As frutas exóticas e finas estão ganhando espaço nos supermercados e na mesa dos brasileiros. Novas tecnologias permitiram o desenvolvimento de produtos como uvas e tangerinas sem sementes e kiwis que podem ser comidos com colher. A procura por essas frutas na Ceasa Campinas aumentou entre 20% a 30%.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Frutas exóticas correio popular
1. Frutas exóticas ganham a mesa
CARDÁPIO ||| MUDANÇAS
Adriana Leite
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
aleite@rac.com.br
As gôndolas dos supermerca-
dos e varejões estão ganhan-
do cada dia mais alimentos
que antes os brasileiros nem
imaginavam colocar no car-
dápio. Novas tecnologias no
campo e mudanças de hábi-
tos dos consumidores colo-
cam na mesa dos brasileiros
novidades como uvas e tange-
rinas sem sementes; kiwi que
se come com colher; moran-
gos imensos que parecem
sair de filmes de Hollywood.
Os comerciantes do mercado
de hortifrutigranjeiros da
Centrais de Abastecimento
de Campinas S/A (Ceasa) co-
memoram o crescimento de
20% a 30% na procura por
frutas exóticas ou finas. Da-
dos do governo federal apon-
tam que neste ano a produ-
ção de frutas no País deve
chegar a 44 milhões de tone-
ladas.
Com a chegada da Prima-
vera, o consumo de hortifruti-
granjeiros cresce. Como a es-
cala de vendas ainda está em
expansão, o custo é um pou-
co mais “salgado” do que de
produtos mais tradicionais.
Só que o prazer de comer um
alimento diferente e a busca
por comidas mais saudáveis
estimulam as compras.
Quem anda pela Ceasa
Campinas encontra várias no-
vidades. O engenheiro agrô-
nomo do Departamento de
Hortifrutigranjeiros da Cea-
sa, Ricardo de Oliveira Mu-
nhoz, conta que o mercado
hoje oferece opções para dife-
rentes gostos. Ele ressalta
que a tecnologia no campo
auxilia os produtores desen-
volverem produtos que se ali-
nham à demanda. “A tendên-
cia é que o mercado se adap-
te às novas tendências de
consumo. As famílias estão
menores e já existem linhas
de alimentos pequenos que
atendem essa necessidade”,
observa.
Ele destaca ainda que a
tecnologia no campo dá su-
porte ao desenvolvimento de
novos produtos. “Um ótimo
exemplo é o abacaxi gomo de
mel que foi desenvolvido pe-
lo Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), e que tem
características que atendem
demandas de mercado como
ser mais doce e ser comido
em gomos. A Embrapa criou
a uva Vitória, que é mais es-
cura, doce e sem semente.”
Comodidade
O agrônomo aponta que
uma tendência nas frutas é a
comercialização de produtos
sem sementes. “Outra uva
sem semente que ganha mer-
cado é a Nubia. Ela também
foi desenvolvida pela Embra-
pa. A uva é escura e grande.”
O Vale do Rio São Francis-
co, na região Nordeste, se
transformou em uma das
áreas de plantio de uvas finas
que chegam à mesa dos cam-
pineiros. Mais uma uva que
saí de lá e é comercializada
aqui é a Sable. “Também
sem semente, a fruta tem ori-
gem na Califórnia (EUA),
mas já é cultivada no Brasil.”
Para quem gosta de kiwi,
um produto que está crescen-
do as vendas é o Gold. “Tem
uma polpa amarela e é muito
doce. Ele tem origem na No-
va Zelândia. Não é necessá-
rio descascar a fruta. O consu-
midor pode cortá-lo ao meio
e comer com uma colher”,
afirma Munhoz.
O agrônomo comenta que
no mercado de hortifrutigran-
jeiros chegou recentemente
o melão Meluna. “O melão é
pequeno e tem polpa laran-
ja”, detalha. Ele observa que
o consumidor que gosta de
morango encontra agora um
produto grande e crocante
que normalmente é usado pa-
ra fazer fondue. “Esses mo-
rangos são produzidos no Es-
pírito Santo. São grandes e
doces”, afirma. As frutas re-
gionais também têm espaço.
Na lista estão produtos como
mangostin e atemoia.
Atacadistas apostam nas
novidades. O gerente da King
Fruit, Michel Ramon de Ca-
margo, afirma que existe um
mercado em expansão pelas
frutas finas e as exóticas. “O
crescimento médio anual das
vendas dessas frutas é de
20% a 30%. Nós vendemos
para os varejistas, como fei-
rantes, mercados, hortifrutis
e grandes redes.” O vendedor
da DeMarchi, Paulo Sérgio
Palma, comenta que a busca
por produtos sem semente,
como uvas e melancias, au-
mentou nos últimos anos.
Ele também cita o morango
premium. “As pessoas gos-
tam de comodidade.”
A empresária Maria Célia
Lima afirma que o mercado
hoje oferece uma gama imen-
sa de produtos que atendem
necessidades como tamanho
adequado para quem mora
sozinho, até quem busca por
alimentação orgânica. “Hoje
encontramos frutas de outras
regiões do País, de outros paí-
ses ou que passaram por me-
lhoramento genético.”
Michel Camargo, da King Fruit, com frutas finas e exóticas: crescimento anual das vendas para o varejo
Na Ceasa Campinas, produtos viabilizados por novas tecnologias, que atendem um público cada vez maior
Produtos encontrados no
mercado de hortifrutigranjeiros
da Ceasa:
Kiwi gold - preço no atacado de
R$ 90,00, caixa com cinco
quilos
Melão Meluna - preço no
atacado de R$ 28,00, caixa com
seis quilos
Melão andino - preço no
atacado de R$ 45,00, caixa com
quatro bandejas (6 unidades)
Uva Vitória - preço no atacado
de R$ 48,00, caixa com dez
embalagens
Morango Premium (crocantes)
- preço no atacado de R$ 13,00,
caixa com quatro embalagens
Fonte: Permissionários Ceasa Campinas
Produtos viabilizados por novas tecnologias caem no gosto da população e mudam hábitos alimentares
Fotos: César Rodrigues/AAN
Na Ceasa Campinas,
procura registra alta
entre 20% e 30%
SAIBA MAIS
CORREIO POPULAR A7CIDADES Campinas, domingo, 24 de setembro de 2017
A7