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Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes...
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PERCEPÇÃO DE CUIDADORES SOBRE A ASSISTÊNCIA A PACIENTES EM
NUTRIÇÃO ENTERAL NO ÂMBITO DOMICILIAR
PERCEPTION OF CAREGIVERS ABOUT THE ASSISTANCE TO PATIENTS UNDER HOUSEHOLD
ENTERAL NUTRITION
LA PERCEPCIÓN DE LOS CUIDADORES ACERCA DE LA ASISTENCIA A PACIENTES BAJO NUTRICIÓN
ENTERAL EN SU DOMICILIO
Robsmar Silva Ferreira1
, Luzia da Rocha Pereira2
, Mariza Alves Barbosa Teles3
, Karla Chistiane Freitas
Oliveira4
, Mirna Rossi Barbosa-Medeiros5
RESUMO
Objetivo: conhecer as dificuldades enfrentadas por cuidadores de pacientes em uso de sonda enteral para
alimentação. Método: estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa com abordagem
fenomenológica. Os participantes foram sete cuidadores de pacientes com sonda enteral, entrevistados a
partir de um roteiro semiestruturado, vídeo-gravados para posterior descrição, redução e compreensão dos
relatos obtidos e construção das categorias. Resultados: a partir dos relatos emergiram três categorias: <<
Dificuldades na manipulação e manutenção da sonda >>, << Opinião quanto às orientações recebidas >> e <<
Assistência do programa Melhor em Casa >>. Observou-se que as necessidades de sondagem enteral são
pessoais e relacionadas às suas experiências de vida. Conclusão: para os familiares, a volta do ente para a
casa é de muita alegria, porém, acompanhada do sentimento de angústia e de estresse. Este estudo pode
auxiliar profissionais da área da saúde a repensarem suas práticas no atendimento aos usuários de sondas
enterais. Descritores: Nutrição Enteral; Família; Cuidados de Enfermagem; Pesquisa Qualitativa.
ABSTRACT
Objective: to recognize the difficulties coped by caregivers of patients using enteral probe for feeding.
Method: it is a descriptive-exploratory study of a qualitative approach with a phenomenological approach.
Participants were seven caregivers of patients with enteral probe, interviewed from a semi-structured script,
videotaped for later description, reduction and understanding from the obtained reports and construction of
the categories. Results: from the reports three categories emerged: << Difficulties in the manipulation and
maintenance of the probe >>, << Opinion about the received guidelines >> and << Better at Home Program
Assistance >>. It has been observed that the needs for enteral probing are personal and related to their life
experiences. Conclusion: for the relatives, the return of the person to home is very joyful, but followed by
the feeling of anguish and stress. This study may help health professionals rethink their practices in the care
of enteral probe users. Descriptors: Enteral Nutrition; Family; Nursing Care; Qualitative Research.
RESUMEN
Objetivo: conocer las dificultades que enfrentan los cuidadores de los pacientes en el uso de la sonda de
alimentación enteral. Método: se trata de un estudio descriptivo de enfoque cualitativo con un enfoque
fenomenológico. Los participantes fueron siete los cuidadores de pacientes con tubos de alimentación
enteral, los encuestados de un guión semi-estructurado, grabados en vídeo para la descripción más adelante,
la reducción y la comprensión de los informes obtenidos y la construcción de las categorías. Resultados: a
partir de los informes emergieron tres categorías: << Las dificultades en el manejo y mantenimiento de la
sonda >>, << Opinión acerca de las orientaciones recibidas >> y << El Programa de Asistencia Mejor en Casa
>>. Se observó que las necesidades de sonda enteral son personales y en relación con sus experiencias de vida.
Conclusión: para la familia, el regreso de las personas a la casa es una gran cantidad de alegría, sin embargo,
acompañado de la sensación de ansiedad y estrés. Este estudio puede ayudar a los profesionales de la salud
para modificar sus sistemas de servicio a los usuarios de sondas enterales. Descriptores: Nutrición Enteral;
Familia; Atención de Enfermería; Investigación Cualitativa.
1,2
Enfermeiros (egressos), Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: robsmarferreira@yahoo.com.br;
luziamoc@hotmail.com; 3
Enfermeira, Mestre, Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail:
marizapsf@yahoo.com.br; 4
Enfermeira, Especialista, Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail:
kcfoliveira@yahoo.com.br; 5
Fonoaudióloga, Mestre, Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail:
mirnarossi@hotmail.com
ARTIGO ORIGINAL
Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes...
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A alimentação é de onde retiramos os
nutrientes necessários que fornecem energia
essencial para o crescimento e sobrevivência
dos seres vivos, além de ser uma necessidade
fisiológica. A nutrição enteral (NE) é um dos
recursos que o homem utiliza para manter a
vida em paciente com alguma alteração no
processo fisiológico de alimentação e é parte
importante do apoio nutricional, que se
manifesta por meio da contínua atividade do
organismo, incluindo o metabolismo,
crescimento, reprodução e a existência.1
A realização das técnicas de alimentação
por sonda é empregada em casos em que os
pacientes apresentam limitações funcionais
para ingestão oral de alimentos, tais como em
alterações neurológicas ou após cirurgias
extensas de cabeça e pescoço.2-3
A introdução
da sonda enteral e a verificação de sua
posição é responsabilidade do enfermeiro.4
Os
procedimentos relacionados à administração
de nutrientes por meio da nutrição enteral,
prestados no domicílio do paciente, com a
finalidade de melhorar ou manter o estado
nutricional é definida como Terapia
Nutricional Enteral Domiciliar (TNED).5
Os familiares dos pacientes nessa condição
são de grande importância, pois
desempenham um papel vital nos cuidados na
(NE) e, principalmente, na administração da
nutrição. Quando devidamente capacitados e
preparados para assistirem a esses pacientes
se sentem competentes e desenvolvem
cuidados eficazes.6
A família, o cuidador e o paciente devem
ser orientados quanto à utilização de
alimentação enteral, seus riscos e benefícios.
