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F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
12 
 
 
 
SISTEMÁTICA DE CÁLCULO PARA O DIMENSIONAMENTO DE GALERIAS 
DE ÁGUAS PLUVIAIS: UMA ABORDAGEM ALTERNATIVA 
SYSTEMATICS OF CALCULATION FOR THE DESIGN OF STORM SEWER SYSTEMS: AN 
ALTERNATIVE APPROACH
 
Frederico Carlos Martins de Menezes Filho1
,  Alfredo Ribeiro da Costa2
,  
 
Recebido em 20 de abril de 2012; recebido para revisão em 24 de junho de 2012; aceito em 05 de julho de 2012; 
disponível on‐line em 25 de julho de 2012. 
PALAVRAS CHAVES: 
Drenagem Urbana; 
Sistematização de cálculo;  
Galerias de águas pluviais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO:  O  emprego  de  tabelas  para  o  dimensionamento  de  galerias  de  águas 
pluviais  é  visto  tanto  pelos  profissionais  da  área  quanto  para  os  alunos  em 
formação,  como  um  processo  trabalhoso  pela  necessidade  de  interpolações 
sucessivas  na  busca  da  relação  altura‐diâmetro  e  da  velocidade  impostas  como 
limites,  dada  a  condição  precípua  do  dimensionamento  como  condutos  livres. 
Deste  modo,  a  substituição  do  uso  de  tabelas  e  nomogramas  por  equações  que 
possam ser dispostas em planilha eletrônica, agiliza o processo e entendimento dos 
cálculos. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma sistemática de cálculo para 
o  dimensionamento  de  galerias  de  águas  pluviais  em  contraposição  ao  uso  de 
tabelas baseadas na Fórmula de Manning. Entende‐se uma vantagem em relação ao 
processo  tradicional  por  interpolações  sucessivas  pelo  tempo  despendido  e  pela 
possibilidade  de  utilização  de  planilhas  eletrônicas  dispostas  nos  computadores 
pessoais. O desenvolvimento do conjunto de equações baseou‐se no trabalho de 
Saatçi (1990), impondo‐se limites para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro e 
velocidade.  Outra  etapa  necessária  foi  a  adimensionalização  para  o  cálculo  do 
ângulo  central  visto  os  diferentes  diâmetros  comerciais  existentes.  As  equações 
para  o  ângulo  central  e  altura  lâmina  d’água  diâmetro  apresentaram  alto 
coeficiente  de  determinação  (R²=0,99).  As  equações  foram  testadas  para  oito 
trechos hipotéticos de galerias de águas pluviais contemplando como restrições: a 
relação  altura  lâmina  d’água‐diâmetro  e  a  velocidade  resultando  em  valores 
semelhantes aos tabelados. Tal processo visa reduzir o tempo e facilitar a análise de 
alternativas  como  mudanças  de  diâmetros  e  mesmo  a  declividade  no 
dimensionamento de galerias de águas pluviais.
 
 
* Contato com os autores: 
 
1 
e‐mail  : menezesfilho.frederico@gmail.com (F. C. M. MENEZES FILHO) 
Eng. Civil Mestre em Engenharia do Meio Ambiente,  (UFG ‐ GO)  
Doutorando em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, (IPH‐UFRGS – RS) 
2 
e‐mail  : alfredoribeirocosta@gmail.com (A. R. COSTA) 
Eng. Civil Dr. em Engenharia Hidráulica e Saneamento, (UFG – GO). 
 
 
ISSN: 2179‐0612                                 © 2012 REEC ‐ Todos os direitos reservados. 
 
 
 
 
 
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
13 
 
KEYWORDS: 
Urban Drainage; 
Systematic calculation of 
drainage systems; 
Storm sewer systems. 
 
ABSTRACT: The use of tables for the design of storm sewer system is considered by 
both  professionals  and  training  students  as  a  hard  task  due  to  the  need  for 
successive interpolations in the search of the depth‐diameter ratio and of velocity 
imposed as thresholds, given the essential condition of the design as partially filled 
pipes. In this way, the replacement of tables and nomographs by equations that can 
be  arranged  in  a  spreadsheet  speeds  up  the  process  and  understanding  of 
calculations. This study aimed at developing a systematic calculation for the design 
of storm sewer systems as opposed to the use of tables based on the Manning's 
Formula. An advantage in relation to the traditional process using interpolations lies 
on the time spent and the possibility of using spreadsheets available in personal 
computers. The development of the set of equations was based on Saatçi (1990), by 
imposing  thresholds  for  the  depth‐diameter  ratio  and  velocity.  Another  required 
step  was  the  adimensionalization  for  calculating  the  central  angle  given  the 
different existing commercial diameters. The equations for the central angle and 
depth‐diameter ratio presented a high coefficient of determination (R²=0.99). The 
equations  were  tested  for  eight  hypothetical  stretches  of  storm  sewer  systems 
including the following restrictions: the depth‐diameter ratio and velocity resulting 
in values similar to tabulated. This process aims to reduce the time and ease the 
analysis  of  alternatives  such  as  changes  of  diameters  and  even  the  slope  in  the 
design of storm sewer systems.
. 
1. INTRODUÇÃO 
Por  muito  tempo  a  drenagem  urbana  foi 
realizada de maneira a esgotar rapidamente as águas de 
montante para jusante numa concepção higienista com 
origem na Europa (SILVEIRA, 1998). Esta prática tinha o 
intuito de afastar rapidamente o volume indesejado das 
águas  de  origem  pluvial  como  também  os  esgotos 
sanitários. Neste contexto se realizaram obras onerosas 
para  conduzir  tais  volumes  precipitados  e  gerados, 
enquanto  que  a  conscientização  sobre  os  erros 
admitidos deste procedimento era deixada de lado. Foi 
necessário,  com  o  passar  do  tempo,  que  aquelas 
medidas  estruturais  compostas  por  obras  vultosas 
fossem  aliadas  a  medidas  não‐estruturais  juntamente 
com a integração de planos estaduais e federais. 
A ausência de sistemas de drenagem eficientes 
afeta  à  saúde  pública  por  trazer  à  tona  doenças  de 
veiculação  hídrica  bem  como  perdas  econômicas 
decorrentes  das  inundações.  A  importância  de  tais 
sistemas  talvez  não  se  apresente  de  forma  clara, 
contudo  são  peças  fundamentais  no  planejamento 
urbano  e  são  responsáveis  diretamente  pela 
sustentabilidade  do  ambiente  urbano  frente  às 
adversidades da natureza como as tormentas.  
Tanto  a  ausência  como  a  ineficiência  dos 
sistemas  de  drenagem  urbana  geram  o  aumento 
excessivo  do  volume  de  escoamento  superficial, 
podendo ainda ser agravado pela expansão urbana.  Este 
aumento do volume de escoamento superficial promove 
as  enchentes  que  por  consequência  trazem  consigo 
enormes  prejuízos.  A  proposição  de  critérios  a  serem 
assumidos  no  dimensionamento  das  galerias  de  águas 
pluviais,  o  uso  de  equacionamento,  sem  qualquer 
emprego   de   ábaco,   são  partes  integrantes  de  uma  
sistemática  de  cálculo  que  permite  fixar  diâmetro, 
declividade, recobrimento da galeria, bem como vazão e 
velocidade de escoamento, além de cotas do terreno, da 
galeria e de poços de visita que nortearão a construção 
da rede. 
1.1 JUSTIFICATIVA 
A dispersão das orientações para o projeto de 
galerias  de  águas  pluviais,  dada  à  pulverização  das 
informações  dispostas  em  manuais  de  drenagem 
diferenciando‐se pelos critérios adotados, bem como, a 
inexistência  de  norma  específica  conduzem,  como 
objeto  deste  estudo,  à  sistematização  de  cálculo 
discutindo  os  parâmetros  adotados  e  fornecendo  as 
diretrizes  para  tal  processo.  Complementarmente,  a 
substituição  das  tabelas,  ábacos  ou  nomogramas  por 
equações reduzem o tempo gasto no dimensionamento 
possibilitando,  atualmente,  a  disposição  em  planilhas 
eletrônicas com a verificação de alternativas de projeto 
de forma mais rápida, como a análise da substituição de 
diâmetros ou a alteração da declividade do trecho. 
2. OBJETIVO 
O  objetivo  principal  deste  trabalho  é  propor 
uma  sistemática  de  cálculo  para  as  galerias  de  águas 
pluviais  em  sintonia  com  as  diversas  referências  da 
literatura, utilizando o equacionamento proposto; visto 
a  gama  de  orientações  existentes  sobre  o  assunto.  O 
equacionamento proposto torna o processo por meio da 
utilização  em  planilha  eletrônica  mais  ágil  em 
comparação  ao  processo  tradicional  de  interpolações 
sucessivas. 
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
14 
3. CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
3.1 SUBDIVISÕES DO SISTEMA DE DRENAGEM URBANA 
 
