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IV MAIS SEGURO
Longevidade
e cyber
segurança
destacam-se
como desafios
futuros
O mercado de seguros Cyber
pode crescer até 30% nos próxi-
mos anos e é um dos desafios da
indústria, afirma Paula Rios, ad-
ministradora da MDS. Ana Mota,
diretora da mesma empresa, des-
taca como grande desafio futuro
do setor, a longevidade e o custo
associado.
Paula Rios - Os riscos emergen-
tes são um tema do momento e
um tema do futuro?
Os riscos emergentes são riscos
novos, que já no presente se
suspeita que possam vir a cons-
tituir riscos com relevância
para o setor segurador num fu-
turo próximo, pelo que diria
que são ambas as coisas: um
tema do momento porque exis-
tem indícios que nos fazem ob-
servá-los e estudá-los para uma
melhor perceção do que pode-
rão vir a implicar para o setor;
se se concretizarem essas sus-
peitas, serão efetivamente os
riscos do futuro.
PR - Como irá responder a in-
dústria ao risco da cibersegu-
rança? As companhias estão
suficientemente documenta-
das para responderem ao
tema?
O setor segurador tem sabido
responder com inovação aos no-
vos desafios que têm surgido e
este caso não é diferente. Existe
já considerável experiência de
subscrição destes riscos nos
EUA e também no mercado de
Londres. Também já vários ope-
radores disponibilizam estes
produtos no nosso mercado.
Existe uma oferta variada, com
produtos que garantem respon-
sabilidades perante terceiros,
danos próprios e um leque de
serviços ligados aos sinistros,
como de gestão de imagem, ho-
norários de peritos e advoga-
dos, etc. À medida que o merca-
do se for alargando e as segura-
doras adquirirem mais expe-
riência, irão certamente adap-
tando os seus produtos às novas
necessidades que forem surgin-
do. O mercado de seguros Cyber
é hoje um mercado em grande
desenvolvimento e cujo cresci-
mento se prevê que seja entre
25 e 30% nos próximos anos.
PR - A par dos riscos cibernéti-
cos e ambientais, que outros
grandes riscos poderão surgir
no médio prazo?
O risco Cyber é provavelmente
um dos maiores riscos que o se-
tor terá de gerir nos próximos
anos e que irá afectar pessoas e
empresas, implicando a necessi-
dade de uma grande conscien-
cialização para a cibersegurança.
Todos os riscos ligados ao am-
biente e às alterações climáticas
terão também uma enorme rele-
vância, com efeitos a variadíssi-
mos níveis, desde a agricultura
às catástrofes naturais, que se
afirmam com maior frequência
e severidade. A par destes – que
já nem designaria como emer-
gentes – e dos geopolíticos, pos-
so referir, a título de curiosida-
de, alguns dos que na MDS te-
mos vindo a acompanhar há já
algum tempo, como os riscos li-
gados aos campos electromagné-
ticos (as radiações emitidas pelos
telemóveis), os organismos ge-
neticamente modificados, a na-
notecnologia, o “fracking” (fra-
turação hidráulica efetuada com
vista à obtenção de gás natural, e
que poderá causar atividade sís-
mica), as tempestades solares
(que podem provocar “apagões
em grandes cidades com graves
consequências), as bactérias re-
sistentes aos antibióticos…e po-
deria continuar, é uma lista algo
extensa. Em alguns dos casos
O cenário futuro da indústria seguradora, analisado
ao detalhe pela MDS, identifica os grandes desafios
e os potenciais riscos a enfrentar.
ENTREVISTA Paula Rios
Administradora da MDS
que referi, são riscos que afetam
os seguros de pessoas, e noutros
os seguros de responsabilidade
ou patrimoniais e o que se passa
é que, sendo riscos desconheci-
dos até há pouco tempo, pode-
rão ter um impacto totalmente
imprevisto nos contratos de se-
guro já existentes.
PR - Os riscos políticos e sociais
são tema para a indústria?
