Inaugurado primeiro laboratório para criar órgãos bioartificiais
1. Inaugurado primeiro laboratório para criar
órgãos bioartificiais
2010-11-03
Órgãos vão ser criados a partir de células mãe do receptor
Espanha inaugurou ontem, em Madrid, o primeiro laboratório do mundo para a
criação de órgãos bioartificiais com células mãe adultas, com que se pretende,
entre cinco a dez anos, “ressuscitar” um coração e implantá-lo num ser
humano.
Neste laboratório, localizado no hospital madrileno Gregorio Marañón, haverá
um banco de órgãos destinados a criar novos órgãos, como corações, fígados,
rins e pele, que serão implantados com células mãe do próprio doente receptor,
explicou o chefe do serviço de cardiologia do hospital, Francisco Fernández-
Avilés.
A iniciativa faz parte do projecto SABIO (Scaffolds and Bioartificial Organs for
Transplantation, na sigla em inglês), em que intervém o hospital Gregorio
Marañón, o Ministério da Ciência e Inovação espanhol, a Universidade do
Minnesota (Estados Unidos) e a Organização de Transplantes espanhola, que
fornecerá os órgãos não aproveitáveis para transplantes (40 por cento do total
de doações), que servirão de matriz.
Pelo facto de estes órgãos bioartificiais serem criados à medida, ou seja com células do
paciente receptor, os médicos esperam que os doentes não rejeitem o órgão colocado no
seu corpo e que não o reconheçam como estranho.
Resolução de problema sanitário
De acordo com Fernández-Avilés, este sistema permitirá resolver um “importante
problema sanitário”, como é a escassez de órgãos dados para transplantes, e
significará um grande avanço para que os doentes que recebem os transplantes aceitem
os novos órgãos e se curem.
2. O procedimento de criação de órgãos novos consiste na eliminação de todo o seu
conteúdo celular, o que permite obter uma matriz tridimensional. Posteriormente,
espalham-se as células mãe adultas na matriz, que induz e guia a proliferação, a
distribuição e a especialização destas, fazendo com que o órgão volte a funcionar.
Células provêm da unidade de produção celular do hospital Gregorio Marañon
Todas as células provêm da unidade de produção celular do hospital Gregorio
Marañon, o primeiro em Espanha a conseguir a acreditação para as produzir a
partir de matéria gorda ou de medula óssea, por parte da Agência Espanhola
de Medicamentos e Produtos Sanitários.
Este processo já funcionou em animais pequenos, explicou a directora do
Centro de Reparação Cardíaca da Universidade do Minnesota, Doris Taylor,
que conseguiu eliminar todas as células do coração de um rato morto e
repovoá-lo de células mãe adultas, obtendo um novo órgão com todas as
suas estruturas e capaz de gerar uma palpitação cardíaca eficaz.
Os cardiologistas que trabalham neste processo conseguiram eliminar as
células e o tecido de oito corações, utilizando substâncias “purificadoras”
que se administram através das artérias coronárias e convertem o órgão
original numa matriz sem células.
ADAPTADO Ciência Hoje