A equipe de enfermagem exerce função
importante na assistência aos pacientes em
uso de sonda enteral, por meio de suporte
emocional direcionado a minimizar receios e
apreensões. As orientações de enfermagem e
nutricionais devem ser verbalmente e por
escrito.7
Em sua maioria a nutrição enteral não é
desejada, mas imposta, e isso representa
afetivamente uma desvinculação social,
gerando estresse para o paciente e suas
famílias. Deve-se ainda considerar que as
refeições são oferecidas sempre no mesmo
horário, o que leva à monotonia alimentar e,
ainda, à autoimagem prejudicada; podem
interferir na sociabilidade e inatividade do
paciente, ocasionando ansiedade e
depressão.1
A família e os cuidadores relatam que
cuidar de alguém com sonda para alimentação
enteral desperta sensações como insegurança,
medo e nervosismo. Os cuidados fazem com
que o familiar se responsabilize pelo mesmo
e, geralmente, é tarefa de um único familiar,
a qual se soma as demais atividades. O
sofrimento e a angústia em ver alguém da
família em uma situação desconfortável geram
um grande peso emocional. Ressalta-se ainda
o desgaste ocasionado pelo cuidado, que não
repercute de forma positiva à pessoa cuidada,
ao cuidador e também à família.8-9
Diante disso, a presente pesquisa tem como
objetivo conhecer as dificuldades enfrentadas
por cuidadores de pacientes em uso de sonda
enteral para alimentação.
Estudo descritivo-exploratório, de
abordagem qualitativa, realizado na cidade
Montes Claros (MG), Brasil, no período de abril
e maio de 2015. Os participantes foram sete
cuidadores responsáveis pela assistência a
pacientes recebendo dieta enteral. Foram
adotados os seguintes critérios de inclusão:
cuidadores, maiores de 18 anos, de pacientes
que faziam uso de nutrição enteral por meio
de Sonda Nasoenteral (SNE) ou Sonda
Oroenteral (SOE), em ambiente domiciliar.
Esse número foi definido por saturação teórica
dos dados, ou seja, conhecimento do
pesquisador a respeito de seu assunto de
estudo que permite entender o alcance do seu
objeto, quando o volume de informações
coletadas são suficientes para explicar o
objeto de estudo.10
Foram excluídos da
pesquisa os sujeitos do estudo que não
aceitaram participar da pesquisa ou que não
foram encontrados na residência após três
tentativas.
Para conhecer a percepção dos cuidadores
em relação em relação à temática proposta,
utilizou-se o referencial teórico da
Fenomenologia, sendo adotadas as seguintes
questões norteadoras, “Fale-me sobre como é
cuidar da pessoa com sonda para
alimentação” e “Qual sua opinião com relação
às orientações recebidas para o cuidado com o
paciente?”. Elegeu-se esse referencial por ser
um método que busca a interpretação do
mundo através da consciência do sujeito
formulada com base em suas experiências. É
preciso recorrer ao discurso, à descrição, para
a aproximação da densidade semântica do
fenômeno humano.11-2
A pesquisa
fenomenológica parte da compreensão do
viver voltada para os significados do perceber.
Após a autorização da Secretaria Municipal
de Saúde de Montes Claros-MG para a
execução da pesquisa foram levantadas
informações relativas a nome, telefone e
MÉTODO
INTRODUÇÃO
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endereço dos pacientes em uso de SNE e SOE,
junto ao Programa Melhor em Casa de Montes
Claros para obtenção de nome, telefone e
endereço dos participantes.
Inicialmente, a moderadora agradeceu a
presença das participantes, procedeu à
apresentação dos integrantes do grupo e
apresentou-lhes os objetivos do estudo. Em
seguida foi feita a leitura do (TCLE) e
formalizado o consentimento das
participantes na pesquisa, através de sua
assinatura. Para as participantes que não
puderam assinar o nome foi-lhes possibilitada
a coleta de sua digital.
Os pesquisadores se apresentaram aos
participantes, explicaram-lhes o propósito do
estudo e solicitaram a sua anuência para a
pesquisa, por meio do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Os depoimentos foram vídeo-gravados por
um aparelho celular modelo L1 da marca LG.
Foi realizada a transcrição das falas dos
participantes e a análise do estudo
fenomenológico seguiu as etapas de descrição,
redução e compreensão.13
Posteriormente, foi
realizada a leitura e releitura reflexiva das
transcrições; extração dos trechos
interpretativos; realização das categorias e
reorganização das mesmas.
Cada participante foi representado pela
letra E (de entrevistado) seguida por números
relacionados às entrevistas, assegurando-lhes,
assim, o sigilo de suas identidades.
A pesquisa teve o projeto aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da SOEBRAS sob
o parecer consubstanciado nº 987.381 de 2015
e obedeceu aos preceitos éticos da Resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.
Foram entrevistados sete cuidadores
responsáveis pela assistência a pacientes
recebendo dieta enteral por via alternativa
(SNE/SOE). Destes, cinco eram familiares do
paciente. Todos os entrevistados eram do sexo
feminino.
Na análise do discurso sobre as percepções
dos familiares e cuidadores sobre a assistência
de pacientes recebendo dieta enteral por via
alternativa e quanto à orientação recebida,
desvelaram-se três categorias: “Dificuldades
na manipulação e manutenção da sonda”,
“Opinião quanto às orientações recebidas”, e
“Assistência do programa Melhor em Casa”.
 Dificuldades na manipulação e
manutenção da sonda
Esta categoria refere-se às dificuldades
apresentadas pelos entrevistados no
manuseio/manipulação da sonda enteral de
alimentação. A obstrução foi a maior
dificuldade percebida, evidenciada nas falas
dos entrevistados: E2; E4; E5 e E7.
Difícil [...] como fazer pra desentupir [...]
para a comida não fazer entupir a sonda
(E2).
É muito difícil, [...] quando entope, [...] a
gente tem que chamar o melhor em casa
para vir ajudar para retirar [...],
dependendo do alimento entope que não dá
para desentupir (E4).
Olha no inicio foi muito difícil [...], quando
fazia estase eu não sabia como fazer [...],
No caso da sonda entupir, [...], dela puxar a
sonda ai eu ficar desesperada (E5).
Nos primeiros dias, às vezes a sonda entupia
e a gente não sabia desentupir (E7).
Outras dificuldades encontradas pelos
entrevistados estavam relacionadas à
administração da medicação e dieta,
dificuldades sobre como agir diante de
episódio de estase gástrica.
[...] no começo, eu tive muita dificuldade
em questão de administrar medicamentos, a
própria dieta, [...] (E1).
difícil [...] ‘apricar’ o remédio na sonda [...]
