Este documento discute a agricultura, incluindo definições, níveis de decisão, sequências de operações, fatores de produção como trabalho e equipamento, e limites da capacidade humana de trabalho. Aborda também os subsistemas da agricultura e como a tecnologia de produção resulta da combinação ordenada desses fatores para atingir objetivos agrícolas.
2. AAggrriiccuullttuurraa.. OO qquuee éé??
• AAggrriiccuullttuurraa ((ddeeffiinniiççããoo ppoorr oobbjjeeccttiivvoo))
– é uma actividade humana, levada a cabo com o objectivo
principal de produzir alimentos e fibra (e combustível, tal
como muitos outros materiais) pelo uso deliberado e
controlado de plantas e animais (Spedding, 1988).
• AAggrriiccuullttuurraa ((ddeeffiinniiççããoo oonnttoollóóggiiccaa))
– actividade resultante de decisões humanas sobre as
culturas que se praticam e o modo como são cultivadas.
Estas decisões dependem da avaliação que é feita sobre a
utilidade dos produtos, os custos de produção e o risco
envolvido.
4. Níveis de ddeecciissããoo
• OOppeerraacciioonnaaiiss
» Desbaste
» Sacha mecânica ou química
» Maneio do solo
» Fertilização
» Rega
» Poda
» Monda de frutos
» Luta contra geadas
» Aplicação de pesticidas ou reguladores de crescimento
» Colheita
5. NNíívveeiiss ddee ddeecciissããoo
• TTááccttiiccooss
» Cultura e variedade
» Área a cultivar
» Época e densidade de sementeira
» Rendimento objectivo e níveis de factores (rega e fertilização)
• EEssttrraattééggiiccooss
– Infraestrutura
» Sistema de rega e drenagem
» Parque de Máquinas
» Armazenamento
» Caminhos
– Rotações
– Sistema de mobilização do solo
– Aquisição de informação
» Estação agrometeorológica
» Serviços de consultoria
» Equipamento informático
» Sensores de solo ou da cultura
6. PPrrááttiiccaa ccuullttuurraall
Acção
• UUmmaa pprrááttiiccaa ccuullttuurraall ssiinngguullaarr ppooddee sseerr
ccllaassssiiffiiccaaddaa aa vváárriiooss nníívveeiiss ddee ddeecciissããoo::
Um agricultor pode adoptar a decisão estratégica de
aplicar um adubo azotado ao trigo todos os anos.
No começo de cada campanha pode decidir (nível táctico)
a quantidade total a aplicar, com base no preço do
adubo e no preço esperado do trigo.
Durante a campanha pode decidir o momento oportuno de
aplicação (nível operacional) em função da maquinaria
disponível e do estado do solo e da cultura.
10. DDeecciissõõeess ooppeerraaccoonnaaiiss
• OO pprroocceessssoo ddee pprroodduuççããoo aaggrrííccoollaa
é uma sucessão de decisões sobre o modo
de funcionamento dos diferentes órgãos
ou constituintes da exploração. São as
decisões operacionais
têm características eminentemente dinâmicas.
Para que a sequência de decisões tenha lógica, é necessário
que as operações sejam planeadas, isto é, que os objectivos
sejam sequencialmente ordenados no tempo e que os
meios necessários sejam previstos e estejam disponíveis
para serem utilizados quando a operação se realize
(Azevedo et al., 1972).
11. Sequência de operações
• O funcionamento da eemmpprreessaa aaggrrííccoollaa,,
oo pprroocceessssoo ddee pprroodduuççããoo aaggrrííccoollaa,, rreeúúnnee
ffaaccttoorreess ((tteerrrraa,, ppllaannttaass ee aanniimmaaiiss,,
ttrraabbaallhhoo,, ccaappiittaall ee ffaaccttoorreess eexxtteerrnnooss ddee
pprroodduuççããoo)) ppaarraa oobbtteerr aass pprroodduuççõõeess qquuee
ssããoo oo sseeuu oobbjjeeccttiivvoo..
