusão do banco em 2014, mas as probabilidades estão contra os BRICS, uma vez que a Rússia afirmou precisar de mais tempo para colaborar. Por exemplo, eles precisam colaborar mais com a quantidade necessária de que eles querem como sendo o capital mínimo para o Novo Banco de Desenvolvimento e o Arranjo de Contingente de reserva. Membros dos BRICS discordam do montante, porque a África do Sul, por exemplo, não pode pagar grandes quantidades como os grandes países do BRICS, como China por exemplo. Tudo que é realmente sabido é que este Novo Banco de Desenvolvimento será de propriedade de países em desenvolvimento para países em desenvolvimento.
  • 32. 32 6 Análises Neste capítulo, apresentarei a minha analise. Na primeira parte, apresentarei brevemente o equilíbrio de poder da teoria, seguido por uma analise da teoria junto com o BRICS. Na segunda parte, analiso como o BRICS enfrenta a teoria de grande poder, não fazendo uso de força militar. Ao longo da analise, irei implementar as conclusões da sub-analises anteriores do projeto. 6.1.1 BRICS e o Poder Esta analise se propõe a investigar a influência e poder dos BRICS no mundo globalizado. Por muitas décadas o debate na sociedade internacional tem envolvido discussão sobre a ordem mundial, afirmando que os Estados Unidos são a potência unipolar. Entretanto, o debate na última década mudou para poder multipolar que é, portanto, o equilíbrio do poder mundial. A criação do BRICS como uma organização mudou o debate para se ainda existe um poder unipolar ou se isso evoluiu para um poder multipolar com as economias emergentes, liderada pelo BRICS. O equilíbrio de poder é um conceito dos mais antigos e mais essenciais em relações internacionais, como o cientista político Professor Glenn Snyder chama isso, conceito teórico central. Ao longo da história o conceito de equilíbrio de poder tem sido frequentemente aplicado a eventos históricos, como por exemplo, o renascimento e a civilização antiga da China e da Grécia. Teoria de equilíbrio de poder implica que grandes potencias fazem a maior parte do equilíbrio. Apesar de pequenos e médios estados preferem limitar o poder de aspirante hegemonia, somente as grandes potências tem o militar para fazer a diferença. Hans Morgenthau, um realista, refere-se ao equilíbrio de poder como uma lei de ferro de políticos, enquanto o político Henry Kissinger refere-se a isso com um conhecimento ou uma arte que políticos tiveram ou não. A teoria de equilíbrio de poder perdeu seu status depois da Primeira Guerra Mundial, entretanto ela retornou mais forte depois da Segunda Guerra Mundial. A teoria de equilíbrio de poder pode por isso ter diferentes significados, enquanto alguns teóricos usam o conceito para descrever a distribuição atual de poder no sistema internacional, outros se referem a isso como uma estratégia de estado. A fim de analisar a influência dos BRICS no equilíbrio de poder, a teoria de grande potência será usada para explicar o que é necessário para ser uma grande potência, através de perspectivas de realismo, Para ser uma grande potência, a teoria afirma que a capacidade militar é um importante fator. Os BRICS como uma colaboração não tem nenhuma cooperação militar, e sua colaboração é principalmente econômica, com foco em comércio, desenvolvimento e crescimento. A teoria da grande potência concorda, que a fim de ser uma potência, é importante que outros
  • 33. 33 também reconheçam o estado como um estado potência. Como o pesquisador global, Jack A. Smith, disse, os Estados Unidos sendo a grande potência, reconhece BRICS como uma potência, porque eles reconhecem os BRICS como uma ameaça ao seu poder. O desenvolvimento desta nova cooperação entre as economias emergentes do BRICS tem sem dúvida criado aumento de frustrações em Washington. “Os Estados Unidos tem se preocupado sobre crescente economia e força política dos países do BRICS nos últimos anos.” A teoria de grande potência é, então, desafiada, como ressalta o poder, como mencionado anteriormente, como fator importante. Por exemplo, o Conselho Nacional de Inteligência dos Estados Unidos criou um documento chamado “Tendências