O documento apresenta um projeto desenvolvido por alunos de Design Gráfico sobre a falta de reconhecimento dos índios brasileiros. O trabalho consiste na criação de um livro objeto que representa a dualidade entre a forma como os índios são vistos pela sociedade versus como eles se enxergam. O processo criativo é detalhado com esboços, imagens do desenvolvimento e do produto final.
P.I.M do Curso de Design Gráfico - Livro Objeto - Fome de Reconhecimento dos indigenas brasileiros
1. UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO
CURSO DE DESIGN GRÁFICO
PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR I
São Paulo/SP
2017
2. JAMILLE ARAGÃO SOARES MACEDO - RA N1210J0
KAREN DA SILVA MOURA - RA N1538H0
MARCO ANTÔNIO PEREIRA DA SILVA – RA D37ACI0
NATALLY BARBOSA SODRÉ – RA D375GE5
VITÓRIA SOUZA CARVALHO MIGUEL – RA D410CI9
A FOME DE RECONHECIMENTO DOS INDÍGENAS BRASILEIROS
Trabalho apresentado como requisito
para aprovação na disciplina PIM –
Projeto Integrado Multidisciplinar - 1º
Semestre, Design Gráfico.
Orientador: Prof. Vinicius Albuquerque
São Paulo/SP
2017
3. JAMILLE ARAGÃO SOARES MACEDO - RA N1210J0
KAREN DA SILVA MOURA - RA N1538H0
MARCO ANTÔNIO PEREIRA DA SILVA – RA D37ACI0
NATALLY BARBOSA SODRÉ – RA D375GE5
VITÓRIA SOUZA CARVALHO MIGUEL – RA D410CI9
A FOME DE RECONHECIMENTO DOS INDÍGENAS BRASILEIROS
Trabalho apresentado como requisito
para aprovação na disciplina PIM –
Projeto Integrado Multidisciplinar - 1º
Semestre, Design Gráfico.
Orientador: Prof. Vinicius Albuquerque
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
____________________ __/__/___
Prof. Vinícius Albuquerque
Universidade Paulista – UNIP
4. 4
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a todos os integrantes do grupo, pela paciência e da
criatividade e pelo empenho em ajudar na elaboração do livro objeto. Também
dedicamos aos nossos familiares em que de maneira direta ou indireta nos ajudaram,
sempre pensando melhor para o nosso futuro e para aqueles que sensibilizaram
pela causa indígena, nós esperamos que este projeto possa servir como uma fonte
inspiratória.
5. 5
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus que nos deu sabedoria e perseverança, para
que pudéssemos concluir com entendimento. Aos nossos professores, que com
muita vontade e paciência nos passou preciosas informações para que fosse
possível a elaboração desse projeto. Aos nossos colegas de curso, pela orientação
nos momentos de dúvidas, e principalmente aos nossos professores-orientadores,
Fernando Coelho e Vinícius Albuquerque, que com orientações fizera com que nós
tivéssemos o entendimento para a formação e conclusão desse projeto.
6. 6
“Para que servirão os nossos olhos, caso desviemos
o olhar do sofrimento do nosso próximo?”
Autor anônimo
7. 7
RESUMO
O projeto integrado multidisciplinar do curso de Design Gráfico tem o intuito de
apresentar as variadas formas de representação do que é ser um índio brasileiro,
seja estereotipada ou não. Há muito tempo o indígena tem a sua imagem congelada
em vários meios de comunicação, devido a falta de reconhecimento étnico. Graças a
esta ignorância sobre a realidade dos índios, são associados a eles antigos
estereótipos. O presente relatório traz informações sobre o grafite, o artista Crânio e
suas obras, o que ocorre com o indígena atualmente e do livro objeto. Os povos
nativos que estavam aqui desde começo têm uma rica cultura e sabedoria,
entretanto, vários anos se passaram e não aprendemos a valorizar esse patrimônio
cultural que levou milhares de anos para ser o que é hoje.