(E2)
Olha eu acho difícil, [...], eu fico sempre
com o pé atrás de errar alguma coisa, [...].
Ela tava escurecendo, aí a gente já fica com
dúvida, né, quando é que troca a sonda?!
(E3).
A administração da dieta enteral é feita
por meio de uma seringa ou um equipo que
conecta a dieta à sonda, com o paciente
sedado ou com a cabeceira elevada. Assim, é
possível fornecer os nutrientes de que a
pessoa necessita independente da sua
cooperação, fome ou vontade de comer.14
É
importante dar preferência aos medicamentos
líquidos, ou quando não for possível, devem-
se dissolver comprimidos ou drágeas em água,
para então injetar na sonda.9
A obstrução pode ter como possíveis causas
a lavagem inadequada da sonda e
medicamentos aderidos à mesma.9
O cuidado
para evitar a obstrução da sonda é a
realização da higiene da mesma com 10 ml de
água filtrada, no mínimo, ao término de cada
dieta, após aspiração de conteúdo gástrico e
após administração de medicamentos a fim de
evitar o acúmulo de resíduos e formação de
crostas. O autor ressalta ainda a importância
do cuidado com a SOE/SNG, tais como, evitar
a tração, deslocamento para fora do estômago
ou intestino e a retirada acidental, pois se
sabe que a realização do procedimento de
introdução da sonda causa desconforto para o
paciente.1
A administração de dieta por sonda exige
conhecimento sobre os cuidados com sua
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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manutenção e possíveis complicações que
possam ocorrer durante a sua infusão.
Recomenda-se que esta técnica seja
supervisionada por um enfermeiro.15
 Opinião quanto às orientações
recebidas
Esta segunda categoria demonstra a opinião
dos entrevistados em relação às orientações
que obtiveram diante a implantação da sonda
enteral. É o enfermeiro que frequentemente
orienta os cuidados em relação ao
posicionamento, ensina como administrar as
dietas e os cuidados durante e após
administração. Esse profissional fornece as
informações sobre o equipamento necessário,
compra e armazenamento da fórmula e
administrações.16
Explicar e orientar o paciente e
acompanhante sobre a importância e a
necessidade do uso da sonda é fundamental
para que o procedimento seja mais fácil
posteriormente.17
Diante as entrevistas
realizadas, cinco dos entrevistados afirmaram
ter recebido orientações e esclarecedoras,
demostradas nas falas dos entrevistados E1;
E2; E3; E5 e E7.
[...] foi bem tranquilo, fui bem instruída,
me ensinaram direitinho como fazer. As
dificuldades, as dúvidas que eu tinha eu
tirei no hospital mesmo [...] (E1).
Foi bom demais, [...] porque a pessoa idosa
para a gente cuidar dele tem que ter
bastante cuidado né, então quanto mais é
um enfermeiro, alguém ensina a gente, é
melhor [...] (E2).
[...] dentro das orientações que a gente
recebeu, a gente procura fazer da maneira
que recebe [...], até agora acredito que
num aconteceu nada errado [...] (E3).
Muito boa as orientações que me passaram
ajudou bastante cuidar dela (E5).
Todas muito esclarecedoras [...], eles
orientam assim de forma que a gente dá
para entender tudo. Bem, bem explicado
mesmo [...] (E7).
Os entrevistados E4 e E6 afirmam que as
orientações não foram satisfatórias, ou nem as
receberam, conforme exposto nas falas:
As orientações do hospital não foi tão clara
não, a gente, nós tivemos muita dificuldade
por causa das orientações. [...] Por causa
que eles não ‘expricaram’ a dosagem do
tanto de água que tem que colocar na
sonda, e nem pros outro, dos alimentos que
não dão pra ser administrado (E4).
Oh, não tive muita orientação assim sobre a
sonda não [...] (E6).
O cuidador/familiar precisa ser orientado
sobre como agir nas situações diferentes que
possam surgir e também ressalta a
necessidade de um acompanhamento do
serviço de saúde.8
É de suma importância que todos os
profissionais da área de enfermagem sejam
capacitados para atuar, prestar cuidados e
informações não só específicos em nutrição
enteral, mas de forma geral. Pois a equipe de
enfermagem exerce um papel fundamental no
que desenvolve, desde ações de manutenção e
controle, via de escolha e o volume
administrado, até as mais variadas reações
que o paciente em uso de sonda enteral pode
apresentar.18
 Assistência do programa Melhor em
Casa
Nesta categoria fica evidente a importância
da assistência do Programa Melhor em Casa
para estas famílias. Esse programa auxilia
pessoas com necessidade de reabilitação
motora, idosos, pacientes crônicos sem
agravamento ou em situação pós-cirúrgica,
por exemplo, a receber assistência
multiprofissional gratuita em seus domicílios,
com cuidados mais próximos da família. A
equipe é formada prioritariamente por
médicos, enfermeiros, técnicos em
enfermagem e fisioterapeuta. Outros
profissionais (fonoaudiólogo, nutricionista,
odontólogo, psicólogo e farmacêutico)
poderão compor as equipes de apoio.19
A importância do programa para estas
famílias fica evidente nos depoimentos dos
entrevistados, que expõem o quanto
necessitam de um apoio para que possam
sanar todas as dúvidas com relação às
tomadas de decisão frente ao cuidado do
paciente.
É muito importante porque tem assistência
de enfermeiro, médico, fisioterapeuta, tem
psicólogo, nutricionista e os acadêmicos,
então é muito bom pra gente porque a
gente sempre pode tá tirando alguma
dúvida, eles tá ensinando uma nova forma
de tá cuidando [...] (E1).
Ô moço é bom demais, [...] a pessoa orienta
a gente, [...] a gente aprende mais né, [...],
então quanto mais alguém ensina a gente é
melhor ainda pra gente ficar mais né
atualizado na área (E2).
Olha, apesar de que a gente não tem a
presença todos os dias, mais pra mim é
ótimo, ‘pruquê' às vezes a gente não tem a
presença dos outros dias, mais qualquer
coisa que a gente... qualquer dificuldade
que a gente liga eles atendem na hora com a
maior presteza (E3).
O Melhor em Casa muito bom, ajuda
bastante nós, questão de receita, remédio,
ensina também cuidar, [...], ensinou a fazer
tudo com a sonda, até alimentação que eles
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deram pra gente fazer com ela foi melhor
do que a do hospital [...] (E4).
