Projeto Sala de Leitura 2016 - Escola Estadual Dr. Sylvio de Aguiar Maya
Teatro do Oprimido (Relatório)
1. 7 de setembro de 2014
até
15 de Agosto de 2014
A MINHA RESIDÊNCIA
no Centro de Teatro do Oprimido (CTO)
2. Lista das atividades assistidas:
Oficina Projeto TO da Mare no hospital Americo Veloso (16/07) [3h]
Oficina de Pirei na Cena (17/07) [3h]
Curso Introduçao da Estetica do Oprimido (18-20/07) [15h]
Curso do Teatro Forum (21-23/07) [15h]
Curso Papel do Curinga (24-31/07) [45h]
Multiplicaçao Comunitaria GTO Cor do Brasil (29/07)
Apresentaçao GTO Marias do Brasil (30/07)
Oficina Projeto TO da Mare na paroquia (02/08) [3h]
Ensaio Cor do Brasil (05/08) [1h]
Ensaio Pirei na Cena (07/08) [3h]
Oficina Projeto TO da Mare na escola Clotilde Guimaraes (08/08) [3h]
Seminario da Estetica do Oprimido (12/08) [3h]
Oficina de Teatro-Jornal (13/08) [3h]
Ensaio de Pirei na Cena (14/08) [3h]
Reflexão das atividades e descobertas:
Oficina Projeto TO da Mare no hospital:
Antes de ter tido qualquer trabalho com o CTO, fiz esta oficina totalmente ingenuo do
projeto. O resultado foi ainda mais interessante para assistir assim. Naquele entao, eu nao
sabia dos propositos do CTO na favela da Mare, mas fazendo a oficina baixo a curingagem
de Alessandro me fiz me apresentar bem com a realidade da favela. Os adolescentes foram
muito aceitantes da minha presença fazendo assim minha contribuiçao naquelas cenas
mais facil para mim. Achei a maneira de curingagem de Ale muito específico com os
adolescentes. Jogando antes de entrar aos temas importantes da favela foi o jeito perfeito
para abrir aos adolescentes pouco a pouco. O melhor exemplo foi com o jogo da Máquina
onde os jovens fizeram primeiro uma maquina representando Rio de Janeiro e depois uma
representando o povo da Mare. Na maquin ade Rio de Janeiro, eles apresentarem uma
colaboraçao de musica, festa, e alegria total. Na maquina da Mare, eles fizeram um
conjunto de violencia, tristeza, e opressao. Foi interessante enxergar aqueles lugares
atraves dos olhos deles porque Mare segue sendo parte de Rio de Janeiro, mas para eles
os dois lugares sao totalmente diferentes e quase muito longe de cada um. Durante o
3. tempo das cenas improvisadas (algo que no começo eu odiava fazer) as descobertas foram
pessoalmente impressionantes. Os jovens me pediram fazer o protagonista da cena
violenta. Sem saber bem do que eles falavam, eu aceitei. Depois de fazer a cena, eu entendi
bem a violencia típica da favela e os riscos que esses adolescentes tem que superar dia a
dia. A cena consistia de um jovem bebado depois de uma festa da Copa do Mundo numa
favela. Quando ele ficou sozinho, foi encontrado pela polícia militar e eles começaram a
lhe xingar e bater. Depois de que ele acabasse muito machucado, eles lhe fizeram
caminhar sobre algumas ruas centrais cheias de trafico; se ele caminhasse sem morrer, os
policiais lhe iam deixar em paz, mas se nao, ele morreria ali mesmo. O resultado foi fatal
e segundo os adolescentes do meu grupo, ninguem foi capaz de fazer nada para lutar pela
justiça dele; nem os pais dele. Como o ator fazendo a cena que eu nao entendia no inicio,
eu fiquei totalmente surprendido com essa realidade injusta. Vendo a cena do outro grupo,
uma realidade similar surgiu: o racismo dos militares contra as pessoas faveladas de pele
preta. Apesar de nao ter sido tao fatal como a primeira cena, a opressao foi igual: ha abuso
do poder com os militantes em situaçoes de “pacificaçao nas favelas.” Entao eu entendi
um dos propositos do projeto de CTO na Mare: da-lhes (aos adolescentes) uma voz e uma
fonte de expressar essas mesmas frustaçoes contra a opressao vivida nessa favela
supostamente pacificada pelo governo.
