SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
A MEDIDA DO TEMPO GEOLÓGICO
E A IDADE DA TERRA
Para se constituir a história da Terra é necessário atribuir datas aos
acontecimentos geológicos, isto é, estabelecer a sequência cronológica
desses acontecimentos.
Existem dois processos de datação dos acontecimentos geológicos:
1– Datação relativa
 As idades dos terrenos e rochas são estabelecidas umas
em relação às outras.
 Não se utilizam unidades de tempo definidas.
 Não é indicado o tempo exato em que determinado acon-
tecimento ocorreu, apenas que esse fenómeno foi ante-
cedido por um e seguido por outro.
2– Datação absoluta
 Estabelece-se uma escala de idades absolutas expressa
em determinada unidade de tempo.
 Aplicam-se métodos radiométricos ou radioisotópicos que
se baseiam nas propriedades de certos elementos radioa-
tivos.
DATAÇÃO RELATIVA
Baseia-se na análise de dois tipos de documentos:
- disposição dos estratos sedimentares;
- existência de fósseis.
Princípios da estratigrafia importantes para a datação rela-
tiva de terrenos:
* Princípio da horizontalidade original (ou inicial)
Os sedimentos são sempre depositados em camadas hori-
zontais. O fenómeno geológico que altera a horizontalida-
de é sempre posterior à sedimentação.
* Princípio da sobreposição
Numa sucessão de estratos não deformados, qualquer de-
les é mais recente do que aquele que lhe serve de base e
mais antigo do que aquele que o cobre.
* Princípio da continuidade
Um estrato contínuo tem a mesma idade em todos os
seus pontos.
* Princípio da identidade paleontológica
Os estratos ou conjuntos de estratos caracterizados pelas
mesmas associações de fósseis são da mesma idade.
Fósseis de idade — fósseis correspondentes a grupos de
seres vivos com curta longevidade relativa e larga dis-
persão geográfica.
* Princípio da interseção
Qualquer estrutura que intersete outra é mais recente do
que ela.
* Princípio da inclusão
Fragmentos de rochas incorporados ou incluídos numa ro-
cha são mais antigos do que a rocha que os engloba.
A MEDIDA DO TEMPO GEOLÓGICO E A IDADE DA TERRA (cont.)
DATAÇÃO ABSOLUTA ou RADIOMÉTRICA
As idades são expressas, normalmente, em milhões de anos, com a in-
dicação de um certo intervalo de erro. Por exemplo, 74 ± 6 M. a.
A unidade geológica de tempo é de 1 000 000 de anos (1 M. a.).
Baseia-se no declínio da radioatividade dos elementos comuns dos mi-
nerais. Assim, as rochas transformam-se em relógios.
Existem na Natureza alguns elementos fisicamente instáveis, cu-
jos átomos, ao se desintegrarem, emitem energia sob forma de radi-
ação. Dá-se o nome de radioatividade justamente a essa propriedade
que tais átomos têm de emitir radiação.
O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60, o tório-232 são exem-
plos de elementos fisicamente instáveis ou radioativos. Eles estão em
constante e lenta desintegração, libertando energia através de ondas
eletromagnéticas (raios gamas) ou partículas subatómicas com altas
velocidades (partículas alfa, beta e neutrões). Esses elementos, por-
tanto, emitem radiação constantemente.
A idade de uma rocha é contada a partir do início da desintegração de
um determinado isótopo, fornecida a partir do número de semividas
decorrido até ao momento considerado.
Semivida ou semitransformação— tempo necessário para que
se dê a desintegração de metade do número de átomos iniciais de uma
amostra, dando origem a átomos estáveis.
O que é radioatividade?
Existem na Natureza alguns elementos fisicamente instáveis, cujos
átomos, ao se desintegrarem, emitem energia sob forma de radiação.
Dá-se o nome radioatividade justamente a essa propriedade que tais
átomos têm de emitir radiação.
O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60, o tório-232 são exemplos
de elementos fisicamente instáveis ou radioativos. Eles estão em cons-
tante e lenta desintegração, libertando energia através de ondas eletro-
magnéticas (raios gamas) ou partículas subatómicas com altas veloci-
dades (partículas alfa, beta e neutrões). Esses elementos, portanto,
emitem radiação constantemente.
A radioatividade foi descoberta pelos cientistas no final do século
passado. Até aquela época predominava a ideia de que os átomos eram
as menores partículas de qualquer matéria e semelhantes a esferas só-
lidas. A descoberta da radiação revelou a existência de partículas me-
nores que o átomo: os protões e os neutrões, que compõem o núcleo
do átomo, e os eletrões, que giram em torno do núcleo. Essas partícu-
las, chamadas de subatómicas, movimentam-se com altíssimas veloci-
dades.
Descobriu-se também que os átomos não são todos iguais. O áto-
mo de hidrogénio, por exemplo, o mais simples de todos, possui 1 pro-
tão e 1 eletrão (e nenhum neutrão). já o átomo de urânio-235 conta
com 92 protões e 143 neutrões.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Medida do tempo geológico.pdf

Alguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De Geologia
Alguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De GeologiaAlguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De Geologia
Alguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De Geologiaguestc6212642
 
resumo de geologia 10 ano
resumo de geologia 10 anoresumo de geologia 10 ano
resumo de geologia 10 anoDiogo Batista
 
Tempo Geológico e a Idade te Terra
Tempo Geológico e a Idade te TerraTempo Geológico e a Idade te Terra
Tempo Geológico e a Idade te Terramalikfasihabid
 
Estrutura geológica do brasil
Estrutura geológica do brasilEstrutura geológica do brasil
Estrutura geológica do brasilKamila Joyce
 
4 otempoemgeologia-101011135642-phpapp02
4 otempoemgeologia-101011135642-phpapp024 otempoemgeologia-101011135642-phpapp02
4 otempoemgeologia-101011135642-phpapp02Pelo Siro
 
A medida do tempo e a idade da Terra
A medida do tempo e a idade da TerraA medida do tempo e a idade da Terra
A medida do tempo e a idade da TerraMarta Espada
 
Datação Das Rochas
 Datação Das Rochas Datação Das Rochas
Datação Das Rochastmar
 
Resumos global de geologia 10º ano
Resumos global de geologia 10º anoResumos global de geologia 10º ano
Resumos global de geologia 10º anoRita Pereira
 
Resumo bio geo 10º 11º
Resumo bio geo 10º 11ºResumo bio geo 10º 11º
Resumo bio geo 10º 11ºFilipe Raivel
 
Biologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdf
Biologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdfBiologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdf
Biologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdfMariaFerreira8G
 
Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)
Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)
Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)Ernesto Alberto Guilengue
 
Biologia 10º ano
Biologia 10º anoBiologia 10º ano
Biologia 10º anoinesclimpo
 
amedidadotempoeaidadedaterra.doc
amedidadotempoeaidadedaterra.docamedidadotempoeaidadedaterra.doc
amedidadotempoeaidadedaterra.doccarlotapontes2
 
Resumo biologia e geologia 10º e 11º ano
Resumo biologia e geologia 10º e 11º anoResumo biologia e geologia 10º e 11º ano
Resumo biologia e geologia 10º e 11º anoRita Pereira
 
Tempo geológico
Tempo geológicoTempo geológico
Tempo geológicoYagoVerling
 
Aula 02 20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008
Aula 02   20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008Aula 02   20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008
Aula 02 20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008Márcia da Silveira
 

Semelhante a Medida do tempo geológico.pdf (20)

Alguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De Geologia
Alguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De GeologiaAlguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De Geologia
Alguns Aspectos A Reter Sobre Os Temas 1 E 2 De Geologia
 
resumo de geologia 10 ano
resumo de geologia 10 anoresumo de geologia 10 ano
resumo de geologia 10 ano
 
Tempo Geológico e a Idade te Terra
Tempo Geológico e a Idade te TerraTempo Geológico e a Idade te Terra
Tempo Geológico e a Idade te Terra
 
A medida ..
A medida ..A medida ..
A medida ..
 
Estrutura geológica do brasil
Estrutura geológica do brasilEstrutura geológica do brasil
Estrutura geológica do brasil
 
4 otempoemgeologia-101011135642-phpapp02
4 otempoemgeologia-101011135642-phpapp024 otempoemgeologia-101011135642-phpapp02
4 otempoemgeologia-101011135642-phpapp02
 
A medida do tempo e a idade da Terra
A medida do tempo e a idade da TerraA medida do tempo e a idade da Terra
A medida do tempo e a idade da Terra
 
Datação Das Rochas
 Datação Das Rochas Datação Das Rochas
Datação Das Rochas
 
Resumos global de geologia 10º ano
Resumos global de geologia 10º anoResumos global de geologia 10º ano
Resumos global de geologia 10º ano
 
Resumo bio geo 10º 11º
Resumo bio geo 10º 11ºResumo bio geo 10º 11º
Resumo bio geo 10º 11º
 
Biogeoano1e2 (1)
Biogeoano1e2 (1)Biogeoano1e2 (1)
Biogeoano1e2 (1)
 
Biologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdf
Biologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdfBiologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdf
Biologia_e_Geologia_10_e_11_anooooooo.pdf
 
Vida na terra
Vida na terraVida na terra
Vida na terra
 
Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)
Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)
Datação radiometrica, metodo Rubidio - Estroncio (Rb/Sr)
 
Biologia 10º ano
Biologia 10º anoBiologia 10º ano
Biologia 10º ano
 
amedidadotempoeaidadedaterra.doc
amedidadotempoeaidadedaterra.docamedidadotempoeaidadedaterra.doc
amedidadotempoeaidadedaterra.doc
 
Resumo biologia e geologia 10º e 11º ano
Resumo biologia e geologia 10º e 11º anoResumo biologia e geologia 10º e 11º ano
Resumo biologia e geologia 10º e 11º ano
 
Tempo geológico
Tempo geológicoTempo geológico
Tempo geológico
 
Aula 02 20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008
Aula 02   20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008Aula 02   20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008
Aula 02 20de%20 petrgrafia%20%20agosto%202008
 