Palavra-chave: Reconhecimento, Falta, Índio, Grafite.
8. 8
ABSTRACT
The integrated multidisciplinary project of Graphic Design course aims to present the
various forms of representation of what it is to be a Brazilian Indian, whether
stereotyped or not. The indigenous has long been frozen in various media because
of a lack of ethnic recognition. Thanks to this ignorance about the reality of the
Indians, they are associated with them old stereotypes. This report provides
information on the graphite, the artist Cranio and his works, which occurs with the
indigenous today and the object book. The native peoples who have been here since
the beginning have a rich culture and wisdom, however, several years have passed
and we have not learned to value this cultural patrimony that took thousands of years
to be what it is today.
Key-words: Recognition, Missing, Indigenous, Graphite.
9. 9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Cocar indígena da tribo Bororo ..................................................................13
Figura 2: Os índios utilizam a pintura corporal como meio de expressão ligado aos
diversos manifestos culturais. ...................................................................................14
Figura 3: Manifestação indígena realizada em Brasília no mês de Abril de 2017. ....15
Figura 4 Beco do Batman, na Vila Madalena em São Paulo.....................................17
Figura 5: O artista Crânio ..........................................................................................18
Figura 6: O artista espanhol Salvador Dalí e o personagem de Maurício de Sousa,
Papa Capim...............................................................................................................18
Figura 7: Alguns trabalhos do Crânio localizados em vários pontos de São Paulo...19
Figura 8 Imagens que inspiraram o grupo para a elaboração do livro objeto............21
Figura 9: Planejamento do trabalho e materiais utilizados ........................................26
Figura 10: Atividades feitas em sala de aula na sexta-feira. .....................................26
Figura 11: Atividades feitas na segunda-feira. ..........................................................26
Figura 12: Atividades realizadas na terça-feira. ........................................................27
Figura 13: Da direita para a esquerda: Nataly, Karen, Marco, Jamille e Vitória. Note
que há alguns integrantes com evidentes olheiras devido ao trabalho. ....................27
Figura 14 O livro Objeto ............................................................................................30
Figura 15 Foto de cima do Livro Objeto, a frase diz: “Não adianta mudar que ele vai
continuar sendo índio”...............................................................................................30
Figura 16 Foto de frente do Livro Objeto...................................................................31
Figura 17 Foto do Livro objeto em uma posição 3/4 .................................................31
Figura 18 Imagem do livro objeto do lado direito.......................................................32
Figura 19 Imagem do livro objeto do lado esquerdo. ................................................32
10. 10
LISTA DE DESENHOS
Desenho 1 Esboço da ideia de um livro aberto com espelhos refletindo os índios que
estão no centro de cada espaço. ..............................................................................22
Desenho 2 Esboço mais desenvolvido da ideia de um livro aberto com espelhos
refletindo os índios que estão no centro de cada espaço. ........................................22
Desenho 3 Esboço de um vidro no meio de uma base, onde se faz uma dualidade
entre índio que a sociedade enxerga e como o índio se enxerga. ............................23
Desenho 4 Esboço de uma escultura de um índio emergindo de um livro didático,
está presente uma dualidade - um índio engravatado e um índio do modo primitivo.
..................................................................................................................................23
Desenho 5 Esboços da dualidade, campos opostos - cidade x floresta , cinza x verde.
