O documento é um resumo de memórias de uma pessoa mais velha sobre os tempos passados. Em 3 frases ou menos: 1) A pessoa descreve vários aspectos da cultura e tecnologia do passado como máquinas de escrever, telefones com fio, festivais de cinema e teatro, programas de TV em preto e branco. 2) Memórias de lugares como o Rio incluem a praia em frente à Montenegro, o Beco da Fome e o Tivoli Parque. 3) A pessoa se identifica como sendo do "tempo"

1. O
52• REVISTA O GLOBO• 13 DE FEVEREIRO DE 2011
Xexéo
Artur
Obsoleto
‘‘
Eu sou do tempo do papel carbono, do rolo, do compacto simples, do tempo do
fax, do telex. Eu sou do tempo do telefone long play.
com fio. Do número de telefone com seis Eu sou do tempo dos festivais, do Cinema
dígitos (o meu era 576358). Do tempo em Novo, do teatro de protesto. Sou do tempo
que se ficava esperando linha. da Leila Diniz, da Brigitte Bardot, da Luciana
Eu sou do tempo da CTB! Paluzzi. Do tempo da Eliana Macedo, da
Eu sou do tempo da máquina de escrever, Nádia Maria, da Zezé Macedo.
da régua de cálculo, da introdução à ciência Eu sou do tempo da Sonia Mamede!
dos computadores, da tabuada. Das aulas Eu sou do tempo em que se assistia a
Eu sou do tempo em de Educação Moral e Cívica, de Trabalhos
Manuais, de Canto Orfeônico.
estreias de filmes do Hitchcock, em que
tinha teatro no MAM. Sou do tempo do baile
que era uma pena a Eu sou do tempo do Grupo Escolar.
Eu sou do tempo do Kibombom, tempo
no Municipal, das escolas de samba na
Presidente Vargas, do concurso de misses
da cuba libre, da cascata de camarão, do no Maracanãzinho.
televisão não ser arroz de forno. Da Bethânia no Teatro Miguel Lemos,
‘‘
em cores, tempo
da mensagem do
nosso patrocinador.
Do tempo em que
a TV tinha botão de
ajustes para vertical
e horizontal
Eu sou do tempo do arroz doce de
sobremesa.
Eu sou do tempo da prancha de isopor,
do maiô de duas peças. Tempo do sapato
Vulcabrás, da calça boca de sino, da
miniblusa.
Eu sou do tempo dos moldes de Gil
Brandão.
Eu sou do tempo em que era uma pena a
televisão não ser em cores, tempo da men-
sagem do nosso patrocinador, das boas
casas do ramo.
Eu sou do tempo em que a TV tinha botão
de ajustes para vertical e horizontal.
Eu sou do tempo do sheik de Agadyr, de
Demian, o justiceiro, da minha doce na-
morada. Tempo de Gladys e seus bichinhos,
da Elis no Teatro da Praia, do Caetano no
Terezão.
Eu sou do tempo do Estado da Gua-
nabara.
Eu sou do tempo da Barbosa Freitas, do
Príncipe, que vestia hoje o homem de ama-
nhã, da Ducal, das Mercearias Nacionais, da
Sloper. Sou do tempo da cama Dragoflex, da
cadeira do papai, do cigarro sem filtro. Do
tempo da Panair, da Cruzeiro do Sul, tempo
em que se ia à Europa de navio.
Eu sou do tempo da Varig.
Tempo da praia em frente à Montenegro,
do Zeppelin (o bar, não o dirigível), do Beco
da Fome. Da fantasia de tirolês, do Al-
manaque de Férias da Luluzinha, da do-
mingueira no Piraquê.
do Câmera 1, do Rio Hit Parade. Eu sou do tempo do Tivoli Parque.
Eu sou do tempo da garota propaganda. Eu sou do tempo em que a nota de mil
Eu sou do tempo do cartão-postal e do cruzeiros era chamada de Cabral. Eu sou do
telegrama. Sou do tempo do gravador de tempo...
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