Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
A partilha da África e suas consequências para o presente
1. As muitas
,
poucos meses de sediar sua
primeira Copa do Mundo
A/ricas
de Futebol, a África passou Assim como o continente americano,
por um momento de grande a África deveria ser tratada no plural,
apreensão. Emjaneiro, a sele- por seu tamanho e variedade de
ção do Togo seguia de ônibus paisagens naturais e humanas
até a província de Cabinda,
em Angola, onde disputaria ocontinente tem
a Copa Africana de Nações. 20% das terras emersas...
Mas a viagem foi interrompida CA
Área (em milhões de kml)
por uma dissidência das Forças de Libertação do Estado de
• •
Cabinda (Flec), que metralhou o ônibus, Il;latand(j três pessoas
da delegação e deixando jogadores feridós. . ii
• •
10,3
O episódio serviu para chamar atenção para a causa separa- Europa
Ásia
tista de Cabinda e frustrou as pretensões do governo angolano
de projetar ao mundo a imagem de uma nação plenamente América
pacificada, após décadas de guerra civil (1975-2002), no auge
de um forte ciclo de desenvolvimento econômico.
ÁFRICA
®
Oceania
e
Na realidade, o país continua refém de várias contradições. An- 13,2
• Antártica
gola é o maior produtor de petróleo do continente, mas a riqueza A
at
gerada por sua exploração fica nas mãos de uma pequena elite e ••• e 15% da populafão mundial
de empresas estrangeiras, enquanto boa parte da população vive População (em milhões de pessoas)
.,
o
na pobreza. Mesmo não representando uma ameaça significativa
à estabilidade angolana, o movimento pela independência de Ca- ' 0
di
binda reflete a insatisfação com a forte desigualdade social. Rica Europa ~
em petróleo, a província foi anexada à revelia de sua população
em 1975 e não recebe os recursos esperados pelos moradores
para o desenvolvimento da regíão. o América ÁFRICA
Ásia
36
•
Oceania
Apartilha da África
Se o episódio de Cabinda lançou uma sombra sobre a Copa da Fontt: Almanaque Abri/
África do Sul, é porque as tensões internas e os conflitos marcam
o passado e o presente de diversos países africanos. Os problemas PIB per capita e esperança de vida Fr
que afligem Angola, de certo modo, se reproduzem em boa parte do Nem sempre o PIB per capita está diretamente Os
relacionado à esperança de vida. Em muitos casos o Áfl
continente e são resultado das mal resolvidas contendas políticas, o problema é a distribuição de renda e a falta de po
econômicas e sociaís herdadas do período colonial. acesso à saú de e a outros direitos básicos. e)
Desde o século xv, a África é subjugada pelos europeus. Por América • Europa e Ásia Central • África Subsaariana es'
• Oriente Médio e Norte da África • Sul da Ásia int
quase quatro séculos, Portugal, Espanha e Inglaterra levaram • Ásia Oriental e Pacifico na
para o continente americano mão de obra escrava capturada Cada bolinha representa um país
Por pais - 2007
na África. Estima-se que cerca de 12,5 milhões de africanos 100.00 o
tenham desembarcado à força nas Américas. Só no Brasil, O
número de escravos ficou em torno de 4 milhões a 5 milhões, 40.00 O
. I~ Di'
An
que vieram principalmente dos territórios onde ficam Guiné, 20.00 O
. 1',:.::'- -
África r., ..,". .--,~.
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Costa do Marfim, Benin, Congo, Angola e Moçambique. 2. 10.00 O ~
Mesmo controlando o tráfico negreiro, os europeus mantinham ~ ..
.~ 4.00 O
·... ....
presença discreta no continente, limitada a entrepostos comerciais ':
• . ..... .
~
na regíão costeira. Isso permitiu à África manter uma dinâmica ~ 2.00 O
social própria, com Estados, reinos e impérios autônomos - além '"
o::: 1.00 O
.
de tribos e povos espalhados por seu território. Porém, no fim do
"."
Moç. bi ~ue . • -2 Nlger
40 O
século XIX, as potências europeias iniciaram uma corrida impe- RDC
.-o 'Burundi
rialista para controlar o continente, em busca de novas fontes de 40 50 60 70 80
matérias-primas e de mercados para seus produtos manufaturados.
Era o auge da II Revolução Industrial. / Expectativa de vida (anos)
Note como África do Sul e Gabão destoam do
A disputa pelo domínio da África acirrou as desavenças agrupamento. Esses pa(ses têm renda acima
entre as potências. Para resolver o impasse, os países envolvi- da média, mas seus habitantes vivem pouco
Fonte: Gopmlndtr
281 ATUAlIDADES VESTIBULAR 1° SEMESTRE 2010
2. Ilhas Canárias
(Espanha)
..
CABOVER DE
SÃO T MÉ EPRíNCIP'E
O
As duas grand~s divisões do continente o SOO km
africano são a Africa Setentrional (ou do OCEANO ~
Nçrte), dominada pelo deserto, e a ATLÂNTICO
Africa Subsaariana. Com uma área
semelhante à do Brasil, o deserto do
Saara é uma barreira e um elo entre as SEIC ELES
H
duas subdivisões do continente. A borda
sul do deserto, que vai da região da I COMORES
Guiné (a oeste) ao mar Vermelho
(a leste), é a região do Sahel.
.
MAURíCIO
~
Fronteiras artificiais
Os mapas abaixo mostram a diferença brutal entre as regiões étnicas e culturais da
África e as fronteiras políticas impostas pelas potências coloniais. Aatual divisão
política dos países africanos é resultado da colonização europeia, entre os séculos XVI
e XX, e foi definida com a Conferência de Berlim (1B84-18B5). As potências coloniais
estabeleceram áreas de domínio e criaram fronteiras que atendiam a seus próprios
interesses, ignorando os territórios das tribos e das etnias nativas. As nações
nascidas com a independência basearam suas fronteiras na divisão política colonial
Divisão étnica Apartilha do continente Divisão política atual
Antes da colonização europeia, a grande diversidade AConferência de Berlim de 1885 definiu fronte iras Após aindependência, os países africanos herdaram as
étnica estabelecia a organização social na África arbitrárias e os domínios de cada potência europeia fronteiras artificiais impostas pelas potências coloniais
RlodeO
Marrocos -
11 Rei no Unido
• Itália
• P ortugal
• B gica
él
França
• Espanha
• A lemanha
Pafses independen tes
Fonte: Atlas Histórico (scolar, 8 ed., FenomelMEC, pógs. 138, 139
lO SEMESTRE 2010 ATUALlDADES VESTIBULAR 1
29
3. DC)SSIÊ
ÁFIIICA
o ser humano Após a descolonização,
surgiu na África os países africanos
A Africa é o berço da humanidade, se· continuaram tendo sua
gundo as evidências científicas existen· política e sua economia
tes hoje em dia sobre a origem dos seres
humanos. Acredita·se que o primeiro ano ditadas pelo exterior
cestral do homem tenha vivido há cerca
de 4,4 milhões de anos na região que hoje dos realizaram a Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885. O
corresponde à Etiópia. No fim do ano pas· encontro definiu a partilha do continente entre as principais
sado, a revelação dos esqueletos de uma nações europeias, criando fronteiras artificiais, sem levar em
fêmea da espécie Ardipithecus ramidus re· conta os territórios das etnias nativas (veja os mapas na pág.