Os  sistemas  de  drenagem  urbana  podem  ser 
dimensionados em dois níveis (TUCCI, 2004): 
a)  Macro‐drenagem:........  relaciona‐se.......  aos 
escoamentos  em  fundos  de  vale  que 
normalmente  são  bem  definidos  mesmo  que 
não correspondam a um curso de água perene; 
b) Micro‐drenagem: relaciona‐se a áreas onde 
o  escoamento  natural  não  é  bem  definido  e, 
portanto,  acaba  sendo  determinado  pela 
ocupação  do  solo.  Em  áreas  urbanas  é 
essencialmente definida pelo traçado das ruas.    
Segundo  a  PNSB  ‐  Pesquisa  Nacional  de 
Saneamento Básico (IBGE, 2002 apud BRASIL, 2003) e do 
mesmo  modo  consoante  o  Guia  para  elaboração  de 
planos  municipais  de  saneamento  (BRASIL,  2006),  a 
micro‐drenagem é considerada como o conjunto da rede 
formada  por  galerias  tubulares  com  diâmetro  igual  ou 
superior a 0,30m e inferior a 1,20m, assim como pelas 
galerias  celulares  cuja  área  da  seção  transversal  é 
inferior  a  1m².  A  macro/meso‐drenagem  é  constituída 
pelas estruturas que recebem a contribuição da micro‐
drenagem,  sendo  formadas  por  cursos  d’água,  galerias 
tubulares  com  diâmetro  igual  ou  superior  a  1,20  m  e 
galerias  celulares  cuja  área  da  seção  transversal  seja 
igual ou superior a 1 m². 
Conforme o Departamento de Águas e Energia 
Elétrica  e  a  Companhia  Estadual  de  Tecnologia  de 
Saneamento Básico e de Controle de Poluição das Águas 
(DAEE/CETESB,  1980),  em  seu  Manual  de  Projeto  de 
Drenagem  Urbana,  pode‐se  ainda  subdividir  o  sistema 
de  micro‐drenagem  em  sistema  inicial  de  drenagem  e 
sistema de galerias de águas pluviais; sendo o primeiro 
composto  pelas  ruas,  valetas  e  sarjetas  e  o  segundo 
pelas  bocas  de  lobo,  poços  de  visita  e  tubulações 
coletoras  de  águas  pluviais.  Ambas  explanações  são 
complementares e não divergem entre si. 
Existem  outras  referências,  embora  não 
divergentes, em âmbito internacional, utilizadas para a 
divisão  dos  sistemas  urbanos  de  drenagem  de  águas 
pluviais conforme aborda Smith (2006). Este autor divide 
o  sistema  em  dois,  denominados  respectivamente  de 
sistema  superficial  ou  principal  composto  por  ruas, 
valetas e vários canais naturais e artificiais e o outro de 
sistema de sub‐superficial ou sistema secundário.  
Smith  (2006) evidencia  a clara  distinção entre 
estas divisões do sistema de drenagem do mesmo modo 
que  o  Manual  de  Drenagem  Urbana  editado  pelo 
DAEE/CETESB (1980) e mesmo Tucci (2004). Diferenças 
estas  já  mencionadas  quanto  às  disposições  físicas  e 
outras  relacionadas  à  utilização  do  período  de  retorno 
no projeto de dimensionamento, sendo de 2 a 10 anos 
para o sistema secundário ou micro‐drenagem e de 25 a 
100 anos para o  sistema principal  ou  macro‐drenagem. 
  3.2 MÉTODO RACIONAL
Desde a primeira exposição da famosa Teoria 
Racional por Emil Kuichiling (1880) apud Wilken (1978) 
que originou a Equação Racional (1) e assim o Método 
Racional muitos ainda a utilizam. Esta equação expressa 
o  máximo  caudal  ou  a  maior  vazão  em  uma  seção  da 
bacia contribuinte  dada,  em  função  das  características 
da própria bacia e da quantidade de chuva precipitada.  
AiCQloc                                      [Eq.1]
Onde: 
Qloc = vazão superficial local (m³/s); 
C = coeficiente de escoamento superficial; 
i  = intensidade da chuva (m/s); 
A = área da bacia contribuinte local (m²).  
A aplicação do Método Racional é válida para 
bacias  urbanas  ou  rurais  pequenas  com  áreas  de  até 
500 ha e pode ser aplicado com segurança até 50 ha ou 
100  acres  (WILKEN,  1978;  DEBO,  REESE,  2003). 
Entretanto  há  outros  autores  que  consideram  o  limite 
de área para aplicação deste método de 2km² (TUCCI, 
2004)  e  até  3km²  ou  300  ha  como  Festi  (2005).  Para 
áreas superiores a 2km² recomenda‐se para estimativa 
de  vazão,  a  utilização  do  Método  do  Hidrograma 
Unitário,  proposto  pelo  NRCS  (Natural  Resources 
Conservation  Service),  antigo  SCS  (Soil  Conservation 
Service). 
3.2.1 Dimensionamento pelo Método Racional 
Para  o  dimensionamento  das  galerias  de  águas 
pluviais  pelo  Método  Racional,  em  síntese,  utiliza‐se  a 
Tabela 1, baseada na equação de Manning que fornece 
o valor da velocidade e vazão para um certo diâmetro 
comercial  arbitrado.  Esta  escolha  obedece 
frequentemente a decisão mais econômica adotando‐se 
inicialmente  a  declividade  do  terreno  conduzindo  a 
menores  custos  relacionados  à  escavação.  Com  o 
cálculo  da  vazão  à  seção  plena  e  tendo  a  vazão  a  ser 
escoada  pela  tubulação  determina‐se  a  razão  Q/Qp  e 
pela tabela determina‐se por interpolação a velocidade 
do escoamento. Caso os valores ultrapassem os limites 
estabelecidos  para  a  velocidade  e  também  para  a 
relação  altura‐diâmetro,  galerias  dimensionadas  como 
condutos livres, deve‐se decidir pela troca de diâmetro 
ou  proceder  a  alterações  na  declividade  da  galeria. 
Deve‐se  ressaltar  que  apesar  do  procedimento  ser 
simples,  o  processo  torna‐se  dispendioso  visto  a  não 
observância  dos  limites  estabelecidos  em  projetos 
quando  do  dimensionamento  das  galerias  de  águas 
pluviais  e  a  necessidade  de  sucessivas  interpolações 
para se chegar à solução. 
3.3 MÉTODO DE SAATÇI 
Como  a  rotina  de  cálculo  pode  consumir 
tempo e limitar possíveis alternativas quanto ao cálculo 
da velocidade e da profundidade do escoamento, Saatçi  
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
15 
(1990)  introduziu  uma  solução  usando  considerações 
geométricas (Figura 1) e a Equação de Manning. Sendo 
dados  a  vazão  (Q),  a  declividade  (I)  e  o  diâmetro  (D), 
calcula‐se a constante “k” pela Eq. 2 e o ângulo central 
(Ө)  pela  Eq.  3.  Calcula‐se  a  área  molhada  (Am)  pela 
Equação 4 e procede‐se ao cálculo da velocidade (V) e 
da  profundidade  com  as  Equações  5  e  6 
respectivamente. 
1/28/3
IDnQk 

                           
[Eq.2]
Onde: 
K = constante; 
Q = vazão (m³/s); 
D = diâmetro (m); 
 I = declividade (m/m). 
 
           
πK11
2
3π
θ                    [Eq.3] 
Onde: 
Ө = ângulo central (rad); 
K = constante. 
   
Figura 1: Características geométricas do conduto livre 
de seção circular 
Tabela 1: Valores calculados para seção circular 
h/D 
ângulo
central  
(rad) 
Rh/d  A/d²  V/Vp  Q/Qp 
0,01  0,400  0,006  0,001  0,08  0,0001 
0,05  0,902  0,032  0,014  0,25  0,0048 
0,10  1,287  0,063  0,040  0,40  0,0208 
0,20  1,854  0,120  0,111  0,61  0,0875 
0,25  2,094  0,146  0,153  0,70  0,1369 
0,30  2,318  0,170  0,198  0,77  0,1958 
0,35  2,532  0,193  0,245  0,84  0,2629 
0,40  2,738  0,214  0,293  0,90  0,3369 
0,45  2,941  0,233  0,342  0,95  0,4165 
0,50  3,141 0,250 0,392 1,00  0,5000
0,55  3,341  0,264  0,442  1,03  0,5857 
0,60  3,544  0,277  0,492  1,07  0,6718 
Por meio da Figura 1, tem‐se que: 
 
 
 
8
senθθD
A
2
m

                             [Eq.4]
Onde:  
Am = área molhada (m²). 
 
Deste modo, calcula‐se a velocidade e a relação 
altura lâmina d’água‐diâmetro: 
                                  
  mQ/AV                                             [Eq.5]
 
 













2
θ
cos1
2
1
D
h
                      [Eq.6] 
 
Onde: 
V = velocidade do escoamento (m/s); 
h/D = relação altura lâmina d’água‐diâmetro; 
h = profundidade do escoamento (m); 
D = diâmetro (m).   
 
Deve‐se  ressaltar  que  a  aplicação  deste 
método é válido para o ângulo central ө variando de 0° 
até  265°  (0  a  4,625  rad),    equivalente  a  uma  relação 
altura‐diâmetro (h/D) de 0,84. 
 
3.4  CRITÉRIOS  ADOTADOS  PARA  O 
DIMENSIONAMENTO  DAS  GALERIAS  DE  ÁGUAS 
PLUVIAIS 
As  galerias  de  águas  pluviais  consistem  em 
condutos destinados a captar as águas pluviais por meio 
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
16 
das bocas de lobo e ligações privadas e conduzi‐las a um 
desaguadouro natural como um córrego ou rio ou a um 
sistema  adequado  de  disposição  provisória  ou 
permanente.  Elas  são  compostas  de  tubos  de  ligação 
(ramais)   e   poços   de   visita.   Os  poços  de  visita  são  
  instalados nas mudanças de direção, de declividade, de 
diâmetro  e  servem  para  a  inspeção  e  limpeza  das 
canalizações.  A  porção  entre  dois  poços  de  visita  é 
denominada  trecho.  Na  Figura  2  tem‐se  um  esquema 
geral destes elementos. 
 
Figura 2:  Esquema da disposição dos elementos de uma galeria. 
Diversos  são  os  critérios  e  parâmetros 
adotados  para  o  dimensionamento  de  uma  rede  de 
águas pluviais, envolvendo grandezas como o tempo de 
concentração,  velocidade  mínima  e  máxima,  tipo  de 
escoamento  considerado  no  cálculo,  influência  de 
remanso,  dentre  outros.  Tendo  em  vista  a  diversidade 
observada,  é  preciso  analisar  os  critérios  e  fixá‐los 
dentro  de  certas  restrições  para  se  dimensionar  as 
galerias de águas pluviais.  
Na Tabela 2 tem‐se uma gama de parâmetros e 
critérios adotados por autores e instituições, notando‐se 
a  variação  de  valores  quanto  à  velocidade  máxima 
"Vmáx",  mínima  "Vmín",  recobrimento  mínimo  "rm", 
tempo de concentração inicial "tci", relação máxima da 
lâmina  de  água‐diâmetro  adotada  "h/D"  e  o  tipo  de 
escoamento  sendo uniforme  "Unif.  "  ou gradualmente 
variado "Grad. Variado". 
Aqui, será fixada a velocidade mínima em 0,75 
m/s,  considerando  que  velocidades  menores 
dificultariam a autolimpeza das tubulações e, por outro 
lado,  a  velocidade  máxima  será  fixada  em  5,0  m/s,  já 
que  velocidades  superiores  exporiam  demais  as 
tubulações  ao  processo  de  abrasão.  Outro  aspecto 
importante  diz  respeito  à  consideração  do  regime 
permanente  com  as  tubulações  funcionando  como 
condutos livres.  
Os  sistemas  de  drenagem  urbana  devem  ser 
projetados como condutos livres minimizando possíveis 
transtornos  relacionados  à  sobrepressão  nas 
tubulações. 
Levando‐se  em  conta  que  a  praxe  é  de 
localizar as galerias de águas pluviais no eixo das vias, 
adota‐se  1,0  m  como  recobrimento  mínimo  sobre  as 
tubulações.
Tabela 2: Parâmetros utilizados em canais e/ou seção circular das galerias de águas pluviais 
Autor/ 
Instituição 
Vmín 
(m/s) 
Vmáx 
(m/s) 
Tci 
(min) 
Rm 
(m) 
Seção plena ou h/D 
Tipo de 
escoamento 
Tucci et al. (2004)  0,60  5,00  10 a
  1,00  Plena  Unif. 
Azevedo Netto e 
Araújo (1998) 
0,75  5,00  5  1,00  Plena ou 0,90  Unif. 
Wilken (1978)  0,75  3,50e
5 a 15 ‐ Plena Unif.
Alcântara apud 
Azevedo Netto 
(1969) 
1,00  4,00  7 a 15  ‐  0,70 
Grad.
Variado 
Porto (1999)      Vméd = 4 a 6 b
  ‐  ‐  0,75  Unif. 
Cirilo (2003)  0,60  4,50 ‐ ‐ h/Dc
Unif.
(continua na página seguinte)
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
17 
Tabela 2: Parâmetros utilizados em canais e/ou seção circular das galerias de águas pluviais   (continuação) 
Autor/ 
Instituição 
Vmín 
(m/s) 
Vmáx 
(m/s) 
Tci 
(min) 
rm 
(m) 
Seção plena ou h/D 
Tipo de 
escoamento 
Methods e 
Durrans d
 (2003) 
0,60 a 0,90  4,50  ‐  0,90  0,85 
Unif. e Grad. 
Variado 
DAEE‐CETESB 
(1980) 
‐  ‐  ‐  ‐  0,82  Unif. 
Prefeitura 
Municipal de 
Goiânia 
0,75  5,00  ‐  ‐  0,85 a 0,90  Unif. 
Valores 
recomendados 
pelos autores 
0,75  5,00  5  1,00  0,85  Unif. 
  
