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Denis Richter
Diego Tarley Ferreira Nascimento
(organizadores)
Goiânia/GO I 2020
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Bibliotecário Filipe Reis – CRB n.° 3388)
Grupo de Estudos e Pesquisas de Cartografia para Escolares - GECE
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Geográfica - LEPEG
Instituto de Estudos Socioambientais - IESA
Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação - CEPAE
Universidade Federal de Goiás - UFG
Universidade Estadual de Goiás - UEG
Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro
C328 Cartografia da Covid-19 : orientações para uso no ambiente escolar /
Denis Richter, Diego Tarley Ferreira Nascimento (Organização.).
Goiânia : C&A Alfa Comunicação, 2021.
138 p. : il. color.
Material de orientação didática sobre a seleção de fontes,
plataformas de representação espacial e dados confiáveis, a
disseminação do conhecimento científico e o papel da universidade
num contexto da pandemia Covid-19.
Responsabilidades autorais:
Seção 1: Denis Richter e Diego Tarley Ferreira Nascimento
Seção 2: Miriam Aparecida Bueno e Loçandra Borges de Moraes
Seção 3: Laís Rodrigues Campos e Marquiana de Freitas Vilas Boas
Gomes
ISBN: 978-65-89324-07-2 
1. Cartografia. 2. Covid-19. 3. Pandemia. I. Richter, Denis. II.
Nascimento, Diego Tarley Ferreira.
1.
CDU: 616-036.21
pandemia da (doença) Covid-19, causada pelo novo coronavírus, tem
incitado transformações nas relações sociais com repercussões
econômicas nunca antes vivenciadas em nossa sociedade. Diante de
uma das mais sérias crises de saúde pública do século XXI, medidas de isolamento
social têm sido adotadas em diversos países do mundo no intuito de amenizar a
rápida propagação do vírus (Sars-Cov-2).
No que tange à área da educação, com a suspensão das aulas presenciais, tanto
nos estabelecimentos de educação básica quanto em instituições de ensino
superior, os docentes e discentes que fazem parte do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Cartografia para Escolares (GECE), vinculado ao Laboratório de
Pesquisa em Educação e Geografia (LEPEG), do Instituto de Estudos
Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), e tendo a
colaboração de professores da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e da
Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), oportunamente apresenta
este documento, com a indicação de diferentes fontes de dados e de mapas
interativos que buscam retratar o panorama e o avanço da pandemia da Covid-19
para que os professores possam fazer uso desses materiais em suas práticas de
ensino.
Da mesma forma, esperamos contribuir também com a comunidade externa,
sobretudo por muitos encontrarem-se em suas residências, sob temores e
incertezas diante de tantas informações, sendo, infelizmente, muitas delas
inconsistentes.
Neste sentido, apresentamos orientações de acesso a dados oficiais que permitam
o trabalho reflexivo e crítico dos professores e alunos, integrando esse material às
suas práticas escolares. Este material reforça a importância do saber científico e o
papel da universidade no fornecimento de recursos que permitam a popularização
do saber e fortalecimento das redes de conhecimento.
• A pandemia da Covid-19
• Organização de um material de
orientação didática
• Seleção de fontes e dados oficiais
e confiáveis
• Disseminação do conhecimento
científico como papel e função da
Universidade
Introdução
Cartografia da Covid-19
01
Assim, o presente material se estrutura em três seções. A primeira apresenta
as principais fontes de dados sobre a pandemia da Covid-19, descrevendo o
acesso, as formas de representação e as possibilidades de leitura e análise
dos dados. Esta seção é destinada tanto aos profissionais da educação
quanto à comunidade em geral, tendo em vista a relevância de tais dados
para a percepção e compreensão do fenômeno.
A segunda seção detalha um esboço dos fundamentos utilizados para a
construção e utilização de representações cartográficas (mapas), tabulares e
gráficas. Em seguida, a terceira seção apresenta algumas propostas de
orientações metodológicas de como o professor pode realizar e encaminhar
com seus alunos procedimentos de leitura, análise e interpretação dos
dados.
Destacamos de início que esse trabalho tem o objetivo de apresentar uma
seleção de plataformas e algumas de suas possibilidades de leitura, análise e
interpretação. Portanto, alertamos que não consideramos este material como
algo finalizado, tampouco objetiva esgotar as inúmeras fontes ou propostas
de uso de tais dados. Sabemos que os docentes possuem um cabedal
significativo de experiências e propostas pertinentes para desenvolver o
trabalho intelectual e que podem ser integradas a esta proposta. Por isso,
salientamos que este material seguirá em construção e atualização constante,
sendo oportuna e muito bem vinda toda e qualquer crítica, sugestão e
contribuição, que podem ser encaminhadas ao e-mail do GECE
(gece.ufg@gmail.com).
Muita saúde, boa leitura e bom trabalho!
Equipe GECE
• Primeira seção - fontes de dados e
formas de representação
• Segunda seção - fundamentos
para a leitura e análise das
representações cartográfica,
tabulares e gráficas
• Terceira seção - orientações
metodológicas e sequências
didáticas
Introdução
Cartografia da Covid-19
02
Seção 1
fontes de dados e formas de representação
seção 1 da Cartografia da Covid-19:
orientações para uso no ambiente
escolar - fontes de dados e formas de
representação, apresenta uma série de plataformas
online com a espacialização dos dados do
coronavírus em diferentes escalas, desde o global
até o local, produzidas por distintos órgãos,
instituições de ensino superior ou por profissionais
independentes. Além disso, neste documento são
detalhadas algumas orientações básicas de como o
usuário pode acessar e explorar os dados, bem
como como ajustar a visualização para melhorar a
análise dos dados.
Boa leitura!
Equipe GECE
• Plataformas online sobre a
Covid-19
• Orientações gerais de navegação
e exploração das plataformas
• Indicações de diferentes
plataformas por níveis de análise
seção 1
Cartografia da Covid-19
04
Na busca por dados confiáveis, orientamos sempre a
utilização de fontes oficiais, diretamente nos sites dos
órgãos responsáveis. No caso da pandemia da Covid-19, a
principal fonte de dados é a Organização Mundial de
Saúde (OMS) – na língua inglesa indicada como World
Health Organization (WHO) (Figura 01).
Em sua página, a OMS divulga dados de todos
os países do mundo.
Endereço: https://who.sprinklr.com/
No início da página, há um mapa com a visão
geral (overview) dos casos de Covid-19 por países e, na
barra ao lado esquerdo (A), a quantidade total de casos
confirmados e de óbitos em todo o mundo.
Figura 01: Captura da tela do site da OMS com a distribuição do coronavírus no mundo, tendo o destaque dos dados do Brasil. (16/04/2020)
A
B
05
Nessa mesma barra é possível mudar a visualização da
quantidade de casos confirmados (círculos em azul) para a
quantidade de óbitos (círculos em laranja) em cada país.
