O texto descreve o Caipora, um protetor dos animais da floresta amazônica que atrapalha os caçadores de várias formas para proteger os animais, e que gosta de tabaco, podendo permitir a caça se receber oferendas de fumo.
1. D E S E N V O LV I M E N T O S U S T E N TÁV E L 8
O C A I P O R A é o principal protetor dos animais – ele confunde os caçadores para que
percam o rumo e não saibam mais voltar para casa; espanta os animais para longe; faz
barulho e assobia... de todas as formas atrapalha a caçada. No baixo Amazonas é
descrito de modo semelhante ao Curupira de outras regiões, com o corpo coberto de
pêlos e os pés voltados para trás, sempre montado em um porco-do-mato. No alto
Amazonas, sua aparência varia, por vezes é amistoso e pode ser invocado em rituais.
Diz-se que gosta muito de tabaco e, por isso, os caçadores procuram agradá-lo levan-do
fumo de rolo para a mata em dias especiais. Se aceitar a oferta, ele permite caçar
certa quantidade de animais ou determinada espécie, o veado, por exemplo.
68 69
2. O manejo florestal, com a derrubada controlada, a certi-ficação
da madeira e um processo de reutilização de seus
resíduos para gerar energia também são destaques no
programa.
Falando nisso, nosso apresentador nos mostra as possi-bilidades
de geração de energia na Amazônia. Vemos uma
hidrelétrica e o uso do petróleo e gás natural da Usina de
Urucum, e outras alternativas menos impactantes e reno-váveis
como a energia solar, o biodiesel do babaçu e do
dendê e a energia eólica, de grande potencial nos estados do
Maranhão e Pará.
Numa região tão grande, é o rádio que aproxima as pes-soas.
Nosso apresentador participa de um programa que
alcança a zona rural, e fala principalmente para seringalis-tas
e castanheiros, mostrando que algumas tribos indígenas
também estão conectadas nessa rede de informações.
C O N T E Ú D O S D O V Í D E O
“Vamos deixar a floresta sempre verde, nosso pequeno
planeta azul, ele precisa ser cuidado”... A mensagem da
música Forever Green, de Tom Jobim, é uma alusão à
importância de se conhecer, amar e conservar o que se
ama. O seringalista Chico Mendes partilhava da mesma
idéia do maestro. Neste programa, vemos o que as popu-lações
amazônidas estão fazendo para o desenvolvimento
sustentável da região.
O programa mostra um pouco da história de Chico
Mendes, verdadeiro ecologista que dizia que não adianta ser
proprietário e cuidar mal da terra. O importante é saber usar
o que a terra nos oferece, de maneira sustentável.
Nosso apresentador visita a Rede de Negócios do Acre, e
com ele aprendemos como identificar se um produto é sus-tentável
e ecologicamente correto e por que agregar valor
aos produtos é importante para o produtor.
A Amazônia fornece grande quantidade de produtos que,
se bem explorados, podem durar por muitas gerações.
O programa mostra alguns alimentos encontrados na
grande floresta, como a mandioca, o açaí, a pupunha, a cas-tanha,
o guaraná, o cacau, o cupuaçu, a graviola, o camu-camu,
a borracha e o couro vegetal – este último uma alter-nativa
que já mostra seu valor.
Mas, a floresta também dispõe de outros produtos. Conhe-cemos
alguns deles usados como cosméticos e no artesana-to,
e alguns riscos que o desmatamento continua a produzir.
Outra atração sustentável da Amazônia é o ecoturismo e o
turismo cultural, que atrai cerca de 50 mil turistas por ano e
possui grande potencial de expansão. Para conhecermos
mais sobre isso, visitamos o Projeto Mãe da Mata, em
Xapuri. Lá aprendemos sobre o manejo da borracha e da
castanha e vemos uma pousada ecológica. Conhecemos
ainda os efeitos fitoterápicos do ipê roxo e da copaíba e
aprendemos sobre o manejo de pesca de espécies como o
tambaqui, o curimatã, a traíra e o cará.
S I N O P S E D O V Í D E O
> UM CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
> A HISTÓRIA E AS IDÉIAS DE CHICO MENDES
> IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS
E ECOLOGICAMENTE CORRETOS
> OS PRODUTOS DA FLORESTA: OS ALIMENTOS, AS GOMAS,
OS FITOTERÁPICOS, O ARTESANATO
> O ECOTURISMO
> O MANEJO DA BORRACHA E DA CASTANHA
> O MANEJO DE PESCA
> O MANEJO FLORESTAL
> A ENERGIA NA AMAZÔNIA: ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS
> O RÁDIO COMO FUNDAMENTAL VEÍCULO DE INFORMAÇÃO
3. A floresta amazônica acolhe uma economia social e ecologicamente importante, mas ainda insu-ficientemente
valorizada pela sociedade brasileira. Essa economia é praticada por populações cul-turalmente
diversificadas, com modos de vida adaptados à dinâmica da floresta, populações estas
que há gerações dela extraem frutos, óleos, seivas e fibras vegetais, além de cultivar uma diversi-dade
de espécies regionais de valor comercial. São seringueiros, castanheiros, comunidades indí-genas
e pequenos produtores cujos negócios, além de garantirem o sustento de suas famílias,
mantêm a qualidade dos recursos naturais e evitam o desmatamento.
Entretanto, embora seja evidente o crescimento do mercado de produtos derivados de recursos
da floresta, a ampliação dos negócios gerados pelas comunidades amazônicas esbarra em certas
dificuldades, derivadas das condições em que produzem estes bens.
