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Os carros dos presidentes da Repulica
Portuguesa

Dois Mercedes blindados, adquiridos através da PIDE, um Rolls Royce Phantom
III comprado para a visita de Isabel II e um Porsche 360 são apenas algumas
das relíquias que será possível admirar na exposição 'Os Carros dos Presidentes
O Motor da República', patente até 16 de Outubro, no Museu da
Electricidade, em Lisboa. São 15 viaturas que transportaram presidentes ao
longo dos cem anos da República Portuguesa provenientes de museus e de
garagens onde se encontravam instalados, que irão ser exibidos são, entre
outros, hipomóveis (veículos de tracção animal), Cadillac e Rolls Royce,
percorrendo desde os modelos mais antigos, objectos de colecção, aos mais
recentes, ainda actualmente em utilização. As viaturas que pertenceram aos
18 presidentes da República são acompanhadas por textos, fotografias e
filmes de enquadramento dos momentos históricos focados. Entre as viaturas
que ficaram célebres, estão dois Mercedes 770 W07 blindados, adquiridas
através da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado, em 1937, na
sequência de um atentado à bomba contra o Presidente do Conselho,
António Oliveira Salazar. Uma ficou ao serviço de Salazar e outra para o
Presidente da República, e como estavam muito associadas ao regime
nacional-socialista alemão, no final da II Guerra Mundial, com a vitória dos
aliados, acabaram por ser alienadas pelo Estado, que assim procurou mostrarse alinhado com os países vitoriosos. Outras viaturas em destaque na
exposição são o Cadillac Sixty Two, um descapotável topo de gama,
equipada com as mais modernas tecnologias da época, permitindo uma
maior visibilidade do chefe do Estado, general Francisco Craveiro Lopes,
durante os cortejos. Em 1957, para a visita a Portugal da rainha Isabel II de
Inglaterra, o Governo decidiu adquirir, através da embaixada de Portugal em
Londres, uma nova viatura de luxo, um Rolls Royce Phantom III, que viria a ser
utilizada, décadas depois, durante a primeira visita do Papa João Paulo II a
Portugal. Há ainda um pequeno núcleo dedicado às viaturas utilizadas pelas
forças de segurança ao serviço do Presidente da República, como a GNR e
pela PSP, como um VW 1200 e um Porsche 356.

Desde os veículos puxados por cavalos que desempenhavam funções no
tempo da Monarquia Constitucional, passando pelos imponentes
descapotáveis da ditadura do Estado Novo, e finalizando nos capitalistas
topos de gama do pós-25 de Abril, o Museu da Electricidade, em Lisboa, é o
local onde podem ser vistos estas máquinas até Outubro no culminar de uma
exposição itinerante levada a cabo pelo Museu da Presidência da República.
Na exposição podem ser vistas algumas raridades do mundo automóvel,
como é exemplo um Cadillac Sixty Two Eldorado azul claro descapotável, de
1954 pintado de preto para a Presidência da República e que voltou à cor
original quando posteriormente foi adquirido por um privado. A exposição do
Museu da Presidência da República destaca ainda viaturas de carácter
raríssimo como por exemplo o Mercedes blindado utilizado pelo marechal
Carmona, bem como o luxuoso Rolls Royce Phantom III, preto e descapotável,
comprado de propósito por Oliveira Salazar para receber a rainha de
Inglaterra, Isabel II, em 1957, ou o coupé espanhol Pégaso, de 1953, um
automóvel raro e excepcional oferecido pelo general Franco ao marechal
Craveiro Lopes, durante uma visita de Estado. Para além destes veículos
antigos de meados do século XX – onde se incluem um Porsche 356 da
brigada de trânsito da GNR, de 1958, o segundo exemplar já que o primeiro
oferecido pelos alemães ficou irrecuperável num acidente de viação tendo
este modelo sido adquirido alguns meses depois em segunda mão. É ainda
possível ver no Museu da Electricidade alguns modelos mais recentes, tal
como o Citröen CX 25 Athena comprado no primeiro mandato de Mário
Soares, em 1986, o Audi A8 de Jorge Sampaio, de 2000, feito de encomenda e
assentando sobre um chassis 20cm mais comprido do que o modelo
comercial.
