O mate, ou chimarrão não é uma bebida.
Bueno, sim, pois é um líquido e entra pela boca, porém não é uma bebida.
No Rio Grande do Sul e nos países cisplatinos, ninguém toma mate porque tem sede. É mais um costume, como coçar-se.
O mate faz exatamente o contrário da televisão: te faz conversar se estás com alguém e te faz pensar quando estás solito.
2. O texto desta apresentação me
chegou por e-mail, conseguido num
programa de rádio argentino.
Gostei muito e decidi traduzi-lo e
converte-lo neste que irás ver.
A música é o chamamé La
Calandria que afanei de León
Gieco.
Amado
3. O mate, ou chimarrão não é
uma bebida.
Bueno, sim, pois é um líquido e
entra pela boca, porém não é
uma bebida.
No Rio Grande do Sul e nos
paises
cisplatinos,
ninguém
toma mate porque tem sede. É
mais um costume, como coçarse.
O
mate
faz
exatamente
o
contrário da televisão: te faz
conversar se estás com alguém
4. O mate ou chimarrão é feito com a
erva mate, a qual é encontrada
principalmente no sul do Brasil e
norte da Argentina.
É uma bebida genuinamente nativa,
sendo o mais antigo e tradicional
dos hábitos gauchescos.
É um legado dos índios Guaranis e
esse
costume
foi
fortalecido
e
expandido
pelos
espanhóis
e
jesuítas.
5. Quando chega alguém na tua
casa, a primeira frase é
“buenas” e a segunda é: vamos
matear?
Isto se passa em todas as
casas, seja de rico ou de pobre.
Passa entre mulheres e homens
sérios ou imaturos, velhos ou
jovens. É a única bebida
compartilhada entre pais e
filhos sem discussão e onde
ninguém “enche a cara”.
Chimangos ou maragatos,
gremistas ou colorados cevam
mate sem entreveros. No
inverno ou no verão
6. É a única coisa em que
nos parecemos vítimas e
carrascos; bons e maus.
Quando tens um filho,
começas
a
dar
mate
quando ele te pede. Se o
dá
morno
com
algum
açúcar,
se
sentem
grandes. E tu sentes um
orgulho enorme quando
um piazito teu começa a
chupar o mate, parece
que o coração te sai do
corpo.
Depois com os anos, eles
elegem
se
o
tomam
amargo ou doce, muito
quente ou tererê, com
casca de laranja ou limão
ou
ainda
com
alguma
7. Quando conheces alguém e
não tens confiança, ao
convida-lo para um mate
perguntas:
-Doce ou amargo?
E se o outro responde:
-Como tu tomas
É um bom sinal.
Nas casas do Rio Grande
do Sul sempre há erva
mate.
A erva é a
única que há sempre, com
inflação, com fome, com
militares,
com
democracia,
com
“mensalões”,
ou
com
quaisquer de nossas pestes
e maldições eternas. E se
um dia não houver, um
8. O Rio Grande do Sul é um dos
poucos lugares do mundo onde a
transformação de uma criança para
um homem ocorre num dia em
particular.
Esse dia não é o dia em começastes
a fumar, ou usar calças, ou quando
fizestes circuncisão, ou entrasse
para a universidade ou começou a
viver longe dos pais.
Começamos a ser grandes no dia que
temos a necessidade de tomar, pela
primeira vez, um mate solito.
9. Não é casualidade.
No dia que uma
criança
põe
a
chaleira no fogo e
toma seu primeiro
mate sem que haja
nada em casa, nesse
minuto
é
que
descobre que tem
alma.
Ou está morto de
medo,
ou
está
morto de amor, ou
algo: porém não é
um dia qualquer.
Poucos são os que
se recordam desse
dia, mas em todos
há uma revolução
10. O simples mate é nada
mais nada menos que
uma demonstração de
valores...
É a solidariedade de
bancar o mate lavado
porque a charla é boa.
A charla, não o
mate.
É
o
respeito
pelos
tempos para falar e
escutar,
tu
falas
enquanto
o
outro
toma, até que num
momento dizes:
-Basta, troca a erva!.
11. É o companheirismo nesse momento.
É a sensibilidade da água quase
fervendo.
É o carinho para perguntar:
-Está quente, não?.
É a modéstia de quem ceva o melhor
mate.
É a generosidade de servir até o
final.
É a hospitalidade do convite.
É a justiça de um por um.
12. É a obrigação de dizer
obrigado ao menos uma
vez ao dia.
É a atitude ética, franca
e leal de encontrar-se sem
maiores
pretensões,
de
compartilhar.