– A combinação ordenada e sequencial
destes factores constitui uma sequência de
operações que se torna necessária para
conseguir atingir os objectivos de
determinada actividade produtiva.
• IIttiinneerráárriioo ttééccnniiccoo
13. Itinerário técnico (trigo)
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
Lavoura
Sementeira
Herbicida anti-dicotiledóneas
CCoollhheeiittaa!!
Maturação
Adubação de fundo
Adubação de cobertura
Encanamento
Espigamento
Calendário de operações Acção
17. O factor ttrraabbaallhhoo
• AAss ooppeerraaççõõeess aaggrrííccoollaass iinncclluueemm sseemmpprree ttrraabbaallhhoo
hhuummaannoo nnaa mmoovviimmeennttaaççããoo ddee mmaatteerriiaaiiss,, ppllaannttaass ee
aanniimmaaiiss..
Incluem também o equipamento utilizado (tractores,
máquinas agrícolas, ferramentas, construções,
vedações, canais de irrigação, etc.) nelas utilizado ou
que as condiciona.
• AA iimmppoorrttâânncciiaa ddoo ttrraabbaallhhoo hhuummaannoo,, ppoorrqquuee aaffeeccttaa aa
qquuaalliiddaaddee ddee vviiddaa ddooss qquuee oo pprraattiiccaamm,, tteemm ssiiddoo oo
ffaaccttoorr ddeetteerrmmiinnaannttee nnaa eevvoolluuççããoo vveerriiffiiccaaddaa nnaa
eexxeeccuuççããoo ddaass ooppeerraaççõõeess aaggrrííccoollaass..
O trabalho humano necessário à execução de uma
tarefa em particular, depende do equipamento
disponível e do modo como é utilizado.
20. Desempenho em trabalho
• Um jardineiro em bbooaass ccoonnddiiççõõeess ffííssiiccaass,,
– sob tempo frio, nas regiões temperadas pode suster um
trabalho de cava de um solo facilmente mobilizável,
durante 8 horas por dia e 6 dias por semana, a um
ritmo de 0,002 ha por hora, isto é, demorando 500
horas, 500/8=62,5 dias, a cavar um hectare.
• UUmmaa cchhaarrrruuaa ddee aaiivveeccaass ddee ddooiiss ffeerrrrooss,,
– montada num tractor de 45 HP poderia executar o
mesmo trabalho a um ritmo de 0.2 ha.h-1, isto é,
completando o trabalho em pouco mais de 5 horas.
21. Desempenho em trabalho
• A potência necessária para puxar aa cchhaarrrruuaa eessttáá mmuuiittoo
ppaarraa aalléémm ddaa ccaappaacciiddaaddee hhuummaannaa..
– Um homem e uma junta de bois com um arado pode
executar o mesmo trabalho, fazendo 0,02 ha.h-1,
durante 6 horas por dia.
• OO pprroobblleemmaa eessttáá nnaa ccaappaacciiddaaddee ddee ddeesseemmppeennhhaarr
ttrraabbaallhhoo,, nnoo rriittmmoo ddee eexxeeccuuççããoo ((ppoottêênncciiaa)) ee nnoo
eeqquuiippaammeennttoo ((uumm hhoommeemm nnããoo ccoonnsseegguuee ppuuxxaarr uummaa
cchhaarrrruuaa,, uummaa jjuunnttaa ddee bbooiiss nnããoo ppooddee uussaarr
eeqquuiippaammeennttoo qquuee nnããoo sseejjaa rreebbooccaaddoo))..
22. Penosidade
do trabalho
agrícola
Paredes deCoura,
Mozelos. “Vezeiras
Oliveira, E.V et al.,
1983
23. Produtividade do trabalho I
Produtividade
38,00
2,50
0,17
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00
Tractor e charrua de 2
ferros
Parelha e charrua
Homem com enxada
Homem com enxada Parelha e charrua Tractor e charrua de 2 ferros
Produtividade 38,00 2,50 0,17
Tempo (dias)
24.