O conceito de “negócio sustentável” se baseia na adoção de medidas que reduzem ao máximo o
impacto ambiental no processo produtivo. Este tipo de negócio tem seus fundamentos em relações
comerciais justas, capacitação dos produtores, repasse de tecnologias, pagamento de royalties e inves-timentos
sociais.
O oposto de um “negócio sustentável” é aquele que se apóia no modelo de exploração predatória
dos recursos e tende a concentrar a renda; gera poucos empregos, com oportunidades desiguais
com relação a raça, gênero e nível educacional; oferece poucas oportunidades ao produtor familiar
e não respeita os modos tradicionais de vida e a diversidade da cultura local.
Porém, de nada adianta discutirmos os negócios sustentáveis sem compreender a lógica que
rege a economia predatória.
A N O V A C U L T U R A D A F L O R E S T A T R O P I C A L
O conjunto de conhecimentos sobre o que é sustentável para a sobrevivência do homem na
Amazônia pode ser denominado “cultura da floresta tropical”. O saber viver, alimentar-se, morar,
festejar e expressar seu mundo resultam de mais de cem séculos de aprendizado em busca de con-vivência
harmônica com a floresta.
Em cinco séculos, o que representa menos de 5% da experiência humana na Amazônia, a partir do
choque entre europeus e povos nativos, ocorreu uma grande ruptura. A cultura da floresta tropical foi
desprezada, excomungada, presa e aniquilada. Em poucos anos a humanidade perdeu informações,
vivências e mitos que demoraram milênios para serem construídos. A violência da ocupação pelas
armas e pelas doenças trazidas pelos europeus privou-nos de conhecer a nossa sustentabilidade.
Hoje, os desafios são outros. O contingente populacional aumentou muito. Já se busca a “nova
cultura da floresta tropical”.
O primeiro passo para transformar os negócios predatórios em ações para o desenvolvimento
sustentável, é procurar fazer com que o próprio morador da Amazônia valorize os recursos natu-rais
e os produtos daí resultantes. Seus produtos só serão valorizados pelos demais habitantes do
73
É POSSÍVEL MUDAR DE UMA ECONOMIA PREDATÓRIA PARA UMA ECONOMIA SUSTENTÁVEL?
Sim. E o principal fator de mudança é o conhecimento, a valorização da educação. É o aprendizado de que exis-tem
alternativas sustentáveis. É possível criar uma economia saudável, lucrativa e uma sociedade mais justa.
PA R A S A B E R M A I S
Para saber mais sobre im-pacto
ambiental e susten-tabilidade,
mergulhe no Ca-derno
1, parte 2.
A L E RTA
Um negócio predatório é
aquele que retira do meio
ambiente muito mais do
que repõe. Em muitos casos,
as intervenções humanas são
tão drásticas que os ecossis-temas
nunca mais conseguem
se recuperar.
M E R G U L H A N D O N O T E M A
4. PA R A S A B E R M A I S > Aspectos positivos da piscicultura: em sistemas baseados na permacultura (um sis-tema
agroflorestal) a maior parte da alimentação dos peixes vem da própria propriedade, sem a necessidade de
importar grãos (milho, trigo, soja, etc.); uma família, num pequeno lote de terra, pode ser proprietária de uma
lucrativa fazenda de piscicultura que emprega mais do que a pecuária.
Brasil e do mundo quando os amazônidas perceberem que o pó de guaraná e a polpa de taperebá
são parte de sua essência, de sua alma, de sua cultura, de seu ser, de seu modo de ver o mundo.
Um negócio só é sustentável se seus produtores, distribuidores e compradores estiverem de
acordo. Não existe sustentabilidade na produção se o consumo é desordenado e causa desequi-líbrios
e vice-versa.
O C O N S U M O S U S T E N T Á V E L E O C O M É R C I O É T I C O E S O L I D Á R I O
Todos os negócios sustentáveis começam pelo indivíduo – pela tomada de decisão de cada um.
Somos levados a tomar decisões de consumo a todo instante. Na maior parte das vezes não
percebemos que somos chamados a optar a cada instante. Decidir o que comer, o que comprar
para se vestir etc. são aquelas opções invisíveis que tomamos diariamente e que podem fazer toda
a diferença nos locais onde são produzidos.
As práticas para um comércio ético e solidário estimulam que um produtor receba a parte justa
pelo que produz – processo conhecido como “comércio justo”. No caso da Amazônia, estamos
falando do apoio a mais de um milhão de famílias de produtores.
PECUÁRIA BOVINA no estado
do Pará, em 1996.
PROCESSO manual para remoção
das cascas da castanha-do-pará,
Rio Branco/AC.
H e c t a r e
1 hectare equivale a dez mil
metros quadrados, um pouco
mais do que um campo de
futebol.
C O M P A R A N D O N E G Ó C I O S S U S T E N T Á V E I S E P R E D A T Ó R I O S :
P I S C I C U L T U R A X P E C U Á R I A B O V I N A
A área desmatada na Amazônia é de aproximadamente 65 milhões de hectares e a pecuária ocupa
3/4 desta área. No entanto, a renda da pecuária da Amazônia é muito baixa, 0,04% do Produto
Interno Bruto do Brasil. E o que é pior: cerca de 1/4 dessas pastagens está, hoje, abandonado.
Além da necessidade de grandes áreas desmatadas, um boi converte somente 7% do que come
em carne. Assim, em um hectare na Amazônia, produz-se por ano, em média, cerca de 85 kg de
carne. A geração de empregos na pecuária também é muito pequena: de um peão para cada 500
cabeças de gado, com remuneração à base do salário mínimo. Somente um grande proprietário de
terra terá lucro com a pecuária extensiva vigente.
