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EMPRESAS DOS BRICS NO PACTO 
GLOBAL DA ONU – RÚSSIA 
Mario Joaquim dos Santos 
Neto 
Seminário de Pesquisa 
Semana de ACTA 2014 
UFBA, 14 de outubro de 2014
ESTUDOS CRÍTICOS DA GLOBALIZAÇÃO 
EMPRESAS DOS BRICS NO PACTO GLOBAL DA ONU 
A pesquisa almejou compreender a temática de responsabilidade social das 
empresas transnacionais de países emergentes, neste caso, do grupo 
BRICS (Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul) a partir do Pacto Global 
(Global Compact) da Organização das Nações Unidas (ONU), investigando 
a temática da transnacionalização das corporações e a responsabilidade de 
empresas em Direitos Humanos. 
O propósito desta comunicação é apresentar as informações, dados e 
conclusões produzidas até o mês de julho de 2014 pelo bolsista de 
iniciação científica Mario Joaquim Neto, referente ao plano “Empresas da 
Rússia no Pacto Global da ONU”, que constitui parte do Projeto de Pesquisa 
“Estudos Críticos da Globalização: Empresas dos BRICS no Pacto Global da 
ONU”, patrocinado pela Universidade Federal da Bahia - UFBA e orientado 
pelo Prof. Dr. Daniel Maurício Cavalcanti de Aragão.
EMPRESAS MULTINACIONAIS
EMPRESAS MULTINACIONAIS 
Multinacionais ou Transnacionais são corporações industriais, comerciais 
e de prestação de serviços que possuem matriz em um determinado país e 
atua em diversos distintos territórios dispersos no mundo, ultrapassam os 
limites territoriais dos países de origem das empresas com a instalação de 
filiais em outros países em busca de mercado consumidor, energia, matéria-prima 
e mão-de-obra baratas.
BRICS Brasil, Rússia, India, China e 
Africa do Sul.
BRICS 
Ao final de 2001, um estudo da Goldman Sachs causou grande impacto ao afirmar 
que Brasil, China, Índia e Rússia - os BRIC - poderiam estar, até 2050, entre as 
economias mais importantes do planeta. 
Em 16 de junho de 2009, os líderes dos países do BRIC realizaram sua primeira 
reunião, em Ecaterimburgo, na Rússia. Ao final do encontro, emitiram uma 
declaração apelando para o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar e 
para a reforma do sistema financeiro mundial. Em 2011, com a admissão da África 
do Sul como membro integral, o grupo passou a chamar-se BRICS. 
Ainda que os cinco países possuam semelhanças consideráveis, como grande 
extensão territorial, expressiva população e um histórico recente de transformações 
socioeconômicas por vezes dramáticas, há, por outro lado, enormes diferenças 
entre eles, tais como: o estágio de desenvolvimento tecnológico; a participação, 
seja por volume, seja no tipo de produto, no comércio internacional; a forma como 
lidam com suas vastas biodiversidades; a questão da democracia e o poder militar. 
(BRICS Policy Center, 2014)
BRICS 
Os líderes dos cinco países BRICS reuniram-se em Fortaleza, entre os dias 14 e 16 
de julho de 2014, para a sexta cúpula do agrupamento. 
Após dois dias de negociações, a VI Cúpula do BRICS terminou com a Declaração 
de Fortaleza, um documento no qual o BRICS reafirma seu papel como um 
mecanismo que vem a completar a estrutura internacional global, marcada pela 
necessidade de reformas e inclusão de novos atores. 
O encontro, que teve como tema chave o desenvolvimento sustentável, ratificou as 
intenções já existentes de criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo 
Contingente de Reserva. 
Os membros do BRICS ainda têm parte considerável da sua matriz econômica 
baseada na exportação de monocultura, exploração de recursos naturais, além de 
problemas relacionados à concentração de terra e de renda, que revelam que a 
desigualdade e o desenvolvimento sustentável ainda são os grandes desafios. A 
próxima cúpula do BRICS, que acontecerá na Rússia em 2015. (BRICS Policy 
Center, 2014)
O PACTO GLOBAL DA ORGANIZAÇÃO DAS 
NAÇÕES UNIDAS - UNGC
UNGC 
Fundação 31 de janeiro de 1999: Durante o 
Fórum Econômico Mundial, em Davos, o 
secretário-geral da ONU, Kofi Annan, propôs a 
criação de um Pacto Global. 
Metas do Pacto Global: 
• Reforçar a cooperação entre a ONU e as 
empresas. 
• Cumprimento dos Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio da ONU. 
