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Marcos
Históricos
da
Idade Média
Prof. Dr. José Francisco da Silva Queiroz
A redescoberta da Idade Média
“Crônicas, relações, memórias, legislação, diplomas públicos e
privados, tanto impressos como inéditos, têm visto a luz pública,
formando coleções completas ou distribuídos em corpos separados.
Estão-se desenterrando diariamente do pó das bibliotecas e dos
arquivos monumentos desconhecidos, que vem modificar
completamente muitas opiniões históricas, corrigir outras, e
conformar definitivamente outras”. (HERCULANO, Alexandre. “À
guisa de prefácio”. In: Portugaliae Monumenta Historica: a saeculo
octavo post Christum usque ad quintumdecimum, vol. I. Olisipone:
Typis Academicis, MDCCCLVI. p. iii).
Fame (1889),
Edmund Blair
Leighton
(1852-1922)
Iluminuras do
Livro
Vermelho de
Montserrat
(1399)
O primeiro trovador:
Guilherme IX de Aquitânia (1071-1126)
“Os poucos poemas que Guilherme IX de Aquitânia nos legou – quase todos
breves [...] deram-lhe mais fama do que as suas riquezas ou do que a sua
acidentada ação política, transformaram-no em fundador de um ousado
estilo poético novo, numa nova língua românica, que, como outras
nascentes línguas, não conhecia até então nenhum outro poeta digno desse
nome. Ele, que celebrou o tempo novo da natureza primaveril, tão notório
na Aquitânia [...], teve consciência da sua importância na produção de um
tipo de poesia distinto do que recebera dos últimos poetas que escreviam
latim, entre eles Pedro Diácono e Santo Anselmo. [...] Em Guilherme IX, que
foi o primeiro a usar o verbo trovar (‘fo trobatz em durmen”), encontramos
os elementos ou as sugestões desse amor: o elogio extremo da amada e do
amor; a vassalagem paciente do poeta à não por acaso dita sua senhora
(“domna” ou “dompna” de “domina”) que o põe à prova (“asag”); a “joi”,
jogo e gozo sublimes, euforia ou epifania amorosa, explosão criativa [....]
(SARAIVA, 2009, p. 35, 37).
OS TROVADORES
“Criadores do Parnaso moderno, os trovadores deverão ocupar o primeiro lugar
entre os poetas da Europa moderna, se o título de inventar fosse sempre uma
prova indubitável do mérito do invento. Como quer que seja, este único título foi
suficiente para que os trovadores fossem o objeto do respeito e da veneração de
todos aqueles que amavam as letras e a poesia. O que de certo não nos deve
causar admiração, se refletirmos que nessas eras rudes sendo tudo escrito em
latim, língua peculiar aos sábios e desconhecida da maior parte da gente, as
poesias dos trovadores, por serem escritas em vulgar, deviam ser naturalmente
recebidas com universal aplauso. Era um novo prazer, um novo gênero de
divertimento, inventado para o recreio do espírito do tempo em que poucos havia
que não fossem encaminhados à satisfação material dos sentidos. Assim que,
foram os trovadores mui bem aceitos em todas as cortes, convidados a todas as
festas, amados dos grandes e das damas, e a muitos deles esse dote do engenho
foi ocasião para se enriquecerem”. MOURA, Caetano Lopes de. Cancioneiro d’el
Rei D. Dinis (1847).
“Pura ou perversa, ridicularizada ou
adulada, a mulher domina na Idade Média
as letras francesas, como domina a
sociedade:
À mulher atribuem-se muitos dons
E inventa-se muita canção;
Por ela muitos loucos tornam-se sábios,
Homem baixo subiu de linhagem,
O ousado tornar-se-ia pusilânime,
E perdulário quem soube ser avaro.
É ela que inspira as canções, que anima os
heróis dos romances, que faz suspirar ou
comover-se os trovadores. Dedicam-lhe os
versos; para ela compõem belos
manuscritos ricamente iluminados. Ela é o
sol, a rima e a razão de toda a poesia. [...]
A Idade Média representa a grande época
da mulher, e, se há um domínio em que o
seu reinado se afirma, é o domínio
literário”. (PERNOUD, 1997, p. 120).
Principais Acontecimentos da Idade Média
• A queda do Império Romano (476).
• A invasão Moura da Península Ibérica (711).
• A Grande Cisma do Oriente (1053-1054).
• A Primeira Cruzada (1095).
• O Reinado de D. Afonso Henrique I, primeiro Rei de Portugal (1143-1185).
• A Cruzada contra os Albigenses (1209).
• A Peste Negra (1346-1352).
• A Grande Cisma do Ocidente (1378-1417).
• A queda de Constantinopla (1453).
• A descoberta das Américas (1492).
• A queda do califado de Granada (1492).
• A descoberta do Brasil (1500).
Os Lusíadas – Canto III
23
Um Rei, por nome Afonso, foi na Espanha,
Que fez aos Sarracenos tanta guerra,
Que, por armas sanguíneas, força e manha,
A muitos fez perder a vida e a terra.
Voando deste Rei a fama estranha
Do Herculano Calpe à Cáspia Serra,
Muitos, pera na guerra esclarecer-se,
Vinham a ele e à morte oferecer-se.
24
E com um amor intrínseco acendidos
Da Fé, mais que das honras populares,
Eram de várias terras conduzidos,
Deixando a pátria amada e próprios lares.
Depois que em feitos altos e subidos
Se mostraram nas armas singulares,
Quis o famoso Afonso que obras tais
Levassem prêmio Digno e dões iguais.
25
Destes Anrique (dizem que segundo
Filho de um Rei de Hungria experimentado)
Portugal houve em sorte, que no mundo
Então não era ilustre nem prezado;
E, pera mais sinal de amor profundo,
Quis o Rei Castelhano que casado
Com Teresa, sua filha, o Conde fosse;
E com ela das terras tomou posse.
26
Este, depois que contra os descendentes
Da escrava Agar vitórias grandes teve,
Ganhando muitas terras adjacentes,
Fazendo o que a seu forte peito deve,
Em prêmio destes feitos excelentes
Deu-lhe o supremo Deus, em tempo breve,
Um filho que ilustrasse o nome ufano
Do belicoso Reino Lusitano.
27
Já tinha vindo Anrique da conquista
Da cidade Hierosólima sagrada,
E do Jordão a areia tinha vista,
Que viu de Deus a carne em si lavada
(Que, não tendo Gotfredo a quem resista,
Depois de ter Judeia sojugada,
Muitos que nestas guerras o ajudaram
Pera seus senhorios se tornaram);
28
Quando, chegado ao fim de sua idade,
O forte e famoso Húngaro estremado,
Forçado da fatal necessidade,
O espírito deu a Quem lho tinha dado.
Ficava o filho em tenra mocidade,
Em quem o pai deixava seu traslado,
Que do mundo os mais fortes igualava:
Que de tal pai tal filho se esperava.
29
Mas o velho rumor - não sei se errado,
Que em tanta antiguidade não há certeza
- Conta que a mãe, tomando todo o estado,
Do segundo himeneu não se despreza.
O filho órfão deixava deserdado,
Dizendo que nas terras a grandeza
Do senhorio todo só sua era,
Porque, pera casar, seu pai lhas dera.
30
Mas o Príncipe Afonso (que destarte
Se chamava, do avô tomando o nome),
Vendo-se em suas terras não ter parte,
Que a mãe com seu marido as manda e come,
Fervendo-lhe no peito o duro Marte,
Imagina consigo como as tome:
Revolvidas as causas no conceito,
Ao propósito firme segue o efeito.
31
De Guimarães o campo se tingia
Co sangue próprio da intestinal guerra,
Onde a mãe, que tão pouco o parecia,
A seu filho negava o amor e a terra.
Co ele posta em campo já se via;
E não vê a soberba o muito que erra
Contra Deus, contra o maternal amor;
Mas nela o sensual era maior.
32
Ó Progne crua, ó mágica Medeia!
Se em vossos próprios filhos vos vingais
Da maldade dos pais, da culpa alheia,
Olhai que inda Teresa peca mais!
Incontinência má, cobiça feia,
São as causas deste erro principais:
Cila, por uma mata o velho pai;
Esta, por ambas, contra o filho vai.
33
Mas já o Príncipe claro o vencimento
Do padrasto e da inica mãe levava;
Já lhe obedece a terra, num momento,
Que primeiro contra ele pelejava;
Porém, vencido de ira o entendimento,
A mãe em ferros ásperos atava;
Mas de Deus foi vingada em tempo breve.
Tanta veneração aos pais se deve!
34
Eis se ajunta o soberbo Castelhano
Pera vingar a injúria de Teresa,
Contra o tão raro em gente Lusitano,
A quem nenhum trabalho agrava ou pesa.
Em batalha cruel, o peito humano,
Ajudado da Angélica defesa,
Não só contra tal fúria se sustenta,
Mas o inimigo aspérrimo afugenta.
45
A matutina luz, serena e fria,
As Estrelas do Pólo já apartava,
Quando na Cruz o Filho de Maria,
Amostrando-se a Afonso, o animava.
Ele, adorando Quem lhe aparecia,
Na Fé todo inflamado assim gritava:
- «Aos Infiéis, Senhor, aos Infiéis,
E não a mi, que creio o que podeis!