25. Evolução do Indice da Produtividade
do Trabalho por hora nos EUA
(1967=100)
ANO Índice
1938 20
1944 25
1949 33
1954 43
1959 62
1964 83
1969 112
1974 132
1979 198
1984 212
1989 259
Evolução do índice de
produtividade do trabalho por hora, para
anos seleccionados entre 1938 e 1989.
O índice tem o valor 100 para a
produtividade do trabalho verificada em
1967.
Adaptado de Lins, D. A. (1994)
26. Oportunidade ee qquuaalliiddaaddee ddoo
ttrraabbaallhhoo
• A oportunidade e a qualidade do trabalho
efectuado podem afectar decisivamente os
objectivos pretendidos com a sua execução.
• Qualidade
de um tipo de trabalho pode afectar a
qualidade dos trabalhos que se lhe seguem.
• Estes efeitos estão dependentes da observação
humana dirigida por uma atitude deliberada de
atenção e controlo.
Assim, o equipamento sofisticado ou uma boa sequência
operacional não substituem o controlo pessoal e em
tempo real. (o caudal de água de rega na folha de cultura,
o débito do bico do pulverizador, a higiene e o horário da
mungição de vacas leiteiras, etc.).
27. RRaappiiddeezz ddee eexxeeccuuççããoo ddoo ttrraabbaallhhoo
Assume particular importância em operações que se
realizam em condições óptimas durante um período de
tempo reduzido (sazão, colheita de determinados produtos,
etc.)
MMeellhhoorriiaa ddaa qquuaalliiddaaddee ddoo ttrraabbaallhhoo
Colheita de feno
Regularidade nos semeadores de linhas e distribuidores
de adubo.
Pulverizadores de alta pressão.
28. AAssppeeccttooss eeccoonnóómmiiccooss
Redução de perdas inerentes a operações como a
colheita.
Melhoria do trabalho executado como resultado duma
execução mais rápida (oportunidade).
Economia do emprego da máquina (na generalidade
dos casos)
AAssppeeccttooss ssoocciiaaiiss
O aumento de produtividade do trabalho possibilita a
melhoria de salários
A exigência de melhores qualificações técnicas
introduz a necessidade de formação profissional,
melhorando as capacidades funcionais dos operadores
Libertação de tempo para outras actividades
41. TTeemmppooss ddee ttrraabbaallhhoo
– Uma ceifeira-debulhadora de 5 m de barra de
corte desloca-se a uma velocidade de 5,4 km/h.
Num minuto são colhidos 50 kg de grão para
o tegão e 60 kg de material são descarregados
na traseira da máquina.
42. CCaappaacciiddaaddee ddee ccaammppoo
• Capacidade de campo (teórica)
(5400m.h-1).5m.(104m2)-1.ha = 27000m2.h-1. (104m2)-1.ha
= 2,7 *104 m2.h-1 . (104m2)-1.ha = 2,7 ha.h-1
• Capacidade efectiva de campo
• Eficiência de campo
= Capacidade efectiva/Capacidade teórica
43. Eficiências de campo e velocidades de trabalho típicas para
algumas operações. Adaptado de Hunt (1983)
Operação Equipamento Eficiência de
campo (%)
Velocidade de
operação (km/h)
Mobilização do solo
(trabalhos
preparatórios)
Charrua de aivecas 88-74 5-9
Grade de discos 90-77 6-10
Escarificador pesado 83-65 6-12
Chisel 90-75 6-9
Sacha mecânica Escarificador 90-68 3-9
Fresa 88-80 9-20
Sementeira
Semeador-fertilizador de
linhas
78-55 7-10
Semeador-fertilizador de
pequenos grãos 80-65 5-10
Distribuidor centrífugo 70-65 7-10
Plantador de batatas 80-55 9-12
Colheita
Colhedor-condicionador
de forragens
95-80 5-9
Virador-juntador de feno 89-62 6-9
Enfardadeira de fardos
prismáticos 80-65 5-10
Enfardadeira de fardos
cilíndricos 50-40 5-19
Colhedor de forragens
com gadanheira rotativa 76-50 6-10
Ceifeira-debulhadora 90-63 3-8
Colhedor de milho 70-55 3-6
Colhedor de batatas 90-65 3-5
Pulverização Pulverizador 80-55 7-10
Destroçamento Destroçador de restolho 85-65 6-10
44. Classificação dos Tempos de Trabalho segundo a
Definição e decomposição do tempo de trabalho
(OCDE (1957), descrita por Lourenço e Alves (1968)).