• O Pacto Global chama para as empresas em 
todo o mundo a trabalhar por uma ordem 
econômica mundial social e ecológica.
O QUE É? 
O Pacto Global da ONU consiste 
essencialmente na coletânea de Declarações 
e diretrizes da ONU sobre: 
• A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 
• A Declaração da OIT sobre os Princípios e 
Direitos Fundamentais no Trabalho. 
• A Declaração do Rio das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(Agenda 21). 
• A Convenção das Nações Unidas contra a 
Corrupção.
PACTO GLOBAL 
• É concebido como um fórum orientado para 
a ação para a aprendizagem, como um 
diálogo, em que as melhores práticas para a 
realização dos dez princípios são publicados e 
apoiados. 
• O Pacto Global não é um instrumento de 
regulação, mas confia em vez do 
engajamento voluntário das empresas.
CRÍTICAS 
Não contém nada de novo, 
houve pouca adesão, não há 
monitoramento e diversas 
empresas fazem uso indevido 
do selo como propaganda de 
responsabilidade social.
UNGC NO MUNDO
UNGC NA RÚSSIA
UNGC NA RÚSSIA 
O Pacto Global da Organização das Nações Unidas foi lançado na Rússia 
em novembro de 2001 durante uma mesa redonda organizada pelo 
Ministério dos Negócios Estrangeiros e a União de Industriais e Empresários 
da Rússia (RUIE) como resultado de parceria com o PNUD e outras 
agências da ONU. 
O Pacto Global serviu como uma plataforma de aprendizado, diálogo e troca 
de boas práticas em CSR, influenciando o desenvolvimento posterior em 
nível nacional de uma iniciativa multisetorial semelhante, a Social Charter of 
Russian Business. (Hudina, 2010)
PROCEDIMENTOS 
METODOLÓGICOS 
Fizemos uma análise específica sobre a inserção das grandes corporações 
transnacionais da Rússia nos processos de globalização, averiguando como elas 
participam do Pacto Global da ONU sob a perspectiva do monitoramento periódico 
através da produção e submissão de relatórios obrigatórios (COP) de Responsabilidade 
Social Corporativa (CSR) enviados ao Escritório do Pacto Global sobre avanços em 
termos de responsabilidade social e direitos humanos. 
A sistematização das informações e dados coletados foi realizada em quadros analíticos 
e confrontação com notícias veiculadas na mídia e em repositórios de organizações 
internacionais. 
Os resultados expostos a seguir são o produto da analise das informações 
disponibilizadas pelas empresas e exame crítico dos pontos principais dos relatórios 
apresentados ao Pacto Global da ONU 
Em nosso estudo adotamos um enfoque dos Estudos Críticos da Globalização, 
evidenciando assim as contradições do processo de adoção do Pacto Global pelas 
empresas multinacionais russas no contexto da globalização e o posicionamento do país 
no grupo emergente BRICS
EMPRESAS RUSSAS NO 
PACTO GLOBAL DA ONU 
A fim de delimitar o objeto de nosso estudo, foi necessário definir quais 
seriam as principais empresas da Rússia que serviriam de amostra e objeto 
da pesquisa. Optamos pelos critérios de relevância econômica e inserção 
internacional, sendo o critério da internacionalização (transnacionalidade) 
das empresas (TNCs) e sua penetração no mercado mundial os principais 
elementos considerados. 
adotamos como referência objetiva o índice de transnacionalidade - 
Transnationality Index (TNI) - publicado pela UNCTAD em 2013. Também 
empregamos na seleção das empresas os índices (rankings) das maiores 
empresas do mundo publicadas pelas principais revistas de divulgação de 
dados e informação econômica: Fortune Global 500, a FT Global 500 e da 
Forbes Global 2000.
EMPRESA ADESÃO SETOR PROPRIEDADE DOAÇÃO 
CATEGORIA 
JSC Russian Railways 2007 Industrial 
Transportation 
Company - State-owned 
Gold (2012) até USD 
10,000 
GC Learner 
Lukoil 2008 Oil & Gas 
Producers 
Publicly Listed 
Não GC Active 
OJSC HaloPolymer 
2011 Chemicals Private Company 
Não GC Active 
Rosneft Oil Company JSC 2010 Oil & Gas 
Producers 
Company - State-owned 
Não GC Active 
Sakhalin Energy Investment 
Company Ltd. 