44
Cinco Reis Mouros são os inimigos,
Dos quais o principal Ismar se chama;
Todos experimentados nos perigos
Da guerra, onde se alcança a ilustre fama.
Seguem guerreiras damas seus amigos,
Imitando a formosa e forte Dama
De quem tanto os Troianos se ajudaram,
E as que o Termodonte já gostaram.
45
Com tal milagre os ânimos da gente
Portuguesa inflamados, levantavam Por seu
Rei natural este excelente Príncipe, que do
peito tanto amavam; E diante do exército
potente Dos inimigos, gritando, o céu
tocavam, Dizendo em alta voz: — «Real, real,
Por Afonso, alto Rei de Portugal!
Arnês do cavaleiro
medieval
Quinto: D. Afonso Henriques
Pai, foste cavaleiro.
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!
Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como bênção!
s.d.
PESSOA, Fernando. Mensagem. Lisboa: Parceria
António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed.
1972). p. 30.
Sexto: D. Dinis
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silencio murmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente d'esse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
s.d.
PESSOA, Fernando. Mensagem. Lisboa: Parceria
António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972).
p. 31.
Dinastia Afonsina ou de Borgonha
1143 – 1185
D. Afonso Henriques, "O Conquistador" (25 Julho 1111 Guimarães – 6 Dezembro 1185 Coimbra).
Casou com D. Mafalda de Sabóia.
1185 – 1211
D. Sancho I, "O Povoador" (11 Novembro 1154 Coimbra – 27 Março 1211 Coimbra).
Casou com D. Dulce de Aragão.
1211 – 1223
D. Afonso II, "O Gordo" (23 Abril 1185 Coimbra – 21 Março 1223 Alcobaça).
Casou com D. Urraca.
1223 – 1248
D. Sancho II, "O Capelo" (8 Setembro 1202 Coimbra – 4 Janeiro 1248 Toledo).
Casou com D. Mécia Lopes de Hero.
1248 – 1279
D. Afonso III, "O Bolonhês" (5 Maio 1210 Coimbra – 16 Fevereiro 1279 Alcobaça).
Casou com D. Matilde de Bolonha e com D. Beatriz de Castela.
1279 – 1325
D. Dinis I, "O Lavrador" (9 Outubro 1261 Lisboa – 7 Janeiro 1325 Odivelas).
Casou com D. Isabel de Aragão.
1325 – 1357
D. Afonso IV, "O Bravo" (8 Fevereiro 1291 Coimbra – 28 Maio 1357 Lisboa).
Casou com D. Beatriz de Molina e Castela.
1357 – 1367
D. Pedro I, "O Justiceiro" (18 Abril 1320 Coimbra – 18 Janeiro 1367 Alcobaça).
Casou com D. Constança Manuel e com D. Inês de Castro.
1367 – 1383
D. Fernando I, "O Formoso" (31 Outubro 1345 – 22 Outubro 1383 Santarém).
Casou com D. Leonor de Telles.
1383 – 1385
Interregno.
Dinastina de Aviz
1385 – 1433
D. João I, "O de Boa Memória" (11 Abril 1357 Lisboa – 14 Agosto 1433 Batalha).
Casou com D. Filipa de Lancastre.
1433 – 1438
D. Duarte I, "O Eloquente" (31 Outubro 1391 Viseu – 9 Setembro 1438 Batalha).
Casou com D. Leonor de Aragão.
1438 – 1481
D. Afonso V, "O Africano" (15 Janeiro 1432 Sintra-28 Agosto 1481 Batalha).
Casou com D. Isabel de Lancastre.
1481 – 1495
D. João II, "O Príncipe Perfeito" (3 Maio 1455 Lisboa-25 Outubro 1495 Batalha).
Casou com D. Leonor de Viseu.
1495 – 1521
D. Manuel I, "O Venturoso" (31 Maio 1469 Alcochete – 13 Dezembro 1521 Belém).
Casou com D. Isabel de Castela, D. Maria de Castela e com D. Leonor.
1521 – 1557
D. João III, "O Piedoso" (6 Junho 1502 Lisboa – 11 Junho 1557 Belém).
Casou com D. Catarina de Áustria.
1557 – 1578
D. Sebastião I, "O Desejado" (20 Janeiro 1554 Lisboa – 4 Agosto 1578 África).
Não Casou.
1578 – 1580
D. Henrique I, "O Casto" (31 Janeiro 1512 Almeirim – 31 Janeiro 1580).
Não Casou.
1580 – 1580
D. António I, "O Determinado" (1531 Lisboa – 26 Agosto 1595 Paris).
Não Casou.
Dinastia Filipina
1581 – 1598
D. Filipe I, "O Prudente" (21 Março 1527 Valhadolid – 13 Setembro 1598
Escorial).
Casou com D. Maria de Portugal; D. Maria Tudor, D. Isabel de Valois e com D.
Ana de Áustria.
1598 – 1621
D. Filipe II, "O Pio" (14 Abril 1578 Madrid – 31 Março 1621 Escorial).
Casou com D. Margarida de Áustria.
1621 – 1640
D. Filipe III, "O Grande" (8 Abril 1605 Madrid – 17 Setembro 1665 Escorial).
Casou com D. Isabel de França.
Dinastia de Bragança
1640 – 1656
D. João IV, "O Restaurador" (19 Março 1604 V. Viçosa – 6 Novembro 1656 Lisboa).
Casou com Dona Luísa Francisca de Gusmão.
1656 – 1683
D. Afonso VI, "O Vitorioso" (21 Agosto 1643 Lisboa-12 Setembro 1683 Lisboa).
Casou com Dona Maria Francisca Luísa Isabel d´Aumale e Sabóia, ou de Sabóia-Nemours.
1683 – 1706
D. Pedro II, "O Pacífico" (26 Abril 1648 Lisboa – 9 Dezembro 1706 Lisboa).
Casou com D. Maria Francisca de Sabóia e com D. Maria Sofia de Neuburgo.
1706 – 1750
D. João V, "O Magnânimo" (22 Outubro 1689 Lisboa – 31 Julho 1750 Lisboa).
Casou com Dona Maria Anna Josefa, arquiduquesa de Áustria.
1750 – 1777
D. José I, "O Reformador" (6 Junho 1714 Lisboa – 24 Fevereiro 1777 Lisboa).
Casou com D. Mariana Vitória de Bourbon.
1777 – 1816
D. Maria I, "A Piedosa" (17 Dezembro 1734 Lisboa – 20 Março 1816 Rio de
Janeiro).
Casou com D. Pedro III.
1816 – 1826
D. João VI, "O Clemente" (13 Maio 1767 Queluz – 10 Março 1826 Lisboa).
Casou com Dona Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon.
Batalha de Guadalete, em 711 (1882), Mariano Barbasán Langueruela(1864 – 1924).
El Rey Don Pelayo en Covadonga, 711 (1855), Luís de
Medrazo (1825 – 1897).
Tal era o estado da Península quando a conquista
árabe trouxe-lhe nova e importante modificação.
A vingança do conde Juliano abriu a Hespanha
aos sarracenos e as águas do Guadalete se
tingiram do mais puro sangue cristão. D. Pelágio
(Pelayo), salvando na gruta de Covadonga as
relíquias da nacionalidade goda, e começando
essa ilíada de oito séculos, apresenta-nos um dos
mais curiosos espetáculos da história humana.
Esse pequeno reino d’Oviedo, oculto nas
montanhas das Astúrias, que como imenso
Briareu, estrangula os emirados muçulmanos,
suplanta o califado de Córdoba, e vai nas pessoas
de Fernando e Isabel expulsar d’Alhambra o
último herdeiro d’Abd-el-Rahman, é a mais
brilhante demonstração de que jamais perece um
povo que ilesa conserva a sua fé religiosa.
(PINHEIRO, Joaquim Caetano Fernandes. Curso elementar
de Literatura Nacional. Rio de Janeiro: Garnier, 1862. p.
04).
Bataille de Poitiers, en
octobre, 732 (1837), Charles
de Steuben (1788 – 1856).
Papa Urbano II
pregando na
praça de
Clermont a
Primeira
Cruzada, 1095
(1835),
Francesco
Hayez (1791 –
1882)
A batalha de las
Navas de
Tolosa ocorrida
em 1212 (1878),
de Francisco de
Paula van Halen
(1814-1887).
La
rendición
de
Granada
(1882),
Francisco
Pradilla y
Ortiz
(1848 –
1921).
Castelo dos Mouros,
em Sintra (2017),
Arquivo Nosso.
Castelo dos Mouros,
em Sintra (2017),
Arquivo Nosso.
A Redescoberta dos Cancioneiros Galego-
Portugueses
Prof. Dr. José Francisco da Silva Queiroz
Carolina Michaelis de Vasconcelos (1851 – 1925)
• A vida em Berlim (1851 – 1876).
• Filha de Henriette Louise Lobeck (1809-1863) e Gustav Michaelis (1813-1895).
• Dos 7 aos 17 anos estudou na “Luisenschule” dirigida pelo filólogo Eduard Mätzner.
• Após o curso secundário estudou em casa com o Prof. Karl Goldbeck.
• Publica artigos em revistas alemãs sobre as línguas espanhola e italiana. Trabalhou como
tradutora de textos literários em português e espanhol para a editora Brockhaus (Leipzig).
