SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
10.3 Custos Relacionados
ao Tratamento de Feridas
Rosana Zenezi Moreira
Paola Zucchi
INTRODUÇÃO
O cuidado no tratamento de feridas sempre pareceu simples. Qualquer pessoa podia fazer o curativo
utilizando o material que tinha disponível não dando a devida importância à técnica. Hoje sabemos que vários
fatores interferem no processo de cicatrização e, que o mercado dispõe de uma variedade de produtos que
podem ser utilizados com sucesso tanto na prevenção, quanto no tratamento de feridas. (GOMES et al., 2005)
As lesões de pele preocupam principalmente no caso de pacientes hospitalizados, pois apresentam um
relativo aumento no tempo de internação, podendo causar inúmeros prejuízos, como infecções, incapacidade
prolongada e elevados custos hospitalares.
Como os recursos destinados à saúde são finitos, cada vez mais os gestores de saúde necessitam de
ferramentas para auxiliar o seu processo de decisão. Nesse sentido a contabilidade de custos fornece
informações para a determinação dos custos dos setores produtivos, permitindo o controle e a redução dos
custos de operações e atividades realizadas em qualquer organização. Sua finalidade básica é determinar o
custo de fabricação de um produto ou da prestação de um serviço.
A gestão de custos nas instituições de saúde compreende diferentes formas de acumulação de custos,
destinada a suprir as necessidades dos usuários que exercem a gerência, a análise e a tomada de decisão.
Nomenclatura de Custos
As bases conceituais sobre custos são relevantes para a compreensão e identificação dos elementos-
chave para a elaboração de cálculos na área da saúde. Saber interpretá-los é uma forma de racionalizar os
fatores determinantes de planejamento e controle assistenciais.
A gestão financeira administra os ativos e passivos de uma organização de maneira que suas operações e
o seu crescimento não sejam prejudicados pela falta de recursos financeiros, a empresa consiga pagar suas
obrigações nos respectivos vencimentos e seja rentável nas diferentes formas que a geração e distribuição da
riqueza podem assumir.
As instituições de saúde brasileiras devem compreender que o setor vive uma revolução tecnológica, com
níveis de competitividade crescentes, reivindicações por melhores serviços a um menor preço e que a
sobrevivência das organizações só será mantida com a competência de remeter as nossas organizações para
níveis de produtividade superiores aos atuais.
Ao executivo financeiro cabe a compreensão destes desafios e a aplicação de um exercício da função, de
forma altamente profissional e competente. A ele cabem decisões importantes relacionadas com aquisição,
utilização e controle dos recursos financeiros.
Um dos principais objetivos da gestão hospitalar é promover o uso otimizado dos recursos. A construção
de um sistema de custos hospitalares requer a compreensão de características intrínsecas organização dos
sistemas de saúde, com destaque para a estrutura organizacional, para procedimentos médicos efetuados e
para o tipo de informação sobre custos hospitalares que se deseja obter, tendo em vista que a determinação
dos custos ocorre por meio de prontuários na maioria dos hospitais.
Assim deve-se dispor de informações detalhadas acerca dos insumos necessários à provisão de serviços
pelo sistema de saúde em estudo.
Os sistemas de custo são definidos como o levantamento sistemático de rotinas administrativas, insumos
necessários e produtos e serviços resultantes do processo produtivo de uma organização, cujo intuito é a
2
aplicação dos resultados para: Formação do preço de venda; Gerenciamento de resultados; Planejamento de
atividades; Função contábil.
Especialmente no que diz respeito ao gerenciamento de resultados, deve-se observar que existe interesse
de qualquer organização em maximizar resultados e minimizar custos, sendo que a obtenção dos resultados
depende de agentes externos à organização, enquanto que a administração de custos depende, sobretudo, da
eficiência na gestão da organização. Em termos de formato do sistema de custeio, pode-se realizar custeio
integral (levantamento da totalidade dos custos da organização) ou custeio parcial (levantamento de parcela
significativa dos dados de custo).
Os principais tipos de sistemas de custeio de custo, aplicáveis ao setor saúde são:
• Custeio por absorção;
• Custeio baseado em atividade (ABC);
• Custeio direto;
• Custeio por taxa;
• Custo por procedimento;
• Custo por patologia;
• Custo-padrão.
A coleta e a análise de dados em programas de custos podem fornecer informações de considerável
utilidade a serviços de atenção à saúde.
• Custeio por absorção: A metodologia de custeio por absorção representa o instrumento mais
tradicional da gestão de custos. Trata-se de uma abordagem de custeio sob os fundamentos
conceituais da contabilidade de custos. Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos
bens elaborados, e só, os de produção, todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são
distribuídos para todos os produtos feitos (Martins, 2001). É o levantamento da totalidade dos custos
via: Identificação das atividades por centro de custos; especificações de recursos consumidos; rateio
de custos indiretos. Seu papel principal é o cálculo do custo de produção, cujas informações são
utilizadas para a contabilização do custo dos produtos vendidos ou custo dos serviços prestados, dos
estoques de produtos elaborados ou produtos e serviços em elaboração.
Essa metodologia é usada nos hospitais para o cálculo dos custos, bem como a unidade de custeio de
procedimentos hospitalares. A apropriação de custos por centros de custos e o custeio de procedimentos
hospitalares representam as duas formas mais usuais de expressão do custo de um serviço gerado em uma
empresa hospitalar. O custo gerado pela apropriação por centros de custo corresponde às unidades de serviço
produzidas em cada um dos centros de custos definidos para o hospital. As expressões de custo unitário
associadas a cada um dos centros de custos corresponderão a uma diária hospitalar, a uma taxa de sala
cirúrgica, a uma consulta, a um exame, entre outros.
O custo dos procedimentos corresponde a uma sequência de cálculos, os quais compreenderão os custos
unitários gerados pelos centros de custos combinados com a intensidade dos referidos insumos.
A metodologia de apropriação por centro de custos destaca-se pela possibilidade de geração dos custos
unitários dos serviços produzidos em departamentos geradores das atividades de atenção final aos pacientes.
O cálculo do custo dos procedimentos médico-hospitalares consiste na elaboração do custo dos
tratamentos e compreende a integração dos custos unitários com o perfil de conduta média adotada na
consecução dos procedimentos.
A importância do cálculo do custo dos procedimentos é indiscutível no atual cenário da gestão das
instituições de saúde brasileiras. As razões para isso relacionam-se ao modelo de remuneração adotado pelo
SUS (fixado um valor para cada procedimento), à crescente discussão sobre a adoção desta metodologia por
outras fontes de clientela (convênios, seguros-saúde, autogestão e cooperativas) e à preocupação com a
3
melhoria da produtividade dos insumos utilizados em toda a cadeia produtiva dos serviços de assistência
médico-hospitalar.
• Custeio baseado em atividade: O instrumento sob a denominação de custeio baseado em atividade
Activity Based Costing (ABC) representa uma das mais recentes conquistas da área da gestão de custos
e resultados. A descrição dos custos sob a segmentação das atividades e não por itens de custos, como
os sistemas tradicionais descrevem, proporciona uma nova visão de análises. O gestor passa a avaliar
