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março+Mo­n et+ 63
por José Gabriel Navarro fotos Renato Parada
Em
forma para o
Saia Justa
Barbara Gancia chega ao programa com hábitos mais saudáveis,
postura autocrítica, mas promete não deixar de lado a fina ironia, o
bom humor, opiniões fortes e as revelações surpreendentes
fotos:jorgebispo/divulgação
6 4 +Mo­net+março março+ Mo­ne t+ 65
Elaébárbara– A nova integrante do
programa Saia Justa posa em sua casa com o seu
companheirão canino e fiel Ziggy Stardust, batizado
em homenagem a uma cria de David Bowie e não
de Bob Marley, como sempre confundem
Ao longo desse pe-
ríodo, 12 artistas e
intelectuais se reve-
zaram no Saia Justa,
reforçadas por quatro
homens no ano passado, sempre sob o
comando da jornalista Mônica Wald-
vogel. A fórmula de sucesso do pro-
grama até evoluiu, mas cansou. Para
renovar, nesta 12ª temporada elas vol-
tam a ter controle total sobre o debate,
aditivado com boa dose de novidades.
Das novas protagonistas, a jornalista
Barbara Gancia é a única de fora do
Rio de Janeiro.
“Não sei por que demorei tanto tem-
po para ser chamada por eles. Seria
uma escolha natural”, diz ela, que es-
treou na TV por assinatura pelo pró-
prio GNT, ainda nos primórdios do
canal, no início dos anos 1990, com o
programa São Paulo/Brasil, ao lado dos
colegas de profissão Bob Fernandes e
Roberto Muylaert. E dispara: “Todo
mundo que quer aprender alguma coi-
sa sobre mulher inteligente e tesuda vê
o Saia Justa. E eu tenho certeza de que
fui chamada por ser extremamente te-
suda. Sou um exemplo de mulher gos-
tosa que está indo lá para contribuir
com as minhas curvas”.
Esse humor, que permeia as colunas
na Folha de S.Paulo e na rádio Band
News FM, vem com naturalidade nas
falas da jornalista, e também ajuda a
definir a tônica que Barbara deve as-
sumir na tela. Ela recebeu a equipe da
MONET (repórter, fotógrafo e assis-
tente) em sua casa no Itaim Paulista,
bairro nobre da zona oeste paulistana,
sem poupar ninguém da peculiar aci-
dez. Nem a empregada, Cláudia, nem
o dachshund de pêlo duro, Ziggy Star-
dust — que faz questão de diferen-
ciar de Ziggy Marley, um dos vários
filhos de Bob Marley —, nem, claro,
ela mesma. Chegou com as vestes
despretensiosas de quem acabara de
passar por uma sessão de massagem
e, depois de se produzir por cerca de
40 minutos para ser clicada, começou
a falar da nova mulher que alimenta o
vigor cômico de sempre.
“Hoje em dia, se eu aparecer aqui,
ao natural, vocês sairão todos corren-
do”, conta. “Eu nunca chegava atra-
sada. Levava 20 minutos para ficar
pronta; hoje levo o dobro, então tenho
que me antecipar. Na minha idade,
55 anos, você tem que se resguardar,
ter outra atitude.” De cara, também
se nota emagrecimento radical. Ela
parou de fumar e de beber, após déca-
das de alcoolismo. “Eu era uma pessoa
completamente porra-louca”, afirma.
“Se você não quer morrer, a esta altura
da vida — a maioria dos meus amigos
de balada está morrendo ou enfrentan-
do sérios problemas —, ou você toma
jeito, se conscientiza, ou você morre.
Resolvi enfrentar a parada.”
A reviravolta na saúde é, decerto,
o mais recente contraste avistado em
Barbara, mas não o único. Ela pratica-
mente coleciona diferenciais. Exem-
plo: é descendente direta de italianos,
mas não torce pelos times criados por
essa comunidade em São Paulo (Juven-
tus e Palmeiras), mas sim pelo Santos.