a
 Valor citado, porém, segundo o autor pode estar superestimado, necessitando ser calculado em caso de dúvida 
  
b
 Fonte: Curso de Canais, EE‐UFMG, Dep. Engenharia Hidráulica, Edições Engenharia 58/72 
  
c 
 valor não fixado 
  
d 
 valores adotados pela ASCE (1992) – American Society of Civil Engineers 
  e 
 Pode‐se adotar até 6m/s se for previsto revestimento adequado para o conduto 
  Vmín – velocidade mínima 
  Vmáx – velocidade máxima 
  Vméd – velocidade média 
  tci – tempo de concentração inicial 
  rm – recobrimento mínimo 
  h/D – relação altura‐diâmetro 
3.5  DIMENSIONAMENTO  DAS  GALERIAS  DE  ÁGUAS 
PLUVIAIS 
Para o dimensionamento das galerias de águas 
pluviais  utilizou‐se  o  Método  Racional  que  é  o  mais 
difundido. Por sua vez, o Método de Saatçi (1990), visa a 
reduzir o tempo gasto no dimensionamento ao utilizar 
equações  ao  invés  de  tabelas  e  nomogramas,  tão 
presentes  nos  projetos  de  galerias  de  águas  pluviais. 
Deste  modo,  procurou‐se  então  obter  um 
equacionamento que tivesse as mesmas características 
desse  método  e  que  se  utilizasse  dentro  do  Método 
Racional, tão difundido nos meios acadêmicos e órgãos 
públicos  ligados  a  projetos  de  sistemas  coletores  de 
águas pluviais. Tal equacionamento foi empregado com 
o  uso  da  planilha  eletrônica  Excel®
  que  tornou  o 
dimensionamento mais prático pela rapidez dos cálculos 
e análises envolvidas.  
4. METODOLOGIA  
A  metodologia  deste  trabalho  dividiu‐se  em 
três partes principais. A primeira destina‐se a obtenção 
da  constante  K,  presente  no  artigo  de  Saatçi  (1990), 
obtida a partir da Equação de Manning. Dadas a vazão, a 
declividade e o diâmetro arbitrado para o trecho, esta 
constante  K  pode  ser  obtida,  do  mesmo  modo,  que 
também pode ser obtida em função do ângulo central 
da  superfície  livre  para  certa  relação  altura  lâmina 
d’água‐diâmetro, como será descrito a seguir. 
As  etapas  seguintes  demonstram  a obtenção
do ângulo central da superfície livre em função de “k” e 
a  obtenção  do  ângulo  central  da  superfície  livre  em 
função  da  área  molhada.  Ambas  condições  respeitam 
os limites para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro 
(h/d)  no  intervalo  de  0,10‐0,85,  que  restringe  para 
valores  abaixo  ao  limite  inferior  a  necessidade  para 
trechos iniciais da existência de galerias, e, evita para o 
limite superior a condição de condutos forçados para as 
galerias de águas pluviais. Todas as etapas são descritas 
a seguir. 
4.1 OBTENÇÃO DA CONSTANTE "k"  
Tal  constante,  presente  no  artigo  de  Saatçi 
(1990), pode ser obtida através da Equação de Manning 
(Equação  7)  pela  substituição  das  equações  da  área  e 
do  raio  hidráulico  em  função  do  ângulo  central  da 
superfície (ө). 
1/22/3
IRh
n
1
V 
  
                                [Eq.7]
 
Onde:  
V = velocidade (m/s); 
n = coeficiente de Manning (m‐1/3
.s); 
Rh = raio hidráulico (m); 
I = declividade (m/m). 
 
A Equação 8, mostra a relação da área molhada 
"Am" com o ângulo central "ө", expresso em radianos:
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
18 
 
8
sen θθ
DA 2
m


 
[Eq.8] 
Como, 
Pm
A
Rh m

 
Sendo que:
[Eq.9] 
θ
2
D
Pm 
 
[Eq.10] 
Tem‐se que:  
 
4θ
senθθ
DRh


 
[Eq.11] 
Substituindo as Equações 9 e 11 em 7 obtêm‐
se:
  1/2
2/32/3
2/32/3
I
θ4
senθθD
n
1
V


 
[Eq.12] 
Multiplicando a Equação 12 pela Equação 8, da 
área molhada em função de "ө", obtém‐se: 
   
8
sen θθ
D
θ4
Isen θθD
n
1
Q 2
2/32/3
1/22/32/3


 
[Eq.13] 
  Simplificando a Equação 13,  
  1/28/35/32/3
IDsen θθ0,0496062 θ
n
1
Q  
 
[Eq.14] 
  Deste modo, tem‐se que:  
   5/32/3
senθθθ0,0496062k  
[Eq.15] 
  ou   
  1/28/3
IDk
n
1
Q 
 
[Eq.16] 
  Isolando‐se "k":   
  1/28/3
IDnQk 
 [Eq.17] 
Onde:  
k = constante; 
Q = vazão (m³/s); 
n = coeficiente de Manning (m‐1/3
.s); 
D = diâmetro (m); 
I = declividade (m/m). 
 
Emprega‐se  nos  cálculos  o  escoamento 
uniforme,  o  que  permite  igualar  a  declividade  I  da 
Equação 17 à declividade da galeria Sg. 
 
  1/28/3
SgDnQk 
 [Eq.18] 
Onde:  
Sg = declividade da galeria (m/m). 
4.2 OBTENÇÃO DO ÂNGULO CENTRAL DA SUPERFÍCIE 
LIVRE "ө" EM FUNÇÃO DE "k 
Para determinar o ângulo central conhecendo‐
se a vazão, a declividade e o diâmetro após o cálculo 
da   constante  "k",  fez‐se   necessário   determinar   a  
equação de "ө"  em  função da constante "k".  A partir de 
valores de "ө"(rad) geraram‐se valores de "k", de acordo 
com  a  Equação  15,  observando  a  faixa  de  variação  de 
"h/D". 
Por  meio  da  relação  altura  lâmina  de  água‐
diâmetro  (h/D)  também  em  função  do  ângulo  central 
através  da  Equação  6,  fixou‐se  uma  faixa  para  o 
enchimento entre 10 % e 85 % visto que valores abaixo 
do  primeiro  isentariam  para  os  trechos  iniciais  a 
necessidade de galerias de águas pluviais e valores acima 
do último levariam à situação de conduto forçado, o que 
não se recomenda para o dimensionamento das galerias 
de águas pluviais. Pôde‐se então calcular "k" em função 
do ângulo central para esta faixa (Tabela 3). Tal seqüência 
é apresentada no fluxograma (Figura 3). 
Estabeleceu‐se  através  de  um  ajuste 
polinomial  de  quinto  grau  a  Equação  19.  Tal  ajuste 
mostrou‐se  o  mais  acurado  com  um  coeficiente  de 
determinação de 99,98%. 
 31786,6.k45201,2.k55915,8.kθ
1,148732,113.k2298,89.k 
[Eq.19] 
 
Figura 3: Fluxograma das etapas para obtenção da 
equação de ө x k. 
 
Tabela 3:  Valores calculados para seção circular 
ө (rad)  h/D  K 
1,2915  0,10068  0,0066009 
1,3090  0,10332  0,0069697 
1,3265 0,10599  0,0073531
1,3439  0,10870  0,0077514 
1,3614  0,11143  0,0081648 
1,3788  0,11419  0,0085938 
.  .  . 
.  .  . 
.  .  . 
4,6251  0,83780  0,31758 
4,6426  0,84100  0,31855 
4,6600  0,84418  0,31950 
4,6775  0,84733  0,32041 
4,6949  0,85045  0,32130  
4.3  OBTEN
FUNÇÃO DA
Pa
função  da 
velocidade,
equação. D
para a relaç
pelo mesmo
Co
central "ө",
(300,  400, 
mm) para o
determinad
ajuste  sa
determinaç
diâmetros a
e o gráfico
são apresen
Na
equações d
função do d
 
D (m
300
400
. 
. 
150
200
 
F. C
NÇÃO  DO  Â
A ÁREA MOLH
ara  se  deter
área  correspo
,  fez‐se  ne
Deste modo, f
ção altura‐diâ
o propósito já
om o cálculo d
, variou‐se en
500,  600,  80
o cálculo da á
do  ângulo  ce
atisfatório  c
ção  de  pratica
analisados. A 
 para o diâm
ntadas no flux
a  Tabela  4,
do ângulo cen
diâmetro. 
   Figura
Tabela 
mm) 
0 
ө= 96
134,7
0 
ө = 54
75,78
. 
. 
00  ө = 0,
00  ө = 0,
C. M. MENEZES FILH
ÂNGULO  CEN
HADA "Am" 
minar  o  âng
ondente  a  um
ecessário  d
fixou‐se nova
âmetro (h/D) e
á mencionado
de "h/D" em f
ntão o diâme
00,  1000,  120
área da seção
entral.  Assim
com  um 
amente  100 
Figura 5 dem
metro de 300 
xograma (Figu
,  percebem‐
ntral em funç
a 5.  Ângulo c
4: Equações d
694876,59912
73341. Am + 0,
45952,57611.
8754. Am + 0,8
,99276. Am
 5
 ‐ 
,05591.Am
 5
 ‐ 0
HO,     A. R. COSTA    
NTRAL  "ө" 
gulo  central 
ma certa  vazã
eterminar  u
mente uma f
entre 10% e 8
o anteriormen
função do âng
tro da tubula
00,  1500  e  2
o transversal 
m  obteve‐se 
coeficiente 
%  para  todos
onstra a equa
mm. Tais eta
ura 4).  
‐se  as  dive
ão da área e 
entral (ө) vers
do ângulo cen
2.Am
5
 ‐ 173237
,86445 
 Am
 5
 ‐ 173433
86445 
4,43488. Am
 4
0,44399.Am
 4
 +
‐     REEC – Revista 
EM 
em 
ão  e 
uma 
faixa 
85 % 
nte 
gulo 
ação 
2000 
sob 
um 
de 
s  os 
ação 
apas 
ersas 
 em 
Vist
equ
faz
Fig
equ
sus área molh
ntral em funçã
Equaç
75,54318. Am
4
3,16561. Am
4
4
 + 8,12207. A
+ 1,44555.Am
 
