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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
FOTOGRAFIA
ANDRÉ LUÍS MORETTO
RETRATOS DA REAL BELEZA:
Um estudo sobre ensaios de sensualidade
ARARAQUARA – SP
2015
ANDRÉ LUÍS MORETTO
RETRATOS DA REAL BELEZA:
Um estudo sobre ensaios de sensualidade
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como exigência parcial para a
finalização do Curso de Especialização em
Fotografia pelo Centro Universitário de
Araraquara – Uniara.
Orientadora: Prof. Ms. Eduarda
Escila Ferreira Lopes
ARARAQUARA – SP
2015
DECLARAÇÃO
Eu, André Luís Moretto, declaro ser o (a) autor(a) do texto apresentado
Trabalho de Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em
Fotografia com o título “Retratos da Real Beleza, Um estudo sobre ensaios de
sensualidade”.
Afirmo, também, ter seguido as normas do ABNT referentes às citações
textuais que utilizei e das quais eu não sou o (a) autor (a), dessa forma, creditando a
autoria a seus verdadeiros autores.
Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre
o texto apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas
legais, no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto.
Araraquara, ___ de _______ de ______.
_____________________________________
Assinatura do autor (a)
André Luís Moretto
Retratos da Real Beleza: Um estudo sobre ensaios de sensualidade
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como exigência parcial para a
finalização do Curso de Especialização em
Fotografia pelo Centro Universitário de
Araraquara – Uniara.
Orientadora: Prof. Ms. Eduarda
Escila Ferreira Lopes
Data da defesa/entrega: ___/___/____
MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA:
Presidente e Orientador: Prof. Ms. Eduarda Escila Ferreira Lopes
Membro Titular:
Membro Titular:
Universidade.
Média______ Data: ___/___/____
Centro Universitário de Araraquara
Araraquara- SP
Dedico este trabalho a uma amiga mais que especial a qual amo muito e que
me despertou de um sono profundo.
E a meu psicoterapeuta que me ajudou a reconhecer minha real vocação.
AGRADECIMENTOS
Aos meus amigos que me apoiaram neste projeto;
À minha orientadora pela paciência com minhas dificuldades;
Aos modelos que foram de uma total generosidade de posar para realização da
pesquisa de campo deste projeto.
“Não fotografamos apenas apertando o botão, ao ato de fotografar levamos todos os
livros que lemos, os filmes que assistimos, as pessoas que amamos”.
Ansel Adams
RESUMO
Este trabalho visa fazer um estudo sobre fotografias de sensualidade e busca uma
visão acerca de belezas não padronizadas, realizada através de pesquisa de campo,
traz uma série de indagações e raciocínios sobre a beleza, erotismo e sensualidade,
mostrando estes como arte e não como pornografia ou como imagens vulgares.
Direcionando o olhar fotográfico para um âmbito poético e plástico. Intitulado Retratos
da Real Beleza, busquei demonstrar como cada mulher ou casal tem sua beleza
singular muitas vezes oculta do próprio retratado. Inspirado na campanha publicitária
de mesmo nome da marca Dove®
, busco mostrar este lado oculto de cada retratada,
mostrando que parâmetros de beleza e sensualidade são subjetivos e capaz de ser
experimentado por qualquer mulher.
Palavras-chave: Fotografia. Boudoir. Sensualidade. Beleza. Arte.
ABSTRACT
This work have as objective, to make a study about sensuality photography, and
searching for a view of a no patterned beauty, it was realized through a field ressearch,
brings a series of questions and thoughts about beauty, erotism and sensuality,
showing, those as art and not like pornography or like vulgar images. Directing the
photographic look to a poetical and plastical scope. Under a tittle Real Beauty Portraits,
tried to show how each women or couple have yours singular beauty that so many
times is hidden of the pictured itself. Inspired in a publicitary campaign under the same
tittle from the trademark Dove®
, I search to show this unseen side of each pictured
person, showing that beauty pattern and sensuality are subjective and are cappable to
be experienced by any women.
Keywords: Photography. Boudoir. Sensuality. Beauty. Art.
LISTA DE FOTOS
Foto 1: placa XXIX do álbum de Delacroix (1854), Eugène Durieu ..............................15
Foto 2: O Arco (1921), Frantisek Drtikol ............................................................................16
Foto 3: Estudo de movimento nº1 (1925), Rudolf Koppitz..............................................16
Foto 4: Composição (1929), Maurice Tabard ...................................................................17
Foto 5: O primado da matéria sobre o pensamento (1929), Man Ray .........................17
Foto 6: Nua na areia, Oceano (1936), Edward Weston ..................................................18
Foto 7: Pimentão nº 30 (1930), Edward Weston ..............................................................18
Foto 8: Mulher com garras (1937), Paul Outerbridge ......................................................19
Foto 9: Espartilho de Mainbrocher (1939), Horst P. Horst..............................................19
Foto 10: O Olhar sobre Sensualidade /Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8,
exposição: 1/40s, distancia focal: 50mm ...........................................................................30
Foto 11: Oculto nas Sombras/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f 22, exposição:
2s, distancia focal: 50mm.....................................................................................................30
Foto 12: Rosa e poesia/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s,
distancia focal: 50mm ...........................................................................................................31
Foto 13: Desejo/Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f4.5, exposição: 1/40s,
distância focal: 37mm ...........................................................................................................31
Foto 14: Nu e sombras/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f.22, exposição: 2s,
distancia focal: 50mm ...........................................................................................................32
Foto 15: Narcisa/Dados técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/15s,
distancia focal: 18mm ...........................................................................................................32
Foto 16: Nu e sombra Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f5.6, exposição: 1/40s,
distância focal: 50mm ...........................................................................................................33
Foto 17: O amanhecer/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/20s,
distancia focal: 50mm ...........................................................................................................33
Foto 18: Erotismo em Marmore/ Dados Técnicos: ISO: 320, abertura: f8, exposição:
1/50s, distancia focal: 50mm ...............................................................................................34
Foto 19: Notas de Cinzas/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição:
1/60s, distancia focal: 55mm ...............................................................................................35
Foto 20: Translúcido e aparente/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f9, exposição:
1/25s, distancia focal: 50mm ...............................................................................................35
Foto 21: Êxtase/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f18, exposição: 1/40s, distancia
focal: 18mm ............................................................................................................................36
Foto 22: Bela/Dados Técnicos: ISO: 640, abertura: f9, exposição: 1/40s, distancia
focal: 100mm ..........................................................................................................................36
Foto 23: Sorriso/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s,
distancia focal: 50mm ...........................................................................................................37
Foto 24: Curvas/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f22, exposição: 2s, distancia
focal: 35mm ............................................................................................................................38
Foto 25: A Guitarrista/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição: 1/60s,
distancia focal: 18mm ...........................................................................................................38
Foto 26: Introspecção/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f10, exposição: 1/40s,
distancia focal: 50mm ...........................................................................................................39
Foto 27: Olhar Oculto /Dados Técnicos: ISO: 200, abertura: f8, exposição: 1/40s,
distancia focal: 47mm ...........................................................................................................40
Foto 28: Sensualidade Implícita/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f13, exposição:
1/20s, distancia focal: 50mm ...............................................................................................40
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO .........................................................................................................13
2. FOTOGRAFIA SENSUAL ARTÍSTICA ................................................................14
2.1 A Beleza Subjetiva...................................................................................................... 21
2.2 Diferença entre Erotismo e Pornografia ...................................................................... 22
3. O OLHAR ARTÍSTICO SOBRE A BELEZA............................................................25
3.1 O belo e a Arte............................................................................................................ 25
4.A PESQUISA DE CAMPO .......................................................................................29
4.1 O resultado artístico.................................................................................................... 29
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................42
REFERÊNCIAS...........................................................................................................43
13
1.INTRODUÇÃO
A história, a filosofia e a psicologia, foram escolhidas como base para este, pois
nos levam a analisar como a sociedade pensava no passado, como encaramos os
fatos ou pensamos neles durante este período e como a sociedade vê e vive nos dias
atuais.
Retratos da real beleza, tenta mostrar que o belo pode estar em qualquer lugar,
objeto, vegetação, animal ou pessoa, desde que seja observado da maneira correta.
O olhar que busca mostrar que padrões de beleza são figuras impostas por
uma indústria capitalista que apenas quer vender a roupa, o cosmético, o estilo de
vida. Quando buscamos a beleza em sua essência, trazendo à tona aquilo que estava
oculto ou minimizado, encontramos com um leque de oportunidades de aprendizado
e de apreciação do belo que nunca havíamos observado.
O estudo está dividido em um breve relato histórico sobre a fotografia sensual,
onde houve uma modificação consistente sobre a arte da fotografia sensual, faremos
uma análise filosófica sobre a subjetividade da beleza diante de cada observador,
buscando conhecimento em Kant sobre a beleza e Jauss sobre a teoria da apreensão
estética. Por tratar de um tema ainda polêmico para a sociedade, acrescentei ao
estudo uma comparação entre erotismo e pornografia, onde busco mostrar o lado
psíquico do assunto. Dentro ainda da relação sensual e belo, faço um raciocínio sobre
o olhar artístico sobre a beleza e a relação que esta tem com cada observador. Por
último, demonstro através de uma pesquisa de campo o resultado destes ensaios e
as relações que foram gerados nos modelos participantes.
14
2. FOTOGRAFIA SENSUAL ARTÍSTICA
A fotografia sensual artística é uma linha de trabalho, onde deve ser mostrado
a beleza sem atingir a vulgaridade ou a pornografia, indo no limite do erotismo, onde
a mente e o desejo são instigados, porém, sem ferir os padrões morais de nossa
cultura. Muitas vezes este tipo de fotografia não mostra rosto ou o mostra de forma
parcial para que os (as) modelos(as) sejam preservados em sua identidade. Mesmo
quando a fotografia mostra um nu total, busca fazê-lo de maneira que fique agradável
aos olhos e que não seja de forma alguma vulgarizada. Logo na invenção da
fotografia, esta linha foi até meados do século XX colocada como obscena, porém os
artistas conseguiram quebrar este preconceito e hoje temos nesta linha uma versão
de arte muito apreciada.
Breve Relato Histórico da Fotografia Sensual:
O estudo histórico aqui levantado foi baseado na relevância do assunto e não
em uma ordem de mudanças de estilos ou gêneros. Em um amplo estudo realizado
foram selecionados pontos da história que influenciaram e modificaram a fotografia
com o tema de sensualidade ou nu artístico. Cada um dos fotógrafos historicamente
escolhidos são os que utilizei como base para este trabalho.
Muitas fotografias de nus, às vezes chamadas de études d´après nature
(estudos da natureza), podem ser categorizadas como pertencentes ao
âmbito da arte. São imagens cuidadosamente compostas, que se concentram
no corpo e nas quais um modelo pode estar coberto por tecido e iluminado
de modo a revelar as proporções e contornos da figura humana. (Hacking, J
- 2012).1
Em meados do século XIX a fotografia se tornou aliada das Belas-Artes, onde
muitos fotógrafos como Eugène Durieu (1800-1874), Julien Vallou Villeneuve (1795-
1866) e Giacomo Caneva (1813-1865) fotografavam para que pintores como
Delacroix, Gustave Courbet entre outros, criassem suas obras em cima daquela
fotografia. Como veremos na sequência um exemplo desta influência dentro do tema
nu artístico1.
Eugène Durieu (1800-1874), efetua um estudo sobre nus em conjunto com
Eugène Delacroix fotografando cerca de 32 poses, que vieram a ser utilizados por
1
HACKING, Juliet. Tudo Sobre Fotografia. Rio de Janeiro: Editora Geral, 2012.
15
Delacroix como inspiração para o famoso quadro Odalisca (1857). Este estudo fora
encontrado entre os pertences de Delacroix após sua morte em 1863. Época ainda
muito influenciada pelas belas artes e pelos grandes mestres, voltada a uma busca
pelo realismo, a fotografia deste período mostra a composição do real e casual
(Hacking, J - 2012).
“Às oito da noite fui ao estúdio de Durieu. Até as cinco da manhã, tudo o que
registramos foram poses” (Eugène Delacroix, Diário – 18 de junho de 1854)1
Foto 1: placa XXIX do álbum de Delacroix (1854), Eugène Durieu
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.82
Frantisek Drtikol (1883-1961), influenciado pela chegada do cubismo e da art
déco, onde as fotografias pictorialistas de foco suave, cabelos flutuantes deram lugar
a linhas puras, explorando as formas como ponto de expressão.
Sou inspirado por três coisas: decoratividade, movimento e a quietude e
expressão de linhas individuais. Uso então o fundo e objetos cênicos - objetos
simples como círculos, linhas ondulantes, colunas - combinando-os. Deixo a
beleza de própria linha causar impacto, sem adornos, suprimindo tudo o que
é secundário... ou então uso o corpo como um objeto decorativo,
posicionando-o em diferentes cenários e luzes. (Frantisek Drtikol, 1883-
1961).
16
Foto 2: O Arco (1921), Frantisek Drtikol
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.252.
Rudolf Koppitz (1884-1936), inicia um processo de estudos sobre movimentos
usando a tendência do ballet moderno como ponto de foco de seu estudo, neste
período as mulheres ocidentais ganham maior liberdade tanto legalmente como em
um maior acesso às escolas de artes. Transpondo as barreias do falso moralismo
existente na época, estas mulheres iniciam um processo de auto exposição e
subsequentemente de exploração de sua sensualidade, antes rechaçada pela
sociedade machista.