Globais” que o sistema internacional, que se baseia nas relações de poder que se seguiram após a Segunda Guerra Mundial, será alterado, como novos jogadores, como os países do BRICS tem chegado. Eles irão demandar influência, e trarão novas regras para o jogo. A relação de poder após a Segunda Guerra Mundial, pode ser refletida nas instituições financeiras como o FMI e o Banco Mundial, que foram criados após a Segunda Guerra Mundial, onde o principal acionista são os Estados Unidos. Desde a última década, eles têm expressado o desejo de realizar mudanças, mas como vimos na analise do FMI e do Banco Mundial, isso não parece acontecer em alinhamento com o crescimento que os BRICS experimentam. Isso pode, por exemplo, ser demonstrado através de reformas no FMI em 2008, onde o FMI não tem visto muitas mudanças nos seus 65 anos de história, e muitas dessas reformas, não foram implementadas ainda. 6.1.2 BRICS – Desafiando a teoria de grande potência jogando um novo jogo Podemos dizer que os países do BRICS ao invés de alterarem as regras nas instituições internacionais existentes, alteram o jogo de outra maneira. Isso pode ser demonstrado através da criação da sua própria instituição internacional, o Novo Banco de Desenvolvimento em que o objetivo é ter as mesmas funções do Banco Mundial e do FMI. Aqui eles farão sua própria agenda, e dessa forma o jogo será alterado. Isso mostra que embora os Estados Unidos ainda seja uma superpotência militar incomparável, um cenário de um mundo em rápida mudança esta ocorrendo, já que a influência política e econômica de Washington está em declínio. O BRICS esta desafiando a teoria de superpotência no sentido que força militar, como fator principal, para relação de força esta mudando, como vimos que o objetivo do BRICS é ganhar força sem foco em poder militar. Enquanto realistas explicam como os Estados Unidos tornou-se uma grande potência, por causa da sua capacidade militar, eles não explicam o aspecto contemporâneo de potência. Além de força, existem outros tipos relevantes de
  • 34. 34 poder, como os novos realistas afirmariam. O mundo já não é tão irrestrito como no século dezenove, apesar de poder militar ser um dos principais recursos em assuntos internacionais, uma grande potência não é definido mais como um país militarmente potente. Até agora concordamos que o equilíbrio de poder esta mudando com as economias emergentes. O BRICS, criando uma organização onde eles cooperam entre si, com suas ideias de vanguarda, e assim devem ser vistos como mais fortes nas regras de mudanças, e como tendo maior influência. Podemos vê-los crescendo sem o uso de poder militar. 7 Discussão Neste capítulo serão discutidos os resultados das analises, em como os BRICS podem ser explicados através da teoria da globalização, e de como eles estão mudando a influência no sistema internacional com a criação de um Novo Banco de Desenvolvimento. Através da teoria da globalização, é visto que a coalizão dos BRICS pode ser explicada pelo pensamento liberal de coalizões, sendo reconhecido como um ator global. O BRICS é apenas uma coalizão, não tendo regras comuns ou de maior aplicação da lei, como uma união teria. Eles usam o livre mercado, e agora estão criando uma organização, entre os cinco países de economias emergentes, para maximizar suas oportunidades, visando assegurar um maior crescimento econômico possível. Eles cooperam entre si, devido ao fato de estarem em uma coalizão, o que para cada membro do BRICS, é dado uma “voz maior” e reconhecimento na área econômica internacional. Como visto nos capítulos anteriores, os BRICS seguem juntos com um acordo, com o objetivo de alterar as já existentes instituições internacionais, FMI e Banco Mundial. Uma das principais razões para os planos dos BRICS em criar sua própria instituição financeira, o Novo Banco de Desenvolvimento, é lentidão do FMI e Banco Mundial nas reformas de cotas e governança. Com o Novo Banco de Desenvolvimento, os membros do BRICS teriam outra alternativa que não apenas o FMI e o Banco Mundial. Ao longo da discussão entre liberalismo e realismo em Relações Internacionais, é mostrado que os Estados Unidos, como uma hegemonia, tem sido a grande potência desde o fim da Guerra Fria. Eles veem a organização das economias emergentes, BRICS, como uma ameaça, uma vez que pode ser acordado que eles estão desafiando a posição dos Estados Unidos como hegemonia, já que os BRICS são reconhecidos como uma organização com uma influência crescente, e como potência porque é capaz