• A partir de 1872, atuou como intérprete juramentada em assuntos peninsulares do
Município de Berlim e do Ministério de Negócios Estrangeiros.
• Entre 1872 e 1875 dedicou-se aos assuntos portugueses. Ela colabora com a revista
Bibliografia Crítica de História e Literatura, editada no Porto e dirigida por Teófilo Braga,
Francisco Adolfo Coelho e Joaquim de Vasconcelos.
• Passa a trocar cartas com Joaquim de Vasconcelos em razão da crítica que esse fizera à
tradução de Fausto (1806/1832), de Goethe, feita pelo poeta português A. Feliciano de
Castilho.
• Em junho de 1875 fica noiva de Joaquim de Vasconcelos casando-se em 27 de março de
1876. O casal passa a residir na cidade do Porto. Em dezembro de 1877, nasce o único filho
do casal (Carlos Joaquim Michaëlis de Vasconcelos)
• A vida no Porto (Portugal) (1876 – 1912).
• Entre maio e setembro de 1877 estuda o Cancioneiro da Biblioteca do Palácio
da Ajuda, em Lisboa.
• Publica em revistas portuguesas, alemães e espanholas vários artigos sobre a
literatura portuguesa abordando etimologia, ortografia, morfologia, sintaxe,
literatura, biografia e etnografia. Muitos desses trabalhos foram
posteriormente publicados em três volumes: Dispersos, originais portugueses
(1969, 1970, 1972).
• Em Portugal publica as obras que a consagram como romanista e filóloga:
Poesias de Francisco Sá de Miranda (1885), Cancioneiro da Ajuda (1904),
Estudos sobre o Romanceiro Peninsular, Romances velhos em Portugal (1907-
1909), Novos Estudos sobre Sá de Miranda (1911), Notas Vicentinas (1912),
Glossário do Cancioneiro da Ajuda (1922), dentre muitos outros.
• Atua na cidade do Porto em ações educacionais em prol da alfabetização e na
implantação da pedagogia de Friedrich Froebel, além de participar de revistas
que incentivavam a educação das mulheres.
• A vida em Coimbra e no Porto (1912 – 1925).
• Com o golpe republicano em 1910, Carolina Michaëlis é nomeada professora ordinária da
Faculdade de Letras de Lisboa, onde nunca exerceu função, pois pediu sua transferência
para a recém-criada Faculdade de Letras de Coimbra. No dia 19 de janeiro de 1912, a
primeira mulher integrava o corpo docente do ensino superior em Portugal.
• Regeu as cadeiras de Filologia Portuguesa, Filologia Românica e ministrou os cursos de
Língua e Literaturas Alemãs (1912-1920).
• Durante a Primeira Guerra Mundial, passa por conflitos em razão de sua defesa ao país de
origem.
• Em 1916, recebeu o grau de Doutora em Filologia Românica e Filologia Germânica. Ela já
recebera o título de Doutor honoris causa da Universidade de Freiburg, em 1893.
• Nos últimos ano de sua vida, o trabalho docente a impede de concluir vários estudos que
vinha desenvolvendo. Também em razão de doença e de vários convites honoríficos, fica
impossibilitada de se dedicar a “obras maiores”.
• Mesmo doente e fraca, continua ministrando aulas até fevereiro de 1925. Vem a falecer
aos 74 anos de idade, no dia 16 de novembro de 1925.
Os Manuscritos
• Cancioneiro da Biblioteca Nacional
• Cancioneiro da Ajuda
• Cancioneiro da Vaticana
• Pergaminho Vindel
• Pergaminho Sharrer
Cantigas de Santa Maria
Fólio do Cancioneiro da Ajuda
Cancioneiro da Ajuda
O Cancioneiro que é hoje conhecido por Cancioneiro da Ajuda
encontra-se actualmente depositado sem cota na Biblioteca do
Palácio da Ajuda em Lisboa e é designado, em geral, pela sigla A
ou ainda CA, que comparece em alguns estudos. Depositário
parcial da mais antiga recolha das cantigas de amor, é o único
cancioneiro da lírica galego-portuguesa de procedência ibérica e
é também o único chegado até nós que se pode situar ainda no
tempo da actividade poética dos trovadores.
(RAMOS, Maria Ana. O Cancioneiro da Ajuda: confecção e escrita. Tese
(Linguística Portuguesa – Linguística Histórica) – Faculdade de Letras,
Universidade de Lisboa, Lisboa, 2008. p. 33).
Edição Crítica: Cancioneiro da Ajuda: Edição crítica e comentada
por Carolina Michaëlis de Vasconcellos (1904).
Edição Diplomática: Cancioneiro da Ajuda: A Diplomatic Edition
by Henry H[are] Carter (1941).
Edição Facsimilar: Fragmento do Nobiliário do Conde Dom Pedro
- Cancioneiro da Ajuda: Edição facsmilada do códice existente na
Biblioteca da Ajuda (1994).
As Iluminuras
Nobre, bailadeira com castanholas,
jogral com saltério de caixa afunilada
com lados côncavos
Nobre, jogral com cítola, rapariga
com pandeiro redondo com soalhas
exteriores Nobre, jogral com viola
de arco, jogral com harpa
But illumination is an art which appeals chiefly to the
class of mind that enjoys detailed beauty, small
refinements, exquisite finish. (HERBERT, 1911, p.03).
Deus, meu Senhor, se vos prouguer,
Vós me tolhed'este poder
que eu hei de muito viver;
ca, mentr'eu tal poder houver
de viver, nunca perderei
esta coita que hoj'eu hei
d'amor eno meu coraçom.
Ca mi a faz haver tal molher
que nunca mi há rem de fazer
per que eu a possa perder;
que, enquant'eu viver poder,
por esto a nom poderei
perder per rem, mais haverei
dela mais, com mui gram razom.
Ca nom éste coita d'amor
ũa que home filhar vem,
se home leixa sem seu bem,
ou sem mort', ou se faz melhor;
mais semelha muit'outro mal.
E quem há esta coita tal,
macar se morre, nom lhe praz!
Vasco Praga de Sandim (A 1, B 91)
Primeira Cantiga do
Cancioneiro da Ajuda
Rui Fernandes de Santiago
Que mui gram prazer hoj'eu vi
u me vos Deus mostrou, senhor!
E bem vos faço sabedor
que, pois que m'eu de vós parti,
nom cuidara tant'a viver
como vevi sem vos veer.
Que muito que eu desejei
de vos veer e vos falar!
E foi-mi-o Deus ora guisar,
senhor, e mais vos en direi:
nom cuidara tant'a viver
como vevi sem vos veer.
E Deus, que mi fez este bem,
ainda m'outro bem fará,
pois El quis que vos visse já,
mia senhor; ca per nẽum sem,
nom cuidara tant'a viver
como vevi sem vos veer.
A 310, B 902, V 487
Nuno Fernades Torneol
Pois nací nunca vi Amor,
e ouço del sempre falar.
Pero sei que me quer matar,
mais rogarei a mia senhor
que me mostr'aquel matador,
ou que m'ampare del melhor.
Pero nunca lh'eu fige ren
por que m'el haja de matar;
mais quer'eu mia senhor rogar,
polo gran med'en que me ten,
que me mostr'aquel matador,
ou que m'ampare del melhor.
Nunca me lh'eu ampararei,
se m'ela del non amparar;
mais quer'eu mia senhor rogar,
polo gran medo que del hei,
que mi amostr'aquel matador,
ou que mi ampare del melhor.
E pois Amor ha sobre mí
de me matar tan gran poder,
e eu non o posso veer,
rogarei mia senhor assí
que mi amostr'aquel matador,
ou que mi ampare del melhor.
A 80, B 183bis
Cancioneiro Portuguez da Vaticana (1878)
Primeira Cantiga do Cancioneiro da
Vaticana
B 391, V 1
Cantiga da Guarvaia
Datada por volta de 1189/1198.
No mundo non me sei parelha
mentre me for como me vai,
ca já moiro por vós e ai!
Mia Senhor branco e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia.
Mao dia me levantei
que vos entom nom vi fea!
E, mia senhor, des aquelha
me foi a mi mui mal di’ai!
E vós, filha de dom Paai
Moniz, e bem vos semelha
d’haver por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós houve nen ei
valia d’ua correa.
Paio Soares de Taveirós
João Garcia de Guilhade
Amigos, non poss'eu negar
a gran coita que d'amor hei,
ca me vejo sandeu andar,
e con sandece o direi:
Os olhos verdes que eu vi
me fazen ora andar assí.
Pero quen-quer x'entenderá
aquestes olhos quaes son;
e dest'alguén se queixará;
mais eu, ja quer moira, quer non:
Os olhos verdes que eu vi
me fazen ora andar assí.
Pero non devia a perder
home, que ja o sén non ha,
de con sandece ren dizer;
e con sandece digu'eu ja:
Os olhos verdes que eu vi
me fazen ora andar assí.
A 229, B 419, V 30
Fernão Rodrigues de Calheiros
Assanhei-m’eu muit’a meu amigo
porque mi faz el quanto lhi digo:
porque entendo ca mi quer ben,
assanho-me-lhi por én.