forçou ainda mais essa tese. "Ardi", como i 29). As consequências dessa partilha foram devastadoras. A
foi batizada, é o fóssil mais antigo de um divisão atendia aos interesses das potências europeias, que
hominídeo de que se tem notícia. desprezavam a diversidade de culturas e, em certos casos,
Já o Homo sapiens sapiens, espécie à qual incitavam conflitos entre tribos rivais como estratégia de do-
pertencemos, surgiu entre 210 mil e 150 minação do território. Apenas a Libéria - nação formada por
mil anos atrás. De acordo com um estudo ex-escravos e descendentes de escravos norte-americanos - e
da Universidade da Pensilvãnia divulgado a Etiópia mantiveram-se independentes.
no ano passado, os primeiros seres huma·
nos modernos viveram na região que se Independência
situa na fronteira entre Angola e Namlbia. Na segunda metade do século XX, o cenário político inter·
Há 50 mil anos, o homem teria deixado a nacional favoreceu a independência das colônias africanas.
Africa, cruzando o mar Mediterrãneo em Enfraquecidas após a II Guerra Mundial (1939-1945), as potên-
direção à Asia, e, dali, partido para outras cias europeias tinham dificuldade para fazer valer seu domínio
partes do mundo. na África. A hegemonia global passou a ser disputada pelos
Estados Unidos (EUA) e pela União das Repúblicas Socialistas
Sitios arqueológicos Soviéticas (URSS), que eram favoráveis à descolonização afri-
ointerior da atual Etiópia concentra restos dosprimeiros cana para poder exercer sua influência numa região dominada
humanos modernose de seusm antigos ancestrais,
ais
como Lucy, uma australopiteco de4,4 milhões de anos, pela Europa. Outra expressão dessa redefinição do panorama As
eArdi, umaardipiteco de 4, 5 milhões de anos global era a pressão das empresas transnacionais para que os
países africanos abrissem seus mercados. du
Nessa época, surgiram importantes lideranças em países Nc
africanos, que, em muitos casos, conduziram o processo de na
independência pacificamente, pela ação política. Mas nações sul
como Argélia, República Democrática do Congo e Angola en- (p:
frentaram guerras duríssimas para se livrar do jugo colonial.
Esse período se estendeu do fim da guerra (1945) a meados da hu
década de 1970, quando houve a independência das ex-colônias de.
portuguesas (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde qu
e São Tomé e Príncipe). ish
O início do período pós-colonial provocou uma expectativa no]
de desenvolvimento da África. Mas os novos Estados, nascidos 0 1'1
com as fronteiras coloniais, careciam de um autêntico senti· Se
mento de identidade e unidade nacional. Em pouco tempo, ° reú
otimismo deu lugar em muitos países a violentas disputas pelo pr
poder, golpes de Estado e ditaduras militares. Muitos desses dis
conflitos tiveram a intervenção dos EUA e da URSS, que levaram
a Guerra Fria para a África, por meio da disputa por áreas de Sul
influência. Economicamente, o continente continuava atrasado,
preso ao modelo agrícola colonial, dependente de ajuda externa
e com baixíssima inserção no comércio mundial (veja na pág.
34). Apesar da soberania alcançada oficialmente, na prática a
África pós-colonial continuou tendo seus rumos largamente
conduzidos a partir do exterior.
Fontes: Seience e fi País
30 IATUALlDADES VESTIBULAR 1° SEMESTRE 2010
4. §
~ ..~--~----------------------------------------~~~~----------------------------------
VIDAS SECAS
As duas Áfricas Deserto do Saara, na Etnias, religiões e línguas
Em termos geográficos e humanos, o continente apresenta Argélia: o país fica na Vários grupos étnicos compõem a
duas grandes sub-regiões: a África Setentrional (ou África do África do Norte, que população de 1 bilhão de habitantes da
Norte) e a África Subsaariana (veja mapa na pág. 29). O limite reúne características África (veja mapa na pág. 29). Mesmo
natural entre ambas é o deserto do Saara. Imediatamente ao físícas e culturais dentro das duas grandes regiões, a di-
sul do deserto há uma faixa semiárida conhecida como Sahel diferentes das da versidade de povos é grande. Na África
(parte da África Subsaariana). África Subsaariana Setentrional, predominam os grupos
Os seis países da África Setentrional têm características físicas e mediterrâneos brancos - caucasoide e
humanas semelhantes às das nações do Oriente Médio. Com clima semita, principalmente. Ao sul do Saara,
desértico, a região é majoritariamente ocupada por povos árabes, a população negra compreende vários povos - os pigmeus nas
que, desde o século VII, difundiram sua língua, sua cultura e o selvas equatoriais, os coisans nos desertos e planaltos meridio-
islamismo. A porção mais ocidental dessa região, conhecida pelo nais, os sudaneses das savanas e os bantos da África Central
nome de Magreb (que significa "poente", em árabe), compreende são os mais numerosos.
o Marrocos, a Argélia e a Tunísia. Os outros três países da África Do ponto de vista religioso, o islamismo (predominante
Setentrional são Líbia, Egito e Djibuti. Já a África Subsaariana no norte) tem o maior número de seguidores no continente,
reúne os 47 países ao sul do deserto do Saara e possui população representando 45% da população. O cristianismo (majoritário
predominantemente negra, com hábitos, idiomas e religiões no sul) é praticado por cerca de 35% dos africanos. Uma das
distintos dos encontrados no norte da África. nações cristãs mais antigas do mundo, a Etiópia é um desta-
O Sahel é a área de transição entre a África Setentrional e a cado representante da religião do continente. A África ainda
Subsaariana. Abrange 12 países africanos, num corredor que corta conta com muitos adeptos entre as inúmeras religiões nativas
o continente de oeste a leste: Mauritânia, Senegal, Mali, Burkina da população.
Fasso, Níger, Nigéria, Chade, Sudão, Eritreia, Etiópia, Djibuti e So- A variedade linguística também espelha a heterogeneidade
mália. No decorrer dos séculos, a população nativa foi influenciada africana. Entre as mais de 2 mil línguas faladas na África, es-
pelos árabes ao norte e pelos europeus que chegaram ao continente tão os dialetos locais, de raiz africana, que convivem com os
pela costa. Essa diversidade cultural está na origem das rivalidades idiomas introduzidos pelos colonizadores europeus - inglês,
étnícas e religiosas no Sahel (veja mais na pág. 38). francês e português são os mais comuns.
