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"Alguém aí tem resposta
Pra pergunta que eu faço?
 Lampião, rei do cangaço
 Foi bandido ou foi herói?
Nem sei se esta é a questão,
   Pois hoje a corrupção
Tem um punhal cangaceiro
  Sem dó e sem piedade,
  Sangrando a dignidade
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O Virgulino moderno
   É bandido refinado:
 Exibe carro importado,
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   A caneta é seu fuzil,
 Com ela assalta o Brasil
Do jeito que sempre quis:
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  Não tem chapéu estrelado,
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Mas constrói o seu caminho
Com muito nome esquisito:
  É fraude, é clientelismo,
 É pilhagem, é nepotismo,
É propina, é malandragem.
  Mas ele não se contenta:
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 A mentira e a rapinagem.
Quando chega a eleição,
  Sendo ele candidato,
 Promete roupa, sapato,
 Dentadura, leite e lote.
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  A sonegar o imposto,
   Ele segura a peteca
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O cangaceiro de hoje
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 Certo da impunidade,
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Já eu roubo mas eu faço!
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    Comparar o Virgulino
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  E com bastante requinte,
  Saqueiam o contribuinte
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 Que andas fazendo agora?
  Chega de tanta demora.
   Sai dessa cova ligeiro,
 Vem retomar teu reinado!
  Anda logo, desgraçado,
Chama teus cabras de fama,
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 Já são muitos excluídos
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 Já se cansou do teu mito,
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 Cuidado com a mangação
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Já tem corrupto espalhando
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  Lampião era amador!"
Créditos:
           Autoria: Carlos Araújo
Música: Pra não dizer que não falei das flores
             ( Geraldo Vandré )
         Formatação: Angela Fazio
          ( angelaf.jf@gmail.com )

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Lampiao rei do cangaco x musica linda de vandre

  • 1.
  • 2. "Alguém aí tem resposta Pra pergunta que eu faço? Lampião, rei do cangaço Foi bandido ou foi herói? Nem sei se esta é a questão, Pois hoje a corrupção Tem um punhal cangaceiro Sem dó e sem piedade, Sangrando a dignidade De quem é bom brasileiro.
  • 3. O Virgulino moderno É bandido refinado: Exibe carro importado, Tem jatinho e muito mais. A caneta é seu fuzil, Com ela assalta o Brasil Do jeito que sempre quis: Feito cupim na madeira, Fazendo uma buraqueira Nas finanças do País.
  • 4. Esse novo Virgulino Não tem chapéu estrelado, Não sabe dançar xaxado, Nem canta Mulher Rendeira. Ele não dorme no mato, Ama o conforto e o bom trato. E não aguenta repuxo: Com seu dinheiro e malícia, Quando foge da polícia, Se esconde em hotel de luxo.
  • 5. Não anda pelas caatingas, Nem cruza moita de espinho, Mas constrói o seu caminho Com muito nome esquisito: É fraude, é clientelismo, É pilhagem, é nepotismo, É propina, é malandragem. Mas ele não se contenta: A tudo isso acrescenta A mentira e a rapinagem.
  • 6. Quando chega a eleição, Sendo ele candidato, Promete roupa, sapato, Dentadura, leite e lote. Se tem amigo disposto A sonegar o imposto, Ele segura a peteca Com uma frase canalha: - Se eu vencer a batalha Eu perdoo essa merreca!
  • 7. No palanque faz de Deus O seu cabo eleitoral, Criando o clima ideal À exploração da fé. Seu discurso é de devoto, Mas sua fé é o voto Da humilde multidão Que, inocente, se dobra: Vira massa de manobra Nas garras do Lampião.
  • 8. O seu instinto perverso É muito sofisticado: Ele mata no atacado, Quando desvia milhões Em cada cheque que assina. O bandoleiro assassina Gente em escala brutal De onde vem a matança? Da falta de segurança, De médico, hospital...
  • 9. É direito da criança Ensino de qualidade, Mas dessa realidade Pouca criança desfruta. E quanto ao saneamento, Não existe investimento Neste importante setor, Porque o nosso dinheiro Vai parar no estrangeiro, Na conta do malfeitor.
  • 10. O cangaceiro de hoje Tem site na Internet E grava até em disquete Os seus planos de ação. Certo da impunidade, Ele se sente à vontade Pra dizer sem embaraço, Justificando a orgia: - Lampião nada fazia Já eu roubo mas eu faço!
  • 11. Penso até ser injustiça Comparar o Virgulino Lá do sertão nordestino Com esses cabras de hoje. Pois de uma coisa estou certo: Lampião nem chega perto Desses que, de forma vil E com bastante requinte, Saqueiam o contribuinte Que ainda crê no Brasil
  • 12. Ah, capitão Virgulino, Que andas fazendo agora? Chega de tanta demora. Sai dessa cova ligeiro, Vem retomar teu reinado! Anda logo, desgraçado, Chama teus cabras de fama, Traz Corisco e Ventania, Quinta-Feira e Pontaria, Tira o país dessa lama!
  • 13. Chama Dadá, traz Maria, Pra te dar inspiração, Traz Canário e Azulão. Onde andam Moita Brava, Jararaca e Zé Sereno, Que provaram do veneno Da refrega sertaneja? E Bem-Te-Vi, bom de briga, Cantando a mesma cantiga, Não vai fugir da peleja.
  • 14. Não esquece Volta Seca, Sabonete e Jitirana, Que viravam caninana, Nos instantes de combate. Chama também Zé Baiano, Pois entra ano e sai ano E a coisa fica mais feia. Já são muitos excluídos E a culpa é de bandidos Que precisam levar peia!
  • 15. Anda logo, que o Brasil Já se cansou do teu mito, Ouve o apelo e o grito Do povo deste país. Mas cuidado, Capitão, Cuidado com a mangação Que pode ser um horror. Já tem corrupto espalhando Que, em formação de bando, Lampião era amador!"
  • 16. Créditos: Autoria: Carlos Araújo Música: Pra não dizer que não falei das flores ( Geraldo Vandré ) Formatação: Angela Fazio ( angelaf.jf@gmail.com )