se a atividade utilizada para a geração dos serviços, sob determinado custeio é compatível com o nível
de valor agregado ao produto ou serviço prestado. O registro dos custos da organização é feita através
de:
- Identificação de atividades e cálculo de seus custos;
- Identificação de processos associados a produtos e serviços;
- Identificação de atividades associadas a cada processo;
- Apropriação dos custos diretos das atividades relacionadas a produtos e serviços;
- Estabelecimento do direcionamento de custos;
- Apropriação dos custos indiretos conforme o direcionamento.
Entende-se aqui que não são os produtos ou serviços que consomem recursos e sim as atividades e ela
gera os produtos e serviços. Essa visão consiste em um inquestionável progresso na gestão de uma instituição
de saúde.
• Custeio direto: Apropria somente os custos diretos associados à geração de produtos e serviços. Uma
das formulações de maior significado gerencial encontra-se compreendida através da abordagem de
custeio direto, também denominado análise das relações custo-volume-lucro. Esta conceituação
propícia um acervo de informações uteis a análise de custos correspondente a avaliação de resultados
operacionais, na rapidez e fluência que a tomada de decisão exige.
Para a concretização desta formulação, é importante a análise de custos em relação ao nível de atividade
operacional. Os custos de um hospital apresentam diferentes comportamentos. Alguns são fixos, ou seja, não
se alteram com as modificações do volume, enquanto outros são de natureza variável, ou seja, alteram-se na
mesma proporção das flutuações do nível de atividade.
O interesse dessa conceituação é propiciar uma clara compreensão das flutuações dos resultados diante
das alterações no volume dos serviços do hospital, em razão do comportamento dos custos fixos e variáveis. À
medida que os custos se comportam dessa forma, um aumento da receita gera um aumento de lucro,
enquanto uma diminuição provoca uma redução do resultado operacional.
Com esta classificação de custos, torna-se importante a avaliação dos resultados dos diferentes níveis de
atividade, incluindo-se o cálculo do ponto de equilíbrio que é representado pelo volume de serviços em que
ocorre a igualdade entre receita e custos:
• Custeio por taxas: A precificação de produtos e serviços é feita via aplicação de taxa sobre custos de
produção.
• Custo por procedimento: O levantamento dos custos é referente aos componentes necessários aos
procedimentos médicos realizados.
• Custo por patologia: O levantamento dos custos referentes aos procedimentos necessários ao
tratamento das doenças.
• Custo-padrão: Levantamento dos custos de um conjunto de ações efetivas ao tratamento do paciente.
• Conceitos básicos.
A coleta e a análise de dados em programas de custos podem fornecer informações de considerável
utilidade a serviços de atenção à saúde. Podem informar o montante de recursos necessários à continuidade
4
das atividades. Podem auxiliar na verificação do uso de pessoal na provisão de cuidados à saúde e da eficiência
no emprego de insumos.
• Despesa ou gasto: A despesa ou gasto é o valor monetário global efetivamente desembolsado
para a consecução de determinadas atividade durante um período de referência.
• Custo: Refere-se ao valor total dos produtos e serviços consumidos na consecução de
determinada atividade durante um período de referencia. Deve-se considerar tanto os valores
efetivamente despendidos quanto aqueles relativos a custos de oportunidade dos recursos
empregados.
• Preço: Constitui o valor monetário unitário de cada item considerado no período de referência.
• Gestão de sistemas de custo: Deve-se dispor de informações detalhadas acerca dos insumos
necessários à provisão de serviços pelo sistema de saúde em estudo.
Outro elemento importante é a existência de um amplo sistema de informações sobre as atividades
hospitalares que colete e organize os dados relativos à produção dos serviços da unidade:
- O cálculo dos gastos realizados pelo sistema na prestação de serviços aos pacientes deve incluir:
- Materiais cirúrgico, laboratoriais, administrativos e medicamento;
- Mão de obra necessária às atividades hospitalares: médicos, enfermeiros, auxiliares, pessoal
administrativo;
- Serviços de apoio, tais como atividades de diagnóstico em exames laboratoriais;
- Depreciações de imóveis e equipamentos, instalações, máquinas e equipamentos;
- Consumo de energia água, telefone e locação de bens utilizados no setor produtivo.
Classificação dos custos:
• Custo fixo: corresponde aos itens de custos que permanecem constantes, mesmo que ocorram
alterações no volume dos serviços, dentro de uma determinada capacidade de produção. Não
variam com a magnitude do resultado.
• Custo variável: são os custos que variam à mesma proporção do volume de atendimento do
hospital. Variam se houver mudança de magnitude.
• Custo total: é a soma dos custos fixos e custos variáveis.
• Custos diretos: custos dos recursos efetivamente utilizados nas intervenções e nos programas de
saúde.
• Podem ser médicos, específicos, estritamente relacionados às ações de saúde necessárias à
intervenção ou ao programa, por exemplo, insumos hospitalares e profissionais da saúde. Podem
ser não médicos, não específicos. Relacionados ao apoio e à operacionalização da intervenção ou
do programa de saúde, por exemplo, infraestrutura e insumos para atividade administrativa.
• Custos indiretos: aqueles que incidem indiretamente sobre os indivíduos, as organizações e a
sociedade pela participação na intervenção ou no programa, por exemplo, perda produtiva.
• Custos intangíveis: associados a aspectos intangíveis de uma intervenção ou de um programa de
saúde, por exemplo, dor, ansiedade, etc.
Outras definições importantes são:
• Receita total: Corresponde à remuneração dos serviços prestados e se altera à medida que
ocorrem modificações no nível de atendimento.
• Ponto de equilíbrio: É a quantidade ou valor em que a receita total é igual ao custo total. Neste
ponto não á lucro nem prejuízo.
5
O comportamento dos custos em fixos e variáveis faz com que o custo total aumente à medida que há
uma elevação na quantidade produzida, gerando, em compensação, uma redução no custo unitário, em razão
da utilização da mesma estrutura de custos fixos por um maior numero de unidades.
Margem de contribuição corresponde à diferença entre o preço de venda e o custo variável. Destina-se à
cobertura dos custos fixos e, após o ponto de equilíbrio, à geração do lucro.
Através do conceito de margem de contribuição, fica visível que, além da cobertura do custo variável, há a
necessidade de cobrir o montante de custos fixos. Estes são cobertos pela margem de contribuição.
No ponto de equilíbrio a margem de contribuição é igual ao custo fixo. Abaixo do ponto de equilíbrio a
margem de contribuição é insuficiente para cobrir o custo fixo, acarretando o prejuízo. Acima do ponto de
equilíbrio, a margem de contribuição cobre o custo fixo e ainda contribui para a geração de lucro.
A dificuldade na estimativa dos custos de uma intervenção ou de um programa de saúde é derivada da
existência de insumos que são compartilhados pelos diferentes produtos ou serviços.
É inegável que as instituições de saúde brasileira encontram-se num ambiente de extrema necessidade de
aprimoramento dos padrões conceituais de gestão. Todas as organizações devem de adaptar as novas
condições impostas pela presente conjuntura em que os investimentos são crescentes e os níveis de
competitividade se acirram e a gestão dos custos pode em muito ajudar a melhoria da qualidade dos serviços.
Custos Relacionados ao Tratamento de Feridas
Estudos recentes mostram que além das habilidades técnicas que o enfermeiro possa desenvolver para