1° SEMESTRE 2010 ATUALlDADES VESTIBULAR 131
5. I)C)SSIF.
ÁFRICA
Uma cultura rica Pobreza ao sul do Saara
Ocupando cerca de 80% do continente, a África Subsaariana
~ principalmente por meio de sua vibrante apresenta os piores índices econômicos e sociais do planeta. O
musicalidade que se manifesta a rica cultura último Relatório de Desenvolvimento Humano da Organização
africana. Os ritmos do continente exercem das Nações Unidas, divulgado em novembro de 2009, mostra
grande influência nos gêneros contempo· que, das 24 nações com baixo desenvolvimento humano, 22
râneos mais populares. Se você gosta de ficam na região.
samba, rap, reggae, funk, soul, rock, blues Quando observamos alguns indicadores sociais isoladamente,
ou jazz, já deve saber que esses estilos mu· a situação parece ser ainda mais dramática. Mais de um quarto
sicais têm fortes raízes africanas. das crianças com menos de 5 anos são desnutridas, e a morta-
Esses gêneros foram criados pelos africa· lidade infantil é de 89 para cada mil nascimentos (o número
nos e seus descendentes nas Américas. Eles aceitável mundialmente é de no máximo 20 mortos para c~da
adotaram os instrumentos do novo conti· mil). Muitas dessas mortes ocorrem porque as condições de
nente, absorveram a música local e criaram saneamento básico (água e esgoto) são muito ruins. Apenas
ritmos baseados na percussiva música da 58% da população tem acesso à água potável.
Africa, que logo caíram no gosto popular e Mais da metade dos 961 milhões de habitantes encontra-se
foram difundidos mundo afora. abaixo da linha de pobreza - ou seja, vivem com menos de 1,25
Além de exportar seu know·how musical dólar por dia. Nem mesmo o crescimento econômico dos últi-
para dar origem a novos estilos, a Africa pos- mos anos (veja na pág. 34) conseguiu elevar substancialmente
sui artistas de peso no próprio continente. a renda per capita, que permanece em apenas mil dólares, para
Um é o senegalês Voussou N'Oour, que já uma média mundial de 8,6 mil. Entre 1980 e 2008, a renda per
trabalhou com Peter Gabriel e Paul Simon capita na África Subsaariana pouco mais
e ganhou projeção internacional com a cano que dobrou, enquanto mundialmente ela OFLAGELO DAAIDS
ção Seven Seconds, gravada com a cantora quadriplicou no período. Diante de dados AÁfrica Subsaariana
Neneh Cherry. Mas talvez o maior expoente pouco animadores, a ONU afirma que tem dois terços dos
da música africana seja a sul·africana Mi· nenhuma nação da África Subsaariana soropositivos do
riam Makeba, falecida em 2008. Conhecida está a caminho de cumprir as Metas de mundo: os mais jovens,
como Mama Africa, ela simbolizava a voz Desenvolvimento do Milênio - conjunto como as crianças de
de protesto contra o apartheid e viveu no de objetivos de melhoria no padrão de Uganda abaixo, são as
exilio até a libertação de Nelson Mandela. vida das nações do mundo traçados em principais vítimas SEMF
Seu maior sucesso é Pata Pata. 2000 para ser atingidos até 2015.
•
Aids
A:
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321 ATUALlDADES VESTIBULAR 1° SEMESTRE 2010
6. SEM RUMO Apobreza estimula conflitos como o de Darfur, no Sudão: para fugir da guerra, a população é obrigada a viver precariamente em campos de refugiados
Aids e mortalidade tativa de vida na região é de apenas 51 anos, bem menor do que a
A situação de pobreza no continente africano implica sérias média mundial, de 69 anos. A falta de informação da população
consequências para a saúde da população. Até mesmo doenças e o descaso das autoridades, que, por muitos anos, se recusaram
erradicadas há muito tempo em países desenvolvidos ainda re- a admitir a gravidade da situação, são as principais causas para a
sistem na África. É o caso da malária. O continente responde por propagação do virus na região.
89% das 863 mil mortes no mundo pela doença todo ano. Nos últimos anos, porém, houve aumento considerável no núme-
Mas a pior tragédia na saúde pública africana continua sendo a ro de contaminados que passaram a ter acesso aos medicamentos
epidemia de aids, iniciada há cerca de duas décadas. Hoje, a África retrovirais - conjunto de drogas usado no tratamento da doença.
Subsaariana abriga mais de dois terços dos 33,4 milhões de soro- Um programa de mobilização nacional em Uganda conseguiu
positivos no mundo. Cerca de 72% dos 2 milhões de pessoas que deter a epidemia, e os tratamentos com retrovirais reduziram a
morreram de aids em 2008 são da região. O impacto da doença é mortalidade em 95%. Em Botsuana, a taxa de prevalência do HIV
cada vez maior entre os mais jovens. Em todo o planeta, existem entre os adultos é grande, mas os medicamentos já atingem 80%
2,2 milhões de crianças e adolescentes até 15 anos vivendo com o da população, o que contribuiu para que as mortes relacionadas
vírus da aids, dos quais 1,9 milhão vivem na África Subsaariana. à aids caíssem pela metade em cinco anos.
Em cinco países vizinhos do sul do continente - Botsuana, Mesmo em meio a grandes dificuldades, exemplos como
Lesoto, África do Sul, Suazilândia e Zimbábue - , mais de 15% da esses alimentam a esperança de que a África seja capaz de
população adulta tem o virus HIv. A situação é especialmente superar seus imensos problemas. A Copa do Mundo de 2010 é
dramática na Suazilândia, onde mais de um quarto da população uma oportunidade para a África do Sul e para outras nações do
está contaminada. A expectativa de vida no país caiu de 74 anos continente mostrarem ao planeta algumas conquistas obtidas
em 1990 para 37 anos em 2007. A tragédia da aids, por sinal, é um nos últimos anos, mas também a realidade de uma região que
dos fatores que mais contribuem para que a esperança de vida ao há décadas sofre com o descaso e a omissão dos principais
nascer tenha despencado na África Subsaariana. Hoje, a expec- atores políticos e econômicos globais.