A ideia dos cubos giratórios em gravetos está presente...........................................23
Desenho 6 Esboço final do projeto............................................................................24
11. 11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................12
2. DESENVOLVIMENTO ..........................................................................................13
2.1 A arte e estética indígena....................................................................................13
2.1.1 A arte plumária..........................................................................................13
2.1.2 A arte da pintura corporal..........................................................................14
2.2 Sobre os índios contemporâneos........................................................................15
2.2 MOVIMENTO, AUTOR E SUAS OBRAS ............................................................17
2.2.1 Sobre o grafite como manifestação artística .............................................17
2.2.2 O artista Crânio .........................................................................................18
2.2.3 Influências .................................................................................................18
2.2.4 Obras ........................................................................................................19
3. PROCESSO CRIATIVO ........................................................................................20
3.1 Ideias iniciais.......................................................................................................20
3.2 Moodboard ..........................................................................................................21
3.3 Esboços...............................................................................................................22
3.4 MAKING-OFF......................................................................................................25
3.4.1 Imagens do processo de criação......................................................................26
3.5 CONCEITO .........................................................................................................28
4. O LIVRO OBJETO ................................................................................................29
4.1 Materiais utilizados..............................................................................................29
4.2 Imagens do Livro Objeto pronto ..........................................................................30
5. CONCLUSÃO........................................................................................................33
REFERÊNCIAS.........................................................................................................34
12. 12
1. INTRODUÇÃO
Atualmente o cenário brasileiro apresenta situações cada vez mais
preocupantes em relação aos índios que habitam o nosso país, é evidente um
grande descaso com a população indígena, em consequência disto, uma parcela
considerável dos nativos estão gradualmente presentes em algumas manifestações
ocorridas em diversas regiões do país, reivindicando os seus direitos, sobre as
terras desmarcadas, que são constantemente violados e na melhora da qualidade
de vida desses povos.
Essa situação alarmante encontra-se a muito tempo, por efeito de um
preconceito histórico conservado que a sociedade brasileira carrega por gerações,
há uma representação estática dos índios que se propaga há anos na mídia e de
outros meios de comunicação. Por causa do desconhecimento da realidade desses
povos, eles são associados a antigos estereótipos, como se ainda vivessem no
passado, formando um povo preguiçoso, incapazes e inferiores. Estes rótulos
servem como cortina para tampar a verdade sobre os nativos hoje em dia.
Observando essas séries de fatores apresentados, o tema do presente
trabalho foi escolhido por ser algo importante a ser discutido com o publico, de como
nós temos comportados como cidadãos diante deste lamentoso caso da falta de
reconhecimento étnico sobre a nação indígena. Devido a isto, o projeto foi
desenvolvido com a finalidade de desconstruir os estereótipos negativos e diminuir a
ignorância da realidade que várias pessoas têm contra os índios.
O livro objeto será constituído por uma dualidade de “mundos” com varetas
de cubos giratórios em um nicho, o espectador seria convidado a interagir com a
obra e não somente olhá-la de longe. Optamos nos expressar em nosso trabalho
com alguns elementos da arte indígena e através do grafite, mais especificamente,
da arte do grafiteiro Crânio, um dos artistas mais importantes no grafite brasileiro,
dado que em suas obras estão presentes elementos típicos da cultura brasileira e
além de torna o índio como protagonista em suas manifestações. Vimos que o
grafite e a causa indígena tem alguns objetivos em comum, como por exemplo: a
falta de reconhecimento, a marginalização que sofrem pela sociedade e a inversão
de imagem para ambos.
13. 13
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 A arte e estética indígena
Existe uma incrível variedade de tradições, idiomas, manifestações artísticas
e modos de vida dos nativos brasileiros. Entretanto, eles compartilham algo em
comum: o respeito pela natureza, é dela que vem os recursos básicos para a
sobrevivência e que não pertence somente a uma pessoa e sim, para a aldeia toda.
São aproximadamente 300 mil de indígenas brasileiros que habitam atualmente o
nosso país. Contém 210 tribos e a maioria dessas tribos mantém contato com os
homens brancos, porém há nações, cerca de 53, continuam isoladas vivendo de um
modo parecido como o da pré-história.