Os motores da República
Não se assuste com os contentores à entrada do Museu da Electricidade, não
se mudaram para lá. Dentro deles, estão os carros dos Presidentes. Catarina
Mendonça Ferreira foi conhecê-los e apresenta-lhe alguns. São 14 carros em
exposição, ou melhor “carrões”, se tivermos em conta que a maior parte deles,
em tamanho, são aquilo a que se costuma chamar banheiras. Mas são
também muito mais do que isso. Aqui está a história da República nos últimos
cem anos e da postura que o poder político adoptou perante o veículo
automóvel e a sua utilização. Nesta mostra, organizada pelo Museu da
Presidência da República, todas as viaturas contam uma história. Desde um
landau do século XIX ao Audi A8 de 2000, todos os carros foram usados por
Presidentes da República Portuguesa. A exposição oferece ainda uma
perspectiva dos diferentes papéis que o automóvel foi tendo ao longo dos
tempos. De meio de transporte revolucionário, no início do século, o
automóvel transformou-se, durante período do Estado Novo, em objecto de
distinção e dignificação da figura do Presidente da República. Ficam quatro
bons exemplos disso.Cadillac Sixty Two, 1954. Pelo tamanho, a cor azul-bebé
(já foi preto) e pela sua história é um dos automóveis mais imponentes da
exposição. Este exemplar entrou na Alfândega de Lisboa em Julho de 1954 e,
nesse mesmo mês, foi adquirido pela Presidência da República, sendo
colocado ao serviço do então Chefe de Estado, general Craveiro Lopes. Na
altura, já tinha direcção assistida e a inovação que era o pára-brisas
panorâmico. Foi vendido em 1969 e hoje é propriedade de um industrial de
Monte Real.Rolls Royce Phantom III, 1937.É um dos grandes clássicos da marca
inglesa valorizado por pormenores como o motor, um V12 derivado dos
propulsores que a Rolls Royce produzia para os caças da Royal Air Force. Neste
exemplar, adquirido em 1956, para receber a rainha Isabel II na sua visita
oficial a Portugal, em Fevereiro do ano seguinte, andaram também os
presidentes norte-americano Dwight Eisenhower e o brasileiro Kubitschek de
Oliveira, cem como os Papas Paulo VI e João Paulo II.Pegaso Z 102, 1953.Foi
oferecido ao General Craveiro Lopes por Franco quando o português se
deslocou a Espanha, em 1953, numa visita oficial. É uma viatura desportiva, de
dois lugares, bastante rara – existem apenas 44 no mundo –, que poucas vezes
foi utilizada pelo Presidente. O seu filho, João Craveiro Lopes, foi quem mais o
conduziu para “garantir a sua manutenção”. Abandonado nos armazéns do
Ministério das Finanças em Xabregas, ficou bastante deteriorado em
consequência das inundações de 1967.Mercedes-Benz 770 W07, 1937.Ainda
na década de 1930, e na sequência de um atentado contra a vida do
Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, o Estado português
adquire dois Mercedes 770 W07, blindados, idênticos aos utilizados por Estaline
e Mussolini. Um para o serviço de Salazar, outro para o Presidente
daRepública. Esta viatura foi cedida a título de empréstimo à Polícia
Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), que a terá utilizado, por motivos
de segurança, durante a visita oficial de Franco, em 1949.
Os motores vão ficar silenciosos, mas a História fala alto na exposição de carros
que o Museu da Presidência da República abre ao público a partir de quartafeira, dia 28, num espaço a poente do Museu da Electricidade, à beira do rio
Tejo, em Belém, Lisboa. Armazenados em contentores, como que chegados
do passado, há para ver 15 viaturas utilizadas pelos presidentes da República,
este ano centenária, mais dois coches convertidos da monarquia, com
remoção dos símbolos reais e pintura do escudo com a esfera armilar, e ainda
duas viaturas da GNR, um Porsche e um Volkswagen, que fizeram a escolta e
segurança em muitas deslocações e viagens dos presidentes pelo País. Nos
carros oficiais – que entretanto passaram a ter proprietários civis – a excepção
ao preto clássico está num Cadillac Sixty Two pintado de azul-bebé. Era uma
das cores com que saía de fábrica este modelo muito visto nos filmes de
Hollywood e foi assim que o dono, um industrial de Monte Real, Leiria, o quis
depois do carro ter servido durante 15 anos (1954-69) no Palácio de Belém,
com belo benefício para a imagem dos presidentes. Outro carro muito visto no
cinema é o blindado Mercedes 770, fácil de identificar como o carro dos nazis.
