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Diagnóstico sobre valores, conhecimento e
cultura de acesso à informação pública no
Poder Executivo Federal Brasileiro
Vânia Vieira
Diretora de Prevenção da Corrupção
Controladoria-Geral da União
DADOS GERAIS DA PESQUISA
Realização: CGU e Unesco
Objetivo: Analisar valores, cultura, experiência e
percepção de servidores públicos federais em relação à
temática de acesso a informação.
Aplicação: Poder Executivo Federal.
Coordenação: Profº Roberto DaMatta
O diagnóstico foi conduzido em duas etapas, distintas e
complementares:
METODOLOGIA
Pesquisa qualitativa: entrevistas realizadas com
autoridades responsáveis pela tomada de decisões em áreas
relevantes para a implementação da política de acesso –
baseadas em questionário semi-estruturado;
Pesquisa quantitativa: realizada com amostra de
servidores públicos (intervalo de 95% de confiança, com
margem de erro de 3,5%) de diversos órgãos e entidades
governamentais, independentemente do seu grau
hierárquico, mediante questionário enviado via web –
participação voluntária.
Perfil dos servidores
Pesquisa Qualitativa
73 entrevistados, ocupantes de cargos de direção, chefia e
assessoramento superior (DAS)
Pesquisa quantitativa
• 986 respondentes
• Ingresso no serviço público: 92% concursados
• 60,14% - sexo masculino e 53,45% - sexo feminino
• 82,14% afirmaram possuir ensino superior completo e/ou algum curso
de pós-graduação
Principais Resultados
RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
Percepção geral: a relação entre o Estado e a Sociedade ainda
é distante
RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
-Reconhecimento de que houve um movimento de
aproximação nos últimos vinte anos;
-Reconhecimento da importância do seu papel como
“servidor do público”;
-Reconhecimento de que a sociedade é o principal
destinatário das suas ações.
Importante: Apesar da percepção dominante ser a de
que o Estado ainda é distante da sociedade, identificou-
se aspectos positivos nas respostas dos servidores:
RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
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Desafios
- O Estado hoje se encontra mais capacitado para se
relacionar com grupos organizados e atender a demandas de
organizações da sociedade civil, mas ainda enfrenta problemas
para atender satisfatoriamente a demandas individuais de
cidadãos.
- Alguns servidores tendem a “infantilizar” os cidadãos,
acreditando que ele não seria capaz de se comunicar diretamente
com o Estado. Eles necessitariam contar, ou com a tutela do
Estado para acessar e compreender as informações, ou com a
intermediação de entidades da sociedade civil e da imprensa
neste processo.
RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
RECONHECIMENTO DO DIREITO DE
ACESSO À INFORMAÇÃO PÚBLICA
A maioria dos servidores reconhece o direito
dos cidadãos de requerer e obter praticamente
qualquer informação (considerada não sigilosa)
do poder público e o dever do Estado de
garantir o exercício deste direito e o atendimento
das demandas por informação:
O Estado é o guardião da informação, mas
esta pertence à sociedade.
RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
ASSERTIVA CT C D DT NS
O Estado é o guardião da informação pública,
mas esta pertence à sociedade
47,6 46,2 4,3 1,0 0,8
Todo cidadão tem o direito de acesso a
qualquer informação pública (aquela não
classificada como sigilosa) sem precisar
justificar sua solicitação e a Administração
Pública tem a obrigação de atendê-lo dentro de
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49,9 41,6 6,6 1,4 0,5
O servidor público que se nega a prestar
informação pública solicitada pelo cidadão deve
ser responsabilizado por isso
37,9 42,9 14,3 1,9 3,1
Há informações que, pela sua natureza, devem
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16,0 24,0 33,8 21,7 4,4
A percepção quanto à posse da informação pública
RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
Diante de situações concretas, surgem, no entanto, resistências:
-análise das solicitações conforme distintos critérios de conveniência e
oportunidade;
-indagação quanto aos motivos dos solicitantes e avaliação da
pertinência e relevância do pedido e análise do custo-benefício de
atendimento.
Desconfiança e receio quanto ao USO que os
solicitantes podem fazer das informações (em especial a
imprensa)
CONCENTRAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM INDIVÍDUOS
OU SETORES
RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE ACESSO À INFORMAÇÃO:
Principais aspectos NEGATIVOS apontados
-Má utilização das informações
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-Uso político das informações
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RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
Uma das preocupações dos servidores diz respeito ao impacto que o
atendimento a um volume expressivo de informações trará para sua
unidade: tempo, energia e pessoal, visto que esses recursos já são
escassos.
AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE ACESSO À INFORMAÇÃO:
Principais aspectos POSITIVOS apontados
RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
ASSERTIVA
CT C D DT NS
O benefício de uma política de amplo acesso à
informação pública seria superior a qualquer ônus
envolvido na sua implementação (tempo, trabalho,
recursos, riscos)
25,2 54,7 13,1 1,1 5,9
O ônus envolvido na implementação de uma
política de amplo acesso à informação pública
(tempo, trabalho, recursos, riscos) é superior a
qualquer benefício
3,5 15,0 53,1 23,0 5,5
A implementação de uma política de amplo acesso
à informação pública é importante, mas só deveria
ser priorizada se não implicasse trabalho e custos
adicionais
16,5 4,5 54,4 21,3 3,4
CT – concordo totalmente; C – concordo; D – discordo; DT – discordo totalmente; NS – não sei 
ÔNUS x BENEFÍCIOS
de uma política de acesso à informação
ASSERTIVA CT C D DT NS
A área que o(a) Sr.(a) trabalha não teria
dificuldade para implementar uma política de
amplo acesso à informação pública porque já
possui uma cultura de divulgar informações
45,2 17,0 27,2 6,5 4,2
A área que o(a) Sr.(a) trabalha não teria
dificuldade para implementar uma política de
amplo acesso à informação pública porque está
estruturada para atender essas solicitações
11,0 36,9 39,3 7,2
5,6
O governo federal está preparado para executar
uma política de amplo acesso à informação
pública
4,8 21,3 47,6 13,4 13,0
Capacidade dos órgão e entidades de
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RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
O ATUAL TRATAMENTO DA
INFORMAÇÃO PÚBLICA
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atendimento, gestão eletrônica de
documentos, gestão informatizada de
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conseguir acompanhar o fluxo entre a
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O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA
- Falta de uma política geral para a gestão da informação;
- Inexistência de critérios simples e objetivos para o que pode e para o
que não pode ser amplamente divulgado;
- “Cultura do pendrive” presente em alguns funcionários que se
apropriam de dados e informações sob sua responsabilidade e não os
compartilham com os colegas ou demais interessados
- A maioria dos órgãos não possui um padrão para o atendimento de
pedidos de informação;
- Importância da participação dos dirigentes na implementação da Lei
de Acesso à Informação.
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O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA
A sua área possui sistema eletrônico de protocolo e 
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CAPACIDADE DAADMINISTRAÇÃO PARA
IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À
INFORMAÇÃO
CAPACIDADE DAADMINISTRAÇÃO PARA IMPLEMENTAR A LEI
PRINCIPAIS PROBLEMAS APONTADOS
-falta de organização, planejamento e sistematização das informações
de cada área;
-limitada capacidade de resposta em caso de aumento significativo da
demanda por informações;
-baixa interoperalidade dos sistemas e bancos de dados das diferentes
áreas e até mesmo dentro de um mesmo órgão;
-baixa confiabilidade das bases de dados existentes;
-carência de recursos humanos destinados à divulgação proativa de
informações e ao atendimento das solicitações ;
-perigo de a nova legislação cair em descrédito por falta de condições
necessárias e suficientes à sua efetividade.
O servidor, em sua grande maioria, não se opõem
ao amplo acesso à informação pública, mas defende,
para tanto, a modernização do Estado,
principalmente, no que diz respeito à treinamento
(mudança cultural) e tecnologia da informação.
O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA
RESPONSABILIZAÇÃO FUNCIONAL
RESPONSABILIZAÇÃO FUNCIONAL
Na visão dos respondentes, os servidores não poderiam ser
responsabilizados ou punidos se:
•a informação solicitada não estivesse ao seu próprio
alcance ou ele não possuísse ou não tivesse condições de
preparar o levantamento solicitado;
•a solicitação não encontrasse respaldo na própria lei de
acesso a informação pública;
•a informação já fosse pública;
•o atendimento da solicitação não integrasse a lista de suas
responsabilidades;
•o funcionário não houvesse sido devida e plenamente
treinado e capacitado para o cumprimento da nova lei.
CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES
MUDANÇAS
-CULTURAIS;
-ORGANIZACIONAIS; e
-OPERACIONAIS.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Mudanças Culturais:
•definição clara do que é/não é informação pública,
reduzindo drasticamente a margem de arbítrio pessoal para
as decisões;
•enfrentamento das atitudes sedimentadas na forma da
complexa cultura do papel – da gaveta e do pendrive, o que
reflete a difusa sensação de que os funcionários públicos
são proprietários da informação, podendo disponibilizá-la
ou não ao seu critério;
•incentivo a uma nova cultura de produção e
compartilhamento de bancos de dados.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Mudanças Organizacionais:
•estruturação e disseminação por toda a administração federal de áreas
responsáveis pelo recebimento e acompanhamento de solicitações de
informação;
•abertura e manutenção de canais eficientes de comunicação entre os
órgãos de Estado/governo e a sociedade como um todo;
•implantação de rotinas informatizadas para o fluxo entre solicitações
e respostas, dentro de prazos razoáveis de atendimento;
•implementação de política - a um tempo uniforme e flexível - para
arquivos de documentos e também para o arquivamento eletrônico nos
órgãos da administração federal;
•desenvolvimento de programas de sensibilização, treinamento e
capacitação dos recursos humanos com foco nas transformações
exigidas pela futura lei de acesso a informação pública;
•fortalecimento das áreas de tecnologia da informação e dos canais de
diálogo e troca de informações ou sugestões entre estas e as demais
áreas dos órgãos federais.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Mudanças Operacionais:
•universalização da gestão eletrônica de documentos e de
acompanhamento de processos, com interfaces que permitam o acesso
direto dos cidadãos interessados;
•estruturação e compatibilização de sistemas das várias repartições e
órgãos federais;
•criação, ampliação, consolidação e disponibilização de bancos de dados
com um mínimo de obstáculos para o acesso do cidadão, a exemplo de
senhas e outras exigências inibidoras de consultas ou solicitações;
•Digitalização dos documentos produzidos por órgãos e entidades da
Administração Federal;
•ampliação da transparência proativa mediante sites bem desenhados e
‘amistosos’ ao cidadão interessado, o que contribuirá para aliviar o
excesso de demandas por informações e dados;
•definição de orçamentos que possibilitem efetivamente o novo ambiente
de acesso a informação pública federal acima delineado.
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO
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Diagnóstico sobre valores, conhecimento e cultura de acesso à informação pública no Poder Executivo Federal Brasileiro

  • 1. Diagnóstico sobre valores, conhecimento e cultura de acesso à informação pública no Poder Executivo Federal Brasileiro Vânia Vieira Diretora de Prevenção da Corrupção Controladoria-Geral da União
  • 2. DADOS GERAIS DA PESQUISA Realização: CGU e Unesco Objetivo: Analisar valores, cultura, experiência e percepção de servidores públicos federais em relação à temática de acesso a informação. Aplicação: Poder Executivo Federal. Coordenação: Profº Roberto DaMatta
  • 3. O diagnóstico foi conduzido em duas etapas, distintas e complementares: METODOLOGIA Pesquisa qualitativa: entrevistas realizadas com autoridades responsáveis pela tomada de decisões em áreas relevantes para a implementação da política de acesso – baseadas em questionário semi-estruturado; Pesquisa quantitativa: realizada com amostra de servidores públicos (intervalo de 95% de confiança, com margem de erro de 3,5%) de diversos órgãos e entidades governamentais, independentemente do seu grau hierárquico, mediante questionário enviado via web – participação voluntária.