Os índios trabalham em grupo, porém há uma divisão de tarefas, nas quais as
mulheres: cuidam das plantações e das crianças da tribo, tecem e cozinham; já os
homens: caçam, fabricam armas e canoas, protegem a aldeia. E a arte indígena é
uma dessas das atividades realizadas pelos índios. Os objetos para os indígenas,
precisam ser perfeitos em sua execução do que a sua utilidade, ou seja, existem
uma grande preocupação pela estética nas coisas. E também, esta arte é uma
representação das tradições da aldeia do que a personalidade do artesão, é por isso
que há essa enorme variedade de pinturas corporais, de trançados e cerâmicas nas
comunidades indígenas.
2.1.1 A arte plumária
A arte plumária é uma arte exótica, feita exclusivamente com penas e plumas
Figura 1: Cocar indígena da tribo Bororo
Fonte: Museu Imaginário do índio, 2013.
14. 14
de aves nativas da região. Ela não está associada a nenhuma finalidade, apenas
para embelezar algum acessório ou objeto. Essa técnica antiga é muito utilizada por
tribos brasileiras, seja durante rituais ou em ornamentos. Algumas tribos como a dos
índios Bororo, habitam no estado de mato Grosso, fazem trabalhos majestosos e
grandes com penas e plumas, já outras tribos como a dos índios Munduruku
produzem peças delicadas e se preocupam com as cores e na combinação dos
matizes.
2.1.2 A arte da pintura corporal
As cores usadas para pintar seus corpos são encontrados em cascas de
árvores, seivas, minerais, etc. Um exemplo disso é o vermelho vivo do Urucum (um
fruto avermelhado), o negro esverdeado do suco do Jenipapo (uma espécie de fruto)
e o branco da Tabatinga (composto argiloso). A seleção das cores é devido a
importância de transmitir para o corpo a alegria que é contida nas cores puras, vivas
e intensas. O seu objetivo é de deferir os povos, determinar a função de cada um
dentro da tribo e mostra o estado civil da pessoa.
Figura 2: Os índios utilizam a pintura corporal como
meio de expressão ligado aos diversos manifestos
culturais.
Fonte: Espaço Educação, 2013.
15. 15
2.2 Sobre os índios contemporâneos
Na época atual, ouve-se falar muito pouco sobre a realidade indígena no
Brasil e até no restante do mundo. Com o pensamento europeu do século XVI
enraizado, os brasileiros tratam os índios de forma romantizada e rotulada. Para
muitas pessoas existem dois tipos de índios: o índio puro – aquele que vive na
floresta isolado, sem contato com o exterior, vive do modo primitivo. E o índio impuro
– que mora na cidade, usa roupas do branco, é preguiçoso, vagabundo, etc. Há um
pensamento que quando os indígenas se tornam consciente de seus direitos e lutam
por eles, acabam deixando de ser índio.
A causa da exclusão e da invisibilidade é de uma frequente distorção de
imagem dos povos originários e de um pensamento estereotipado que muita das
vezes são ensinados nas escolas, em materiais didáticos, em filmes, na mídia e de
outros meios de comunicação. Apesar de muitos de nossos costumes, falas, danças
e comidas vieram deles, nós não damos tanta importância para estes povos
esquecidos nem no dia deles.
Mas a questão cultural não é o único problema. Os índios estão em constante
lutas por seus espaços, devido as politicas públicas existentes que não estão
realmente alterando o padrão de desigualdade entre raças que é muito presente no
país. As ONGs (Organizações não governamentais), movimentos sociais e até um
órgão governamental, como a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), que atuam na
Figura 3: Manifestação indígena realizada em
Brasília no mês de Abril de 2017.
Fonte: EBC, 2017.
16. 16
causa indígena sofrem com a perda de forças na politica brasileira para assegurar
os direitos e a segurança desses povos.
Visto que atual sistema politico que privilegia o interesse econômico e que
tem uma lógica desenvolvimentista, negligencia e menospreza a causa de bem-estar
do indígena, auxiliando usurpadores em adquirir mais terras para o aumento do
próprio capital e entre outros interesses. Nesse sentido, o lado mais fraco, que são
os povos nativos, acaba perdendo, e devido a isto, há casos de violências e
massacres contra os índios em várias regiões do Brasil.