Por outro lado, a piscicultura (criação de peixes em cativeiro) utilizaria para produzir a mesma
quantidade de carne, menos de um hectare de terras. Conclusão: não é necessário desmatar a
Amazônia para produzir proteína animal.
Sustentabilidade é encontrar a vocação de uma região, buscando o equilíbrio econômico, ambi-ental
e social.
F I Q U E P O R D E N T R O
A palavra permacultura ainda
não existe nos dicionários
brasileiros. Ela foi inventada
para descrever a transição da
agricultura convencional para
uma agricultura permanente.
74 75
5. a invasão de terras, o roubo de madeira, a caça e a pesca predatórias, e um grande impacto para
as comunidades tradicionais caboclas e indígenas.
O aprendizado sobre o impacto social e ambiental de usinas hidrelétricas construídas na década
de 1980 revelou a importância de se selecionar as melhores alternativas que minimizem estes
impactos e de debater com a sociedade quais rumos tomar.
Além da energia gerada a partir do represamento das águas dos rios, a Amazônia oferece outras
fontes, entre as quais destacamos:
O petróleo e o gás natural > O petróleo e o gás natural são fontes não renováveis de energia.
A Amazônia possui algumas das maiores reservas brasileiras de petróleo e de gás natural. A bacia
do rio Urucu, no médio Solimões, torna o Amazonas o segundo estado com maior produção de
petróleo. Urucu responde por 5,6% da produção nacional de petróleo, apresentando os maiores
poços terrestres do país. Além disto, possui a maior reserva brasileira terrestre de gás natural,
engarrafado para o mercado do Norte e parte do Nordeste.
Atualmente, o impacto ambiental e social deste empreendimento está sendo discutido. O trans-porte
para os principais centros consumidores da Amazônia Ocidental (Manaus, Porto Velho e Rio
Branco) depende da construção de um gasoduto com 550 km ligando Porto Velho à reserva, e outro
com 420 km ligando Coari a Manaus.
Os biocombustíveis > Além da energia solar propriamente dita, uma forma de aproveitar a
abundância de energia solar da Amazônia é captá-la através da fotossíntese, na forma de biocom-bustível.
Árvores produzindo energia!
A importância de um biocombustível é muito maior que apenas evitar que se utilizem fontes fós-seis
não renováveis, como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral, as três principais fontes
energéticas do mundo contemporâneo. O biocombustível é renovável, e pode ser produzido inde-terminadamente.
Em termos ambientais, os biocombustíveis liberam menos CO2 (dióxido de carbono) para a
atmosfera do que os combustíveis fósseis, reduzindo a produção desse gás que contribui para o
efeito estufa.
A economia da Amazônia poderia ser revolucionada se as áreas atualmente abandonadas de
pastagens fossem reflorestadas em sistemas de permacultura. Nestes reflorestamentos, pode-ria
haver o replantio de árvores para a geração de óleo vegetal – babaçu, dendê, copaíba, andiro-ba,
bacaba etc. – e para a produção de alimentos, madeira, fibras e outros produtos. Uma das
características destes reflorestamentos é que estariam capturando (seqüestrando) o carbono em
excesso na atmosfera terrestre, contribuindo, de maneira significativa para reduzir ainda mais o
efeito estufa.
D E S A F I O S P A R A O D E S E N V O L V I M E N T O S U S T E N TÁ V E L
E n e r g i a R e n o v á v e l
A palavra “renovável” é
muito utilizada quando se
fala de energia. A energia
gerada pelos ventos, pelo sol
ou do óleo de babaçu são ren-ováveis,
pois pressupõe o uso
de longo prazo, desde que bem
manejado. A energia a partir do
petróleo, por exemplo, não é
renovável, pois não é possível
produzir mais petróleo. Se o
planeta consumir todo o seu
petróleo, gás natural, carvão
mineral ou outro minério ou
gás, nenhum destes elementos
será renovado. Por isso, atual-mente
discute-se o desenvolvi-mento
de energias renováveis.
SERRARIA em Rondônia,
exemplo de exploração
predatória de madeira.
PA R A S A B E R M A I S
Para saber mais sobre o
arco do desmatamento e o
problema do desmatamento,
mergulhe no Capítulo 10,
“Economia”, no Caderno 3.
O P R O B L E M A D O D E S M A TA M E N T O
A Amazônia é a maior reserva de madeiras tropicais
do planeta, com cerca de 1/3 das reservas mundiais
de madeiras duras. Essas atividades correspondem a
20% da renda da região, sendo o segundo produto em
importância na economia, perdendo apenas para a
mineração industrial. O setor madeireiro emprega
mais de meio milhão de pessoas e é a principal fonte
de renda de mais de cem municípios, especialmente
na frente pioneira de ocupação, na área conhecida
como “arco do desmatamento”.
A exploração da madeira, no entanto, é caótica: 86%
da madeira são retirados de maneira predatória.
Existem serrarias predatórias porque há fornecedores
predatórios, intermediários predatórios, consumidores predatórios e autoridades ambientais
omissas. Muitos dos fornecedores são pecuaristas que visam transformar suas áreas em pasto e
utilizam a venda da madeira para financiar esta atividade.
A grande quantidade de madeira roubada de reservas indígenas, áreas de preservação, de terras
públicas e de propriedades particulares é outro problema da região. As madeireiras que trabalham
com esta matéria-prima competem com aquelas que extraem legalmente a madeira segundo
planos de manejo acompanhados pelas autoridades ambientais. Os consumidores predatórios
desejam apenas a melhor madeira pelo preço mais baixo possível, sem medir o grande impacto
social e ambiental.