OCDE (1957).
1 -Tempo Principal ou Efectivo (T.E.)
2 -Tempo Subsidiário ou Acessório (T.A.)
2.1 - Tempo Acessório de Viragem (T.A.V.)
2.2 - Tempo Acessório de Abastecimento (T.A.S.)
2.3 - Tempo Acessório de Manutenção (T.A.C.)
2.4 - Tempo Acessório de Repouso (T.A.R.)
3 -Tempo de Preparação (T.P.)
3.1 - Tempo de Preparação no Assento de Lavoura (T.P.H.)
3.2 - Tempo de Preparação no Local de Trabalho (T.P.L.)
4 -Tempo de Deslocação (T.I.)
5 -Tempo Morto (T.M.)
5.1 - Tempo Morto Inevitável (T.M.I.)
5.1.1 - Tempo morto devido a avarias (T.M.F.)
5.1.2 - Tempo morto devido a descanso ou necessidades
fisiológicas do operador (T.M.A.)
5.1.3 - Tempo morto devido ao material (T.M.M.)
5.2 - Tempo Morto Evitável (T.M.E.)
5.2.1 - Tempos morto devido a ócio (T.M.T.)
5.2.2 - Tempo morto devido a erros (T.M.D.)
45. Evolução do tempo de tarefa (horas/ha) com a superfície da folha
trabalhada (Coelho, 1993).
O .1 0.2 O .4 0.8 1.6 3.2 6.4 12.8 25.6 51.2 102.4
14
12
10
8
6
4
Tempo de tarefa (horas/ha)
Superfície da parcela (ha)
46. Evolução do tempo de tarefa com a variação da distância
0 10 20 30 40 50 60
60
50
40
30
20
10
0
Distância ao assento de lavoura (km)
Tempo de Tarefa (horas/ha)
0.1 ha
1.3 ha
ao assento de lavoura
(Coelho, 1993)
)
47. Evolução do tempo de tarefa para três parcelas
rectangulares com a área de 2000 m2 e diferentes
100m
1000 m
5714.3 m
20m
2m
0.35m
8.06 horas/ha
6.34 horas/ha
6.13 horas/ha
comprimentos (Coelho, 1993).
2
48. Coeficientes de agravamento dos tempos de viragem
FO RMA
segundo a forma da parcela (Coelho, 1993).
CO EFICIEN TE 1.00 1.41 1.55 1.55 1.66 1.41 1.66
49. Precipitaç ão anterior
Coberto vegetal
Evapotranspiraç ão
Características do
solo: - textura
- estrutura
- espessura
- nível do lenç ol
freático
Tipo de
maquinaria
e operaç ão
Precipitaç ão
diária 1
Teor de humidade
do solo 2
Possibilidade
e capacidade
de trabalho 3
Dia
Disponível 4
DDiiaass ddiissppoonníívveeiiss
50. Sensibilidade das operaç ões à precipitação diária
fraca média elevada
Lavoura Gradagem Colheita
Subsolagem Fresagem Corte de forragens
Arranque de sachadas Rolagem Enfardaç ão
Transportes vários Sachas Monda química
Poda e Empa Sementeiras Adubaç ão de cobertura