Foto 3: Estudo de movimento nº1 (1925), Rudolf Koppitz
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.253.
Maurice Tabard (1897-1984) e Man Ray (1890-1976), influenciados pelo
surrealismo de René Magritte e Philippe Soupault utilizam técnicas de solarização e
dupla exposição, onde criaram imagens de nus que beiram o surreal, escondendo
parte do corpo ou dando a intenção de um toque através de uma sombra sobreposta,
André Breton que publicou o Manifeste du surréalisme, achou que a arte
contemporânea precisava explorar o subconsciente humano usando preceitos da
psicanalise este estudo foi influenciado pela revolta da Primeira Guerra Mundial e
pelos transtornos causados pela visão da morte onde Breton observou de perto
quando trabalhou em um centro de traumatologia.
17
Foto 4: Composição (1929), Maurice Tabard
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.226.
Foto 5: O primado da matéria sobre o pensamento (1929), Man Ray
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.232.
Edward Steinchen (1879-1973), utiliza uma mulher nua toda ensaboada em
uma pose corporal toda retraída e torcida para “dar um ar” de sensualidade e ao
mesmo tempo esconder o erotismo da cena. Este trabalho foi criado para compor uma
campanha publicitária da Woodbury Soap. Edward Weston (1886-1958), influenciado
por um período de liberalismo sexual, fotografa uma de suas esposas em uma série
de nus nas areias de Santa Mônica na Califórnia. Retratando o real, porém composto
por uma plasticidade corporal onde a modelo contorce o corpo dando assim a forma
desejada e criando um efeito mais acentuado nas formas corporais. Carregada de um
erotismo que foi trazido por este período liberalista, contudo ainda assim com
delicadeza e sem vulgaridade, retrata o nu e a sensualidade sob uma visão poética e
sutil. Weston ainda utilizou este olhar pela sensualidade em várias de suas
composições de naturezas mortas tomando como exemplo o Pimentão Nº30.
18
Foto 6: Nua na areia, Oceano (1936), Edward Weston
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.254.
Foto 7: Pimentão nº 30 (1930), Edward Weston
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.282.
Paul Outerbridge (1896-1958), influenciado pelo modernismo francês dos anos
20, utiliza uma técnica de fotografia colorida, Outerbridge acreditava que os fotógrafos
de nus deveriam ser relativamente impessoais, constituindo um erro fatal uma ligação
pessoal com a modelo. O que observamos como sendo uma verdade parcial, pois
Weston, justamente conseguiu criar a coleção de nus na areia pela modelo ser
desinibida e ter uma intimidade com Weston por ser sua esposa. Outros tantos
fotógrafos contemporâneos como Bob Wolfenson busca nesta ligação uma conexão
que deixa a modelo mais livre para as poses.
19
Foto 8: Mulher com garras (1937), Paul Outerbridge
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.277.
Horst P. Horst (1906-1999), foi o único grande fotógrafo de moda do século XX,
cuja obra abrangeu os períodos de pré e pós-guerra, ele se inspirou na escola de
design de Bauhaus, no surrealismo e no neorromantismo, trazendo em sua obra a
sensualidade utilizada até hoje pela indústria da moda. Utilizando de estúdios, equipes
de decoração e experts em iluminação ele criou uma atmosfera romântica e sensual
sobre as fotografias de moda da época.
Foto 9: Espartilho de Mainbrocher (1939), Horst P. Horst
Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.266.
A partir do pós-guerra uma série de fotógrafos revitalizou o nu feminino,
tornando-se cada vez mais comum este gênero, este período foi marcado pelas
formas mais esguias de mulheres jovens, contudo sempre temos aqueles que se
distanciam dos padrões comuns. Dentre tantos nomes citarei alguns que foram fontes
20
desta pesquisa: Irving Penn (1917-2009), Bill Brandt(1904-1983), Harry
Callahan(1912-1999), Willy Ronis(1910-2009), Ruth Bernhard(1905-2006). O que
marcou este período quanto a este gênero fotográfico foi o fato de muitos destes
fotógrafos citados terem olhado para suas modelos como suas musas e muitas vezes
trabalhando com parceiras de longa data.
Nesta época se tornou comum para os fotógrafos explorarem certa
subjetividade artística, utilizando e explorando técnicas e novas estratégias. Willy
Ronis (1910-2009), apesar de ser um fotógrafo urbano, tem o nu permeando toda sua
obra, onde o seu olhar passa mais por um romantismo do propriamente dita uma
sensualidade ou um erotismo. Ruth Bernhard (1905-2006), foi uma das poucas
fotógrafas do século XX a colocar o nu feminino como gênero de destaque para as
artistas mulheres. Este tema foi alvo de estudo para Bernhard e sua obra foi
amplamente influenciada por Edward Weston (1886-1958).
Muitas vezes os nus fotográficos femininos, são uma referência para os
prazeres sexuais e são implícitos ou explícitos, nesta visão o corpo é tratado como
objeto. Na obra de Bernhard suas modelos são colocadas em poses modestas ao
invés de expô-las. Nossa mente é instigada a pensar por uma referência classicista
em uma escultura, onde se observa a perfeição, a singeleza, a graça e uma
sensualidade inerente e imaginativa.
No final dos anos 70 a fotografia de moda sofre um grande impacto pela visão
da sensualidade, glamour, luxo e ostentação, onde dependendo da obra os nus e a
moda se fundem, criando uma atmosfera difusa mista de sensualidade e desejo pelo
belo. Este conceito foi a maneira que a sociedade da época encontrou para provocar
ainda mais o consumismo do luxo e dos objetos de cobiça.
Historicamente a fotografia sensual ou de nu artístico, tem nos mostrado
diferentes padrões de beleza e de expressão da mesma, onde podemos observar a
mudança de estética de acordo com cada artista e modelo. O que nos leva a reflexão
de que: O belo é o mesmo para qualquer observador, ou ele está subjetivo ao seu
meio, cultura e convicções? Dentro deste questionamento, trago a lembrança de
mestres da pintura como Botticelli, que pintou mulheres nuas de curvas mais amenas
e Michelangelo que pintou seus modelos com base na perfeição clássica onde a
musculatura é toda definida. Dentro de cada obra existe um belo que é subjetivo aos
olhos de quem vê, a obra como um todo pode ser impecável e perfeita nos traços e
na composição, porém aquilo que foi retratado pode ou não ser belo aos olhos de
21
quem observa, tomemos como exemplo o quadro Monalisa de Da Vinci, a obra é
considerada uma das mais perfeitas em proporções harmônicas seguindo a sequência
de Fibonacci, porém o modelo retratado ali não é agradável aos olhos de todos. Em
consideração a este questionamento e utilizando a filosofia de Jauss e Kant iremos
demonstrar a seguir esta subjetividade.
2.1 A Beleza Subjetiva
Utilizando dos estudos de Hans Robert Jauss sobre a teoria da recepção
estética e os estudos sobre a beleza de Immanuel Kant, coloco que o belo é subjetivo
ao observador e totalmente ligado a sua visão de mundo, sua cultura, suas crenças e
seus gostos. Jauss coloca que na recepção estética temos o reconhecimento de um
sentimento intrínseco ao observador sendo este único e no momento em que
acontece a recepção.
[...] o prazer originado entre a oscilação e entre o eu e o objeto, oscilação pela
qual o sujeito se distância interessadamente de si, aproximando-se do objeto,
e se afasta interessadamente do objeto, aproximando-se de si. Distancia-se de
si, de sua continuidade, para estar no outro, como na experiência mística, pois
o vê a partir de si. (COSTA LIMA, 1979, p. 19)
Já Kant coloca como padrão de belo o que é natural, partindo deste ponto, e
deste estudo, coloco que realmente o belo está em quem observa e principalmente
naquilo que nos parece mais real.
O padrão estético de beleza atual, perseguido pelas mulheres, é
representado imageticamente pelas modelos esquálidas das passarelas e
páginas de revistas segmentadas, por vezes longe de representar saúde,
mas que sugerem satisfação e realização pessoal e, principalmente, aludem
à eterna juventude (BOHM, 2004, p.19).
Nem todo corpo ou toda mulher é capaz de se tornar este padrão, a partir deste
pressuposto quero através deste estudo provocar um princípio de conscientização
para que a beleza seja vista não como uma mulher artificial com o corpo totalmente
maquiado e editado por uma fotografia digital, muito longe de ser real.
A partir deste ponto, e através de uma pesquisa realizada em campo com
mulheres fora do padrão de beleza imposto pela indústria da moda, que são mais
22
bonitas e melhores de serem apreciadas, do que as que tem este padrão corporal
imposto.
Ao nos depararmos com esta situação a apreensão estética passa a ser
incorporada ao observador conforme suas convicções, sentimentos, emoções
gerando assim o gosto subjetivo pelo belo, onde a beleza passa a estar nos olhos de
quem vê. Segundo pesquisas realizadas pela Zogby International, os conceitos de
sensualidade estão mudando, o estudo mostra que a maioria dos homens preferem
mulheres naturais sem plásticas ou artifícios estéticos.
2.2 Diferença entre Erotismo e Pornografia
Erotismo segundo dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tem como
significado:
“1) estado de excitação sexual, 2) tendência a experimentar a excitação
sexual mais prontamente que a média das pessoas, 3) tendência a se ocupar
com ou de exaltar o sexo em literatura, arte ou doutrina, 4) estado de paixão
amorosa” (Houaiss, 2002)
No dicionário Michaelis:
“1) Caráter ou tendência eróticos. 2) Indução ou tentativa de indução de
sentimentos, mediante sugestão, simbolismo ou alusão, por uma obra de
arte. 3) Paixão sexual anormalmente insistente. ” (Michaelis, 2010)
Já pornografia segundo Houaiss tem como significado:
“1) estudo da prostituição, 2) coleção de pinturas ou gravuras obscenas, 3)
característica do que fere o pudor (numa publicação, num filme etc.);
obscenidade, indecência, licenciosidade, 4) qualquer coisa feita com o intuito
de ser pornográfico, de explorar o sexo tratado de maneira chula, como
atrativo (p.ex., revistas, fotografias, filmes etc.) Ex.: vende pornografias, fica
vendo p. pela televisão, 5) violação ao pudor, ao recato, à reserva,
socialmente exigidos em matéria sexual; indecência, libertinagem,
imoralidade, tendo como sinônimo indecência.” (Houaiss, 2002).
Já no dicionário Michaelis:
“1) Arte ou literatura obscena. 2) Tratado acerca da prostituição. 3) Coleção
de pinturas ou gravuras obscenas. 4) Caráter obsceno de uma publicação. 5)
Devassidão. ” (Michaelis, 2010)
Erotismo é uma forma de estimular o impulso sexual. O impulso sexual é o
componente psicossomático do comportamento sexual, é o afluxo vital das
23
energias sexuais; são semelhantes, porém não iguais aos instintos.
(Geantomasse, Fausto – 2007).
Uma imagem erótica vale milhões de palavras, não só pelo seu valor
descritivo, mas principalmente pelo seu valor simbólico. Portanto, como o
erotismo é uma palavra que pressupõe um conceito de arte e uma existência
da própria arte erótica. O Erotismo diz respeito ao belo, à estética sexual, a
arte de transformar corpos em obras de arte, este está sempre se
transformando, abrindo nossas percepções a novas experiências sensoriais.
Neste contexto o erotismo é considerado essencial, pois, é uma das forças
da psique em busca da auto realização, sendo assim, é impossível negar a
importância erótica do desejo, pois é por meio dele que a sexualidade pode
ser anunciada consciente. (Money in Zampieri,2004).
Ao definirmos psicologicamente o que é erotismo, coloco uma tênue linha que
separa este da pornografia, o erotismo é uma emoção e um estado de excitação
sexual que move tanto o sexo feminino como o masculino, embora de maneiras
diferentes, pois o erotismo feminino é mais alinhado às emoções, às paixões e o
masculino totalmente separado disto é o objeto de excitação simplesmente. Neste
ponto coloco a pornografia como sendo a relação sexual explicita propriamente dita
onde se faz valer o instinto animal, sem a preocupação mínima com os sentimentos
ou com o que vai gerar esta situação. Podemos também dizer que o erotismo é meio
e a pornografia o acessório sexual.
Com relação as imagens que estas duas categorias geram, poderíamos dizer
que o erotismo está mais para um desejo sexual sutil, presente em gestos, formas,
cheiros, toque e a pornografia está mais voltada para o impacto, brutalidade,
selvageria e para um impulso sexual mais primitivo.
A relação e a as divergências apontadas aqui, são baseadas na cultura
Judaico-cristã onde se tem um padrão de conduta moral.
Na fotografia, separaremos em três grupo, nu artístico, fotografia erótica e
pornografia, onde situamos cada uma da seguinte forma:
Nu artístico: Imagens que buscam mostrar a plasticidade corporal, mostrando
sim o corpo, porém a ênfase da imagem não é ele mesmo e sim a composição a pose
ou até mesmo a cena e que buscam instigar a imaginação, o corpo não é objeto e
passa ter uma conotação poética e romântica.
Fotografia Erótica: Imagens que buscam despertar o desejo sexual e instigar a
sexualidade, mais comumente representadas por nus completos em poses sensuais
que mostram implícita ou explicitamente o corpo como objeto.
Pornografia: Imagens que geram certo impacto, beirando o vulgar e a
imoralidade, normalmente plenas de cenas que nos remetem aos tempos mais antigos
24
onde os padrões e valores morais eram diferentes. Coloco então como sendo a
representação sexual do instinto animal do ser humano.
