Rómulo de Carvalho nasceu em 1906 em Lisboa e cresceu com paixão pela literatura devido à influência de sua mãe. Ao longo de sua vida, dedicou-se ao ensino, divulgação científica e poesia, publicando sob o pseudônimo Antônio Gedeão. Faleceu em 1997, deixando uma vasta e importante obra.
1. AUTOR DO MÊS
Rómulo de Carvalho (1906-1997)
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu a 24 de Novembro de 1906 na Rua do Arco do
Limoeiro na lisboeta freguesia da Sé. Aí cresceu com as irmãs, numa casa modesta e num
ambiente familiar tranquilo.
Filho de um funcionário dos correios e telégrafos, José Avelino da Gama de Carvalho e de
uma dona de casa, Rosa das Dores Oliveira Gama de Carvalho, que tinha como grande
paixão a literatura apesar de contar somente com a instrução primária.
A sua mãe, apaixonada pela literatura transmitiu esse sentimento ao filho Rómulo, assim
batizado em honra do protagonista de um drama lido num folhetim de jornal.
Responsável por uma certa atmosfera literária vivida em sua casa, é ela que, através dos
livros comprados em fascículos, ou requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o
filho na arte das palavras.
Desta forma Rómulo toma contacto com os mestres - Camões, Eça, Camilo e Cesário Verde,
o preferido - e conhece As Mil e Uma Noites, obra que viria a considerar uma da suas
bíblias.
Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar Os
Lusíadas de Camões.
No entanto, a par desta inclinação para as letras, quando, ao entrar para o liceu Gil Vicente,
toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse,
intensificado com o passar dos anos e que se torna predominante no seu último ano de
liceu.
Enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Físico-químicas na Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém
que dará pelo nome de António Gedeão.
Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na
faculdade de letras da cidade invicta, prenunciando assim a sua atividade principal daí para
a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.
Estagiando no liceu Pedro Nunes e ensinando durante 14 anos no liceu Camões, Rómulo de
Carvalho é, depois, convidado a lecionar no liceu D. João III, em Coimbra, aí permanecendo
oito anos, até regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-
Químicas do liceu Pedro Nunes.
Comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão.
Além da colaboração como co-diretor da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra,
durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusive, à elaboração de
2. compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão
complexas como a física e a química.
Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da
coleção Ciência Para Gente Nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o Povo,
cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de
1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito o
que, enquanto professor, comunicava pela palavra.
A dedicação à divulgação da ciência e história é uma constante da sua vida. De facto,
Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive
trabalhos concluídos, mas não publicados, que engrandecem, ainda mais, a sua extensa
obra científica.
Apesar da intensa atividade científica, Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras
e continua a escrever poesia. Não a considerando de qualidade e pensando que a ninguém
será útil, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la.
Só em 1956, após participar num concurso de poesia de que toma
conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento
Perpétuo. O livro surge sob o pseudónimo António Gedeão. O livro é bem recebido pela
crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no
teatro e depois, no ensaio e na ficção.
Nos seus poemas dá-se a simbiose entre ciência e poesia, vida e sonho, lucidez e
esperança. Aí reside a sua originalidade, radicada numa vida em que sempre coexistiram
dois interesses distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e o seu "amigo" Gedeão,
provinham da mesma fonte e se completavam.
A poesia de Gedeão marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e
atormentada por uma guerra sem fim à vista, se sentia tocada pelos valores expressos pelo
poeta acreditando que, através do sonho, era possível encontrar o caminho da liberdade. É
assim que "Pedra Filosofal", musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e
ao sonho.
O professor Rómulo de Carvalho, após 40 anos de ensino, em 1974, motivado em parte
pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril toma conta do ensino
em Portugal decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação.
Nessa altura é convidado para lecionar na Universidade mas declina o convite.
Nos anos seguintes dedica-se à investigação publicando várias obras de divulgação
científica e de história da ciência.
Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direção do Museu Maynense da
Academia das Ciências de Lisboa, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.
3. Com 90 anos é homenageado a nível nacional. O professor, investigador, poeta, pedagogo,
historiador da ciência é reconhecido publicamente por personalidades da política, da
ciência, das letras e da música.
A 19 de Fevereiro de 1997 a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha
morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas Póstumos e Novos Poemas
Póstumos.