E, se m’outren faz ond’ei despeito,
a el m’assanh’e faço dereito:
porque entendo [ca mi quer ben,
assanho-me-lhi por én].
E ja m’el sabe mui ben mia manha,
ca sobr’el deit’eu toda mia sanha:
porque entendo ca mi quer ben
[assanho-me-lhi por én].
B 630, V 231
Pero Garcia Burgalês
Non vos nembra, meu amigo,
o torto que mi fezestes?
Posestes de falar migo,
fui eu, e vós non veestes.
E queredes falar migo,
e non querrei eu, amigo!
Jurastes que toda vía
verriades de bon grado,
ante que saíss'o día;
mentistes-mi, ai perjurado!
E queredes falar migo,
e non querrei eu, amigo!
E aínda me rogaredes
que fal'eu algur convosco,
e por quanto mi fazedes
direi que vos non conhosco!
E queredes falar migo,
e non querrei eu, amigo!
B 650, V 251
CANCIONEIRO DA BIBLIOTECA NACIONAL (Antigo Colocci-Brancuti).
Leitura, comentários e Glossário por Elza Paxeco Machado & José
Pedro Machado. IV Volumes. Lisboa: Edição da Revista de Portugal,
1949.
Primeira Cantiga do Cancioneiro da Biblioteca Nacional
Este lais fez Elis, o Baço, que foi Duc de Sansonha, quando passou aa
Gram Bretanha, que ora chamam Ingraterra. E passou lá no tempo de
rei Artur, para se combater com Tristam, porque lhe matara o padre
em ũa batalha. E andando um dia em sa busca, foi pela Joiosa
Guarda u era a rainha Iseu de Cornualha. E viu-a tam fremosa
que adur lhe poderia home no mundo achar par. E namorou-se entom
dela e fez por ela este lais. Este lais posemos acá porque era o melhor
que foi fe[i]to.
Amor, des que m'a vós cheguei,
bem me posso de vós loar,
ca mui pouc'ant', a meu cuidar,
valia; mais pois emendei
tam muit'em mim quanto m'ant'eu
era de pobre coraçom,
assi que nẽum bem entom
nom cuidava que era meu;
e sol nom me preçavam rem,
ante me tinham tam em vil
que, se de mi falavam mil,
nunca deziam nẽum bem;
e des que m'eu a vós cheguei,
Amor, e tod'al fui quitar
senom de vos servir punhar,
log'eu des i em prez entrei
- que mi, ante de vós, era greu;
e per vo-l'hei, e per al nom -
assi que, d'u os bõos som,
mais loam meu prez ca o seu.
[E], Amor, pois eu al nom hei,
nem haverei nulha sazom,
senom vós, o meu coraçom
nom será senom da que sei:
mui fremosa e de gram prez,
e que polo meu gram mal vi,
e de que sempre atendi
mal, ca bem nunca m'ela fez;
e por en vos rog'eu, Amor,
que me façades dela haver
algum bem, pois vó'lo poder
havedes. E mentr'eu já for
vivo, cuido vo-lo servir,
e ar direi, se Deus quiser,
bem de vós, pois que me veer
per vós, de que mi há de viir;
e se m'esto nom fazedes,
que sei que será vosso bem,
cofonda-vos por en quem tem
em seu poder [havedes].
Amen! Amen! Amen!
Amen! Amen! Amen!
Amen! Amen! Amen!
Julião Bolseiro
Aquestas noites tan longas
que Deus fez en grave día
por mí, por que as non dormio
e por que as non fazía
no tempo que meu amigo
soía falar comigo?
Porque as fez Deus tan grandes
non posso eu dormir, coitada,
e, de como son sobejas,
quisera eu outra vegada
no tempo que meu amigo
soía falar comigo.
Porque as Deus fez tan grandes
sen mesura desiguaes
e as eu dormir non posso,
porque as non fez ataes
no tempo que meu amigo
soía falar comigo?
B 1176, V 782
B 383
Cantigas Satíricas
Martim Soares
Rubrica:
Esta outra cantiga fez a Pero
Rodriguiz Grougelete, de sa molher,
que havia prez que lhi fazia torto.
Pero Rodriguiz, da vossa molher
nom creades mal que vos home diga,
ca entend'eu dela que bem vos quer,
e quem end'al disser, dirá nemiga;
e direi-vos em que lho entendi:
em outro dia, quando a fodi,
mostrou-xi-mi muito por voss'amiga.
Pois vos Deus deu bõa molher leal,
nom tenhades per nulha jograria
de vos nulh'home dela dizer mal,
ca lh'oí eu jurar em outro dia
ca vos queria melhor doutra rem;
e, por veerdes ca vos quer gram bem,
nom sacou ende mi, que a fodia.
B 1368, V 976
Fernando Esquio
A um frade dizem escaralhado,
e faz pecado quem lho vai dizer,
ca, pois el sabe arreitar de foder,
cuid'eu que gai é, de piss'arreitado;
e pois emprenha estas com que jaz
e faze filhos e filhas assaz,
ante lhe dig'eu bem encaralhado.
Escaralhado nunca eu diria,
mais que traje ante caralho ou veite,
ao que tantas molheres de leite
tem, ca lhe parirom três em um dia,
e outras muitas prenhadas que tem;
e atal frade cuid'eu que mui bem
encaralhado per esto seria.
Escaralhado nom pode seer
o que tantas filhas fez em Marinha
e que tem ora outra pastorinha
prenhe, que ora quer encaecer,
e outras muitas molheres que fode;
e atal frade bem cuid'eu que pode
encaralhado per esto seer.
B 1604, V 1136
Afonso Anes de Cotom
A ũa velha quisera trobar
quand'em Toledo fiquei desta vez;
e veo-me Orraca López rogar
e disso-m'assi: - Por Deus que vos fez,
nom trobedes a nulha velh'aqui
ca cuidarám que trobades a mim.
B 1590, V 1122
Afonso Anes de Cotom
A mim dam preç', e nom é desguisado,
dos maltalhados, e nom erram i;
Joam Fernandes, o mour', outrossi,
nos maltalhados o vejo contado;
e pero maltalhados semos [n]ós,
s'homem visse Pero da Ponte em cós,
semelhar-lh'-ia moi peor talhado.
B 1616, V 1149
Airas Nunes
Porque no mundo mengou a verdade,
punhei un día de a ir buscar;
e, u por ela fui a preguntar,
disseron todos: «Alhur la buscade,
ca de tal guisa se foi a perder,
que non podemos én novas haver
nen ja non anda na irmaidade».
Nos moesteiros dos frades regrados
a demandei, e disseron-m'assí:
«Non busquedes vós a verdad'aquí,
ca muitos anos havemos passados
que non morou nosco, per bõa fe,
[nem sabemos u ela agora x’é,]
e d'al havemos maiores coidados».
E en Cístel, u verdade soía
sempre morar, disseron-me que non
morava i, havía gran sazón,
nen frade d'i ja a non conhocía,
nen o abade outrossí no estar
sol non quería que foss'i pousar;
e anda ja fora da abadía.
En Santiago, seend'albergado
en mia pousada, chegaron romeus.
Preguntei-os e disseron: «Par Deus,
muito levade-lo caminh'errado,
ca, se verdade quiserdes achar,
outro caminho convén a buscar,
ca non saben aquí dela mandado».
B 871, V 455
Martim Moxa
Amigos, cuid'eu que Nostro Senhor
non quer no mundo ja mentes parar,
ca o vejo cada día tornar
de ben en mal e de mal en peior;
ca vejo boos cada día decer
e vejo maos sobr'eles poder;
por én non hei da mia morte pavor.
O mundo tod'a avessas vej'ir,
e quantas cousas eno mundo son
a avessas andan, si Deus mi perdón;
por én non dev'ant'a mort'a fogir
quen sabe o ben que soía seer
e ve de i o mund'outra guisa correr,
e non se pode de morte partir.
Os que morreron mentr'era melhor
han muit'a Deus por én que gradecer,
ca saben ja que non han de morrer
nen er atenden que vejan peior
como hoj'atenden os que vivos son;
e por én tenh'eu que faz sen-razón
quen deste mundo ha mui gran sabor.
E por én tenh'eu que é mui melhor
de morrer home, mentre lhi ben for.
B 889, V 473
Referências
• DE AQUITÂNIA, Guilherme IX. Poesia. Tradução e introdução Arnaldo Saraiva. Campinas: Editora Unicamp,
2009.
• HERBERT, J. A. Illuminated Manuscripts. New York/ London: G. P. Putnam’s Sons, Methuen & CO, 1911.
• LE GOFF, Jacques. Heróis e maravilhas da Idade Média. Tradução Stephania Matousek. Petrópolis: Vozes,
2013.
• PIRENNE, Henri. Maomé e Carlos Magno: o impacto do Islã sobre a civilização europeia. Tradução Regina
Schöpke e Mauro Baladi. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010.
• PIRENNE, Henri. Economic and Social History of Medieval Europe. Translated from the French by I. E. Clegg.
New York: Harcourt, Brace and Company, 1937. [1933].
• PERNOUD, Régine. Luz sobre a Idade Média. Tradução de Antônio Manuel de Almeida Gonçalves. Lisboa:
Publicações Europa-América, 1997. [1981].
• RASHDALL, Hastings. The Universities of Europe in the Middle Ages. Vol. I. Oxford: Clarendon Press, 1895.