Olha eles (Melhor em Casa) ajuda a gente
bastante, principalmente quando ela está
com febre, aí eu não estou sabendo, eles
vêm e me ajuda até dar num banho dela,
elas já me ajudaram aqui né,[...] (E5).
Uai, foi bom porque elas tão me explicando,
me explicou né, como que eu tenho que
fazer com a sonda,[...], aqui as meninas me
falaram que na hora que saísse, que soltasse
ou chegar a entupir que ligasse para elas,
então foi muito bom (E6).
O programa é muito bom, muito bom, eles
estão presentes, todos os dias vêm, quando
a gente precisa pode ser a hora que for a
gente liga, eles estão dispostos é muito bom
(E7).
As equipes do Melhor em Casa são
contratadas por estados e municípios. O
atendimento à população é feito durante toda
a semana, 12 horas por dia e, em regime de
plantão, nos finais de semana e feriados.18
Todos os pacientes recebem visitas
regulares das equipes e são monitorados.
Conforme o estado clínico e avaliação de cada
paciente, é definida a quantidade de visitas a
cada paciente. O cuidador é quem poderá ser
ou não membro da família que será a
referência da família para as equipes do
Melhor em Casa.
O perfil do cuidador representa um
indivíduo que necessariamente não está
ligado ao serviço de saúde, muitas vezes sem
orientações e privado de apoio profissional de
saúde. No cuidado de pessoas com sonda
enteral os familiares/cuidadores
desempenham um papel vital. Então é
fundamental o treinamento e apoio contínuos
desses cuidadores. É de extrema importância
e necessidade a extensão de ações que
tenham o cuidador como sujeito dominante,
para que essa atividade seja reconhecida
e envolvida em práticas adequadas, trazendo
benefícios para quem cuida e quem é cuidado.
Os resultados da pesquisa apontam as
dificuldades que cada familiar/cuidador
apresentava, sendo a obstrução da sonda a
principal dificuldade exposta por eles. Neste
contexto o serviço prestado pelos profissionais
do melhor em casa desta cidade, assume o
papel de um grande aliado das famílias para a
resolubilidade de problemas e fornecimento
de informações para o melhor cuidado do
paciente. Destaca-se, neste estudo, a
fragilidade nas orientações prestadas nas
instituições que promovem a inserção da
sonda entérica.
Enfim, os familiares/cuidadores possuem
um papel vital no cuidado aos pacientes com
dieta enteral por sonda. A ferramenta
educação em saúde, desenvolvida
principalmente pela equipe de enfermagem
na assistência desses pacientes, deve ser
realizada com responsabilidade, competência
e eficácia para garantir continuidade na
assistência domiciliar e melhorar a qualidade
de vida desses pacientes.
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http://www.revistas.uneb.br/index.php/faee
ba/article/view/747
14. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
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Trabalho e da Educação na Saúde. Guia
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15. Siewert JS, Alvarez AM, Jardim VLT,
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cuidadores ocupacionais de idosos. J Nurs
UFPE on line [Internet]. 2014 [cited 2016 Feb
29];8(5):1128-35. Available from:
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermage
m/index.php/revista/article/viewFile/5400/p
df_5004 doi: 10.5205/relou.5863-50531-1-
ED.0805201404
16. Scheren F, Rosanelli CLSSP, Loro MM,
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nutrition at home: applicability of the
nurse’s guidelines under the family’s
perspective. J Nurs UFPE on line [Internet].
2010; 4(2):699-707. Available from:
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfer
magem/index.php/revista/article/downlo
ad/871/1319.
17. Unamuno MRDL, Marchini JS. Sonda
nasogástrica/ nasoentérica: cuidados na
instalação, na administração da dieta e
prevenção de complicações. Medicina
[Internet]. 2002 [cited 2016 Feb 29];35:95-
101. Available from:
http://revista.fmrp.usp.br/2002/vol35n1/son
da_nasogastrica.pdf
18. Ciosak SI, Saltini DA, Moreira RSC, Reganin
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Nutrição Enteral. In: Waitzberg DL. Nutrição
Oral Enteral e Parenteral na Prática Clínica.
3rd ed. São Paulo: Atheneu; 2004.
19. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de
Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do
Trabalho e da Educação na Saúde. Caderno de
atenção domiciliar, v.1, Melhor em casa.
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde. Brasília: Ministério da
Saúde; 2013.
Submissão: 25/02/2016
Aceito: 22/12/2016
Publicado: 15/01/2017
Correspondência
Mirna Rossi Barbosa-Medeiros
Rua São Marcos, 115
Bairro Todos os Santos
CEP: 39400-128  Montes Claros (MG), Brasil

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  • 1. Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 1):303-8, jan., 2017 303 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7995-69931-4-SM.1101sup201708 PERCEPÇÃO DE CUIDADORES SOBRE A ASSISTÊNCIA A PACIENTES EM NUTRIÇÃO ENTERAL NO ÂMBITO DOMICILIAR PERCEPTION OF CAREGIVERS ABOUT THE ASSISTANCE TO PATIENTS UNDER HOUSEHOLD ENTERAL NUTRITION LA PERCEPCIÓN DE LOS CUIDADORES ACERCA DE LA ASISTENCIA A PACIENTES BAJO NUTRICIÓN ENTERAL EN SU DOMICILIO Robsmar Silva Ferreira1 , Luzia da Rocha Pereira2 , Mariza Alves Barbosa Teles3 , Karla Chistiane Freitas Oliveira4 , Mirna Rossi Barbosa-Medeiros5 RESUMO Objetivo: conhecer as dificuldades enfrentadas por cuidadores de pacientes em uso de sonda enteral para alimentação. Método: estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa com abordagem fenomenológica. Os participantes foram sete cuidadores de pacientes com sonda enteral, entrevistados a partir de um roteiro semiestruturado, vídeo-gravados para posterior descrição, redução e compreensão dos relatos obtidos e construção das categorias. Resultados: a partir dos relatos emergiram três categorias: << Dificuldades na manipulação e manutenção da sonda >>, << Opinião quanto às orientações recebidas >> e << Assistência do programa Melhor em Casa >>. Observou-se que as necessidades de sondagem enteral são pessoais e relacionadas às suas experiências de vida. Conclusão: para os familiares, a volta do ente para a casa é de muita alegria, porém, acompanhada do sentimento de angústia e de estresse. Este estudo pode auxiliar profissionais da área da saúde a repensarem suas práticas no atendimento aos usuários de sondas enterais. Descritores: Nutrição Enteral; Família; Cuidados de Enfermagem; Pesquisa Qualitativa. ABSTRACT Objective: to recognize the difficulties coped by caregivers of patients using enteral probe for feeding. Method: it is a descriptive-exploratory study of a qualitative approach with a phenomenological approach. Participants were seven caregivers of patients with enteral probe, interviewed from a semi-structured script, videotaped for later description, reduction and understanding from the obtained reports and construction of the categories. Results: from the reports three categories emerged: << Difficulties in the manipulation and maintenance of the probe >>, << Opinion about the received guidelines >> and << Better at Home Program Assistance >>. It has been observed that the needs for enteral probing are personal and related to their life experiences. Conclusion: for the relatives, the return of the person to home is very joyful, but followed by the feeling of anguish and stress. This study may help health professionals rethink their practices in the care of enteral probe users. Descriptors: Enteral Nutrition; Family; Nursing Care; Qualitative Research. RESUMEN Objetivo: conocer las dificultades que enfrentan los cuidadores de los pacientes en el uso de la sonda de alimentación enteral. Método: se trata de un estudio descriptivo de enfoque cualitativo con un enfoque fenomenológico. Los participantes fueron siete los cuidadores de pacientes con tubos de alimentación enteral, los encuestados de un guión semi-estructurado, grabados en vídeo para la descripción más adelante, la reducción y la comprensión de los informes obtenidos y la construcción de las categorías. Resultados: a partir de los informes emergieron tres categorías: << Las dificultades en el manejo y mantenimiento de la sonda >>, << Opinión acerca de las orientaciones recibidas >> y << El Programa de Asistencia Mejor en Casa >>. Se observó que las necesidades de sonda enteral son personales y en relación con sus experiencias de vida. Conclusión: para la familia, el regreso de las personas a la casa es una gran cantidad de alegría, sin embargo, acompañado de la sensación de ansiedad y estrés. Este estudio puede ayudar a los profesionales de la salud para modificar sus sistemas de servicio a los usuarios de sondas enterales. Descriptores: Nutrición Enteral; Familia; Atención de Enfermería; Investigación Cualitativa. 1,2 Enfermeiros (egressos), Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: robsmarferreira@yahoo.com.br; luziamoc@hotmail.com; 3 Enfermeira, Mestre, Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: marizapsf@yahoo.com.br; 4 Enfermeira, Especialista, Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: kcfoliveira@yahoo.com.br; 5 Fonoaudióloga, Mestre, Faculdade de Saúde Ibituruna/FASI. Montes Claros (MG), Brasil. E-mail: mirnarossi@hotmail.com ARTIGO ORIGINAL
  • 2. Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 1):303-8, jan., 2017 304 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7995-69931-4-SM.1101sup201708 A alimentação é de onde retiramos os nutrientes necessários que fornecem energia essencial para o crescimento e sobrevivência dos seres vivos, além de ser uma necessidade fisiológica. A nutrição enteral (NE) é um dos recursos que o homem utiliza para manter a vida em paciente com alguma alteração no processo fisiológico de alimentação e é parte importante do apoio nutricional, que se manifesta por meio da contínua atividade do organismo, incluindo o metabolismo, crescimento, reprodução e a existência.1 A realização das técnicas de alimentação por sonda é empregada em casos em que os pacientes apresentam limitações funcionais para ingestão oral de alimentos, tais como em alterações neurológicas ou após cirurgias extensas de cabeça e pescoço.2-3 A introdução da sonda enteral e a verificação de sua posição é responsabilidade do enfermeiro.4 Os procedimentos relacionados à administração de nutrientes por meio da nutrição enteral, prestados no domicílio do paciente, com a finalidade de melhorar ou manter o estado nutricional é definida como Terapia Nutricional Enteral Domiciliar (TNED).5 Os familiares dos pacientes nessa condição são de grande importância, pois desempenham um papel vital nos cuidados na (NE) e, principalmente, na administração da nutrição. Quando devidamente capacitados e preparados para assistirem a esses pacientes se sentem competentes e desenvolvem cuidados eficazes.6 A família, o cuidador e o paciente devem ser orientados quanto à utilização de alimentação enteral, seus riscos e benefícios. A equipe de enfermagem exerce função importante na assistência aos pacientes em uso de sonda enteral, por meio de suporte emocional direcionado a minimizar receios e apreensões. As orientações de enfermagem e nutricionais devem ser verbalmente e por escrito.7 Em sua maioria a nutrição enteral não é desejada, mas imposta, e isso representa afetivamente uma desvinculação social, gerando estresse para o paciente e suas famílias. Deve-se ainda considerar que as refeições são oferecidas sempre no mesmo horário, o que leva à monotonia alimentar e, ainda, à autoimagem prejudicada; podem interferir na sociabilidade e inatividade do paciente, ocasionando ansiedade e depressão.1 A família e os cuidadores relatam que cuidar de alguém com sonda para alimentação enteral desperta sensações como insegurança, medo e nervosismo. Os cuidados fazem com que o familiar se responsabilize pelo mesmo e, geralmente, é tarefa de um único familiar, a qual se soma as demais atividades. O sofrimento e a angústia em ver alguém da família em uma situação desconfortável geram um grande peso emocional. Ressalta-se ainda o desgaste ocasionado pelo cuidado, que não repercute de forma positiva à pessoa cuidada, ao cuidador e também à família.8-9 Diante disso, a presente pesquisa tem como objetivo conhecer as dificuldades enfrentadas por cuidadores de pacientes em uso de sonda enteral para alimentação. Estudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa, realizado na cidade Montes Claros (MG), Brasil, no período de abril e maio de 2015. Os participantes foram sete cuidadores responsáveis pela assistência a pacientes recebendo dieta enteral. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: cuidadores, maiores de 18 anos, de pacientes que faziam uso de nutrição enteral por meio de Sonda Nasoenteral (SNE) ou Sonda Oroenteral (SOE), em ambiente domiciliar. Esse número foi definido por saturação teórica dos dados, ou seja, conhecimento do pesquisador a respeito de seu assunto de estudo que permite entender o alcance do seu objeto, quando o volume de informações coletadas são suficientes para explicar o objeto de estudo.10 Foram excluídos da pesquisa os sujeitos do estudo que não aceitaram participar da pesquisa ou que não foram encontrados na residência após três tentativas. Para conhecer a percepção dos cuidadores em relação em relação à temática proposta, utilizou-se o referencial teórico da Fenomenologia, sendo adotadas as seguintes questões norteadoras, “Fale-me sobre como é cuidar da pessoa com sonda para alimentação” e “Qual sua opinião com relação às orientações recebidas para o cuidado com o paciente?”. Elegeu-se esse referencial por ser um método que busca a interpretação do mundo através da consciência do sujeito formulada com base em suas experiências. É preciso recorrer ao discurso, à descrição, para a aproximação da densidade semântica do fenômeno humano.11-2 A pesquisa fenomenológica parte da compreensão do viver voltada para os significados do perceber. Após a autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros-MG para a execução da pesquisa foram levantadas informações relativas a nome, telefone e MÉTODO INTRODUÇÃO
  • 3. Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 1):303-8, jan., 2017 305 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7995-69931-4-SM.1101sup201708 endereço dos pacientes em uso de SNE e SOE, junto ao Programa Melhor em Casa de Montes Claros para obtenção de nome, telefone e endereço dos participantes. Inicialmente, a moderadora agradeceu a presença das participantes, procedeu à apresentação dos integrantes do grupo e apresentou-lhes os objetivos do estudo. Em seguida foi feita a leitura do (TCLE) e formalizado o consentimento das participantes na pesquisa, através de sua assinatura. Para as participantes que não puderam assinar o nome foi-lhes possibilitada a coleta de sua digital. Os pesquisadores se apresentaram aos participantes, explicaram-lhes o propósito do estudo e solicitaram a sua anuência para a pesquisa, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os depoimentos foram vídeo-gravados por um aparelho celular modelo L1 da marca LG. Foi realizada a transcrição das falas dos participantes e a análise do estudo fenomenológico seguiu as etapas de descrição, redução e compreensão.13 Posteriormente, foi realizada a leitura e releitura reflexiva das transcrições; extração dos trechos interpretativos; realização das categorias e reorganização das mesmas. Cada participante foi representado pela letra E (de entrevistado) seguida por números relacionados às entrevistas, assegurando-lhes, assim, o sigilo de suas identidades. A pesquisa teve o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SOEBRAS sob o parecer consubstanciado nº 987.381 de 2015 e obedeceu aos preceitos éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foram entrevistados sete cuidadores responsáveis pela assistência a pacientes recebendo dieta enteral por via alternativa (SNE/SOE). Destes, cinco eram familiares do paciente. Todos os entrevistados eram do sexo feminino. Na análise do discurso sobre as percepções dos familiares e cuidadores sobre a assistência de pacientes recebendo dieta enteral por via alternativa e quanto à orientação recebida, desvelaram-se três categorias: “Dificuldades na manipulação e manutenção da sonda”, “Opinião quanto às orientações recebidas”, e “Assistência do programa Melhor em Casa”.  Dificuldades na manipulação e manutenção da sonda Esta categoria refere-se às dificuldades apresentadas pelos entrevistados no manuseio/manipulação da sonda enteral de alimentação. A obstrução foi a maior dificuldade percebida, evidenciada nas falas dos entrevistados: E2; E4; E5 e E7. Difícil [...] como fazer pra desentupir [...] para a comida não fazer entupir a sonda (E2). É muito difícil, [...] quando entope, [...] a gente tem que chamar o melhor em casa para vir ajudar para retirar [...], dependendo do alimento entope que não dá para desentupir (E4). Olha no inicio foi muito difícil [...], quando fazia estase eu não sabia como fazer [...], No caso da sonda entupir, [...], dela puxar a sonda ai eu ficar desesperada (E5). Nos primeiros dias, às vezes a sonda entupia e a gente não sabia desentupir (E7). Outras dificuldades encontradas pelos entrevistados estavam relacionadas à administração da medicação e dieta, dificuldades sobre como agir diante de episódio de estase gástrica. [...] no começo, eu tive muita dificuldade em questão de administrar medicamentos, a própria dieta, [...] (E1). difícil [...] ‘apricar’ o remédio na sonda [...] (E2) Olha eu acho difícil, [...], eu fico sempre com o pé atrás de errar alguma coisa, [...]. Ela tava escurecendo, aí a gente já fica com dúvida, né, quando é que troca a sonda?! (E3). A administração da dieta enteral é feita por meio de uma seringa ou um equipo que conecta a dieta à sonda, com o paciente sedado ou com a cabeceira elevada. Assim, é possível fornecer os nutrientes de que a pessoa necessita independente da sua cooperação, fome ou vontade de comer.14 É importante dar preferência aos medicamentos líquidos, ou quando não for possível, devem- se dissolver comprimidos ou drágeas em água, para então injetar na sonda.9 A obstrução pode ter como possíveis causas a lavagem inadequada da sonda e medicamentos aderidos à mesma.9 O cuidado para evitar a obstrução da sonda é a realização da higiene da mesma com 10 ml de água filtrada, no mínimo, ao término de cada dieta, após aspiração de conteúdo gástrico e após administração de medicamentos a fim de evitar o acúmulo de resíduos e formação de crostas. O autor ressalta ainda a importância do cuidado com a SOE/SNG, tais como, evitar a tração, deslocamento para fora do estômago ou intestino e a retirada acidental, pois se sabe que a realização do procedimento de introdução da sonda causa desconforto para o paciente.1 A administração de dieta por sonda exige conhecimento sobre os cuidados com sua RESULTADOS E DISCUSSÃO