1° SEMESTRE 2010 ATUALlDADES VESTIBULAR 133
7. I)()SSIÊ
ÁFIIICA
Gigante com
ECC)NC)I'IA pés de barro
C) IIICC) oFM I divide o mundo entre países
com economia avançada e os outros,
CC)NTI NENTE chamados de "emergentes e em
desenvolvimento"_ No primeiro grupo
I'C)IIIIE estão 33 países. No segundo, 149 -
um terço deles é de africanos
Há séculos explorada pelas potências
mundiais, a África é o continente menos PIB mundial 2008: US$ 60,6 trilhões
desenvolv~do do plar:eta, ~pesar de P?ssuir Participação por continente (em %)
enormes rIquezas mmerms e e_n efg~tIc a s 1,7 Oceania
,
! ~:1
" Juntos, os PIBs
(produtos internos
situação vem se tornando cada vez brutos) dos 53 países
mais comum em países como Angola, africanos somaram
cerca de 1,5 trilhão
Nigéria, República Democrática do de dólares em Z008,
Congo (RDC) e Sudão: a presença de pouco menos que o
operários chineses nos diversos can- PIB brasileiro
teiros de obra espalhados por essas
nações africanas. Desde o início do
século, quando o governo de Pequim passou a investir ma- PIB per capita, em dólares
Veja no gráfico abaixo que, nos últimos 30 anos, o
ciçamente na África, pelo menos meio milhão de chineses já PIB per capita da Europa e da América dispararam,
desembarcaram no continente. Além de expandir a precária enquanto o africano ficou quase estacionado,
infraestrutura local, eles ajudam a extrair petróleo e outras elevando-se um pouco após 2000
matérias-primas de que a China necessita para sustentar o PIB per capita de Z008 (US$ mil)
crescimento de sua economia. 1Z9,3
Não é de hoje que o mundo está de olho nas riquezas afri- c
2Z,5
canas. Desde o século xv, quando os europeus iniciaram a
ocupação da África, o continente vem sendo pilhado. Afinal,
lá estão 75% do cobalto, dois terços dos diamantes, mais da
metade do ouro e um terço do urânio de todo o planeta (veja
---+-7 1 9.1
mapa na pág. ao lado). Estima-se que possam ser extraídos do
continente africano 125 bilhões de barris de petróleo, o que r-::::r-~===:E:::E=::;t;d 4,1
.... 1,6
representa cerca de 10% das reservas mundiais. 1980 1990 2000 2008
O fato de essa riqueza ainda não ter sido usada para acabar
com a miséria e elevar o padrão de vida da população é um dos PI Bdos países africanos - 2008 H
componentes mais cruéis da tragédia africana. Para agravar a Apenas África do Sul, Nigéria, Argélia e Egito passam o,
situação, os recursos naturais africanos são alvo de disputas dos 100 bilhões de dólares de PIB - o equivalente, na in-
América Latina, ao PIB do Peru, por exemplo _Juntos,
entre milícias rebeldes e governos frágeis - com interesse esses países somam mais da metade do PIB africano
frequente de empresas de fora -, ajudando a fomentar diversos
conflitos no continente (veja na pág. 38).
Economia frágil
Apesar de a exploração mineral ter criado polos de desen-
volvimento no continente, de modo geral a economia africana
continua sendo essencialmente agrícola. Desde o período US:
colonial, a África mantém como modelo as pequenas lavouras
de subsistência, que empregam mais de 70% dos trabalhadores
Em bilhões de dólares •
africanos, e a monocultura exportadora. Café, cacau, algodão, • 100-277
25-100
•
amendoim estão entre os principais itens produzidos. 8al
5-25
Com uma economia pouco diversificada, os países africanos
tornam-se vulneráveis a choques internacionais, como uma queda
brusca nos preços das commodities no mercado mundial, ou a
• Menos de S
Sem dados •
imprevistos ambientais, já que períodos de seca ou enchentes fonles: F le8llnco M
M undial Fon
34 1ATUALlDADES VESTIBULAR lO SEMESTRE 2010
------- ---
8. Os territórios da África "útil"
As riquezas do continente e áreas que recebem
a maioria dos investimentos estrangeiros
o Produção de petróleo e gás
O Produção mineral
O Exploração florestal
Principais recursos energéticos
a Petróleo a
Gás natural
U Urânio c Carvão
Principais recursos minerais
Ouro • Zinco
• Prata • Manga nês
• Ferro • Bauxita
• Cobre • Cromo
• Cobalto • Platina
• Níquel <> Diamante
• Estanho i< Outras pedras
• Chumbo minerais
. loresta tropical
F
SEICHElES
Para ler este mapa, comece identificando as riquezas , COMORES
naturais do continente. Note, por exemplo, como a
exploração de petróleo ocorre hoje em várias partes: norte J
da África (prOdução mais antiga), sul do Sudão e do Chade
e ogolfo da Guiné. A economia da África do Sul baseia-se
na exploração mineral. Na República Democrática do
Congo, as áreas de mineração confundem -se em parte com
as zonas de conflito. Com as linhas vermelhas, azuis e
verde você tem uma ideia das regiães que estão recebendo
o grosso dos investimentos financeiros
fonte: le Monde Oip/amoUque
Herança maldita . Ofraco comércio regional
ocolonialismo europeu na Africa privilegiou o extrativismo e reprimiu a industrialização. Omapa de comércio oEgito Antigo e o Reino do Mali foram civilizações
internacional abaixo mostra que o continente contin ua ligado basicamente aos países ricos (Europa e EUA) africanas que desenvolveram sua economia, cultura e
política com base no comércio regional. Isso se perdeu
a partir do século XIX, quando os europeus cortaram
laços produtivos históricos entre os africanos para
monopolizar suas relações comerciais
Percentual intrarregional do comércio exterior (2004/06)
80
70 [
I• Impoitações
,
• Exportações
60 -t
US$ m hões
il
... Exportações so I- !
40 '
. . Importações
30 ) _.
N
Balança comercial (2006)
20 )
Superavitá rio I
• Deficitário 10
Segundo as Nações Unidas, apesar de o comércio í
Sem dados intra-africano ter se ampliado nos últimos anos, há o,
décadas a África é o único continente a registrar menos '
fonte: le Monde Oiplomatique
de 10% de transações comerciais no próprio continente l ! Em desenvolvimento , Desenvolvida
fonte: UNCTAO
1° SE MESTRE 2010 ATUALIDADES VESTIBULAR 135
9. Entre 2000 e 2008, o I)()SSIF.
ÁFllIeA
comércio entre os países
africanos e a China o Brasil de olho na África
aumentou quase dez vezes Desde o inicio do mandato, em 2003, o pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva já realizou
podem arrasar as colheitas. Essa fragilidade econômica levou seis viagens à Africa, visitando 16 palses.
boa parte das nações africanas a recorrer à ajuda financeira, Essa ação diplomática reflete o crescente
principalmente a partir dos anos 1970. O resultado foi um grande interesse brasileiro no continente. Se em
crescimento da dívida externa, que acentuou a dependência dos 2000 o comércio entre Brasil e Africa mo-
investidores estrangeiros. O débito atual de países como Libéria, vimentava 3,1 bilhões de dólares, em 2008
Zimbábue e República Democrática do Congo (RDC) chega a esse valor saltou para 26,3 bilhões.
superar o próprio PIB. Mesmo se essas nações oferecessem toda a O Brasil importa de lá principalmente pe-
produção de um ano para quitar a dívida, contil1uru;íam devendo. tróleo e minérios e exporta açúcar e velculos.
Nos últimos anos, as discussões sobre o perdão;}da dívida aos Em 2008, três palses concentravam 51,8%
países africanos avançou pouco, beneficiando as poucas nações das exportações brasileiras ao continente:
comprometidas com planos contra a corrupção e de cortes nos Nigéria, Africa do Sul e Angola. É com os
gastos estatais, como Guiné e Moçambique. angolanos, por sinal, que o Brasil tem maior
Com a atual globalização, iniciada nos anos 1990, e a abertu- afinidade comercial. Empresas brasileiras,
ra das economias, a situação africana agravou-se. Em 1984, as como a Odebrecht e a Petrobras, movimen-
exportações do continente representavam 6,5% do comércio tam mais de 10% do PIB de Angola.
global, taxa que despencou para 2,5% em 1993. O caso do algodão O Brasil também mantém parcerias co-
exemplifica as condições desiguais que impedem os africanos merciais com Moçambique, São Tomé e
de colocar seus produtos com lucro no mercado mundial. A Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde, as
lavoura algodoeira é a fonte de sobrevivência de pelo menos 15 outras nações africanas que, assim como
milhões de pessoas no oeste da África. Mas os subsídios (ajuda Angola, pertencem à Comunidade dos Países
financeira) que os EUA e a União Europeia dão a seus agricultores de Ungua Portuguesa (CPLP) - organização
aumentam a produção global e derrubam as cotações, impedindo criada para promover as relações entre as
que a atividade seja lucrativa para os africanos. nações que falam português.