Eletrônica de Engen
to  o  dispend
uações  para 
er uma anális
ura  4:  Fluxo
uação de ө x A
hada (Am) para
ão da área e d
ções ө x Am 
4
+ 126907,38
+ 22586,7881
m
 3
 ‐ 7,58287. 
3
 ‐ 2,39927.Am
nharia Civil  nº 4  (2
dioso  trabalh
o  cálculo  do
e adimension
ograma  das 
Am. 
a o diâmetro d
o diâmetro da
599. Am
3
‐ 47
18. Am
3
‐ 1499
Am
 2
 + 5,3893
m
 2
 + 3,03150.A
2012)                          
ho  que  seria 
o  ângulo  cent
nal. 
etapas  para
de 300 mm 
a tubulação 
39,29175. Am
9,54153. Am
 2
 +
34. Am + 0,864
Am+ 0,86445 
                        
19
o  uso  dest
tral,  decidiu‐s
 
  obtenção  d
 
 2
 + 
+ 
45 
9 
as 
se 
da 
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
20 
 Deste  modo,  trabalhou‐se  com  a  razão 
adimensional  da  área  molhada  "Am"  pela  área  total 
"At"  referente  a  cada  diâmetro.  Considerando‐se  a 
mesma faixa para a relação altura‐diâmetro entre 0,10 
e 0,85, calculou‐se para cada diâmetro a área molhada 
e  área  total  e  obteve‐se  a  razão  adimensional  "β". 
Verificou‐se,  então,  que  a  relação  adimensional 
manteve‐se,  independentemente  do  diâmetro  da 
tubulação,  apenas  variando  com  a  relação  da  área 
molhada "Am" pela área total "At".  
Pelo ajuste obteve‐se Equação 20 para todos 
os  diâmetros  do  ângulo  central  "ө"  em  função  da 
razão da área molhada e da área total.  
3β44,8214β43,2485β17,108θ 
0,864β9,5242β23,679 
[Eq.20] 
 
Onde:  
β = Am/At.  
 
Em  síntese  de  posse  da  vazão  total  "Q",  do 
coeficiente  de  Manning  "n",  do  diâmetro  "D"  e  da 
declividade  da  galeria  "Sg",  calcula‐se  "k"  pela 
equação  18.  Obtém‐se  o  ângulo  central  "ө"  pela 
equação  19.  Determinam‐se,  então,  a  relação  "h/D" 
pela equação 6 que deverá estar entre 0,10 e 0,85, a 
área molhada "Am" e por fim a velocidade "V". Caso 
"h/D" esteja fora dos limites fixa‐se este no respectivo 
limite que não fora respeitado e determina‐se a nova 
declividade  "Sg"  do  trecho  de  galeria.  Caso  seja 
necessário corrigir a velocidade que se encontre fora 
dos  limites  de  0,75  m/s  e  5,0  m/s,  fixa‐se  esta  no 
respectivo  valor  que  não  foi  observado,  calcula‐se  a 
área  molhada,  obtém‐se  a  relação  beta  "β"  (Am/At). 
Calcula‐se o ângulo central (Equação 20), calcula‐se k e 
a declividade da galeria, finalizando o processo. 
Como  dito  anteriormente,  este  processo 
pode ser disposto em planilha eletrônica, facilitando o 
processo  de  aprendizagem  aos  alunos  em  formação, 
tão quanto auxiliando os profissionais que lidam com 
projetos,  agilizando  o  processo  de  dimensionamento 
de galerias de águas pluviais. 
5. RESULTADOS  
5.1 COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS OBTIDOS NO 
DIMENSIONAMENTO  DE  GALERIAS  COM  EMPREGO 
DE DUAS METODOLOGIAS 
A  comparação  em  questão  diz  respeito  aos 
resultados  obtidos  por  dois  métodos  de  cálculo  das 
galerias  em  que  um  utiliza  tabela  e  outro  emprega 
equação. 
Para  a  comparação  selecionaram‐se  trechos  com 
velocidades  variando  entre  os  limites  estabelecidos  de 
0.75  m/s  e  5,0  m/s.  Tais  trechos  compreenderam  os 
diversos diâmetros comerciais empregados.    Na    Tabela  
5    têm‐se   os    valores encontrados para a velocidade e 
para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro, utilizando 
o  procedimento  tradicional de  consulta  a  tabela  (Vpd  e 
h/Dpd)  e  a  sistemática  aqui  proposta  que  emprega 
exclusivamente equações (Vprop e h/Dprop).  
O dimensionamento utilizando a tabela baseada 
na Equação de Manning pauta‐se na determinação inicial 
da  vazão  a  seção  plena  (Qp).  Tendo  a  vazão  a  ser 
conduzida no trecho Q, obtém‐se a razão Q/Qp. Com este 
valor, busca‐se na tabela a relação Q/Qp, com os valores 
correspondentes valores para V/Vp e h/D. Caso Q/Qp não 
se apresente na tabela, faz‐se a interpolação. O mesmo 
ocorre caso os limites para a velocidade e relação altura 
lâmina  d’água‐diâmetro,  não  são  estabelecidos.  Arbitra‐
se, novamente, o diâmetro e repete‐se o procedimento 
com novas interpolações.  
Com o equacionamento proposto, não se utiliza 
tabela  para  o  dimensionamento  e  as  respostas  são 
obtidas  conforme  a  sequencia  apresentada 
anteriormente. A disposição em planilha eletrônica com 
células  inter‐relacionadas  agiliza  ainda  o  processo, 
favorecendo sua aplicação. 
Verificam‐se pelas Figuras 6 e 7 que os valores 
são  praticamente  os  mesmos,  tanto  para  a  velocidade 
quanto para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro. 
 A  sistematização  com  emprego  de  equações 
mostrou‐se  mais  eficaz,  pela  economia  de  esforço  e  de 
tempo. 
 
Tabela 5: Comparação dos valores obtidos pelos 
diferentes métodos de dimensionamento. 
Vprop  h/Dprop  Vpd  h/Dpd 
0,75  0,732  0,75  0,733 
1,30  0,744  1,30  0,745 
1,85  0,782  1,85  0,783 
2,62  0,578  2,63  0,576 
3,21  0,526  3,20  0,527 
3,83  0,851  3,83  0,850 
4,31  0,413  4,29  0,414 
4,96  0,391  4,96  0,391 
     
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
21 
 
Figura 6: Comparação entre as velocidades calculadas com consultas a tabela e pela sistemática com emprego de 
equações. 
 
 
Figura 7: Comparação entre a relação altura lâmina d’água‐diâmetro calculada com consulta a tabela e pela 
sistemática com emprego de equações. 
 
6. CONCLUSÕES  
 
As  equações  obtidas  para  o 
dimensionamento  das  galerias  de  águas  pluviais  em 
substituição  ao  uso  de  tabelas  representam  um 
avanço  em  termos  de  ganho  de  tempo,  tendo  seus 
resultados  respaldados  por  coeficientes  de 
determinação bem próximos de 100%.  
Estas equações possibilitam juntamente com 
planilhas  eletrônicas  uma  alternativa  para  o 
dimensionamento de galerias de águas pluviais, visto a 
grande  abrangência  dos  computadores  pessoais  e  a 
ampla utilização dos mesmos nos diversos setores da 
esfera pública.  Deve‐se  ressaltar  também  a  análise 
mais rápida de situações adversas no dimensionamento 
quanto  à  busca  de  valores  em  tabelas  e  interpolações 
sucessivas para chegar a resultados satisfatórios. 
O dimensionamento proposto aqui aborda o 
regime  permanente,  não  considerando  condições  em 
regime  gradualmente  variado  como  situações  de 
remanso, que em casos específicos deve ser avaliada. No 
entanto,  o  estudo  possibilita  a  implementação  do 
equacionamento  em  linguagem  computacional  bem 
como melhorias na consideração do regime variado para 
o cálculo. Visto a possibilidade da utilização de planilhas 
eletrônicas,  abrem‐se  possibilidades  para  a  análise  de 
custos integrada ao dimensionamento, possibilitando ao 
projetista ou ao tomador de decisões a solução ótima na 
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Velocidade (m/s) 
Trechos selecionados
Sistemática com emprego de equações
Determinações com consultas a tabela
1          2           3           4           5           6          7           8
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
h/D (m)
Trechos selecionados
Sistemática com emprego de equações
Determinações com consultas a tabela
1            2 3            4            5            6           7            8     
F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                  
22 
alteração do diâmetro ou da declividade para o trecho, 
facilitada aqui pelas equações e não ao uso sucessivo de 
tabelas para a solução. 
7. AGRADECIMENTOS  
Este  trabalho  foi  desenvolvido  como  parte  da 
dissertação  de  mestrado  em  Engenharia  do  Meio 
Ambiente  pelo  Programa  de  Pós‐Graduação  em 
Engenharia do Meio Ambiente da Universidade Federal 
de Goiás. O primeiro autor agradece ao CNPq pela bolsa 
referente  ao  projeto  CT‐Hidro/Edital  14/2005  que 
subsidiou toda a pesquisa.  
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AZEVEDO  NETTO,  J.  M;  VILLELA,  S.  M.  Manual  de 
hidráulica.  5.  ed.  São  Paulo:  Editora  Edgard  Blücher, 
1969. 
______. ARAÚJO, R. (coord.). Manual de hidráulica. 8. 
ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1998. 
BRASIL. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. 
A Questão da Drenagem Urbana no Brasil: Elementos 
para  Formulação  de  uma  Política  Nacional  de 
Drenagem  Urbana.  Brasília:  Ministério  das  Cidades, 
Texto Para Discussão, 2003. 
______. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. 
Guia  para  a  elaboração  de  planos  municipais  de 
saneamento. Brasília: Ministério das Cidades, 2006. 152 
p. 
CIRILO,  J.  M.  (Org).  Hidráulica  Aplicada.  2.  ed.  Porto 
Alegre: ABRH, 2003. 
DAEE/CETESB. Drenagem urbana – manual de projeto.  
2. ed. São Paulo: DAEE/CETESB, 1980. 486p. 
DEBO,  T.  N;  REESE,  A.  J.  Municipal  stormwater 
management.  2.  ed.  Boca  Raton,  Flórida:  Lewis 
Publishers, 2003. 
FESTI,  A.  V.  Equações  de  chuva  brasileira.  In:  XVI 
Simpósio  Brasileiro  de  Recursos  Hídricos.  Anais,  João 
Pessoa, Paraíba, 20p, 2005. 
METHODS, H; DURRANS, S. R. Stormwater conveyance 
modeling  and  design.  First  Edition.  Waterbury,  USA: 
Haestad Press, 2003 
PMG – PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA. Drenagem 
Pluvial  Urbana:  Memorial  Justificativo.  Anexo  IV. 
Goiânia, 2005. 11p. 
PORTO, R. M. Hidráulica básica. 2. ed. São Carlos: EESC‐
USP, 1999.  cap. 2, p.13. 
SAATÇI, A. Velocity and depth of flow calculations in 
partially  filled  pipes.  ASCE  Journal  of  Environmental 
Engineering, vol. 116, n. 6, p.1202‐1208, nov/dec. 1990.
SILVEIRA,  A.  L.  L  da.  Hidrologia  urbana  no  Brasil.  In: 
Braga,  B.  P.  F;  Tucci,  C.  E.  M;  Tozzi,  M.  Drenagem 
urbana:  gerenciamento,  simulação,  controle.  1ª.ed. 
Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 1998. p.8‐25. 
SMITH, M. B. Comment on ‘Analisys and modeling of 
flooding  in  urban  drainage  systems’.  Journal  of 
Hydrology, Elsevier, 317, 355‐363, 2006. 
TUCCI, C. E. M. (Org.). Hidrologia ciência e aplicação. 3 
ed.  Porto  Alegre,  RS:  Editora  da  UFRGS/ABRH,  2004. 
943p. 
WILKEN, P. S. Engenharia de drenagem superficial. São 
Paulo: CETESB, 1978. 477p. 
 