avaliar, diagnosticar e tratar as feridas, principalmente as crônicas, também deve saber avaliar os custos da
melhor opção de tratamento e, em tempo cada vez menor.
Os custos das feridas crônicas são mais preocupantes, pois são aquelas que não cicatrizam num período
de três meses ou demoram anos para fechar. Portanto, representam um grave problema de saúde pública em
todo o mundo. Por isso, há muitos produtos e equipamentos disponíveis para seu tratamento e, isso implica
critérios mais rigorosos de seleção e de custos. (TAYLOR et al., 2008)
Uma medida importante para evitar custos desnecessários, segundo Gomes (2005) é referente aos
principais erros cometidos ao se fazer um curativo, que devem ser evitados durante os procedimentos:
• Usar curativo em feridas totalmente cicatrizadas;
• Cobrir o curativo com excesso de esparadrapo;
• Trocar o curativo em excesso em feridas secas;
• Demorar a trocar o curativo de feridas secretantes;
• Esquecer-se de fazer as anotações ou não fazê-las corretamente;
• Não lavar as mãos entre um curativo e outro;
• Conversar durante o procedimento;
• Misturar material de um curativo e outro, em um mesmo paciente;
• Não fazer desinfecção do carrinho de um curativo para outro.
Isto significa que os desperdícios são um enorme desafio na gestão de custos. Muitas instituições utilizam
indicadores como ferramentas de gestão para gerar mudanças e benefícios concretos, como é o caso dos
indicadores de desperdícios.
Conclusão
É possível ser mais eficaz com menos recursos, afirmam Cohen & Franco (2004, p. 278), desde que se
saiba gastar bem, avaliar as alternativas ou aumentar a racionalidade na tomada de decisões para otimizar a
utilização dos recursos disponíveis.
Nas análises descritivas de custos dos estudos observados, geralmente não são computadas algumas co-
morbidades, sem contar os custos indiretos e intangíveis.
Em relação à apuração de custos dos serviços de saúde, Tonon et al. (2008) apontam algumas dificuldades
como sendo: a escassez de informações acerca dos valores monetários; a diversidade de fontes de obtenção
6
desses valores; a ausência de tabelas que regulamentem os preços dos serviços em saúde nos diferentes
Estados federativos no âmbito público e privado e, o fato de que, muitas vezes, os custos relativos às
atividades dos enfermeiros são incluídos no custo da diária do serviço, o que dificulta a identificação do valor
estimado desse trabalho.
Para facilitar esse processo, pode-se utilizar a tabela de honorários do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN), que normatizou os serviços prestados por esta categoria, através da Resolução COFEN-301/2005,
que fixou os valores mínimos de atuação desses profissionais, para ter um direcional de custos de mão de
obra. Cada Estado brasileiro faz a atualização dos dados regionais da tabela para que não haja defasagem ao
custear os recursos humanos.
Concluindo, acreditamos que um conjunto de iniciativas estratégicas pode conduzir a melhores resultados
de gastos e, torná-los mais aparentes, como é o caso dos custos de feridas, que precisam de maior visibilidade
para ser controlados e rastreados.
Toda melhoria que ajude a minimizar o custo humano da ferida deve ser implementada.
Referências
AGMONT, Giuliano. A eclosão da diabesidade. Revista Endocrinologia. Pesquisa Médica, do laboratório à
prática clínica, 2012. Disponível em:
<http://www.revistapesquisamedica.com.br/PORTAL/textos.asp?codigo=10744>. Acesso em: 03 abr. 2013.
BAHIA, Luciana. Os Custos do Diabetes Mellitus. Sociedade Brasileira de Diabetes - SBD, 2012. Disponível
em: <http://www.diabetes.org.br/educacao-continuada/491-os-custos-do-diabetes-mellitus>. Acesso em: 12
mar. 2013.
BORGES, Fabiane Teixeira. Comissão de Curativos do Hospital Santa Catarina de Blumenau. SC, s.n.t.
FERRAZ, Marcos B. Só crescimento econômico e distribuição de renda evitam caos na saúde em 2025.
Estudo da Unifesp, 2006. Disponível em:
<http://dgi.unifesp.br/sites/comunicacao/index.php?c=Noticia&m=ler&cod=4995e504>. Acesso em: 15 fev.
2013.
CLARKE-MOLONEY et al. Changes in leg ulcer management practice following training in an Irish
community setting (58kb). Journal of Wound Care, Vol. 17, Iss. 3, 01 Mar 2008, pp 116 - 121. Disponível em:
<http://www.journalofwoundcare.com/cgi-
bin/go.pl/library/article.cgi?uid=28669;article=JWC_17_3_116_121>. Acesso em: 15 mar., 2013.
COHEN, Ernesto; FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. 6. ed. Petrólis, RJ: Vozes, 2004.
GAMBA, Mônica A. et al. Amputações de extremidades inferiores por diabetes mellitus: estudo caso-
controle. Rev Saúde Pública, 2004;38(3):399-404. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n3/20657.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013.
GOMES, Flávia V. de Lima et al. Manual de Feridas. 3. rev. Goiânia: SSVP/Sta Casa/PUC-Goiás, 2005.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Economia da Saúde: Uma perspectiva
Macroeconômica 2000-2005. Estudos & Pesquisas. Informação Econômica n. 9. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/economia_saude/economia_saude.pdf>
Acesso em: 12.03.2013.
JACQUES, Édison Jacques. Gestão hospitalar: Os custos médicos-assistenciais. São Leopoldo-RS: Unisinos,
2006.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2001.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS. Diabetes. Nota descritiva no. 312. Setembro, 2012. Disponível
em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs312/es/index.html>. Acesso em: 07 abr. 2013.
PIMAZONI NETTO, Augusto. Calcule o número de diabéticos na sua cidade. Sociedade Brasileira de
Diabéticos - SBD, 2012. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/calculadoras/numero-de-diabeticos>.
Acesso em: 07 nov. 2012.
PITTA, G.B.B; CASTRO, A.A.; BURIHAN, E. (Eds). Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió:
UNCISAL, 2003.
7
REIBER, Gayle E. et al. Lower extremityfoot ulcers and amputations in diabetes. Position statement.
Screening for diabetes. Journal of American Diabetes Association - ADA. Clinical Practice Recommentations,
2001.Volume 23 Supplement 1.
REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE - RIPSA. Gasto com consumo de bens e serviços
de saúde como percentual do Produto Interno Bruto (PIB) - E.4 - 2010. Disponível em:
<http://www.ripsa.org.br/fichasIDB/record.php?node=e.4&lang=pt&version=ed5>. Acesso em: 03 abr. 2013.
SCHOFIELD, Deborah J. et al. The financial vulnerability of individuals with diabetes. British Journal of
Diabetes & Vascular Disease. 2010, 10: 300. Disponível em: <http://dvd.sagepub.com/content/10/6/300>.
Acesso em: 05 nov. 2012.
SPICHLER, E. R. S. et al. Estudo brasileiro de monitorização global de amputações de membros inferiores
(MAMI). Paraná: Universidade Federal do Paraná, 2004. Disponível em:
<http://ladufpr.tripod.com/main.htm>. Acesso em: 17.03.2013.
TAYLOR, T.; KONCAL, S.; GELBARD, W. B. Basics of chronic wound care. Emergency Medicine Reports. Vol.
29, nº 9, 2008, p. 97-109.
TONON, Lenita M. et al. Farmacoeconomia: análise de uma perspectiva inovadora na prática clínica da
enfermeira. Reflexão teórica. Texto contexto - enferm. vol. 17 no. 1 Florianópolis, Jan./Mar. 2008. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072008000100020&script=sci_arttext>. Acesso em: 01
abr. 2013.
WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. World Diabetes Day 2005: Diabetes and Foot Care. 2007.
Disponível em: <www.who.int/diabetes/actionnow/wdd2005/en/>. Acesso em: 12 mar. 2013.
ZUCCHI, Paola; FERRAZ, Marcos B. (Coords.). Guia de Economia e gestão em saúde. Série Guias de
medicina ambulatorial e hospitalar. Barueri, SP: Manole, 2010.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a LIVRO-Cap-10-3_Custos Feridas_abril-2016

Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006simuladocontabil
 
Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006zeramento contabil
 
Foz custos curso do cbcenf
Foz   custos curso do cbcenfFoz   custos curso do cbcenf
Foz custos curso do cbcenfToni Magalhaes
 
Analise de custos clinicas oftalmologicas
Analise de custos clinicas oftalmologicasAnalise de custos clinicas oftalmologicas
Analise de custos clinicas oftalmologicasWilsonCarvalho34
 
Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...
Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...
Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...Senior Consultoria em Gestão e Marketing
 
Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...
Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...
Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...Senior Consultoria em Gestão e Marketing
 
Engenharia de suprimentos gerenciamento de compras por meio software tasy
Engenharia de suprimentos   gerenciamento de compras por meio software tasyEngenharia de suprimentos   gerenciamento de compras por meio software tasy
Engenharia de suprimentos gerenciamento de compras por meio software tasyGermano Demathe Alencar
 
Comparativo modelos gestao_economica
Comparativo modelos gestao_economicaComparativo modelos gestao_economica
Comparativo modelos gestao_economicaArnoldo Schmidt Neto
 
Globalsoft Produtos Saúde
Globalsoft Produtos SaúdeGlobalsoft Produtos Saúde
Globalsoft Produtos SaúdeRuben Silva
 
SISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptx
SISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptxSISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptx
SISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptxRobsonBispo11
 
Custos principais métodos de custeio
Custos principais métodos de custeioCustos principais métodos de custeio
Custos principais métodos de custeiocustos contabil
 

Semelhante a LIVRO-Cap-10-3_Custos Feridas_abril-2016 (20)

Sig
SigSig
Sig
 
Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006
 
Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006Apostila contabilidade custos2006
Apostila contabilidade custos2006
 