Novo colonialismo
Com o crescimento da demanda mundial por petróleo e naç
minérios nos últimos anos, ampliou-se a cobiça global pelos
Saiu na
den
recursos naturais africanos. O atual modelo econômico é alvo acu
de comparações com o processo de colonização pelo qual o INVESTIDORES ESTRANGEIROS TOMAM corr
continente passou nos séculos XIX e XX. Sem tecnologia, CONTA DAS TERRAS AGRiCOLAS AFRICANAS C
financiamento nem mão de obra especializada suficiente para roul
explorar suas riquezas, os países africanos ficam dependentes Governos e fundos de investimentos estão comprando corr
de empresas e governos estrangeiros para realizar o serviço. terras agríco las para cultivo na Africa e na Ásia - um negócio que
Essa espécie de novo colonialismo acaba perpetuando um luc rativo, levando e m conta o crescimento da população rece
modelo extrativista em que os africanos têm pouca autonomia global e o a umento rápido dos preços dos alimentos. (... ) tiga:
nos r umos de sua economia. A terra é escassa e cara na Europa e nos Estados Unidos. ceri:
Atualmente, cresce a olhos vistos na África a presença da Reso lver esse problema significa desenvolver novas terras, que inde
China, a principal economia emergente do século XXI. Desde estão disponíveis somente na Africa, Ásia e América do Sul. (... ) acor
2000, o comércio dos chineses com a África aumentou quase dez A britânica Susan Payne é a diretora executiva do maior fundo em ~
vezes, chegando a 107 bilhões de dólares em 2008. A estratégia de te rra s no sul da Africa, que atua lm ente inclui 150 mil hecta- com
chinesa tem como principal objetivo ampliar seu acesso aos res, principalmente na África do Sul, Zâmbia e Moçambique. depE
recursos energéticos da região. Cerca de um terço das atuais O fundo de terras de Payne paga de USS 350 a USS 500 por apro
importações chinesas de petróleo vem da África. Em troca do hectare na Zâmbia, cerca de um décimo do preço das terras na 16%
produto, os chineses constroem pontes, estradas, hidrelétricas, Argentina ou nos Estados Unidos. (... ) A diferença em relação
hospitais e escolas. Além disso, a China oferece vantajosos a esse novo colonialismo é qu e os países estão permitindo Cicll
empréstimos aos africanos. Em setembro de 2009, o governo prontamente ser conquistados. O primeiro-ministro da Etiópia Es:
de Pequim anunciou uma linh a de crédito de 10 bilhões de disse qu e se u governo está "a nsioso" para oferecer acesso éum
dólares para estimular o desenvolvimento do continente. As a centenas de milhares de hectares de terras agrícolas. (.. .) cime
relações comerciais também avançam em razão do comporta- 2000
mento chinês diante dos regimes políticos africanos. A China Der Spiegel, no UOL, 2/8/2009 médi
adota o princípio de não ingerência nos assuntos internos das edo I
36 1ATUALIDADES VESTIBULAR ,0 SEMESTRE 2010
10. OURO, DIAMANTE,
nações com as quais negocia, indepen- FERRO, COBRE ... continente passaram por processos de democratização, contri-
dentemente de o país ter um presidente Mineiro garimpa ouro buindo para criar u,m ambiente de maior estabilidade política.
acusado de cometer crimes de guerra, em 2009 na República A par disso, o número de conflitos diminuiu em relação a 20
como acontece no caso do Sudão. Democrática do Congo: anos atrás, o que permitiu alocar investimentos públicos em
Com sua investida, a China tenta a exploração mineral setores mais produtivos da economia.
roubar o lugar privilegiado nas relações do país não é revertida O crescimento africano é sustentado principalmente por pa-
comerciais com o continente africano em desenvolvimento íses exportadores de petróleo e de minérios estratégicos, como
que historicamente é da Europa e, mais Angola, Camarões, Chade, os dois Congos, Guiné Equatorial,
recentemente, dos Estados Unidos. An- Sudão, Gabão e Nigéria. O ruim é que há também um aumento
tigas metrópoles, como o Reino Unido, estabeleceram par- da desigualdade de renda nesses países. Em 1975, os 10% mais
cerias comerciais especiais com suas ex-colônias logo após a ricos da população subsaariana recebiam 10,5 vezes mais que os
independência que perduram até hoje. Os franceses mantêm 10% mais pobres. Em 2005, essa relação cresceu para 18,5 vezes.
acordos econômicos e contam com forte presença militar Angola, por exemplo, é o maior produtor de petróleo no conti-
em solo africano. Os EUA também realizaram uma ofensiva nente e vem apresentando crescimento superior a 15% ao ano
comercial, diplomática e militar no continente. Para reduzir a desde 2005. Mas o país ocupa apenas a 143" posição do ranking
dependência do instável Oriente Médio, os norte-americanos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e boa parte da
aproximaram-se de países africanos, que já respondem por população depende de ajuda humanitária para comer.
16% de todo o petróleo importado pelos EUA. A fragilidade das instituições e a corrupção ajudam a perpetuar
a desigualdade social. Segundo a ONG Transparência Internacio-
Ciclo de crescimento nal, os países que mais produzem petróleo no continente estão
Essa nova onda de exploração de minérios e fontes de energia entre os 30 mais corruptos do planeta. Quando os recursos não
é um dos componentes que ajudam a explicar o recente cres- são escoados pelo ralo da corrupção, a gestão pública deixa a
cimento econômico no continente. Desde de o início dos anos desejar na hora de usar os rendimentos provenientes do petró-
2000, o PIB da África registra um crescimento anual de 5% em leo para desenvolver a economia. Entre os grandes desafios da
média, apoiado principalmente no aumento das exportações África, o maior talvez seja traduzir esse progresso econômico
e do preço das commodities. Nesse período, muitos países do em benefícios sociais para toda a população.