Conta muita História até pelo pouco que andou, apenas 9570 km. Os brandos
costumes da ditadura do Estado Novo eram avessos à carga de poder que
transmite, mesmo a quem não saiba que entre os violentos poderosos
compradores do exclusivo modelo, do qual só se fez uma centena de carros,
estiveram Mussolini, Estaline e Franco. O que andou muito até ficar empanado
numa estrada do meio da Europa e necessitar de reboque para voltar ao País
foi o Packard Super Eight comprado pela Presidência da República na
segunda metade dos anos 30. É que depois de mais de 20 anos a transportar
altas figuras, ainda serviu para levar o seu proprietário civil a duas finais
europeias ganhas pelo Benfica na Taça dos Campeões, em 1961 e 1962. Por
fezada, também foi ver a final Benfica-PSV, em 1988, mas não deu triunfo e
voltou de reboque. A exposição „Os Carros dos Presidentes – O Motor da
República‟ está aberta ao público até 16 de Outubro. Destacamos 10 carros
que contam histórias da História centenária da República Portuguesa. Blindado
comprado após atentado contra Salazar em 1937. Só andou 9570 km. A
distância registada no conta-quilómetros – 9570 – diz tudo sobre o incómodo
que provocava a sua utilização. Este Mercedes 770, também conhecido por
Grosser Mercedes, é o carro dos nazis nos filmes. Nos anos 30/40 foi também a
viatura oficial de líderes políticos ditadores como o italiano Mussolini, o
espanhol Franco e o soviético Estaline. Portugal alinhou na moda, depois do
atentado contra Salazar a 4 de Julho de 1937, numa das Avenidas Novas, a
Barbosa du Bocage, quando, em dia da Rainha Santa Isabel, o chefe do
Governo ia assistir à missa a uma capela privada ali existente. Para segurança
dos principais dignitários da ditadura do Estado Novo, e ao mesmo tempo que
se gastavam 1005 contos (equivalentes a mais de 850 mil euros nos dias de
hoje) para Salazar mudar da sua casa na rua Bernardo Lima para a residência
oficial em S. Bento, a PVDE (antecessora da PIDE) encomendou um Grosser
Mercedes para Salazar e outro para o presidente Carmona. Cada um custou
480 contos. Eram carros exclusivos. No Mundo só circularam 119, dos quais 42
blindados. Os aparentes brandos costumes do poder não se coadunavam,
porém, com o carro de ditadores, pelo que foi pouco utilizado. Depois do fim
da Segunda Guerra Mundial desapareceu mesmo de circulação. Só foi
utilizado na visita de Franco a Portugal, em 1949. Depois, nos anos 60 foi
vendido por 15 contos a um industrial. Hoje continua com poucos quilómetros
de uso.
Mercedes 770 W07 Ano de fabrico 1937Cilindrada 8 com 7.655 cc Velocidade
máx. 150 km/h Sampaio espera 4 anos por um Audi A8.
Chegou em 2000
Entre 1992 e 2000, a Presidência não comprou carros. Após quatro anos de
mandato, Jorge Sampaio pôde usufruir de um carro novo, agora em
exposição no Museu da Electricidade. A opção foi um Audi A8 que mostra
como, em carros, a Presidência tem tido um comportamento muito
democratizado.
Audi A8 4.2 Quattro Longo
Ano de fabrico 2000
Cilindrada 8 em V 4.172 cc
Velocidade máx. 250 km/h
Packard volta à Presidência após ir com o Benfica às finais das Taças
dos Campeões
Deu azar em 1988. Na segunda metade dos anos 30, o Estado Novo comprou
uma série de Packards Super Eight ao ritmo de um por ano. O que está na
exposição do Museu da Electricidade tem a curiosidade de chegar à fama
coberto de autocolantes do Benfica, a caminho das finais dos encarnados na
Taça dos Campeões. Vendido em 1959 a um particular das Caldas da Rainha,
deu sorte ao „glorioso‟ nas vitórias por 3-2 sobre o Barcelona em Berna (1961) e
por 5-3 frente ao Real Madrid (1962). O dono e o Benfica teimaram e o
Packard de seis lugares foi, em 1988, até Estugarda, onde, para cumprimento
da maldição atribuída ao húngaro Béla Guttmann, as águias viram o PSV
Eindhoven levar a taça para a Holanda no desempate por penálties. Como
um azar traz sempre outro, o carro teve de voltar da Alemanha a reboque. Na
Presidência da República, a vida do Packard foi longa, embora menos
emocionante. Serviu ainda na posse de Américo Tomás em 1958. E voltou a
Belém como oferta de um industrial de Camarate.
Packard Super Eight
Ano de fabrico 1939
Cilindrada 8 com 5.243 cc
Velocidade máx. 162 km/h
Desportivo de Espanha oferecido por Franco ao presidente Craveiro Lopes
Construído ao estilo dos anos 50
Um carro desportivo de dois lugares parece uma exorbitância na garagem
dos presidentes da República. Não se tratou, contudo, de depauperamento
de bens públicos. O Pegaso que os espanhóis fizeram nos anos 50 ao estilo do
histórico chegou a Belém por oferta do „caudilho‟ Francisco Franco ao general
Craveiro Lopes, presidente de 1951 a 58. Um brinde de Estado tal e qual o
cavalo que Craveiro Lopes ofereceu à rainha Isabel II em 1957. O facto deste
presidente ser general da Força Aérea não lhe dava, porém, entusiasmo por
voos em terra. Diz-se mesmo que nunca o utilizou. Quem o acelerou foi o filho
do general, também militar e seu ajudante-de-campo. Andou abandonado
por garagens do Estado até ir para o Museu do Caramulo, onde foi
restaurado.
Pegaso Z 1028
Ano de fabrico 1953
Cilindrada 8 em V 2.816 cc
Velocidade máx. 190 km/h
O Cadillac azul-bebé era preto na Presidência
Levou Eisenhower em 1960. A cor azul-bebé do Cadillac Sixty Two estranha-se
no meio de carros oficiais. Na gama deste modelo da famosa marca norteamericana só havia, contudo, as cores azul-bebé e vermelho. E foi por esse
motivo que o seu proprietário particular o mandou pintar numa das cores
originais. Preferiu deliciar-se a ver carros iguais em filmes do tipo „American
Graffiti‟ ou „Hud – Mais Selvagem entre Mil‟ do que recordar-se dos seus bons
serviços como carro preto descapotável da Presidência. Quem o viu
transportar em 1960 o presidente Eisenhower, dos EUA, por entre uma chuva
de papelinhos na avenida João XXI, em Lisboa, dá-lhe maior valor histórico. O
carro levou ainda o presidente brasileiro Café Filho, na sua visita em 1955, e,
claro os presidentes Américo Tomás e Craveiro Lopes.