Foz custos curso do cbcenf
Foz   custos curso do cbcenfFoz   custos curso do cbcenf
Foz custos curso do cbcenf
 
Como organizar os processos de uma clínica médica.pdf
Como organizar os processos de uma clínica médica.pdfComo organizar os processos de uma clínica médica.pdf
Como organizar os processos de uma clínica médica.pdf
 
Unidade 2 custo
Unidade 2 custoUnidade 2 custo
Unidade 2 custo
 
Analise de custos clinicas oftalmologicas
Analise de custos clinicas oftalmologicasAnalise de custos clinicas oftalmologicas
Analise de custos clinicas oftalmologicas
 
Como Calcular o Preço de Procedimentos Odontológicos.pdf
Como Calcular o Preço de Procedimentos Odontológicos.pdfComo Calcular o Preço de Procedimentos Odontológicos.pdf
Como Calcular o Preço de Procedimentos Odontológicos.pdf
 
BOOK MGAH.pdf
BOOK MGAH.pdfBOOK MGAH.pdf
BOOK MGAH.pdf
 
Estudo de caso padaria
Estudo de caso   padariaEstudo de caso   padaria
Estudo de caso padaria
 
Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...
Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...
Modelo de Plano de Contas para uma Gestão Financeira Eficiente em Clínicas Od...
 
Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...
Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...
Como a Gestao e o Marketing podem alavancar os resultados da sua clinica odon...
 
Engenharia de suprimentos gerenciamento de compras por meio software tasy
Engenharia de suprimentos   gerenciamento de compras por meio software tasyEngenharia de suprimentos   gerenciamento de compras por meio software tasy
Engenharia de suprimentos gerenciamento de compras por meio software tasy
 
Custovolumelucro
CustovolumelucroCustovolumelucro
Custovolumelucro
 
Comparativo modelos gestao_economica
Comparativo modelos gestao_economicaComparativo modelos gestao_economica
Comparativo modelos gestao_economica
 
Globalsoft Produtos Saúde
Globalsoft Produtos SaúdeGlobalsoft Produtos Saúde
Globalsoft Produtos Saúde
 
226
226226
226
 
SISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptx
SISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptxSISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptx
SISTEMA DE CUSTOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.pptx
 
Custos principais métodos de custeio
Custos principais métodos de custeioCustos principais métodos de custeio
Custos principais métodos de custeio
 
Apostila gestão de custos
Apostila gestão de custos Apostila gestão de custos
Apostila gestão de custos
 