Apostila meteoritos
Apostila meteoritosApostila meteoritos
Apostila meteoritos
 

Medida do tempo geológico.pdf

  • 1. A MEDIDA DO TEMPO GEOLÓGICO E A IDADE DA TERRA Para se constituir a história da Terra é necessário atribuir datas aos acontecimentos geológicos, isto é, estabelecer a sequência cronológica desses acontecimentos. Existem dois processos de datação dos acontecimentos geológicos: 1– Datação relativa  As idades dos terrenos e rochas são estabelecidas umas em relação às outras.  Não se utilizam unidades de tempo definidas.  Não é indicado o tempo exato em que determinado acon- tecimento ocorreu, apenas que esse fenómeno foi ante- cedido por um e seguido por outro. 2– Datação absoluta  Estabelece-se uma escala de idades absolutas expressa em determinada unidade de tempo.  Aplicam-se métodos radiométricos ou radioisotópicos que se baseiam nas propriedades de certos elementos radioa- tivos.
  • 2. DATAÇÃO RELATIVA Baseia-se na análise de dois tipos de documentos: - disposição dos estratos sedimentares; - existência de fósseis. Princípios da estratigrafia importantes para a datação rela- tiva de terrenos: * Princípio da horizontalidade original (ou inicial) Os sedimentos são sempre depositados em camadas hori- zontais. O fenómeno geológico que altera a horizontalida- de é sempre posterior à sedimentação. * Princípio da sobreposição Numa sucessão de estratos não deformados, qualquer de- les é mais recente do que aquele que lhe serve de base e mais antigo do que aquele que o cobre. * Princípio da continuidade Um estrato contínuo tem a mesma idade em todos os seus pontos. * Princípio da identidade paleontológica Os estratos ou conjuntos de estratos caracterizados pelas mesmas associações de fósseis são da mesma idade. Fósseis de idade — fósseis correspondentes a grupos de seres vivos com curta longevidade relativa e larga dis- persão geográfica. * Princípio da interseção Qualquer estrutura que intersete outra é mais recente do que ela. * Princípio da inclusão Fragmentos de rochas incorporados ou incluídos numa ro- cha são mais antigos do que a rocha que os engloba.
  • 3. A MEDIDA DO TEMPO GEOLÓGICO E A IDADE DA TERRA (cont.) DATAÇÃO ABSOLUTA ou RADIOMÉTRICA As idades são expressas, normalmente, em milhões de anos, com a in- dicação de um certo intervalo de erro. Por exemplo, 74 ± 6 M. a. A unidade geológica de tempo é de 1 000 000 de anos (1 M. a.). Baseia-se no declínio da radioatividade dos elementos comuns dos mi- nerais. Assim, as rochas transformam-se em relógios. Existem na Natureza alguns elementos fisicamente instáveis, cu- jos átomos, ao se desintegrarem, emitem energia sob forma de radi- ação. Dá-se o nome de radioatividade justamente a essa propriedade que tais átomos têm de emitir radiação. O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60, o tório-232 são exem- plos de elementos fisicamente instáveis ou radioativos. Eles estão em constante e lenta desintegração, libertando energia através de ondas eletromagnéticas (raios gamas) ou partículas subatómicas com altas velocidades (partículas alfa, beta e neutrões). Esses elementos, por- tanto, emitem radiação constantemente. A idade de uma rocha é contada a partir do início da desintegração de um determinado isótopo, fornecida a partir do número de semividas decorrido até ao momento considerado. Semivida ou semitransformação— tempo necessário para que se dê a desintegração de metade do número de átomos iniciais de uma amostra, dando origem a átomos estáveis.
  • 4. O que é radioatividade? Existem na Natureza alguns elementos fisicamente instáveis, cujos átomos, ao se desintegrarem, emitem energia sob forma de radiação. Dá-se o nome radioatividade justamente a essa propriedade que tais átomos têm de emitir radiação. O urânio-235, o césio-137, o cobalto-60, o tório-232 são exemplos de elementos fisicamente instáveis ou radioativos. Eles estão em cons- tante e lenta desintegração, libertando energia através de ondas eletro- magnéticas (raios gamas) ou partículas subatómicas com altas veloci- dades (partículas alfa, beta e neutrões). Esses elementos, portanto, emitem radiação constantemente. A radioatividade foi descoberta pelos cientistas no final do século passado. Até aquela época predominava a ideia de que os átomos eram as menores partículas de qualquer matéria e semelhantes a esferas só- lidas. A descoberta da radiação revelou a existência de partículas me- nores que o átomo: os protões e os neutrões, que compõem o núcleo do átomo, e os eletrões, que giram em torno do núcleo. Essas partícu- las, chamadas de subatómicas, movimentam-se com altíssimas veloci- dades. Descobriu-se também que os átomos não são todos iguais. O áto- mo de hidrogénio, por exemplo, o mais simples de todos, possui 1 pro- tão e 1 eletrão (e nenhum neutrão). já o átomo de urânio-235 conta com 92 protões e 143 neutrões.