Cadillac Sixty Two Eldorado
Ano de fabrico 1954
Cilindrada 8 em V 5.424 cc
Velocidade máx. 160 km/h
Rolls-Royce levou uma rainha e dois papas
Carro dos anos 30 chegou em 1957
A chegada em barca ao Cais das Colunas e a travessia na Baixa de Lisboa
em coche, tal e qual como ainda hoje vai fazer o Discurso do Trono no início
de cada sessão legislativa à Câmara dos Comuns, ficam como imagens
dominantes da visita da rainha Isabel II, de Inglaterra, a Portugal em 1957. Para
receber Sua Majestade, o Estado preveniu-se com um Rolls-Royce à altura da
visitante. Só que comprou, devidamente restaurado, um carro fabricado duas
décadas antes e que servira como „carro de caça‟ ao príncipe Berar, da
Índia, quando esta ainda era „a jóia da coroa‟ do Império Britânico. Entre os
ilustres passageiros contam-se o papa Paulo VI quando veio a Fátima, a 13 de
Maio de 1967, ainda com Salazar no poder, e, em 1982, João Paulo II, a quem,
devido a avaria, deixou parado numa viagem de Fátima para o Norte do País.
Passou para o Museu Automóvel do Caramulo, mas Isabel II voltou a usá-lo na
visita ao Porto, em 1985.
Rolls-Royce Phantom III
Ano de fabrico 1937
Cilindrada 12 em V com 7.340 cc
Velocidade máx. 146 km/h
Rolls-Royce novo ao serviço de Tomás
Um luxo que custou 720 contos
O mais viajado presidente da ditadura equipou a Presidência com uma
luxuosa frota. Para „o serviço extraordinário especial‟ de Américo Tomás existia
este Rolls-Royce que no isolamento do país, devido aos distanciamentos
relacionados com as guerras de África, acabou por só conhecer passageiros à
altura depois do 25 de Abril de 1974. Foi utilizado pela rainha Isabel II em 1985,
quando veio a Portugal a convite de Ramalho Eanes. Para Portugal em guerra
era um luxo: custou 720 contos, que correspondiam na altura a 36 mil vinhetas
da campanha „Ambulâncias para Angola‟.
Rolls-Royce Phantom V
Ano de fabrico 1960
Cilindrada 8 em V 6.231 cc
Velocidade máx. 162 km/h
Vanden Plas, imitação barata de um Bentley
Carro belga custou 470 contos
O esforço de guerra em África obrigou a economias nos carros e a Presidência
não escapou às orientações de Salazar quando, em 1967, adquiriu o mais
barato dos seus grandes carros. A opção pelo Vanden Plas, produzido por um
fabricante belga de carroçarias ligado à Austin de Inglaterra, teve muito a ver
com o preço de 470 contos que, ainda assim, dava para 16 jovens obterem
cada um o seu Austin Mini. O carro, com motorização mais fraca, apresentava
acabamentos de requinte, com muito recurso a madeira, e era, na GrãBretanha, conhecido como o „carro dos políticos‟.
Vanden Plas Princess
Ano de fabrico 1967
Cilindrada 6 com 3.991 cc
Velocidade máx. 150 km/h
Limusina de seis portas custou 785 contos
Carro levava 8 passageiros
Em 1966, o Estado português alinhou com a onda mundial das limusinas
Mercedes 600 que na altura representavam o máximo em automatismo e
comodidades. O carro foi inicialmente colocado ao serviço da Presidência do
Conselho de Ministros, apesar dos seus oito lugares serem excessivos para
Oliveira Salazar, que privilegiava o isolamento. O carro passou então para o
serviço de Américo Tomás. O seu preço de 785 contos por carro de seis portas
valia uns 30 Morris Mini, carro muito em voga na altura, sobretudo entre os
jovens.
Mercedes-Benz 600 S
Ano de fabrico 1966
Cilindrada 8 em V 6.332 cc
Velocidade máx. 190 km/h
Mário Soares com suspensão à francesa
Comprado para Belém em 1986
Comodidade sem luxo desnecessário foi o tom dado por Mário Soares
quando, no seu primeiro ano no Palácio de Belém, a Presidência da República
adquiriu um Citroën CX 25. É este veículo que representa os dois mandatos de
Soares na Presidência, apesar de se terem comprado depois um Mercedes 560
SEL, em 1990, e um outro Mercedes 600 SEL, em 1992. Francófilo no espírito
republicano e em muitos aspectos culturais, Soares escolheu o CX 25 que
depois ainda serviu, até quase ir para a sucata, como carro do presidente do
Instituto Tecnológico Nuclear, em Sacavém.