Oficina da Pirei na Cena (17/07):
Com um pouco do entendimento dos propositos do CTO na comunidade, eu foi para o
hospital psiquiatrico com novos olhos. Conhecendo aos pacientes foi o primeiro passo
para entender bem os desejos do CTO com a saude mental na comunidade de Niteroi. Eles
foram tao amigaveis e fiquei impressionado com o jeito deles para participar facilmente
em jogos e nas cenas teatrais. Alessandro utilizou jogos similares aos dos jovens da Mare,
4. mas ainda mais fortes no sentido de sentimentos para os pacientes. Por exemplo, no jogo
do Amigo-Inimigo eu achei que foi mais apropriado para os pacientes em vez dos
adolescentes da favela, considerando que os pacientes mentais precisam mais o
entendimento de relacionar entre eles mesmos e outras pessoas no seu redor. O jogo fez
mais facil para me expressar na improvisaçao ja que odeio fazer isso mesmo, mas com os
pacientes tao disponíveis a participar, eu nao podia me afastar dessa colaboraçao tao
afetuosa. Depois disso, Ale continuou com minha primeira participaçao no Arco-íris do
Desejo depois de ter tido uma discussao sobre a opressao com o grupo. Depois de escolher
a historia opressiva de Monica (uma das pacientes), nos continuamos a fazer a cena dela.
Achei a sua historia tao pessoal mas tambem acho que e importante escrever sobre essa
experiencia nesta reflexao; peço desculpas se e opinado o contrario. A historia dela
aconteceu quando foi forçada a se casar com um homem com quem ela nao queria estar.
A opressao da família dela fez que ela se casasse com um bebado. Depois de ver a cena
organizada por ela mesma, Ale pediu-lhe para escolher varias pessoas quem ela queria
que estivessem com ela no momento do seu casamento. Os participantes que ainda nao
estavam na cena entrariam a fazer parte da colaboraçao dela. Ela entao agregou a tias e a
mae dela para fazer parte da cena no momento do casamento. O resultado foi diferente
com a presença das novas personagens: em vez de se casar com o bebado, ela decidiu
esperar um pouco mais antes de decidir tao rapido. Achei muito efetivo o uso do Arco-íris
do Desejo naquela oficina com pacientes psiquiatricos. Acho muito saudavel e terapeutico
para a gente ver que as decisoes erradas de nosso passado pudessem ter tido diferentes
resultados com a gente apropriada presente com nos. Especificamente com os pacientes,
como com o jogo Amigo-Inimigo, a utilizaçao do Arco-íris do Desejo deixa que eles
exercitem as percepçoes que eles tem da gente ao seus redores e para melhorar as
decisoes no futuro sem se culpar pelos erros ja feitos antes.
5. Curso Introduçao da Estetica do Oprimido:
Eu achei esse curso essencial para meu entendimento sobre o TO. Foi legal experimentar
com os varios sentidos de varias formas para assim lograr reconhecer cada uma das
propriedades deles e entao entender o poder que tem com respeito a nossa vontade de
nos relacionar entre nos como seres humanos. Com os jogos eu achei totalmente
necessario incluir a todo o pessoal do curso. Eu adorei a forma tao influente das curingas
para ajudar a galera desenvolver seus respetivos sentidos atraves de jogos específicos que
quase abriam meu terço olho. Especificamente com o caso da arte e poesia utilizada, eu
achei aqueles metodos muito eficazes para expressar nossos sentimentos sobre nossos
redores e ao mesmo tempo nos deixando utilizar nossos sentidos como ferramentas de
expressao. Isso ai foi o mais poderoso que me levei do curso, e tambem um desejo bizarro
para voar?
Curso do Teatro Forum:
Depois do ultimo curso, eu tinha ficado cansado, mas minha curiosidade por saber mais
sobre o TO foi o suficientemente forte para me ajudar seguir ativo durante os tantos jogos.
Ademais das explicaçoes feitas pelos curingas, o que eu achei bom do curso era ver as
conexoes do teatro com todas as outras artes. Por exemplo, como um dos exercícios, a
gente foi pedida que escolhesse uma opressao e depois fazer uma cena dela. Ao terminar
a cena, os curingas nos pediram que fizessemos tres modelos do curso da opressao em
tres formas diferentes. Entao, foi difícil encontrar as estaçoes de uma opressao mais ficou
facil quando o grupo teve que utilizar a estetica da arte para representar aquele mesmo.