• RASHDALL, Hastings. The Universities of Europe in the Middle Ages. Vol. II. Oxford: Clarendon Press, 1895.
• https://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp
• https://universocantigas.gal/bibliografia?cambiarIdioma=es
• http://csm.mml.ox.ac.uk/

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História da Idade Média em Portugal

  • 1. Marcos Históricos da Idade Média Prof. Dr. José Francisco da Silva Queiroz
  • 2. A redescoberta da Idade Média “Crônicas, relações, memórias, legislação, diplomas públicos e privados, tanto impressos como inéditos, têm visto a luz pública, formando coleções completas ou distribuídos em corpos separados. Estão-se desenterrando diariamente do pó das bibliotecas e dos arquivos monumentos desconhecidos, que vem modificar completamente muitas opiniões históricas, corrigir outras, e conformar definitivamente outras”. (HERCULANO, Alexandre. “À guisa de prefácio”. In: Portugaliae Monumenta Historica: a saeculo octavo post Christum usque ad quintumdecimum, vol. I. Olisipone: Typis Academicis, MDCCCLVI. p. iii).
  • 3.
  • 4. Fame (1889), Edmund Blair Leighton (1852-1922) Iluminuras do Livro Vermelho de Montserrat (1399)
  • 5. O primeiro trovador: Guilherme IX de Aquitânia (1071-1126) “Os poucos poemas que Guilherme IX de Aquitânia nos legou – quase todos breves [...] deram-lhe mais fama do que as suas riquezas ou do que a sua acidentada ação política, transformaram-no em fundador de um ousado estilo poético novo, numa nova língua românica, que, como outras nascentes línguas, não conhecia até então nenhum outro poeta digno desse nome. Ele, que celebrou o tempo novo da natureza primaveril, tão notório na Aquitânia [...], teve consciência da sua importância na produção de um tipo de poesia distinto do que recebera dos últimos poetas que escreviam latim, entre eles Pedro Diácono e Santo Anselmo. [...] Em Guilherme IX, que foi o primeiro a usar o verbo trovar (‘fo trobatz em durmen”), encontramos os elementos ou as sugestões desse amor: o elogio extremo da amada e do amor; a vassalagem paciente do poeta à não por acaso dita sua senhora (“domna” ou “dompna” de “domina”) que o põe à prova (“asag”); a “joi”, jogo e gozo sublimes, euforia ou epifania amorosa, explosão criativa [....] (SARAIVA, 2009, p. 35, 37).
  • 6. OS TROVADORES “Criadores do Parnaso moderno, os trovadores deverão ocupar o primeiro lugar entre os poetas da Europa moderna, se o título de inventar fosse sempre uma prova indubitável do mérito do invento. Como quer que seja, este único título foi suficiente para que os trovadores fossem o objeto do respeito e da veneração de todos aqueles que amavam as letras e a poesia. O que de certo não nos deve causar admiração, se refletirmos que nessas eras rudes sendo tudo escrito em latim, língua peculiar aos sábios e desconhecida da maior parte da gente, as poesias dos trovadores, por serem escritas em vulgar, deviam ser naturalmente recebidas com universal aplauso. Era um novo prazer, um novo gênero de divertimento, inventado para o recreio do espírito do tempo em que poucos havia que não fossem encaminhados à satisfação material dos sentidos. Assim que, foram os trovadores mui bem aceitos em todas as cortes, convidados a todas as festas, amados dos grandes e das damas, e a muitos deles esse dote do engenho foi ocasião para se enriquecerem”. MOURA, Caetano Lopes de. Cancioneiro d’el Rei D. Dinis (1847).
  • 7. “Pura ou perversa, ridicularizada ou adulada, a mulher domina na Idade Média as letras francesas, como domina a sociedade: À mulher atribuem-se muitos dons E inventa-se muita canção; Por ela muitos loucos tornam-se sábios, Homem baixo subiu de linhagem, O ousado tornar-se-ia pusilânime, E perdulário quem soube ser avaro. É ela que inspira as canções, que anima os heróis dos romances, que faz suspirar ou comover-se os trovadores. Dedicam-lhe os versos; para ela compõem belos manuscritos ricamente iluminados. Ela é o sol, a rima e a razão de toda a poesia. [...] A Idade Média representa a grande época da mulher, e, se há um domínio em que o seu reinado se afirma, é o domínio literário”. (PERNOUD, 1997, p. 120).
  • 8.
  • 9.
  • 10.
  • 11.
  • 12. Principais Acontecimentos da Idade Média • A queda do Império Romano (476). • A invasão Moura da Península Ibérica (711). • A Grande Cisma do Oriente (1053-1054). • A Primeira Cruzada (1095). • O Reinado de D. Afonso Henrique I, primeiro Rei de Portugal (1143-1185). • A Cruzada contra os Albigenses (1209). • A Peste Negra (1346-1352). • A Grande Cisma do Ocidente (1378-1417). • A queda de Constantinopla (1453). • A descoberta das Américas (1492). • A queda do califado de Granada (1492). • A descoberta do Brasil (1500).
  • 13. Os Lusíadas – Canto III 23 Um Rei, por nome Afonso, foi na Espanha, Que fez aos Sarracenos tanta guerra, Que, por armas sanguíneas, força e manha, A muitos fez perder a vida e a terra. Voando deste Rei a fama estranha Do Herculano Calpe à Cáspia Serra, Muitos, pera na guerra esclarecer-se, Vinham a ele e à morte oferecer-se. 24 E com um amor intrínseco acendidos Da Fé, mais que das honras populares, Eram de várias terras conduzidos, Deixando a pátria amada e próprios lares. Depois que em feitos altos e subidos Se mostraram nas armas singulares, Quis o famoso Afonso que obras tais Levassem prêmio Digno e dões iguais. 25 Destes Anrique (dizem que segundo Filho de um Rei de Hungria experimentado) Portugal houve em sorte, que no mundo Então não era ilustre nem prezado; E, pera mais sinal de amor profundo, Quis o Rei Castelhano que casado Com Teresa, sua filha, o Conde fosse; E com ela das terras tomou posse.
  • 14. 26 Este, depois que contra os descendentes Da escrava Agar vitórias grandes teve, Ganhando muitas terras adjacentes, Fazendo o que a seu forte peito deve, Em prêmio destes feitos excelentes Deu-lhe o supremo Deus, em tempo breve, Um filho que ilustrasse o nome ufano Do belicoso Reino Lusitano. 27 Já tinha vindo Anrique da conquista Da cidade Hierosólima sagrada, E do Jordão a areia tinha vista, Que viu de Deus a carne em si lavada (Que, não tendo Gotfredo a quem resista, Depois de ter Judeia sojugada, Muitos que nestas guerras o ajudaram Pera seus senhorios se tornaram); 28 Quando, chegado ao fim de sua idade, O forte e famoso Húngaro estremado, Forçado da fatal necessidade, O espírito deu a Quem lho tinha dado. Ficava o filho em tenra mocidade, Em quem o pai deixava seu traslado, Que do mundo os mais fortes igualava: Que de tal pai tal filho se esperava. 29 Mas o velho rumor - não sei se errado, Que em tanta antiguidade não há certeza - Conta que a mãe, tomando todo o estado, Do segundo himeneu não se despreza. O filho órfão deixava deserdado, Dizendo que nas terras a grandeza Do senhorio todo só sua era, Porque, pera casar, seu pai lhas dera.
  • 15. 30 Mas o Príncipe Afonso (que destarte Se chamava, do avô tomando o nome), Vendo-se em suas terras não ter parte, Que a mãe com seu marido as manda e come, Fervendo-lhe no peito o duro Marte, Imagina consigo como as tome: Revolvidas as causas no conceito, Ao propósito firme segue o efeito. 31 De Guimarães o campo se tingia Co sangue próprio da intestinal guerra, Onde a mãe, que tão pouco o parecia, A seu filho negava o amor e a terra. Co ele posta em campo já se via; E não vê a soberba o muito que erra Contra Deus, contra o maternal amor; Mas nela o sensual era maior. 32 Ó Progne crua, ó mágica Medeia! Se em vossos próprios filhos vos vingais Da maldade dos pais, da culpa alheia, Olhai que inda Teresa peca mais! Incontinência má, cobiça feia, São as causas deste erro principais: Cila, por uma mata o velho pai; Esta, por ambas, contra o filho vai. 33 Mas já o Príncipe claro o vencimento Do padrasto e da inica mãe levava; Já lhe obedece a terra, num momento, Que primeiro contra ele pelejava; Porém, vencido de ira o entendimento, A mãe em ferros ásperos atava; Mas de Deus foi vingada em tempo breve. Tanta veneração aos pais se deve!