Nessa representação, o tamanho dos círculos é
proporcional à quantidade exata de casos confirmados de
contaminação ou de óbitos pela (doença) Covid-19. Ou
seja, círculos menores representam menores quantidades,
ao passo que círculos maiores indicam as maiores
quantidades. Ao direcionar a seta do mouse sobre os
círculos, aparecem os dados exatos da quantidade de
casos confirmados e de óbitos de cada país.
Um dos problemas das representações cartográficas que
fazem uso de símbolos pontuais, como neste caso (em que
há apenas um círculo para cada país), é que os leitores
podem imaginar que o símbolo se refere ao local exato
(uma cidade, por exemplo) ao qual está sobreposto,
enquanto, na verdade, o símbolo indica a informação para
todo o recorte espacial, ou seja, para todo o território do
país. Por exemplo: o círculo que representa a quantidade
de casos no Brasil (Figura 01 – B) se encontra
aproximadamente sobre o estado do Mato Grosso, mas se
refere, é claro, a todo o país.
06
Covid-19
Outro problema dessa forma de representação é a
sobreposição que pode haver por conta de símbolos
muito próximos uns dos outros, como pode ser visto na
Europa. Para contornar esse problema, basta fazer uso da
ferramenta do “zoom” (Figura 02 - A). Ela se encontra na
parte superior e direita do mapa, sendo possível aproximar
(+) ou afastar (-) a visualização do mapa. Aproximando,
estamos ampliando a área que permite melhor
visualização dos símbolos e as correspondentes
quantidades de casos confirmados nos países. Logo
abaixo dos ícones do “zoom”, há um ícone representando
um globo, que permite retornar à visão geral do mapa,
para todo o planeta.
Figura 02: Captura da tela do site da OMS com a distribuição do coronavírus na Europa. (16/04/2020)
A
07
Descendo a barra de navegação da página (do lado
direito), temos acesso aos dados globais e aos gráficos
que representam a evolução diária de casos confirmados e
de óbitos pela Covid-19 no planeta (Figura 03). A
representação dos dados por esses dois gráficos pode ser
feita a partir da quantidade de novos casos por dia (daily)
ou da quantidade acumulada com os dias anteriores
(cumulative) (A). Mais abaixo na página, é apresentada
uma série de outros gráficos, em escala global, por regiões
continentais e por países. Aqui, damos destaque apenas
aos dois primeiros gráficos, que indicam a evolução diária
da quantidade de casos confirmados e de óbitos,
respectivamente.
Figura 03: Captura da tela do site da OMS com a quantidade casos confirmados e óbitos pela Covid-19. (16/04/2020)
A
08
Para o Brasil, recomendamos como fonte os
dados oficiais o Ministério da Saúde. Endereço:
https://covid.saude.gov.br/
Na parte superior da página (Figura 04 – A) é
apresentado o total de casos confirmados, de óbitos e de
letalidade da Covid-19 para todo o país. Logo abaixo,
consta um mapa do Brasil com a quantidade de casos
confirmados ou de óbitos, podendo a representação ser
alterada no canto superior direito do mapa (B). Quanto
mais escura a tonalidade da cor, maior é a quantidade de
casos. O valor exato de casos em cada unidade federativa
pode ser visualizado ao clicar sobre ela. Ao lado do mapa
há um gráfico indicando a quantidade e a porcentagem de
casos por regiões (C).
Figura 04: Captura da tela inicial do site do Ministério da Saúde sobre o coronavírus. (16/04/2020)
09
A
C
B
No restante da página (Figura 05) são apresentados um
quadro, com a quantidade de casos confirmados de
contaminação e de óbitos por cada unidade federativa, e
uma série de gráficos, que demonstra a evolução dos
casos por dia, por semana epidemiológica e acumulados
em todo o período, para o recorte espacial do Brasil.
Figura 05: Captura da tela do site do Ministério da Saúde com gráficos e tabelas sobre a Covid-19 no país. (16/04/2020)
10
Por último, sugerimos o uso da Plataforma COVID GOIÁS
(Figura 06), desenvolvida por pesquisadores da
Universidade Federal de Goiás (UFG), para o monitoramento
da pandemia da Covid-19 no estado de Goiás e no
município de Goiânia.
https://covidgoias.ufg.br
Na parte superior e direita da página (A) são apresentados
os dados atuais de casos confirmados, suspeitos e de óbitos
no estado de Goiás, junto com a data de atualização e a
fonte da informação. Na parte inferior direita há um gráfico
(B) indicando a evolução diária dos casos confirmados em
Goiás. A quantidade exata pode ser visualizada ao dispor o
mouse em cima dos pontos da linha.
Figura 06: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020)
11
B
A
Ao clicar sobre as outras abas nesse gráfico, é possível
visualizar os dados por municípios e estados (Figura 07 – A
e B, respectivamente). Ainda pelo gráfico, é possível
visualizar a projeção de evolução dos casos para os
próximos dias no estado de Goiás (C). Nas abas que
seguem, é possível ter acesso às informações referentes à
fonte dos dados e dos integrantes da equipe responsável
pela elaboração e manutenção da plataforma. Interessante
destacar que é possível fazer o download dos dados de
casos confirmados por municípios (A), em formato CSV,
PDF e de planilha de Excel.
Figura 07: Gráficos da tela inicial da Plataforma COVID GOIÁS. (16/04/2020))
A
12
B C
Ao clicar no primeiro ícone, na barra de ferramentas no
canto esquerdo da página (Figura 08 – A), abrirá uma
janela intitulada “Camada de dados”. Na caixa de
digitação, é possível fazer a busca pelo nome dos
municípios (B), por exemplo, “Goianésia”. Assim que digitar
e clicar em ENTER! , o mapa dará um zoom para o
município (C) e automaticamente os dados indicados no
título (D) e no gráfico (E) serão atualizados para esse
município. Da mesma forma, os dados de projeções de
evolução para os próximos dias também passam a ser
indicados para o município pesquisado.
Figura 08: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020)
13
A B
C
D
E
Ainda pelo primeiro ícone, “Camada de dados”, na barra
de ferramentas, podem ser acessadas outras informações
(Figura 09 – A). Ao iniciar a página, automaticamente a
camada de dados de casos por municípios em Goiás
estará selecionada e será representada.
Figura 09: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020)
14
A
Mas esses dados podem ser desativados e, em seguida,
selecionados para serem representados os casos por
bairros (Figura 10 – A), bastando escolher o município de
Goiânia (B). Automaticamente a página dará um zoom no
município de Goiânia (C) e serão atualizados tanto o título
e os dados gerais indicados na parte superior direita da
página (D), quanto os gráficos de evolução e de projeção
constantes na parte inferior direita da página (E). Para ver a
quantidade exata de casos nos bairros, basta passar o
mouse sobre eles.
