O poema descreve as três tias de Célia e Zélia - Tia Celina, Tia Zelina e Tia Lucélia. Cada tia tem uma personalidade diferente: Tia Celina é emperiquitada, Tia Zelina é levada e sapeca, e Tia Lucélia gosta de contar histórias malucas.
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
As três irmãs e as três tias
1. Luís Camargo
Ilustrações
Elisabeth Teixeira
e o ventilador
O cata-vento
“Logo em seu título,O cata-vento e o ventilador põe
em cena um dos motivos mais recorrentes nos
versos de Luís Camargo: o movimento. O ventilador
girou o vento e o vento girou o cata-vento...
Talvez possamos tomar essa imagem tão bonita
para simbolizar o que faz o poeta. A poesia areja,
ventila, sacode, faz rodopiar. Brisa ou ventania, o
poema areja a linguagem. Areja nos sentidos que
constrói e areja em sua materialidade, isto é, na
sonoridade da voz que fala, na visualidade dos
traços da escrita.”
Marisa Lajolo
9 7 8 8 5 9 6 0 1 6 0 3 2
ISBN 978-85-96-01603-2
9010302000003
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5. e o ventilador
O cata-vento
3ª
. edição
São Paulo – 2018
Luís Camargo
Ilustrações
Elisabeth Teixeira
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7. CONVITE À LEITURA
Olá, leitor.
O cata-vento e o ventilador é um livro de poesia. Mas o
que é poesia? Poesia ou poema é um tipo de texto que brinca
com as palavras.
O poeta (pessoa que cria poemas) brinca com as
palavras principalmente de três modos: primeiro, por meio
da sonoridade, por exemplo, aproximando palavras com final
e começo parecido (como cata-vento e ventilador), repetindo
determinados sons, como a consoante V no poema “Vento”,
ou empregando onomatopeias, como as que aparecem no
poema “Em família”. Segundo, por meio das imagens que as
palavras sugerem, como nesta paisagem noturna: “A / lua /
está / no / céu. // A / lua / está / no / mar:”. Em terceiro lugar,
o poeta brinca com o significado das palavras. Note como o
autor provoca uma visão nova, inusitada, sobre o número
1008 no poema “Mil e oito”.
Como você pode ler no texto “Quem é Luís Camargo”,
no final do livro, desde criança o escritor é fascinado pelos
aspectos visuais da poesia. Preste atenção no desenho, no
tamanho e nas cores das letras.
Leia os poemas quantas vezes quiser.
Decore, declame para seus amigos e parentes.
Cante, dance...
Depois da leitura, a criatividade é toda sua!
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8. PALAVRAS AO VENTO
por Marisa Lajolo
EM FAMÍLIA 11
AS TRÊS IRMÃS 12
AS TRÊS TIAS 15
A ÁRVORE das CHUPETAS 16
IMPREVISTO 19
O CANTO do ALEXANDRE 20
ESCOVA de DENTE 22
VENTO 24
VILA VELHA 27
O CATA-VENTO e o VENTILADOR 2
CHUCHU 31
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9. BOTÃO 32
EM CIMA, EMBAIXO 35
GOTAS de CHUVA 36
CINCO e MEIA 39
LUA e MAR 40
UMA FLOR 42
UMA ESTRELA 43
MIL e OITO 44
QUEM É LUÍS CAMARGO 46
QUEM É ELISABETH TEIXEIRA 47
INFORMAÇÕES PARATEXTUAIS 48
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10. 8
PALAVRAS AO VENTO
Marisa Lajolo
Esta edição dá novo fôlego a obra vencedora de um Prêmio
Jabuti em 1986. O cata-vento e o ventilador traz dezoito belos
poemas que se espelham e espalham (literalmente!) pelas suas
páginas.
Seus temas são variados e divertidos. Ficam sempre muito
próximos de todos nós. Assuntos modestos e cotidianos como uma
flor, um chuchu, gotas de chuva, um galo, um botão de camisa.
Animais e plantas cruzam as páginas com três irmãs e três tias, e
se encontram logo adiante com objetos tão incomuns em poemas,
como uma escova de dente ou uma árvore das chupetas.
Nessa alternância entre o perto e o longe, inscreve-se a função
maior da arte: distanciar o que costuma ser próximo e aproximar o
que no dia a dia é distante. Ou seja, é próprio da arte – de todas elas
– renovar os olhos com que vemos o mundo a nossa volta.
Logo em seu título, O cata-vento e o ventilador põe em cena
um dos motivos mais recorrentes nos versos de Luís Camargo: o
movimento. O ventilador girou o vento e o vento girou o cata-vento...
Talvez possamos tomar essa imagem tão bonita para
simbolizar o que faz o poeta. A poesia areja, ventila, sacode, faz
rodopiar. Brisa ou ventania, o poema areja a linguagem. Areja
nos sentidos que constrói e areja em sua materialidade, isto é, na
sonoridade da voz que fala, na visualidade dos traços da escrita.