LIVRO-Cap-10-3_Custos Feridas_abril-2016

  • 1. 10.3 Custos Relacionados ao Tratamento de Feridas Rosana Zenezi Moreira Paola Zucchi INTRODUÇÃO O cuidado no tratamento de feridas sempre pareceu simples. Qualquer pessoa podia fazer o curativo utilizando o material que tinha disponível não dando a devida importância à técnica. Hoje sabemos que vários fatores interferem no processo de cicatrização e, que o mercado dispõe de uma variedade de produtos que podem ser utilizados com sucesso tanto na prevenção, quanto no tratamento de feridas. (GOMES et al., 2005) As lesões de pele preocupam principalmente no caso de pacientes hospitalizados, pois apresentam um relativo aumento no tempo de internação, podendo causar inúmeros prejuízos, como infecções, incapacidade prolongada e elevados custos hospitalares. Como os recursos destinados à saúde são finitos, cada vez mais os gestores de saúde necessitam de ferramentas para auxiliar o seu processo de decisão. Nesse sentido a contabilidade de custos fornece informações para a determinação dos custos dos setores produtivos, permitindo o controle e a redução dos custos de operações e atividades realizadas em qualquer organização. Sua finalidade básica é determinar o custo de fabricação de um produto ou da prestação de um serviço. A gestão de custos nas instituições de saúde compreende diferentes formas de acumulação de custos, destinada a suprir as necessidades dos usuários que exercem a gerência, a análise e a tomada de decisão. Nomenclatura de Custos As bases conceituais sobre custos são relevantes para a compreensão e identificação dos elementos- chave para a elaboração de cálculos na área da saúde. Saber interpretá-los é uma forma de racionalizar os fatores determinantes de planejamento e controle assistenciais. A gestão financeira administra os ativos e passivos de uma organização de maneira que suas operações e o seu crescimento não sejam prejudicados pela falta de recursos financeiros, a empresa consiga pagar suas obrigações nos respectivos vencimentos e seja rentável nas diferentes formas que a geração e distribuição da riqueza podem assumir. As instituições de saúde brasileiras devem compreender que o setor vive uma revolução tecnológica, com níveis de competitividade crescentes, reivindicações por melhores serviços a um menor preço e que a sobrevivência das organizações só será mantida com a competência de remeter as nossas organizações para níveis de produtividade superiores aos atuais. Ao executivo financeiro cabe a compreensão destes desafios e a aplicação de um exercício da função, de forma altamente profissional e competente. A ele cabem decisões importantes relacionadas com aquisição, utilização e controle dos recursos financeiros. Um dos principais objetivos da gestão hospitalar é promover o uso otimizado dos recursos. A construção de um sistema de custos hospitalares requer a compreensão de características intrínsecas organização dos sistemas de saúde, com destaque para a estrutura organizacional, para procedimentos médicos efetuados e para o tipo de informação sobre custos hospitalares que se deseja obter, tendo em vista que a determinação dos custos ocorre por meio de prontuários na maioria dos hospitais. Assim deve-se dispor de informações detalhadas acerca dos insumos necessários à provisão de serviços pelo sistema de saúde em estudo. Os sistemas de custo são definidos como o levantamento sistemático de rotinas administrativas, insumos necessários e produtos e serviços resultantes do processo produtivo de uma organização, cujo intuito é a
  • 2. 2 aplicação dos resultados para: Formação do preço de venda; Gerenciamento de resultados; Planejamento de atividades; Função contábil. Especialmente no que diz respeito ao gerenciamento de resultados, deve-se observar que existe interesse de qualquer organização em maximizar resultados e minimizar custos, sendo que a obtenção dos resultados depende de agentes externos à organização, enquanto que a administração de custos depende, sobretudo, da eficiência na gestão da organização. Em termos de formato do sistema de custeio, pode-se realizar custeio integral (levantamento da totalidade dos custos da organização) ou custeio parcial (levantamento de parcela significativa dos dados de custo). Os principais tipos de sistemas de custeio de custo, aplicáveis ao setor saúde são: • Custeio por absorção; • Custeio baseado em atividade (ABC); • Custeio direto; • Custeio por taxa; • Custo por procedimento; • Custo por patologia; • Custo-padrão. A coleta e a análise de dados em programas de custos podem fornecer informações de considerável utilidade a serviços de atenção à saúde. • Custeio por absorção: A metodologia de custeio por absorção representa o instrumento mais tradicional da gestão de custos. Trata-se de uma abordagem de custeio sob os fundamentos conceituais da contabilidade de custos. Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só, os de produção, todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos (Martins, 2001). É o levantamento da totalidade dos custos via: Identificação das atividades por centro de custos; especificações de recursos consumidos; rateio de custos indiretos. Seu papel principal é o cálculo do custo de produção, cujas informações são utilizadas para a contabilização do custo dos produtos vendidos ou custo dos serviços prestados, dos estoques de produtos elaborados ou produtos e serviços em elaboração. Essa metodologia é usada nos hospitais para o cálculo dos custos, bem como a unidade de custeio de procedimentos hospitalares. A apropriação de custos por centros de custos e o custeio de procedimentos hospitalares representam as duas formas mais usuais de expressão do custo de um serviço gerado em uma empresa hospitalar. O custo gerado pela apropriação por centros de custo corresponde às unidades de serviço produzidas em cada um dos centros de custos definidos para o hospital. As expressões de custo unitário associadas a cada um dos centros de custos corresponderão a uma diária hospitalar, a uma taxa de sala cirúrgica, a uma consulta, a um exame, entre outros. O custo dos procedimentos corresponde a uma sequência de cálculos, os quais compreenderão os custos unitários gerados pelos centros de custos combinados com a intensidade dos referidos insumos. A metodologia de apropriação por centro de custos destaca-se pela possibilidade de geração dos custos unitários dos serviços produzidos em departamentos geradores das atividades de atenção final aos pacientes. O cálculo do custo dos procedimentos médico-hospitalares consiste na elaboração do custo dos tratamentos e compreende a integração dos custos unitários com o perfil de conduta média adotada na consecução dos procedimentos. A importância do cálculo do custo dos procedimentos é indiscutível no atual cenário da gestão das instituições de saúde brasileiras. As razões para isso relacionam-se ao modelo de remuneração adotado pelo SUS (fixado um valor para cada procedimento), à crescente discussão sobre a adoção desta metodologia por outras fontes de clientela (convênios, seguros-saúde, autogestão e cooperativas) e à preocupação com a