Certamente. Este conceito em
sentido amplo abrange varia-
dos riscos, desde os riscos de
terrorismo e riscos “políticos”
propriamente ditos até aos cha-
mados riscos sociais, como os
de greves, tumultos e altera-
ções da ordem pública. Estes úl-
timos, por exemplo, são riscos
que em Portugal estão habitual-
mente cobertos pelas apólices
de multirriscos. Já os riscos po-
líticos, que garantem, por
exemplo, o risco de confisco de
bens por um governo de um
país estrangeiro (como ocorreu
na Venezuela, por exemplo)
têm de ser objeto de um contra-
to específico, assim como os de
terrorismo ou violência. A subs-
crição dos seguros de terroris-
mo alterou-se radicalmente
após o “11 de Setembro”, já que
se tratava de uma cobertura
também normalmente incluída
nas apólices de seguros patri-
moniais muitas vezes sem um
custo adicional. A partir do “11
de Setembro” o risco alterou-se
de forma radical e o mercado
segurador refletiu esse agrava-
mento, naturalmente.
PR - A tendência futura é para a
existência de grandes consórcios
da indústria seguradora por for-
ma a diluir riscos?
O setor segurador há muito que já
dilui os riscos através de mecanis-
mos como o co-seguro (em que
um risco é repartido por várias se-
guradoras, sendo uma a líder do
contrato), do resseguro (o chama-
do “seguro do seguro”, em que
uma seguradora transfere parte
dos riscos assumidos para um res-
segurador) e da retrocessão
(transferência de parte dos riscos
assumidos pelo ressegurador
para outros resseguradores), pelo
que a concentração do sector se
prende mais com necessidades
de escala para fazer face a cres-
centes necessidades: algumas de-
correntes do novo regime de Sol-
vência II como de capital, repor-
te, governance e competências,
mas também outras ligadas ao
investimento tecnológico e à so-
fisticação de modelos de negó-
cio, que fazem com que a dimen-
são seja muito relevante. ■
O mercado de
seguros Cyber é
hoje um mercado
em grande
desenvolvimento
e cujo crescimento
se prevê que seja
entre 25 e 30%
nos próximos anos
Entrevista MDS Jornal Económico | Longevidade e cyber segurança destacam-se como desafios futuros

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  • 1. IV MAIS SEGURO Longevidade e cyber segurança destacam-se como desafios futuros O mercado de seguros Cyber pode crescer até 30% nos próxi- mos anos e é um dos desafios da indústria, afirma Paula Rios, ad- ministradora da MDS. Ana Mota, diretora da mesma empresa, des- taca como grande desafio futuro do setor, a longevidade e o custo associado. Paula Rios - Os riscos emergen- tes são um tema do momento e um tema do futuro? Os riscos emergentes são riscos novos, que já no presente se suspeita que possam vir a cons- tituir riscos com relevância para o setor segurador num fu- turo próximo, pelo que diria que são ambas as coisas: um tema do momento porque exis- tem indícios que nos fazem ob- servá-los e estudá-los para uma melhor perceção do que pode- rão vir a implicar para o setor; se se concretizarem essas sus- peitas, serão efetivamente os riscos do futuro. PR - Como irá responder a in- dústria ao risco da cibersegu- rança? As companhias estão suficientemente documenta- das para responderem ao tema? O setor segurador tem sabido responder com inovação aos no- vos desafios que têm surgido e este caso não é diferente. Existe já considerável experiência de subscrição destes riscos nos EUA e também no mercado de Londres. Também já vários ope- radores disponibilizam estes produtos no nosso mercado. Existe uma oferta variada, com produtos que garantem respon- sabilidades perante terceiros, danos próprios e um leque de serviços ligados aos sinistros, como de gestão de imagem, ho- norários de peritos e advoga- dos, etc. À medida que o merca- do se for alargando e as segura- doras adquirirem mais expe- riência, irão certamente adap- tando os seus produtos às novas necessidades que forem surgin- do. O mercado de seguros