Outro problema é o desperdício. Estima-se que, em média, mais da metade da tora seja per-dida.
Esta perda começa na própria floresta. Uma árvore mal cortada pode derrubar outras vinte.
O corte e o transporte inadequados podem causar estragos em parte do material, mas as maiores
perdas são verificadas na própria serraria, devido à falta de capacitação técnica dos funcionários
e às distorções do mercado predatório, que exige cortes que não respeitam as condições naturais
da madeira.
O U S O R A C I O N A L D E E N E R G I A
A sustentabilidade das atividades de geração e transporte de energia é um dos principais
desafios da Amazônia. Se, de um lado, o país e a região precisam muito desta energia, por outro, a
abertura de novas estradas, linhas de transmissão e oleodutos podem significar abrir portas para
76 77
6. A Ç Õ E S P A R A U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L
O M A N E J O F L O R E S TA L S U S T E N TÁV E L
Viver da coleta de produtos e serviços do meio natural é o que mais de um milhão de famílias,
entre caboclos e povos indígenas, ainda fazem na Amazônia. Incluem-se nesse sistema a coleta de
espécies vegetais e animais ainda não domesticadas ou aqueles cuja produção do meio natural seja
maior e mais rentável que a de cultivos ou criações domésticas.
Nos últimos anos, graças ao sucesso econômico da retirada planejada de madeira da mata natural,
consolidou-se a idéia de que o manejo florestal sustentável é melhor negócio que a simples cole-ta
indiscriminada das madeiras na mata. Segundo este sistema, se dividirmos uma mata em 50
lotes, a exploração irá ocorrer num lote por ano, permitindo que em 50 anos se retorne ao primeiro
lote, onde a natureza deverá oferecer novas árvores para o corte. Isso torna o sistema mais produ-tivo,
mais lucrativo e de longo prazo.
PA R A S A B E R M A I S > Recentemente, o Conselho de Manejo Sustentável (FSC - Forest Stewardship Council)
chegou a um conjunto de normas e padrões para a extração e o beneficiamento da madeira. As empresas que
cumprem essas normas recebem um selo de qualidade, o selo verde do FSC. Nas regras do FSC não estão ape-nas
as questões ambientais. Há importantes conquistas sociais como os direitos trabalhistas e os cuidados com
a segurança dos funcionários.
A solução para mudar o quadro de destruição da floresta amazônica passa também pela ação de
cada um de nós enquanto consumidor. Se o cliente privilegiar a compra de madeira certificada,
mais lojas terão que se adaptar e buscar esses produtos para atendê-los.
Instrumentalizar o consumidor cidadão para que ele possa conhecer os processos produtivos é
uma das mais urgentes e efetivas ações para um futuro sustentável. A base do consumo susten-tável
é a ética.
P E R M A C U LT U R A – PA R A E N R I Q U E C E R A F L O R E S TA
Há diversos nomes para a associação de agricultura e a coleta em ambientes naturais: agroflo-resta,
sistemas agroflorestais, permacultura, entre outros. Adotamos o termo permacultura por
ser mais completo e considerar outras questões vitais para a sustentabilidade. A permacultura
baseia-se na hipótese de que as atividades humanas podem coexistir com ambientes naturais.
A permacultura é uma síntese entre as práticas agrícolas tradicionais e as idéias inovadoras,
unindo o conhecimento secular às descobertas da ciência moderna. O projeto permacultural
envolve o planejamento, a implantação e a manutenção conscientes de ecossistemas produtivos
que tenham em conta a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais.
Somente os babaçuais nativos do estado do Maranhão poderiam
fornecer imediatamente 3 milhões de toneladas/ano de biocom-bustível.
Isto geraria US$ 1,2 bilhão, convertendo-se na principal
fonte de renda da população local. O babaçu apresenta um dos mais
altos rendimentos de óleo por amêndoa, cerca de 65%. Se este com-bustível
fosse adicionado ao óleo diesel, a Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) acredita que ele pro-moveria
uma economia superior a US$ 1 bilhão. E tem mais: a efi-ciência
do motor movido a óleo vegetal é bem maior que o do óleo
diesel e o desgaste é menor.
Além do biocombustível a partir de seu óleo, do babaçu se aprovei-ta
o coco para fazer carvão, tanto com fins domésticos em substitui-ção
ao gás de cozinha, quanto na siderurgia (produção de derivados
do minério de ferro) e na produção de energia elétrica.
O E C O T U R I S M O
O ecoturismo é a oportunidade de buscar novos valores, através
de uma visita organizada, segura e apoiada em informações sobre
o meio e as comunidades locais.
A Amazônia brasileira atrai menos de 50 mil ecoturistas ao ano.
Muito pouco se comparado a outros destinos. Calcula-se que 35
milhões de pessoas realizem ecoturismo internacionalmente, ou
seja a Amazônia praticamente está fora do mercado mundial.
Encontramos um cenário não muito diferente desse se considera-mos
o mercado nacional.
É claro que podemos elencar justificativas relacionadas a custos
altos, distância, falta de infra-estrutura. Porém, a grande razão para
as pessoas não buscarem a Amazônia é o desconhecimento.
São necessárias campanhas publicitárias mais agressivas que di-vulguem
a região. Pequenos esforços podem representar verda-deiras
revoluções para municípios cujo potencial turístico já foi bem diagnosticado. A principal
questão é atrair recursos para investimentos e capacitação de pessoas para o bom exercício da
profissão de guias e atrair empresas de turismo para conhecerem o que a Amazônia oferece.
USINA DE URUCU, maior reserva
brasileira de gás natural e
vista aérea de um hotel dentro da
floresta amazônica, caracterizando
o ecoturismo da região.