Figura 10: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020)
15
A
B
C
D
E
No ícone “Camada de dados” também é possível acessar
outros dados pela opção “Informações”, como índice de
tráfego e número de internações causadas por doenças
respiratórias. Na opção “Serviços Gerais” (Figura 11 – A)
também podem ser visualizados dados de serviços de
saúde, como localização de hospitais, quantidade de leitos
(geral e de UTI), unidades básicas de saúde em Goiânia e
os locais de vacinação contra a H1N1, também na capital.
No mapa, ao clicar em qualquer um dos ícones dos
hospitais (B), é informado o horário de atendimento, a
quantidade de leitos de clínica geral e disponibilizado um
link do Google Maps. Para melhorar a visualização, basta
clicar no ícone da barra de ferramentas intitulado
“Estatísticas” (C), para que o gráfico seja minimizado (D).
Figura 11: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020)
16
C A
B
D
Ainda pelo ícone “Camada de Dados”, é possível acessar
outros dados na opção “Geoinformações”: população
municipal, índice de desenvolvimento humano municipal (IDH
Municipal), quantidade de pessoas por faixas etárias,
rendimento mensal e número de habitantes por setores
censitários.
A plataforma permite fazer alterações na aparência do mapa,
clicando na aba “Mapa Base” (Figura 12 – A), que permite
optar, além da base do Google Maps, pela divisão geopolítica
ou por imagens de satélite. Outra possibilidade é desativar os
limites municipais, na aba “Limites” (B).
Voltando à barra de ferramentas, o ícone “Dicas” (C) apresenta
algumas informações de sintomas do COVID-19, indicações
de prevenção e como proceder no caso de suspeita.
Figura 12: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020)
17
A
C
B
Por fim, destaca-se a ferramenta “Histórico” (Figura 13 – A),
presente na barra de ferramentas, à esquerda da página. Ao
clicar nesse ícone, surge uma barra no canto esquerdo inferior
da página, pela qual é possível selecionar datas anteriores (B),
para que o mapa passe a retratar os municípios e a quantidade
de casos registrados nas respectivas datas – dessa forma, é
possível verificar o avanço da pandemia entre os municípios
goianos, ao longo do tempo.
Figura 13: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020)
18
B
A
Figura 14: Captura da tela da Plataforma da Johns Hopkins University sobre a Covid-19. (16/04/2020)
19
Além das três páginas anteriormente descritas, existem
outras plataformas interativas desenvolvidas e mantidas
por instituições privadas ou públicas e por iniciativas
individuais, dos quais apresentamos algumas das
principais em escala mundial, nacional e estadual. A Figura
14 apresenta o site desenvolvido pela Johns Hopkins
University (EUA), com dados da Covid-19 no âmbito de
países e, em alguns casos, também por
estados.
(https://coronavirus.jhu.edu/map.html).
A Figura 15 apresenta a plataforma desenvolvida por
Navid Mamoon e Gabriel Rasskin, estudantes da Carnegie
Mellon University (EUA), que apresenta os dados sobre a
Covid-19 de todos os países numa
representação na forma de um globo terrestre.
(https://www.covidvisualizer.com/)
20
Figura 15: Captura da tela da Plataforma COVIDVISUALIZER, com destaque para os dados do Brasil. (16/04/2020)
A Figura 16 apresenta a plataforma desenvolvida pela
Google, com dados de todos os países do mundo.
(https://google.com/covid19-map/)
21
Figura 16: Captura da tela da Plataforma da Google sobre a Covid-19. (28/04/2020)
A Figura 17 apresenta a plataforma desenvolvida pela Bing
Maps, com os dados para países e, em alguns casos,
também para os estados.
(https://www.bing.com/covid)
22
Figura 17: Captura da tela da Plataforma da Bing Maps sobre a Covid-19. (16/04/2020)
A Figura 18 apresenta a plataforma desenvolvida pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com
dados municipais para todo o Brasil.
(https://url.gratis/MMe2O)
23
Figura 18: Captura da tela da Plataforma da UFRGS sobre a Covid-19. (16/04/2020)
A Figura 19 apresenta a plataforma desenvolvida pela Rice
University (EUA), também com dados de municípios para o
Brasil.
(https://coronavirusnobrasil.org/)
24
Figura 19: Captura da tela da Plataforma da Rice University sobre a Covid-19, com detalhe para os casos por municípios brasileiros. (16/04/2020)
A Figura 20 apresenta a plataforma elaborada pela
Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita
Filho” (UNESP), com mapas, animações e gráficos, com
detalhamento para os municípios, no caso de São Paulo, e
por estados, para restante do Brasil.
(http://covid19.fct.unesp.br/data-mining/)
25
Figura 20: Captura da tela da Plataforma elaborada pela Unesp sobre a Covid-19. (16/04/2020)
A Figura 21 apresenta a plataforma elaborada por uma
parceria entre a Universidade Estadual de Feira de Santana
(UEFS), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e a Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia
(SECTI), com mapa interativo de dados para os
municípios baianos.
(http://corona.geodatin.com/)
26
Figura 21: Captura da tela da Plataforma elaborada pela parceria da UEFS/UFBA/UESC/SECTI, sobre a Covid-19 no estado da Bahia. (16/04/2020)
Ainda são poucas as iniciativas criadas em escala
municipal para representação de dados por bairros. Além
da plataforma COVID GOIÁS, que apresenta a ocorrência
da doença na escala de bairros em Goiânia, outros
exemplos são os dos municípios do Rio de Janeiro e de
Campo Grande, que podem ser acessados a partir dos
links:
http://shorturl.at/dzMO1
http://sisgran.campogrande.ms.gov.br/corona/
27
Figura 22: Captura das telas da Plataformas que espacializam os dados Covid-19 em escala municipal (Rio de Janeiro/RJ e Campo Grande/MS). (16/04/2020)
Equipe GECE
Coordenação da Seção 1
Diego Tarley Ferreira Nascimento
Professor do IESA/UFG
Denis Richter
Professor do IESA/UFG
Revisores da Seção 1
Laís Rodrigues Campos
Professora do CEPAE/UFG
Loçandra Borges de Moraes
Professora da UEG
Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes
Professora da Unicentro
Míriam Aparecida Bueno
Professora do IESA/UFG
Ivanilton José de Oliveira
Professor do IESA/UFG
Aliny Ferreira Queiroz
Mestranda PPGeo/UFG
Igor de Araújo Pinheiro
Doutorando PPGeo/UFG
Janine Cordeiro Braga
Mestranda PPGeo/UFG
Josiane Silva de Oliveira
Mestranda PPGeo/UFG
Mariangela Oliveira de Azevedo
Doutoranda PPGeo/UFG
Vânia Lucia Costa Alves Souza
Professora da Rede/Distrito Federal
Críticas, sugestões e dúvidas?