Bibliografia de Romulo de Carvalho
Ano Pedagogia
1959
Que é a física
Lisboa : Arcádia, D.L. 1959.(Arcádia; 2)
1968
Física para o povo
Coimbra : Atlântida, 1968. 2 vol. Capa de Gil Perdigão
1968
Ciências da natureza – 1 para o 1.º ano do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário
1.ª ed. – Lisboa : Sá da Costa, 1968 ; 2.ª ed., rev.: 1969 ; 3.ª ed., rev.: 1969 ; 4.ª ed.: 1970 ;
5.ª ed.: 1971 ; 6.ª ed. : 1971 ; 7.ª ed.: 1972 ; 8.ª ed.: 1973 ; 9.ª ed.: 1974 ;
10.ª ed., actualizada de acordo com o programa em vigor: 1975 ; 11.ª ed.: 1976.
1969 Ciências da natureza – 2 para o 2.º ano do Ciclo Preparatório do Ensino Secundário
1.ª ed. – Lisboa : Sá da Costa, 1969 ; 2.ª ed.: 1970 ; 3.ª ed.: 1970 ; 4.ª ed.: 1971 ;
5.ª ed.: 1972.
1981 A actividade pedagógica da Academia das Ciências de Lisboa nos séculos XVIII e XIX
Lisboa : Academia das Ciências de Lisboa, 1981. (Publicações do II centenário da Academia das Ciências de
Lisboa)
1986
História do Ensino em Portugal: desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de
Salazar-Caetano
1.ª ed. – Lisboa : Fund. Calouste Gulbenkian, imp. 1986 ; 2.ª ed.: 1996 ; 3.ª ed.: 2001.
1995 A Física no dia-a-dia
Lisboa : Relógio d’Água, D.L. 1995
História da Ciência
1947
1948
1979
A Ciência Hermética
Lisboa : Cosmos, imp. 1947 (Biblioteca Cosmos ; 115)
O Embalsamamento Egípcio
Lisboa : Cosmos, imp. 1948 (Biblioteca Cosmos ; 142-143)
Relações entre Portugal e a Rússia no século XVIII
1.ª ed. Lisboa : Sá da Costa, 1979 (Descobrir Portugal) Capa de Espiga Pinto.
1982
A física experimental em Portugal no século XVIII
1.ª ed. Lisboa : Inst. de Cultura e Língua Portuguesa, 1982. (Biblioteca breve ; 63)
1987
História do Gabinete de Física pombalino da Universidade de Coimbra : desde a sua fundação
(1772) até ao jubiléu [sic] do professor italiano Giovanni Antonio Dalla Bella (1790)
Coimbra : Univ. de Coimbra, 1987
1996
A Ciência Hermética (2ª Ed.)
Lisboa : Relógio d’Água, D.L. 1996
1996
Actividades científicas em Portugal no século XVIII
Évora : Univ. de Évora, 1996
1997 Colectânea de estudos históricos (1953-1994) : cultura e actividades científicas em Portugal
4. Évora : Univ. de Évora, 1997
Literatura para Jovens
1952
História da fotografia
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1952 (Ciência para gente nova ; 2)
1952
História do telefone
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1952 (Ciência para gente nova ; 1) 2.ª ed.: 1962.
1953
História dos balões
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1953 (Ciência para gente nova ; 3)
Capa de A. Alves Martins. 3.ª ed.: 1976.
1954
História da electricidade estática
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1954 (Ciência para gente nova ; 4)
Capa de A. Alves Martins. 2.ª ed.: 1973.
1955
História do átomo
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1955 (Ciência para gente nova ; 5)
Capa de A. Alves Martins. 3.ª ed.: 1979
1957
História da radioactividade
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1957 (Ciência para gente nova ; 7)
Capa de Alves Martins. 2.ª ed.: 1969
1962
História da energia nuclear
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1962 (Ciência para gente nova ; 9)
Capa de António Gedeão.
1962
História dos isótopos
1.ª ed. – Coimbra : Atlântida, 1962 (Ciência para gente nova ; 8)
Capa de António Gedeão.
