Resultado do concurso para professor em Pernambuco
Conclusões Sul
1. Conclusões
O Diagnóstico revela que os 5.077 pescadores entrevistados, somados aos seus 28.177
dependentes familiares, vivem da Pesca Artesanal. Entretanto, se for considerado o dado
oficial do Ministério da Pesca e Aqüicultura de Pernambuco em que 8.517 pescadores
litorâneos estão cadastrados, esta projeção atinge cerca de no mínimo 47.269 dependentes,
sabendo-se ainda, que estes dados são subestimados, pois não atinge a totalidade dos
pescadores pernambucanos.
No litoral Sul, a diminuição dos recursos naturais, a poluição dos mananciais, a monocultura
de cana-de-açúcar, a falta de saneamento básico, especulação imobiliária, juntamente com o
turismo desordenado e a pesca excessiva têm prejudicado os pescadores, cerca de 1.011
entrevistados juntamente com seus 4.906 familiares estão sendo vítimas deste processo.
Investimento em saneamento básico, tais como: abastecimento, esgotamento, tratamento e
limpeza urbana, são importantes.
Nesta região, o menor espaço ocupado, a existência de uma cobertura vegetal menos
devastada, o solo, de um modo geral originado pela alteração de rochas cristalinas, contribui
com as águas transparentes que possuem menor teor de poluição se comparado com as praias
à norte.
O desenvolvimento do turismo e das residências de veraneio modificou profundamente a
dinâmica do Litoral Sul a partir da década de setenta. Mais recentemente também, ressaltamos
a presença do Porto de Suape e indústrias do entorno nos municípios do Cabo de Santo
Agostinho e Ipojuca. Todas essas atividades trouxeram impactos negativos ao ambiente
litorâneo e conseqüentemente a pesca, afastando os pescadores de seus locais de moradia
tradicionais, aumentando a poluição e diminuindo os estoques pesqueiros.
Atualmente em Porto de Galinhas, o turismo é a principal atividade econômica. No entanto,
vem apresentando uma relação inversamente proporcional com o quadro da atividade
pesqueira da região, uma vez que, os próprios pescadores atraídos pela renda deixam suas
funções e se tornam jangadeiros, levando os turistas para passeio nas piscinas naturais.
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2. Ainda em Porto de Galinhas, o aumento de turistas que visitam as piscinas naturais tem
causado danos, físicos e biológicos muitas vezes irreversíveis. A quebra, ruptura e
pisoteamento promovido por pessoas ou mergulhadores, a ancoragem das jangadas e a
alimentação dos animais marinhos por turistas interferem em seus hábitos alimentares e
comportamentais.
As praias do litoral sul, principalmente as mais visitadas, necessitam de fiscalização e um
planejamento do comércio praial que minimizem o lixo, a poluição sonora e a venda de
alimentos sem o devido tratamento higiênico. Uma estrutura móvel (toldo), onde Educadores
Ambientais informassem aos usuários sobre a preservação das praias que são ecossistemas de
difícil recuperação é uma alternativa para a mudança de paradigma nesta realidade.
A especulação imobiliária, o crescimento populacional, o lixo, a poluição dos mananciais e o
ordenamento que acontece na faixa de areia por parte de ambulantes, barcos e bares são
impactos que precisam ser considerados para que a pesca nos estuários, no mar de dentro e de
fora não venha a tornar-se irreversíveis.
O litoral sul requer um gerenciamento costeiro e uma fiscalização eficaz em relação ao
processo de erosão marinha. Trecho desta zona costeira vem “combatendo” o fenômeno
erosivo com estruturas rígidas (pedras), repetindo o erro que fizeram nas praias da região
metropolitana e litoral norte.
A participação de pescadores com o conhecimento vivido e a experiência na atividade
pesqueira foi fundamental, pois o seu conhecimento empírico agregado ao conhecimento
científico é a base desta fotografia, denominada “Diagnóstico Socioeconômico da Pesca
Artesanal do Litoral de Pernambuco”.
INTERVENÇÕES NECESSÁRIAS
- Um programa de educação ambiental voltado para o ambiente praial e sua relação com o
turismo;
- Aproveitamento das comunidades nas atividades turísticas e na prestação de serviços
relacionados. Adequação dos projetos turísticos à cultura pesqueira e ao meio ambiente local.
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3. - Criar um Comitê de Erosão Marinha, no âmbito do governo estadual, com a participação de
todos os municípios costeiros, academia, pescadores, sociedade civil e outros, com o objetivo
de fazer a gestão do problema da erosão marinha de forma integrada.
- É preciso que o poder federal, estadual, municipal, os pescadores e a sociedade em geral
considerem que os estuários e os manguezais associados são indústrias naturais de alimentos e
que a gestão desses ecossistemas seja realizada de forma compartilhada.
- Dar ênfase a interação entre as esferas Federal, Estadual e Municipal para as políticas na
área de pesca.
- Considerar a pesca artesanal levando em consideração uma série de fatores como: tráfico,
insegurança, desemprego, perda de territórios, entre outros.
- Inserir no contexto escolar das comunidades pesqueiras e questão da pesca.
- Dar ênfase a questão de gênero, mostrando a importância da mulher na pesca e no seio da
família.
É importante frisar que nas 16 comunidades pesquisadas são pontuadas as intervenções que
são necessárias para a melhora da qualidade de vida dos comunitários. Consultar as
intervenções indicadas em cada comunidade é sem dúvida um instrumento de gestão para o
poder federal, do estado, as prefeituras, pesquisadores, comunidades pesqueiras e instituições
que advogam em prol dos pescadores e pescadeiras.
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