“Não consigo ser apresentada ao Pelé
até hoje. As pessoas tentam e eu co-
meço a chorar.” Por seis anos esteve
à frente de um programa sobre espor-
tes com Silvio Luiz, em que trataram
de skate a pulgas amestradas, porém,
ela teve a imagem colada no futebol,
quando, na verdade, prefere muito
mais tênis, golfe e automobilismo, que
está no sangue (o pai, Piero, trouxe a
Fórmula 1 de volta à capital paulista
no fim dos anos 1980, e a mãe, Lulla,
foi pioneira entre as mulheres que cor-
riam de carro no Brasil).
Há também um motivo menos inte-
ressante para que a confusão ocorra: o
fato de Barbara ser gay. “Virei a pessoa
que entende de futebol, e eu não enten-
do xongas de futebol! Na verdade, não
sei nem o que é impedimento. As pes-
soas me estereotipam dessa maneira.
Espero que minha participação no Saia
Justa abra um pouco mais os horizontes
do público, que eles consigam enxergar
um pouco mais”, desabafa. “No Brasil, é
muito traiçoeiro tanto você se declarar
torcedora do Flamengo, amante de bró-
colis ou alguém que acredita no ET de
Varginha, quanto se declarar homosse-
xual ou evangélico. Porque toda tua per-
sonalidade, enquanto filha, profissional,
poliglota, tocadora de guitarra, enfim,
acaba resumida a um rótulo.” Sabendo
bem disso, ela pretende terminar de
abriroarmário,definitivamente,noSaia
Justa, do modo mais didático possível.
treinar pra quê?
Os preparativos para ingressar na
equipe repaginada do programa incluí­
ram, basicamente... nenhuma prepa-
ração. A nova líder e apresentadora
do grupo, Astrid Fontenelle, é grande
amiga de Barbara há mais de 30 anos.
saia justa
i quartas, 21h30,
GNT, 41 e 541 (HD)
AS COMPANHEIRAS
DE TRABALHO
AstridFontenelle
>> A jornalista de 51 anos
vai comandar a atração,
assumindo o posto antes
pertencente à colega de
profissão Mônica Waldvogel.
Aexperienteapresentadora,
que teve uma passagem
marcante pela MTV no início
dos anos 90,atualmente
também apresenta no GNT o
reality ChegadasePartidas.
MariaRibeiro
>> Acaba de interpretar
uma princesa da antiga
Israel na minissérie Rei
Davi,da Record,e ficou
internacionalmente co-
nhecida pela atuação nos
filmes da franquia Tropade
Elite,de José Padilha,como
esposa do famoso Capitão
Nascimento (Wagner
Moura).Tem 37 anos de
vida e quase duas décadas
de carreira como atriz.
MônicaMartelli
>> A comediante de Macaé
(RJ) alcançou o pleno
sucesso após se apresentar
por todo o país com o
monólogo OsHomensSão
deMarte...EÉpraLáqueEu
Vou!,interpretado e escrito
por ela mesma.Nasceu em
maio de 1968 e,em 1995,
estreou na televisão pela
Globo,ao lado de ninguém
menos que Chico Anysio.
Confira as outras mulheres que vão se
entender, se desentender e trocar um
milhão de ideias no repaginado Saia Justa
PPor 11 anos, o GNT
vem dedicando as
noites de quarta-feira
a explicar o mundo
feminino por meio
dos discursos das
próprias mulheres.
“Já fizemos uma viagem a Bariloche
juntas”, diz a paulistana. “Sempre que
pôde, a Astrid me deu uma palavra
de encaminhamento. Sou mais velha
que ela, mas ela tem esse dom de irmã
mais velha. É muito generosa.” Já das
atrizes Maria Ribeiro e Mônica Mar-
telli, que completam o time, Barbara
quase nada sabia. “E não fui ler nem
pesquisar sobre elas. Quero conhecê-
las lá”, afirma. “No programa piloto, a
impressão que eu tinha do Saia Justa,
de que a coisa estava muito controlada
ou, sei lá, desgastada, passou. O pro-
grama só tem méritos.”