  • 3. 3 melhoria da produtividade dos insumos utilizados em toda a cadeia produtiva dos serviços de assistência médico-hospitalar. • Custeio baseado em atividade: O instrumento sob a denominação de custeio baseado em atividade Activity Based Costing (ABC) representa uma das mais recentes conquistas da área da gestão de custos e resultados. A descrição dos custos sob a segmentação das atividades e não por itens de custos, como os sistemas tradicionais descrevem, proporciona uma nova visão de análises. O gestor passa a avaliar se a atividade utilizada para a geração dos serviços, sob determinado custeio é compatível com o nível de valor agregado ao produto ou serviço prestado. O registro dos custos da organização é feita através de: - Identificação de atividades e cálculo de seus custos; - Identificação de processos associados a produtos e serviços; - Identificação de atividades associadas a cada processo; - Apropriação dos custos diretos das atividades relacionadas a produtos e serviços; - Estabelecimento do direcionamento de custos; - Apropriação dos custos indiretos conforme o direcionamento. Entende-se aqui que não são os produtos ou serviços que consomem recursos e sim as atividades e ela gera os produtos e serviços. Essa visão consiste em um inquestionável progresso na gestão de uma instituição de saúde. • Custeio direto: Apropria somente os custos diretos associados à geração de produtos e serviços. Uma das formulações de maior significado gerencial encontra-se compreendida através da abordagem de custeio direto, também denominado análise das relações custo-volume-lucro. Esta conceituação propícia um acervo de informações uteis a análise de custos correspondente a avaliação de resultados operacionais, na rapidez e fluência que a tomada de decisão exige. Para a concretização desta formulação, é importante a análise de custos em relação ao nível de atividade operacional. Os custos de um hospital apresentam diferentes comportamentos. Alguns são fixos, ou seja, não se alteram com as modificações do volume, enquanto outros são de natureza variável, ou seja, alteram-se na mesma proporção das flutuações do nível de atividade. O interesse dessa conceituação é propiciar uma clara compreensão das flutuações dos resultados diante das alterações no volume dos serviços do hospital, em razão do comportamento dos custos fixos e variáveis. À medida que os custos se comportam dessa forma, um aumento da receita gera um aumento de lucro, enquanto uma diminuição provoca uma redução do resultado operacional. Com esta classificação de custos, torna-se importante a avaliação dos resultados dos diferentes níveis de atividade, incluindo-se o cálculo do ponto de equilíbrio que é representado pelo volume de serviços em que ocorre a igualdade entre receita e custos: • Custeio por taxas: A precificação de produtos e serviços é feita via aplicação de taxa sobre custos de produção. • Custo por procedimento: O levantamento dos custos é referente aos componentes necessários aos procedimentos médicos realizados. • Custo por patologia: O levantamento dos custos referentes aos procedimentos necessários ao tratamento das doenças. • Custo-padrão: Levantamento dos custos de um conjunto de ações efetivas ao tratamento do paciente. • Conceitos básicos. A coleta e a análise de dados em programas de custos podem fornecer informações de considerável utilidade a serviços de atenção à saúde. Podem informar o montante de recursos necessários à continuidade
  • 4. 4 das atividades. Podem auxiliar na verificação do uso de pessoal na provisão de cuidados à saúde e da eficiência no emprego de insumos. • Despesa ou gasto: A despesa ou gasto é o valor monetário global efetivamente desembolsado para a consecução de determinadas atividade durante um período de referência. • Custo: Refere-se ao valor total dos produtos e serviços consumidos na consecução de determinada atividade durante um período de referencia. Deve-se considerar tanto os valores efetivamente despendidos quanto aqueles relativos a custos de oportunidade dos recursos empregados. • Preço: Constitui o valor monetário unitário de cada item considerado no período de referência. • Gestão de sistemas de custo: Deve-se dispor de informações detalhadas acerca dos insumos necessários à provisão de serviços pelo sistema de saúde em estudo. Outro elemento importante é a existência de um amplo sistema de informações sobre as atividades hospitalares que colete e organize os dados relativos à produção dos serviços da unidade: - O cálculo dos gastos realizados pelo sistema na prestação de serviços aos pacientes deve incluir: - Materiais cirúrgico, laboratoriais, administrativos e medicamento; - Mão de obra necessária às atividades hospitalares: médicos, enfermeiros, auxiliares, pessoal administrativo; - Serviços de apoio, tais como atividades de diagnóstico em exames laboratoriais; - Depreciações de imóveis e equipamentos, instalações, máquinas e equipamentos; - Consumo de energia água, telefone e locação de bens utilizados no setor produtivo. Classificação dos custos: • Custo fixo: corresponde aos itens de custos que permanecem constantes, mesmo que ocorram alterações no volume dos serviços, dentro de uma determinada capacidade de produção. Não variam com a magnitude do resultado. • Custo variável: são os custos que variam à mesma proporção do volume de atendimento do hospital. Variam se houver mudança de magnitude. • Custo total: é a soma dos custos fixos e custos variáveis. • Custos diretos: custos dos recursos efetivamente utilizados nas intervenções e nos programas de saúde. • Podem ser médicos, específicos, estritamente relacionados às ações de saúde necessárias à intervenção ou ao programa, por exemplo, insumos hospitalares e profissionais da saúde. Podem ser não médicos, não específicos. Relacionados ao apoio e à operacionalização da intervenção ou do programa de saúde, por exemplo, infraestrutura e insumos para atividade administrativa. • Custos indiretos: aqueles que incidem indiretamente sobre os indivíduos, as organizações e a sociedade pela participação na intervenção ou no programa, por exemplo, perda produtiva. • Custos intangíveis: associados a aspectos intangíveis de uma intervenção ou de um programa de saúde, por exemplo, dor, ansiedade, etc. Outras definições importantes são: • Receita total: Corresponde à remuneração dos serviços prestados e se altera à medida que ocorrem modificações no nível de atendimento. • Ponto de equilíbrio: É a quantidade ou valor em que a receita total é igual ao custo total. Neste ponto não á lucro nem prejuízo.
  • 5. 5 O comportamento dos custos em fixos e variáveis faz com que o custo total aumente à medida que há uma elevação na quantidade produzida, gerando, em compensação, uma redução no custo unitário, em razão da utilização da mesma estrutura de custos fixos por um maior numero de unidades. Margem de contribuição corresponde à diferença entre o preço de venda e o custo variável. Destina-se à cobertura dos custos fixos e, após o ponto de equilíbrio, à geração do lucro. Através do conceito de margem de contribuição, fica visível que, além da cobertura do custo variável, há a necessidade de cobrir o montante de custos fixos. Estes são cobertos pela margem de contribuição. No ponto de equilíbrio a margem de contribuição é igual ao custo fixo. Abaixo do ponto de equilíbrio a margem de contribuição é insuficiente para cobrir o custo fixo, acarretando o prejuízo. Acima do ponto de equilíbrio, a margem de contribuição cobre o custo fixo e ainda contribui para a geração de lucro. A dificuldade na estimativa dos custos de uma intervenção ou de um programa de saúde é derivada da existência de insumos que são compartilhados pelos diferentes produtos ou serviços. É inegável que as instituições de saúde brasileira encontram-se num ambiente de extrema necessidade de aprimoramento dos padrões conceituais de gestão. Todas as organizações devem de adaptar as novas condições impostas pela presente conjuntura em que os investimentos são crescentes e os níveis de competitividade se acirram e a gestão dos custos pode em muito ajudar a melhoria da qualidade dos serviços. Custos Relacionados ao Tratamento de Feridas Estudos recentes mostram que além das