Citroën Prestige CX25
Ano de fabrico 1986
Cilindrada 4 com 2.500 ccVelocidade máx. 202 km/h

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  • 1. Os carros dos presidentes da Repulica Portuguesa Dois Mercedes blindados, adquiridos através da PIDE, um Rolls Royce Phantom III comprado para a visita de Isabel II e um Porsche 360 são apenas algumas das relíquias que será possível admirar na exposição 'Os Carros dos Presidentes O Motor da República', patente até 16 de Outubro, no Museu da Electricidade, em Lisboa. São 15 viaturas que transportaram presidentes ao longo dos cem anos da República Portuguesa provenientes de museus e de garagens onde se encontravam instalados, que irão ser exibidos são, entre outros, hipomóveis (veículos de tracção animal), Cadillac e Rolls Royce, percorrendo desde os modelos mais antigos, objectos de colecção, aos mais recentes, ainda actualmente em utilização. As viaturas que pertenceram aos 18 presidentes da República são acompanhadas por textos, fotografias e filmes de enquadramento dos momentos históricos focados. Entre as viaturas que ficaram célebres, estão dois Mercedes 770 W07 blindados, adquiridas através da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado, em 1937, na sequência de um atentado à bomba contra o Presidente do Conselho, António Oliveira Salazar. Uma ficou ao serviço de Salazar e outra para o Presidente da República, e como estavam muito associadas ao regime nacional-socialista alemão, no final da II Guerra Mundial, com a vitória dos aliados, acabaram por ser alienadas pelo Estado, que assim procurou mostrarse alinhado com os países vitoriosos. Outras viaturas em destaque na exposição são o Cadillac Sixty Two, um descapotável topo de gama, equipada com as mais modernas tecnologias da época, permitindo uma maior visibilidade do chefe do Estado, general Francisco Craveiro Lopes, durante os cortejos. Em 1957, para a visita a Portugal da rainha Isabel II de Inglaterra, o Governo decidiu adquirir, através da embaixada de Portugal em Londres, uma nova viatura de luxo, um Rolls Royce Phantom III, que viria a ser utilizada, décadas depois, durante a primeira visita do Papa João Paulo II a Portugal. Há ainda um pequeno núcleo dedicado às viaturas utilizadas pelas
  • 2. forças de segurança ao serviço do Presidente da República, como a GNR e pela PSP, como um VW 1200 e um Porsche 356. Desde os veículos puxados por cavalos que desempenhavam funções no tempo da Monarquia Constitucional, passando pelos imponentes descapotáveis da ditadura do Estado Novo, e finalizando nos capitalistas topos de gama do pós-25 de Abril, o Museu da Electricidade, em Lisboa, é o local onde podem ser vistos estas máquinas até Outubro no culminar de uma exposição itinerante levada a cabo pelo Museu da Presidência da República. Na exposição podem ser vistas algumas raridades do mundo automóvel, como é exemplo um Cadillac Sixty Two Eldorado azul claro descapotável, de 1954 pintado de preto para a Presidência da República e que voltou à cor original quando posteriormente foi adquirido por um privado. A exposição do Museu da Presidência da República destaca ainda viaturas de carácter raríssimo como por exemplo o Mercedes blindado utilizado pelo marechal Carmona, bem como o luxuoso Rolls Royce Phantom III, preto e descapotável, comprado de propósito por Oliveira Salazar para receber a rainha de Inglaterra, Isabel II, em 1957, ou o coupé espanhol Pégaso, de 1953, um automóvel raro e excepcional oferecido pelo general Franco ao marechal Craveiro Lopes, durante uma visita de Estado. Para além destes veículos antigos de meados do século XX – onde se incluem um Porsche 356 da brigada de trânsito da GNR, de 1958, o segundo exemplar já que o primeiro oferecido pelos alemães ficou irrecuperável num acidente de viação tendo este modelo sido adquirido alguns meses depois em segunda mão. É ainda possível ver no Museu da Electricidade alguns modelos mais recentes, tal como o Citröen CX 25 Athena comprado no primeiro mandato de Mário Soares, em 1986, o Audi A8 de Jorge Sampaio, de 2000, feito de encomenda e assentando sobre um chassis 20cm mais comprido do que o modelo comercial.