,0SEMESTRE 2010 ATUAlIDADES VESTIBULAR 137
11. Conflitos e lome
CClNFI.ITC)S oaumento recente do consumo
mundial inflou o preço das commodities
AAFIIICA (matérias-primas), o valor e a
variedade de investimentos nas
SC)II FC)GC) províncias minerais africanas, mas,
entre suas consequências, acabou
CIIIIZAI)C) servindo para acirrar os conflitos
Disputas por riquezas naturais e acesso a Desnutrição e pontos de conflito
recursos como terra e água estão na origem Afalta de comida concentra -se na África Subsaariana,
bem como a maioria das situações de conflito
dos principais conflitos no continente
,
, J
•
oa parte dos conflitos armados em curso
no mundo tem como motivação principal o
controle por recursos naturais estratégicos,
principalmente o petróleo. A situação não
é diferente na África. A contradição entre
as vastas reservas minerais e energéticas do
continente e o cenário de fome, miséria e
desemprego que aflige parcela considerável da população con-
tribui decisivamente para elevar a tensão e originar guerras. Desnutrição crônica
Ainda pouco explorados, os abundantes recursos, que incluem IQ Oferta insuficiente
petróleo e pedras preciosas (veja mais na pág. 34 e 35), são alvo de comida
de uma disputa acirrada, que envolve grupos armados, governos ~ Principais áreas
de ocorrência de fome
e também empresas, que tentam tirar proveito da instabilidade dos últimos 30 anos
política e da fragilidade institucional de muitos Estados para
explorar esses recursos. As guerras que surgem nesse contexto
* Principais conflitos
nos anos 1990 /
costumam ser financiadas com o lucro obtido da extração das Fonte: ONU/Pnud
riquezas naturais e, frequentemente, extrapolam as fronteiras
nacionais, envolvendo vários países no confronto - o maior A instabilidade social e política na África
resulta no que vemos no mapa: algumas
exemplo é o que ocorre na República Democrática do Congo
das regiões minerais mais ricas do planeta
(RDC) (veja na página 41). não conseguem garantir comida a seus
As guerras também eclodem em regiões onde há escassez habitantes. Epior: afalta de comida
de recursos e muita desigualdade social. A pobreza de diver- provoca mais instabilidade e conflitos
sas populações acirra as tensões e provoca disputas por bens
básicos, como água potável e terras cultiváveis, como ocorre
em Darfur, no Sudão. Não por acaso, a fase mais aguda dos
conflitos coincide com o agravamento da situação econômica Os conflitos na África Subsaariana
Número e tipo de conflitos, em 2009, por intensidade.
do continente, nos anos 1990, quando o acesso à alimentação
Veja que o maior número de conflitos graves ocorrem
e a pequenas fontes de renda se tornou mais disputado. pela disputa de recursos naturais e pelo controle do
poder em âmbito nacional ou regional
Raízes históricas 350
As tensões que se manifestam no continente são, em boa
300
medida, herança do período colonial (veja na pág. 28). A domi-
nação das metrópoles sobre as colônias africanas muitas vezes 250
se baseava na estratégia de "dividir para dominar": determi-
200
nados povos recebiam tratamento privilegiado das potências
europeias, recebendo apoio para lutar contra outros grupos 150
étnicos, o que alimentou as disputas pelo poder e a desigualdade. 100'
Com a independência das colônias africanas, especialmente
50'
a partir dos anos 1960, l1,luitas rivalidades se exacerbaram.
Em vários Estados, prevaleceu o sistema de partido único, no o'
qual ditadores permaneciam no poder favorecendo seu grupo 1 9~
e negligenciando os demais. Numa situação de escassez, essa *(
Fonte: Inslilulo Heidelberg **
381 ATUALIDADES VESTIBULAR 1° SEMESTRE 2010
12. /- w~
/-:3
- ARGÉLIA
Principais zonas de guerra
Conflitos em curso ou ati vos,
situação no fim de 2009
•
•
Conflitos armados entre grupos rebeldes ou entre
forças governamentais e grupos rebeldes
Conflitos inte rétnicos ou religiosos
Violência política (eleições contestadas,
afirmação de poder pela força)
• Conflito suspenso (pouco ativo, mas não resolvido)
""'" Conflito frontei ri ço
W Atentado, ataque dirigido
... Principais campos de refugiados ~
.iR An/ arlvo
~ana
a Missão de paz da ONU em curso . C§ MAURíCIO
<,~ /
Note como há certa coincidência entre as áreas com os conflitos mais graves e as
províncias minerais mostradas no mapa. Nas áreas mais politicamente instáveis,
os recursos gerados pela exploração do subsolo acabam financiando a criação e o
armamento de exércitos e milícias. Na guerra civil em Serra Leoa, por exemplo,
havia a expressão "diamantes de sangue" para as pedras contrabandeadas para Fonte: [e Monde Dlplomolfque
fora da região que fina nciavam os grupos em conflito
Asubnutrição no mundo Afome é mais grave na África
Nos anos 1970 e 1980, investimentos no campo reduziram o preço dos alimentos Asuperpopulosa Ásia tem o maior núm ero de famintos (gráfico ao lado),
e a fome. Recentemente, os investidores buscaram áreas mais lucrativas que a mas é nos países da África Central que o problema é mais grave, pois atinge
produção de comida, cujos preços têm subido mais que a renda da população pobre uma parcela maior da população local e piora rapidamente, como se vê abaixo
População subnutrida, em milhões de pessoas Subnutridos na população, em % 1990-1992 . 2004 -2006
3S0 r 337 Sul da Ásia
300 !
250
40
L-____---4------~.,--------_r ijilMdRj 30 1------+-·-----·+-----~~
150 .
136 Extremo Oriente 20
100
1
1
- - -. . . . ~-- ----- +---;.;;;;;.;;..~
-- -- 85 Sudeste Asiático
!
soj--""'-!:~---+
! __"'" 45 América Latina e Caribe 10
OL 15 ~aíses desenvolvidos***
8 Asia Central* e Ocidental**
1990-1992 1995-1997 2000-2002 2004-2006
latina e Central Oriental Meridional Ocidental
* Cazaquistao, Quirguislão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão ** Arménia, Azerbaidjão e Geórgia Caribe
*** Exclufdos dos outros grupos
1° SE MESTRE 2010 ATUALIDADES VESTIBULAR 139
13. A presença da opressão estimulou a ação rebelde de segmentos marginalizados
e o surgimento de guerras civis.
ONU na África As divergências religiosas também passaram a ser manipu-
Independentemente de como surgem os ladas para fomentar a discórdia. O islamismo expandiu-se pelo
diferentes conflitos na Africa, a população norte africano no século VII e atravessou o deserto do Saara a
civil é a que mais sofre. Além dos milhões partir do século x, quando comerciantes árabes intensificaram o
de mortos estima.dos nas guerras civis que contato com povos da África Central e Ocidental. Foi assim que
assolaram o continente desde o proces- o norte do Sudão, da Nigéria e da Costa do Marfim tornaram-se
so de descolonização, existe o drama dos majoritariamente islâmicos. No sul desses países, predomina o
sobreviventes. Impossibilitados de con- cristianismo, que chegou ao continente pelo litoral ocidental,
tinuar vivendo numa região conflituosa, trazido pelos europeus a partir do século xv. Quando os eu-
são obrigados a abandonar sua casa e ., ropeus partilharam a África, no século XIX, estabeleceram-se
viver em precários campos de refugiados. colônias onde havia a divisão entre o norte muçulmano e o sul
O Alto Comissariado das Nações Unidas cristão. As fronteiras estabelecidas serviram de referência para
para os Refugiados (Acnur) estima que só as dos atuais países.
na Africa Subsaariana havia 2,1 milhões É dessa forma que as rivalidades étnicas e religiosas, exacer-
de refugiados e 6,3 milhões de deslocados badas pela dominação colonial, servem de combustível para
(refugiados que não chegam a cruzar a conflitos cujas causas reais são, na verdade, disputas entre
fronteira do país) no início de 2009. grupos sociais nos terrenos político (por supremacia regio-
AONU está presente no continente tam- nal), econômico (por acesso aos recursos naturais) e social
bém com suas missões de paz, cujo objetivo (pobreza e miséria).