2009 Oil & Gas 
Producers 
Private Company 
2011, 2012 e 2013 GC Lead / GC 
Advanced 
Sistema JSFC 202 Financial 
Services 
Private Company Não GC Learner 
United Company RUSAL 2002 Industrial Metals 
& Mining 
Publicly Listed 
Não GC Active 
Polymetal International PLC 2009 Industral Metals 
& Mining 
Publicly Listed 
Não GC Active. 
Vnesheconombank 2011 Banks State-owned 2012, 2013, 
2014(Gold) 
GC Active 
Fonte: UNGC
ANÁLISE DOS RELATÓRIOS 
Todos os participantes do Pacto Global da ONU assumem o compromisso de implementar dez princípios 
em suas estratégias de negócio e operações diárias. Para tornar esse compromisso público e 
transparente, os participantes devem publicar relatórios periódicos sobre os progressos realizados na 
implementação dos princípios e no apoio a outros objetivos de desenvolvimento da ONU. 
Caso o participante deixe de cumprir os prazos de envio dos relatórios, ele poderá ser expulso do Pacto 
Global. Empresas devem publicar Comunicação de Progresso Communication on Progress (COP) com 
periodicidade de envio de uma vez por ano. 
Verificamos que cinco (05) empresas publicaram COPs regularmente nos últimos 3 anos (2011, 2012, 
2013): Polymetal; Rusal; Sistema; Shakalin Energy e Lukoil. Duas (02), Rosneft e Russian Railways, 
ambas estatais, apesar da sistemática dilatação de prazos, publicaram na plataforma do Pacto Global 
regularmente COPs somente nos dois últimos anos (2012, 2013). Enquanto a UC Rusal publicou seu 
relatório de 2014, a OJSC HaloPolymer não publica desde 2012 depois de ter enviado um único COP. 
Por fim, o Bank for Development and Foreign Economic Affairs (Vnesheconombank), publicou COPs em 
e 2011 e 2014 (referente a 2012). 
Duas (02) empresas HaloPolymer e Sistema JSFC possuem o status "Não comunicante" e por isso 
podem ser automaticamente expulsos do Pacto Global.
SHAKALIN ENERGY 
A única empresa que honra a obrigação de publicar relatórios periódicos e completos é a Shakalin 
Energy. Nem mesmo o Vnesheconombank, cujo membro do conselho atualmente é presidente da 
Rede do Pacto Global na Rússia, tem publicado relatórios corretamente e no prazo. 
A empresa salienta ainda que é uma das cinco empresas no mundo que foram selecionados pela 
ONU para testar os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos, os chamados 
Princípios Ruggie, na parte de mecanismos corporativos para lidar com queixas. Os Princípios 
Orientadores foram aprovados pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas na sua 
resolução 17/4 de 16 de junho 2011. Quanto à participação em outros programas e iniciativas 
internacionais destaca o Pacto Global da ONU como a maior iniciativa de voluntariado 
internacional do mundo destinado a melhorar a responsabilidade social corporativa, ao qual juntou-se 
em 2009. 
A empresa Shakalin Energy é referência mundial e aparece em fóruns de direitos humanos como 
exemplo bem sucedido do reassentamento de povos indígenas prejudicados pelas atividades da 
empresa na ilha Shakalin e região, sendo assim a empresa protótipo do comprometimento e 
respeito aos direitos humanos na Rússia e no mundo para ONU.
SHAKALIN ENERGY 
A Sakhalin Energy tornou-se a primeira empresa russa selecionado pela 
ONU para participar da nova plataforma de Liderança Empresarial em 
Sustentabilidade - The Global Compact LEAD no âmbito do Pacto Global da 
ONU. 
O Global Compact LEAD reúne mais de 50 empresas que são líderes de 
renome no campo da responsabilidade social corporativa, afinal é um 
participante ativo na Rede Global Compact das Nações Unidas na Rússia. 
Em 2011, a Sakhalin Energy tornou-se um membro do Congresso Europeu 
de Negócios, que é uma organização internacional não-governamental, sem 
fins lucrativos, fundada em dezembro de 1997.
EMPRESAS E VIOLAÇÕES AOS 
PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL
VIOLAÇÕES AOS PRINCÍPIOS DO 
PACTO GLOBAL 
Embora as empresas da Rússia expressem sua responsabilidade social nos 
COPs enviados ao Pacto Global, encontramos denúncias antigas e recentes 
do descumprimento dos princípios do Pacto Global e transgressões de 
Direitos Humanos cometidas por essas empresas, disponíveis 
detalhadamente no Anexo. 