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Hidrologia 7
 

Sistemática de cálculo para dimensionamento de galerias de águas pluviais

  • 1. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   12        SISTEMÁTICA DE CÁLCULO PARA O DIMENSIONAMENTO DE GALERIAS  DE ÁGUAS PLUVIAIS: UMA ABORDAGEM ALTERNATIVA  SYSTEMATICS OF CALCULATION FOR THE DESIGN OF STORM SEWER SYSTEMS: AN  ALTERNATIVE APPROACH   Frederico Carlos Martins de Menezes Filho1 ,  Alfredo Ribeiro da Costa2 ,     Recebido em 20 de abril de 2012; recebido para revisão em 24 de junho de 2012; aceito em 05 de julho de 2012;  disponível on‐line em 25 de julho de 2012.  PALAVRAS CHAVES:  Drenagem Urbana;  Sistematização de cálculo;   Galerias de águas pluviais.                  RESUMO:  O  emprego  de  tabelas  para  o  dimensionamento  de  galerias  de  águas  pluviais  é  visto  tanto  pelos  profissionais  da  área  quanto  para  os  alunos  em  formação,  como  um  processo  trabalhoso  pela  necessidade  de  interpolações  sucessivas  na  busca  da  relação  altura‐diâmetro  e  da  velocidade  impostas  como  limites,  dada  a  condição  precípua  do  dimensionamento  como  condutos  livres.  Deste  modo,  a  substituição  do  uso  de  tabelas  e  nomogramas  por  equações  que  possam ser dispostas em planilha eletrônica, agiliza o processo e entendimento dos  cálculos. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma sistemática de cálculo para  o  dimensionamento  de  galerias  de  águas  pluviais  em  contraposição  ao  uso  de  tabelas baseadas na Fórmula de Manning. Entende‐se uma vantagem em relação ao  processo  tradicional  por  interpolações  sucessivas  pelo  tempo  despendido  e  pela  possibilidade  de  utilização  de  planilhas  eletrônicas  dispostas  nos  computadores  pessoais. O desenvolvimento do conjunto de equações baseou‐se no trabalho de  Saatçi (1990), impondo‐se limites para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro e  velocidade.  Outra  etapa  necessária  foi  a  adimensionalização  para  o  cálculo  do  ângulo  central  visto  os  diferentes  diâmetros  comerciais  existentes.  As  equações  para  o  ângulo  central  e  altura  lâmina  d’água  diâmetro  apresentaram  alto  coeficiente  de  determinação  (R²=0,99).  As  equações  foram  testadas  para  oito  trechos hipotéticos de galerias de águas pluviais contemplando como restrições: a  relação  altura  lâmina  d’água‐diâmetro  e  a  velocidade  resultando  em  valores  semelhantes aos tabelados. Tal processo visa reduzir o tempo e facilitar a análise de  alternativas  como  mudanças  de  diâmetros  e  mesmo  a  declividade  no  dimensionamento de galerias de águas pluviais.     * Contato com os autores:    1  e‐mail  : menezesfilho.frederico@gmail.com (F. C. M. MENEZES FILHO)  Eng. Civil Mestre em Engenharia do Meio Ambiente,  (UFG ‐ GO)   Doutorando em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, (IPH‐UFRGS – RS)  2  e‐mail  : alfredoribeirocosta@gmail.com (A. R. COSTA)  Eng. Civil Dr. em Engenharia Hidráulica e Saneamento, (UFG – GO).      ISSN: 2179‐0612                                 © 2012 REEC ‐ Todos os direitos reservados.           
  • 2. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   13    KEYWORDS:  Urban Drainage;  Systematic calculation of  drainage systems;  Storm sewer systems.    ABSTRACT: The use of tables for the design of storm sewer system is considered by  both  professionals  and  training  students  as  a  hard  task  due  to  the  need  for  successive interpolations in the search of the depth‐diameter ratio and of velocity  imposed as thresholds, given the essential condition of the design as partially filled  pipes. In this way, the replacement of tables and nomographs by equations that can  be  arranged  in  a  spreadsheet  speeds  up  the  process  and  understanding  of  calculations. This study aimed at developing a systematic calculation for the design  of storm sewer systems as opposed to the use of tables based on the Manning's  Formula. An advantage in relation to the traditional process using interpolations lies  on the time spent and the possibility of using spreadsheets available in personal  computers. The development of the set of equations was based on Saatçi (1990), by  imposing  thresholds  for  the  depth‐diameter  ratio  and  velocity.  Another  required  step  was  the  adimensionalization  for  calculating  the  central  angle  given  the  different existing commercial diameters. The equations for the central angle and  depth‐diameter ratio presented a high coefficient of determination (R²=0.99). The  equations  were  tested  for  eight  hypothetical  stretches  of  storm  sewer  systems  including the following restrictions: the depth‐diameter ratio and velocity resulting  in values similar to tabulated. This process aims to reduce the time and ease the  analysis  of  alternatives  such  as  changes  of  diameters  and  even  the  slope  in  the  design of storm sewer systems. .  1. INTRODUÇÃO  Por  muito  tempo  a  drenagem  urbana  foi  realizada de maneira a esgotar rapidamente as águas de  montante para jusante numa concepção higienista com  origem na Europa (SILVEIRA, 1998). Esta prática tinha o  intuito de afastar rapidamente o volume indesejado das  águas  de  origem  pluvial  como  também  os  esgotos  sanitários. Neste contexto se realizaram obras onerosas  para  conduzir  tais  volumes  precipitados  e  gerados,  enquanto  que  a  conscientização  sobre  os  erros  admitidos deste procedimento era deixada de lado. Foi  necessário,  com  o  passar  do  tempo,  que  aquelas  medidas  estruturais  compostas  por  obras  vultosas  fossem  aliadas  a  medidas  não‐estruturais  juntamente  com a integração de planos estaduais e federais.  A ausência de sistemas de drenagem eficientes  afeta  à  saúde  pública  por  trazer  à  tona  doenças  de  veiculação  hídrica  bem  como  perdas  econômicas  decorrentes  das  inundações.  A  importância  de  tais  sistemas  talvez  não  se  apresente  de  forma  clara,  contudo  são  peças  fundamentais  no  planejamento  urbano  e  são  responsáveis  diretamente  pela  sustentabilidade  do  ambiente  urbano  frente  às  adversidades da natureza como as tormentas.   Tanto  a  ausência  como  a  ineficiência  dos  sistemas  de  drenagem  urbana  geram  o  aumento  excessivo  do  volume  de  escoamento  superficial,  podendo ainda ser agravado pela expansão urbana.  Este  aumento do volume de escoamento superficial promove  as  enchentes  que  por  consequência  trazem  consigo  enormes  prejuízos.  A  proposição  de  critérios  a  serem  assumidos  no  dimensionamento  das  galerias  de  águas  pluviais,  o  uso  de  equacionamento,  sem  qualquer  emprego   de   ábaco,   são  partes  integrantes  de  uma   sistemática  de  cálculo  que  permite  fixar  diâmetro,  declividade, recobrimento da galeria, bem como vazão e  velocidade de escoamento, além de cotas do terreno, da  galeria e de poços de visita que nortearão a construção  da rede.  1.1 JUSTIFICATIVA  A dispersão das orientações para o projeto de  galerias  de  águas  pluviais,  dada  à  pulverização  das  informações  dispostas  em  manuais  de  drenagem  diferenciando‐se pelos critérios adotados, bem como, a  inexistência  de  norma  específica  conduzem,  como  objeto  deste  estudo,  à  sistematização  de  cálculo  discutindo  os  parâmetros  adotados  e  fornecendo  as  diretrizes  para  tal  processo.  Complementarmente,  a  substituição  das  tabelas,  ábacos  ou  nomogramas  por  equações reduzem o tempo gasto no dimensionamento  possibilitando,  atualmente,  a  disposição  em  planilhas  eletrônicas com a verificação de alternativas de projeto  de forma mais rápida, como a análise da substituição de  diâmetros ou a alteração da declividade do trecho.  2. OBJETIVO  O  objetivo  principal  deste  trabalho  é  propor  uma  sistemática  de  cálculo  para  as  galerias  de  águas  pluviais  em  sintonia  com  as  diversas  referências  da  literatura, utilizando o equacionamento proposto; visto  a  gama  de  orientações  existentes  sobre  o  assunto.  O  equacionamento proposto torna o processo por meio da  utilização  em  planilha  eletrônica  mais  ágil  em  comparação  ao  processo  tradicional  de  interpolações  sucessivas. 