78 79
7. Açaí > Do açaí tudo se utiliza: o “vinho” de seu fruto é a base da alimentação de mais de três
milhões de pessoas no delta do rio Amazonas; ele produz um excelente palmito e seu tronco e fo-lhas
são usados para a construção de casas; as sementes, no artesanato e na adubação orgânica.
Além disso, o açaí é uma excelente espécie pioneira para o reflorestamento.
Babaçu > O babaçu é a árvore dominante em cerca de 5% da região amazônica, servindo como
alimento, como carvão, fonte medicinal, principal componente da fabricação de sabão (maior fonte
de glicerina conhecida), entre muitos outros usos. Das amêndoas do babaçu, se extrai um óleo
vegetal de alta qualidade, excelente para a culinária, para a fabricação de margarina e de gordura
hidrogenada. Das amêndoas também se retira o leite do babaçu que é usado na culinária local para
empapar o cuscuz, da mesma forma que o leite de coco-da-baía.
O babaçu é a espécie nativa da Amazônia cuja produção emprega o maior número de pessoas da
região. Só as mulheres quebradeiras de coco-de-babaçu são mais de 300 mil vivendo desta extração.
Mas as florestas de babaçu vêm sendo sistematicamente cercadas e derrubadas para a formação
de pastos! Para combater o problema, uma vez organizadas em cooperativas e associações, estas
mulheres têm conquistado espaço político. Foram criadas pequenas usinas para o beneficiamento
da glicerina e produção da farinha da polpa do babaçu.
Castanha-da-amazônia > A árvore da castanha-da-amazônia (também conhecida como cas-tanha-
do-pará ou castanha-do-brasil), ou simplesmente castanheira, é uma das mais altas da flo-resta,
alcançando até 55 metros.
Na região, consome-se a amêndoa da castanha na época imediatamente após a sua queda, mas
no Centro-Sul este consumo está mais associado às festas natalinas. É conhecida como um dos
Ele resulta na integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem, provendo alimentação,
energia e habitação, entre outras necessidades materiais e não materiais, de forma sustentável.
O primeiro grande desafio quando se propõe a permacultura é permitir que os agricultores
desenvolvam um novo modo de compreender a terra, a floresta, o solo e os ciclos vitais da
natureza. A base da permacultura é a manutenção da fertilidade do solo. Em áreas tropicais,
como a Amazônia, isto significa que não se pode deixar o solo exposto diretamente ao sol e às
chuvas, como é feito na agricultura mecanizada da soja e na pecuária. Não se trata de uma
medida econômica, mas cultural. A mudança de mentalidade exige investimentos em edu-cação,
oferecendo a todos a oportunidade de repensar a relação homem-natureza, dos
grandes fazendeiros ao produtor familiar, ao peão de gado, ao operador de motosserra, ao
garimpeiro etc.
Na permacultura, a propriedade rural não é pensada para produzir um único produto (monocul-tura),
como o boi, a soja ou café. São dezenas de produtos que uma única família consegue retirar
do ambiente de maneira sustentável.
P E N S A N D O D E M O D O S U S T E N TÁV E L : O U T R O S P R O D U T O S D A F L O R E S TA
Há muitos produtos não madeireiros na floresta amazônica que, além de garantirem melhor quali-dade
de vida a quem nela habita e produz, podem ser vendidos e gerar renda. Diferentemente da
madeira coletada de modo predatório, que será vendida uma única vez, estes produtos, se bem mane-jados,
poderão oferecer renda contínua por muitas gerações. Entre esses produtos vale destacar:
O S A L I M E N TO S > Pensar em produzir alimentos na Amazônia é partir do ambiente natural exis-tente.
Se há florestas naturais, como na grande parte da região, é preciso imitá-las, ou seja, é pre-ciso
criar florestas produtivas. Assim como na floresta natural há grande diversidade de espécies,
na nova floresta produtiva é necessário reproduzir esta variedade.
Desta forma, pensar em alimentação na Amazônia é pensar em coletar alimentos de uma flores-ta
enriquecida. Não um único produto, mas uma cesta de alimentos, segundo suas estações natu-rais.
É preciso conduzir a floresta para que se possa sempre colher raízes, frutas, frutos, verduras,
legumes e folhas.
As palmeiras representam a segunda principal fonte de alimentação da Amazônia. São mais
de cem espécies nativas, entre as quais o açaí-de-touceira (o conhecido açaí), o babaçu, a
pupunha, o buriti, a bacaba e o tucumã. É preciso destacar também o coco-da-baía e o dendê.
As palmeiras estão entre as árvores de mais fácil plantio e manejo. Diversas nações indígenas
adensavam suas áreas de uso enriquecendo-as com palmeiras.
ALGUNS PRODUTOS da floresta,
considerados importantes
fontes de alimentos; açai,
dendê e castanha.
80 81
8. Camu-camu > O camu-camu, até recentemente pouco conhecido, é a principal fonte natural de
vitamina C (1,5 vez mais que a acerola, 13 vezes o caju e 65 vezes a laranja). Pode ser explorada
para a extração da vitamina C como complemento medicinal.
Cupuaçu > O cupuaçu produz um fruto de odor agradável, muito apreciado, cuja polpa é empre-gada
em sucos, doces e conservas. Na região, é consumido in natura e seu preço é bastante
atraente ao produtor local, seja sob a forma de coleta na floresta, seja como plantio.
Nos últimos anos, pesquisadores brasileiros criaram o cupulate (chocolate de cupuaçu), a partir
da amêndoa do fruto. O cupuaçu pode ser um excelente substituto ao cacau, tendo como uso ime-diato
a merenda escolar, as cestas básicas e o consumidor da própria Amazônia.