Com tres estatuas da evoluçao da opressao, e as mesmas feitas de pintura, poesia, e
musica, os grupos puderam analisar mais sistematicamente as tres cenas sem saber
6. totalmente do que as cenas tratavam-se. Eu acho que essas mesmas observaçoes feitas
nesse entao foram levadas para as apresentaçoes das cenas opresivas onde a gente tentou
resolve-las com essas observaçoes ja pre-estabelecidas no aquele exercício anterior. Eu
sei que isso nao pode ser feito antes de cada apresentaçao de Teatro Forum, mas seria
otimo. Agradeço muito aos curingas por nos deixar exercitar nossos sentidos antes das
apresentaçoes para assim ser mais abertos as reformas e soluçoes contra opressoes.
Curso Papel do Curinga:
Minha primeira definiçao de curinga foi: “ alguem que utiliza o camuflagem para assim
examinar seu redor e depois tentar de muda-lo com suas proprias criticas que pudessem
fazer a outra gente ver diferentemente ao mesmo redor”.
Sabendo que o curso foi totalmente novo e experimental para o CTO, eu ainda acho que
foi conduzido muito bem pelos curingas; num lado Alessandro manejou a parte física e
Flavio a parte da discussao. Os dois jeitos em equipe trabalharam bem juntos para ajudar
as pessoas aprender mais do TO em uma forma de vista de curinga.
Agradeço muito a oportunidade de conduzir parte de uma oficina num país estrangeiro
para mim. Foi difícil, mas eu acho que isso me fez entender melhor para assim ofrecer
uma experiencia ainda mais completa para os participantes novos as oficinas.
O arvore do curinga foi legal porque foram tres ideias de arvore que nos tentamos juntar
num so arvore para que a gente visse as similaridades entre elas. Eu achei a organizaçao
um pouco deslocada. Nos ultimos dias quando fizemos as cenas do Teatro Forum, eu senti
aqueles dias fora de lugar. Ja tínhamos acabado nossas conduçoes de oficinas na
comunidade, entao fazendo as cenas de Teatro Forum ao final do curso ficou quase sem
sentido: por que faze-las tao longe de nossos inícios como curingas? Aqueles dias foram
bons para nosso crescimento, mas eu senti que tivesse sido melhor para utilizar esse
7. mesmo crescimento quando eu conduzi a minha oficina na Mare. Tambem, seria melhor
fazer a parte de Teatro Forum mais cedo depois de que a gente acabe de fazer o curso do
mesmo teatro.
No caso das discussoes, eu acho que seria bom deixar a gente falar e explicar entre eles as
questoes da opressao e da conduçao das oficinas, mas tambem fechar as discussoes com
uma explicaçao mais certa de um dos curingas conduzindo aquelas discussoes mesmas.
No caso da neutralizaçao do curinga, esse tema tem que ser mais exercitado no curso
porque muita gente fez cenas de Teatro Forum escolhendo lados ou criticando os
problemas das cenas sem lembrar que essas eram acontecimentos pessoais de alguem no
grupo. Entao, ser mais sensível com aquelas situaçoes nas cenas e necessario na parte dos
curingas conduzindo o curso, mas precisa explicar os erros das cenas nao tao
agressivamente se a cena esta errada com seus usos de Teatro Forum, por exemplo. No
caso da cena feita por nos os residentes, apesar de nao ser Teatro Forum, eu achei que as
críticas do publico foram muito agressivas contra o oprimido participando na cena e eu
acho que a discussao tivesse sido conduzida melhor para criticar as propriedades de
Arco-íris do Desejo na cena.
Minha definiçao final de curinga foi: “uma pessoa capaz de dominar varias coisas ao
mesmo tempo sem descuidar o bem-estar da gente. Nessa açao, o curinga critica seu redor
social para tentar revolucionar, reconstruir e reviver os direitos naturais das pessoas
como seres humanos”.
Multiplicaçao Comunitaria GTO Cor do Brasil:
Como o meu primeiro enfrentamento com o racismo no teatro em Rio, eu achei esta
apresentaçao muito importante para assistir. Sendo honesto, eu nao esperava o caso
específico do grupo que fosse o cabelo duro da gente negra. Normalmente se fala da pele
8. em casos de racismo, mas a decisao deles naquela apresentaçao foi interessante e
igualmente importante para ver. Depois de ter passado pelo curso de Teatro Forum, achei
o curingagem de Edlamar e Lumena muito apropriado para a apresentaçao. Pessoalmente,
sendo de pele clara, eu fiquei muito afastado de apresentar a minhas opinioes no
momento de oferecer soluçoes para a cena racista. Como eu nao tenho cabelo duro, achei
minhas soluçoes nao tao importantes como as soluçoes apresentadas pelo publico negro.