  • 3. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   14  3. CONTEXTUALIZAÇÃO    3.1 SUBDIVISÕES DO SISTEMA DE DRENAGEM URBANA    Os  sistemas  de  drenagem  urbana  podem  ser  dimensionados em dois níveis (TUCCI, 2004):  a)  Macro‐drenagem:........  relaciona‐se.......  aos  escoamentos  em  fundos  de  vale  que  normalmente  são  bem  definidos  mesmo  que  não correspondam a um curso de água perene;  b) Micro‐drenagem: relaciona‐se a áreas onde  o  escoamento  natural  não  é  bem  definido  e,  portanto,  acaba  sendo  determinado  pela  ocupação  do  solo.  Em  áreas  urbanas  é  essencialmente definida pelo traçado das ruas.     Segundo  a  PNSB  ‐  Pesquisa  Nacional  de  Saneamento Básico (IBGE, 2002 apud BRASIL, 2003) e do  mesmo  modo  consoante  o  Guia  para  elaboração  de  planos  municipais  de  saneamento  (BRASIL,  2006),  a  micro‐drenagem é considerada como o conjunto da rede  formada  por  galerias  tubulares  com  diâmetro  igual  ou  superior a 0,30m e inferior a 1,20m, assim como pelas  galerias  celulares  cuja  área  da  seção  transversal  é  inferior  a  1m².  A  macro/meso‐drenagem  é  constituída  pelas estruturas que recebem a contribuição da micro‐ drenagem,  sendo  formadas  por  cursos  d’água,  galerias  tubulares  com  diâmetro  igual  ou  superior  a  1,20  m  e  galerias  celulares  cuja  área  da  seção  transversal  seja  igual ou superior a 1 m².  Conforme o Departamento de Águas e Energia  Elétrica  e  a  Companhia  Estadual  de  Tecnologia  de  Saneamento Básico e de Controle de Poluição das Águas  (DAEE/CETESB,  1980),  em  seu  Manual  de  Projeto  de  Drenagem  Urbana,  pode‐se  ainda  subdividir  o  sistema  de  micro‐drenagem  em  sistema  inicial  de  drenagem  e  sistema de galerias de águas pluviais; sendo o primeiro  composto  pelas  ruas,  valetas  e  sarjetas  e  o  segundo  pelas  bocas  de  lobo,  poços  de  visita  e  tubulações  coletoras  de  águas  pluviais.  Ambas  explanações  são  complementares e não divergem entre si.  Existem  outras  referências,  embora  não  divergentes, em âmbito internacional, utilizadas para a  divisão  dos  sistemas  urbanos  de  drenagem  de  águas  pluviais conforme aborda Smith (2006). Este autor divide  o  sistema  em  dois,  denominados  respectivamente  de  sistema  superficial  ou  principal  composto  por  ruas,  valetas e vários canais naturais e artificiais e o outro de  sistema de sub‐superficial ou sistema secundário.   Smith  (2006) evidencia  a clara  distinção entre  estas divisões do sistema de drenagem do mesmo modo  que  o  Manual  de  Drenagem  Urbana  editado  pelo  DAEE/CETESB (1980) e mesmo Tucci (2004). Diferenças  estas  já  mencionadas  quanto  às  disposições  físicas  e  outras  relacionadas  à  utilização  do  período  de  retorno  no projeto de dimensionamento, sendo de 2 a 10 anos  para o sistema secundário ou micro‐drenagem e de 25 a  100 anos para o  sistema principal  ou  macro‐drenagem.    3.2 MÉTODO RACIONAL Desde a primeira exposição da famosa Teoria  Racional por Emil Kuichiling (1880) apud Wilken (1978)  que originou a Equação Racional (1) e assim o Método  Racional muitos ainda a utilizam. Esta equação expressa  o  máximo  caudal  ou  a  maior  vazão  em  uma  seção  da  bacia contribuinte  dada,  em  função  das  características  da própria bacia e da quantidade de chuva precipitada.   AiCQloc                                      [Eq.1] Onde:  Qloc = vazão superficial local (m³/s);  C = coeficiente de escoamento superficial;  i  = intensidade da chuva (m/s);  A = área da bacia contribuinte local (m²).   A aplicação do Método Racional é válida para  bacias  urbanas  ou  rurais  pequenas  com  áreas  de  até  500 ha e pode ser aplicado com segurança até 50 ha ou  100  acres  (WILKEN,  1978;  DEBO,  REESE,  2003).  Entretanto  há  outros  autores  que  consideram  o  limite  de área para aplicação deste método de 2km² (TUCCI,  2004)  e  até  3km²  ou  300  ha  como  Festi  (2005).  Para  áreas superiores a 2km² recomenda‐se para estimativa  de  vazão,  a  utilização  do  Método  do  Hidrograma  Unitário,  proposto  pelo  NRCS  (Natural  Resources  Conservation  Service),  antigo  SCS  (Soil  Conservation  Service).  3.2.1 Dimensionamento pelo Método Racional  Para  o  dimensionamento  das  galerias  de  águas  pluviais  pelo  Método  Racional,  em  síntese,  utiliza‐se  a  Tabela 1, baseada na equação de Manning que fornece  o valor da velocidade e vazão para um certo diâmetro  comercial  arbitrado.  Esta  escolha  obedece  frequentemente a decisão mais econômica adotando‐se  inicialmente  a  declividade  do  terreno  conduzindo  a  menores  custos  relacionados  à  escavação.  Com  o  cálculo  da  vazão  à  seção  plena  e  tendo  a  vazão  a  ser  escoada  pela  tubulação  determina‐se  a  razão  Q/Qp  e  pela tabela determina‐se por interpolação a velocidade  do escoamento. Caso os valores ultrapassem os limites  estabelecidos  para  a  velocidade  e  também  para  a  relação  altura‐diâmetro,  galerias  dimensionadas  como  condutos livres, deve‐se decidir pela troca de diâmetro  ou  proceder  a  alterações  na  declividade  da  galeria.  Deve‐se  ressaltar  que  apesar  do  procedimento  ser  simples,  o  processo  torna‐se  dispendioso  visto  a  não  observância  dos  limites  estabelecidos  em  projetos  quando  do  dimensionamento  das  galerias  de  águas  pluviais  e  a  necessidade  de  sucessivas  interpolações  para se chegar à solução.  3.3 MÉTODO DE SAATÇI  Como  a  rotina  de  cálculo  pode  consumir  tempo e limitar possíveis alternativas quanto ao cálculo  da velocidade e da profundidade do escoamento, Saatçi  
  • 4. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   15  (1990)  introduziu  uma  solução  usando  considerações  geométricas (Figura 1) e a Equação de Manning. Sendo  dados  a  vazão  (Q),  a  declividade  (I)  e  o  diâmetro  (D),  calcula‐se a constante “k” pela Eq. 2 e o ângulo central  (Ө)  pela  Eq.  3.  Calcula‐se  a  área  molhada  (Am)  pela  Equação 4 e procede‐se ao cálculo da velocidade (V) e  da  profundidade  com  as  Equações  5  e  6  respectivamente.  1/28/3 IDnQk                               [Eq.2] Onde:  K = constante;  Q = vazão (m³/s);  D = diâmetro (m);   I = declividade (m/m).                πK11 2 3π θ                    [Eq.3]  Onde:  Ө = ângulo central (rad);  K = constante.      Figura 1: Características geométricas do conduto livre  de seção circular  Tabela 1: Valores calculados para seção circular  h/D  ângulo central   (rad)  Rh/d  A/d²  V/Vp  Q/Qp  0,01  0,400  0,006  0,001  0,08  0,0001  0,05  0,902  0,032  0,014  0,25  0,0048  0,10  1,287  0,063  0,040  0,40  0,0208  0,20  1,854  0,120  0,111  0,61  0,0875  0,25  2,094  0,146  0,153  0,70  0,1369  0,30  2,318  0,170  0,198  0,77  0,1958  0,35  2,532  0,193  0,245  0,84  0,2629  0,40  2,738  0,214  0,293  0,90  0,3369  0,45  2,941  0,233  0,342  0,95  0,4165  0,50  3,141 0,250 0,392 1,00  0,5000 0,55  3,341  0,264  0,442  1,03  0,5857  0,60  3,544  0,277  0,492  1,07  0,6718  Por meio da Figura 1, tem‐se que:        8 senθθD A 2 m                               [Eq.4] Onde:   Am = área molhada (m²).    Deste modo, calcula‐se a velocidade e a relação  altura lâmina d’água‐diâmetro:                                       mQ/AV                                             [Eq.5]                  2 θ cos1 2 1 D h                       [Eq.6]    Onde:  V = velocidade do escoamento (m/s);  h/D = relação altura lâmina d’água‐diâmetro;  h = profundidade do escoamento (m);  D = diâmetro (m).      Deve‐se  ressaltar  que  a  aplicação  deste  método é válido para o ângulo central ө variando de 0°  até  265°  (0  a  4,625  rad),    equivalente  a  uma  relação  altura‐diâmetro (h/D) de 0,84.    3.4  CRITÉRIOS  ADOTADOS  PARA  O  DIMENSIONAMENTO  DAS  GALERIAS  DE  ÁGUAS  PLUVIAIS  As  galerias  de  águas  pluviais  consistem  em  condutos destinados a captar as águas pluviais por meio 
  • 5. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   16  das bocas de lobo e ligações privadas e conduzi‐las a um  desaguadouro natural como um córrego ou rio ou a um  sistema  adequado  de  disposição  provisória  ou  permanente.  Elas  são  compostas  de  tubos  de  ligação  (ramais)   e   poços   de   visita.   Os  poços  de  visita  são     instalados nas mudanças de direção, de declividade, de  diâmetro  e  servem  para  a  inspeção  e  limpeza  das  canalizações.  A  porção  entre  dois  poços  de  visita  é  denominada  trecho.  Na  Figura  2  tem‐se  um  esquema  geral destes elementos.    Figura 2:  Esquema da disposição dos elementos de uma galeria.  Diversos  são  os  critérios  e  parâmetros  adotados  para  o  dimensionamento  de  uma  rede  de  águas pluviais, envolvendo grandezas como o tempo de  concentração,  velocidade  mínima  e  máxima,  tipo  de  escoamento  considerado  no  cálculo,  influência  de  remanso,  dentre  outros.  Tendo  em  vista  a  diversidade  observada,  é  preciso  analisar  os  critérios  e  fixá‐los  dentro  de  certas  restrições  para  se  dimensionar  as  galerias de águas pluviais.   Na Tabela 2 tem‐se uma gama de parâmetros e  critérios adotados por autores e instituições, notando‐se  a  variação  de  valores  quanto  à  velocidade  máxima  "Vmáx",  mínima  "Vmín",  recobrimento  mínimo  "rm",  tempo de concentração inicial "tci", relação máxima da  lâmina  de  água‐diâmetro  adotada  "h/D"  e  o  tipo  de  escoamento  sendo uniforme  "Unif.  "  ou gradualmente  variado "Grad. Variado".  Aqui, será fixada a velocidade mínima em 0,75  m/s,  considerando  que  velocidades  menores  dificultariam a autolimpeza das tubulações e, por outro  lado,  a  velocidade  máxima  será  fixada  em  5,0  m/s,  já  que  velocidades  superiores  exporiam  demais  as  tubulações  ao  processo  de  abrasão.  Outro  aspecto  importante  diz  respeito  à  consideração  do  regime  permanente  com  as  tubulações  funcionando  como  condutos livres.   Os  sistemas  de  drenagem  urbana  devem  ser  projetados como condutos livres minimizando possíveis  transtornos  relacionados  à  sobrepressão  nas  tubulações.  Levando‐se  em  conta  que  a  praxe  é  de  localizar as galerias de águas pluviais no eixo das vias,  adota‐se  1,0  m  como  recobrimento  mínimo  sobre  as  tubulações. Tabela 2: Parâmetros utilizados em canais e/ou seção circular das galerias de águas pluviais  Autor/  Instituição  Vmín  (m/s)  Vmáx  (m/s)  Tci  (min)  Rm  (m)  Seção plena ou h/D  Tipo de  escoamento  Tucci et al. (2004)  0,60  5,00  10 a   1,00  Plena  Unif.  Azevedo Netto e  Araújo (1998)  0,75  5,00  5  1,00  Plena ou 0,90  Unif.  Wilken (1978)  0,75  3,50e 5 a 15 ‐ Plena Unif. Alcântara apud  Azevedo Netto  (1969)  1,00  4,00  7 a 15  ‐  0,70  Grad. Variado  Porto (1999)      Vméd = 4 a 6 b   ‐  ‐  0,75  Unif.  Cirilo (2003)  0,60  4,50 ‐ ‐ h/Dc Unif. (continua na página seguinte)