  • 16. 34 Eis se ajunta o soberbo Castelhano Pera vingar a injúria de Teresa, Contra o tão raro em gente Lusitano, A quem nenhum trabalho agrava ou pesa. Em batalha cruel, o peito humano, Ajudado da Angélica defesa, Não só contra tal fúria se sustenta, Mas o inimigo aspérrimo afugenta. 45 A matutina luz, serena e fria, As Estrelas do Pólo já apartava, Quando na Cruz o Filho de Maria, Amostrando-se a Afonso, o animava. Ele, adorando Quem lhe aparecia, Na Fé todo inflamado assim gritava: - «Aos Infiéis, Senhor, aos Infiéis, E não a mi, que creio o que podeis! 44 Cinco Reis Mouros são os inimigos, Dos quais o principal Ismar se chama; Todos experimentados nos perigos Da guerra, onde se alcança a ilustre fama. Seguem guerreiras damas seus amigos, Imitando a formosa e forte Dama De quem tanto os Troianos se ajudaram, E as que o Termodonte já gostaram. 45 Com tal milagre os ânimos da gente Portuguesa inflamados, levantavam Por seu Rei natural este excelente Príncipe, que do peito tanto amavam; E diante do exército potente Dos inimigos, gritando, o céu tocavam, Dizendo em alta voz: — «Real, real, Por Afonso, alto Rei de Portugal!
  • 18. Quinto: D. Afonso Henriques Pai, foste cavaleiro. Hoje a vigília é nossa. Dá-nos o exemplo inteiro E a tua inteira força! Dá, contra a hora em que, errada, Novos infiéis vençam, A bênção como espada, A espada como bênção! s.d. PESSOA, Fernando. Mensagem. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). p. 30. Sexto: D. Dinis Na noite escreve um seu Cantar de Amigo O plantador de naus a haver, E ouve um silencio murmuro consigo: É o rumor dos pinhais que, como um trigo De Império, ondulam sem se poder ver. Arroio, esse cantar, jovem e puro, Busca o oceano por achar; E a fala dos pinhais, marulho obscuro, É o som presente d'esse mar futuro, É a voz da terra ansiando pelo mar. s.d. PESSOA, Fernando. Mensagem. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). p. 31.
  • 19. Dinastia Afonsina ou de Borgonha 1143 – 1185 D. Afonso Henriques, "O Conquistador" (25 Julho 1111 Guimarães – 6 Dezembro 1185 Coimbra). Casou com D. Mafalda de Sabóia. 1185 – 1211 D. Sancho I, "O Povoador" (11 Novembro 1154 Coimbra – 27 Março 1211 Coimbra). Casou com D. Dulce de Aragão. 1211 – 1223 D. Afonso II, "O Gordo" (23 Abril 1185 Coimbra – 21 Março 1223 Alcobaça). Casou com D. Urraca. 1223 – 1248 D. Sancho II, "O Capelo" (8 Setembro 1202 Coimbra – 4 Janeiro 1248 Toledo). Casou com D. Mécia Lopes de Hero. 1248 – 1279 D. Afonso III, "O Bolonhês" (5 Maio 1210 Coimbra – 16 Fevereiro 1279 Alcobaça). Casou com D. Matilde de Bolonha e com D. Beatriz de Castela.
  • 20. 1279 – 1325 D. Dinis I, "O Lavrador" (9 Outubro 1261 Lisboa – 7 Janeiro 1325 Odivelas). Casou com D. Isabel de Aragão. 1325 – 1357 D. Afonso IV, "O Bravo" (8 Fevereiro 1291 Coimbra – 28 Maio 1357 Lisboa). Casou com D. Beatriz de Molina e Castela. 1357 – 1367 D. Pedro I, "O Justiceiro" (18 Abril 1320 Coimbra – 18 Janeiro 1367 Alcobaça). Casou com D. Constança Manuel e com D. Inês de Castro. 1367 – 1383 D. Fernando I, "O Formoso" (31 Outubro 1345 – 22 Outubro 1383 Santarém). Casou com D. Leonor de Telles. 1383 – 1385 Interregno.
  • 21. Dinastina de Aviz 1385 – 1433 D. João I, "O de Boa Memória" (11 Abril 1357 Lisboa – 14 Agosto 1433 Batalha). Casou com D. Filipa de Lancastre. 1433 – 1438 D. Duarte I, "O Eloquente" (31 Outubro 1391 Viseu – 9 Setembro 1438 Batalha). Casou com D. Leonor de Aragão. 1438 – 1481 D. Afonso V, "O Africano" (15 Janeiro 1432 Sintra-28 Agosto 1481 Batalha). Casou com D. Isabel de Lancastre. 1481 – 1495 D. João II, "O Príncipe Perfeito" (3 Maio 1455 Lisboa-25 Outubro 1495 Batalha). Casou com D. Leonor de Viseu.
  • 22. 1495 – 1521 D. Manuel I, "O Venturoso" (31 Maio 1469 Alcochete – 13 Dezembro 1521 Belém). Casou com D. Isabel de Castela, D. Maria de Castela e com D. Leonor. 1521 – 1557 D. João III, "O Piedoso" (6 Junho 1502 Lisboa – 11 Junho 1557 Belém). Casou com D. Catarina de Áustria. 1557 – 1578 D. Sebastião I, "O Desejado" (20 Janeiro 1554 Lisboa – 4 Agosto 1578 África). Não Casou. 1578 – 1580 D. Henrique I, "O Casto" (31 Janeiro 1512 Almeirim – 31 Janeiro 1580). Não Casou. 1580 – 1580 D. António I, "O Determinado" (1531 Lisboa – 26 Agosto 1595 Paris). Não Casou.
  • 23. Dinastia Filipina 1581 – 1598 D. Filipe I, "O Prudente" (21 Março 1527 Valhadolid – 13 Setembro 1598 Escorial). Casou com D. Maria de Portugal; D. Maria Tudor, D. Isabel de Valois e com D. Ana de Áustria. 1598 – 1621 D. Filipe II, "O Pio" (14 Abril 1578 Madrid – 31 Março 1621 Escorial). Casou com D. Margarida de Áustria. 1621 – 1640 D. Filipe III, "O Grande" (8 Abril 1605 Madrid – 17 Setembro 1665 Escorial). Casou com D. Isabel de França.
  • 24. Dinastia de Bragança 1640 – 1656 D. João IV, "O Restaurador" (19 Março 1604 V. Viçosa – 6 Novembro 1656 Lisboa). Casou com Dona Luísa Francisca de Gusmão. 1656 – 1683 D. Afonso VI, "O Vitorioso" (21 Agosto 1643 Lisboa-12 Setembro 1683 Lisboa). Casou com Dona Maria Francisca Luísa Isabel d´Aumale e Sabóia, ou de Sabóia-Nemours. 1683 – 1706 D. Pedro II, "O Pacífico" (26 Abril 1648 Lisboa – 9 Dezembro 1706 Lisboa). Casou com D. Maria Francisca de Sabóia e com D. Maria Sofia de Neuburgo. 1706 – 1750 D. João V, "O Magnânimo" (22 Outubro 1689 Lisboa – 31 Julho 1750 Lisboa). Casou com Dona Maria Anna Josefa, arquiduquesa de Áustria.
  • 25. 1750 – 1777 D. José I, "O Reformador" (6 Junho 1714 Lisboa – 24 Fevereiro 1777 Lisboa). Casou com D. Mariana Vitória de Bourbon. 1777 – 1816 D. Maria I, "A Piedosa" (17 Dezembro 1734 Lisboa – 20 Março 1816 Rio de Janeiro). Casou com D. Pedro III. 1816 – 1826 D. João VI, "O Clemente" (13 Maio 1767 Queluz – 10 Março 1826 Lisboa). Casou com Dona Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon.
  • 26.
  • 27.
  • 28.
  • 29.
  • 30. Batalha de Guadalete, em 711 (1882), Mariano Barbasán Langueruela(1864 – 1924).
  • 31. El Rey Don Pelayo en Covadonga, 711 (1855), Luís de Medrazo (1825 – 1897). Tal era o estado da Península quando a conquista árabe trouxe-lhe nova e importante modificação. A vingança do conde Juliano abriu a Hespanha aos sarracenos e as águas do Guadalete se tingiram do mais puro sangue cristão. D. Pelágio (Pelayo), salvando na gruta de Covadonga as relíquias da nacionalidade goda, e começando essa ilíada de oito séculos, apresenta-nos um dos mais curiosos espetáculos da história humana. Esse pequeno reino d’Oviedo, oculto nas montanhas das Astúrias, que como imenso Briareu, estrangula os emirados muçulmanos, suplanta o califado de Córdoba, e vai nas pessoas de Fernando e Isabel expulsar d’Alhambra o último herdeiro d’Abd-el-Rahman, é a mais brilhante demonstração de que jamais perece um povo que ilesa conserva a sua fé religiosa. (PINHEIRO, Joaquim Caetano Fernandes. Curso elementar de Literatura Nacional. Rio de Janeiro: Garnier, 1862. p. 04).
  • 32. Bataille de Poitiers, en octobre, 732 (1837), Charles de Steuben (1788 – 1856).
  • 33. Papa Urbano II pregando na praça de Clermont a Primeira Cruzada, 1095 (1835), Francesco Hayez (1791 – 1882)
  • 34. A batalha de las Navas de Tolosa ocorrida em 1212 (1878), de Francisco de Paula van Halen (1814-1887).
  • 36. Castelo dos Mouros, em Sintra (2017), Arquivo Nosso.
  • 37. Castelo dos Mouros, em Sintra (2017), Arquivo Nosso.