Observa-se nos órgãos da mídia denúncias reiteradas de violações 
cometidas por elas: Destruição ambiental (LUKOIL, Rosneft, Russian 
Railways), desrespeito a direitos trabalhistas, sobretudo demissão em 
massa em períodos de crise econômica (UC RUSAL), degradação 
ambiental de áreas protegidas e, principalmente, violações de direitos de 
povos indígenas (Lukoil e Rosneft), além da ampla desigualdade de gênero 
no trabalho ser achada em todas das empresas com exceção da RUSAL.
CONCLUSÃO 
A adesão tímida das corporações russas ao Pacto Global da ONU a partir 
de 2001, com expansão posterior em 2008, foi resultado da aproximação da 
Organização das Nações Unidas no país durante uma nova etapa da 
abertura econômica internacional da Rússia após a experiência de caça aos 
oligopólios corporativos originados do processo de privatização conduzida 
na perestroika soviética nos anos 1990. 
O período de assimilação do Pacto Global na Rússia corresponde às 
transformações ocorridas na economia, na política e na cultura, quando a 
ONU assumiu um expresso compromisso com o mundo corporativo em 
defesa da globalização do capital (Martens, 2004 apud Aragão, 2010).
Ao anuir com iniciativa da ONU o setor corporativo público e privado russo 
aproveitou a oportunidade para promover e alcançar seus objetivos e interesses de 
expansão das grandes corporações nacionais, favorecendo assim a admissão delas 
no mercado mundial capitalista globalizado do qual se manteve apartada durante a 
era socialista. Foi então preciso ajustar praticas corporativas às exigências 
normativas e padrões internacionais, inclusive com relação à promoção da 
responsabilização socioambiental e respeito aos Direitos Humanos. 
O estudo também demonstrou que as empresas tem usado a iniciativa para se 
apresentar como responsáveis a sócios e potenciais investidores, tendo em vista 
modernizar o setor empresarial russo conforme as tendências e padrões do 
mercado europeu, já que essa seria uma qualidade imposta às corporações para 
presença delas no mercado financeiro internacional, o que implica ratificar e 
endossar as preocupações sociais da comunidade global
O selo do Pacto simboliza o empenho da empresa em termos de 
sustentabilidade ambiental e promoção de Direitos Humanos. Isso a 
qualifica para aumentar seus dividendos disputando espaço e competindo 
pela liderança com outras empresas multinacionais. Esse tipo de uso do 
Pacto Global pode ser identificado como uma estratégia de “bluewashing”, 
pois as empresas russas estariam apenas buscando melhorar sua imagem 
pública vinculando-se à ONU (Aragão, 2010). 
Como visto, o melhor exemplo de como ocorre a inserção de corporações 
transnacionais em geral nos processos de governança global da 
Organização das Nações Unidas e sua consequente legitimação no elenco 
de atores das relações internacionais é localizado na performance da 
Shaklin Energy.
A implantação do Pacto Global e a assimilação de regras de CSR na Rússia ajudou, de 
fato, na inserção de costumes e padrões do modo de produção do capitalismo global, 
bem como na abertura e liberalização da economia russa após o traumático processo de 
privatização dos anos 1990, cujos efeitos são sentidos até hoje com a persistência da 
corrupção e falta de transparência nas corporações. 
Portanto, o UNGC significou muito para inclusão das suas empresas transnacionais na 
ordem mundial, já que a inclusão das empresas nos mercados financeiros e processos 
de governança hoje depende da aceitação dos princípios consagrados na comunidade 
internacional com respeito à direitos humanos e ambientais. 
As empresas se utilizam da iniciativa de responsabilidade social corporativa do Pacto 
Global da Organização das Nações Unidas (ONU), com seu enfoque flexível, de adesão 
voluntária e de auto monitoramento, como instrumento de legitimação da globalização 
do capital centrada nas empresas como atores essenciais nas agendas sociais, de 
desenvolvimento e de direitos humanos. Tal enfoque reforça as parcerias público-privadas 
nos âmbitos local, nacional e global e, ainda, esvazia alternativas possíveis de 
normas obrigatórias para as empresas em direitos humanos.
REFERÊNCIAS 
ARAGÃO, Daniel Maurício Cavalcanti de. Responsabilidade como Legitimação: capital transnacional e 
governança global na Organização das Nações Unidas. Tese de Doutorado em Relações Internacionais. Rio 
de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2010 
HUDINA, Alexandra. The Role of the United Nations Global Compact in Promoting Corporate Social 
Responsibility in Russia (Dissertação de Mestrado). Central European University. Departament of Public 
Policy, 2010. Disponível em http://publicpolicy.ceu.hu/studies/ma-theses-0910 Acesso em 25.04.2014 
HURREL, Andrew. Hegemonia, liberalismo e ordem global: qual é o espaço para potências emergentes. In 
(Diversos Autores). Os BRICS e a Ordem Global. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009. 