  • 6. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   17  Tabela 2: Parâmetros utilizados em canais e/ou seção circular das galerias de águas pluviais   (continuação)  Autor/  Instituição  Vmín  (m/s)  Vmáx  (m/s)  Tci  (min)  rm  (m)  Seção plena ou h/D  Tipo de  escoamento  Methods e  Durrans d  (2003)  0,60 a 0,90  4,50  ‐  0,90  0,85  Unif. e Grad.  Variado  DAEE‐CETESB  (1980)  ‐  ‐  ‐  ‐  0,82  Unif.  Prefeitura  Municipal de  Goiânia  0,75  5,00  ‐  ‐  0,85 a 0,90  Unif.  Valores  recomendados  pelos autores  0,75  5,00  5  1,00  0,85  Unif.     a  Valor citado, porém, segundo o autor pode estar superestimado, necessitando ser calculado em caso de dúvida     b  Fonte: Curso de Canais, EE‐UFMG, Dep. Engenharia Hidráulica, Edições Engenharia 58/72     c   valor não fixado     d   valores adotados pela ASCE (1992) – American Society of Civil Engineers    e   Pode‐se adotar até 6m/s se for previsto revestimento adequado para o conduto    Vmín – velocidade mínima    Vmáx – velocidade máxima    Vméd – velocidade média    tci – tempo de concentração inicial    rm – recobrimento mínimo    h/D – relação altura‐diâmetro  3.5  DIMENSIONAMENTO  DAS  GALERIAS  DE  ÁGUAS  PLUVIAIS  Para o dimensionamento das galerias de águas  pluviais  utilizou‐se  o  Método  Racional  que  é  o  mais  difundido. Por sua vez, o Método de Saatçi (1990), visa a  reduzir o tempo gasto no dimensionamento ao utilizar  equações  ao  invés  de  tabelas  e  nomogramas,  tão  presentes  nos  projetos  de  galerias  de  águas  pluviais.  Deste  modo,  procurou‐se  então  obter  um  equacionamento que tivesse as mesmas características  desse  método  e  que  se  utilizasse  dentro  do  Método  Racional, tão difundido nos meios acadêmicos e órgãos  públicos  ligados  a  projetos  de  sistemas  coletores  de  águas pluviais. Tal equacionamento foi empregado com  o  uso  da  planilha  eletrônica  Excel®   que  tornou  o  dimensionamento mais prático pela rapidez dos cálculos  e análises envolvidas.   4. METODOLOGIA   A  metodologia  deste  trabalho  dividiu‐se  em  três partes principais. A primeira destina‐se a obtenção  da  constante  K,  presente  no  artigo  de  Saatçi  (1990),  obtida a partir da Equação de Manning. Dadas a vazão, a  declividade e o diâmetro arbitrado para o trecho, esta  constante  K  pode  ser  obtida,  do  mesmo  modo,  que  também pode ser obtida em função do ângulo central  da  superfície  livre  para  certa  relação  altura  lâmina  d’água‐diâmetro, como será descrito a seguir.  As  etapas  seguintes  demonstram  a obtenção do ângulo central da superfície livre em função de “k” e  a  obtenção  do  ângulo  central  da  superfície  livre  em  função  da  área  molhada.  Ambas  condições  respeitam  os limites para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro  (h/d)  no  intervalo  de  0,10‐0,85,  que  restringe  para  valores  abaixo  ao  limite  inferior  a  necessidade  para  trechos iniciais da existência de galerias, e, evita para o  limite superior a condição de condutos forçados para as  galerias de águas pluviais. Todas as etapas são descritas  a seguir.  4.1 OBTENÇÃO DA CONSTANTE "k"   Tal  constante,  presente  no  artigo  de  Saatçi  (1990), pode ser obtida através da Equação de Manning  (Equação  7)  pela  substituição  das  equações  da  área  e  do  raio  hidráulico  em  função  do  ângulo  central  da  superfície (ө).  1/22/3 IRh n 1 V                                     [Eq.7]   Onde:   V = velocidade (m/s);  n = coeficiente de Manning (m‐1/3 .s);  Rh = raio hidráulico (m);  I = declividade (m/m).    A Equação 8, mostra a relação da área molhada  "Am" com o ângulo central "ө", expresso em radianos:
  • 7. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   18    8 sen θθ DA 2 m     [Eq.8]  Como,  Pm A Rh m    Sendo que: [Eq.9]  θ 2 D Pm    [Eq.10]  Tem‐se que:     4θ senθθ DRh     [Eq.11]  Substituindo as Equações 9 e 11 em 7 obtêm‐ se:   1/2 2/32/3 2/32/3 I θ4 senθθD n 1 V     [Eq.12]  Multiplicando a Equação 12 pela Equação 8, da  área molhada em função de "ө", obtém‐se:      8 sen θθ D θ4 Isen θθD n 1 Q 2 2/32/3 1/22/32/3     [Eq.13]    Simplificando a Equação 13,     1/28/35/32/3 IDsen θθ0,0496062 θ n 1 Q     [Eq.14]    Deste modo, tem‐se que:      5/32/3 senθθθ0,0496062k   [Eq.15]    ou      1/28/3 IDk n 1 Q    [Eq.16]    Isolando‐se "k":      1/28/3 IDnQk   [Eq.17]  Onde:   k = constante;  Q = vazão (m³/s);  n = coeficiente de Manning (m‐1/3 .s);  D = diâmetro (m);  I = declividade (m/m).    Emprega‐se  nos  cálculos  o  escoamento  uniforme,  o  que  permite  igualar  a  declividade  I  da  Equação 17 à declividade da galeria Sg.      1/28/3 SgDnQk   [Eq.18]  Onde:   Sg = declividade da galeria (m/m).  4.2 OBTENÇÃO DO ÂNGULO CENTRAL DA SUPERFÍCIE  LIVRE "ө" EM FUNÇÃO DE "k  Para determinar o ângulo central conhecendo‐ se a vazão, a declividade e o diâmetro após o cálculo  da   constante  "k",  fez‐se   necessário   determinar   a   equação de "ө"  em  função da constante "k".  A partir de  valores de "ө"(rad) geraram‐se valores de "k", de acordo  com  a  Equação  15,  observando  a  faixa  de  variação  de  "h/D".  Por  meio  da  relação  altura  lâmina  de  água‐ diâmetro  (h/D)  também  em  função  do  ângulo  central  através  da  Equação  6,  fixou‐se  uma  faixa  para  o  enchimento entre 10 % e 85 % visto que valores abaixo  do  primeiro  isentariam  para  os  trechos  iniciais  a  necessidade de galerias de águas pluviais e valores acima  do último levariam à situação de conduto forçado, o que  não se recomenda para o dimensionamento das galerias  de águas pluviais. Pôde‐se então calcular "k" em função  do ângulo central para esta faixa (Tabela 3). Tal seqüência  é apresentada no fluxograma (Figura 3).  Estabeleceu‐se  através  de  um  ajuste  polinomial  de  quinto  grau  a  Equação  19.  Tal  ajuste  mostrou‐se  o  mais  acurado  com  um  coeficiente  de  determinação de 99,98%.   31786,6.k45201,2.k55915,8.kθ 1,148732,113.k2298,89.k  [Eq.19]    Figura 3: Fluxograma das etapas para obtenção da  equação de ө x k.    Tabela 3:  Valores calculados para seção circular  ө (rad)  h/D  K  1,2915  0,10068  0,0066009  1,3090  0,10332  0,0069697  1,3265 0,10599  0,0073531 1,3439  0,10870  0,0077514  1,3614  0,11143  0,0081648  1,3788  0,11419  0,0085938  .  .  .  .  .  .  .  .  .  4,6251  0,83780  0,31758  4,6426  0,84100  0,31855  4,6600  0,84418  0,31950  4,6775  0,84733  0,32041  4,6949  0,85045  0,32130  
  • 8. 4.3  OBTEN FUNÇÃO DA Pa função  da  velocidade, equação. D para a relaç pelo mesmo Co central "ө", (300,  400,  mm) para o determinad ajuste  sa determinaç diâmetros a e o gráfico são apresen Na equações d função do d   D (m 300 400 .  .  150 200   F. C NÇÃO  DO  Â A ÁREA MOLH ara  se  deter área  correspo ,  fez‐se  ne Deste modo, f ção altura‐diâ o propósito já om o cálculo d , variou‐se en 500,  600,  80 o cálculo da á do  ângulo  ce atisfatório  c ção  de  pratica analisados. A   para o diâm ntadas no flux a  Tabela  4, do ângulo cen diâmetro.     Figura Tabela  mm)  0  ө= 96 134,7 0  ө = 54 75,78 .  .  00  ө = 0, 00  ө = 0, C. M. MENEZES FILH ÂNGULO  CEN HADA "Am"  minar  o  âng ondente  a  um ecessário  d fixou‐se nova âmetro (h/D) e á mencionado de "h/D" em f ntão o diâme 00,  1000,  120 área da seção entral.  Assim com  um  amente  100  Figura 5 dem metro de 300  xograma (Figu ,  percebem‐ ntral em funç a 5.  Ângulo c 4: Equações d 694876,59912 73341. Am + 0, 45952,57611. 8754. Am + 0,8 ,99276. Am  5  ‐  ,05591.Am  5  ‐ 0 HO,     A. R. COSTA     NTRAL  "ө"  gulo  central  ma certa  vazã eterminar  u mente uma f entre 10% e 8 o anteriormen função do âng tro da tubula 00,  1500  e  2 o transversal  m  obteve‐se  coeficiente  %  para  todos onstra a equa mm. Tais eta ura 4).   ‐se  as  dive ão da área e  entral (ө) vers do ângulo cen 2.Am 5  ‐ 173237 ,86445   Am  5  ‐ 173433 86445  4,43488. Am  4 0,44399.Am  4  + ‐     REEC – Revista  EM  em  ão  e  uma  faixa  85 %  nte  gulo  ação  2000  sob  um  de  s  os  ação  apas  ersas   em  Vist equ faz Fig equ sus área molh ntral em funçã Equaç 75,54318. Am 4 3,16561. Am 4 4  + 8,12207. A + 1,44555.Am   Eletrônica de Engen to  o  dispend uações  para  er uma anális ura  4:  Fluxo uação de ө x A hada (Am) para ão da área e d ções ө x Am  4 + 126907,38 + 22586,7881 m  3  ‐ 7,58287.  3  ‐ 2,39927.Am nharia Civil  nº 4  (2 dioso  trabalh o  cálculo  do e adimension ograma  das  Am.  a o diâmetro d o diâmetro da 599. Am 3 ‐ 47 18. Am 3 ‐ 1499 Am  2  + 5,3893 m  2  + 3,03150.A 2012)                           ho  que  seria  o  ângulo  cent nal.  etapas  para de 300 mm  a tubulação  39,29175. Am 9,54153. Am  2  + 34. Am + 0,864 Am+ 0,86445                           19 o  uso  dest tral,  decidiu‐s     obtenção  d    2  +  +  45  9  as  se  da 