1979
A descoberta do mundo físico
1.ª ed. – Lisboa : Sá da Costa, 1979 (Cadernos de iniciação científica ; 1)
1991
História dos balões
4.ª ed. – Lisboa : Relógio d’Água, D.L. 1991
1998
As origens de Portugal : história contada a uma criança
1.ª ed.– Lisboa : Fund. Calouste Gulbenkian,1998 ; 2.ª ed.: 1999 ; 3.ª ed.: 2003
Manuscritos
1960/1992
Bartolomeu de Gusmão: apontamentos
51p. 36 f. ; 21 x 15 cm + 79 f. ; máximo de 32,5 x 22 cm
196?/1969
Apontamentos retirados dos microfilmes que possuo dos documentos do «Portefeuille de J. de
L’Isle» do Arquivo do Observatório de Paris
p. 65 f. ; 22 x 16,5 cm
1965
O sentimento científico em Bocage
por António Gedeão.
27 p. 27 f. ; 26,3 x 14,5 cm
1968/1980
Arquivo Histórico Ultramarino
820 f. em 4 maços + 1 f. ; máximo de 22 x 17,6 cm
196?/198?
Bibliografia científica e técnica do século XVIII
455 p. 344 f. ; máximo 28,5 x 20,8 cm
Anterior
1974
Ensino liceal em Portugal
16 p. 16 f. ; 27 x 21 cm
1979
Bibliografia pedagógica, técnica e científica do século XVIII
2 maços ; 17 x 11 x 9 cm
198?
Obras de Pedagogia do século XVIII : [bibliografia]
250 p. 199 f. ; máximo 22 x 18 cm
5. 1994
No segundo centenário da ascensão aerostática do Capitão Lunardi, no Terreiro do Paço I
40 p. 32 f. ; 28,5 x 20 cm + 75 f. ; máximo de 30 x 21 cm
1996
O material etnográfico do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa
5 p., 1 f. dobr. ; 28,2 x 21 cm
Poesia da Infância e Juventude
1911
Maria é o 1.º nome
1 p. 1 f., 1 f. ; 14 x 6,4 cm
1912
Era uma vez um menino
1,1 p. 2 f. ; 11 x 15 cm
1915
Versos dedicados as desgraças por causa da carestia da vida
3 p. 1 f. dobr. 16,5 x 11 cm + 1 f. dobr. ; 22,5 x 17 cm
1917
Luziadas: canto XI : 1578-1580
3 p. 3 f., 1 f. dobr. ; 31,5 x 21,5 cm
1929
Lei da constância dos ângulos ; Como sabes, meu bem, a ciência
1, 2, 1 p. 2 f. ; 22,6 x 16 cm
Ficção da Infância e Juventude
1911
Um casamento [Transcrição de Noémia Gama de Carvalho].
2, 4 p. 3 f. dobr. ; máximo de 17,5 x 13 cm
1917
Amor impossível
3 p. 3 f., 1 f. dobr. ; 38,8 x 29,2 cm
1917
Vasco da Gama, 1469-1524 : peça em 5 actos
17 p. 10 f. : il. ; 22,5 x 21,5 cm
1927
A primeira paixão de Isidoro : novela
54 p. 54 f. ; 22 x 16 cm
1929
A mulher que não inventou o amor : tragédia conjugal em 3 actos
13 p. 9 f. ; 17 x 23 cm
1929
Os três mosqueteiros
16 p. 9 f. ; 17 x 23 cm
Outros Textos
1975
N.º de vezes que os poemas referidos foram tocados, em 1975 : [listagem]
1 p. 1 f. ; 21 x 15 cm
1985/1997
Memórias que para instrução e divertimento de seus tetranetos escreveu certa pobre criatura
que, entre milhares de milhões de outras, vagueou por este mundo na última centúria do
segundo milénio da era de Nosso Senhor Jesus Cristo
1100, 1, 8 p. em 5 maços ; 22 x 16 cm
Fontes
Pesquisa através do GOOGLE
ANA CAROLINA CASSONI. António é o meu nome. [Em linha]. s.l.: [Consult. 18-05-2013]
Disponível em WWW: ˂URL: http://www.romulodecarvalho.net/content/view/1/2/
Pesquisa através de DIRETÓRIO SAPO
FERNANDO REIS. INSTITUTO CAMÕES. Ciência em Portugal – Personagens e Episódios. Rómulo de
Carvalho (1906-1997). [Em linha]. Portugal: [Consult. 18-05-2013]
Disponível em WWW: ˂URL: http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p24.html