Escreva-nos:
gece.ufg@gmail.com
Seção 2
fundamentos teóricos e metodológicos para a construção e utilização
de representações cartográficas, tabulares e gráficas
rande parte das pessoas desconhece a real
importância da Cartografia em seu cotidiano,
tendo em vista imaginar apenas se tratar a algo
relacionado a mapas. A premissa que nos leva a essa
afirmativa é o não conhecimento da alfabetização e do
letramento cartográfico na Educação Básica. É nessa
perspectiva que ganha destaque o debate sobre a
linguagem cartográfica, objeto principal do Grupo de
Estudos e Pesquisas em Cartografia Escolar (GECE), que
se propõe, nesse momento em que o mundo está voltado
para as informações acerca da pandemia da Covid-19, a
discutir o processo de comunicação cartográfica e orientar
o uso dessa linguagem específica para que todos tenham
condições de transformar os dados e as informações
divulgadas, em conhecimentos acerca desse fenômeno. É
neste contexto que apresentamos a Seção 2 -
fundamentos teóricos e metodológicos para a
construção e utilização de representações cartográficas,
tabulares e gráficas. Desejamos a todos uma boa leitura.
Equipe GECE
• A semiologia gráfica
• Leitura e análise das
representações cartográficas,
gráficas e tabulares
• Título, legenda e escala -
importantes elementos do mapa
seção 2
Cartografia da Covid-19
30
A principal função do mapa é comunicar uma mensagem,
concebida por alguém e destinada para uma outra pessoa,
ou um grupo de pessoas. Dessa forma, a Cartografia deve
ser compreendida como uma linguagem, que emprega
recursos do sistema de comunicação visual (elementos
gráficos) e verbal (elementos textuais). Por sua vez, o mapa
deve ser entendido como um meio de comunicação, e no
intuito de representar e informar alguma coisa, algum
fenômeno e algum tema.
Para que seja capaz de cumprir sua função, o mapa segue
alguns princípios básicos de elaboração e utilização. As
informações nele representadas são generalizadas e
codificadas para representar elementos e fenômenos do
espaço geográfico. Da mesma forma, precisa apresentar
um conjunto harmonioso de palavras, símbolos e cores
para permitir sua compreensão pelo título e legenda, e
possuir elementos essenciais de localização
(coordenadas), orientação (rosa-dos-ventos) e fator de
redução (escala cartográfica).
Por constituir um meio de comunicação intencional e
racional destinado aos nossos olhos para comunicar algo,
de maneira instantânea e isenta de ambiguidades, a
construção do mapa deve seguir um conjunto de
orientações e regras. E por essa razão trazemos a
discussão da Teoria da Semiologia Gráfica, desenvolvida
pelo francês Jacques Bertin, na década de 1960, que
permite avaliar as vantagens e os limites da percepção
humana perante a escolha dos símbolos utilizados no
mapa.
Para assegurar o adequado entendimento das
informações representadas no mapa, ele deve ser
construído como uma comunicação monossêmica, ou seja,
o elemento representado deve possuir um significado
único. Para tanto, deve haver a escolha das variáveis visuais
gráficas (tamanhos, valores, cores, orientações, texturas e
formas), capazes de representar adequadamente a
natureza das relações entre as informações (quantitativa,
ordenada e qualitativa), podendo ser expressas, nos
mapas, na forma de pontos, linhas e zonas (Figura 1 - p.
03).
31
Não constitui o objetivo desse material somente descrever
os princípios da Semiologia Gráfica, mas trazê-los à
discussão e colocá-los em evidência perante os mapas
apresentados pelas plataformas que retratam a pandemia
da Covid-19, de modo que os usuários dessas plataformas
tenham ciência dos fundamentos utilizados para sua
elaboração e, adequadamente, possam proceder à leitura,
análise e interpretação da informação. Contudo, para
maiores detalhes acerca da Semiologia Gráfica de Bertin e
noção das diretrizes utilizadas para elaboração de mapas
temáticos, considerando a adequada escolha das variáveis
visuais para retratar as naturezas qualitativa, quantitativa e
ordenada das informações, indicamos a leitura do texto:
OLIVEIRA, I. J. de. A linguagem dos mapas: utilizando a
cartografia para comunicar. Temporis(ação) (UEG), Cidade
de Goiás (GO), v. 1, n.8, p. 37-62, 2005. Disponível em:
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/215/o/
OLIVEIRA__Ivanilton_Jose_linguagem_dos_mapas.pdf
Acesso em: 28 abr. 2020.
Figura 01: Variáveis Visuais de Bertin (1967). Fonte: OLIVEIRA;. ROMÃO (2013, p. 33).
32
Nos dias atuais a elaboração de representações gráficas e
cartográficas tem sido beneficiada pelo uso de
geotecnologias, especialmente pela utilização de
ambiente computacional de Sistemas de Informações
Geográficas (SIG), de técnicas de Geoprocessamento e
imagens de Sensoriamento Remoto. Por meio dessas
tecnologias é possível realizar operações de coleta,
armazenamento, processamento e apresentação de dados
e informações que possuem uma localização espacial.
Muitos programas e plataformas online permitem algum
nível de interatividade do usuário, como escolher quais
camadas de informações visualizar, alterar a escala de
representação ampliando ou reduzindo a imagem com a
ferramenta zoom, dentre outras possibilidades.
Entretanto, apesar do considerável desenvolvimento e fácil
acesso aos programas, bases cartográficas e dados, nem
sempre é dada a devida importância aos fundamentos
teórico-metodológicos da Cartografia de leitura e análise
dos mapas. Daí a nossa preocupação em esclarecer essa
questão utilizando como referência algumas das
plataformas disponíveis para a representação de dados
sobre a Covid-19.
33
Inicialmente apresentamos a plataforma da Organização
Mundial de Saúde sobre a Covid-19. O título da plataforma
Coronavírus (COVID 19) (Figura 2 - A), está localizado no
canto superior esquerdo. Logo abaixo do título é informado
há quanto tempo foi realizada a última atualização dos dados
e, por padrão (default), também são apresentadas as
quantidades de novos casos, de casos confirmados e de
mortes causadas pela Covid-19 no mundo. No mapa é
representado o número exato de casos da doença por países,
que são expressos na forma de círculos inseridos no interior
de cada país. Essa plataforma exemplifica a natureza de
informação quantitativa, ao representar “o quanto há em
determinado lugar”, através do uso da variável visual
tamanho, nesse caso, fazendo uso de círculos com tamanhos
diferentes. Os círculos são geometricamente proporcionais às
quantidades. Isto é, quanto maior a quantidade de casos
maior o tamanho do círculo – e vice-versa. Nesse mapa, a cor
azul que é utilizada para preencher os círculos não varia entre
os países, por isso, não tem influência direta na representação
da quantidade de casos.
Figura 02: Captura da tela da plataforma da Organização Mundial de Saúde representando a quantidade de casos confirmados da Covid-19.