  • 4. Perfil dos servidores Pesquisa Qualitativa 73 entrevistados, ocupantes de cargos de direção, chefia e assessoramento superior (DAS) Pesquisa quantitativa • 986 respondentes • Ingresso no serviço público: 92% concursados • 60,14% - sexo masculino e 53,45% - sexo feminino • 82,14% afirmaram possuir ensino superior completo e/ou algum curso de pós-graduação
  • 7. Percepção geral: a relação entre o Estado e a Sociedade ainda é distante RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
  • 8. -Reconhecimento de que houve um movimento de aproximação nos últimos vinte anos; -Reconhecimento da importância do seu papel como “servidor do público”; -Reconhecimento de que a sociedade é o principal destinatário das suas ações. Importante: Apesar da percepção dominante ser a de que o Estado ainda é distante da sociedade, identificou- se aspectos positivos nas respostas dos servidores: RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
  • 11. Desafios - O Estado hoje se encontra mais capacitado para se relacionar com grupos organizados e atender a demandas de organizações da sociedade civil, mas ainda enfrenta problemas para atender satisfatoriamente a demandas individuais de cidadãos. - Alguns servidores tendem a “infantilizar” os cidadãos, acreditando que ele não seria capaz de se comunicar diretamente com o Estado. Eles necessitariam contar, ou com a tutela do Estado para acessar e compreender as informações, ou com a intermediação de entidades da sociedade civil e da imprensa neste processo. RELAÇÃO ESTADO-SOCIEDADE
  • 12. RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO PÚBLICA
  • 13. A maioria dos servidores reconhece o direito dos cidadãos de requerer e obter praticamente qualquer informação (considerada não sigilosa) do poder público e o dever do Estado de garantir o exercício deste direito e o atendimento das demandas por informação: O Estado é o guardião da informação, mas esta pertence à sociedade. RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
  • 14. ASSERTIVA CT C D DT NS O Estado é o guardião da informação pública, mas esta pertence à sociedade 47,6 46,2 4,3 1,0 0,8 Todo cidadão tem o direito de acesso a qualquer informação pública (aquela não classificada como sigilosa) sem precisar justificar sua solicitação e a Administração Pública tem a obrigação de atendê-lo dentro de um prazo previamente estabelecido 49,9 41,6 6,6 1,4 0,5 O servidor público que se nega a prestar informação pública solicitada pelo cidadão deve ser responsabilizado por isso 37,9 42,9 14,3 1,9 3,1 Há informações que, pela sua natureza, devem ser eternamente mantidas sob sigilo 16,0 24,0 33,8 21,7 4,4 A percepção quanto à posse da informação pública RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
  • 15. Diante de situações concretas, surgem, no entanto, resistências: -análise das solicitações conforme distintos critérios de conveniência e oportunidade; -indagação quanto aos motivos dos solicitantes e avaliação da pertinência e relevância do pedido e análise do custo-benefício de atendimento. Desconfiança e receio quanto ao USO que os solicitantes podem fazer das informações (em especial a imprensa) CONCENTRAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM INDIVÍDUOS OU SETORES RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
  • 16. AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE ACESSO À INFORMAÇÃO: Principais aspectos NEGATIVOS apontados -Má utilização das informações -Vantagens para grupos de interesse bem situados -Uso político das informações -Solicitações excessivas e descabidas RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO Uma das preocupações dos servidores diz respeito ao impacto que o atendimento a um volume expressivo de informações trará para sua unidade: tempo, energia e pessoal, visto que esses recursos já são escassos.
  • 17. AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE ACESSO À INFORMAÇÃO: Principais aspectos POSITIVOS apontados RECONHECIMENTO DO DIREITO DE ACESSO
  • 18. ASSERTIVA CT C D DT NS O benefício de uma política de amplo acesso à informação pública seria superior a qualquer ônus envolvido na sua implementação (tempo, trabalho, recursos, riscos) 25,2 54,7 13,1 1,1 5,9 O ônus envolvido na implementação de uma política de amplo acesso à informação pública (tempo, trabalho, recursos, riscos) é superior a qualquer benefício 3,5 15,0 53,1 23,0 5,5 A implementação de uma política de amplo acesso à informação pública é importante, mas só deveria ser priorizada se não implicasse trabalho e custos adicionais 16,5 4,5 54,4 21,3 3,4 CT – concordo totalmente; C – concordo; D – discordo; DT – discordo totalmente; NS – não sei  ÔNUS x BENEFÍCIOS de uma política de acesso à informação
  • 19. ASSERTIVA CT C D DT NS A área que o(a) Sr.(a) trabalha não teria dificuldade para implementar uma política de amplo acesso à informação pública porque já possui uma cultura de divulgar informações 45,2 17,0 27,2 6,5 4,2 A área que o(a) Sr.(a) trabalha não teria dificuldade para implementar uma política de amplo acesso à informação pública porque está estruturada para atender essas solicitações 11,0 36,9 39,3 7,2 5,6 O governo federal está preparado para executar uma política de amplo acesso à informação pública 4,8 21,3 47,6 13,4 13,0 Capacidade dos órgão e entidades de implementar a Lei de Acesso à Informação
  • 21. O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA
  • 22. CONTRASTES Órgãos que possuem sistemas informatizados, controles de estatísticas de atendimento, gestão eletrônica de documentos, gestão informatizada de processos, diversos canais de atendimento ao público, capacidade para fornecer informações por meio eletrônico e cópias digitalizadas de processos Órgãos que ainda estão se esforçando para conseguir acompanhar o fluxo entre a solicitação e a resposta, sem um sistema informatizado de registro e monitoramento O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA
  • 23. - Falta de uma política geral para a gestão da informação; - Inexistência de critérios simples e objetivos para o que pode e para o que não pode ser amplamente divulgado; - “Cultura do pendrive” presente em alguns funcionários que se apropriam de dados e informações sob sua responsabilidade e não os compartilham com os colegas ou demais interessados - A maioria dos órgãos não possui um padrão para o atendimento de pedidos de informação; - Importância da participação dos dirigentes na implementação da Lei de Acesso à Informação. O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA Desafios
  • 24. O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA A sua área possui sistema eletrônico de protocolo e  tramitação de documentos?”