Graviola > A graviola possui grande difusão na América Central e nos Estados Unidos. Esta
planta é de fácil plantio, pode ser vendida in natura, como polpa para sucos, sorvetes e doces.
Mesmo não possuindo valor protéico ou energético, como outras frutas amazônicas, é bastante
procurada por seu sabor agradável.
A S G O M A S > A borracha natural mais conhecida é a da seringueira, árvore abundante nas
áreas úmidas de diversos rios da Amazônia. Conhecida de muitas nações indígenas, foi
divulgada na Europa a partir do século XVIII, até se tornar matéria-prima fundamental na
fabricação de diversos produtos. Sua maior procura ocorreu com o crescimento da fabri-cação
de pneus para a indústria automobilística no início do século XX. Naquele momento, a
borracha era coletada em abundância somente no Brasil – em menores proporções no Peru
e na Bolívia.
mais completos alimentos vegetais e uma das mais ricas fontes de selênio, essencial para evitar
depressão, especialmente em pessoas mais velhas.
Um dos mais sérios problemas enfrentados pelos castanheiros é o baixo preço do produto. Mas
vale mencionar a experiência de divulgação da importância da castanha em uma pequena rede de
supermercado de comércio ético e solidário da Itália ao trabalhar com produto de uma cooperati-va
do Acre, a Capeb. Esta campanha triplicou o consumo de forma permanente.
Guaraná > O guaraná, fruto domesticado pelos índios Sateré-Maué, do Amazonas, é conhecido
pela comunidade médica como afrodisíaco e estimulante. Contém três vezes mais cafeína que o
café, além de propriedades medicinais, como o combate à enxaqueca. Seu principal uso é como
ingrediente de refrigerantes.
O guaraná pode ser plantado e processado por produtores familiares, em sistemas adequados ao
ambiente amazônico, em regime de consorciamento a outras culturas. É um produto dos mais promis-sores
da Amazônia, e atualmente gera renda significativa para milhares de famílias.
Frutas tropicais > As frutas tropicais amazônicas são bastante diversas. Conhecem-se mais
de 300 espécies, das quais pelo menos 50 são usuais na alimentação regional.
Cacau > O cacau, fruto originário da Amazônia, hoje é plantado em muitos países tropicais.
A região de Altamira, no Pará, e diversos municípios de Rondônia têm no cacau um de seus mais
importantes produtos.
Este fruto é conhecido principalmente por sua amêndoa, que, uma vez seca, é a base da
produção do chocolate. Além disto, a polpa do cacau batida faz um dos mais saborosos sucos
que existe.
GUARANÁ E CUPUAÇU,
importantes frutos da região
amazônica.
PUPUNHA, TUCUMÃ E ACEROLA,
frutos típicos da Amazônia.
PA R A S A B E R M A I S
Para ver a história da bor-racha
e os ciclos econômi-cos,
mergulhe no Capítulo 4,
“História da Ocupação da
Amazônia”, Caderno 2.
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9. Atualmente, a borracha é plantada em mais de 50 países tropicais. O Brasil, de praticamente
único exportador, tornou-se grande importador, participando com menos de 1% como produtor no
mercado mundial. A borracha hoje coletada da floresta representa menos de 5% do total fabricado
no país e menos de 0,1% da produção mundial. Mesmo assim, esta borracha nativa garante o sus-tento
de mais de 30 mil famílias.
Entre os desafios para o setor, o principal é o preço muito baixo, insuficiente para garantir uma
vida digna ao coletor da borracha. A solução estaria em agregar valor à matéria-prima, com a pro-dução
de solados naturais de borracha para calçados, do couro vegetal e outros produtos.
C O U R O V E G E TA L > O couro vegetal incorpora conhecimentos caboclos e científicos para oferecer
um tecido emborrachado útil na fabricação de calçados, bolsas, artesanato e vestuário.
Algumas comunidades, como a de Maguari, em Belterra, no rio Tapajós (PA), começam a veri-ficar
como o couro vegetal pode garantir emprego e renda na própria floresta, além de oferecer um
produto autêntico e diferenciado. O couro vegetal ainda é muito pouco conhecido e divulgado. É pre-ciso
apresentá-lo à indústria de calçados, de brindes, de artigos de papelaria e vestuário.
O S P R O D U T O S D E H I G I E N E P E S S O A L
A indústria de cosméticos é uma das que mais cresce no mundo. A Amazônia oferece mais de
1.200 plantas com potencial para a cosmética. Você já experimentou um perfume de priprioca, uma
água-de-colônia de patchouli, um sabonete de muru-muru, um batom de urucum, um xampu de
andiroba ou um creme à base do leite da castanha-da-amazônia?
Pau-rosa > Por que um perfume francês se a Amazônia oferece alguns dos fragâncias maravi-lhosas?
Você sabia que um dos mais famosos perfumes da Chanel, o Número 5, utiliza um dos me-lhores
fixadores naturais conhecidos – o pau-rosa?
O problema é a grande exploração, pois o óleo é extraído do tronco da árvore e esta precisa ser
derrubada. Sua região de ocorrência natural é bastante restrita e até hoje não se conseguiu plan-tar
o pau-rosa em escala comercial. A área do pau-rosa no médio Tapajós, no Pará, sofre com a
investida da garimpagem e da pecuária.
Andiroba > A andiroba é uma árvore de grande porte que produz um óleo muito empregado na
medicina popular como antiinflamatório, contra micoses e para diminuir as dores musculares e de
luxações.