habilidades técnicas que o enfermeiro possa desenvolver para avaliar, diagnosticar e tratar as feridas, principalmente as crônicas, também deve saber avaliar os custos da melhor opção de tratamento e, em tempo cada vez menor. Os custos das feridas crônicas são mais preocupantes, pois são aquelas que não cicatrizam num período de três meses ou demoram anos para fechar. Portanto, representam um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Por isso, há muitos produtos e equipamentos disponíveis para seu tratamento e, isso implica critérios mais rigorosos de seleção e de custos. (TAYLOR et al., 2008) Uma medida importante para evitar custos desnecessários, segundo Gomes (2005) é referente aos principais erros cometidos ao se fazer um curativo, que devem ser evitados durante os procedimentos: • Usar curativo em feridas totalmente cicatrizadas; • Cobrir o curativo com excesso de esparadrapo; • Trocar o curativo em excesso em feridas secas; • Demorar a trocar o curativo de feridas secretantes; • Esquecer-se de fazer as anotações ou não fazê-las corretamente; • Não lavar as mãos entre um curativo e outro; • Conversar durante o procedimento; • Misturar material de um curativo e outro, em um mesmo paciente; • Não fazer desinfecção do carrinho de um curativo para outro. Isto significa que os desperdícios são um enorme desafio na gestão de custos. Muitas instituições utilizam indicadores como ferramentas de gestão para gerar mudanças e benefícios concretos, como é o caso dos indicadores de desperdícios. Conclusão É possível ser mais eficaz com menos recursos, afirmam Cohen & Franco (2004, p. 278), desde que se saiba gastar bem, avaliar as alternativas ou aumentar a racionalidade na tomada de decisões para otimizar a utilização dos recursos disponíveis. Nas análises descritivas de custos dos estudos observados, geralmente não são computadas algumas co- morbidades, sem contar os custos indiretos e intangíveis. Em relação à apuração de custos dos serviços de saúde, Tonon et al. (2008) apontam algumas dificuldades como sendo: a escassez de informações acerca dos valores monetários; a diversidade de fontes de obtenção
  • 6. 6 desses valores; a ausência de tabelas que regulamentem os preços dos serviços em saúde nos diferentes Estados federativos no âmbito público e privado e, o fato de que, muitas vezes, os custos relativos às atividades dos enfermeiros são incluídos no custo da diária do serviço, o que dificulta a identificação do valor estimado desse trabalho. Para facilitar esse processo, pode-se utilizar a tabela de honorários do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), que normatizou os serviços prestados por esta categoria, através da Resolução COFEN-301/2005, que fixou os valores mínimos de atuação desses profissionais, para ter um direcional de custos de mão de obra. Cada Estado brasileiro faz a atualização dos dados regionais da tabela para que não haja defasagem ao custear os recursos humanos. Concluindo, acreditamos que um conjunto de iniciativas estratégicas pode conduzir a melhores resultados de gastos e, torná-los mais aparentes, como é o caso dos custos de feridas, que precisam de maior visibilidade para ser controlados e rastreados. Toda melhoria que ajude a minimizar o custo humano da ferida deve ser implementada. Referências AGMONT, Giuliano. A eclosão da diabesidade. Revista Endocrinologia. Pesquisa Médica, do laboratório à prática clínica, 2012. Disponível em: <http://www.revistapesquisamedica.com.br/PORTAL/textos.asp?codigo=10744>. Acesso em: 03 abr. 2013. BAHIA, Luciana. Os Custos do Diabetes Mellitus. Sociedade Brasileira de Diabetes - SBD, 2012. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/educacao-continuada/491-os-custos-do-diabetes-mellitus>. Acesso em: 12 mar. 2013. BORGES, Fabiane Teixeira. Comissão de Curativos do Hospital Santa Catarina de Blumenau. SC, s.n.t. FERRAZ, Marcos B. Só crescimento econômico e distribuição de renda evitam caos na saúde em 2025. Estudo da Unifesp, 2006. Disponível em: <http://dgi.unifesp.br/sites/comunicacao/index.php?c=Noticia&m=ler&cod=4995e504>. Acesso em: 15 fev. 2013. CLARKE-MOLONEY et al. Changes in leg ulcer management practice following training in an Irish community setting (58kb). Journal of Wound Care, Vol. 17, Iss. 3, 01 Mar 2008, pp 116 - 121. Disponível em: <http://www.journalofwoundcare.com/cgi- bin/go.pl/library/article.cgi?uid=28669;article=JWC_17_3_116_121>. Acesso em: 15 mar., 2013. COHEN, Ernesto; FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. 6. ed. Petrólis, RJ: Vozes, 2004. GAMBA, Mônica A. et al. Amputações de extremidades inferiores por diabetes mellitus: estudo caso- controle. Rev Saúde Pública, 2004;38(3):399-404. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n3/20657.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2013. GOMES, Flávia V. de Lima et al. Manual de Feridas. 3. rev. Goiânia: SSVP/Sta Casa/PUC-Goiás, 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Economia da Saúde: Uma perspectiva Macroeconômica 2000-2005. Estudos & Pesquisas. Informação Econômica n. 9. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/economia_saude/economia_saude.pdf> Acesso em: 12.03.2013. JACQUES, Édison Jacques. Gestão hospitalar: Os custos médicos-assistenciais. São Leopoldo-RS: Unisinos, 2006. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2001. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS. Diabetes. Nota descritiva no. 312. Setembro, 2012. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs312/es/index.html>. Acesso em: 07 abr. 2013. PIMAZONI NETTO, Augusto. Calcule o número de diabéticos na sua cidade. Sociedade Brasileira de Diabéticos - SBD, 2012. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/calculadoras/numero-de-diabeticos>. Acesso em: 07 nov. 2012. PITTA, G.B.B; CASTRO, A.A.; BURIHAN, E. (Eds). Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL, 2003.
  • 7. 7 REIBER, Gayle E. et al. Lower extremityfoot ulcers and amputations in diabetes. Position statement. Screening for diabetes. Journal of American Diabetes Association - ADA. Clinical Practice Recommentations, 2001.Volume 23 Supplement 1. REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE - RIPSA. Gasto com consumo de bens e serviços de saúde como percentual do Produto Interno Bruto (PIB) - E.4 - 2010. Disponível em: <http://www.ripsa.org.br/fichasIDB/record.php?node=e.4&lang=pt&version=ed5>. Acesso em: 03 abr. 2013. SCHOFIELD, Deborah J. et al. The financial vulnerability of individuals with diabetes. British Journal of Diabetes & Vascular Disease. 2010, 10: 300. Disponível em: <http://dvd.sagepub.com/content/10/6/300>. Acesso em: 05 nov. 2012. SPICHLER, E. R. S. et al. Estudo brasileiro de monitorização global de amputações de membros inferiores (MAMI). Paraná: Universidade Federal do Paraná, 2004. Disponível em: <http://ladufpr.tripod.com/main.htm>. Acesso em: 17.03.2013. TAYLOR, T.; KONCAL, S.; GELBARD, W. B. Basics of chronic wound care. Emergency Medicine Reports. Vol. 29, nº 9, 2008, p. 97-109. TONON, Lenita M. et al. Farmacoeconomia: análise de uma perspectiva inovadora na prática clínica da enfermeira. Reflexão teórica. Texto contexto - enferm. vol. 17 no. 1 Florianópolis, Jan./Mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072008000100020&script=sci_arttext>. Acesso em: 01 abr. 2013. WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. World Diabetes Day 2005: Diabetes and Foot Care. 2007. Disponível em: <www.who.int/diabetes/actionnow/wdd2005/en/>. Acesso em: 12 mar. 2013. ZUCCHI, Paola; FERRAZ, Marcos B. (Coords.). Guia de Economia e gestão em saúde. Série Guias de medicina ambulatorial e hospitalar. Barueri, SP: Manole, 2010.