  • 3. Os motores da República Não se assuste com os contentores à entrada do Museu da Electricidade, não se mudaram para lá. Dentro deles, estão os carros dos Presidentes. Catarina Mendonça Ferreira foi conhecê-los e apresenta-lhe alguns. São 14 carros em exposição, ou melhor “carrões”, se tivermos em conta que a maior parte deles, em tamanho, são aquilo a que se costuma chamar banheiras. Mas são também muito mais do que isso. Aqui está a história da República nos últimos cem anos e da postura que o poder político adoptou perante o veículo automóvel e a sua utilização. Nesta mostra, organizada pelo Museu da Presidência da República, todas as viaturas contam uma história. Desde um landau do século XIX ao Audi A8 de 2000, todos os carros foram usados por Presidentes da República Portuguesa. A exposição oferece ainda uma perspectiva dos diferentes papéis que o automóvel foi tendo ao longo dos tempos. De meio de transporte revolucionário, no início do século, o automóvel transformou-se, durante período do Estado Novo, em objecto de distinção e dignificação da figura do Presidente da República. Ficam quatro bons exemplos disso.Cadillac Sixty Two, 1954. Pelo tamanho, a cor azul-bebé (já foi preto) e pela sua história é um dos automóveis mais imponentes da exposição. Este exemplar entrou na Alfândega de Lisboa em Julho de 1954 e, nesse mesmo mês, foi adquirido pela Presidência da República, sendo colocado ao serviço do então Chefe de Estado, general Craveiro Lopes. Na altura, já tinha direcção assistida e a inovação que era o pára-brisas panorâmico. Foi vendido em 1969 e hoje é propriedade de um industrial de Monte Real.Rolls Royce Phantom III, 1937.É um dos grandes clássicos da marca inglesa valorizado por pormenores como o motor, um V12 derivado dos propulsores que a Rolls Royce produzia para os caças da Royal Air Force. Neste exemplar, adquirido em 1956, para receber a rainha Isabel II na sua visita oficial a Portugal, em Fevereiro do ano seguinte, andaram também os presidentes norte-americano Dwight Eisenhower e o brasileiro Kubitschek de Oliveira, cem como os Papas Paulo VI e João Paulo II.Pegaso Z 102, 1953.Foi oferecido ao General Craveiro Lopes por Franco quando o português se deslocou a Espanha, em 1953, numa visita oficial. É uma viatura desportiva, de dois lugares, bastante rara – existem apenas 44 no mundo –, que poucas vezes foi utilizada pelo Presidente. O seu filho, João Craveiro Lopes, foi quem mais o conduziu para “garantir a sua manutenção”. Abandonado nos armazéns do Ministério das Finanças em Xabregas, ficou bastante deteriorado em consequência das inundações de 1967.Mercedes-Benz 770 W07, 1937.Ainda na década de 1930, e na sequência de um atentado contra a vida do Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar, o Estado português adquire dois Mercedes 770 W07, blindados, idênticos aos utilizados por Estaline e Mussolini. Um para o serviço de Salazar, outro para o Presidente daRepública. Esta viatura foi cedida a título de empréstimo à Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), que a terá utilizado, por motivos de segurança, durante a visita oficial de Franco, em 1949.
  • 4. Os motores vão ficar silenciosos, mas a História fala alto na exposição de carros que o Museu da Presidência da República abre ao público a partir de quartafeira, dia 28, num espaço a poente do Museu da Electricidade, à beira do rio Tejo, em Belém, Lisboa. Armazenados em contentores, como que chegados do passado, há para ver 15 viaturas utilizadas pelos presidentes da República, este ano centenária, mais dois coches convertidos da monarquia, com remoção dos símbolos reais e pintura do escudo com a esfera armilar, e ainda duas viaturas da GNR, um Porsche e um Volkswagen, que fizeram a escolta e segurança em muitas deslocações e viagens dos presidentes pelo País. Nos carros oficiais – que entretanto passaram a ter proprietários civis – a excepção ao preto clássico está num Cadillac Sixty Two pintado de azul-bebé. Era uma das cores com que saía de fábrica este modelo muito visto nos filmes de Hollywood e foi assim que o dono, um industrial de Monte Real, Leiria, o quis depois do carro ter servido durante 15 anos (1954-69) no Palácio de Belém, com belo benefício para a imagem dos presidentes. Outro carro muito visto no cinema é o blindado Mercedes 770, fácil de identificar como o carro dos nazis. Conta muita História até pelo pouco que andou, apenas 9570 km. Os brandos costumes da ditadura do Estado Novo eram avessos à carga de poder que transmite, mesmo a quem não saiba que entre os violentos poderosos compradores do exclusivo modelo, do qual só se fez uma centena de carros, estiveram Mussolini, Estaline e Franco. O que andou muito até ficar empanado numa estrada do meio da Europa e necessitar de reboque para voltar ao País foi o Packard Super Eight comprado pela Presidência da República na segunda metade dos anos 30. É que depois de mais de 20 anos a transportar altas figuras, ainda serviu para levar o seu proprietário civil a duas finais europeias ganhas pelo Benfica na Taça dos Campeões, em 1961 e 1962. Por fezada, também foi ver a final Benfica-PSV, em 1988, mas não deu triunfo e voltou de reboque. A exposição „Os Carros dos Presidentes – O Motor da República‟ está aberta ao público até 16 de Outubro. Destacamos 10 carros