17. 17
2.2 MOVIMENTO, AUTOR E SUAS OBRAS
2.2.1 Sobre o grafite como manifestação artística
Figura 4 Beco do Batman, na Vila Madalena em
São Paulo.
Fonte: Guia da Semana, 2017.
O grafite, em que o seu termo de origem italiana “graffite” significa a “escrita
feita com carvão”, é uma intervenção artística na cidade (arte urbana), identificada
através de ilustrações em locais públicos (paredes, edifícios, ruas, etc), surgiu na
década de 70, em Nova York nos Estados Unidos e em São Paulo no Brasil.
Seu objetivo é transmitir mensagens de cunho político, social, cultural,
humanitário e artístico. Ele tem a intenção de expressar, em formato de
manifestação, toda a opressão que a humanidade vive, principalmente para aqueles
que são menos favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade da sociedade.
Deste modo, nasce uma forma de percepção artística, a arte não passa a ser
somente vista dentro dos museus ou dos centro culturais, mas especialmente, nas
paredes das ruas, em prédios, em colunas e entre outros lugares públicos.
Além disso, o preconceito contra esta arte sempre esteve presente desde de
seu nascimento, as pessoas relacionam o grafite com a ideia de vandalismo, da
marginalização, em consequência de alguns motivos básicos como: ser associado
por muito tempo às gangues, os murais serem confeccionados em qualquer lugar,
sem nenhum tipo de autorização e regulamentos e além de ser confundido com a
pichação, em que essa de certo modo possa ser uma poluição visual.
18. 18
2.2.2 O artista Crânio
Fábio de Oliveira Parnaíba, também conhecido como Crânio, é um dos
artistas mais influentes no mundo do Grafite, em razão de que ele trabalha com
elementos típicos da nossa cultura. Nasceu em 1982 e foi criado na Zona Norte de
São Paulo, o artista considera a região como a sua maior influência artística, é
bastante evidente essa inspiração estar retratada em suas artes. Quando
adolescente, ao redor dos 16 anos em 1998, o grafiteiro começou a pintar as
paredes cinzas de São Paulo.
2.2.3 Influências
Figura 5: O artista Crânio
Fonte: FUJII, Leila, 2014.
Figura 6: O artista espanhol Salvador Dalí e o
personagem de Maurício de Sousa, Papa Capim.
Fonte: 1. Colunas Tortas, 2014; 2. Site Turma da
Mônica, 2016.
19. 19
O artista também teve influências do pintor espanhol Salvador Dalí, que por
muitos é considerado um dos maiores ícones do Movimento Surrealista, os seus
quadros chamam a atenção pela incrível combinação de imagens inusitadas, como
nos sonhos, mas com excelente qualidade plástica.
E também teve influências de desenhos animados e quadrinhos, um exemplo
bastante significativo é o Papa capim, personagem feito pelo desenhista brasileiro
Maurício de Sousa, sua primeira aparição foi em 1970. E desde lá ganhou um gibi
sendo o protagonista das aventuras junto com a sua turma.
2.2.4 Obras
Os índios brasileiros, estão presente em suas obras como protagonistas, são
apresentados de modo bastante criativo e engraçado. Logo, é criado a sua marca, o
índio azul, tornando a suas obras inconfundíveis. Seus trabalhos provocam as
pessoas que estão visualizando para refletirem sobre temas do nosso cotidiano,
como: consumismo, sustentabilidade, corrupção, preconceito, desigualdade social,
etc. Cumprindo a sua intenção de ser como um manifesto para a sociedade.
Através de suas obras que são expostas na maior metrópole do Brasil, Crânio
ganhou reconhecimento internacional, seus trabalhos também estão presentes em
outras cidades ao redor do mundo, como por exemplo: Londres, Los Angeles,
Liverpool e Berlim.