Encarar outras três personalidades
fortes também não assusta a colunis-
ta, e por uma razão mais simples que a
provável confiança depositada nos pró-
prios argumentos: a autocrítica de Bar-
bara cresceu junto com sua atividade no
Twitter. Lá, é confrontada diretamente
por leitores de alguma forma insatisfei-
tos, e diz, às vezes, voltar atrás. “Claro
que mudo de opinião! Mudei minha
opinião sobre o Lula, sobre o José Serra,
sobre uma série de coisas. Quando você
amadurece, você muda de opinião”, de-
clara. E a inspiração maior é a mesma
da maioria dos fãs do programa — o
primeiríssimo ano da atração, em que
Waldvogel era acompanhada por Rita
Lee, Fernanda Young e Marisa Orth.
“A primeira temporada é imbatível. A
Marisa Orth, pra mim, é um modelo de
mulher inteligente, sacada e gostosa.
Ela é tudo o que eu queria ser.”
Ao fim da conversa, contei a Barba-
ra que, dois dias antes, sua conta no
Twitter exibia reproduções consecu-
tivas de outros três perfis da rede so-
cial. Um comentário do escritor Paulo
Coelho; outro do jornalista Leonardo
Sakamoto, expoente do pensamento
de esquerda; e o último do colunista
Reinaldo Azevedo, identificado com o
conservadorismo político. Essa amos-
tra informal, colhida ao acaso, resume
a pluralidade de Barbara Gancia? “Sou
ecumênica”, responde. “Uma grave coi-
sa que está acontecendo no Brasil é essa
polarização, similar à dos EUA, em que
se perde tempo brigando em vez de es-
tar comungando, construindo este país.
Não adianta dizer que é mais virtuoso
porque anda de bicicleta e come arroz
integral. É preciso ter liberdade. Uma
hora você é ciclista, noutra está a pé,
depois está dentro de um carro, dirigin-
do ou como carona.” A repercussão des-
ses dizeres e desdizeres agora se dará ao
vivo, e com três colegas à altura.

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  • 1. março+Mo­n et+ 63 por José Gabriel Navarro fotos Renato Parada Em forma para o Saia Justa Barbara Gancia chega ao programa com hábitos mais saudáveis, postura autocrítica, mas promete não deixar de lado a fina ironia, o bom humor, opiniões fortes e as revelações surpreendentes
  • 2. fotos:jorgebispo/divulgação 6 4 +Mo­net+março março+ Mo­ne t+ 65 Elaébárbara– A nova integrante do programa Saia Justa posa em sua casa com o seu companheirão canino e fiel Ziggy Stardust, batizado em homenagem a uma cria de David Bowie e não de Bob Marley, como sempre confundem Ao longo desse pe- ríodo, 12 artistas e intelectuais se reve- zaram no Saia Justa, reforçadas por quatro homens no ano passado, sempre sob o comando da jornalista Mônica Wald- vogel. A fórmula de sucesso do pro- grama até evoluiu, mas cansou. Para renovar, nesta 12ª temporada elas vol- tam a ter controle total sobre o debate, aditivado com boa dose de novidades. Das novas protagonistas, a jornalista Barbara Gancia é a única de fora do Rio de Janeiro. “Não sei por que demorei tanto tem- po para ser chamada por eles. Seria uma escolha natural”, diz ela, que es- treou na TV por assinatura pelo pró- prio GNT, ainda nos primórdios do canal, no início dos anos 1990, com o programa São Paulo/Brasil, ao lado dos colegas de profissão Bob Fernandes e Roberto Muylaert. E dispara: “Todo mundo que quer aprender alguma coi- sa sobre mulher inteligente e tesuda vê o Saia Justa. E eu tenho certeza de que fui chamada por ser extremamente te- suda. Sou um exemplo de mulher gos- tosa que está indo lá para contribuir com as minhas curvas”. Esse