  • 25. O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA Com que regularidade a sua área promove cursos e treinamentos  sobre gestão de documentos e/ou segurança da informação?
  • 26. CAPACIDADE DAADMINISTRAÇÃO PARA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
  • 27. CAPACIDADE DAADMINISTRAÇÃO PARA IMPLEMENTAR A LEI PRINCIPAIS PROBLEMAS APONTADOS -falta de organização, planejamento e sistematização das informações de cada área; -limitada capacidade de resposta em caso de aumento significativo da demanda por informações; -baixa interoperalidade dos sistemas e bancos de dados das diferentes áreas e até mesmo dentro de um mesmo órgão; -baixa confiabilidade das bases de dados existentes; -carência de recursos humanos destinados à divulgação proativa de informações e ao atendimento das solicitações ; -perigo de a nova legislação cair em descrédito por falta de condições necessárias e suficientes à sua efetividade.
  • 28. O servidor, em sua grande maioria, não se opõem ao amplo acesso à informação pública, mas defende, para tanto, a modernização do Estado, principalmente, no que diz respeito à treinamento (mudança cultural) e tecnologia da informação. O ATUAL TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO PÚBLICA
  • 30. RESPONSABILIZAÇÃO FUNCIONAL Na visão dos respondentes, os servidores não poderiam ser responsabilizados ou punidos se: •a informação solicitada não estivesse ao seu próprio alcance ou ele não possuísse ou não tivesse condições de preparar o levantamento solicitado; •a solicitação não encontrasse respaldo na própria lei de acesso a informação pública; •a informação já fosse pública; •o atendimento da solicitação não integrasse a lista de suas responsabilidades; •o funcionário não houvesse sido devida e plenamente treinado e capacitado para o cumprimento da nova lei.
  • 33. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Mudanças Culturais: •definição clara do que é/não é informação pública, reduzindo drasticamente a margem de arbítrio pessoal para as decisões; •enfrentamento das atitudes sedimentadas na forma da complexa cultura do papel – da gaveta e do pendrive, o que reflete a difusa sensação de que os funcionários públicos são proprietários da informação, podendo disponibilizá-la ou não ao seu critério; •incentivo a uma nova cultura de produção e compartilhamento de bancos de dados.
  • 34. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Mudanças Organizacionais: •estruturação e disseminação por toda a administração federal de áreas responsáveis pelo recebimento e acompanhamento de solicitações de informação; •abertura e manutenção de canais eficientes de comunicação entre os órgãos de Estado/governo e a sociedade como um todo; •implantação de rotinas informatizadas para o fluxo entre solicitações e respostas, dentro de prazos razoáveis de atendimento; •implementação de política - a um tempo uniforme e flexível - para arquivos de documentos e também para o arquivamento eletrônico nos órgãos da administração federal; •desenvolvimento de programas de sensibilização, treinamento e capacitação dos recursos humanos com foco nas transformações exigidas pela futura lei de acesso a informação pública; •fortalecimento das áreas de tecnologia da informação e dos canais de diálogo e troca de informações ou sugestões entre estas e as demais áreas dos órgãos federais.
  • 35. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Mudanças Operacionais: •universalização da gestão eletrônica de documentos e de acompanhamento de processos, com interfaces que permitam o acesso direto dos cidadãos interessados; •estruturação e compatibilização de sistemas das várias repartições e órgãos federais; •criação, ampliação, consolidação e disponibilização de bancos de dados com um mínimo de obstáculos para o acesso do cidadão, a exemplo de senhas e outras exigências inibidoras de consultas ou solicitações; •Digitalização dos documentos produzidos por órgãos e entidades da Administração Federal; •ampliação da transparência proativa mediante sites bem desenhados e ‘amistosos’ ao cidadão interessado, o que contribuirá para aliviar o excesso de demandas por informações e dados; •definição de orçamentos que possibilitem efetivamente o novo ambiente de acesso a informação pública federal acima delineado.