As soluçoes deles foram mais apropriadas para a cena onde a opressao social de nao
querer ter cabelo grande na area profesional do trabalho e bastante. Para mim, achei que
eu nao tinha uma experiencia adequada para utilizar nessa cena nem que fosse tao efetiva
para resolver o problema do racismo no emprego. Talvez seja porque sou de EUA, mas o
racismo acontece em todas as partes do mundo, e so que nao tem acontecido a mim graças
a Deus. Em fim, a soluçao mais breve e forte foi denunciar o acontecimento a camara de
direitos humanos: acho que essa soluçao e muito relacionada aos propositos de CTO com
Teatro Legislativo onde se fazem soluçoes legais com casos similares de injustiça.
Apresentaçao GTO Marias do Brasil:
Depois de ter lido sobre o Teatro Legislativo e ter escutado sobre o mesmo no curso do
curinga, a apresentaçao das Marias do Brasil foi ainda mais impactante para assistir. A
ideia de ser trabalhadoras domesticas e tambem ser parte de uma obra teatral e
impressionante de ver e viver. Aquelas mulheres sao guerreiras sociais para os direitos
laborais e isso mesmo foi visto na sua cena aquela noite. As similaridades que eu senti
com as trabalhadoras domesticas do Mexico foi forte ja que elas tambem passam pelos
mesmos riscos que as Marias do Brasil. As duas deixam as suas terras e casas nos campos
para se mudar as cidades grandes onde as oportunidades de ganhar mais dinheiro e a
melhor opçao para as famílias delas. Acho que as Marias dos países latino-americanos
9. sofrem as mesmas opressoes nas sociedades machistas onde moram, mas acho que esta
iniciativa do CTO para ajuda-las se expressar e um passo essencial para reformar a
sociedade pouco a pouco contra o abuso das trabalhadoras domesticas. No caso daquela
apresentaçao, as soluçoes trazidas pelo publico foram efetivas com Teatro Legislativo em
mente. Muita gente reconheceu os direitos ignorados pelos empregadores na cena e
escolherem utilizar a justiça contra a opressao deles. Claudete como curinga na
apresentaçao reconheceu o rapido que a gente ia utilizar a lei para resolver a opressao
mas ainda encontrou o jeito de conseguir mais de uma soluçao da audiencia. Com o uso
de jogos e atençao, ela foi capaz de sacar varias opinioes do publico. O que me
impressionou mais foi o tanto que as Marias trabalham para fazer cenas como aquela. Elas
poderao ser velhinhas ate 80-algo anos de idade, mas a paixao delas no teatro e a mesma
que a que eu vejo em casa. Uma das maiores descobertas foi ver essas mulheres lutar
contra uma opressao antiga de uma forma mais renovadora e expressiva. Como lutadoras,
eu agradeço muito o talento delas e como esse dom e utilizado para revolucionar a
sociedade onde elas moram. Esse tipo de proposito e visto com todas as iniciativas
começadas por CTO, creio eu.
Oficina Projeto TO da Mare na paroquia:
Sendo novos ao TO, achei essa oficina com aqueles adolescentes importante para assistir
como curinga-em-pratica. Alessandro e Monique escolherem jogos divertidos e físicos
como Hipnotismo-Colombiano e Contrárias-de-Jackson para fazer com os jovens e assim
facilitar a participaçao deles e poder tocar temas mais fortes como a suas vidas na favela.
Com as improvisaçoes em duplas que Ale escolheu fazer, eu pude ver a violencia vivida na
favela. Eu fiz tres cenas com tres membros diferentes da favela: os tres apresentarem
muitas formas de violencia nas cenas. Como regra do jogo, e necessario ter duas
10. revelaçoes por cena; eu fazia uma e a outra pessoa fazia a outra. Cada vez que eles
decidiam fazer uma revelaçao, sempre era violenta: surgia uma morte de repente, ou a
polícia abusadora chegando, ou a opressao no emprego. Eu entao cheguei a entender um
pouco mais a razao de fazer teatro com esses adolescentes. Eles precisam de uma saída
expressiva nas rotinas tao repetitivas que sao as opressoes cotidianas deles. Com o jogo
da Marcha de Monique, os adolescentes tambem chegaram a mesma soluçao que tudo
mondo que faz o jogo: utilizar o poder de um grupo grande para assim influenciar a
sociedade contra os erros opressivos que pode causar.