“A fotografia possibilitou uma profusão de imagens eróticas, desde o
provocativo até o obsceno. Em fotografias pornográficas, o rosto da modelo
poderia estar coberto e apenas sua genitália à mostra, ou ela poderia estar
envolvida em um ato libidinoso, geralmente com uma figura masculina. Em
muitas imagens as roupas da modelo encontram-se jogadas em um dos
cantos do quarto, chamando atenção para o ato de despi-las”. (Hacking,
Juliet. Tudo Sobre Fotografia. p83).
Contudo, em alguns pontos não é clara a separação entre o artístico e o
pornográfico, ficando mais ligada às convicções que o observador tem do que
propriamente a fotografia. Em consequência disto, vários fotógrafos acabaram por
deixar mais tênue esta linha entre estudos artísticos e pornografia na esperança de
evitar censura. Estas fotografias possuíam um erotismo muito maior que os estudos
acadêmicos, fotógrafos como Bruno Braquehais (1823-1875) costumavam intitular
seus nus como études académiques (estudos acadêmicos), porém retratavam as
modelos em poses provocantes2
.
Desta forma, temos que separar o sensual e o erótico artístico da pornografia,
para isto farei uma relação entre o belo e as artes, buscando o olhar artístico sobre a
beleza, diferenciando idealização e o real da beleza, por fim mostrando dentro da
pesquisa de campo através de ensaios sensuais e eróticos estabelecer uma linha
menos tênue entre os gêneros.
2
HACKING, Juliet. Tudo Sobre Fotografia. Rio de Janeiro: Editora Geral, 2012
25
3. O OLHAR ARTÍSTICO SOBRE A BELEZA
“Every Woman Is Beautiful!
My job, as an artist and photographer, is to release that special beauty and
capture it in an image that she will treasure for a lifetime”. (John G. Blair).
A apreensão estética da beleza é o que movimenta esta pesquisa, onde a o
foco foi a busca por vivenciar na fotografia, a extração de vários tipos de beleza sem
um olhar padronizado pelas imposições sociais. Na verdade, o que apenas pôde ser
experimentado é que o belo artístico é sutilmente diferenciado do belo padronizado.
Dentro da visão da beleza natural de Kant, é colocado o olhar poético ao capturar
cada imagem que estará contida neste estudo.
Onde foi verificado na prática que toda mulher fotografada tem uma beleza
singular e consequentemente a isto tive que fazer jus a frase supracitada de John G.
Blair, portanto fazer os observadores captarem a beleza conforme o olhar do fotografo,
e a essa colocando todas suas convicções, cultura, credo, enfim toda arte contida
neste.
3.1 O belo e a Arte
Todo critério de beleza utilizado pelas artes ocidentais foi baseado nos
fundamentos da arte grega, onde a visão central é o homem e a preocupação com a
perfeição era o foco principalmente no que tange a escultura e arquitetura3
.
O que podemos ver que até durante o renascimento onde a busca pelo real e
a representação da perfeição e do belo é extremamente acentuada. Neste caso o belo
intitula-se pelo realismo e pela verdade retratada e não pela beleza física
propriamente dita.
Neste período os artistas se instruíram para conhecimento da anatomia,
formação corpórea, tornando-se assim mestres na arte sendo senhores deste
conhecimento os artistas passam a ser autônomos tornando a pintura e a escultura
uma profissão reconhecida.
3
UNIARA. História da Arte Parte I. Araraquara, Disponível em:
<http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=57096>, acesso em 23 de maio de 2015.
UNIARA. História da Arte Parte I. Araraquara, Disponível em:
<http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=57509>, acesso em 23 de maio de 2015.
26
A arte ganha liberdade de expressão após a revolução francesa onde a
preocupação era em se expressar e não mais o belo nos padrões clássicos
propriamente dito. Segundo Pareyson (2001, p. 126), “a obra de arte tem um caráter
de historicidade (...) no sentido de que contém em si todo o passado, e não apenas a
arte precedente, na qual ela se inspira”.
Com a chegada da fotografia no século XIX, a visão do real e do belo começa
a ter nova conotação, onde a imagem captada é a representação do real e do
momento em que ela foi captada. As imagens tinham uma conotação documentarista
no início para depois tomar forma e galgar a linha das artes. A fotografia evolui muito
no início do século XX com câmeras mais portáteis e meios físicos, isto é, filmes mais
sensíveis e estáveis para o registro. Nos dias atuais a qualidade das imagens beira o
que chamamos de hiper-real. O belo na fotografia passa a ser analisado como arte e
não como um documento, onde o observador olha o contexto geral da composição
para a apreensão estética da mesma, deixando assim aberto aos olhos de quem vê a
subjetividade da beleza.
“Não se tem que simpatizar minimamente com a existência da coisa, mas ser
a esse respeito completamente indiferente para em matéria de gosto
desempenhar o papel de juiz” (KANT, 2005, 7, p. 50).
Kant nos coloca como juízes desta apreensão cabendo a nós observadores
escolher e julgar o que é belo ou não aos nossos olhos. Contudo a observância não é
realmente pelos olhos do observador e sim pelos olhos do artista que realizou o
trabalho, neste paradoxo passamos a fazer a apreensão estética observando algo
pelos olhares de outro observador, a partir daí interpretando a obra e fazendo o juízo
do belo.
“A única viagem verdadeira, a única fonte da juventude, não estaria em dirigir-
se para novas paisagens, mas, com outros olhos, ver o universo com olhos
de outros” (PROUST, apud BRASSAÏ, p. 49).
Proust, nos leva a fazer esta relação entre o nosso olhar e a nossa apreensão
do objeto e o olhar do artista, onde podemos conotar a seguinte afirmação: Ao meu
gosto a obra não é bonita, porém podemos dizer que é bela pela composição e pelo
olhar do artista (Proust, apud Brassaï, 2005)4
.
4
BRASSAÏ, Gilbert. Proust e a fotografia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
27
Como embasamento para a afirmação acima coloco um raciocínio sobre gosto,
muitos não gostam da obra de Pollock mas apreciam Picasso ou Matisse, não tirando
a qualidade artística de nenhum deles, colocamos o gosto como gerador da reação e
da emoção que a obra proporcionou ao observador, criando assim a apreensão
estética e especificação do gosto segundo o observador, trazendo à tona sensações
ou emoções que somente aquele indivíduo consegue distinguir ao ver tal obra, e estes
tem significado somente para ele.
Segundo Croce “o artista produz uma imagem ou fantasma; e quem aprecia a
arte dirige o olhar para o ponto que o artista lhe apontou, olha pela fresta que ele lhe
abriu e reproduz em si aquela imagem”, (CROCE, 1912, p.35). O observador cria em
si um conceito e relaciona as noções de gosto, de equilíbrio, de harmonia e de
perfeição da obra, porém cabe ao artista instigar o olhar na direção correta, levar o
observador a se perguntar porque esta obra me causa esta sensação ou esta emoção.
“Falará, pois, do belo como se a beleza fosse uma qualidade do objeto e o
juízo fosse lógico (constituindo através de conceitos do objeto um
conhecimento do mesmo), conquanto seja somente estético e contenha
simplesmente uma referência da representação do objeto ao sujeito” (KANT,
2005, 18, p. 56).
Kant, nos coloca na posição de apreender sem a interferência das emoções,
sendo o juízo uma resolução lógica e calculada. Contudo, psiquicamente na realidade
não conseguimos deixar a emoção de lado, o que aquela obra em especial provocou
em seu observador, quais os sentidos que ela aguçou ou qual a emoção que ela
aflorou naquele limiar de tempo em que foi apreciada.
O belo a ser admirado em uma obra está sempre relacionado a emoção que
ela provoca no observador, lembrando que este é o segundo observador, pois o que
queremos ressaltar é que o artista já fez a primeira observação e já determinou aquilo
que ele quer que o observador aprecie.
Na questão fotográfica segundo Assouline “Quanto a Cartier-Bresson, seu
estado de espírito se resume a uma dessas fórmulas cujo segredo ele detém:
“Fazemos uma pintura ao tirarmos uma foto”.”. (ASSOULINE, 2009, p. 67).
Cartier-Bresson, nos dá a fórmula de que a fotografia é uma real representação
artística, e que a cada composição, pose ou momento, estamos a orquestrar uma obra
de arte. Para que esta seja real o olhar do fotógrafo deve ser para o artístico e não
simplesmente comum como apontar e disparar.
28
“O olhar do fotógrafo está sempre avaliando. Um fotógrafo pode captar a
coincidência de linhas simplesmente ao mover a cabeça uma fração de
milímetro. Pode modificar a perspectiva com um leve dobrar de joelhos. Ao
colocar a câmara próxima ou distante do objeto, o fotógrafo pode desenhar
um detalhe – ao qual toda a imagem pode ficar subordinada ou ainda que
tiranize quem faz a foto. De qualquer modo, o fotógrafo compõe a foto na
mesma duração de tempo que leva para apertar o disparador, na velocidade
de um ato reflexo”. (CARTIER-BRESSON, 2010, Apud: Assouline, 2009).
Exatamente neste ponto, quero abordar a importância deste olhar e deste
momento, onde em uma fração de segundos define se a imagem será de um belo
sorriso ou de um rosto comum, o olhar dirigido ao objeto que se tornará uma obra,
deve ser contido de todas as emoções, conhecimentos, paixões, sensações e crenças
do artista, para que nela seja impressa todos estes sentimentos.
O olhar artístico sobre a beleza, nada mais é que procurar em cada momento
de captura de imagem a visão sobre o que é belo naquele objeto, mostrando que aos
olhos daquele artista o belo está ali esperando para ser visto, impulsionando-nos a
olhar com estes mesmos olhos, porém como dito anteriormente, o belo está nos olhos
de quem vê, portanto o que é belo para o artista, com certeza não o será para tantos
outros ou vice-versa.
No lirismo romântico e trovador há a idealização da mulher e da beleza, os poetas
fazem com que criemos em nossa mente cenas e personagens que possuem belezas
indescritíveis, com certo surrealismo e nos leva a idealizar esta figura. Quando nos
deparamos com imagens que falam mais que a própria imagem temos este lirismo
que incorporamos a arte visual. Ainda na visão poética, podemos observar que
colocamos nossos sentimentos, paixões, amores, o que lemos e o que vivenciamos
na obra, criando um visual romantizado da imagem sensual ao qual está relacionada.
Dentro desta possibilidade de poetizar a imagem, pode ser observado e
captado a essência de tipos diferentes de mulheres criando uma atmosfera romântica
e poética, mostrando a beleza individual e singular de cada mulher ou casal retratado.
Tirando o foco do nu e do sensual para uma imagem mais artística, onde desta
imagem observamos certo romantismo poético, nos levando a olhar aquela
composição de maneira sutil e delicada. Como será mostrado na sequência deste
estudo a pesquisa de campo realizada.
29
4. A PESQUISA DE CAMPO
Para realização deste estudo, foram efetuados treze ensaios fotográficos com
mulheres e casais, para fazer uma experimentação sobre esta linha de fotografia. Em
sua totalidade todos os retratados nunca haviam tido experiência com fotografias
sensuais, nus artísticos ou como o mercado chama de fotografia boudoir. Estes “não-
modelos” foram escolhidos em meio a pessoas normais do cotidiano, pessoas de
belezas singulares. Inicialmente escolhendo pessoas do rol de amigos do fotografo,
pessoas estas que já conheciam o mesmo e que tem confiança no profissional, ao
expor a ideia do projeto que consistia em retratar a beleza real de cada retratado com
sensualidade sem vulgaridade e sem retoques digitais nas mesmas. Foi a partir desta
hipótese que as pessoas aceitaram participar deste projeto. A partir dos dois primeiros
ensaios, o resultado foi mostrado para outras pessoas que começaram a indicar
possíveis “modelos”.
4.1 O resultado artístico
Os ensaios que serão apresentados a seguir não seguem uma ordem está
apenas relacionado para dar ênfase ao texto. Buscando mostrar cada beleza em
estilos e linguagens diferentes, os ensaios foram realizados tanto em estúdio como
em ambiente externo.
Como inspiração para estes ensaios pesquisei o estilo, linguagens e portfólio
de vários fotógrafos como por exemplo, Bob Wolfenson, Nadav Kander, Edward
Weston, Christa Meola e John G. Blair, buscando não inspiração na composição, mas
sim no olhar de cada um sobre a beleza e a sensualidade.
Em cada retrato buscou-se dar certa plasticidade ao corpo, ou focando apenas
na expressividade do retratado onde este transmitia a própria sensualidade apenas
com a expressão e não com o corpo. Quando mostrado o corpo todo ou nu procurei
na cena colocar o retratado em poses que buscavam uma contorção corporal que em
alguns casos nos remetem ao estilo clássico de esculturas.
Quando a imagem fala mais que o próprio retrato, podemos perceber a
experiência estética e a apreensão para o belo artístico, onde novamente chamo o
observador a olhar a obra através de meus olhos para cada estilo ou característica
30
dos retratados, utilizando de delicadeza e sutiliza, capturo cada momento sem deixar
a retratada constrangida ou insatisfeita com o resultado.
Foto 10: O Olhar sobre Sensualidade /Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/40s,
distancia focal: 50mm
Fonte: André Luís Moretto, 10 de novembro de 2014.
Foto 11: Oculto nas Sombras/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f 22, exposição: 2s, distancia
focal: 50mm
Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014.