Diversas nações indígenas misturam o urucum à andiroba para produzir um protetor solar e
repelente contra insetos – o que gerou recentemente um produto: a vela de andiroba. A andiroba é
um dos produtos mais empregados na indústria de higiene pessoal – na fabricação de sabonetes,
xampus e condicionadores.
Neem > O neem é uma planta da Índia, adaptada às condições amazônicas, com diversas utili-dades.
Seu óleo é usado para a produção de sabonetes, xampus e cremes dentais; os galhos
menores são utilizados como escovas de dente descartáveis em comunidades de baixa renda; além
de sua madeira possuir grande valor. As folhas, cascas, sementes e óleo são empregados na medi-cina
tradicional para diversos fins e para o combate natural às pragas da lavoura.
A S F I B R A S
São conhecidas dezenas de fibras naturais da Amazônia a partir de seu uso por indígenas e cabo-clos
na cestaria, na pesca, na fabricação da moradia e de artefatos diversos.
Um dos recentes produtos promissores da Amazônia é o curauá. Esta bromélia, quando seca e
desfibrada, é uma excelente substituta para a fibra de vidro dos assentos dos automóveis. Presta-se,
igualmente, para filtros e lonas de freios, além de solas de sapatos e tecidos antialérgicos.
A vantagem do curauá é que seu plantio pode ser feito nas comunidades tradicionais, em roças
familiares, consorciada (dividindo o mesmo espaço) a outras culturas. A fábrica para seu proces-samento
pode ser instalada em pequenas vilas, agregando maior renda local. O curauá vem sendo
desenvolvido principalmente pelo sistema Poema, da Universidade Federal do Pará, em Santarém
e na região de Belém.
Além do curauá, vale mencionar o coco-da-baía como outra importante fonte de fibra. Há, no
entanto, diversas palmeiras tradicionalmente utilizadas para a produção de fibras: o tucumã, o
babaçu, o buriti e o guarumã, apenas para citar algumas.
No outro lado da Amazônia, na porção central do Acre, estão os mais extensos bambuzais nativos
do Brasil, uma área superior à do estado de Sergipe. No Sudeste Asiático, especialmente na
Indonésia e na China, regiões inteiras vivem da exploração dos bambuzais para fins alimentares,
energéticos, para a produção de compensados (MDF) e para a produção de fibras vegetais, empre-gando
centenas de milhares de pessoas.
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10. L E I T U R A D E I M AG E M
Neste programa vimos um pouco da riqueza de idéias dos amazônidas
para conseguir conciliar economia e ecologia, visando o crescimento
aliado à manutenção da floresta.
Uma forma de fazer a “leitura de imagem” é dividir a turma em grupos,
de acordo com os conteúdos específicos do programa, e pedir para que
cada grupo apresente uma parte (por exemplo, “o manejo de produtos
da floresta”, ou “a história e as idéias de Chico Mendes”). Registre
tudo no quadro para que os alunos dos outros grupos possam con-tribuir
com o que foi apresentado. Dessa forma, todos os conteúdos do
vídeo serão trabalhados de forma dinâmica e interativa.
Q U A R T O M O M E N T O
> Releia para o grupo as definições formuladas na primeira
etapa e pergunte se depois da leitura de imagem do programa,
essas definições estão de acordo com as idéias ali contidas ou
se divergem.
> Mantenha os quatro grupos e proponha que cada um pro-cure
conhecer diferentes pontos de vista e comportamentos
sobre a questão do desenvolvimento sustentável. Possibilidades
de enfoques:
> O que a minha família pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável
e como atua neste processo. (O grupo deverá elaborar
um questionário para aplicar em suas famílias e anotar o que
se consome no dia-a-dia da casa que se relaciona de alguma
forma com os “negócios sustentáveis” da região. Ex: sabonetes,
óleos, material de construção...)
> O que a população da minha cidade pensa sobre Desen-volvimento
Sustentável e como atua neste processo. (O grupo
deverá elaborar um questionário para aplicar junto aos transe-untes
na porta de suas casas e da escola.)
> O que a minha escola pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável
e como atua neste processo. (O grupo deverá elaborar
um questionário para aplicar na escola de forma a contemplar
todos os setores que envolvem a comunidade escolar.)
> O que a imprensa pensa sobre Desenvolvimento Sus-tentável
e como atua neste processo. (O grupo deverá pesqui-sar
nos jornais e revistas todas as matérias que dizem respeito
ao assunto e recortá-las.)
> Ajude os grupos a redigirem seus questionários, procuran-do
criar perguntas que não deixem os entrevistados constrangi-dos,
mas que revelem se o conceito de desenvolvimento susten-tável
é conhecido, as opiniões e um pouco dos hábitos de con-sumo
(se as pessoas procuram saber se o produto desejado
tem selo verde ou não...).
Q U I N T O M O M E N T O
> Análise interna dos grupos quanto ao material coletado.
Cada grupo deverá redigir um comentário que expresse uma
conclusão dos dados e uma visão crítica do grupo a respeito dos
resultados.
S E X T O M O M E N T O
> Socialização dos trabalhos em grupo. Cada um irá apre-
T R A B A L H A N D O C O M O T E M A
As atividades sugeridas a se-guir
estão relacionadas à pro-posta
metodológica de edu-cação
ambiental apresentada
no caderno 1 do kit. A leitura
desse caderno ajudará no
desenvolvimento de um projeto de educação ambiental que
procura considerar, trabalhar e avaliar as particularidades de
cada contexto. Questionando o porquê e para que implementar
uma proposta dessa natureza.