Figura 7: Alguns trabalhos do Crânio localizados em vários pontos de São Paulo
Fonte: Dionísio Arte, 2016.
20. 20
3. PROCESSO CRIATIVO
3.1 Ideias iniciais
Como ideia inicial pensamos em falar de desigualdade ou falta de
reconhecimento de alguma forma. Na semana em que estávamos decidindo este
tema houve uma manifestação de índios em Brasília contra a demarcação de terras
indígenas e isso nos caiu como uma luva. Os índios desde o começo da colonização
do Brasil pelos europeus foram perdendo seu espaço e com isso o reconhecimento.
A princípio, iriamos colocar um índio grande com traços do grafiteiro Crânio,
esse índio teria metade de seu corpo vestido com roupas típicas de alguma tribo
indígena específica e a outra metade estaria sendo tomada pela urbanização, ele
estaria com roupas mais comuns de locais urbanos, dando a entender que os
espaços urbanos tomaram o espaço do índio. Porém lembramos que os índios não
usam só roupas típicas indígenas, e isso é um estereótipo que nós acabamos
reproduzindo sobre eles.
Refletimos sobre os estereótipos e resolvemos fazer algo voltado ao que as
pessoas costumam construir como a imagem do que é o índio, planejávamos em
algo como espelhos e vários desenhos com dois lados em que, de um lado haveria
um índio com estereótipos comuns que as pessoas costumam criar e do outro (este
estaria refletido no espelho) o índio como ele realmente gostaria de ser enxergado.
Nós fixamos nesse formato para o livro objeto, até nos darmos conta de que
poderíamos estar reproduzindo os mesmos estereótipos do que é um índio.
Nós consideramos, de novo, a primeira ideia e vimos que o grande dilema
que os indígenas têm hoje em dia é de: fazer as pessoas entenderem que na
verdade, indiferente, se eles estão vestidos com roupas típicas, cerimoniais, de terno,
shorts ou como e onde estiverem, eles continuam sendo índios, tendo a liberdade de
escolher ter o conhecimento que não vem de suas origens mas mantê-las.
Resolvemos então criar três índios, com os traços baseados no índio do
grafiteiro Crânio, tendo mais de uma face, de roupas diferentes, tornando possível a
modificação de sua aparência.
21. 21
3.2 Moodboard
Figura 8 Imagens que inspiraram o grupo para a elaboração do livro objeto.
Fonte: Dionisio Arte, 2016; 2. Autor Anonimo, 2017; 3. Autor Anonimo, 2015; 4. Pinterest, 2016; 5.
Indio Educa, 2011; 6. Ciudad de Buenos Aires, sem data; 7. Alpino, sem data; 8. Lojão do MDF, 2017;
9. Andrade Talis, 2013; 10. Dionisio Arte, 2016; 11.Bom Negócio –OLX, 2017; 12, Picssr, sem data.
22. 22
3.3 Esboços
Desenho 1 Esboço da ideia de um livro aberto com espelhos
refletindo os índios que estão no centro de cada espaço.
Fonte: ANTÔNIO, Marco, 2017.
Desenho 2 Esboço mais desenvolvido da ideia de um livro aberto
com espelhos refletindo os índios que estão no centro de cada
espaço.
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
23. 23
Desenho 3 Esboço de um vidro no meio de uma base, onde
se faz uma dualidade entre índio que a sociedade enxerga e
como o índio se enxerga.
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
Desenho 4 Esboço de uma escultura de um índio emergindo
de um livro didático, está presente uma dualidade - um índio
engravatado e um índio do modo primitivo.
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
Desenho 5 Esboços da dualidade, campos opostos - cidade
x floresta , cinza x verde. A ideia dos cubos giratórios em
gravetos está presente.