Buscando no momento da captura mostrar a singularidade da beleza e
sensualidade de cada retratada e utilizando de sombras ou luz de forma que deixe a
composição sensual, porém não vulgar, em alguns casos, chegando até a criar uma
31
atmosfera de romance ou transparecendo um erotismo ou desejo sexual, porém ainda
assim sem deixar que as imagens beirem a pornografia ou vulgar, tornando assim a
imagem em arte.
Foto 12: Rosa e poesia/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s, distancia focal:
50mm
Fonte: André Luís Moretto,10 de novembro de 2014
Foto 13: Desejo/Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f4.5, exposição: 1/40s, distância focal: 37mm
Fonte: André Luís Moretto, 17 de janeiro de 2015
32
Foto 14: Nu e sombras/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f.22, exposição: 2s, distancia focal:
50mm
Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014.
Trabalhando com várias técnicas e locações para que os retratados se
sentissem à vontade para fazer as fotos e para que eu extraísse o máximo de cada
um deles. Criando situações poéticas e que nos remetem às grandes obras clássicas.
Foto 15: Narcisa/Dados técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/15s, distancia focal: 18mm
Fonte: André Luís Moretto, 06 de dezembro de 2014
33
Foto 16: Nu e sombra Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f5.6, exposição: 1/40s, distância focal:
50mm
Fonte: André Luís Moretto, 18 de janeiro de 2015
Foto 17: O amanhecer/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/20s, distancia focal:
50mm
Fonte: André Luís Moretto, 16 de dezembro de 2014.
O estudo em cima do erotismo e sensualidade tentando buscar acentuar a
diferença entre essas e a pornografia, de forma que o observador pudesse perceber
que o que está vendo não é nem perto de ser pornografia e sim fotos sensuais e
eróticas artísticas, teve como base os portfolios de Bob Wolfenson e Nadav Kander.
No portfólio de Wolfenson, observamos toda esta sensualidade e erotismo em suas
fotos de moda, onde ele passa a explorar até o seminu das modelos para dar a ênfase
a sensualidade da roupa, sem deixar que a foto apesar de ser publicitária perca seu
caráter artístico pela composição em si. Já no de Kander, observamos certa
34
plasticidade, chegando até a um exagero nas formas, mas ainda tendo como visão a
arte.
Como foi para você fazer parte deste projeto fotográfico?
“Interessante e desinibido. Me mostrou um lado meu que eu não via”.
(Relato de M.C.S.)
Foto 18: Erotismo em Marmore/ Dados Técnicos: ISO: 320, abertura: f8, exposição: 1/50s, distancia
focal: 50mm
Fonte: André Luís Moretto, 17 de janeiro de 2015
Ao estudar um pouco da história de Edward Weston e seu portfólio, pude
observar que ele tinha um laço afetivo de relacionamento com a maioria de suas
modelos, e que na maioria de suas fotos mais artísticas ele retratava suas esposas,
facilitando assim obter o que ele queria. Partindo deste pressuposto que foi feita a
escolha das pessoas que gostaria de fotografar, com exceção de dois ensaios, todos
foram com pessoas que faziam parte de meu rol de amizade, porém com estas duas
modelos, tive uma experiência muito agradável no sentido de perceber o quanto eu
estava sendo imparcial e profissional para lidar com a situação de forma que não
ficasse uma situação constrangedora para as modelos.
35
Foto 19: Notas de Cinzas/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição: 1/60s, distancia focal:
55mm
Fonte: André Luís Moretto, 04 de fevereiro de 2015.
Foto 20: Translúcido e aparente/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f9, exposição: 1/25s, distancia
focal: 50mm
Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014
Participar deste projeto agregou algo a sua vida?
“Sim, agregou. A proposta das fotos nos mostra que somos mulheres reais,
e cada uma de nos é linda a sua própria maneira”.
(Relato de A.S.S.)
36
Foto 21: Êxtase/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f18, exposição: 1/40s, distancia focal: 18mm
Fonte: André Luís Moretto, 18 de janeiro de 2015
Como foi para você se ver pelos olhos de outra pessoa?
“A sensação é indescritível. O resultado para mim foi surpreendente”.
(Relato de L.C.)
Foto 22: Bela/Dados Técnicos: ISO: 640, abertura: f9, exposição: 1/40s, distancia focal: 100mm
Fonte: André Luís Moretto, 18 de janeiro de 2015
Participar deste projeto agregou algo a sua vida?
“Com certeza. Ao realizar as fotos me senti poderosa, sensual. E senti uma
alegria muito grande em ver o resultado das fotos. Acho que toda mulher
ficaria muito feliz em fazer um ensaio sensual e descobrir que dentro dela
existe uma mulher poderosa que muitas vezes passa despercebida por ela
mesma”.
(Relato de G.A.)
Partindo do ponto de quebrar paradigmas dos padrões de beleza, pude
fotografar vários estilos de mulheres todas com sua carga de sensualidade e beleza
específicas e inerentes somente a elas. Em várias situações eu as escutava falar,
“mas eu não sou fotogênica” ou “não sei ser sensual”, em todos os casos eu
respondia, “este é o meu trabalho, mostrar que você é bonita ou fotogênica e que tem
sua própria sensualidade”.
37
Foto 23: Sorriso/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s, distancia focal: 50mm
Fonte: André Luís Moretto, 16 de dezembro de 2014.
Como foi para você se ver pelos olhos de outra pessoa?
“Diferente, um pouco inibidor, mas também surpreendente”.
(Relato de A.C.C.G.)
Enfim, quando buscamos a beleza, podemos dizer, que além dos padrões a
beleza está dentro de nós mesmos e a partir daí, abrimos um leque de oportunidades
de mostrar esta beleza, seja ela em um olhar, na curva do corpo ou até em um simples
sorriso, ela está ali e muitas vezes escondida de nós mesmos. E tudo se resume ao
fato de que reconhecer o belo está no poder de quem observa para buscar onde está
esta beleza que parecia escondida. “Eu não gostava de meu sorriso, até ver esta foto
que você fez de mim”. (Relato de Amanda Sestito durante o ensaio).
38
Foto 24: Curvas/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f22, exposição: 2s, distancia focal: 35mm
Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014
Foto 25: A Guitarrista/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição: 1/60s, distancia focal:
18mm
Fonte: André Luís Moretto, 04 de fevereiro de 2015
“Sob a lente e o olhar feminino”. “A mulher que se ama e que possui em sua
essência a feminilidade consegue se enxergar além do espelho, sobretudo a
que está se vendo nas questões afetivas. O olhar feminino está a serviço da
beleza e do quanto a alma se refaz a cada visão que se tem de si mesmo. O
espelho traz a luz e a direção da mulher que, de alguma forma, perdeu sua
vaidade devido a problemas outros que a fizeram deixar de se olhar e de se
sentir na sua feminilidade, doçura e sensualidade. O importante é reaver esse
lindo olhar de si mesma, através do autoconhecimento, do olhar interno e da
luz que abre caminhos para uma nova descoberta de si mesma. O tesouro
da alma feminina é se reconhecer no seu encanto e criatividade é estar aberta
ao novo e as possibilidades que o espelho e a fotografia, magicamente, e
quase que instantaneamente, transforma o imaginário em real a tempo hábil
de facilitar o encontro feliz da essência com a imagem. Nada é fora tudo está
39
dentro da alma e da essência de mulher e que, em momentos, perde seu
brilho, no entanto internamente brilha e se intensifica diante das superações
e da confiança em suas potencialidades e habilidades. O feio é o belo e o
belo é o feio, visão sob o olhar da autoestima dilacerada por um olhar perdido
de si mesma e que a lente do fotógrafo é capaz de resgatar e de estimular a
mulher a ser linda e bela, assim como a flor que amanhece a cada brilho do
sol. A fotografia tem essa rica função de resgatar a beleza feminina e iluminar
o que de mais belo há no olhar, no corpo, no sorriso, e na delicadeza
vinculada a uma sensualidade única da alma feminina. A mulher que é capaz
de se enxergar nas suas dificuldades consegue se sentir forte e poderosa e
nenhuma lente desfocada é capaz de retirar sua força e brilho, pois cultiva
recursos internos da sua beleza feminina e pela lente de uma máquina
fotográfica é, timidamente, reproduzida diante da grandiosidade de uma alma
que se ama e se nutre de delicadezas, amorosidade, sonhos e belezas. Olhar
para si mesma requer coragem e sob o olhar do fotógrafo intensifica-se a
magia desse belo e lindo encontro de amor consigo e com a vida, sua história
e realizações”. (Luciana Nazar Ramoneda, Psicóloga e Pedagoga em
entrevista realizada 18 de maio de 2015).
Foto 26: Introspecção/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f10, exposição: 1/40s, distancia focal:
50mm
Fonte: André Luís Moretto, 06 de dezembro de 2014
40
Foto 27: Olhar Oculto /Dados Técnicos: ISO: 200, abertura: f8, exposição: 1/40s, distancia focal:
47mm
Fonte: André Luís Moretto,10 de novembro de 2014
Foto 28: Sensualidade Implícita/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f13, exposição: 1/20s, distancia
focal: 50mm
Fonte: André Luís Moretto, 04 de dezembro de 2014
Um ensaio sobre a sensualidade pode, como pudemos observar no relato da
psicóloga Luciana Nazar Ramoneda, melhorar a autoestima feminina, e por que não
dizer também o mesmo para o sexo masculino, porém apenas a mulher foi alvo de
estudo nesta pesquisa de campo. Vários estudos e matérias de jornais e revistas vem
relatando que quando fotografadas de maneira a se sentirem belas, as mulheres têm
41
um ganho de confiança, trazendo assim além de um agregador ao fator arte, também
traz um ganho emocional e psíquico para a “modelo”.
42
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi uma pequena tentativa de mostrar que erotismo, sensualidade,
podem ser mostrados como arte, sem vulgarizar ou denegrir a imagem e a
sensualidade feminina, tirando-a do objeto sexual, para o belo e o artístico. Ao
retratarmos o real trazemos esta beleza verdadeira aos olhos dos observadores,
mostramos a ele uma forma de belo, onde não se faz necessário retoques, onde as
curvas de uma barriga ou pequenas alterações na pele por uma celulite, não tornam
a mulher feia e sim real, um real palpável onde ela pode ser objeto de desejo do
observador, com qualquer imperfeição que tenha sido imposta pela sociedade ou pelo
padrão de beleza irreal colocada pelas fotografias de moda ou eróticas expostas em
revistas, pois diferente delas, as mulheres reais estão ao nosso redor, uma amiga,
uma conhecida, enquanto aquela da revista nós nunca veremos.
Dentro deste estudo percebemos que quando uma mulher começa a ver o
resultado durante a sessão de uma foto ou outra que mostramos a ela, e a mesma vai
se sentindo bonita, elas vão se soltando e deixando meu olhar artístico guiar a sessão,
de forma que eu consiga extrair o máximo da beleza contida nela.
O belo artístico, o belo real, está realmente aos olhos de quem vê, trazendo à
tona todas nossas crenças e nossas realizações, tornando este belo subjetivo em arte.
43
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509>, acesso em 23 de maio de 2015.
UNIARA. Estética Parte I. Araraquara, Disponível em:
<http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=56
206>, acesso em 23 de maio de 2015.
UNIARA. Estética Parte II. Araraquara, Disponível em:
<http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=56
519>, acesso em 23 de maio de 2015.
45
UNIARA. Linguagens Fotográficas Parte I. Araraquara, Disponível em:
<http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=61
352>, acesso em 23 de maio de 2015.
UNIARA. Linguagens Fotográficas Parte II. Araraquara, Disponível em:
<http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=61
355>, acesso em 23 de maio de 2015.
ZAMPIERE, Ana Maria Fonseca. Erotismo, Sexualidade, Casamento e
Infidelidade. São Paulo: ÁGORA, 2004.
WIKIPÉDIA. Beleza, 28 de abril de 2015. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Beleza>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015.
Werner, João. Conceito estético da "imaginação". Disponível em:
<http://www.auladearte.com.br/estetica/imaginacao.htm#axzz2wxdkyfmf >. Acesso
em 24 de fevereiro de 2015.

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Retratos da Beleza Real

  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FOTOGRAFIA ANDRÉ LUÍS MORETTO RETRATOS DA REAL BELEZA: Um estudo sobre ensaios de sensualidade ARARAQUARA – SP 2015
  • 2. ANDRÉ LUÍS MORETTO RETRATOS DA REAL BELEZA: Um estudo sobre ensaios de sensualidade Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do Curso de Especialização em Fotografia pelo Centro Universitário de Araraquara – Uniara. Orientadora: Prof. Ms. Eduarda Escila Ferreira Lopes ARARAQUARA – SP 2015
  • 3. DECLARAÇÃO Eu, André Luís Moretto, declaro ser o (a) autor(a) do texto apresentado Trabalho de Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em Fotografia com o título “Retratos da Real Beleza, Um estudo sobre ensaios de sensualidade”. Afirmo, também, ter seguido as normas do ABNT referentes às citações textuais que utilizei e das quais eu não sou o (a) autor (a), dessa forma, creditando a autoria a seus verdadeiros autores. Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre o texto apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto. Araraquara, ___ de _______ de ______. _____________________________________ Assinatura do autor (a)
  • 4. André Luís Moretto Retratos da Real Beleza: Um estudo sobre ensaios de sensualidade Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do Curso de Especialização em Fotografia pelo Centro Universitário de Araraquara – Uniara. Orientadora: Prof. Ms. Eduarda Escila Ferreira Lopes Data da defesa/entrega: ___/___/____ MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: Presidente e Orientador: Prof. Ms. Eduarda Escila Ferreira Lopes Membro Titular: Membro Titular: Universidade. Média______ Data: ___/___/____ Centro Universitário de Araraquara Araraquara- SP
  • 5. Dedico este trabalho a uma amiga mais que especial a qual amo muito e que me despertou de um sono profundo. E a meu psicoterapeuta que me ajudou a reconhecer minha real vocação.