Ensaio Cor do Brasil:
Apesar de nao ter feito tanto, foi interessante ver um pouco da preparaçao do grupo “tras
bastidores.” Foi especialmente louvavel depois de ter visto a apresentaçao do dias antes.
Algo interessante que pude ver foi o importante que e a musica para o grupo. A cançao
deles da apresentaçao “Cabelo Duro” foi bastante aditiva com o grupo de residentes, mas
nunca prestei tanta atençao a letra ate entao. Vendo como eles ensaiavam a musica foi
algo que me encheu de saudade ao lembrar a minha educaçao em teatro Americano-
musical. A forma de utilizar a musica regional e muito efetiva para ajudar os casos de
racismo sobressair, mas eu nao entendia ate ve-lhes ensaiar. Ajudando com os seus
adereços de teatro foi outra coisa interessante. Gostei de como utilizam coisas
normalmente recicladas para acompanhar as cenas deles. Num país como Brasil onde o
lixo pode ser encontrado em quase todas as ruas, acho essa iniciativa muito interessante
para copiar em outros países semelhantes. Eu ja tem visto o mesmo ser feito com cenarios
teatrais grandes em EUA mas nunca com grupos tao pequenos como Cor do Brasil. A
iniciativa e boa para utilizar diariamente e assim ajudar o meio ambiente ademais dos
outros propositos sociais do CTO.
11. Ensaio Pirei na Cena (07/08):
Foi tao emocionante escutar que o grupo da Pirei na Cena va para Espanha para
representar o CTO do Brasil e lhes desejo toda a sorte do mundo no 2015. Foi ainda mais
emocionante ensaiar com eles uma parte da sua obra. Achei as cenas da obra bem
apropriadas para os pacientes ja que falam de desejos e opressoes pessoais. Ensaiando
com eles foi bastante interessante porque eles requerem de atençao especifica para ajuda-
lhes reconhecer a necessidade da contribuiçao deles. As cenas “Vozes do Meu Alem”
trouxeram muito para discutir com cada apresentaçao. Na primeira cena da qual eu
formei parte, a opressao foi mais pessoal ja que os opressores estavam na cabeça do
protagonista. As vozes gritavam coisas negativas e influentes mas o protagonista,
interpretado por dois pacientes, ficava sem saber que fazer. Na segunda cena, o grupo
utilizou cada personagem na cabeça da protagonista para refletir como um espelho no
corpo da personagem enquanto falavam coisas negativas. A opressao seguia sendo mental
e difícil de resolver, segundo o que eu vi. Na ultima cena, o grupo fez a cena do casamento
de uma das pacientes da qual eu ja falei anteriormente neste relatorio. Neste caso, o
casamento ja tinha as propriedades do Arco-íris do Desejo estabelecido por Alessandro
previamente. O grupo fez a cena do casamento com um momento congelado onde tres
pessoas lhe falavam a protagonista da decisao que ela tinha que fazer ao se casar com
aquele homem bebado. A opressao neste caso foi social com as opinioes negativas da
gente ao redor da protagonista. Depois de reflexar nas cenas, o grupo somente falou das
estrategias utilizadas para facilitar o reconhecimento da opressao mental. Entao
Alessandro fechou o ensaio com nos desenhando as bandeiras de nossos países para no
seguinte ensaio desenhar uma representaçao das mesmas bandeiras com influencias
sociais.