Fonte: https://covid19.who.int/ (28/04/2020)
34
A
Contudo, ao mudar a representação de casos por óbitos, na
parte direita da página (Figura 03 – A), a cor de todos os
círculos passa a ser laranja. Assim, a plataforma também serve
como um exemplo da natureza de informação qualitativa, ao
expressar uma informação que difere de outra, isto é, casos
confirmados e de óbitos. Para tanto, faz uso da variável visual
cor, uma dentre as mais adequadas para expressar diferenças.
Deve ser observado que o círculo com as informações da
propagação da doença representa apenas a posição do país
no mapa mundi e não um local específico no país. Como
exemplo, o círculo que representa a quantidade de casos no
Brasil está localizado sobre o estado do Mato Grosso (B), mas
se refere, é claro, a todo o país.
Figura 03: Captura da tela da plataforma da Organização Mundial de Saúde representando a quantidade de óbitos pela Covid-19.
Fonte: https://covid19.who.int/ (28/04/2020)
35
A
B
A plataforma do Ministério da Saúde sobre a pandemia da
Covid-19 (Figura 04) também traz algumas contribuições à
discussão das orientações da Semiologia Gráfica na elaboração e
utilização de mapas temáticos.
Pelo título presente na parte superior esquerda, percebe-se que a
plataforma é intitulada como “Painel Coronavírus”, constando como
subtítulo a data de última atualização dos dados. Logo abaixo do
título são indicadas as quantidades totais de casos confirmados, de
óbitos e de letalidade da doença no Brasil. O mapa presente na
plataforma representa a quantidade de casos da Covid-19 nas
unidades federativas do Brasil. Contudo, conforme se observa na
legenda, os dados são agrupados em classes (intervalos), e por
isso, remetem a uma noção de ordem ou hierarquia de importância
entre as classes. Nesse caso, a variável visual empregada é o valor
visual, ou seja, a variação de intensidade ou de tonalidade de uma
mesma cor.
Figura 04: Captura da tela da plataforma do Ministério da Saúde representando a quantidade de casos confirmados pela Covid-19 nas unidades federativas do Brasil.
Fonte: https://covid.saude.gov.br/ (28/04/2020)
36
B
A
C
No exemplo do mapa da plataforma do Ministério da
Saúde, as classes variam de azul claro, para representar as
unidades federativas com menor importância por terem
menores quantidades de casos, para o azul escuro,
retratando as unidades federativas mais relevantes, por
terem maior incidência de casos da Covid-19. A
manifestação da informação é zonal, ao preencher toda a
unidade da federação com a tonalidade de cor
correspondente à sua classe. Porém, ao selecionar
diretamente uma das unidades federativas (Figura 04 - A,
p. 07), por exemplo, é possível visualizar os dados
absolutos de casos para a respectiva localidade.
Da mesma forma que no caso da plataforma da OMS, a
plataforma Painel Coronavírus também permite mudar a
representação de casos para óbitos. Para tanto, basta clicar
nos ícones presentes na parte superior direita do mapa
(Figura 04 – B, p. 07), quando, ao invés da variação de
tonalidades de azul utilizada para representar os casos,
passa a ser utilizada a variação de tonalidades de amarelo
para representar os óbitos nas unidades federativas. Ao
considerar a possibilidade de modificar a visualização de
casos pela representação de óbitos pela Covid-19, é
possível analisar a informação sobre a perspectiva de sua
qualidade (casos e óbitos da Covid-19), e, por isso, foi
utilizada a cor para expressar a qualidade/diferença entre
casos e óbitos.
Ainda pela plataforma Painel Coronavírus do Ministério da
Saúde podem ser exploradas outras formas de
representação, por tabela e gráficos. Ao lado do mapa do
Brasil é apresentado um gráfico do tipo setograma,
popularmente denominado de gráfico de rosca (Figura 04
- C, p. 07), que retrata a proporção de casos entre as cinco
regiões do Brasil. Tanto os gráficos de rosca quanto os de
pizza são setogramas que objetivam demonstrar a
porcentagem ocupada por cada uma das classes,
considerando toda amostra de dados como 100%. Uma
maior porcentagem é representada pela maior extensão
da rosca ou dimensão do pedaço da pizza nos gráficos – e
vice-versa, devendo ser utilizadas cores diferentes para
destacar as diferentes classes.
37
Na imagem da Figura 05 são representados outros
gráficos e uma tabela. Nessa representação (tabela) é
indicada a quantidade de casos confirmados, de óbitos, de
incidência e de letalidade relacionada a cada uma das
unidades federativas do país (Figura 05 - A). Os demais
gráficos na página, classificados como do tipo cartesiano,
pois representam as informações considerando dois eixos
(x e y), representam o avanço da quantidade de casos ao
longo dos dias e das semanas epidemiológicas, a partir de
gráficos de linhas (B) e colunas empilhadas (C).
Figura 05: Captura da tela da plataforma do Ministério da Saúde destacando os gráficos e tabelas com dados de casos confirmados pela Covid-19 nas unidades
federativas do Brasil. Fonte: https://covid.saude.gov.br/ (28/04/2020)
38
A
B
C
A plataforma desenvolvida pela Google (Figura 06)
representa os dados de casos confirmados,
recuperados e de mortes por países e, em alguns casos,
também para os estados. Caso o leitor queira, poderá
modificar a escala de análise do mapa. Na primeira
captura de tela, o mapa contempla a visualização
global, com a indicação dos dados de casos
confirmados, recuperados e de mortes e a visualização
voltada para todo os países do mundo (A). Na segunda
captura de tela, ao visualizar os dados para o Brasil (B),
automaticamente há a modificação do mapa, sendo
aproximado (dado um zoom) e indicado os dados para
o país em questão. Nessa plataforma, o Brasil é dos
países em que há a espacialização ao nível de estados.
Dessa forma, ao clicar sobre o círculo correspondente
ao estado de Goiás (C) ocorre a aproximação (novo
zoom) para esse recorte espacial e a modificação dos
dados que estão localizados abaixo do título (D).
Figura 06: Capturas da tela da plataforma da Google sobre a Covid-19
em nível global, do Brasil e de Goiás.
Fonte: https://news.google.com/covid19/map (28/04/2020)
39
A
B
D
C
Poderíamos então dizer que o leitor, ao escolher se
informar sobre o globo, sobre o Brasil ou a respeito de um
estado brasileiro, ele “promove” uma mudança na
visualização da informação no mapa, alterando a escala
cartográfica e geográfica desse mapa. Se a indicação da
escala cartográfica estivesse disponível na plataforma, seja
gráfica ou numérica, certamente se observaria sua
modificação também. Isso porque há o aumento da escala
cartográfica, conforme se parte da visualização global para
nacional e então para a estadual. Nesse mesmo processo,
há diminuição da escala geográfica, tendo em vista partir
da escala global para regional. Para contribuir com a
compreensão da diferença entre escala geográfica e
cartográfica, e o uso desse conceito no ensino-
aprendizagem de Geografia na Educação Básica,
recomendamos a leitura do texto:
SILVA, L. C. O debate sobre escala geográfica à
escolarização básica. Revista Sapiência: sociedade,
saberes e práticas educacionais, v.8, n.3, p. 48-70, Jul./dez.,
2019. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/
index.php/sapiencia/article/view/9900/7167. Acesso
em: 28 abr. 2020.