  • 6. AGRADECIMENTOS Aos meus amigos que me apoiaram neste projeto; À minha orientadora pela paciência com minhas dificuldades; Aos modelos que foram de uma total generosidade de posar para realização da pesquisa de campo deste projeto.
  • 7. “Não fotografamos apenas apertando o botão, ao ato de fotografar levamos todos os livros que lemos, os filmes que assistimos, as pessoas que amamos”. Ansel Adams
  • 8. RESUMO Este trabalho visa fazer um estudo sobre fotografias de sensualidade e busca uma visão acerca de belezas não padronizadas, realizada através de pesquisa de campo, traz uma série de indagações e raciocínios sobre a beleza, erotismo e sensualidade, mostrando estes como arte e não como pornografia ou como imagens vulgares. Direcionando o olhar fotográfico para um âmbito poético e plástico. Intitulado Retratos da Real Beleza, busquei demonstrar como cada mulher ou casal tem sua beleza singular muitas vezes oculta do próprio retratado. Inspirado na campanha publicitária de mesmo nome da marca Dove® , busco mostrar este lado oculto de cada retratada, mostrando que parâmetros de beleza e sensualidade são subjetivos e capaz de ser experimentado por qualquer mulher. Palavras-chave: Fotografia. Boudoir. Sensualidade. Beleza. Arte.
  • 9. ABSTRACT This work have as objective, to make a study about sensuality photography, and searching for a view of a no patterned beauty, it was realized through a field ressearch, brings a series of questions and thoughts about beauty, erotism and sensuality, showing, those as art and not like pornography or like vulgar images. Directing the photographic look to a poetical and plastical scope. Under a tittle Real Beauty Portraits, tried to show how each women or couple have yours singular beauty that so many times is hidden of the pictured itself. Inspired in a publicitary campaign under the same tittle from the trademark Dove® , I search to show this unseen side of each pictured person, showing that beauty pattern and sensuality are subjective and are cappable to be experienced by any women. Keywords: Photography. Boudoir. Sensuality. Beauty. Art.
  • 10. LISTA DE FOTOS Foto 1: placa XXIX do álbum de Delacroix (1854), Eugène Durieu ..............................15 Foto 2: O Arco (1921), Frantisek Drtikol ............................................................................16 Foto 3: Estudo de movimento nº1 (1925), Rudolf Koppitz..............................................16 Foto 4: Composição (1929), Maurice Tabard ...................................................................17 Foto 5: O primado da matéria sobre o pensamento (1929), Man Ray .........................17 Foto 6: Nua na areia, Oceano (1936), Edward Weston ..................................................18 Foto 7: Pimentão nº 30 (1930), Edward Weston ..............................................................18 Foto 8: Mulher com garras (1937), Paul Outerbridge ......................................................19 Foto 9: Espartilho de Mainbrocher (1939), Horst P. Horst..............................................19 Foto 10: O Olhar sobre Sensualidade /Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/40s, distancia focal: 50mm ...........................................................................30 Foto 11: Oculto nas Sombras/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f 22, exposição: 2s, distancia focal: 50mm.....................................................................................................30 Foto 12: Rosa e poesia/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s, distancia focal: 50mm ...........................................................................................................31 Foto 13: Desejo/Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f4.5, exposição: 1/40s, distância focal: 37mm ...........................................................................................................31 Foto 14: Nu e sombras/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f.22, exposição: 2s, distancia focal: 50mm ...........................................................................................................32 Foto 15: Narcisa/Dados técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/15s, distancia focal: 18mm ...........................................................................................................32 Foto 16: Nu e sombra Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f5.6, exposição: 1/40s, distância focal: 50mm ...........................................................................................................33 Foto 17: O amanhecer/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/20s, distancia focal: 50mm ...........................................................................................................33 Foto 18: Erotismo em Marmore/ Dados Técnicos: ISO: 320, abertura: f8, exposição: 1/50s, distancia focal: 50mm ...............................................................................................34 Foto 19: Notas de Cinzas/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição: 1/60s, distancia focal: 55mm ...............................................................................................35 Foto 20: Translúcido e aparente/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f9, exposição: 1/25s, distancia focal: 50mm ...............................................................................................35
  • 11. Foto 21: Êxtase/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f18, exposição: 1/40s, distancia focal: 18mm ............................................................................................................................36 Foto 22: Bela/Dados Técnicos: ISO: 640, abertura: f9, exposição: 1/40s, distancia focal: 100mm ..........................................................................................................................36 Foto 23: Sorriso/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s, distancia focal: 50mm ...........................................................................................................37 Foto 24: Curvas/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f22, exposição: 2s, distancia focal: 35mm ............................................................................................................................38 Foto 25: A Guitarrista/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição: 1/60s, distancia focal: 18mm ...........................................................................................................38 Foto 26: Introspecção/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f10, exposição: 1/40s, distancia focal: 50mm ...........................................................................................................39 Foto 27: Olhar Oculto /Dados Técnicos: ISO: 200, abertura: f8, exposição: 1/40s, distancia focal: 47mm ...........................................................................................................40 Foto 28: Sensualidade Implícita/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f13, exposição: 1/20s, distancia focal: 50mm ...............................................................................................40
  • 12. SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO .........................................................................................................13 2. FOTOGRAFIA SENSUAL ARTÍSTICA ................................................................14 2.1 A Beleza Subjetiva...................................................................................................... 21 2.2 Diferença entre Erotismo e Pornografia ...................................................................... 22 3. O OLHAR ARTÍSTICO SOBRE A BELEZA............................................................25 3.1 O belo e a Arte............................................................................................................ 25 4.A PESQUISA DE CAMPO .......................................................................................29 4.1 O resultado artístico.................................................................................................... 29 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................42 REFERÊNCIAS...........................................................................................................43
  • 13. 13 1.INTRODUÇÃO A história, a filosofia e a psicologia, foram escolhidas como base para este, pois nos levam a analisar como a sociedade pensava no passado, como encaramos os fatos ou pensamos neles durante este período e como a sociedade vê e vive nos dias atuais. Retratos da real beleza, tenta mostrar que o belo pode estar em qualquer lugar, objeto, vegetação, animal ou pessoa, desde que seja observado da maneira correta. O olhar que busca mostrar que padrões de beleza são figuras impostas por uma indústria capitalista que apenas quer vender a roupa, o cosmético, o estilo de vida. Quando buscamos a beleza em sua essência, trazendo à tona aquilo que estava oculto ou minimizado, encontramos com um leque de oportunidades de aprendizado e de apreciação do belo que nunca havíamos observado. O estudo está dividido em um breve relato histórico sobre a fotografia sensual, onde houve uma modificação consistente sobre a arte da fotografia sensual, faremos uma análise filosófica sobre a subjetividade da beleza diante de cada observador, buscando conhecimento em Kant sobre a beleza e Jauss sobre a teoria da apreensão estética. Por tratar de um tema ainda polêmico para a sociedade, acrescentei ao estudo uma comparação entre erotismo e pornografia, onde busco mostrar o lado psíquico do assunto. Dentro ainda da relação sensual e belo, faço um raciocínio sobre o olhar artístico sobre a beleza e a relação que esta tem com cada observador. Por último, demonstro através de uma pesquisa de campo o resultado destes ensaios e as relações que foram gerados nos modelos participantes.
  • 14. 14 2. FOTOGRAFIA SENSUAL ARTÍSTICA A fotografia sensual artística é uma linha de trabalho, onde deve ser mostrado a beleza sem atingir a vulgaridade ou a pornografia, indo no limite do erotismo, onde a mente e o desejo são instigados, porém, sem ferir os padrões morais de nossa cultura. Muitas vezes este tipo de fotografia não mostra rosto ou o mostra de forma parcial para que os (as) modelos(as) sejam preservados em sua identidade. Mesmo quando a fotografia mostra um nu total, busca fazê-lo de maneira que fique agradável aos olhos e que não seja de forma alguma vulgarizada. Logo na invenção da fotografia, esta linha foi até meados do século XX colocada como obscena, porém os artistas conseguiram quebrar este preconceito e hoje temos nesta linha uma versão de arte muito apreciada. Breve Relato Histórico da Fotografia Sensual: O estudo histórico aqui levantado foi baseado na relevância do assunto e não em uma ordem de mudanças de estilos ou gêneros. Em um amplo estudo realizado foram selecionados pontos da história que influenciaram e modificaram a fotografia com o tema de sensualidade ou nu artístico. Cada um dos fotógrafos historicamente escolhidos são os que utilizei como base para este trabalho. Muitas fotografias de nus, às vezes chamadas de études d´après nature (estudos da natureza), podem ser categorizadas como pertencentes ao âmbito da arte. São imagens cuidadosamente compostas, que se concentram no corpo e nas quais um modelo pode estar coberto por tecido e iluminado de modo a revelar as proporções e contornos da figura humana. (Hacking, J - 2012).1 Em meados do século XIX a fotografia se tornou aliada das Belas-Artes, onde muitos fotógrafos como Eugène Durieu (1800-1874), Julien Vallou Villeneuve (1795- 1866) e Giacomo Caneva (1813-1865) fotografavam para que pintores como Delacroix, Gustave Courbet entre outros, criassem suas obras em cima daquela fotografia. Como veremos na sequência um exemplo desta influência dentro do tema nu artístico1. Eugène Durieu (1800-1874), efetua um estudo sobre nus em conjunto com Eugène Delacroix fotografando cerca de 32 poses, que vieram a ser utilizados por 1 HACKING, Juliet. Tudo Sobre Fotografia. Rio de Janeiro: Editora Geral, 2012.
  • 15. 15 Delacroix como inspiração para o famoso quadro Odalisca (1857). Este estudo fora encontrado entre os pertences de Delacroix após sua morte em 1863. Época ainda muito influenciada pelas belas artes e pelos grandes mestres, voltada a uma busca pelo realismo, a fotografia deste período mostra a composição do real e casual (Hacking, J - 2012). “Às oito da noite fui ao estúdio de Durieu. Até as cinco da manhã, tudo o que registramos foram poses” (Eugène Delacroix, Diário – 18 de junho de 1854)1 Foto 1: placa XXIX do álbum de Delacroix (1854), Eugène Durieu Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.82 Frantisek Drtikol (1883-1961), influenciado pela chegada do cubismo e da art déco, onde as fotografias pictorialistas de foco suave, cabelos flutuantes deram lugar a linhas puras, explorando as formas como ponto de expressão. Sou inspirado por três coisas: decoratividade, movimento e a quietude e expressão de linhas individuais. Uso então o fundo e objetos cênicos - objetos simples como círculos, linhas ondulantes, colunas - combinando-os. Deixo a beleza de própria linha causar impacto, sem adornos, suprimindo tudo o que é secundário... ou então uso o corpo como um objeto decorativo, posicionando-o em diferentes cenários e luzes. (Frantisek Drtikol, 1883- 1961).
  • 16. 16 Foto 2: O Arco (1921), Frantisek Drtikol Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.252. Rudolf Koppitz (1884-1936), inicia um processo de estudos sobre movimentos usando a tendência do ballet moderno como ponto de foco de seu estudo, neste período as mulheres ocidentais ganham maior liberdade tanto legalmente como em um maior acesso às escolas de artes. Transpondo as barreias do falso moralismo existente na época, estas mulheres iniciam um processo de auto exposição e subsequentemente de exploração de sua sensualidade, antes rechaçada pela sociedade machista. Foto 3: Estudo de movimento nº1 (1925), Rudolf Koppitz Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.253. Maurice Tabard (1897-1984) e Man Ray (1890-1976), influenciados pelo surrealismo de René Magritte e Philippe Soupault utilizam técnicas de solarização e dupla exposição, onde criaram imagens de nus que beiram o surreal, escondendo parte do corpo ou dando a intenção de um toque através de uma sombra sobreposta, André Breton que publicou o Manifeste du surréalisme, achou que a arte contemporânea precisava explorar o subconsciente humano usando preceitos da psicanalise este estudo foi influenciado pela revolta da Primeira Guerra Mundial e pelos transtornos causados pela visão da morte onde Breton observou de perto quando trabalhou em um centro de traumatologia.
  • 17. 17 Foto 4: Composição (1929), Maurice Tabard Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.226. Foto 5: O primado da matéria sobre o pensamento (1929), Man Ray Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.232. Edward Steinchen (1879-1973), utiliza uma mulher nua toda ensaboada em uma pose corporal toda retraída e torcida para “dar um ar” de sensualidade e ao mesmo tempo esconder o erotismo da cena. Este trabalho foi criado para compor uma campanha publicitária da Woodbury Soap. Edward Weston (1886-1958), influenciado por um período de liberalismo sexual, fotografa uma de suas esposas em uma série de nus nas areias de Santa Mônica na Califórnia. Retratando o real, porém composto por uma plasticidade corporal onde a modelo contorce o corpo dando assim a forma desejada e criando um efeito mais acentuado nas formas corporais. Carregada de um erotismo que foi trazido por este período liberalista, contudo ainda assim com delicadeza e sem vulgaridade, retrata o nu e a sensualidade sob uma visão poética e sutil. Weston ainda utilizou este olhar pela sensualidade em várias de suas composições de naturezas mortas tomando como exemplo o Pimentão Nº30.