  • 38. A Redescoberta dos Cancioneiros Galego- Portugueses Prof. Dr. José Francisco da Silva Queiroz
  • 39. Carolina Michaelis de Vasconcelos (1851 – 1925) • A vida em Berlim (1851 – 1876). • Filha de Henriette Louise Lobeck (1809-1863) e Gustav Michaelis (1813-1895). • Dos 7 aos 17 anos estudou na “Luisenschule” dirigida pelo filólogo Eduard Mätzner. • Após o curso secundário estudou em casa com o Prof. Karl Goldbeck. • Publica artigos em revistas alemãs sobre as línguas espanhola e italiana. Trabalhou como tradutora de textos literários em português e espanhol para a editora Brockhaus (Leipzig). • A partir de 1872, atuou como intérprete juramentada em assuntos peninsulares do Município de Berlim e do Ministério de Negócios Estrangeiros. • Entre 1872 e 1875 dedicou-se aos assuntos portugueses. Ela colabora com a revista Bibliografia Crítica de História e Literatura, editada no Porto e dirigida por Teófilo Braga, Francisco Adolfo Coelho e Joaquim de Vasconcelos. • Passa a trocar cartas com Joaquim de Vasconcelos em razão da crítica que esse fizera à tradução de Fausto (1806/1832), de Goethe, feita pelo poeta português A. Feliciano de Castilho. • Em junho de 1875 fica noiva de Joaquim de Vasconcelos casando-se em 27 de março de 1876. O casal passa a residir na cidade do Porto. Em dezembro de 1877, nasce o único filho do casal (Carlos Joaquim Michaëlis de Vasconcelos)
  • 40. • A vida no Porto (Portugal) (1876 – 1912). • Entre maio e setembro de 1877 estuda o Cancioneiro da Biblioteca do Palácio da Ajuda, em Lisboa. • Publica em revistas portuguesas, alemães e espanholas vários artigos sobre a literatura portuguesa abordando etimologia, ortografia, morfologia, sintaxe, literatura, biografia e etnografia. Muitos desses trabalhos foram posteriormente publicados em três volumes: Dispersos, originais portugueses (1969, 1970, 1972). • Em Portugal publica as obras que a consagram como romanista e filóloga: Poesias de Francisco Sá de Miranda (1885), Cancioneiro da Ajuda (1904), Estudos sobre o Romanceiro Peninsular, Romances velhos em Portugal (1907- 1909), Novos Estudos sobre Sá de Miranda (1911), Notas Vicentinas (1912), Glossário do Cancioneiro da Ajuda (1922), dentre muitos outros. • Atua na cidade do Porto em ações educacionais em prol da alfabetização e na implantação da pedagogia de Friedrich Froebel, além de participar de revistas que incentivavam a educação das mulheres.
  • 41. • A vida em Coimbra e no Porto (1912 – 1925). • Com o golpe republicano em 1910, Carolina Michaëlis é nomeada professora ordinária da Faculdade de Letras de Lisboa, onde nunca exerceu função, pois pediu sua transferência para a recém-criada Faculdade de Letras de Coimbra. No dia 19 de janeiro de 1912, a primeira mulher integrava o corpo docente do ensino superior em Portugal. • Regeu as cadeiras de Filologia Portuguesa, Filologia Românica e ministrou os cursos de Língua e Literaturas Alemãs (1912-1920). • Durante a Primeira Guerra Mundial, passa por conflitos em razão de sua defesa ao país de origem. • Em 1916, recebeu o grau de Doutora em Filologia Românica e Filologia Germânica. Ela já recebera o título de Doutor honoris causa da Universidade de Freiburg, em 1893. • Nos últimos ano de sua vida, o trabalho docente a impede de concluir vários estudos que vinha desenvolvendo. Também em razão de doença e de vários convites honoríficos, fica impossibilitada de se dedicar a “obras maiores”. • Mesmo doente e fraca, continua ministrando aulas até fevereiro de 1925. Vem a falecer aos 74 anos de idade, no dia 16 de novembro de 1925.
  • 42. Os Manuscritos • Cancioneiro da Biblioteca Nacional • Cancioneiro da Ajuda • Cancioneiro da Vaticana • Pergaminho Vindel • Pergaminho Sharrer Cantigas de Santa Maria
  • 43. Fólio do Cancioneiro da Ajuda Cancioneiro da Ajuda O Cancioneiro que é hoje conhecido por Cancioneiro da Ajuda encontra-se actualmente depositado sem cota na Biblioteca do Palácio da Ajuda em Lisboa e é designado, em geral, pela sigla A ou ainda CA, que comparece em alguns estudos. Depositário parcial da mais antiga recolha das cantigas de amor, é o único cancioneiro da lírica galego-portuguesa de procedência ibérica e é também o único chegado até nós que se pode situar ainda no tempo da actividade poética dos trovadores. (RAMOS, Maria Ana. O Cancioneiro da Ajuda: confecção e escrita. Tese (Linguística Portuguesa – Linguística Histórica) – Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2008. p. 33). Edição Crítica: Cancioneiro da Ajuda: Edição crítica e comentada por Carolina Michaëlis de Vasconcellos (1904). Edição Diplomática: Cancioneiro da Ajuda: A Diplomatic Edition by Henry H[are] Carter (1941). Edição Facsimilar: Fragmento do Nobiliário do Conde Dom Pedro - Cancioneiro da Ajuda: Edição facsmilada do códice existente na Biblioteca da Ajuda (1994).
  • 44. As Iluminuras Nobre, bailadeira com castanholas, jogral com saltério de caixa afunilada com lados côncavos Nobre, jogral com cítola, rapariga com pandeiro redondo com soalhas exteriores Nobre, jogral com viola de arco, jogral com harpa But illumination is an art which appeals chiefly to the class of mind that enjoys detailed beauty, small refinements, exquisite finish. (HERBERT, 1911, p.03).
  • 45. Deus, meu Senhor, se vos prouguer, Vós me tolhed'este poder que eu hei de muito viver; ca, mentr'eu tal poder houver de viver, nunca perderei esta coita que hoj'eu hei d'amor eno meu coraçom. Ca mi a faz haver tal molher que nunca mi há rem de fazer per que eu a possa perder; que, enquant'eu viver poder, por esto a nom poderei perder per rem, mais haverei dela mais, com mui gram razom. Ca nom éste coita d'amor ũa que home filhar vem, se home leixa sem seu bem, ou sem mort', ou se faz melhor; mais semelha muit'outro mal. E quem há esta coita tal, macar se morre, nom lhe praz! Vasco Praga de Sandim (A 1, B 91) Primeira Cantiga do Cancioneiro da Ajuda Rui Fernandes de Santiago Que mui gram prazer hoj'eu vi u me vos Deus mostrou, senhor! E bem vos faço sabedor que, pois que m'eu de vós parti, nom cuidara tant'a viver como vevi sem vos veer. Que muito que eu desejei de vos veer e vos falar! E foi-mi-o Deus ora guisar, senhor, e mais vos en direi: nom cuidara tant'a viver como vevi sem vos veer. E Deus, que mi fez este bem, ainda m'outro bem fará, pois El quis que vos visse já, mia senhor; ca per nẽum sem, nom cuidara tant'a viver como vevi sem vos veer. A 310, B 902, V 487 Nuno Fernades Torneol Pois nací nunca vi Amor, e ouço del sempre falar. Pero sei que me quer matar, mais rogarei a mia senhor que me mostr'aquel matador, ou que m'ampare del melhor. Pero nunca lh'eu fige ren por que m'el haja de matar; mais quer'eu mia senhor rogar, polo gran med'en que me ten, que me mostr'aquel matador, ou que m'ampare del melhor. Nunca me lh'eu ampararei, se m'ela del non amparar; mais quer'eu mia senhor rogar, polo gran medo que del hei, que mi amostr'aquel matador, ou que mi ampare del melhor. E pois Amor ha sobre mí de me matar tan gran poder, e eu non o posso veer, rogarei mia senhor assí que mi amostr'aquel matador, ou que mi ampare del melhor. A 80, B 183bis
  • 46. Cancioneiro Portuguez da Vaticana (1878) Primeira Cantiga do Cancioneiro da Vaticana B 391, V 1 Cantiga da Guarvaia Datada por volta de 1189/1198. No mundo non me sei parelha mentre me for como me vai, ca já moiro por vós e ai! Mia Senhor branco e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia. Mao dia me levantei que vos entom nom vi fea! E, mia senhor, des aquelha me foi a mi mui mal di’ai! E vós, filha de dom Paai Moniz, e bem vos semelha d’haver por vós guarvaia, pois eu, mia senhor, d’alfaia nunca de vós houve nen ei valia d’ua correa. Paio Soares de Taveirós