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
25. 25
3.4 MAKING-OFF
Ocorreu, primeiramente, um planejamento de como seria o livro objeto. Após
isso, os esboços foram filtrados e foi escolhido aquele que mais se encaixava com a
nossa ideia, que seria: cubos que girassem em gravetos e que estivessem
colocados em uma base. Tendo em vista a parte do planejamento concluída, nos
reunimos para escolhermos quais materiais seriam necessários para a criação do
projeto. A líder do grupo sugeriu que os cubos fossem de MDF e os palitos seriam
de bambu, pois são mais resistentes que os outros materiais que tinham sido
avaliados. As varetas o grupo já tinha, só faltava os cubos que então foram
comprados. Eles foram perfurados nas duas extremidades para o encaixe com as
varetas e pintados de branco para uma posterior colagem. Em seguida, uma
integrante do grupo propôs como suporte um nicho de MDF, todos gostaram da ideia
e então foi comprado o item que sobrava.
Após os períodos de provas, o primeiro dia que nos reunimos foi na sexta-
feira, dia dois de Junho, e começamos a montar a nossa escultura. Neste dia os
cubos foram montados nos gravetos. Na segunda-feira, dia cinco de Junho,
pintamos o nicho com tinta acrílica na cor branca, e desenhamos os índios em
papéis vegetais. No dia seguinte, seis de Junho, a líder perfurou o nicho para os
gravetos para os cubos ficarem em pé no centro do suporte, foram pintados os
desenhos dos índios com lápis de cor, optamos por permanecer algumas cores que
o grafiteiro Crânio utiliza em suas produções, também foi pintado o nicho nas cores
verde sépia e cinza médio, a fim de fazer uma dualidade: cidade e floresta; e por
último colamos os papéis vegetais com a fita dupla face nos cubos. E por fim, na
quarta, dia sete de Junho, fizemos uma colagem interna no nicho com jornal e cola
escolar e elaboramos o fundo do suporte, metade é com folhas naturais presas a
cola quente em um papel e na outra metade foi feita uma pintura de prédios. No fim
daquele dia, a líder do grupo levou para casa o livro objeto para dar alguns retoques
e encaixar os índios no centro do nicho. O projeto foi finalizado.
26. 26
3.4.1 Imagens do processo de criação
Figura 9: Planejamento do trabalho e materiais utilizados
Fonte: ARAGÃO, Jamille, 2017.
Figura 10: Atividades feitas em sala de aula na sexta-feira.
Fonte: Diversos autores, 2017.
Figura 11: Atividades feitas na segunda-feira.
Fonte: Diversos autores, 2017.
27. 27
Figura 12: Atividades realizadas na terça-feira.
Fonte: Diversos autores, 2017.
Figura 13: Da direita para a esquerda: Nataly, Karen, Marco, Jamille e
Vitória. Note que há alguns integrantes com evidentes olheiras devido ao
trabalho.
Fonte: SODRÉ, Nataly, 2017.
28. 28
3.5 CONCEITO
Sabemos que quando o projeto for exposto, muitos espectadores terão
interpretações diferentes sobre o objeto. Porém a sua mensagem é para
desconstruir o preconceito que se tem pelo indígena atualmente, reconhecer como
cidadão especial e valorizar o índio, independentemente, se mora na cidade ou se
ainda está na floresta, se vive do modo primitivo ou do modo contemporâneo, ele
não deixará de ser índio. Não precisará deixar a sua condição como indígena para
se ter um lugar no sol. Pois a cultura é dinâmica, portanto, se modifica, agrega
novos elementos e deixa outros em desuso para atrás. Desconstruindo os rótulos
através de demonstrações de como são esses povos poderá parar com essas
discriminações que se tem por eles, isto é o que se chama de reconhecimento. E
assim garantiremos que todo o dia voltará a ser o dia do índio e não somente em 19
de Abril.