  • 18. 18 Foto 6: Nua na areia, Oceano (1936), Edward Weston Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.254. Foto 7: Pimentão nº 30 (1930), Edward Weston Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.282. Paul Outerbridge (1896-1958), influenciado pelo modernismo francês dos anos 20, utiliza uma técnica de fotografia colorida, Outerbridge acreditava que os fotógrafos de nus deveriam ser relativamente impessoais, constituindo um erro fatal uma ligação pessoal com a modelo. O que observamos como sendo uma verdade parcial, pois Weston, justamente conseguiu criar a coleção de nus na areia pela modelo ser desinibida e ter uma intimidade com Weston por ser sua esposa. Outros tantos fotógrafos contemporâneos como Bob Wolfenson busca nesta ligação uma conexão que deixa a modelo mais livre para as poses.
  • 19. 19 Foto 8: Mulher com garras (1937), Paul Outerbridge Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.277. Horst P. Horst (1906-1999), foi o único grande fotógrafo de moda do século XX, cuja obra abrangeu os períodos de pré e pós-guerra, ele se inspirou na escola de design de Bauhaus, no surrealismo e no neorromantismo, trazendo em sua obra a sensualidade utilizada até hoje pela indústria da moda. Utilizando de estúdios, equipes de decoração e experts em iluminação ele criou uma atmosfera romântica e sensual sobre as fotografias de moda da época. Foto 9: Espartilho de Mainbrocher (1939), Horst P. Horst Fonte: Tudo Sobre Fotografia, Hacking, Juliet, Ed Geral, p.266. A partir do pós-guerra uma série de fotógrafos revitalizou o nu feminino, tornando-se cada vez mais comum este gênero, este período foi marcado pelas formas mais esguias de mulheres jovens, contudo sempre temos aqueles que se distanciam dos padrões comuns. Dentre tantos nomes citarei alguns que foram fontes
  • 20. 20 desta pesquisa: Irving Penn (1917-2009), Bill Brandt(1904-1983), Harry Callahan(1912-1999), Willy Ronis(1910-2009), Ruth Bernhard(1905-2006). O que marcou este período quanto a este gênero fotográfico foi o fato de muitos destes fotógrafos citados terem olhado para suas modelos como suas musas e muitas vezes trabalhando com parceiras de longa data. Nesta época se tornou comum para os fotógrafos explorarem certa subjetividade artística, utilizando e explorando técnicas e novas estratégias. Willy Ronis (1910-2009), apesar de ser um fotógrafo urbano, tem o nu permeando toda sua obra, onde o seu olhar passa mais por um romantismo do propriamente dita uma sensualidade ou um erotismo. Ruth Bernhard (1905-2006), foi uma das poucas fotógrafas do século XX a colocar o nu feminino como gênero de destaque para as artistas mulheres. Este tema foi alvo de estudo para Bernhard e sua obra foi amplamente influenciada por Edward Weston (1886-1958). Muitas vezes os nus fotográficos femininos, são uma referência para os prazeres sexuais e são implícitos ou explícitos, nesta visão o corpo é tratado como objeto. Na obra de Bernhard suas modelos são colocadas em poses modestas ao invés de expô-las. Nossa mente é instigada a pensar por uma referência classicista em uma escultura, onde se observa a perfeição, a singeleza, a graça e uma sensualidade inerente e imaginativa. No final dos anos 70 a fotografia de moda sofre um grande impacto pela visão da sensualidade, glamour, luxo e ostentação, onde dependendo da obra os nus e a moda se fundem, criando uma atmosfera difusa mista de sensualidade e desejo pelo belo. Este conceito foi a maneira que a sociedade da época encontrou para provocar ainda mais o consumismo do luxo e dos objetos de cobiça. Historicamente a fotografia sensual ou de nu artístico, tem nos mostrado diferentes padrões de beleza e de expressão da mesma, onde podemos observar a mudança de estética de acordo com cada artista e modelo. O que nos leva a reflexão de que: O belo é o mesmo para qualquer observador, ou ele está subjetivo ao seu meio, cultura e convicções? Dentro deste questionamento, trago a lembrança de mestres da pintura como Botticelli, que pintou mulheres nuas de curvas mais amenas e Michelangelo que pintou seus modelos com base na perfeição clássica onde a musculatura é toda definida. Dentro de cada obra existe um belo que é subjetivo aos olhos de quem vê, a obra como um todo pode ser impecável e perfeita nos traços e na composição, porém aquilo que foi retratado pode ou não ser belo aos olhos de
  • 21. 21 quem observa, tomemos como exemplo o quadro Monalisa de Da Vinci, a obra é considerada uma das mais perfeitas em proporções harmônicas seguindo a sequência de Fibonacci, porém o modelo retratado ali não é agradável aos olhos de todos. Em consideração a este questionamento e utilizando a filosofia de Jauss e Kant iremos demonstrar a seguir esta subjetividade. 2.1 A Beleza Subjetiva Utilizando dos estudos de Hans Robert Jauss sobre a teoria da recepção estética e os estudos sobre a beleza de Immanuel Kant, coloco que o belo é subjetivo ao observador e totalmente ligado a sua visão de mundo, sua cultura, suas crenças e seus gostos. Jauss coloca que na recepção estética temos o reconhecimento de um sentimento intrínseco ao observador sendo este único e no momento em que acontece a recepção. [...] o prazer originado entre a oscilação e entre o eu e o objeto, oscilação pela qual o sujeito se distância interessadamente de si, aproximando-se do objeto, e se afasta interessadamente do objeto, aproximando-se de si. Distancia-se de si, de sua continuidade, para estar no outro, como na experiência mística, pois o vê a partir de si. (COSTA LIMA, 1979, p. 19) Já Kant coloca como padrão de belo o que é natural, partindo deste ponto, e deste estudo, coloco que realmente o belo está em quem observa e principalmente naquilo que nos parece mais real. O padrão estético de beleza atual, perseguido pelas mulheres, é representado imageticamente pelas modelos esquálidas das passarelas e páginas de revistas segmentadas, por vezes longe de representar saúde, mas que sugerem satisfação e realização pessoal e, principalmente, aludem à eterna juventude (BOHM, 2004, p.19). Nem todo corpo ou toda mulher é capaz de se tornar este padrão, a partir deste pressuposto quero através deste estudo provocar um princípio de conscientização para que a beleza seja vista não como uma mulher artificial com o corpo totalmente maquiado e editado por uma fotografia digital, muito longe de ser real. A partir deste ponto, e através de uma pesquisa realizada em campo com mulheres fora do padrão de beleza imposto pela indústria da moda, que são mais
  • 22. 22 bonitas e melhores de serem apreciadas, do que as que tem este padrão corporal imposto. Ao nos depararmos com esta situação a apreensão estética passa a ser incorporada ao observador conforme suas convicções, sentimentos, emoções gerando assim o gosto subjetivo pelo belo, onde a beleza passa a estar nos olhos de quem vê. Segundo pesquisas realizadas pela Zogby International, os conceitos de sensualidade estão mudando, o estudo mostra que a maioria dos homens preferem mulheres naturais sem plásticas ou artifícios estéticos. 2.2 Diferença entre Erotismo e Pornografia Erotismo segundo dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tem como significado: “1) estado de excitação sexual, 2) tendência a experimentar a excitação sexual mais prontamente que a média das pessoas, 3) tendência a se ocupar com ou de exaltar o sexo em literatura, arte ou doutrina, 4) estado de paixão amorosa” (Houaiss, 2002) No dicionário Michaelis: “1) Caráter ou tendência eróticos. 2) Indução ou tentativa de indução de sentimentos, mediante sugestão, simbolismo ou alusão, por uma obra de arte. 3) Paixão sexual anormalmente insistente. ” (Michaelis, 2010) Já pornografia segundo Houaiss tem como significado: “1) estudo da prostituição, 2) coleção de pinturas ou gravuras obscenas, 3) característica do que fere o pudor (numa publicação, num filme etc.); obscenidade, indecência, licenciosidade, 4) qualquer coisa feita com o intuito de ser pornográfico, de explorar o sexo tratado de maneira chula, como atrativo (p.ex., revistas, fotografias, filmes etc.) Ex.: vende pornografias, fica vendo p. pela televisão, 5) violação ao pudor, ao recato, à reserva, socialmente exigidos em matéria sexual; indecência, libertinagem, imoralidade, tendo como sinônimo indecência.” (Houaiss, 2002). Já no dicionário Michaelis: “1) Arte ou literatura obscena. 2) Tratado acerca da prostituição. 3) Coleção de pinturas ou gravuras obscenas. 4) Caráter obsceno de uma publicação. 5) Devassidão. ” (Michaelis, 2010) Erotismo é uma forma de estimular o impulso sexual. O impulso sexual é o componente psicossomático do comportamento sexual, é o afluxo vital das
  • 23. 23 energias sexuais; são semelhantes, porém não iguais aos instintos. (Geantomasse, Fausto – 2007). Uma imagem erótica vale milhões de palavras, não só pelo seu valor descritivo, mas principalmente pelo seu valor simbólico. Portanto, como o erotismo é uma palavra que pressupõe um conceito de arte e uma existência da própria arte erótica. O Erotismo diz respeito ao belo, à estética sexual, a arte de transformar corpos em obras de arte, este está sempre se transformando, abrindo nossas percepções a novas experiências sensoriais. Neste contexto o erotismo é considerado essencial, pois, é uma das forças da psique em busca da auto realização, sendo assim, é impossível negar a importância erótica do desejo, pois é por meio dele que a sexualidade pode ser anunciada consciente. (Money in Zampieri,2004). Ao definirmos psicologicamente o que é erotismo, coloco uma tênue linha que separa este da pornografia, o erotismo é uma emoção e um estado de excitação sexual que move tanto o sexo feminino como o masculino, embora de maneiras diferentes, pois o erotismo feminino é mais alinhado às emoções, às paixões e o masculino totalmente separado disto é o objeto de excitação simplesmente. Neste ponto coloco a pornografia como sendo a relação sexual explicita propriamente dita onde se faz valer o instinto animal, sem a preocupação mínima com os sentimentos ou com o que vai gerar esta situação. Podemos também dizer que o erotismo é meio e a pornografia o acessório sexual. Com relação as imagens que estas duas categorias geram, poderíamos dizer que o erotismo está mais para um desejo sexual sutil, presente em gestos, formas, cheiros, toque e a pornografia está mais voltada para o impacto, brutalidade, selvageria e para um impulso sexual mais primitivo. A relação e a as divergências apontadas aqui, são baseadas na cultura Judaico-cristã onde se tem um padrão de conduta moral. Na fotografia, separaremos em três grupo, nu artístico, fotografia erótica e pornografia, onde situamos cada uma da seguinte forma: Nu artístico: Imagens que buscam mostrar a plasticidade corporal, mostrando sim o corpo, porém a ênfase da imagem não é ele mesmo e sim a composição a pose ou até mesmo a cena e que buscam instigar a imaginação, o corpo não é objeto e passa ter uma conotação poética e romântica. Fotografia Erótica: Imagens que buscam despertar o desejo sexual e instigar a sexualidade, mais comumente representadas por nus completos em poses sensuais que mostram implícita ou explicitamente o corpo como objeto. Pornografia: Imagens que geram certo impacto, beirando o vulgar e a imoralidade, normalmente plenas de cenas que nos remetem aos tempos mais antigos
  • 24. 24 onde os padrões e valores morais eram diferentes. Coloco então como sendo a representação sexual do instinto animal do ser humano. “A fotografia possibilitou uma profusão de imagens eróticas, desde o provocativo até o obsceno. Em fotografias pornográficas, o rosto da modelo poderia estar coberto e apenas sua genitália à mostra, ou ela poderia estar envolvida em um ato libidinoso, geralmente com uma figura masculina. Em muitas imagens as roupas da modelo encontram-se jogadas em um dos cantos do quarto, chamando atenção para o ato de despi-las”. (Hacking, Juliet. Tudo Sobre Fotografia. p83). Contudo, em alguns pontos não é clara a separação entre o artístico e o pornográfico, ficando mais ligada às convicções que o observador tem do que propriamente a fotografia. Em consequência disto, vários fotógrafos acabaram por deixar mais tênue esta linha entre estudos artísticos e pornografia na esperança de evitar censura. Estas fotografias possuíam um erotismo muito maior que os estudos acadêmicos, fotógrafos como Bruno Braquehais (1823-1875) costumavam intitular seus nus como études académiques (estudos acadêmicos), porém retratavam as modelos em poses provocantes2 . Desta forma, temos que separar o sensual e o erótico artístico da pornografia, para isto farei uma relação entre o belo e as artes, buscando o olhar artístico sobre a beleza, diferenciando idealização e o real da beleza, por fim mostrando dentro da pesquisa de campo através de ensaios sensuais e eróticos estabelecer uma linha menos tênue entre os gêneros. 2 HACKING, Juliet. Tudo Sobre Fotografia. Rio de Janeiro: Editora Geral, 2012
  • 25. 25 3. O OLHAR ARTÍSTICO SOBRE A BELEZA “Every Woman Is Beautiful! My job, as an artist and photographer, is to release that special beauty and capture it in an image that she will treasure for a lifetime”. (John G. Blair). A apreensão estética da beleza é o que movimenta esta pesquisa, onde a o foco foi a busca por vivenciar na fotografia, a extração de vários tipos de beleza sem um olhar padronizado pelas imposições sociais. Na verdade, o que apenas pôde ser experimentado é que o belo artístico é sutilmente diferenciado do belo padronizado. Dentro da visão da beleza natural de Kant, é colocado o olhar poético ao capturar cada imagem que estará contida neste estudo. Onde foi verificado na prática que toda mulher fotografada tem uma beleza singular e consequentemente a isto tive que fazer jus a frase supracitada de John G. Blair, portanto fazer os observadores captarem a beleza conforme o olhar do fotografo, e a essa colocando todas suas convicções, cultura, credo, enfim toda arte contida neste. 3.1 O belo e a Arte Todo critério de beleza utilizado pelas artes ocidentais foi baseado nos fundamentos da arte grega, onde a visão central é o homem e a preocupação com a perfeição era o foco principalmente no que tange a escultura e arquitetura3 . O que podemos ver que até durante o renascimento onde a busca pelo real e a representação da perfeição e do belo é extremamente acentuada. Neste caso o belo intitula-se pelo realismo e pela verdade retratada e não pela beleza física propriamente dita. Neste período os artistas se instruíram para conhecimento da anatomia, formação corpórea, tornando-se assim mestres na arte sendo senhores deste conhecimento os artistas passam a ser autônomos tornando a pintura e a escultura uma profissão reconhecida. 3 UNIARA. História da Arte Parte I. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=57096>, acesso em 23 de maio de 2015. UNIARA. História da Arte Parte I. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=57509>, acesso em 23 de maio de 2015.