MACFARLANE, Neil. O “R” dos BRICS: a Rússia é uma potência emergente? In (Diversos Autores). Os 
BRICS e a Ordem Global. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009 
Global Expansion of Russian Multinationals after the Crisis: Results of 2011. (Relatório) Institute of World 
Economy and International Relations (IMEMO) of the Russian Academy of Sciences de Moscou em parceria 
com a Vale Columbia Center on Sustainable International Investment (VCC) Disponível em 
http://www.vcc.columbia.edu/files/vale/documents/EMGP_Russia_Report_-_FINAL_-_April_16_2013.pdf. 
Acesso em 25.04.2014

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  • 1. EMPRESAS DOS BRICS NO PACTO GLOBAL DA ONU – RÚSSIA Mario Joaquim dos Santos Neto Seminário de Pesquisa Semana de ACTA 2014 UFBA, 14 de outubro de 2014
  • 2. ESTUDOS CRÍTICOS DA GLOBALIZAÇÃO EMPRESAS DOS BRICS NO PACTO GLOBAL DA ONU A pesquisa almejou compreender a temática de responsabilidade social das empresas transnacionais de países emergentes, neste caso, do grupo BRICS (Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul) a partir do Pacto Global (Global Compact) da Organização das Nações Unidas (ONU), investigando a temática da transnacionalização das corporações e a responsabilidade de empresas em Direitos Humanos. O propósito desta comunicação é apresentar as informações, dados e conclusões produzidas até o mês de julho de 2014 pelo bolsista de iniciação científica Mario Joaquim Neto, referente ao plano “Empresas da Rússia no Pacto Global da ONU”, que constitui parte do Projeto de Pesquisa “Estudos Críticos da Globalização: Empresas dos BRICS no Pacto Global da ONU”, patrocinado pela Universidade Federal da Bahia - UFBA e orientado pelo Prof. Dr. Daniel Maurício Cavalcanti de Aragão.
  • 4. EMPRESAS MULTINACIONAIS Multinacionais ou Transnacionais são corporações industriais, comerciais e de prestação de serviços que possuem matriz em um determinado país e atua em diversos distintos territórios dispersos no mundo, ultrapassam os limites territoriais dos países de origem das empresas com a instalação de filiais em outros países em busca de mercado consumidor, energia, matéria-prima e mão-de-obra baratas.
  • 5. BRICS Brasil, Rússia, India, China e Africa do Sul.
  • 6. BRICS Ao final de 2001, um estudo da Goldman Sachs causou grande impacto ao afirmar que Brasil, China, Índia e Rússia - os BRIC - poderiam estar, até 2050, entre as economias mais importantes do planeta. Em 16 de junho de 2009, os líderes dos países do BRIC realizaram sua primeira reunião, em Ecaterimburgo, na Rússia. Ao final do encontro, emitiram uma declaração apelando para o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar e para a reforma do sistema financeiro mundial. Em 2011, com a admissão da África do Sul como membro integral, o grupo passou a chamar-se BRICS. Ainda que os cinco países possuam semelhanças consideráveis, como grande extensão territorial, expressiva população e um histórico recente de transformações socioeconômicas por vezes dramáticas, há, por outro lado, enormes diferenças entre eles, tais como: o estágio de desenvolvimento tecnológico; a participação, seja por volume, seja no tipo de produto, no comércio internacional; a forma como lidam com suas vastas biodiversidades; a questão da democracia e o poder militar. (BRICS Policy Center, 2014)
  • 7. BRICS Os líderes dos cinco países BRICS reuniram-se em Fortaleza, entre os dias 14 e 16 de julho de 2014, para a sexta cúpula do agrupamento. Após dois dias de negociações, a VI Cúpula do BRICS terminou com a Declaração de Fortaleza, um documento no qual o BRICS reafirma seu papel como um mecanismo que vem a completar a estrutura internacional global, marcada pela necessidade de reformas e inclusão de novos atores. O encontro, que teve como tema chave o desenvolvimento sustentável, ratificou as intenções já existentes de criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reserva. Os membros do BRICS ainda têm parte considerável da sua matriz econômica baseada na exportação de monocultura, exploração de recursos naturais, além de problemas relacionados à concentração de terra e de renda, que revelam que a desigualdade e o desenvolvimento sustentável ainda são os grandes desafios. A próxima cúpula do BRICS, que acontecerá na Rússia em 2015. (BRICS Policy Center, 2014)
  • 8. O PACTO GLOBAL DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - UNGC
  • 9. UNGC Fundação 31 de janeiro de 1999: Durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, propôs a criação de um Pacto Global. Metas do Pacto Global: • Reforçar a cooperação entre a ONU e as empresas. • Cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU. • O Pacto Global chama para as empresas em todo o mundo a trabalhar por uma ordem econômica mundial social e ecológica.