Interessante notar que nesta plataforma não é
representada a legenda do mapa, que indicaria a
correspondência entre os símbolos utilizados no mapa e as
informações que os mesmos representam. Apenas
clicando nos círculos azuis é possível ter ciência dos
valores que os mesmos representam. Vale lembrar que,
por representar os dados absolutos (exatos), trata-se aqui
da natureza de informação quantitativa, com o uso da
variável visual tamanho, a partir da implantação pontual de
círculos maiores representando as maiores quantidades e
vice-versa.
Observa-se que em todos os exemplos descritos também
não estão presentes os elementos essenciais de
localização (coordenadas), orientação (rosa-dos-ventos) e
fator de redução (escala cartográfica). Apesar de se
constituírem como mapas digitais, a falta desses
elementos restringe o uso dessas plataformas para além,
apenas, da leitura e análise do fenômeno em questão
(pandemia da Covid-19).
40
Pela plataforma que retrata os casos de Covid-19 no Brasil,
desenvolvida pela Rice University, é possível alcançar a
escala geográfica do local, a partir da visualização dos
dados de casos, óbitos e letalidade por município (Figura
07). Para tanto, basta pesquisar pelo nome da cidade, no
campo de busca (A). Ao entrar com o nome,
automaticamente o município é demarcado no mapa (B) e
são representados os dados referentes desta localidade
(C).
Na parte superior e central da página, acima do mapa, são
apresentados os totais de óbitos e a letalidade da
Covid-19 no Brasil. Nos lados esquerdo e direito da página
são indicadas as quantidades de casos e de óbitos por
estados (D) e por cidades (E), respectivamente.
Nas abas logo abaixo do mapa é possível mudar a
representação do mapa de duas (2D) para três (3D)
dimensões (F).
Figura 07: Captura da tela da plataforma da Rice University sobre a Covid-19 no âmbito nacional, mas com a possibilidade de busca e visualização dos dados para a
escala municipal. Fonte: https://coronavirusnobrasil.org/ (28/04/2020)
41
B
A
C
D E
F
Para além das representações cartográficas é possível analisar os dados a partir
de gráficos, ao clicar nas demais abas que estão parte inferior desta página
(Figura 08 - A), como a “incidência”. Assim temos a possibilidade de comparar
a incidência da doença entre as unidades federativas e suas respectivas
capitais (B), a partir de um gráfico de colunas. Mais a direita, na aba “países” (C)
podem ser visualizados gráficos de linhas que representam o avanço dos casos
por dia na comparação do Brasil em relação a outros países do mundo com
maior ocorrência da Covid-19 (D). Nesse último caso, é possível modificar o
eixo X do gráfico (D), que retrata o recorte temporal dos dias, para melhorar a
visualização do gráfico.
Figura 08: Capturas da tela da plataforma da Rice University sobre a Covid-19, demonstrando gráficos de letalidade nas unidades da federação do Brasil e de casos
confirmados em vários países. Fonte: https://coronavirusnobrasil.org/ (28/04/2020)
42
B
A B
C
D
Por se tratar de um fenômeno bastante dinâmico no
espaço e no tempo, algumas plataformas buscam
representar a evolução da Covid-19, no mundo e no Brasil,
por meio de mapas dinâmicos. Pela plataforma
desenvolvida pela Johns Hopkins University, é possível
acessar uma animação que demonstra o avanço dos casos
acumulados e diários da Covid-19 em todo o mundo
(Figura 09 - 1). Outro exemplo é a plataforma intitulada
Radar COVID-19, desenvolvida pela Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), que apresenta
uma animação da dinâmica temporal dos casos
confirmados de Covid-19 nos municípios brasileiros
(Figura 09 - 2). Tais mapas são produzidos a partir da
sucessão, ativada ao clicar em play (A) na plataforma da
Johns Hopkins University, ou que ocorre automaticamente
ao visualizar o mapa da Unesp, havendo a necessidade de
padronização da legenda para que seja possível fazer a
comparação temporal dos dados.
Figura 09: Capturas de telas das plataformas desenvolvidas pela Johns Hopkins University (1) e pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (2).
Fonte (1): https://coronavirus.jhu.edu/data/animated-world-map
Fonte (2): http://covid19.fct.unesp.br/mapeamento-cartografico/
43
A
1 2
Por fim, apresentamos duas plataformas que retratam a escala geográfica
local, uma desenvolvida pelo Laboratório de Processamento de Imagens e
Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (LAPIG/UFG) (Figura
10), retratando os casos da Covid-19 nos bairros do município de Goiânia,
capital do estado de Goiás, e outra produzida pela Prefeitura Municipal de
Campo Grande, para a respectiva capital do estado do Mato Grosso do Sul
(Figura 11, p. 16).
Na primeira plataforma os passos para acesso aos dados dos bairros de
Goiânia são detalhados na Seção 1 desse material. Aqui, chamamos a
atenção para a potencialidade da plataforma em retratar a escala
geográfica do local, indicando os casos de Covid-19 nos bairros (Figura 10).
Pela legenda (Figura 10 - A) percebe-se que a quantidade de casos foi
agrupada definindo-se classes de intervalos. Essas classes de intervalos
possuem uma hierarquia ou relação de ordem entre si, devendo, desse
modo, ser representadas utilizando-se a variável visual valor. Nesse mapa, a
manifestação é zonal, assim cada bairro foi preenchido com tonalidades da
cor rosa, a depender da classe de intervalo representado; ou seja, valores
mais claros de rosa para representar quantidades menores e valores mais
escuros da mesma cor para representar os locais com maiores quantidades
de casos da Covid-19.
A plataforma permite visualizar o valor exato de casos, ao dispor o cursor
sobre o respectivo bairro (B). Uma outra informação bastante oportuna é o
quadro indicado na parte inferior direita da página (C) que indica o ranking
dos bairros por quantidade de casos confirmados.
Figura 10: Captura de tela da plataforma COVID Goiás desenvolvida pelo LAPIG/UFG, representando os casos de Covid-19 nos bairros de Goiânia.
Fonte: https://covidgoias.ufg.br/ (28/04/2020)
44
A
B
C
Na última plataforma aqui descrita referente à cidade de Campo
Grande (Figura 11), percebe-se a ausência de título, e também dos
elementos essenciais de orientação, localização e escala
cartográfica que não se encontram nas demais plataformas. No
mapa interativo consta apenas a legenda, situada no canto inferior
esquerdo do mapa (A). Pela legenda, percebe-se que é realizada a
representação pontual da localização aproximada dos pacientes,
classificando-os como curados, confirmados e suspeitos. Portanto,
aqui, trata-se da natureza de informação qualitativa, fazendo uso da
variável cor (azul, vermelho e bege) para diferenciar as três
condições. Importante ressaltar que ao carregar o site aparece um
aviso de que os pontos indicam uma localização aproximada dos
casos da Covid-19 no município de Campo Grande, sem
identificação das pessoas ou endereços completos de sua
residência.