é restabelecer a ordem nas regiões afetadas
por guerras civis. Atualmente, os soldados
da ONU - os "capacetes azuis" - estão pre-
sentes em sete países africanos: Sudão,
Noticias do front
República Democrática do Congo, Chade, Conheça os principais focos de conflito
República Centro-Africana, Libéria, Costa que desafiam a paz no continente
do Marfim e Marrocos (Saara Ocidental).
Só no Sudão há uma força de quase 30 mil Segundo o Instituto Heidelberg, organização alemã que divulga
homens, que atua na região de Darfur e no anualmente um minucioso estudo sobre as guerras no mundo, havia
sul do país, tentando garantir o acordo de em 2009 conflitos de alta intensidade em sete nações africanas.
paz entre o governo e os separatistas. Veja quais são esses países e o que está em jogo nessas guerras.
Sudão
Localizada no desértico oeste do Sudão, a província de Darfur
é palco de uma das maiores crises humanitárias da atualidade. A
tensão tem origem na disputa por terra e água opondo agricul-
tores negros a pastores nômades, que se auto denominam árabes.
Os combates começaram em 2003, quando rebeldes ligados aos
agricultores negros realizaram uma série de ações armadas.
O governo reagiu violentamente, apoiando a milícia paramilitar c
Janjaweed, que massacrou milhares de agricultores, numa espécie c
de "limpeza étníca" (classificada de genocídio). Os choques dei- r
SEM FRONTEIRAS xaram mais de 300 mil mortos e 2,7 milhões de refugiados. Houve i
Diversos países um acordo de paz com o principal grupo rebelde em 2006, mas os t
africanos disputam as choques continuam com a ação de grupos menores. Em março de I
riquezas minerais da 2009, o Tribunal Penal Internacional, em Haia, condenou à prisão S
República Democrática o presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, por crimes de guerra, mas
do Congo: na foto, o país não reconhece a decisão e ele continua no poder.
um rebelde hutu de Além de Darfur, o Sudão abriga outros focos de tensão. Uma p
Ruanda refugia-se na guerra civil, iniciada com a independência, em 1956, colocou p
densa mata congolesa o sul contra a dominação da elite do norte. Um acordo de paz q
foi assinado em 2005, garantindo maior autonomia para o sul e V
dividindo a renda do petróleo, mas a tensão ainda é grande. n
40 IATUALIDADES VESTIBULAR ,0 SEMESTRE 2010
14. RuíNAS VIGIADAS
Mogadíscio, a capital
da Somália, quase
destruída por anos de
guerra, em maio de
2009: o frágil governo
de transição recorre a
milícias armadas para
tentar manter a ordem
República Democrática do Congo Nigéria
A disputa pelas riquezas minerais da República Democrática A Nigéria abriga mais de 250 etnias. O norte é majoritaria-
do Congo (RDC) deu origem ao que muitos especialistas chamam mente muçulmano e o sul, cristão e mais rico. O desemprego e
de "A Guerra Mundial da África", com o envolvimento de vários a disputa por terras e recursos minerais acirram as rivalidades.
países vizinhos no confronto. As reservas de ouro, diamante, es- Em 1999, a violência explodiu quando alguns Estados do norte
tanho, cobre e cobalto da RDC são cobiçadas por grupos rebeldes oficializaram a Sharia, tornando lei de Estado determinações
e por países como Uganda, Burundi e Zimbábue. islâmicas baseadas no Corão (o livro sagrado do Islã). Os cristãos
Desde que se tornou independente, em 1960, a RDC vive tensões não aceitaram e entraram em choque com os muçulmanos. Mais
políticas provocadas por essa disputa. O mais recente conflito teve de 10 mil pessoas morreram nos confrontos desde 2000.
origem em 1994. Naquele ano, a guerra entre tutsis e hutus em No país, há ainda a ação de grupos rebeldes como o Movimento
Ruanda levou 1 milhão de pessoas (a maioria hutus) a se refugiar pela Emancipação do Delta do Níger (Mend), que reivindica me-
no leste da RDC, desestabilizando a região. Teve início uma guerra lhor distribuição das receitas obtidas com a exploração de petróleo.
civil que continuou intensa até 2002, quando um acordo de paz Desde 2006, o grupo realiza ataques contra instalações petrolíferas
foi assinado. Apesar disso, os conflitos não cessaram totalmente. e sequestra funcionários estrangeiros que trabalham nelas.
Os combates na RDC deixaram mais de 4 milhões de mortos.
Chade
Somália No Chade, o grupo rebelde Forças Unidas para Mudanças luta
A Somália possui território predominantemente árido, e seus pelo poder, desde 2005. Um acordo de paz assinado em 2007
habitantes compartilham água e pastagens há milhares de anos. A não foi suficiente para encerrar o conflito. O Chade também é
disputa pelos escassos recursos e as hostilidades entre os diversos acusado pelo Sudão de apoiar milícias em Darfur.
clãs estão na origem dos confrontos atuais, que agravaram ainda
mais a fome no país. Desde 1991, a Somália vive um caos político e Etiópia
institucional, sem um poder central efetivo. O atual governo con- Atuante desde 1984, a Frente Nacional para a Libertação de
trola apenas uma pequena área da Somália e a capital, Mogadíscio. Ogaden luta pela independência da região. Com população
Boa parte do sul da Somália está nas mãos da milícia islâmica Al predominantemente muçulmana, Ogaden fica na fronteira
Shabab. Há ainda o movimento por autonomia de duas províncias com a Somália e é rica em petróleo e gás.
- Somalilândia, no norte, e Pundand, no leste.
A falta de um poder institucional deu origem a um grave Uganda
problema internacional: a proliferação de piratas nas águas A milícia cristã Exército de Libertação do Senhor atua desde
próximas à costa somali. O caso é muito grave no golfo de Aden, 1988 no norte de Uganda. Seus violentos ataques já invadiram os
que liga o oceano Índico ao canal de Suez, passando pelo mar territórios do Sudão, da RDC e da República Centro-Africana.