  • 10. O QUE É? O Pacto Global da ONU consiste essencialmente na coletânea de Declarações e diretrizes da ONU sobre: • A Declaração Universal dos Direitos Humanos. • A Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. • A Declaração do Rio das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Agenda 21). • A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção.
  • 11.
  • 12. PACTO GLOBAL • É concebido como um fórum orientado para a ação para a aprendizagem, como um diálogo, em que as melhores práticas para a realização dos dez princípios são publicados e apoiados. • O Pacto Global não é um instrumento de regulação, mas confia em vez do engajamento voluntário das empresas.
  • 13. CRÍTICAS Não contém nada de novo, houve pouca adesão, não há monitoramento e diversas empresas fazem uso indevido do selo como propaganda de responsabilidade social.
  • 16. UNGC NA RÚSSIA O Pacto Global da Organização das Nações Unidas foi lançado na Rússia em novembro de 2001 durante uma mesa redonda organizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e a União de Industriais e Empresários da Rússia (RUIE) como resultado de parceria com o PNUD e outras agências da ONU. O Pacto Global serviu como uma plataforma de aprendizado, diálogo e troca de boas práticas em CSR, influenciando o desenvolvimento posterior em nível nacional de uma iniciativa multisetorial semelhante, a Social Charter of Russian Business. (Hudina, 2010)
  • 17. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Fizemos uma análise específica sobre a inserção das grandes corporações transnacionais da Rússia nos processos de globalização, averiguando como elas participam do Pacto Global da ONU sob a perspectiva do monitoramento periódico através da produção e submissão de relatórios obrigatórios (COP) de Responsabilidade Social Corporativa (CSR) enviados ao Escritório do Pacto Global sobre avanços em termos de responsabilidade social e direitos humanos. A sistematização das informações e dados coletados foi realizada em quadros analíticos e confrontação com notícias veiculadas na mídia e em repositórios de organizações internacionais. Os resultados expostos a seguir são o produto da analise das informações disponibilizadas pelas empresas e exame crítico dos pontos principais dos relatórios apresentados ao Pacto Global da ONU Em nosso estudo adotamos um enfoque dos Estudos Críticos da Globalização, evidenciando assim as contradições do processo de adoção do Pacto Global pelas empresas multinacionais russas no contexto da globalização e o posicionamento do país no grupo emergente BRICS
  • 18. EMPRESAS RUSSAS NO PACTO GLOBAL DA ONU A fim de delimitar o objeto de nosso estudo, foi necessário definir quais seriam as principais empresas da Rússia que serviriam de amostra e objeto da pesquisa. Optamos pelos critérios de relevância econômica e inserção internacional, sendo o critério da internacionalização (transnacionalidade) das empresas (TNCs) e sua penetração no mercado mundial os principais elementos considerados. adotamos como referência objetiva o índice de transnacionalidade - Transnationality Index (TNI) - publicado pela UNCTAD em 2013. Também empregamos na seleção das empresas os índices (rankings) das maiores empresas do mundo publicadas pelas principais revistas de divulgação de dados e informação econômica: Fortune Global 500, a FT Global 500 e da Forbes Global 2000.