12. Oficina Projeto TO da Mare na escola:
Comecei aquela oficina com um “uau!” total. Nao acreditava o quanto os estudantes
daquela escola gostavam dos Estados Unidos depois de me apresentar como americano
frente deles e logo escutar os gritos de felicidade que faziam. Ainda nao acredito mas
entendo que como todas as outras pessoas de baixos recursos de todas partes do mundo,
eles tambem sonham com o “sonho americano” mas e incrível para mim enxergar aquele
sonho em uns adolescentes e ainda mais em alguns meninos. Cluadete e Alessandro
utilizarem jogos muito divertidos para os meninos mas acho que o proposito daquela
parte da oficina foi para introduzir aquelas crianças ao poder do teatro. Alcancei ver como
o menino que me perseguia por ser americano gostou muito quando pode me controlar
com o jogo Hipnotismo-Colombiano. Ele reconheceu o poder influencial do teatro e espero
que siga querendo o mesmo caminho com o CTO. Enquanto aos adolecentes que segiuram
depois, Claudete e Ale fizeram os mesmos jogos mas tambem uma cena opressiva mais
corta do TO para eles resolver. O ato de ignorar e uma forte opressao, especialmente
quando um nao sabe porque esta sendo ignorado. Os adolecentes tiveram ideias normais:
pergunatar por que estao sendo ignorados, ignorar a quem lhes ignora, e ate gritar. Eu
acho que a soluçao e ser recíproco e nao da-lhe importancia se a pessoa nao merece a sua
atençao. Mas, se a pessoa e importante na sua vida, entao se precisa falar com ela ate
encontrar uma soluçao mutua. Aunque nao tocamos temas mais serios com os jovens,
achei aquela oficina essencial para entender como introduzir aos adolecentes ao TO sem
ter que ser tao chamativamente teatral com eles. Claudete e Ale sabiam o que fazer nesse
caso e aprendi bastante de como conduzir uma nova oficina para assim lhe agradar a
gente que nao esta tao acostumada ao teatro.
13. Seminario da Estetica do Oprimido:
Depois de ter escutado a apresentaçao de Flavio sobre a infromaçao em contexto ao livro
de Boal, eu achei muitos pontos parecidos a minha primeira aula sobre a historia da
influencia social na arte. As duas aulas falaram muito da percepçao da beleza e o que
significa ser belo, bonito, e feio e como esse mesmo pensamento pode levar a gente
perceber o seu redor social com uns oculos críticos do que atrai esteticamente ate entao
julgar se algo ou alguem e bom ou mau. Eticamente, isso fica totalmente errado porque
sendo consciente da influencia social e cultural de uma pessoa nao e justo julgar algo
como bom num lugar e entao ir para outro lugar onde a mesma coisa e julgada totalmente
ao contrario: assim a gente fica com um pensamento de duvidas que pode escalar ate
instigar problemas da saude e críticas ainda mais radicais politicamente como muitos
países fizeram durante e depois das guerras mundiais. Durante a discussao em grupo, eu
enxerguei muitos novos pontos de vista em respeito a Boal e sua estetica do oprimido.
Nessa discussao, o grupo falou de como nossa noçao do que e ser belo ou feio tem que ver
com a percepçao imposta pela sociedade e como uma sociedade pode influenciar a outra
sociedade para mudar o mesmo pensamento. Num exemplo pequeno que surgiu, a classe
elite influi as classes nas favelas para pensar de um jeito sobre o consumo. Num exemplo
maior, EUA influi a outros paises nao tao desenvolvidos como Brasil do mesmo jeito que
no exemplo anterior. Sem ofender, eu uso o termino ‘desenvolvido’ para refletir o status
quo economico do país. Eu acho que se vemos a discussao desse jeito, a estetica da qual
Boal falou no livro esta perdendo poder porque as clases agora nao estao sendo tao
influentes como nos anos anteriores. Agora essa influencia esta ligada com um mundo
mais globalizado fazendo assim a estetica do oprimido precisar uma reconstruçao ainda
mais adequada para este mundo em crescimento. Ao escutar os outros grupos, eu alcancei
entender outros pontosde vista. Um ponto que surgiu foi aquele da necesidade de ter arte.
14. A arte tem um proposito fora de simplesmente ser esteticamente atrativo? Eu acho que
sim. Num exemplo expresado em relaçao a beleza foi para abrir os olhos: um cacto e algo
belo para a gente do nordeste do país onde a planta serve como comida, mas uma rosa no
mesmo lugar nao e igualmente bela porque nao oferece um uso util para eles. Igualmente,
eu acho que toda a arte tem sua propria utileza. Nos como seres humanos precisamos de
nos expressar e se nao fazemos isso, os sentimentos engarrafados podem se converter em
depressao fatal. Nos utilizamos a arte para tambem nos relacionar entre nos
considerando que temos uma necesidade social de encontrar pontos de nos relacionar
com o mundo e natureza. Quantas vezes nao escutamos uma cançao feita por uma pessoa
que nao conhecemos pessoalmente mas usamos aquela cançao para expressar nossos
sentimentos na aquele momento específico das nossas vidas? Igual com uma pintura:
talvez nao tudo o mundo tenha a mesma sensaçao de relacionamento com “A Mona Lisa”
mas estou seguro que so com ver a pintura, alguem num momento sentiu o mesmo que
Da Vinci sentiu ao pintar. A arte vem de nossas expressoes para assim deixar que outros
sentam o mesmo, ou sequer tentar fazer isso.