  • 26. 26 A arte ganha liberdade de expressão após a revolução francesa onde a preocupação era em se expressar e não mais o belo nos padrões clássicos propriamente dito. Segundo Pareyson (2001, p. 126), “a obra de arte tem um caráter de historicidade (...) no sentido de que contém em si todo o passado, e não apenas a arte precedente, na qual ela se inspira”. Com a chegada da fotografia no século XIX, a visão do real e do belo começa a ter nova conotação, onde a imagem captada é a representação do real e do momento em que ela foi captada. As imagens tinham uma conotação documentarista no início para depois tomar forma e galgar a linha das artes. A fotografia evolui muito no início do século XX com câmeras mais portáteis e meios físicos, isto é, filmes mais sensíveis e estáveis para o registro. Nos dias atuais a qualidade das imagens beira o que chamamos de hiper-real. O belo na fotografia passa a ser analisado como arte e não como um documento, onde o observador olha o contexto geral da composição para a apreensão estética da mesma, deixando assim aberto aos olhos de quem vê a subjetividade da beleza. “Não se tem que simpatizar minimamente com a existência da coisa, mas ser a esse respeito completamente indiferente para em matéria de gosto desempenhar o papel de juiz” (KANT, 2005, 7, p. 50). Kant nos coloca como juízes desta apreensão cabendo a nós observadores escolher e julgar o que é belo ou não aos nossos olhos. Contudo a observância não é realmente pelos olhos do observador e sim pelos olhos do artista que realizou o trabalho, neste paradoxo passamos a fazer a apreensão estética observando algo pelos olhares de outro observador, a partir daí interpretando a obra e fazendo o juízo do belo. “A única viagem verdadeira, a única fonte da juventude, não estaria em dirigir- se para novas paisagens, mas, com outros olhos, ver o universo com olhos de outros” (PROUST, apud BRASSAÏ, p. 49). Proust, nos leva a fazer esta relação entre o nosso olhar e a nossa apreensão do objeto e o olhar do artista, onde podemos conotar a seguinte afirmação: Ao meu gosto a obra não é bonita, porém podemos dizer que é bela pela composição e pelo olhar do artista (Proust, apud Brassaï, 2005)4 . 4 BRASSAÏ, Gilbert. Proust e a fotografia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
  • 27. 27 Como embasamento para a afirmação acima coloco um raciocínio sobre gosto, muitos não gostam da obra de Pollock mas apreciam Picasso ou Matisse, não tirando a qualidade artística de nenhum deles, colocamos o gosto como gerador da reação e da emoção que a obra proporcionou ao observador, criando assim a apreensão estética e especificação do gosto segundo o observador, trazendo à tona sensações ou emoções que somente aquele indivíduo consegue distinguir ao ver tal obra, e estes tem significado somente para ele. Segundo Croce “o artista produz uma imagem ou fantasma; e quem aprecia a arte dirige o olhar para o ponto que o artista lhe apontou, olha pela fresta que ele lhe abriu e reproduz em si aquela imagem”, (CROCE, 1912, p.35). O observador cria em si um conceito e relaciona as noções de gosto, de equilíbrio, de harmonia e de perfeição da obra, porém cabe ao artista instigar o olhar na direção correta, levar o observador a se perguntar porque esta obra me causa esta sensação ou esta emoção. “Falará, pois, do belo como se a beleza fosse uma qualidade do objeto e o juízo fosse lógico (constituindo através de conceitos do objeto um conhecimento do mesmo), conquanto seja somente estético e contenha simplesmente uma referência da representação do objeto ao sujeito” (KANT, 2005, 18, p. 56). Kant, nos coloca na posição de apreender sem a interferência das emoções, sendo o juízo uma resolução lógica e calculada. Contudo, psiquicamente na realidade não conseguimos deixar a emoção de lado, o que aquela obra em especial provocou em seu observador, quais os sentidos que ela aguçou ou qual a emoção que ela aflorou naquele limiar de tempo em que foi apreciada. O belo a ser admirado em uma obra está sempre relacionado a emoção que ela provoca no observador, lembrando que este é o segundo observador, pois o que queremos ressaltar é que o artista já fez a primeira observação e já determinou aquilo que ele quer que o observador aprecie. Na questão fotográfica segundo Assouline “Quanto a Cartier-Bresson, seu estado de espírito se resume a uma dessas fórmulas cujo segredo ele detém: “Fazemos uma pintura ao tirarmos uma foto”.”. (ASSOULINE, 2009, p. 67). Cartier-Bresson, nos dá a fórmula de que a fotografia é uma real representação artística, e que a cada composição, pose ou momento, estamos a orquestrar uma obra de arte. Para que esta seja real o olhar do fotógrafo deve ser para o artístico e não simplesmente comum como apontar e disparar.
  • 28. 28 “O olhar do fotógrafo está sempre avaliando. Um fotógrafo pode captar a coincidência de linhas simplesmente ao mover a cabeça uma fração de milímetro. Pode modificar a perspectiva com um leve dobrar de joelhos. Ao colocar a câmara próxima ou distante do objeto, o fotógrafo pode desenhar um detalhe – ao qual toda a imagem pode ficar subordinada ou ainda que tiranize quem faz a foto. De qualquer modo, o fotógrafo compõe a foto na mesma duração de tempo que leva para apertar o disparador, na velocidade de um ato reflexo”. (CARTIER-BRESSON, 2010, Apud: Assouline, 2009). Exatamente neste ponto, quero abordar a importância deste olhar e deste momento, onde em uma fração de segundos define se a imagem será de um belo sorriso ou de um rosto comum, o olhar dirigido ao objeto que se tornará uma obra, deve ser contido de todas as emoções, conhecimentos, paixões, sensações e crenças do artista, para que nela seja impressa todos estes sentimentos. O olhar artístico sobre a beleza, nada mais é que procurar em cada momento de captura de imagem a visão sobre o que é belo naquele objeto, mostrando que aos olhos daquele artista o belo está ali esperando para ser visto, impulsionando-nos a olhar com estes mesmos olhos, porém como dito anteriormente, o belo está nos olhos de quem vê, portanto o que é belo para o artista, com certeza não o será para tantos outros ou vice-versa. No lirismo romântico e trovador há a idealização da mulher e da beleza, os poetas fazem com que criemos em nossa mente cenas e personagens que possuem belezas indescritíveis, com certo surrealismo e nos leva a idealizar esta figura. Quando nos deparamos com imagens que falam mais que a própria imagem temos este lirismo que incorporamos a arte visual. Ainda na visão poética, podemos observar que colocamos nossos sentimentos, paixões, amores, o que lemos e o que vivenciamos na obra, criando um visual romantizado da imagem sensual ao qual está relacionada. Dentro desta possibilidade de poetizar a imagem, pode ser observado e captado a essência de tipos diferentes de mulheres criando uma atmosfera romântica e poética, mostrando a beleza individual e singular de cada mulher ou casal retratado. Tirando o foco do nu e do sensual para uma imagem mais artística, onde desta imagem observamos certo romantismo poético, nos levando a olhar aquela composição de maneira sutil e delicada. Como será mostrado na sequência deste estudo a pesquisa de campo realizada.
  • 29. 29 4. A PESQUISA DE CAMPO Para realização deste estudo, foram efetuados treze ensaios fotográficos com mulheres e casais, para fazer uma experimentação sobre esta linha de fotografia. Em sua totalidade todos os retratados nunca haviam tido experiência com fotografias sensuais, nus artísticos ou como o mercado chama de fotografia boudoir. Estes “não- modelos” foram escolhidos em meio a pessoas normais do cotidiano, pessoas de belezas singulares. Inicialmente escolhendo pessoas do rol de amigos do fotografo, pessoas estas que já conheciam o mesmo e que tem confiança no profissional, ao expor a ideia do projeto que consistia em retratar a beleza real de cada retratado com sensualidade sem vulgaridade e sem retoques digitais nas mesmas. Foi a partir desta hipótese que as pessoas aceitaram participar deste projeto. A partir dos dois primeiros ensaios, o resultado foi mostrado para outras pessoas que começaram a indicar possíveis “modelos”. 4.1 O resultado artístico Os ensaios que serão apresentados a seguir não seguem uma ordem está apenas relacionado para dar ênfase ao texto. Buscando mostrar cada beleza em estilos e linguagens diferentes, os ensaios foram realizados tanto em estúdio como em ambiente externo. Como inspiração para estes ensaios pesquisei o estilo, linguagens e portfólio de vários fotógrafos como por exemplo, Bob Wolfenson, Nadav Kander, Edward Weston, Christa Meola e John G. Blair, buscando não inspiração na composição, mas sim no olhar de cada um sobre a beleza e a sensualidade. Em cada retrato buscou-se dar certa plasticidade ao corpo, ou focando apenas na expressividade do retratado onde este transmitia a própria sensualidade apenas com a expressão e não com o corpo. Quando mostrado o corpo todo ou nu procurei na cena colocar o retratado em poses que buscavam uma contorção corporal que em alguns casos nos remetem ao estilo clássico de esculturas. Quando a imagem fala mais que o próprio retrato, podemos perceber a experiência estética e a apreensão para o belo artístico, onde novamente chamo o observador a olhar a obra através de meus olhos para cada estilo ou característica
  • 30. 30 dos retratados, utilizando de delicadeza e sutiliza, capturo cada momento sem deixar a retratada constrangida ou insatisfeita com o resultado. Foto 10: O Olhar sobre Sensualidade /Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/40s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 10 de novembro de 2014. Foto 11: Oculto nas Sombras/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f 22, exposição: 2s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014. Buscando no momento da captura mostrar a singularidade da beleza e sensualidade de cada retratada e utilizando de sombras ou luz de forma que deixe a composição sensual, porém não vulgar, em alguns casos, chegando até a criar uma
  • 31. 31 atmosfera de romance ou transparecendo um erotismo ou desejo sexual, porém ainda assim sem deixar que as imagens beirem a pornografia ou vulgar, tornando assim a imagem em arte. Foto 12: Rosa e poesia/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto,10 de novembro de 2014 Foto 13: Desejo/Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f4.5, exposição: 1/40s, distância focal: 37mm Fonte: André Luís Moretto, 17 de janeiro de 2015
  • 32. 32 Foto 14: Nu e sombras/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f.22, exposição: 2s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014. Trabalhando com várias técnicas e locações para que os retratados se sentissem à vontade para fazer as fotos e para que eu extraísse o máximo de cada um deles. Criando situações poéticas e que nos remetem às grandes obras clássicas. Foto 15: Narcisa/Dados técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/15s, distancia focal: 18mm Fonte: André Luís Moretto, 06 de dezembro de 2014
  • 33. 33 Foto 16: Nu e sombra Dados Técnicos: ISO: 500, abertura: f5.6, exposição: 1/40s, distância focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 18 de janeiro de 2015 Foto 17: O amanhecer/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f7.1, exposição: 1/20s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 16 de dezembro de 2014. O estudo em cima do erotismo e sensualidade tentando buscar acentuar a diferença entre essas e a pornografia, de forma que o observador pudesse perceber que o que está vendo não é nem perto de ser pornografia e sim fotos sensuais e eróticas artísticas, teve como base os portfolios de Bob Wolfenson e Nadav Kander. No portfólio de Wolfenson, observamos toda esta sensualidade e erotismo em suas fotos de moda, onde ele passa a explorar até o seminu das modelos para dar a ênfase a sensualidade da roupa, sem deixar que a foto apesar de ser publicitária perca seu caráter artístico pela composição em si. Já no de Kander, observamos certa
  • 34. 34 plasticidade, chegando até a um exagero nas formas, mas ainda tendo como visão a arte. Como foi para você fazer parte deste projeto fotográfico? “Interessante e desinibido. Me mostrou um lado meu que eu não via”. (Relato de M.C.S.) Foto 18: Erotismo em Marmore/ Dados Técnicos: ISO: 320, abertura: f8, exposição: 1/50s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 17 de janeiro de 2015 Ao estudar um pouco da história de Edward Weston e seu portfólio, pude observar que ele tinha um laço afetivo de relacionamento com a maioria de suas modelos, e que na maioria de suas fotos mais artísticas ele retratava suas esposas, facilitando assim obter o que ele queria. Partindo deste pressuposto que foi feita a escolha das pessoas que gostaria de fotografar, com exceção de dois ensaios, todos foram com pessoas que faziam parte de meu rol de amizade, porém com estas duas modelos, tive uma experiência muito agradável no sentido de perceber o quanto eu estava sendo imparcial e profissional para lidar com a situação de forma que não ficasse uma situação constrangedora para as modelos.
