1. O documento discute como as imagens tiradas do espaço mostraram a Terra como um planeta azul e redondo, diminuindo a percepção humana de domínio sobre o mundo.
2. Isso naturalizou a ideia de globalização, mostrando a Terra sem fronteiras políticas, apenas as naturais.
3. Entretanto, as imagens escondem a diversidade cultural dos povos, sobrevalorizando apenas o planeta.
1. Slide 3
A Terra é azul, redonda e pequena!
Nós que nos considerávamos senhores do mundo, pelo menos na versão da Renascença
europeia, nos viamos passageiros de um pequeno pequeno planeta, a nave Terra. A Terra é um
planeta finito solto em um espaço infinito. Estas idéias começam a deixar de ser apenas
conceitos filosóficos e científicos para se tornar IMAGEM. E, a partir dessa época, a IMAGEM
torna-se cada vez mais poderosa! A idéia de que estamos imersos em um globo já não é
apenas fruto da capacidade de abstração do ser humano, a partir da qual fizemos globos
terrestres de plástico. Agora estamos imersos em um globo que lá está, OBJETIVAMENTE, e
que nos foi colocado, por uma objetiva que a fotografou. A Terra é um globo!!!
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A globalização naturaliza-se!
Além de ser azul, redonda e finita, a Terra não tem fronteiras, a não ser as da natureza, como a
das nuvens que são móveis, , evanescentes, ou a dos oceanos e dos continentes, assim mesmo
diluídas, vagas. A idéia de globalização, que bem parecia superar todas as barreiras, se mostra
algo banal. A globalização naturaliza-se!! Afinal a Terral está lá, nua, solta no espaço. Natureza
pura! Ela é sobretudo, natural. Poderosa imagem, onde a diferença entre os povos e suas
culturas não aparecem. A imagem sobrevaloriza o planeta e esconde os povos, as culturas.
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A técnica paira sobre a imagem.
1. Por trás da objetiva, há sempre alguém olhando, observando. No caso, um poderoso
sistema técnico omo suporte de quem olha e comunica: o satélite com suas objetivas.
2. O mundo editado aos pedaços contribui para que possamos construir uma visão do mundo
que nos faz sentir, cada vez mais, que nosso destino está ligado ao que acontece no mundo, no
planeta.
3. Comunidade de destino: onde a vida de que cada um já não se acharia mais ligada ao LUGAR
ou ao PAÍS onde se nasceu, pelo menos, não do mesmo modo que antes.
DIRENÇA ENTRE O USO DOS TERMOS GLOBALIZAÇÃO E MUNDIALIZAÇÃO.
Globalização.
Processo que começou nos anos 70/80, com os novos mecanismos de regulação como o GATTI, o FMI e o
Banco Mundial. O mundo se reorganizou geopoliticamente: MERCOSUL, Zona do Euro, etc. Formaram-se
grandes empresas que se uniram entre países e reorganizaram-se os partidos políticos.
A globalização atingi a todos, porque a crise em outros países cada vez afeta a todos, mas torna as sociedades
cada vez mais desiguais, porque somente os mais preparados exploram e lucram.
Mundialização.
É um processo de aproximação entre homens quotidianamente inseridos em espaços geográficos diferentes.
Aproximação que pode assumir múltiplas formas: da viabilidade de contacto pessoal á comunicação escrita; da
2. troca de mercadorias produzidas por uns e outros á troca de informações, etc.. Assim sendo, podemos dizer que
a mundialização é um processo que se iniciou nos primórdios da humanidade, com avanços e recuos, mas
tendencialmente crescente, manifestando-se de forma desigual nas diversas regiões do mundo. A
mundialização é inevitável e sempre existiu.
Planetarização.
É o processo da consciência ecológica, cada vez mais unindo os povos do planeta,
diante do ritmo destruidor dos ecossistemas produzidos pelo modelo ou sistema da
civilização
Mariliza Samico
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Pontos de vista diferentes sobre a idéia de globalização como algo fascinante: pág. 15 e 16.
JU – Em que medida o mundo da cultura foi atingido pela
globalização?
Ortiz – As implicações são várias. Há uma des-
territorialização de certos símbolos e signos, que
perdem seu significado local e nacional e adquirem uma
dimensão mundial. Por exemplo, Madona já não é mais
americana, Pokemon japonês, e Pelé brasileiro. Todos têm
uma origem geográfica qualquer, no entanto, enquanto
símbolos eles integram um imaginário coletivo
mundializado que transcende seus países de origem.
Transforma-se também nossa concepção de espaço, e
principalmente as noções de autóctone e estrangeiro.
O que antes era visto como “alienado” – estranho à nossa
concepção nacional – torna-se agora interno à
modernidade-mundo. As marcas dessa cultura
mundializada, sobretudo na sua versão do entretenimento,
pode ser vistas na arquitetura dos hotéis de turismo, nos
shoppings center, nas novelas, artigos de jornais,
publicidade etc. Dificilmente poderíamos entender esta
realidade restringindo-se ao debate tradicional entre cultura
nacional e modernidade, cultura popular x cultura erudita,
imperialismo cultural x autenticidade nacional.
Renato Ortiz, sociólogo da Unicamp
SERVIÇO
Mundialização:
Saberes e
Crenças
3. Autor: Renato Ortiz
Editora Brasiliense
Páginas: 214
Preço: 32,00
JU – Nessa linha de raciocínio, parece haver uma certa confusão entre as esferas da macroeconomia e os conceitos de natureza
ideológica, relegando a um plano secundário outras conseqüências do fenômeno. Por que o senhor acha que ocorre isto?
Ortiz – Certamente, desde o início de minha reflexão sobre a problemática, procurei estabelecer uma distinção entre
mundialização da cultura e globalização técnica e econômica. Há certamente uma relação entre esses níveis mas não uma
homologia. Não existe, e tampouco existirá, uma “cultura global”, uma única concepção de mundo. Enquanto se fala de mercado
global ou de tecnologia global, na esfera cultural somos obrigados a enfrentar o tema da diversidade. Para mim, a globalização é
uma situação, uma totalidade que envolve as partes que a constituem, mas sem anulá-las.
Neste contexto, o velho e o novo estão presentes; o local, o nacional e o tribal não desaparecem. O “velho” é re-significado e o
novo marca as mudanças ocorridas. Trata-se de uma realidade na qual convivem e entram em conflito espaços e temporalidades
distintas. É essa riqueza da análise que às vezes se perde quando o quadro atual é analisado apenas do ponto de vista
econômico.