Junto à legenda constam dados exatos (absolutos) e percentuais
(relativos) da quantidade total de casos curados, confirmados e
suspeitos em Campo Grande. No canto superior direito (B) o usuário
poderá escolher quais informações serão representadas ou não no
mapa (casos curados, confirmados e suspeitos) para cada dia dos
meses de março e abril. O recorte temporal varia da data mais
recente até o primeiro registro da doença na cidade. É possível
escolher também, representar ou não, os limites das regiões
urbanas do município de Campo Grande/MS (C).
Figura 11: Captura da tela da Plataforma do Sistema Municipal de Indicadores de Campo Grande (SISGRAM) – MS.
Fonte: http://sisgran.campogrande.ms.gov.br/corona/ (23/04/2020).
45
B
A
C
Síntese
Como vimos ao longo dessa seção, um mapa é composto
de elementos essenciais para sua compreensão. O título
do mapa, por exemplo, deve traduzir, sinteticamente, as
informações referentes ao tema (recorte temático), à
localidade (recorte espacial) e ao ano de obtenção dos
dados e das informações representadas (recorte
temporal), levando o leitor a responder às perguntas de “O
quê”, “Onde” e “Quando”.
Os mapas também devem trazer referenciais de
orientação (rosa dos ventos), localização (coordenadas) e
fator de redução (escala cartográfica), portanto estes
elementos não podem faltar mesmo em um mapa digital.
Nesta Seção optamos por focar a análise utilizando três
elementos, conforme já explicitado anteriormente: título,
legenda e escala cartográfica (embora esta não apareça
claramente explicitada em nenhum dos mapas
apresentados).
Assim, o primeiro convite que fazemos ao leitor é consultar
os títulos nas plataformas e nas demais representações
cartográficas.
Eles contemplam os recortes temáticos, espaciais e
temporais?
Eles estão posicionados adequadamente na
representação de forma que sejam, efetivamente, a porta
de entrada, para as informações representadas?
Além disso, para que o mapa seja capaz de cumprir sua
função, precisa apresentar um conjunto harmonioso de
símbolos para permitir sua compreensão. Para tanto,
devem ser respeitadas as diretrizes da Semiologia Gráfica,
especialmente no que diz respeito do adequado uso da
variável visual que permita a instantânea e única
interpretação da natureza da informação.
Dessa forma, outro questionamento que fazemos é em
relação aos métodos de representar a informação.
Conforme os exemplos apresentados nessa seção quais
foram as naturezas da informação (quantitativa, ordenada
ou qualitativa)?; as variáveis visuais (tamanho, valor, cor,
forma e orientação)?; e os modos de manifestação da
informação (pontual, linear ou zonal)?
46
Em síntese, por tratarem da quantidade de casos e de
óbitos pela Covid-19, os dados representados nas
plataformas e nos demais mapas temáticos são de
natureza quantitativa. Assim, as representações
cartográficas indicam os dados absolutos (exatos) de casos
confirmados, suspeitos, de óbitos ou de curados da
doença Covid-19. A Semiologia Gráfica sugere que essa
natureza da relação entre os dados deva ser representada
com uma proporcionalidade visual, preferencialmente
empregando-se uma variação de tamanho, na ocasião da
implantação pontual, ou de espessura, ao se tratar de
implantação linear da informação (Figura 12).
Para dados de natureza quantitativa, costumeiramente é
empregado o Método de Representação das Figuras
Geométricas Proporcionais, com manifestação pontual.
Nesse caso, a figura escolhida (geralmente um círculo)
varia seu tamanho proporcionalmente à quantidade de
casos, sendo os círculos posicionados no centro da
localidade representada, sejam países, estados, regiões ou
municípios. Os problemas advindos desse tipo de
representação (a interpretação inadequada da localização
e a sobreposição dos círculos) já foram relatados na Seção
1.
Figura 12: Exemplo de variável visual tamanho utilizada para representar informações quantitativas.
Fonte: BUENO et al., 2019, p. 10.
47
Em alguns mapas, ao invés dos valores exatos percebemos
que algumas legendas apresentam classes de intervalos.
Nesses casos, os valores visuais foram transformados
utilizando o Método Coroplético. Nesse método, os dados
sobre as ocorrências dos fenômenos (valores absolutos)
são agrupados em classes de intervalos (valores relativos).
As classes assim definidas passam a ter uma relação de
hierarquia entre si, devendo então ser representadas pela
variável visual valor (Figura 13). Conforme visto nos
exemplos da plataforma do Ministério da Saúde (Figura
04, p. 07), da Johns Hopkins University (Figura 09 - 1, p. 14)
e do LAPIG/UFG (Figura 10, p. 15), as áreas representadas
com intensidades mais escuras correspondem às maiores
quantidades de casos ou de óbitos pela Covid-19. Nos
mapas produzidos por esse método, as informações
formam uma imagem rapidamente captada pela retina, de
modo que não há dúvida em quais países ou regiões de
um país ocorrem as maiores ou menores quantidades de
casos e de mortes pela Covid-19. Ou seja, trata-se de
“mapas para ver”, que demandam a legenda apenas para
conhecer os detalhes.
Contudo, uma dificuldade específica em relação a esse
método é que, ao contrário do Método das Figuras
Geométricas Proporcionais (desde que adequadamente
utilizado), os dados são organizados em intervalos, não
expressando exatamente a informação. Para contornar
essa limitação, as plataformas interativas permitem
visualizar os dados absolutos (exatos), bastando dispor o
mouse ou clicar sobre a localidade.
Figura 13: Exemplo de variável visual valor (intensidade ou tonalidade) utilizada para representar informações ordenadas.
Fonte: BUENO et al., 2019, p. 10.
48
Quando se pretende representar objetos e fenômenos
cuja natureza das relações seja qualitativa, ou seja, que
mostram apenas relações diferentes entre si, deve-se
empregar uma diferenciação visual, seja por uso de cores,
orientações, texturas ou formas distintas. Como é o caso
do uso de cores diferenciadas para retratar diferentes tipos
de solos, ou de formas diferentes para retratar distintas
infraestruturas turísticas (hotel, restaurante, museu etc.). Ou
seja, a diversidade deve ser transcrita por uma
diferenciação visual, seja por uso de cores, orientações ou
formas diferenciadas (Figura 14) não devendo essas
variáveis ser empregadas para representar dados cuja
natureza das relações seja ordenada ou quantitativa.