  • 35. 35 de alterar a ordem internacional. Devido ao fato dos BRICS não conseguirem a influência nas instituições financeiras existentes que eles gostariam, eles objetivam criar sua própria instituição. 8 Conclusão Através da teoria da globalização, a coalizão dos países do BRICS pode ser explicada pela visão liberalista do livre mercado, onde cada país individualmente, sendo membro do BRICS, se beneficia da coalizão para criar melhores condições para assegurar crescimento econômico. Para responder por que os BRICS tem um plano para criação de um Novo Banco de Desenvolvimento, é pelo fato deles não terem o nível de influência nas já existentes instituições internacionais, FMI e Banco Mundial, como eles tem direito e querem, com base em seus crescimentos econômicos. Mudanças foram aprovadas e acordos foram feitos, ainda que os mesmos não foram implementados. A reestruturação do FMI e do Banco Mundial não está acontecendo, o que motiva o BRICS criar sua própria instituição financeira internacional. Os BRICS desafiam a teoria de grande potência, uma vez que eles estão estabelecendo poder de grande potência, ainda que sem fazer uso de força militar. No lugar de força militar, eles tem força econômica. 9 Perspectivas Futuras Após analisar o BRICS e seu plano para criação de um Novo Banco de Desenvolvimento, e assim investigado como o BRICS surgiu e que influência ele pode ter na ordem mundial, outras áreas poderão ser exploradas. O sistema de cotas tem sido a questão principal nas instituições do FMI e Banco Mundial porque os mercados emergentes tem solicitado uma mudança na distribuição de cotas na última década. Seria interessante investigar se o plano para um novo banco de desenvolvimento seria encerrado ou talvez suspenso, se mais cotas fossem dadas ao BRICS, portanto, maior poder de voto. Porque é isso que eles vêm solicitando do FMI e Banco Mundial, então, seria interessante se uma mudança nessas instituições mudaria alguma coisa nos planos da criação de um novo banco de desenvolvimento. Seria interessante também ver em como um novo banco de desenvolvimento seria diferente do FMI e do Banco Mundial, no que se refere à implementação de ajuda financeira e de desenvolvimento. Como a forma do BRICS administrar e prover ajuda
  • 36. 36 seria diferente da forma em que isso é feito pelas instituições atuais. Seria então a ajuda de desenvolvimento e financeira dos BRICS como o que os membros do BRICS estão atualmente fazendo, como a forma chinesa, que, por exemplo, encoraja e patrocina empresas chinesas ir para a África e estabelecer trabalho e crescimento econômico. O que pode ser também interessante é olhar para os BRICS como membros. Olhar como cada e todos os membros estão construindo e o que os fazem ser diferentes um dos outros. Porque BRICS era apenas um conceito alguns anos atrás, mas agora ele é uma organização. O significa para o BRICS ser uma organização com as principais forças emergentes do mundo, o que eles ganham e o que eles teriam a oferecer, sendo tão diferentes em termos de economias, cultura e história.
  • 37. 37 10 Referencias Bibliografia: Brics - As Potências Emergentes - (Paulo Vicentini, Gabriel Adam, Maira Vieira, André Silva, Analúcia Pereira). Editora: Vozes - Ano: 2013 Fontes de pesquisas online: http://www.imf.org/external/ http://www.stwr.org/globalization/neoliberalism-and-economic-globalization.html http://siteresources.worldbank.org/DEVCOMMINT/Documentation/22553921/DC201 0-006(E)Voice.pdf http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/EXTABOUTUS/ORGANIZATION/ BODEXT/0,,contentMDK:21429866~menuPK:64020035~pagePK:64020054~piPK:6 4020408~theSitePK:278036,00.html http://www.bloomberg.com/news/2013-03-27/brics-nations-need-more-time-for- development-bank-russia-says.html