  • 19. EMPRESA ADESÃO SETOR PROPRIEDADE DOAÇÃO CATEGORIA JSC Russian Railways 2007 Industrial Transportation Company - State-owned Gold (2012) até USD 10,000 GC Learner Lukoil 2008 Oil & Gas Producers Publicly Listed Não GC Active OJSC HaloPolymer 2011 Chemicals Private Company Não GC Active Rosneft Oil Company JSC 2010 Oil & Gas Producers Company - State-owned Não GC Active Sakhalin Energy Investment Company Ltd. 2009 Oil & Gas Producers Private Company 2011, 2012 e 2013 GC Lead / GC Advanced Sistema JSFC 202 Financial Services Private Company Não GC Learner United Company RUSAL 2002 Industrial Metals & Mining Publicly Listed Não GC Active Polymetal International PLC 2009 Industral Metals & Mining Publicly Listed Não GC Active. Vnesheconombank 2011 Banks State-owned 2012, 2013, 2014(Gold) GC Active Fonte: UNGC
  • 20. ANÁLISE DOS RELATÓRIOS Todos os participantes do Pacto Global da ONU assumem o compromisso de implementar dez princípios em suas estratégias de negócio e operações diárias. Para tornar esse compromisso público e transparente, os participantes devem publicar relatórios periódicos sobre os progressos realizados na implementação dos princípios e no apoio a outros objetivos de desenvolvimento da ONU. Caso o participante deixe de cumprir os prazos de envio dos relatórios, ele poderá ser expulso do Pacto Global. Empresas devem publicar Comunicação de Progresso Communication on Progress (COP) com periodicidade de envio de uma vez por ano. Verificamos que cinco (05) empresas publicaram COPs regularmente nos últimos 3 anos (2011, 2012, 2013): Polymetal; Rusal; Sistema; Shakalin Energy e Lukoil. Duas (02), Rosneft e Russian Railways, ambas estatais, apesar da sistemática dilatação de prazos, publicaram na plataforma do Pacto Global regularmente COPs somente nos dois últimos anos (2012, 2013). Enquanto a UC Rusal publicou seu relatório de 2014, a OJSC HaloPolymer não publica desde 2012 depois de ter enviado um único COP. Por fim, o Bank for Development and Foreign Economic Affairs (Vnesheconombank), publicou COPs em e 2011 e 2014 (referente a 2012). Duas (02) empresas HaloPolymer e Sistema JSFC possuem o status "Não comunicante" e por isso podem ser automaticamente expulsos do Pacto Global.
  • 21. SHAKALIN ENERGY A única empresa que honra a obrigação de publicar relatórios periódicos e completos é a Shakalin Energy. Nem mesmo o Vnesheconombank, cujo membro do conselho atualmente é presidente da Rede do Pacto Global na Rússia, tem publicado relatórios corretamente e no prazo. A empresa salienta ainda que é uma das cinco empresas no mundo que foram selecionados pela ONU para testar os Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos, os chamados Princípios Ruggie, na parte de mecanismos corporativos para lidar com queixas. Os Princípios Orientadores foram aprovados pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas na sua resolução 17/4 de 16 de junho 2011. Quanto à participação em outros programas e iniciativas internacionais destaca o Pacto Global da ONU como a maior iniciativa de voluntariado internacional do mundo destinado a melhorar a responsabilidade social corporativa, ao qual juntou-se em 2009. A empresa Shakalin Energy é referência mundial e aparece em fóruns de direitos humanos como exemplo bem sucedido do reassentamento de povos indígenas prejudicados pelas atividades da empresa na ilha Shakalin e região, sendo assim a empresa protótipo do comprometimento e respeito aos direitos humanos na Rússia e no mundo para ONU.
  • 22. SHAKALIN ENERGY A Sakhalin Energy tornou-se a primeira empresa russa selecionado pela ONU para participar da nova plataforma de Liderança Empresarial em Sustentabilidade - The Global Compact LEAD no âmbito do Pacto Global da ONU. O Global Compact LEAD reúne mais de 50 empresas que são líderes de renome no campo da responsabilidade social corporativa, afinal é um participante ativo na Rede Global Compact das Nações Unidas na Rússia. Em 2011, a Sakhalin Energy tornou-se um membro do Congresso Europeu de Negócios, que é uma organização internacional não-governamental, sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1997.
  • 23. EMPRESAS E VIOLAÇÕES AOS PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL
  • 24. VIOLAÇÕES AOS PRINCÍPIOS DO PACTO GLOBAL Embora as empresas da Rússia expressem sua responsabilidade social nos COPs enviados ao Pacto Global, encontramos denúncias antigas e recentes do descumprimento dos princípios do Pacto Global e transgressões de Direitos Humanos cometidas por essas empresas, disponíveis detalhadamente no Anexo. Observa-se nos órgãos da mídia denúncias reiteradas de violações cometidas por elas: Destruição ambiental (LUKOIL, Rosneft, Russian Railways), desrespeito a direitos trabalhistas, sobretudo demissão em massa em períodos de crise econômica (UC RUSAL), degradação ambiental de áreas protegidas e, principalmente, violações de direitos de povos indígenas (Lukoil e Rosneft), além da ampla desigualdade de gênero no trabalho ser achada em todas das empresas com exceção da RUSAL.
  • 25.