  • 47. João Garcia de Guilhade Amigos, non poss'eu negar a gran coita que d'amor hei, ca me vejo sandeu andar, e con sandece o direi: Os olhos verdes que eu vi me fazen ora andar assí. Pero quen-quer x'entenderá aquestes olhos quaes son; e dest'alguén se queixará; mais eu, ja quer moira, quer non: Os olhos verdes que eu vi me fazen ora andar assí. Pero non devia a perder home, que ja o sén non ha, de con sandece ren dizer; e con sandece digu'eu ja: Os olhos verdes que eu vi me fazen ora andar assí. A 229, B 419, V 30 Fernão Rodrigues de Calheiros Assanhei-m’eu muit’a meu amigo porque mi faz el quanto lhi digo: porque entendo ca mi quer ben, assanho-me-lhi por én. E, se m’outren faz ond’ei despeito, a el m’assanh’e faço dereito: porque entendo [ca mi quer ben, assanho-me-lhi por én]. E ja m’el sabe mui ben mia manha, ca sobr’el deit’eu toda mia sanha: porque entendo ca mi quer ben [assanho-me-lhi por én]. B 630, V 231 Pero Garcia Burgalês Non vos nembra, meu amigo, o torto que mi fezestes? Posestes de falar migo, fui eu, e vós non veestes. E queredes falar migo, e non querrei eu, amigo! Jurastes que toda vía verriades de bon grado, ante que saíss'o día; mentistes-mi, ai perjurado! E queredes falar migo, e non querrei eu, amigo! E aínda me rogaredes que fal'eu algur convosco, e por quanto mi fazedes direi que vos non conhosco! E queredes falar migo, e non querrei eu, amigo! B 650, V 251
  • 48. CANCIONEIRO DA BIBLIOTECA NACIONAL (Antigo Colocci-Brancuti). Leitura, comentários e Glossário por Elza Paxeco Machado & José Pedro Machado. IV Volumes. Lisboa: Edição da Revista de Portugal, 1949. Primeira Cantiga do Cancioneiro da Biblioteca Nacional Este lais fez Elis, o Baço, que foi Duc de Sansonha, quando passou aa Gram Bretanha, que ora chamam Ingraterra. E passou lá no tempo de rei Artur, para se combater com Tristam, porque lhe matara o padre em ũa batalha. E andando um dia em sa busca, foi pela Joiosa Guarda u era a rainha Iseu de Cornualha. E viu-a tam fremosa que adur lhe poderia home no mundo achar par. E namorou-se entom dela e fez por ela este lais. Este lais posemos acá porque era o melhor que foi fe[i]to. Amor, des que m'a vós cheguei, bem me posso de vós loar, ca mui pouc'ant', a meu cuidar, valia; mais pois emendei tam muit'em mim quanto m'ant'eu era de pobre coraçom, assi que nẽum bem entom nom cuidava que era meu;
  • 49. e sol nom me preçavam rem, ante me tinham tam em vil que, se de mi falavam mil, nunca deziam nẽum bem; e des que m'eu a vós cheguei, Amor, e tod'al fui quitar senom de vos servir punhar, log'eu des i em prez entrei - que mi, ante de vós, era greu; e per vo-l'hei, e per al nom - assi que, d'u os bõos som, mais loam meu prez ca o seu. [E], Amor, pois eu al nom hei, nem haverei nulha sazom, senom vós, o meu coraçom nom será senom da que sei: mui fremosa e de gram prez, e que polo meu gram mal vi, e de que sempre atendi mal, ca bem nunca m'ela fez; e por en vos rog'eu, Amor, que me façades dela haver algum bem, pois vó'lo poder havedes. E mentr'eu já for vivo, cuido vo-lo servir, e ar direi, se Deus quiser, bem de vós, pois que me veer per vós, de que mi há de viir; e se m'esto nom fazedes, que sei que será vosso bem, cofonda-vos por en quem tem em seu poder [havedes]. Amen! Amen! Amen! Amen! Amen! Amen! Amen! Amen! Amen!
  • 50. Julião Bolseiro Aquestas noites tan longas que Deus fez en grave día por mí, por que as non dormio e por que as non fazía no tempo que meu amigo soía falar comigo? Porque as fez Deus tan grandes non posso eu dormir, coitada, e, de como son sobejas, quisera eu outra vegada no tempo que meu amigo soía falar comigo. Porque as Deus fez tan grandes sen mesura desiguaes e as eu dormir non posso, porque as non fez ataes no tempo que meu amigo soía falar comigo? B 1176, V 782 B 383
  • 51. Cantigas Satíricas Martim Soares Rubrica: Esta outra cantiga fez a Pero Rodriguiz Grougelete, de sa molher, que havia prez que lhi fazia torto. Pero Rodriguiz, da vossa molher nom creades mal que vos home diga, ca entend'eu dela que bem vos quer, e quem end'al disser, dirá nemiga; e direi-vos em que lho entendi: em outro dia, quando a fodi, mostrou-xi-mi muito por voss'amiga. Pois vos Deus deu bõa molher leal, nom tenhades per nulha jograria de vos nulh'home dela dizer mal, ca lh'oí eu jurar em outro dia ca vos queria melhor doutra rem; e, por veerdes ca vos quer gram bem, nom sacou ende mi, que a fodia. B 1368, V 976 Fernando Esquio A um frade dizem escaralhado, e faz pecado quem lho vai dizer, ca, pois el sabe arreitar de foder, cuid'eu que gai é, de piss'arreitado; e pois emprenha estas com que jaz e faze filhos e filhas assaz, ante lhe dig'eu bem encaralhado. Escaralhado nunca eu diria, mais que traje ante caralho ou veite, ao que tantas molheres de leite tem, ca lhe parirom três em um dia, e outras muitas prenhadas que tem; e atal frade cuid'eu que mui bem encaralhado per esto seria. Escaralhado nom pode seer o que tantas filhas fez em Marinha e que tem ora outra pastorinha prenhe, que ora quer encaecer, e outras muitas molheres que fode; e atal frade bem cuid'eu que pode encaralhado per esto seer. B 1604, V 1136 Afonso Anes de Cotom A ũa velha quisera trobar quand'em Toledo fiquei desta vez; e veo-me Orraca López rogar e disso-m'assi: - Por Deus que vos fez, nom trobedes a nulha velh'aqui ca cuidarám que trobades a mim. B 1590, V 1122 Afonso Anes de Cotom A mim dam preç', e nom é desguisado, dos maltalhados, e nom erram i; Joam Fernandes, o mour', outrossi, nos maltalhados o vejo contado; e pero maltalhados semos [n]ós, s'homem visse Pero da Ponte em cós, semelhar-lh'-ia moi peor talhado. B 1616, V 1149
  • 52. Airas Nunes Porque no mundo mengou a verdade, punhei un día de a ir buscar; e, u por ela fui a preguntar, disseron todos: «Alhur la buscade, ca de tal guisa se foi a perder, que non podemos én novas haver nen ja non anda na irmaidade». Nos moesteiros dos frades regrados a demandei, e disseron-m'assí: «Non busquedes vós a verdad'aquí, ca muitos anos havemos passados que non morou nosco, per bõa fe, [nem sabemos u ela agora x’é,] e d'al havemos maiores coidados». E en Cístel, u verdade soía sempre morar, disseron-me que non morava i, havía gran sazón, nen frade d'i ja a non conhocía, nen o abade outrossí no estar sol non quería que foss'i pousar; e anda ja fora da abadía. En Santiago, seend'albergado en mia pousada, chegaron romeus. Preguntei-os e disseron: «Par Deus, muito levade-lo caminh'errado, ca, se verdade quiserdes achar, outro caminho convén a buscar, ca non saben aquí dela mandado». B 871, V 455 Martim Moxa Amigos, cuid'eu que Nostro Senhor non quer no mundo ja mentes parar, ca o vejo cada día tornar de ben en mal e de mal en peior; ca vejo boos cada día decer e vejo maos sobr'eles poder; por én non hei da mia morte pavor. O mundo tod'a avessas vej'ir, e quantas cousas eno mundo son a avessas andan, si Deus mi perdón; por én non dev'ant'a mort'a fogir quen sabe o ben que soía seer e ve de i o mund'outra guisa correr, e non se pode de morte partir. Os que morreron mentr'era melhor han muit'a Deus por én que gradecer, ca saben ja que non han de morrer nen er atenden que vejan peior como hoj'atenden os que vivos son; e por én tenh'eu que faz sen-razón quen deste mundo ha mui gran sabor. E por én tenh'eu que é mui melhor de morrer home, mentre lhi ben for. B 889, V 473
  • 53. Referências • DE AQUITÂNIA, Guilherme IX. Poesia. Tradução e introdução Arnaldo Saraiva. Campinas: Editora Unicamp, 2009. • HERBERT, J. A. Illuminated Manuscripts. New York/ London: G. P. Putnam’s Sons, Methuen & CO, 1911. • LE GOFF, Jacques. Heróis e maravilhas da Idade Média. Tradução Stephania Matousek. Petrópolis: Vozes, 2013. • PIRENNE, Henri. Maomé e Carlos Magno: o impacto do Islã sobre a civilização europeia. Tradução Regina Schöpke e Mauro Baladi. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010. • PIRENNE, Henri. Economic and Social History of Medieval Europe. Translated from the French by I. E. Clegg. New York: Harcourt, Brace and Company, 1937. [1933]. • PERNOUD, Régine. Luz sobre a Idade Média. Tradução de Antônio Manuel de Almeida Gonçalves. Lisboa: Publicações Europa-América, 1997. [1981]. • RASHDALL, Hastings. The Universities of Europe in the Middle Ages. Vol. I. Oxford: Clarendon Press, 1895. • RASHDALL, Hastings. The Universities of Europe in the Middle Ages. Vol. II. Oxford: Clarendon Press, 1895. • https://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp • https://universocantigas.gal/bibliografia?cambiarIdioma=es • http://csm.mml.ox.ac.uk/