  • 5. que contam histórias da História centenária da República Portuguesa. Blindado comprado após atentado contra Salazar em 1937. Só andou 9570 km. A distância registada no conta-quilómetros – 9570 – diz tudo sobre o incómodo que provocava a sua utilização. Este Mercedes 770, também conhecido por Grosser Mercedes, é o carro dos nazis nos filmes. Nos anos 30/40 foi também a viatura oficial de líderes políticos ditadores como o italiano Mussolini, o espanhol Franco e o soviético Estaline. Portugal alinhou na moda, depois do atentado contra Salazar a 4 de Julho de 1937, numa das Avenidas Novas, a Barbosa du Bocage, quando, em dia da Rainha Santa Isabel, o chefe do Governo ia assistir à missa a uma capela privada ali existente. Para segurança dos principais dignitários da ditadura do Estado Novo, e ao mesmo tempo que se gastavam 1005 contos (equivalentes a mais de 850 mil euros nos dias de hoje) para Salazar mudar da sua casa na rua Bernardo Lima para a residência oficial em S. Bento, a PVDE (antecessora da PIDE) encomendou um Grosser Mercedes para Salazar e outro para o presidente Carmona. Cada um custou 480 contos. Eram carros exclusivos. No Mundo só circularam 119, dos quais 42 blindados. Os aparentes brandos costumes do poder não se coadunavam, porém, com o carro de ditadores, pelo que foi pouco utilizado. Depois do fim da Segunda Guerra Mundial desapareceu mesmo de circulação. Só foi utilizado na visita de Franco a Portugal, em 1949. Depois, nos anos 60 foi vendido por 15 contos a um industrial. Hoje continua com poucos quilómetros de uso. Mercedes 770 W07 Ano de fabrico 1937Cilindrada 8 com 7.655 cc Velocidade máx. 150 km/h Sampaio espera 4 anos por um Audi A8. Chegou em 2000 Entre 1992 e 2000, a Presidência não comprou carros. Após quatro anos de mandato, Jorge Sampaio pôde usufruir de um carro novo, agora em exposição no Museu da Electricidade. A opção foi um Audi A8 que mostra como, em carros, a Presidência tem tido um comportamento muito democratizado. Audi A8 4.2 Quattro Longo Ano de fabrico 2000 Cilindrada 8 em V 4.172 cc Velocidade máx. 250 km/h Packard volta à Presidência após ir com o Benfica às finais das Taças dos Campeões Deu azar em 1988. Na segunda metade dos anos 30, o Estado Novo comprou uma série de Packards Super Eight ao ritmo de um por ano. O que está na exposição do Museu da Electricidade tem a curiosidade de chegar à fama coberto de autocolantes do Benfica, a caminho das finais dos encarnados na Taça dos Campeões. Vendido em 1959 a um particular das Caldas da Rainha, deu sorte ao „glorioso‟ nas vitórias por 3-2 sobre o Barcelona em Berna (1961) e por 5-3 frente ao Real Madrid (1962). O dono e o Benfica teimaram e o Packard de seis lugares foi, em 1988, até Estugarda, onde, para cumprimento da maldição atribuída ao húngaro Béla Guttmann, as águias viram o PSV
  • 6. Eindhoven levar a taça para a Holanda no desempate por penálties. Como um azar traz sempre outro, o carro teve de voltar da Alemanha a reboque. Na Presidência da República, a vida do Packard foi longa, embora menos emocionante. Serviu ainda na posse de Américo Tomás em 1958. E voltou a Belém como oferta de um industrial de Camarate. Packard Super Eight Ano de fabrico 1939 Cilindrada 8 com 5.243 cc Velocidade máx. 162 km/h Desportivo de Espanha oferecido por Franco ao presidente Craveiro Lopes Construído ao estilo dos anos 50 Um carro desportivo de dois lugares parece uma exorbitância na garagem dos presidentes da República. Não se tratou, contudo, de depauperamento de bens públicos. O Pegaso que os espanhóis fizeram nos anos 50 ao estilo do histórico chegou a Belém por oferta do „caudilho‟ Francisco Franco ao general Craveiro Lopes, presidente de 1951 a 58. Um brinde de Estado tal e qual o cavalo que Craveiro Lopes ofereceu à rainha Isabel II em 1957. O facto deste presidente ser general da Força Aérea não lhe dava, porém, entusiasmo por voos em terra. Diz-se mesmo que nunca o utilizou. Quem o acelerou foi o filho do general, também militar e seu ajudante-de-campo. Andou abandonado por garagens do Estado até ir para o Museu do Caramulo, onde foi restaurado. Pegaso Z 1028 Ano de fabrico 1953 Cilindrada 8 em V 2.816 cc Velocidade máx. 190 km/h O Cadillac azul-bebé era preto na Presidência Levou Eisenhower em 1960. A cor azul-bebé do Cadillac Sixty Two