  • 35. 35 Foto 19: Notas de Cinzas/ Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição: 1/60s, distancia focal: 55mm Fonte: André Luís Moretto, 04 de fevereiro de 2015. Foto 20: Translúcido e aparente/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f9, exposição: 1/25s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014 Participar deste projeto agregou algo a sua vida? “Sim, agregou. A proposta das fotos nos mostra que somos mulheres reais, e cada uma de nos é linda a sua própria maneira”. (Relato de A.S.S.)
  • 36. 36 Foto 21: Êxtase/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f18, exposição: 1/40s, distancia focal: 18mm Fonte: André Luís Moretto, 18 de janeiro de 2015 Como foi para você se ver pelos olhos de outra pessoa? “A sensação é indescritível. O resultado para mim foi surpreendente”. (Relato de L.C.) Foto 22: Bela/Dados Técnicos: ISO: 640, abertura: f9, exposição: 1/40s, distancia focal: 100mm Fonte: André Luís Moretto, 18 de janeiro de 2015 Participar deste projeto agregou algo a sua vida? “Com certeza. Ao realizar as fotos me senti poderosa, sensual. E senti uma alegria muito grande em ver o resultado das fotos. Acho que toda mulher ficaria muito feliz em fazer um ensaio sensual e descobrir que dentro dela existe uma mulher poderosa que muitas vezes passa despercebida por ela mesma”. (Relato de G.A.) Partindo do ponto de quebrar paradigmas dos padrões de beleza, pude fotografar vários estilos de mulheres todas com sua carga de sensualidade e beleza específicas e inerentes somente a elas. Em várias situações eu as escutava falar, “mas eu não sou fotogênica” ou “não sei ser sensual”, em todos os casos eu respondia, “este é o meu trabalho, mostrar que você é bonita ou fotogênica e que tem sua própria sensualidade”.
  • 37. 37 Foto 23: Sorriso/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f1.8, exposição: 1/30s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 16 de dezembro de 2014. Como foi para você se ver pelos olhos de outra pessoa? “Diferente, um pouco inibidor, mas também surpreendente”. (Relato de A.C.C.G.) Enfim, quando buscamos a beleza, podemos dizer, que além dos padrões a beleza está dentro de nós mesmos e a partir daí, abrimos um leque de oportunidades de mostrar esta beleza, seja ela em um olhar, na curva do corpo ou até em um simples sorriso, ela está ali e muitas vezes escondida de nós mesmos. E tudo se resume ao fato de que reconhecer o belo está no poder de quem observa para buscar onde está esta beleza que parecia escondida. “Eu não gostava de meu sorriso, até ver esta foto que você fez de mim”. (Relato de Amanda Sestito durante o ensaio).
  • 38. 38 Foto 24: Curvas/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f22, exposição: 2s, distancia focal: 35mm Fonte: André Luís Moretto, 09 de dezembro de 2014 Foto 25: A Guitarrista/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f22, exposição: 1/60s, distancia focal: 18mm Fonte: André Luís Moretto, 04 de fevereiro de 2015 “Sob a lente e o olhar feminino”. “A mulher que se ama e que possui em sua essência a feminilidade consegue se enxergar além do espelho, sobretudo a que está se vendo nas questões afetivas. O olhar feminino está a serviço da beleza e do quanto a alma se refaz a cada visão que se tem de si mesmo. O espelho traz a luz e a direção da mulher que, de alguma forma, perdeu sua vaidade devido a problemas outros que a fizeram deixar de se olhar e de se sentir na sua feminilidade, doçura e sensualidade. O importante é reaver esse lindo olhar de si mesma, através do autoconhecimento, do olhar interno e da luz que abre caminhos para uma nova descoberta de si mesma. O tesouro da alma feminina é se reconhecer no seu encanto e criatividade é estar aberta ao novo e as possibilidades que o espelho e a fotografia, magicamente, e quase que instantaneamente, transforma o imaginário em real a tempo hábil de facilitar o encontro feliz da essência com a imagem. Nada é fora tudo está
  • 39. 39 dentro da alma e da essência de mulher e que, em momentos, perde seu brilho, no entanto internamente brilha e se intensifica diante das superações e da confiança em suas potencialidades e habilidades. O feio é o belo e o belo é o feio, visão sob o olhar da autoestima dilacerada por um olhar perdido de si mesma e que a lente do fotógrafo é capaz de resgatar e de estimular a mulher a ser linda e bela, assim como a flor que amanhece a cada brilho do sol. A fotografia tem essa rica função de resgatar a beleza feminina e iluminar o que de mais belo há no olhar, no corpo, no sorriso, e na delicadeza vinculada a uma sensualidade única da alma feminina. A mulher que é capaz de se enxergar nas suas dificuldades consegue se sentir forte e poderosa e nenhuma lente desfocada é capaz de retirar sua força e brilho, pois cultiva recursos internos da sua beleza feminina e pela lente de uma máquina fotográfica é, timidamente, reproduzida diante da grandiosidade de uma alma que se ama e se nutre de delicadezas, amorosidade, sonhos e belezas. Olhar para si mesma requer coragem e sob o olhar do fotógrafo intensifica-se a magia desse belo e lindo encontro de amor consigo e com a vida, sua história e realizações”. (Luciana Nazar Ramoneda, Psicóloga e Pedagoga em entrevista realizada 18 de maio de 2015). Foto 26: Introspecção/Dados Técnicos: ISO: 250, abertura: f10, exposição: 1/40s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 06 de dezembro de 2014
  • 40. 40 Foto 27: Olhar Oculto /Dados Técnicos: ISO: 200, abertura: f8, exposição: 1/40s, distancia focal: 47mm Fonte: André Luís Moretto,10 de novembro de 2014 Foto 28: Sensualidade Implícita/Dados Técnicos: ISO: 400, abertura: f13, exposição: 1/20s, distancia focal: 50mm Fonte: André Luís Moretto, 04 de dezembro de 2014 Um ensaio sobre a sensualidade pode, como pudemos observar no relato da psicóloga Luciana Nazar Ramoneda, melhorar a autoestima feminina, e por que não dizer também o mesmo para o sexo masculino, porém apenas a mulher foi alvo de estudo nesta pesquisa de campo. Vários estudos e matérias de jornais e revistas vem relatando que quando fotografadas de maneira a se sentirem belas, as mulheres têm
  • 41. 41 um ganho de confiança, trazendo assim além de um agregador ao fator arte, também traz um ganho emocional e psíquico para a “modelo”.
  • 42. 42 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo foi uma pequena tentativa de mostrar que erotismo, sensualidade, podem ser mostrados como arte, sem vulgarizar ou denegrir a imagem e a sensualidade feminina, tirando-a do objeto sexual, para o belo e o artístico. Ao retratarmos o real trazemos esta beleza verdadeira aos olhos dos observadores, mostramos a ele uma forma de belo, onde não se faz necessário retoques, onde as curvas de uma barriga ou pequenas alterações na pele por uma celulite, não tornam a mulher feia e sim real, um real palpável onde ela pode ser objeto de desejo do observador, com qualquer imperfeição que tenha sido imposta pela sociedade ou pelo padrão de beleza irreal colocada pelas fotografias de moda ou eróticas expostas em revistas, pois diferente delas, as mulheres reais estão ao nosso redor, uma amiga, uma conhecida, enquanto aquela da revista nós nunca veremos. Dentro deste estudo percebemos que quando uma mulher começa a ver o resultado durante a sessão de uma foto ou outra que mostramos a ela, e a mesma vai se sentindo bonita, elas vão se soltando e deixando meu olhar artístico guiar a sessão, de forma que eu consiga extrair o máximo da beleza contida nela. O belo artístico, o belo real, está realmente aos olhos de quem vê, trazendo à tona todas nossas crenças e nossas realizações, tornando este belo subjetivo em arte.
  • 43. 43 REFERÊNCIAS ARCARO, Matheus. Gosto se discute? Revista Filosofia,Ed 38, 2012. Disponível em: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/38/artigo273804-2.asp. Acesso em ASSOULINE, Pierre. Cartier-Bresson: O Olhar do século. Porto Alegre: L&PM, 2009. BLAIR, John G. Digital Boudoir Photography: A Step-By-Step Guide to Creating Fabulous Images of Any Woman. Canada: Thomson Course Technology PTR, 2006. Disponível em: <http://www.indusvalley.edu.pk/library/e%20books/Digital%20boudoir%20photograph y%20a%20step%20by%20step%20guide%20to%20creating%20fablous%20images. pdf>. Acesso em 24 de fevereiro de 2014. BOHM, Camila Camacho. Um peso, uma medida. O padrão de beleza feminina apresentado por três revistas brasileiras. São Paulo: Uniban, 2004. 100p BRASSAÏ, Gilbert. Proust e a fotografia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005. Campanha DOVE: Retratos da Real Beleza, 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Il0nz0LHbcM>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015. CANDIDO Portinari. Criança Morta (Criatura muerta), 1944 Óleo s/ tela, 176 x 190 cm. Col. Museu de Arte de São Paulo, Assis Chateaubriand São Paulo, Brasil. Disponível em: <http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/portinari_crianca_morta.ht ml>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015 CROCCE, Benedetto. Breviário de Estética. São Paulo: Ática, 2001. GEANTOMASSE, Fausto. Diferença entre Erotismo e Pornografia. Mirassol: UNORP, 2010 HEDGECOE, John. O Novo Manual de Fotografia. 4. ed. São Paulo: Editora SENAC 2013. HACKING, Juliet. Tudo Sobre Fotografia. Rio de Janeiro: Editora Geral, 2012. KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo. 2. ed. Trad. De Valério Rohden e António Marques. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2005. KANT, Immanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. 2. ed. Campinas, Trad. De Vinícius Figueiredo. São Paulo: Papirus Editora, 1993. KETE, Kathleen. The Beast in the Boudoir: Petkeeping in Nineteenth-century Paris. Los Angeles: University of California Press, 1994.
  • 44. 44 LARK, Jessica. Elegant Boudoir Photography: Lighting, Posing, and Design for Exquisite Images. Buffalo: Amherst Media Inc, 2014. Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Online, 5. ed., março de 2009. Disponível em:< http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/definicao/tragico%20_1057218.html>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015. MEOLA, Christa. The Art of Boudoir Photography: How to Create Stunning Photographs of Women. United States of America: New Riders, 2013. Disponível em: <http://christameola.com/>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015 Paula Blog Art integrada Litoral [Internet]. A bomba cômica, 16 de maio de 2012. Disponível em: <.http://artintegrada.blogspot.com.br/2012/05/bomba-comica.html>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015 REDEPSI. Conceito de sensualidade apresenta mudanças, Diz Estudo, 2006. Disponível em: <http://www.redepsi.com.br/2006/04/30/conceito-de-sensualidade- apresenta-mudan-as-diz-estudo/>. Acesso em 09 de abril de 2015. SACKS, Glenda. George eliot's boudoir experiment: Dorothea as embodied learner, Published by: Penn State University Press Stable, nº56/57, SETEMBRO, p: 92-119, 2009. Disponível em: < http://www.jstor.org/stable/42827860?seq=1#page_scan_tab_contents>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015 Silva, Allan Rooger Moreira. A filosofia e o discurso sobre a beleza, 2 de julho de 2014. Disponível: <http://www.portaleducacao.com.br/cotidiano/artigos/57520/a- filosofia-e-o-discurso-sobre-a-beleza>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015. TASSINARI, Alberto. Henri Cartier-Bresson: o instante radiante. In: MAMMI, Lorenzo; Schwarcz, Lilia Moritz (org). 8 X Fotografia: Ensaios. Companhia das Letras, 2008. UNIARA. História da Arte Parte I. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=57 096>, acesso em 23 de maio de 2015. UNIARA. História da Arte Parte I. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=57 509>, acesso em 23 de maio de 2015. UNIARA. Estética Parte I. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=56 206>, acesso em 23 de maio de 2015. UNIARA. Estética Parte II. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=56 519>, acesso em 23 de maio de 2015.
  • 45. 45 UNIARA. Linguagens Fotográficas Parte I. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=61 352>, acesso em 23 de maio de 2015. UNIARA. Linguagens Fotográficas Parte II. Araraquara, Disponível em: <http://ead.uniaraonline.com.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=61 355>, acesso em 23 de maio de 2015. ZAMPIERE, Ana Maria Fonseca. Erotismo, Sexualidade, Casamento e Infidelidade. São Paulo: ÁGORA, 2004. WIKIPÉDIA. Beleza, 28 de abril de 2015. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Beleza>. Acesso em 24 de fevereiro de 2015. Werner, João. Conceito estético da "imaginação". Disponível em: <http://www.auladearte.com.br/estetica/imaginacao.htm#axzz2wxdkyfmf >. Acesso em 24 de fevereiro de 2015.