Cyber é hoje um mercado em grande desenvolvimento e cujo cresci- mento se prevê que seja entre 25 e 30% nos próximos anos. PR - A par dos riscos cibernéti- cos e ambientais, que outros grandes riscos poderão surgir no médio prazo? O risco Cyber é provavelmente um dos maiores riscos que o se- tor terá de gerir nos próximos anos e que irá afectar pessoas e empresas, implicando a necessi- dade de uma grande conscien- cialização para a cibersegurança. Todos os riscos ligados ao am- biente e às alterações climáticas terão também uma enorme rele- vância, com efeitos a variadíssi- mos níveis, desde a agricultura às catástrofes naturais, que se afirmam com maior frequência e severidade. A par destes – que já nem designaria como emer- gentes – e dos geopolíticos, pos- so referir, a título de curiosida- de, alguns dos que na MDS te- mos vindo a acompanhar há já algum tempo, como os riscos li- gados aos campos electromagné- ticos (as radiações emitidas pelos telemóveis), os organismos ge- neticamente modificados, a na- notecnologia, o “fracking” (fra- turação hidráulica efetuada com vista à obtenção de gás natural, e que poderá causar atividade sís- mica), as tempestades solares (que podem provocar “apagões em grandes cidades com graves consequências), as bactérias re- sistentes aos antibióticos…e po- deria continuar, é uma lista algo extensa. Em alguns dos casos O cenário futuro da indústria seguradora, analisado ao detalhe pela MDS, identifica os grandes desafios e os potenciais riscos a enfrentar. ENTREVISTA Paula Rios Administradora da MDS que referi, são riscos que afetam os seguros de pessoas, e noutros os seguros de responsabilidade ou patrimoniais e o que se passa é que, sendo riscos desconheci- dos até há pouco tempo, pode- rão ter um impacto totalmente imprevisto nos contratos de se- guro já existentes. PR - Os riscos políticos e sociais são tema para a indústria? Certamente. Este conceito em sentido amplo abrange varia- dos riscos, desde os riscos de terrorismo e riscos “políticos” propriamente ditos até aos cha- mados riscos sociais, como os de greves, tumultos e altera- ções da ordem pública. Estes úl- timos, por exemplo, são riscos que em Portugal estão habitual- mente cobertos pelas apólices de multirriscos. Já os riscos po- líticos, que garantem, por exemplo, o risco de confisco de bens por um governo de um país estrangeiro (como ocorreu na Venezuela, por exemplo) têm de ser objeto de um contra- to específico, assim como os de terrorismo ou violência. A subs- crição dos seguros de terroris- mo alterou-se radicalmente após o “11 de Setembro”, já que se tratava de uma cobertura também normalmente incluída nas apólices de seguros patri- moniais muitas vezes sem um custo adicional. A partir do “11 de Setembro” o risco alterou-se de forma radical e o mercado segurador refletiu esse agrava- mento, naturalmente. PR - A tendência futura é para a existência de grandes consórcios da indústria seguradora por for- ma a diluir riscos? O setor segurador há muito que já dilui os riscos através de mecanis- mos como o co-seguro (em que um risco é repartido por várias se- guradoras, sendo uma a líder do contrato), do resseguro (o chama- do “seguro do seguro”, em que uma seguradora transfere parte dos riscos assumidos para um res- segurador) e da retrocessão (transferência de parte dos riscos assumidos pelo ressegurador para outros resseguradores), pelo que a concentração do sector se prende mais com necessidades de escala para fazer face a cres- centes necessidades: algumas de- correntes do novo regime de Sol- vência II como de capital, repor- te, governance e competências, mas também outras ligadas ao investimento tecnológico e à so- fisticação de modelos de negó- cio, que fazem com que a dimen- são seja muito relevante. ■ O mercado de seguros Cyber é hoje um mercado em grande desenvolvimento e cujo crescimento se prevê que seja entre 25 e 30% nos próximos anos