Com as diferentes cores, talhes e tamanhos de letra a que
recorre, com o negrito e o itálico que realçam algumas palavras, com
o alinhamento sinuoso de certas passagens, este livro é uma festa
para os olhos.
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11. 9
Ao impacto e efeitos de sentido dessa dimensão plástica das
letras que compõem o livro, soma-se a beleza das ilustrações.
Cores discretas, figuras definidas, delicadeza e humor marcam
a arte com que Elizabeth Teixeira ilustra estes poemas. A parceria
do texto verbal com o visual expressa-se ainda no projeto gráfico:
alguns poemas invadem o desenho que colore páginas duplas,
enquanto versos escorrem, quase na vertical, pelas folhas.
Além disso, O cata-vento e o ventilador é também festa para
os ouvidos. Rimas inesperadas, repetição de sons idênticos ou
parecidos no interior de suas linhas, reiteração de palavras entre
versos conferem extraordinária sonoridade às cenas e às situações
que os poemas criam. Em outro plano, a sonoridade se insinua nos
diálogos discretos de uma voz que fala com o leitor. Ou ainda na
sugestão de uma entonação de leitura que deixa no ar, em suspenso,
a incompletude sinalizada pelas reticências ou pela generalização
de um “etc.”.
Ou seja, o livro dialoga, olho no olho, ombro a ombro, com a
melhor tradição poética.
Particularmente em “O canto do Alexandre”, a sintonia entre o
visual, o som e o sentido ganha amplitude máxima. Sua construção
vale-se do princípio estrutural da carta enigmática: justaposição
de palavras e imagens para produção de mensagens. É com tais
elementos que o poema constrói uma história da conquista da
liberdade do artista.
Liberdade que se estende ao leitor de poemas belos como
estes de Luís Camargo.
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13. 11
EM FAMÍLIA
Na Escola das Nuvens não vai ninguém
– porque não existe Escola das Nuvens.
As nuvens aprendem tudo em casa.
Mamãe-nuvem ensina como se faz chuva.
Papai-nuvem ensina como se faz uma chuva
DAQUELAS BEM FORTES.
Mamãe-nuvem faz assim:
Ca ta trá! Ca ta ta trá!
Papai-nuvem faz assim:
CA TA TRÃO! CATA TA TRÃO!
E o filhinho-nuvem faz assim:
Ca ta trim!
Ca ta ta trim!
e
cai
um
pinguinho
pequenininho
assim
que
faz
pim
pilim
pimpim!...
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14. 12
AS TRÊS IRMÃS
Lúcia, Luísa e Luzia são irmãs.
Mas não são iguais, iguaizinhas
como azulejos de cozinha.
Não são iguais
nem por fora
nem por dentro.
Cada uma brinca do seu jeito:
Lúcia brinca descalça,
Luísa brinca de sandália e
Luzia de meia furada.
Luzia, Lúcia e Luísa
não fazem a mesma coisa
ao mesmo tempo
como os vidros da janela da cozinha, não.
Outro dia, por exemplo,
Luzia estava desenhando um bicho,
Luísa estava lendo uma história de bruxa e
Lúcia estava pegando uma bucha
para tomar banho.
Por falar nisso,
Lúcia, Luísa e Luzia não se parecem
nem um pouco
com seu Aloísio e dona Heloísa.
A quem será que elas puxaram?
Vovô Lúcio, vovó Luciana,
vovô Luís, vovó Ana Luísa?...
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17. 15
AS TRÊS TIAS
A casa de Célia e Zélia
tem um jardim de azaleias.
Célia acha engraçado
quando chega tia Celina
toda E M P E R I Q U I T A D A
e diz
com jeito de anúncio de macarrão
no meio da novela das seis:
– Mas que azaleias mais lindas!
Zélia acha gostoso
quando chega tia Zelina,
levada, sapeca como uma menina,
trazendo no seu fusca verde-alface
uma tina de geleia
(ou será gelatina?).
Célia e Zélia riem solto,
quando chega tia Lucélia,
senta na grama
e conta uma história
bem maluca,
inventada na hora:
“A azaleia azul da casa voadora”.
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18. 16
A ÁRVORE das CHUPETAS
Em algum lugar,
existe uma árvore das chupetas
onde as crianças penduram as chupetas
que não vão usar mais.
Os maiores dizem:
– Eu não uso mais chupeta,
olha a minha lá!
E os pequenos:
– Eu vou conseguir!
A árvore diz:
– Quando você puder,
quando você quiser,
quando você não precisar mais,
pode deixar aqui a sua chupeta.
Pode escolher o galho.
E, quando você vencer o medo,
a vergonha e o ciúme,
pode vir pendurar também.
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