Vermelho. A região é uma das principais rotas comerciais do O conflito soma mais de 100 mil mortos e obrigou 1,6 milhão de
mundo, recebendo 20 mil navios por ano. pessoas a abandonar sua aldeia.
l OSEMESTRE 2010 ATUALlDADES VESTIBULAR 141
15. •
Desenvolvimento econômico
AFIIICA Nessas duas décadas, o país passou por algumas transformações
soe
M2
I)() SIII. profundas. Graças principalmente ao aumento na exploração
das reservas de ouro, ferro e pedras preciosas e ao investimento
çãe
eXE
EI' IIIISCA na industrialização, a África do Sul viu sua economia crescer
ininterruptamente desde 1994 - entre 2003 e 2007, o PIB do país
de
sen
I)A VIIIAI)A avançou em média 5% ao ano. Esse grau de desenvolvimento
econômico permitiu aos sul-africanos ampliar sua influência
política e econômica no continente, especialmente entre os
inc
o~
Sede da Copa do Mundo deste ano, vizinhos subsaarianos. Se nos últimos anos em que vigorou }
o país enfrenta o desafio de reduzir a grande o regime de segregação racial a África do Sul sofria um forte der
desigualdade entre brancos e negros isolamento da comunidade internacional, hoje se tornou uma 0r:
nação respeitada na ONU e importante membro do G-20, grupo 5,7
que reúne 20 das principais economias do planeta. da)
m 11 de fevereiro de 1990, a África do Sul Internamente, o país consolidou uma democracia multirracial, dei
viveu um dia histórico: Nelson Mandela, uma das raras a vigorar no continente. Desde o fim do apartheid, no)
líder na luta contra a opressão aos negros, a África do Suljá realizou quatro eleições presidenciais - a última par
era libertado após passar 28 anos na prisão. em abril de 2009, que elegeu o presidente Jacob Zuma. Seu partido, 20C
O episódio precipitou o fim do apartheid, o Congresso Nacional Africano (CNA), mantém-se hegemonica- aíd~
regime político oficializado em 1948 que mente no poder desde 1994. Nas últimas eleições, o Congresso anti
impôs no país a segregação racial e a domi- do Povo (Cope), novo partido liderado pelo ex-presidente Thabo A
nação da minoria branca sobre a grande maioria negra. Vinte Mbeki, conquistou eleitores e deverá exercer uma oposição mais thei
anos depois, o país se prepara para outra celebração. Quando a consistente diante do amplo domínio político do CNA. con
bola rolar em 11 de junho deste ano no estádio Soccer City, em oge
Johanesburgo, a África do Sul será o primeiro país africano a As desigualdades persistem eve
receber uma Copa do Mundo de Futebol. Ao organizar um dos Apesar dos inegáveis avanços, o país ainda enfrenta enormes infr
maiores eventos esportivos do planeta, os sul-africanos querem desafios. O principal é lidar com a herança deixada pelo regime de sedi
mostrar ao mundo sua recente condição de nação emergente segregação racial. Durante os mais de 40 anos em que o apartheid espl
e força econômica do continente. Mas até que ponto a África vigorou, os negros não tinham direitos políticos, viviam em zonas par:
do Sul avançou desde a libertação de Mandela? separadas e eram proibidos até de possuir terras. os s
421 ATUALIDADES VESTIBULAR 1° SEMESTRE 2010
16. Resumo
PASSADO EPRESENTE I)C)SSIÊ Africa
Manifestante mostra
em jornal a notícia
da libertação de Obviamente,
ÁFIIICA o olvlsAo GEOGRAFICA o continente
pode ser dividido em duas grandes re-
Nelson Mandela, em essa opressão giões . A África Setentrional reú ne seis
1990 (foto na pág. à afundou a popu- países, cinco ao norte do deserto do
esq.); em 2009, uma lação negra na po- Saara, e sua população é predominan-
propaganda anuncia a breza. O grande temente árabe. Ao sul do Saara estão
Copa das Confederações problema do país os 47 países da África Subsaariana,
é que, ainda hoje, a que conta com habitantes majorita-
desigualdade entre riamente negros.
brancos e negros é muito alta. Alguns exem-
plos: metade da população negra (80% o MIS~RIA Das 24 nações com o menor
dos sul-africanos) vive abaixo da linha da fndice de Desenvolvimento H4mano
pobreza; o, desemprel?o ~tinge 44% dos (IDIij, 22 estão na África Subsaaria-
negros e so 8% do's branitos; a renda per na . Mais da metade dos 1 milhão de
capita da população branca é oito vezes subsaarianos possui renda inferior a
maior do que a dos negros. Em suma, a 1,25 dólar por dia.
riqueza obtida pelo pais com o crescimento
econômico dos últimos anos não chegou
à população negra. Não se fez uma redis-
o AIOS Aprematura anaprincipalSubsaaria-
morte
doença é
África
causa de
tribuição de terras (reforma agrária), por na. Três quartos das mortes por aids em
exemplo, e elas continuam concentradas todo o mundo ocorrem na região, que
fortemente nas mãos dos brancos, que as ainda abriga dois terços da população
tomaram durante o apartheid. soropositiva do planeta.
Para tentar minimizar as disparidades,
o governo lançou mão de políticas sociais
para favorecer a inclusão dos negros na
o HERANÇA cOLONIAL O continente
sofre com os efeitos das polfticas im-
sociedade e na economia. Trata-se da Capacitação Econômica da postas durante a colonização, como
Maioria Negra, por meio da qual as empresas obtêm uma certifica- a pilhagem dos recursos naturais e
ção a partir de critérios de inclusão racial (como a quantidade de a imposição de fronteiras artificiais .
executivos negros contratados), que podem determinar a obtenção Mesmo com a soberania alcançada
de um contrato público, por exemplo. A medida, contudo, vem na segunda metade do século XX" a
sendo alvo de críticas, por fomentar uma rede de corrupção e ser maioria dos países africanos não con-
incapaz de reduzir as desigualdades. seguiu desenvolver-se e continuou
dependente do exterior.
odrama da aids
A África do Sul ainda enfrenta problemas relacionados à epi-
demia de aids que castiga a África Subsaariana (veja na pág. 28).
o NOVO COLONIALISMO Atraída pelo pe-
tróleo africano, a China vem investindo
O país tem o maior número de infectados no mundo - cerca de pesadamente no continente: desde
5,7 milhões de pessoas estão com o HIv, o que representa 12% 2000, o comércio bilateral aumentou
da população. Acredita-se que mil pessoas morram todos os dias dez vezes. EUA, Reino Unido e França
de doenças relacionadas à aids. Com isso, a expectativa de vida são outros países com forte presença
no país despencou nos últimos anos - atualmente, é de 49,6 anos comercial na África . As exportações
para os homens e 53,1 anos para as mulheres. Em dezembro de de petróleo ajudam a impulsionar a
2009, o presidente Zuma comparou os esforços no combate à econom ia africa na, q ue vem crescendo
aids à luta contra o apartheid e prometeu ampliar o acesso aos 5% em média ao ano. Contudo, esse
antirretrovirais - drogas que prolongam a vida do paciente. progresso não é traduzido em bem-
A violência urbana é outro foco de preocupação. O fim do apar- estar para a população.
theid reduziu o índice de criminalidade, mas ele ainda permanece
como um dos mais elevados do mundo. Para a Copa do Mundo,
o governo promete reforçar a segurança pública. A chegada do
o CONFLITOS Disputas por terras e recur-
sos naturais, somadas às condições de
evento, por sinal, estimulou uma série de investimentos em miséria da maioria da população, estão
infraestrutura, transportes e energia. Como outras nações que entre as principais causas dos conflitos
sediaram eventos esportivos dessa importância, a África do Sul no continente. Acrise humanitária em
espera tirar proveito do legado que a Copa do Mundo deixará Darfur, no Sudão, e a guerra na Repú-
para enfrentar seus enormes desafios e tentar virar o jogo. Para blica Democrática do Congo (RDC) são
os sul-africanos, a partida está apenas começando. lEI os principais focos de tensão .
1° SEMESTRE 2010 ATUALIDADES VESTIBULAR 143