É importante lembrar que as atividades que se seguem são
apenas algumas sugestões possíveis de estruturar o modo
como trabalhar no cotidiano da sala de aula com esses temas,
aliados a uma prática educacional que valoriza a interdiscipli-naridade,
a transdisciplinaridade e a expressão dos conteúdos
através de diferentes linguagens artísticas.
Esperamos que essas sugestões de atividades se somem
ao trabalho já desenvolvido por cada instituição e educador...
que sirva como inspiração para que cada um crie e recrie da
sua forma.
Organizamos as sugestões de duas formas diferentes. A pri-meira
segue passo a passo um processo de trabalho com uma
proposta determinada, na qual as etapas são cuidadosamente
descritas exemplificando um desencadeamento de idéias. A se-gunda
sugestão indica outras possibilidades de trabalho com o
tema que podem complementar a proposta principal, substitui-la
ou somente provocar novas idéias nos professores.
S U G E S TÃ O PA S S O A PA S S O
> ANTES DE ASSISTIR AO PROGRAMA | SENSIBILIZAÇÃO PARA O TEMA
I M P O RTA N T E > O número de aulas ou encontros necessários para
o desenvolvimento das etapas propostas aqui dependerá das dife-rentes
realidades e interações com os alunos.
P R I M E I R O M O M E N T O
> Escreva em quatro pedaços de papel as palavras: Desen-volvimento;
Sustentabilidade; Renovável; Predatório.
> Divida a turma em quatro grupos e entregue a cada um
deles um papel com uma destas palavras.
> Peça que conversem sobre o que cada um pensa sobre a
palavra sorteada e que formulem, em conjunto, um conceito
por escrito, que expresse a opinião do grupo.
> Abra uma roda de modo que cada grupo leia para os outros
o conceito formulado. Após cada leitura, instigue o grupo a se
colocar: quem concorda ou quem tem alguma coisa para
acrescentar.
S E G U N D O M O M E N T O
> Assista o programa com a turma.
T E R C E I R O M O M E N T O
> Reflexões sobre as imagens e conteúdos do programa.
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sentar seus resultados, conclusões e opinião crítica para os
demais.
> Peça que relatem também um pouco do processo de
pesquisa: como foram recebidos pelos entrevistados, maiores
dificuldades, fatos pitorescos, etc.
> Após as apresentações, pergunte como cada um e a escola
podem participar do processo de desenvolvimento sustentável
da região. Liste as sugestões.
S É T I M O M O M E N T O
> A partir das sugestões dadas pelos grupos, proponha a
realização de uma campanha de divulgação na escola da ex-pressão
‘desenvolvimento sustentável’ para contribuir na cons-cientização
da participação de cada um neste processo.
> Possibilidades: confeccionar cartazes, elaborar frases, or-ganizar
uma exposição de produtos sustentáveis extraídos da
floresta, etc.
O I TA V O M O M E N T O
> Como fehamento, prponha a organização de um debate com
diferentes representantes dos diversos segmentos que
envolvem um negócio sustentável. Ex: representante de uma
cooperativa; um empresário; um jornalista; um deputado; um
consumidor...
O U T R A S S U G E S T Õ E S D E A T I V I D A D E
> Pesquisar sobre a chamada Cultura da Floresta e a sua
relação com o desenvolvimento sustentável.
> Explorar a questão madereira (queimadas X manejo flores-tal)
e tudo que esta por trás desta questão.
> Pesquisar os produtos extrativistas: quais são e suas
diferentes formas de aproveitamento. Experimente realizar
com o grupo todo o processo de aproveitamento de alguma
planta nativa.
> Proponha visitar uma cooperativa local.
B I B L I O G R A F I A
ANDERSON, Anthony; CLAY, Jason (orgs.). Esverdeando a Amazônia: comunidades e empresas em busca de práti-cas
para negócios sustentáveis, Brasília / São Paulo: Instituto Internacional de Educação do Brasil / Fundação
Peirópolis, 2002.
BRASIL. Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento: a sus-tentabilidade
que queremos. Rio de Janeiro: Projeto Brasil Democrático / CUT / Fase, 2002.
DEAN, Warren. A luta pela borracha no Brasil, São Paulo: Nobel, 1989.
MEIRELLES FILHO, João. O livro de ouro da Amazônia. Mitos e verdades sobre a região mais cobiçada do planeta,
Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Causas e dinâmica do desmatamento na Amazônia, Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2001.
SAYAGO, Doris; TOURRAND, Jean-François e BURSZTYN, Marcel. Amazônia: cenas e cenários. Brasília, EdUnB,
2004.
SCHNEIDER, Robert R.; ARIMA, Eugênio; VERÍSSIMO, Adalberto; BARRETO, Paulo; JÚNIOR, Carlos Souza.
Amazônia sustentável: limitantes e oportunidades para o desenvolvimento rural, Belém: Banco Mundial e
Imazon, 2000 (Série Parcerias Banco Mundial – Brasil).
VEIGA, Jonas Bastos da [et al.]. Expansão e trajetórias da pecuária na Amazônia, Brasília: EdUnB, 2004.
I M P O RTA N T E > As atividades práticas e a proposta pedagógica
sugeridas neste capítulo mesclam conteúdos de diferentes disciplinas.
Elas podem fazer parte de um projeto integrado, no qual cada educador
desenvolve suas especificidades, ou serem desenvolvidas por um único
educador. É importante ter um projeto de trabalho que estabeleça
metas e objetivos, criando um encadeamento das atividades, passo a
passo. A intenção e a profundidade do trabalho dependerão das priori-dades
e necessidades do grupo.
Esteja aberto para as propostas e demandas dos alunos, todo plane-jamento
pode e deve ser revisto e avaliado.