Ao final da aula eu fiquei com varios novos pontos de vista e como desejo poder ter a
oportunidade de voltar para as proximas discussoes.
Oficina de Teatro-Jornal:
Eu achei que foi necessario que Alessandro começasse a oficina com jogos para ajudar a
Caetano, o novo cara no grupo, se integrar melhor as discussoes. Foi legal como os jogos
tratavam da informaçao, as notícias e o conhecimento para entao entrar ao proposito da
oficina: Teatro-Jornal. Depois de fazer as maquinas e imagens de informaçao e mídia, eu
acho que o grupo estava traindo muitas perspectivas diferentes daqueles mesmos temas.
Especifcamente, eu achei legal ver os diferentes lados da propaganda onde muito e
15. censurado para o publico e a mesma vez, muito e sobre-falado para esconder varias
verdades. Entao, o conhecimento fica quase sem valor quando a ‘verdade’ da mídia e
escolhida para o publico em vez de pelo publico. Na questao da apresentaçao final, eu
achei que os grupos fizeram bons esforços para tentar criticar as notícias do terror e a
guerra na Gaza com so periodicos brasileiros de referencia. Como exemplo, nosso grupo
teve a responsabilidade de utilizar “crítica paralela” para fazer o publico reflexir melhor
de uma notícia. A notícia tratava do embaixador brasileiro trazido de volta para Brasil e
como o presidente de Isreal pedia as desculpas da presidenta Dilma Rouseff pela guerra
depois de ter chamado uma tregua contra Palestina. Nosso grupo decidiu fazer a cena com
os dois presidentes no meio de uma telefonada e enquanto falavam no luxo das suas
posiçoes políticas atras deles se veia a realidade de cada país: um com guerra e genocídio
por cause da religiao e a economía e o outro com pacificaçoes das favelas entre
festividades nacionais da Copa do Mundo. Graças as reaçoes do publico presente, eu acho
que nosso grupo fez uma boa comparaçao entre a notícia e a realidade vivida nos dois
países mas ao mesmo tempo criticando aos líderes insensíveis aos acontecimentos. No
final, eu logrei entender ainda mais a noçao e o proposito do Teatro-Jornal no arvore do
TO: as críticas de nossos redores podem surgir por causa de varias coisas como a violencia
vivida em pessoa ate a violencia lida num jornal. A sociedade esta presente em todas
partes e se nao e criticada de mil formas, pode se quebra qualquer direito humano sem
ser percebido.
Ensaio Pirei na Cena (14/08):
Para o meu ultimo ensaio com os pacientes psiquiatricos, nao pude ter pedido uma forma
mais amigavel de me despedir do TO no Brasil. Fizemos a nossas bandeiras do nossas
naçoes respectivas e falamos sobre o que significa ser de uma nacionalidade especifica.
16. Eu acho que essa foi a maneira de Ale para ligar o nosso conhecimento do que e ser
americano ou brasileiro e traduzir essa consciencia em direçao de uma noçao mais ampla
e humana. Aquele ultimo ensaio foi para reconhecer as nossas similaridades como
humanos sem dar atençao a nossa nacionalidade ou estabilidade mental: a igualdade
humana e uma noçao primordial e essencial para poder resolver muitos problemas
mundiais, so que temos que fazer mais esforços para multiplica-la. Que viva EUA, que viva
Brasil, que vivam todas as naçoes unidas por paz, e que vivam os direitos humanos para a
igualdade.
Refleção sobre os curingas:
Estando baixo o control de Flavio eu fiquei com uma curiosidade mais intensa com reseito
ao TO. As dicussoes que ele conduziu foram provocando a minha atraçao as ideologias e
raizes do TO mas tambem me ajudou reconhecer a importancia da crítica social como um
curinga.