29. 29
4. O LIVRO OBJETO
O livro objeto é constituído por cubos de MDF que giram através de varetas de
bambu e que estão localizados no centro do nicho, também de MDF. Os indígenas
estão desenhos nos cubos e através disto, optamos por fazer uma dualidade entre as
representações do índio que vivem do modo “tradicional” e também nas cidades, seja
do modo estereotipado ou não. Os traços são baseados nos desenhos do grafiteiro
Crânio, tendo mais de uma face, roupas diferentes, tornando possível a modificação
de sua aparência. Estão presentes os seguintes índios: CIDADE – Índio engravatado,
estudante, o comum e o desafortunado; FLORESTA – Índio com trajes cerimoniais,
caçador, com alguns trajes da cidade e o índio com a sua vestimenta do cotidiano.
Na parte exterior do nicho, está pintada de Cinza e Verde que remete,
respectivamente, a cidade e a floresta; Já na parte inferior, há uma colagem aleatória
de papéis e também possui elementos que recordam os dois polos: folhas e prédios
cinzas.
4.1 Materiais utilizados
2 Varetas de bambu com comprimento de 21 cm cada;
6 Cubos de MDF do tamanho 5X5X5 cm cada;
1 Nicho de MDF com o tamanho de 25x25x7,4 cm;
2 Folhas vegetais, tamanho A4;
Tinta Acrílica das seguintes cores: Verde Sépia e Cinza Médio;
54 cm de barbante;
30 Folhas naturais;
50 ml de cola escolar;
8 Arruelas de papelão;
Fita dupla face.
30. 30
4.2 Imagens do Livro Objeto pronto
Figura 14 O livro Objeto
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
Figura 15 Foto de cima do Livro Objeto, a frase diz: “Não adianta mudar
que ele vai continuar sendo índio”.
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
31. 31
Figura 16 Foto de frente do Livro Objeto
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
Figura 17 Foto do Livro objeto em uma posição 3/4
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
32. 32
Figura 18 Imagem do livro objeto do lado direito.
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
Figura 19 Imagem do livro objeto do lado esquerdo.
Fonte: MIGUEL, Vitória, 2017.
33. 33
5. CONCLUSÃO
Atualmente, na era tecnológica, constantes manifestações estão correndo em
grandes escalas em vários países. O Brasil que tem a sua democracia ainda jovem,
começa a utilizar as redes sociais para mobilizar grandes massas para algum tipo de
causa, um exemplo disto é a causa indígena. Os índios são frequentemente alvos de
preconceitos em razão do seu modo de viver, de sua aparência, de seus costumes,
etc. Através disto, estão sendo massacrados em seus espaços devido a conflitos de
interesses com os usurpadores denominados agricultores e também sofrendo da
omissão do Governo em auxiliar nas demarcações de terras. O único objetivo desta
causa é ser reconhecido como cidadão que necessita do seu bem-estar, a terra para
os índios é sagrada, eles tem um vínculo com a natureza através da terra. Esses
aspectos da vida indígena se distanciam dos modelos de sociedades estruturadas
no capitalismo, individualismo, primitivismo e na exploração. Porém, o bem viver dos
nativos brasileiros não pode ser conquistado sem que haja uma mudança radical
nas concepções e politicas dos tempos em que vivemos. O presente livro objeto,
que tem influência no conceito do grafite, mostra várias representações dos índios,
ele de certo modo está denunciando a sua carência de reconhecimento para
espectador, ele não é visto de outra perspectiva como está sendo mostrado e sim
por uma imagem estática que é reproduzida há vários anos. O projeto foi destinado
a comover, a instigar, a sensibilizar, a servir como uma nova visão para o espectador
sobre os indígenas. Nós que elaboramos o PIM, fomos ensinados através deste
tema a valorizar as diferenças, e de respeitar o próximo, mesmo se nossas culturas
não forem as mesmas e desejamos passar esta visão que tivemos para os
observadores de nossa obra.
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