humor, que permeia as colunas na Folha de S.Paulo e na rádio Band News FM, vem com naturalidade nas falas da jornalista, e também ajuda a definir a tônica que Barbara deve as- sumir na tela. Ela recebeu a equipe da MONET (repórter, fotógrafo e assis- tente) em sua casa no Itaim Paulista, bairro nobre da zona oeste paulistana, sem poupar ninguém da peculiar aci- dez. Nem a empregada, Cláudia, nem o dachshund de pêlo duro, Ziggy Star- dust — que faz questão de diferen- ciar de Ziggy Marley, um dos vários filhos de Bob Marley —, nem, claro, ela mesma. Chegou com as vestes despretensiosas de quem acabara de passar por uma sessão de massagem e, depois de se produzir por cerca de 40 minutos para ser clicada, começou a falar da nova mulher que alimenta o vigor cômico de sempre. “Hoje em dia, se eu aparecer aqui, ao natural, vocês sairão todos corren- do”, conta. “Eu nunca chegava atra- sada. Levava 20 minutos para ficar pronta; hoje levo o dobro, então tenho que me antecipar. Na minha idade, 55 anos, você tem que se resguardar, ter outra atitude.” De cara, também se nota emagrecimento radical. Ela parou de fumar e de beber, após déca- das de alcoolismo. “Eu era uma pessoa completamente porra-louca”, afirma. “Se você não quer morrer, a esta altura da vida — a maioria dos meus amigos de balada está morrendo ou enfrentan- do sérios problemas —, ou você toma jeito, se conscientiza, ou você morre. Resolvi enfrentar a parada.” A reviravolta na saúde é, decerto, o mais recente contraste avistado em Barbara, mas não o único. Ela pratica- mente coleciona diferenciais. Exem- plo: é descendente direta de italianos, mas não torce pelos times criados por essa comunidade em São Paulo (Juven- tus e Palmeiras), mas sim pelo Santos. “Não consigo ser apresentada ao Pelé até hoje. As pessoas tentam e eu co- meço a chorar.” Por seis anos esteve à frente de um programa sobre espor- tes com Silvio Luiz, em que trataram de skate a pulgas amestradas, porém, ela teve a imagem colada no futebol, quando, na verdade, prefere muito mais tênis, golfe e automobilismo, que está no sangue (o pai, Piero, trouxe a Fórmula 1 de volta à capital paulista no fim dos anos 1980, e a mãe, Lulla, foi pioneira entre as mulheres que cor- riam de carro no Brasil). Há também um motivo menos inte- ressante para que a confusão ocorra: o fato de Barbara ser gay. “Virei a pessoa que entende de futebol, e eu não enten- do xongas de futebol! Na verdade, não sei nem o que é impedimento. As pes- soas me estereotipam dessa maneira. Espero que minha participação no Saia Justa abra um pouco mais os horizontes do público, que eles consigam enxergar um pouco mais”, desabafa. “No Brasil, é muito traiçoeiro tanto você se declarar torcedora do Flamengo, amante de bró- colis ou alguém que acredita no ET de Varginha, quanto se declarar homosse- xual ou evangélico. Porque toda tua per- sonalidade, enquanto filha, profissional, poliglota, tocadora de guitarra, enfim, acaba resumida a um rótulo.” Sabendo bem disso, ela pretende terminar de abriroarmário,definitivamente,noSaia Justa, do modo mais didático possível. treinar pra quê? Os preparativos para ingressar na equipe repaginada do programa incluí­ ram, basicamente... nenhuma prepa- ração. A nova líder e apresentadora do grupo, Astrid Fontenelle, é grande amiga de Barbara há mais de 30 anos. saia justa i quartas, 21h30, GNT, 41 e 541 (HD) AS COMPANHEIRAS DE TRABALHO AstridFontenelle >> A jornalista de 51 anos vai