  • 4. Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 1):303-8, jan., 2017 306 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7995-69931-4-SM.1101sup201708 manutenção e possíveis complicações que possam ocorrer durante a sua infusão. Recomenda-se que esta técnica seja supervisionada por um enfermeiro.15  Opinião quanto às orientações recebidas Esta segunda categoria demonstra a opinião dos entrevistados em relação às orientações que obtiveram diante a implantação da sonda enteral. É o enfermeiro que frequentemente orienta os cuidados em relação ao posicionamento, ensina como administrar as dietas e os cuidados durante e após administração. Esse profissional fornece as informações sobre o equipamento necessário, compra e armazenamento da fórmula e administrações.16 Explicar e orientar o paciente e acompanhante sobre a importância e a necessidade do uso da sonda é fundamental para que o procedimento seja mais fácil posteriormente.17 Diante as entrevistas realizadas, cinco dos entrevistados afirmaram ter recebido orientações e esclarecedoras, demostradas nas falas dos entrevistados E1; E2; E3; E5 e E7. [...] foi bem tranquilo, fui bem instruída, me ensinaram direitinho como fazer. As dificuldades, as dúvidas que eu tinha eu tirei no hospital mesmo [...] (E1). Foi bom demais, [...] porque a pessoa idosa para a gente cuidar dele tem que ter bastante cuidado né, então quanto mais é um enfermeiro, alguém ensina a gente, é melhor [...] (E2). [...] dentro das orientações que a gente recebeu, a gente procura fazer da maneira que recebe [...], até agora acredito que num aconteceu nada errado [...] (E3). Muito boa as orientações que me passaram ajudou bastante cuidar dela (E5). Todas muito esclarecedoras [...], eles orientam assim de forma que a gente dá para entender tudo. Bem, bem explicado mesmo [...] (E7). Os entrevistados E4 e E6 afirmam que as orientações não foram satisfatórias, ou nem as receberam, conforme exposto nas falas: As orientações do hospital não foi tão clara não, a gente, nós tivemos muita dificuldade por causa das orientações. [...] Por causa que eles não ‘expricaram’ a dosagem do tanto de água que tem que colocar na sonda, e nem pros outro, dos alimentos que não dão pra ser administrado (E4). Oh, não tive muita orientação assim sobre a sonda não [...] (E6). O cuidador/familiar precisa ser orientado sobre como agir nas situações diferentes que possam surgir e também ressalta a necessidade de um acompanhamento do serviço de saúde.8 É de suma importância que todos os profissionais da área de enfermagem sejam capacitados para atuar, prestar cuidados e informações não só específicos em nutrição enteral, mas de forma geral. Pois a equipe de enfermagem exerce um papel fundamental no que desenvolve, desde ações de manutenção e controle, via de escolha e o volume administrado, até as mais variadas reações que o paciente em uso de sonda enteral pode apresentar.18  Assistência do programa Melhor em Casa Nesta categoria fica evidente a importância da assistência do Programa Melhor em Casa para estas famílias. Esse programa auxilia pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica, por exemplo, a receber assistência multiprofissional gratuita em seus domicílios, com cuidados mais próximos da família. A equipe é formada prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta. Outros profissionais (fonoaudiólogo, nutricionista, odontólogo, psicólogo e farmacêutico) poderão compor as equipes de apoio.19 A importância do programa para estas famílias fica evidente nos depoimentos dos entrevistados, que expõem o quanto necessitam de um apoio para que possam sanar todas as dúvidas com relação às tomadas de decisão frente ao cuidado do paciente. É muito importante porque tem assistência de enfermeiro, médico, fisioterapeuta, tem psicólogo, nutricionista e os acadêmicos, então é muito bom pra gente porque a gente sempre pode tá tirando alguma dúvida, eles tá ensinando uma nova forma de tá cuidando [...] (E1). Ô moço é bom demais, [...] a pessoa orienta a gente, [...] a gente aprende mais né, [...], então quanto mais alguém ensina a gente é melhor ainda pra gente ficar mais né atualizado na área (E2). Olha, apesar de que a gente não tem a presença todos os dias, mais pra mim é ótimo, ‘pruquê' às vezes a gente não tem a presença dos outros dias, mais qualquer coisa que a gente... qualquer dificuldade que a gente liga eles atendem na hora com a maior presteza (E3). O Melhor em Casa muito bom, ajuda bastante nós, questão de receita, remédio, ensina também cuidar, [...], ensinou a fazer tudo com a sonda, até alimentação que eles
  • 5. Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 1):303-8, jan., 2017 307 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7995-69931-4-SM.1101sup201708 deram pra gente fazer com ela foi melhor do que a do hospital [...] (E4). Olha eles (Melhor em Casa) ajuda a gente bastante, principalmente quando ela está com febre, aí eu não estou sabendo, eles vêm e me ajuda até dar num banho dela, elas já me ajudaram aqui né,[...] (E5). Uai, foi bom porque elas tão me explicando, me explicou né, como que eu tenho que fazer com a sonda,[...], aqui as meninas me falaram que na hora que saísse, que soltasse ou chegar a entupir que ligasse para elas, então foi muito bom (E6). O programa é muito bom, muito bom, eles estão presentes, todos os dias vêm, quando a gente precisa pode ser a hora que for a gente liga, eles estão dispostos é muito bom (E7). As equipes do Melhor em Casa são contratadas por estados e municípios. O atendimento à população é feito durante toda a semana, 12 horas por dia e, em regime de plantão, nos finais de semana e feriados.18 Todos os pacientes recebem visitas regulares das equipes e são monitorados. Conforme o estado clínico e avaliação de cada paciente, é definida a quantidade de visitas a cada paciente. O cuidador é quem poderá ser ou não membro da família que será a referência da família para as equipes do Melhor em Casa. O perfil do cuidador representa um indivíduo que necessariamente não está ligado ao serviço de saúde, muitas vezes sem orientações e privado de apoio profissional de saúde. No cuidado de pessoas com sonda enteral os familiares/cuidadores desempenham um papel vital. Então é fundamental o treinamento e apoio contínuos desses cuidadores. É de extrema importância e necessidade a extensão de ações que tenham o cuidador como sujeito dominante, para que essa atividade seja reconhecida e envolvida em práticas adequadas, trazendo benefícios para quem cuida e quem é cuidado. Os resultados da pesquisa apontam as dificuldades que cada familiar/cuidador apresentava, sendo a obstrução da sonda a principal dificuldade exposta por eles. Neste contexto o serviço prestado pelos profissionais do melhor em casa desta cidade, assume o papel de um grande aliado das famílias para a resolubilidade de problemas e fornecimento de informações para o melhor cuidado do paciente. Destaca-se, neste estudo, a fragilidade nas orientações prestadas nas instituições que promovem a inserção da sonda entérica. Enfim, os familiares/cuidadores possuem um papel vital no cuidado aos pacientes com dieta enteral por sonda. A ferramenta educação em saúde, desenvolvida principalmente pela equipe de enfermagem na assistência desses pacientes, deve ser realizada com responsabilidade, competência e eficácia para garantir continuidade na assistência domiciliar e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. 