Alessandro trouxe um lado mais divertido do TO sem parar de ser serio. Eu acho que a
sua forma de curingar tem suas raizes naquele aspecto do curinga travesso onde o ato de
resolver nao tem que ser somente pensar mas tambem jogar. Adoro a sua forma de ser
um mediador quando conduze uma discussao porque deixa assim aos outros resolver o
problema sem que perdam o caminho para a soluçao.
Claudette tem uma aura tao amigavel que faz a gente se atraer a ela so com simpatia. Eu
acho que sua forma de curingar tem muito que ver com solidariedade em respeito a
vontade de trabalhar igualmente com outros curingas. Eu acho que isso e algo muito
importante de reconhecer como curinga porque as melhores resoluçoes sempre sao feitas
em grupos.
Helen se apresenta muito forte com a gente mas isso e algo admiravel. O auto-
17. conhecimento e indispensavel para um curinga, sem isso nao pode conduzir uma oficina
onde varias ideias fluem pela cabeça de um. Ao mesmo tempo, como curinga posso
aprender dela a necesidade de ter consciencia; no caso das Vadias e Madalenas, eu fiquei
com uma imagem maior dela: como pessoas, nos precisamos de ter consciencia e tambem
tentar influí-la em outra gente.
Geo trouxe um lado mais organizado e tambem creativo a meu entendimento do curinga.
Ele entende as necesidades de seguir o ritmo do tempo em respeito as oficinas mas
tambem logrou me ajudar entender outros aspectos da creatividade na area artística.
Normalmente eu nao faria teatro e pintura no mesmo tempo mas ele me fiz perguntar o
por que nao. Como curingas nos precisamos exercitar nossa creatividade dia a dia para
entao ajudar aos outros se expressar em cenas teatrais.
Apesar de que nao trabalhei muito com ela, Monique apresentou aspectos importantes de
uma curinga. Eu logrei enxergar a sua empatia e sensibilidade na oficina da Mare onde foi
totalmente necessario poder entender aos adolescentes daquela paroquia. Como curinga,
eu aprendi dela que o relacionamento que fazemos com outra gente e necessario para
tentar entender as posiçoes deles e depois ajuda-lhes encontrar uma soluçao verdadeira
atraves de uma discussao e atraves do teatro com sensibilidade como reforço etico para
essa gente.
Sugestões para melhorar a Residência:
Pelo que escutei atraves dos curingas e outros residentes pasados, este e um dos grupos
de residentes mais grandes que o CTO jamais tinha tido. Igualmente, acho que foi perfeito
vir neste momento ao CTO quando tem tanto reforço do governo para fazer oficinas na
comunidade. Ao mesmo tempo, acho que ha mais para melhorar. Sei que esto e algo que
nao pode acontecer tao rapido mas o CTO precisa de mais oficinas que tratem outros
18. temas como saude geral e ate a opressao sufrida por indígenas Brasileiros. Com minha
formaçao em Antropologia, acho que o CTO pode fazer oficinas como das que acabo de
falar possível, se o governo permite. Acho que oficinas que toquem outros grupos no
Brasil sao necessarias para fazer o CTO mais popular no Brasil. Agora o TO e popluar mas
so nesta area pequena junto ao Rio de Janeiro e com os poucos Brasileiros que sabem das
lutas sociais de Augusto Boal. Como residente dum mes, eu tive a sorte de fazer parte dos
cursos que o CTO fez. Acho que sem issos eu nao tivesse o mesmo entendimento do TO
como o tenho agora. Tambem achei mais facil me expresar e colabrar nas oficinas que
siguerem os cursos. Se o CTO poderia fazer algo assim para os proximos residentes, isso
seria ainda melhor para eles e para os propositos do CTO com residentes mais abertos as
políticas do TO. Outra forma de ter mais popluaridade na area de Lapa seria se o CTO
fizesse algo para atraer mais gente local e ate os turistas: algo como um cafe o somente
uma loja de artículos do TO e de Augusto Boal seria muito legal. No caso de residentes, o
CTO tem que tentar de se conectar mais com os outros CTO no mundo para atraer mais
residentes para o Brasil. No meu caso, eu encontrei ao CTO pesquisando mas ha gente na
area do teatro que nem sabe do TO. Se o CTO pudesse enviar e-mails ou invitaçoes as
escolas e as faculdades ou talvez para os professores em escolas reconhecidas
teatralmente seria um passo grande para tentar aumentar o numero de residentes no
futuro, especialmente residentes estrangeiros.