comandar a atração, assumindo o posto antes pertencente à colega de profissão Mônica Waldvogel. Aexperienteapresentadora, que teve uma passagem marcante pela MTV no início dos anos 90,atualmente também apresenta no GNT o reality ChegadasePartidas. MariaRibeiro >> Acaba de interpretar uma princesa da antiga Israel na minissérie Rei Davi,da Record,e ficou internacionalmente co- nhecida pela atuação nos filmes da franquia Tropade Elite,de José Padilha,como esposa do famoso Capitão Nascimento (Wagner Moura).Tem 37 anos de vida e quase duas décadas de carreira como atriz. MônicaMartelli >> A comediante de Macaé (RJ) alcançou o pleno sucesso após se apresentar por todo o país com o monólogo OsHomensSão deMarte...EÉpraLáqueEu Vou!,interpretado e escrito por ela mesma.Nasceu em maio de 1968 e,em 1995, estreou na televisão pela Globo,ao lado de ninguém menos que Chico Anysio. Confira as outras mulheres que vão se entender, se desentender e trocar um milhão de ideias no repaginado Saia Justa PPor 11 anos, o GNT vem dedicando as noites de quarta-feira a explicar o mundo feminino por meio dos discursos das próprias mulheres. “Já fizemos uma viagem a Bariloche juntas”, diz a paulistana. “Sempre que pôde, a Astrid me deu uma palavra de encaminhamento. Sou mais velha que ela, mas ela tem esse dom de irmã mais velha. É muito generosa.” Já das atrizes Maria Ribeiro e Mônica Mar- telli, que completam o time, Barbara quase nada sabia. “E não fui ler nem pesquisar sobre elas. Quero conhecê- las lá”, afirma. “No programa piloto, a impressão que eu tinha do Saia Justa, de que a coisa estava muito controlada ou, sei lá, desgastada, passou. O pro- grama só tem méritos.” Encarar outras três personalidades fortes também não assusta a colunis- ta, e por uma razão mais simples que a provável confiança depositada nos pró- prios argumentos: a autocrítica de Bar- bara cresceu junto com sua atividade no Twitter. Lá, é confrontada diretamente por leitores de alguma forma insatisfei- tos, e diz, às vezes, voltar atrás. “Claro que mudo de opinião! Mudei minha opinião sobre o Lula, sobre o José Serra, sobre uma série de coisas. Quando você amadurece, você muda de opinião”, de- clara. E a inspiração maior é a mesma da maioria dos fãs do programa — o primeiríssimo ano da atração, em que Waldvogel era acompanhada por Rita Lee, Fernanda Young e Marisa Orth. “A primeira temporada é imbatível. A Marisa Orth, pra mim, é um modelo de mulher inteligente, sacada e gostosa. Ela é tudo o que eu queria ser.” Ao fim da conversa, contei a Barba- ra que, dois dias antes, sua conta no Twitter exibia reproduções consecu- tivas de outros três perfis da rede so- cial. Um comentário do escritor Paulo Coelho; outro do jornalista Leonardo Sakamoto, expoente do pensamento de esquerda; e o último do colunista Reinaldo Azevedo, identificado com o conservadorismo político. Essa amos- tra informal, colhida ao acaso, resume a pluralidade de Barbara Gancia? “Sou ecumênica”, responde. “Uma grave coi- sa que está acontecendo no Brasil é essa polarização, similar à dos EUA, em que se perde tempo brigando em vez de es- tar comungando, construindo este país. Não adianta dizer que é mais virtuoso porque anda de bicicleta e come arroz integral. É preciso ter liberdade. Uma hora você é ciclista, noutra está a pé, depois está dentro de um carro, dirigin- do ou como carona.” A repercussão des- ses dizeres e desdizeres agora se dará ao vivo, e com três colegas à altura.