  • 26. CONCLUSÃO A adesão tímida das corporações russas ao Pacto Global da ONU a partir de 2001, com expansão posterior em 2008, foi resultado da aproximação da Organização das Nações Unidas no país durante uma nova etapa da abertura econômica internacional da Rússia após a experiência de caça aos oligopólios corporativos originados do processo de privatização conduzida na perestroika soviética nos anos 1990. O período de assimilação do Pacto Global na Rússia corresponde às transformações ocorridas na economia, na política e na cultura, quando a ONU assumiu um expresso compromisso com o mundo corporativo em defesa da globalização do capital (Martens, 2004 apud Aragão, 2010).
  • 27. Ao anuir com iniciativa da ONU o setor corporativo público e privado russo aproveitou a oportunidade para promover e alcançar seus objetivos e interesses de expansão das grandes corporações nacionais, favorecendo assim a admissão delas no mercado mundial capitalista globalizado do qual se manteve apartada durante a era socialista. Foi então preciso ajustar praticas corporativas às exigências normativas e padrões internacionais, inclusive com relação à promoção da responsabilização socioambiental e respeito aos Direitos Humanos. O estudo também demonstrou que as empresas tem usado a iniciativa para se apresentar como responsáveis a sócios e potenciais investidores, tendo em vista modernizar o setor empresarial russo conforme as tendências e padrões do mercado europeu, já que essa seria uma qualidade imposta às corporações para presença delas no mercado financeiro internacional, o que implica ratificar e endossar as preocupações sociais da comunidade global
  • 28. O selo do Pacto simboliza o empenho da empresa em termos de sustentabilidade ambiental e promoção de Direitos Humanos. Isso a qualifica para aumentar seus dividendos disputando espaço e competindo pela liderança com outras empresas multinacionais. Esse tipo de uso do Pacto Global pode ser identificado como uma estratégia de “bluewashing”, pois as empresas russas estariam apenas buscando melhorar sua imagem pública vinculando-se à ONU (Aragão, 2010). Como visto, o melhor exemplo de como ocorre a inserção de corporações transnacionais em geral nos processos de governança global da Organização das Nações Unidas e sua consequente legitimação no elenco de atores das relações internacionais é localizado na performance da Shaklin Energy.
  • 29. A implantação do Pacto Global e a assimilação de regras de CSR na Rússia ajudou, de fato, na inserção de costumes e padrões do modo de produção do capitalismo global, bem como na abertura e liberalização da economia russa após o traumático processo de privatização dos anos 1990, cujos efeitos são sentidos até hoje com a persistência da corrupção e falta de transparência nas corporações. Portanto, o UNGC significou muito para inclusão das suas empresas transnacionais na ordem mundial, já que a inclusão das empresas nos mercados financeiros e processos de governança hoje depende da aceitação dos princípios consagrados na comunidade internacional com respeito à direitos humanos e ambientais. As empresas se utilizam da iniciativa de responsabilidade social corporativa do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), com seu enfoque flexível, de adesão voluntária e de auto monitoramento, como instrumento de legitimação da globalização do capital centrada nas empresas como atores essenciais nas agendas sociais, de desenvolvimento e de direitos humanos. Tal enfoque reforça as parcerias público-privadas nos âmbitos local, nacional e global e, ainda, esvazia alternativas possíveis de normas obrigatórias para as empresas em direitos humanos.
  • 30. REFERÊNCIAS ARAGÃO, Daniel Maurício Cavalcanti de. Responsabilidade como Legitimação: capital transnacional e governança global na Organização das Nações Unidas. Tese de Doutorado em Relações Internacionais. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2010 HUDINA, Alexandra. The Role of the United Nations Global Compact in Promoting Corporate Social Responsibility in Russia (Dissertação de Mestrado). Central European University. Departament of Public Policy, 2010. Disponível em http://publicpolicy.ceu.hu/studies/ma-theses-0910 Acesso em 25.04.2014 HURREL, Andrew. Hegemonia, liberalismo e ordem global: qual é o espaço para potências emergentes. In (Diversos Autores). Os BRICS e a Ordem Global. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009. MACFARLANE, Neil. O “R” dos BRICS: a Rússia é uma potência emergente? In (Diversos Autores). Os BRICS e a Ordem Global. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009 Global Expansion of Russian Multinationals after the Crisis: Results of 2011. (Relatório) Institute of World Economy and International Relations (IMEMO) of the Russian Academy of Sciences de Moscou em parceria com a Vale Columbia Center on Sustainable International Investment (VCC) Disponível em http://www.vcc.columbia.edu/files/vale/documents/EMGP_Russia_Report_-_FINAL_-_April_16_2013.pdf. Acesso em 25.04.2014