estranha-se no meio de carros oficiais. Na gama deste modelo da famosa marca norteamericana só havia, contudo, as cores azul-bebé e vermelho. E foi por esse motivo que o seu proprietário particular o mandou pintar numa das cores originais. Preferiu deliciar-se a ver carros iguais em filmes do tipo „American Graffiti‟ ou „Hud – Mais Selvagem entre Mil‟ do que recordar-se dos seus bons serviços como carro preto descapotável da Presidência. Quem o viu transportar em 1960 o presidente Eisenhower, dos EUA, por entre uma chuva de papelinhos na avenida João XXI, em Lisboa, dá-lhe maior valor histórico. O carro levou ainda o presidente brasileiro Café Filho, na sua visita em 1955, e, claro os presidentes Américo Tomás e Craveiro Lopes. Cadillac Sixty Two Eldorado Ano de fabrico 1954
  • 7. Cilindrada 8 em V 5.424 cc Velocidade máx. 160 km/h Rolls-Royce levou uma rainha e dois papas Carro dos anos 30 chegou em 1957 A chegada em barca ao Cais das Colunas e a travessia na Baixa de Lisboa em coche, tal e qual como ainda hoje vai fazer o Discurso do Trono no início de cada sessão legislativa à Câmara dos Comuns, ficam como imagens dominantes da visita da rainha Isabel II, de Inglaterra, a Portugal em 1957. Para receber Sua Majestade, o Estado preveniu-se com um Rolls-Royce à altura da visitante. Só que comprou, devidamente restaurado, um carro fabricado duas décadas antes e que servira como „carro de caça‟ ao príncipe Berar, da Índia, quando esta ainda era „a jóia da coroa‟ do Império Britânico. Entre os ilustres passageiros contam-se o papa Paulo VI quando veio a Fátima, a 13 de Maio de 1967, ainda com Salazar no poder, e, em 1982, João Paulo II, a quem, devido a avaria, deixou parado numa viagem de Fátima para o Norte do País. Passou para o Museu Automóvel do Caramulo, mas Isabel II voltou a usá-lo na visita ao Porto, em 1985. Rolls-Royce Phantom III Ano de fabrico 1937 Cilindrada 12 em V com 7.340 cc Velocidade máx. 146 km/h Rolls-Royce novo ao serviço de Tomás Um luxo que custou 720 contos O mais viajado presidente da ditadura equipou a Presidência com uma luxuosa frota. Para „o serviço extraordinário especial‟ de Américo Tomás existia este Rolls-Royce que no isolamento do país, devido aos distanciamentos relacionados com as guerras de África, acabou por só conhecer passageiros à altura depois do 25 de Abril de 1974. Foi utilizado pela rainha Isabel II em 1985, quando veio a Portugal a convite de Ramalho Eanes. Para Portugal em guerra era um luxo: custou 720 contos, que correspondiam na altura a 36 mil vinhetas da campanha „Ambulâncias para Angola‟. Rolls-Royce Phantom V Ano de fabrico 1960 Cilindrada 8 em V 6.231 cc Velocidade máx. 162 km/h Vanden Plas, imitação barata de um Bentley Carro belga custou 470 contos
  • 8. O esforço de guerra em África obrigou a economias nos carros e a Presidência não escapou às orientações de Salazar quando, em 1967, adquiriu o mais barato dos seus grandes carros. A opção pelo Vanden Plas, produzido por um fabricante belga de carroçarias ligado à Austin de Inglaterra, teve muito a ver com o preço de 470 contos que, ainda assim, dava para 16 jovens obterem cada um o seu Austin Mini. O carro, com motorização mais fraca, apresentava acabamentos de requinte, com muito recurso a madeira, e era, na GrãBretanha, conhecido como o „carro dos políticos‟. Vanden Plas Princess Ano de fabrico 1967 Cilindrada 6 com 3.991 cc Velocidade máx. 150 km/h Limusina de seis portas custou 785 contos Carro levava 8 passageiros Em 1966, o Estado português alinhou com a onda mundial das limusinas Mercedes 600 que na altura representavam o máximo em automatismo e comodidades. O carro foi inicialmente colocado ao serviço da Presidência do Conselho de Ministros, apesar dos seus oito lugares serem excessivos para Oliveira Salazar, que privilegiava o isolamento. O carro passou então para o serviço de Américo Tomás. O seu preço de 785 contos por carro de seis portas valia uns 30 Morris Mini, carro muito em voga na altura, sobretudo entre os jovens. Mercedes-Benz 600 S Ano de fabrico 1966 Cilindrada 8 em V 6.332 cc Velocidade máx. 190 km/h Mário Soares com suspensão à francesa Comprado para Belém em 1986 Comodidade sem luxo desnecessário foi o tom dado por Mário Soares quando, no seu primeiro ano no Palácio de Belém, a Presidência da República adquiriu um Citroën CX 25. É este veículo que representa os dois mandatos de Soares na Presidência, apesar de se terem comprado depois um Mercedes 560 SEL, em 1990, e um outro Mercedes 600 SEL, em 1992. Francófilo no espírito republicano e em muitos aspectos culturais, Soares escolheu o CX 25 que depois ainda serviu, até quase ir para a sucata, como carro do presidente do Instituto Tecnológico Nuclear, em Sacavém. Citroën Prestige CX25 Ano de fabrico 1986 Cilindrada 4 com 2.500 ccVelocidade máx. 202 km/h