  • 9. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   20   Deste  modo,  trabalhou‐se  com  a  razão  adimensional  da  área  molhada  "Am"  pela  área  total  "At"  referente  a  cada  diâmetro.  Considerando‐se  a  mesma faixa para a relação altura‐diâmetro entre 0,10  e 0,85, calculou‐se para cada diâmetro a área molhada  e  área  total  e  obteve‐se  a  razão  adimensional  "β".  Verificou‐se,  então,  que  a  relação  adimensional  manteve‐se,  independentemente  do  diâmetro  da  tubulação,  apenas  variando  com  a  relação  da  área  molhada "Am" pela área total "At".   Pelo ajuste obteve‐se Equação 20 para todos  os  diâmetros  do  ângulo  central  "ө"  em  função  da  razão da área molhada e da área total.   3β44,8214β43,2485β17,108θ  0,864β9,5242β23,679  [Eq.20]    Onde:   β = Am/At.     Em  síntese  de  posse  da  vazão  total  "Q",  do  coeficiente  de  Manning  "n",  do  diâmetro  "D"  e  da  declividade  da  galeria  "Sg",  calcula‐se  "k"  pela  equação  18.  Obtém‐se  o  ângulo  central  "ө"  pela  equação  19.  Determinam‐se,  então,  a  relação  "h/D"  pela equação 6 que deverá estar entre 0,10 e 0,85, a  área molhada "Am" e por fim a velocidade "V". Caso  "h/D" esteja fora dos limites fixa‐se este no respectivo  limite que não fora respeitado e determina‐se a nova  declividade  "Sg"  do  trecho  de  galeria.  Caso  seja  necessário corrigir a velocidade que se encontre fora  dos  limites  de  0,75  m/s  e  5,0  m/s,  fixa‐se  esta  no  respectivo  valor  que  não  foi  observado,  calcula‐se  a  área  molhada,  obtém‐se  a  relação  beta  "β"  (Am/At).  Calcula‐se o ângulo central (Equação 20), calcula‐se k e  a declividade da galeria, finalizando o processo.  Como  dito  anteriormente,  este  processo  pode ser disposto em planilha eletrônica, facilitando o  processo  de  aprendizagem  aos  alunos  em  formação,  tão quanto auxiliando os profissionais que lidam com  projetos,  agilizando  o  processo  de  dimensionamento  de galerias de águas pluviais.  5. RESULTADOS   5.1 COMPARAÇÃO ENTRE RESULTADOS OBTIDOS NO  DIMENSIONAMENTO  DE  GALERIAS  COM  EMPREGO  DE DUAS METODOLOGIAS  A  comparação  em  questão  diz  respeito  aos  resultados  obtidos  por  dois  métodos  de  cálculo  das  galerias  em  que  um  utiliza  tabela  e  outro  emprega  equação.  Para  a  comparação  selecionaram‐se  trechos  com  velocidades  variando  entre  os  limites  estabelecidos  de  0.75  m/s  e  5,0  m/s.  Tais  trechos  compreenderam  os  diversos diâmetros comerciais empregados.    Na    Tabela   5    têm‐se   os    valores encontrados para a velocidade e  para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro, utilizando  o  procedimento  tradicional de  consulta  a  tabela  (Vpd  e  h/Dpd)  e  a  sistemática  aqui  proposta  que  emprega  exclusivamente equações (Vprop e h/Dprop).   O dimensionamento utilizando a tabela baseada  na Equação de Manning pauta‐se na determinação inicial  da  vazão  a  seção  plena  (Qp).  Tendo  a  vazão  a  ser  conduzida no trecho Q, obtém‐se a razão Q/Qp. Com este  valor, busca‐se na tabela a relação Q/Qp, com os valores  correspondentes valores para V/Vp e h/D. Caso Q/Qp não  se apresente na tabela, faz‐se a interpolação. O mesmo  ocorre caso os limites para a velocidade e relação altura  lâmina  d’água‐diâmetro,  não  são  estabelecidos.  Arbitra‐ se, novamente, o diâmetro e repete‐se o procedimento  com novas interpolações.   Com o equacionamento proposto, não se utiliza  tabela  para  o  dimensionamento  e  as  respostas  são  obtidas  conforme  a  sequencia  apresentada  anteriormente. A disposição em planilha eletrônica com  células  inter‐relacionadas  agiliza  ainda  o  processo,  favorecendo sua aplicação.  Verificam‐se pelas Figuras 6 e 7 que os valores  são  praticamente  os  mesmos,  tanto  para  a  velocidade  quanto para a relação altura lâmina d’água‐diâmetro.   A  sistematização  com  emprego  de  equações  mostrou‐se  mais  eficaz,  pela  economia  de  esforço  e  de  tempo.    Tabela 5: Comparação dos valores obtidos pelos  diferentes métodos de dimensionamento.  Vprop  h/Dprop  Vpd  h/Dpd  0,75  0,732  0,75  0,733  1,30  0,744  1,30  0,745  1,85  0,782  1,85  0,783  2,62  0,578  2,63  0,576  3,21  0,526  3,20  0,527  3,83  0,851  3,83  0,850  4,31  0,413  4,29  0,414  4,96  0,391  4,96  0,391       
  • 10. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   21    Figura 6: Comparação entre as velocidades calculadas com consultas a tabela e pela sistemática com emprego de  equações.      Figura 7: Comparação entre a relação altura lâmina d’água‐diâmetro calculada com consulta a tabela e pela  sistemática com emprego de equações.    6. CONCLUSÕES     As  equações  obtidas  para  o  dimensionamento  das  galerias  de  águas  pluviais  em  substituição  ao  uso  de  tabelas  representam  um  avanço  em  termos  de  ganho  de  tempo,  tendo  seus  resultados  respaldados  por  coeficientes  de  determinação bem próximos de 100%.   Estas equações possibilitam juntamente com  planilhas  eletrônicas  uma  alternativa  para  o  dimensionamento de galerias de águas pluviais, visto a  grande  abrangência  dos  computadores  pessoais  e  a  ampla utilização dos mesmos nos diversos setores da  esfera pública.  Deve‐se  ressaltar  também  a  análise  mais rápida de situações adversas no dimensionamento  quanto  à  busca  de  valores  em  tabelas  e  interpolações  sucessivas para chegar a resultados satisfatórios.  O dimensionamento proposto aqui aborda o  regime  permanente,  não  considerando  condições  em  regime  gradualmente  variado  como  situações  de  remanso, que em casos específicos deve ser avaliada. No  entanto,  o  estudo  possibilita  a  implementação  do  equacionamento  em  linguagem  computacional  bem  como melhorias na consideração do regime variado para  o cálculo. Visto a possibilidade da utilização de planilhas  eletrônicas,  abrem‐se  possibilidades  para  a  análise  de  custos integrada ao dimensionamento, possibilitando ao  projetista ou ao tomador de decisões a solução ótima na  0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral Velocidade (m/s)  Trechos selecionados Sistemática com emprego de equações Determinações com consultas a tabela 1          2           3           4           5           6          7           8 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral h/D (m) Trechos selecionados Sistemática com emprego de equações Determinações com consultas a tabela 1            2 3            4            5            6           7            8     
  • 11. F. C. M. MENEZES FILHO,     A. R. COSTA    ‐     REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil  nº 4  (2012)                                                   22  alteração do diâmetro ou da declividade para o trecho,  facilitada aqui pelas equações e não ao uso sucessivo de  tabelas para a solução.  7. AGRADECIMENTOS   Este  trabalho  foi  desenvolvido  como  parte  da  dissertação  de  mestrado  em  Engenharia  do  Meio  Ambiente  pelo  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Engenharia do Meio Ambiente da Universidade Federal  de Goiás. O primeiro autor agradece ao CNPq pela bolsa  referente  ao  projeto  CT‐Hidro/Edital  14/2005  que  subsidiou toda a pesquisa.   8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  AZEVEDO  NETTO,  J.  M;  VILLELA,  S.  M.  Manual  de  hidráulica.  5.  ed.  São  Paulo:  Editora  Edgard  Blücher,  1969.  ______. ARAÚJO, R. (coord.). Manual de hidráulica. 8.  ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1998.  BRASIL. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.  A Questão da Drenagem Urbana no Brasil: Elementos  para  Formulação  de  uma  Política  Nacional  de  Drenagem  Urbana.  Brasília:  Ministério  das  Cidades,  Texto Para Discussão, 2003.  ______. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.  Guia  para  a  elaboração  de  planos  municipais  de  saneamento. Brasília: Ministério das Cidades, 2006. 152  p.  CIRILO,  J.  M.  (Org).  Hidráulica  Aplicada.  2.  ed.  Porto  Alegre: ABRH, 2003.  DAEE/CETESB. Drenagem urbana – manual de projeto.   2. ed. São Paulo: DAEE/CETESB, 1980. 486p.  DEBO,  T.  N;  REESE,  A.  J.  Municipal  stormwater  management.  2.  ed.  Boca  Raton,  Flórida:  Lewis  Publishers, 2003.  FESTI,  A.  V.  Equações  de  chuva  brasileira.  In:  XVI  Simpósio  Brasileiro  de  Recursos  Hídricos.  Anais,  João  Pessoa, Paraíba, 20p, 2005.  METHODS, H; DURRANS, S. R. Stormwater conveyance  modeling  and  design.  First  Edition.  Waterbury,  USA:  Haestad Press, 2003  PMG – PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA. Drenagem  Pluvial  Urbana:  Memorial  Justificativo.  Anexo  IV.  Goiânia, 2005. 11p.  PORTO, R. M. Hidráulica básica. 2. ed. São Carlos: EESC‐ USP, 1999.  cap. 2, p.13.  SAATÇI, A. Velocity and depth of flow calculations in  partially  filled  pipes.  ASCE  Journal  of  Environmental  Engineering, vol. 116, n. 6, p.1202‐1208, nov/dec. 1990. SILVEIRA,  A.  L.  L  da.  Hidrologia  urbana  no  Brasil.  In:  Braga,  B.  P.  F;  Tucci,  C.  E.  M;  Tozzi,  M.  Drenagem  urbana:  gerenciamento,  simulação,  controle.  1ª.ed.  Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 1998. p.8‐25.  SMITH, M. B. Comment on ‘Analisys and modeling of  flooding  in  urban  drainage  systems’.  Journal  of  Hydrology, Elsevier, 317, 355‐363, 2006.  TUCCI, C. E. M. (Org.). Hidrologia ciência e aplicação. 3  ed.  Porto  Alegre,  RS:  Editora  da  UFRGS/ABRH,  2004.  943p.  WILKEN, P. S. Engenharia de drenagem superficial. São  Paulo: CETESB, 1978. 477p.