1. Sartori T, Rosanelli CLSSP, Stumm EM, Kolankiewicz ACB, Loro MM. Vivências de pacientes em uso de sonda para nutrição enteral. Rev Pesqui Cuid Fundam on line [Internet]. 2013 [cited 2014 Oct 25];5(1):3276-84. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidad ofundamental/article/view/1908 doi: http://dx.doi.org/10.9789/2175- 5361.2013.v5i1.3276-3284 2. Leite HP, Carvalho WB, Santana e Meneses JF. Atuação da equipe multidisciplinar na terapia nutricional de pacientes sob cuidados intensivos. Rev Nutr [Internet]. 2005 [cited 2016 Feb 25]; 18(6):777-84. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S1415-52732005000600008&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1415- 52732005000600008. 3. Nogueira SCJ, Carvalho APC, Melo CB, Morais EPG, Chiari BM, Gonçalves MIR. Perfil de pacientes em uso de via alternativa de alimentação internados em um hospital geral. Rev CEFAC. [Internet]. 2013 [cited 2016 Feb 29];15(1):94-104. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S1516-18462013000100011&lng=en 4. Medeiros RKS, Ferreira-Junior MA, Pinto DPRS, Costa IKF, Santos VEP, Vitor AF. Assistência de enfermagem a pacientes em uso de sonda gastrointestinal: revisão integrativa das principais falhas. Rev Cubana Enf [Internet]. 2014 [cited 2016 Feb 29];30(4):[about 5 p.]. Available from: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_artt ext&pid=S0864-03192014000400006&lng=es. 5. Moreira SPL, Galvão NRL, Fortes RC, Zaban ALRS. Terapia de nutrição enteral domiciliar: principais implicações dessa modalidade terapêutica. Com Ciênc Saúde [Internet]. 2010 [cited 2014 Oct 24];21(4):309-18. Available from: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki- download_file.php?fileId=904. 6. Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral. Terapia nutricional CONCLUSÃO REFERÊNCIAS
  • 6. Ferreira RS, Pereira LR, Teles MAB et al. Percepção de cuidadores sobre a assistência a pacientes... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(Supl. 1):303-8, jan., 2017 308 ISSN: 1981-8963ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7995-69931-4-SM.1101sup201708 domiciliar. Rev Assoc Med Bras [Internet]. 2012 [cited 2014 Oct 24];58(4):408-11. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S0104-42302012000400008&lng=en. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104- 42302012000400008 7. Dreyer E, Brito S, Santos MR, Giordano LCRS. Nutrição Enteral domiciliar: Manual do usuário, como preparar e administrar a dieta por sonda. 2nd ed. Campinas: Hospital das Clínicas da UNICAMP; 2011. 8. Werner C, Gomes JS, Rosanelli CSP, Pettenon MK, Loro MM, Kolankiewicz ACB. Nutrição enteral no domicílio: percepções do cuidador. In: Ferreira CLL. I Jornada Internacional de Enfermagem - Formação Profissional do Enfermeiro: Repensando Saberes e Inovando Práticas: Anais da Jornada Internacional de Enfermagem UNIFRA; 2011 May 31 – June 02; UNIFRA. Santa Maria: Centro Universitário Franciscano; 2011. p. 1-3. 9. Bento APL, Schieferdeker MEM, Campos AC. Qualidade de vida em terapia nutricional enteral domiciliar: doente e cuidador. Rev Bras Nutr Clin [Internet]. 2005 [cited 2016 Feb 29];20(4):287-92. Available from: http://bases.bireme.br/cgi- bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=ia h/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang= p&nextAction=lnk&exprSearch=552247&in dexSearch=ID. 10. Minayo MCS. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Cien Saúde Colet. [Internet]. 2012 [cited 2016 Feb 29];17(3):621-6. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S1413-81232012000300007&lng=en doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1413- 81232012000300007 11. Rezende AM. Concepção fenomenológica da educação. São Paulo: Cortez; 1990. 12. Silva JMO, Lopes RLM, Diniz NMF. Fenomenologia. Rev Bras Enferm [Internet]. 2008 [cited 2014 Oct 25];61(2):254-7. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S0034-71672008000200018&lng=pt. 13. Pesce L, Abreu CBM. Pesquisa Qualitativa: considerações sobre as bases filosóficas e os princípios norteadores. Rev FAEEBA – Educação e Contemporaneidade [Internet]. 2013 [cited 2016 Feb 29];22(40):19-29. Available from: http://www.revistas.uneb.br/index.php/faee ba/article/view/747 14. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Guia prático do cuidador / p. 32/34. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. 15. Siewert JS, Alvarez AM, Jardim VLT, Valcarenghi RV, Winters JRF. Perfil dos cuidadores ocupacionais de idosos. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2014 [cited 2016 Feb 29];8(5):1128-35. Available from: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermage m/index.php/revista/article/viewFile/5400/p df_5004 doi: 10.5205/relou.5863-50531-1- ED.0805201404 16. Scheren F, Rosanelli CLSSP, Loro MM, Stumm EM, Kolankiewicz ACB. Enteral nutrition at home: applicability of the nurse’s guidelines under the family’s perspective. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2010; 4(2):699-707. Available from: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfer magem/index.php/revista/article/downlo ad/871/1319. 17. Unamuno MRDL, Marchini JS. Sonda nasogástrica/ nasoentérica: cuidados na instalação, na administração da dieta e prevenção de complicações. Medicina [Internet]. 2002 [cited 2016 Feb 29];35:95- 101. Available from: http://revista.fmrp.usp.br/2002/vol35n1/son da_nasogastrica.pdf 18. Ciosak SI, Saltini DA, Moreira RSC, Reganin EC, Nishida CSI. Cuidados de Enfermagem na Nutrição Enteral. In: Waitzberg DL. Nutrição Oral Enteral e Parenteral na Prática Clínica. 3rd ed. São Paulo: Atheneu; 2004. 19. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Caderno de atenção domiciliar, v.1, Melhor em casa. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. Submissão: 25/02/2016 Aceito: 22/12/2016 Publicado: 15/01/2017 Correspondência Mirna Rossi Barbosa-Medeiros Rua São Marcos, 115 Bairro Todos os Santos CEP: 39400-128  Montes Claros (MG), Brasil