Não esperamos elencar todas as possibilidades de
representação cartográfica da Covid-19, apenas relatar os
principais métodos utilizados para a construção e tecer
algumas orientações de utilização desses mapas, no
sentido de se proceder, em ambiente escolar, à leitura,
análise e interpretação desse fenômeno. Para
detalhamento desses e retratação de outros métodos
utilizados para a construção de mapas temáticos,
recomendamos a leitura do texto a seguir:
ARCHELA, Rosely Sampaio; THÉRY, Hervé. Orientação
metodológica para construção e leitura de mapas
temáticos. Confins [Online], 3, 2008. Disponível em:
https://journals.openedition.org/confins/3483. Acesso
em: 23 abr. 2020
Com base no que foi apresentado espera-se que o leitor
tenha observado que nem todos os mapas foram
construídos adequadamente. Assim, conclui-se que a
elaboração de representações gráficas e cartográficas
deve ser pautada no domínio do arcabouço conceitual e
metodológico da Cartografia; sobretudo ao considerar o
mapa enquanto importante recurso para representação e
compreensão do espaço geográfico.
Figura 14: Exemplos de variáveis visuais cor, forma e orientação para representar informações qualitativas.
Fonte: BUENO et al., 2019, p. 10.
49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BUENO, Míriam Aparecida Bueno et al. Atlas escolar
municipal de Goiânia. Goiânia: C&A Alfa Comunicação,
2019.
OLIVEIRA, Ivanilton José de; ROMÃO, Patrícia de Araújo.
Linguagem dos mapas: cartografia ao alcance de todos.
Goiânia: Editora UFG, 2013.
MARTINELLI, Marcello. Gráficos e mapas: construa-os
você mesmo. São Paulo: Moderna, 1998.
50
Equipe GECE
Coordenação da Seção 2
Míriam Aparecida Bueno
Professora do IESA/UFG
Loçandra Borges de Moraes
Professora da UEG
Revisores da Seção 2
Denis Richter
Professor do IESA/UFG
Diego Tarley Ferreira Nascimento
Professor do IESA/UFG
Laís Rodrigues Campos
Professora do CEPAE/UFG
Ivanilton José de Oliveira
Professor do IESA/UFG
Heitor Silva Sabota
Doutorando PPGeo/UFG
Ícaro Felipe Soares Rodrigues
Professor da Rede Estadual/Goiás
Igor de Araújo Pinheiro
Doutorando PPGeo/UFG
Marcos Pedro da Silva
Doutorando PPGeo/UFG
Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes
Professora da Unicentro
Vânia Lucia Costa Alves Souza
Professora da Rede/Distrito Federal
Críticas, sugestões e dúvidas?
Escreva-nos:
gece.ufg@gmail.com
Seção 3
orientações metodológicas e sequências didáticas
partir das plataformas online e das inúmeras
possibilidades de leitura e análise das
representações cartográficas, tabulares e gráficas,
detalhadas nas seções 1 e 2, respectivamente,
apresentamos agora as propostas de orientação
metodológica para o trabalho na Geografia escolar. Para
isso, doze professores de Geografia da educação básica,
todos vinculados ao GECE, compartilham com os leitores
deste material seis sequências didáticas que objetivam
desenvolver o conhecimento geográfico atrelado ao uso
das diferentes plataformas que espacializam os dados da
covid-19. Este é foco desta desta Seção 3 - orientações
metodológicas e sequências didáticas. Esperamos que
essas propostas possam ajudar com seu trabalho
pedagógico e fortalecer ainda mais a contribuição da
Geografia diante dessa pandemia. Desejamos a todos uma
boa leitura.
Equipe GECE.
• Alfabetização e letramento
cartográfico
• O processo de aprendizagem em
Geografia - o raciocínio
geográfico
• Sequências didáticas
seção 3
Cartografia da Covid-19
53
A Geografia oferece um conjunto de ferramentas
intelectuais (teorias, conceitos e procedimentos) para o
entendimento da pandemia da Covid-19 e seus
desdobramentos. Nesse contexto, a educação geográfica
é uma ação poderosa na formação das pessoas para a
compreensão do fenômeno e para oferecer subsídios a
organização na crise que é, simultaneamente, sanitária,
econômica, social e cultural. Nesse texto destaca-se três
aspectos da potencialidade desta educação.
Um primeiro aspecto é a percepção do risco, diretamente
relacionado ao entendimento de como o novo coronavírus
se dissemina, no contato com e entre as pessoas. É
consenso que para evitar a propagação do vírus o método
mais eficaz tem sido identificar a pessoa contaminada, e
isolá-la. Outras medidas importantes são: higiene das
mãos, uso de máscara e o distanciamento social.
O segundo aspecto é conhecer os dados sobre a doença e
o território. No Brasil, por exemplo, os dados sobre a
pandemia [contaminados, óbitos e recuperados] são
comunicadas pelas secretarias de saúde dos municípios e
estados e, sistematizados, pelo Ministério da Saúde. E, por
meio dessas informações são elaborados modelos para
entender o avanço da doença.
Os modelos são apresentados na forma de gráficos, de
tabelas e de mapas. Nos gráficos, observa-se a curva
epidêmica da doença, com isso, é possível acompanhar
seu incremento, estabilização e queda. As tabelas
oferecem os dados absolutos, em distintos recortes
espaciais (bairros, municípios e unidades federativas). Os
mapas demonstram a espacialização dos casos de
contaminação e de óbitos, no intuito de indicar os locais
com maior e menor incidência; e os pontos de articulação
das redes e, os consequentes fluxos de pessoas,
transportes e mercadorias. Com isso, oferece a
possibilidade de entendimento e elaboração do
prognóstico em relação a difusão da doença.
A visualização da concentração e da difusão dos casos,
articuladas ao conhecimento do território, por exemplo: o
modo e intensidade de comunicação entre as grandes e o
interior; a estrutura dos transportes – aeroportos, rodovias
e hidrovias; a infraestrutura hospitalar existente para o
atendimento das pessoas contaminadas, etc.; contribuem
para o planejamento e a elaboração das estratégias de
prevenção.
Os mapas permitem associar, de modo instantâneo e
sintético esse emaranhado de dados e, por meio de sua
leitura, análise e correlação, oferece o instrumento valioso
na percepção do risco à doença e os caminhos para o
enfretamento da pandemia.
54
O terceiro aspecto é a formação para a cidadania, sobretudo
no que diz respeito a importância da conquista e
consolidação dos direitos sociais e a redução das
desigualdades de classe, de gênero e de etnia
[intensificadas na pandemia]. E, para isso, a educação
geográfica tem muitas possibilidades na medida em que
pode explorar/problematizar o espaço nas dimensões do
vivido, do percebido e do concebido. É preciso fazer
perguntas apropriadas e, na escola, o ensino por meio dessa
problematização passa por definir recortes apropriados
(escalas), analisar dados (com fontes confiáveis) e
contextualizá-los. A configuração territorial contribui para
entender a localização e a distribuição do fenômeno,
enquanto a correlação possibilita a análise das várias
dimensões do território (econômico, social, cultural e
ambiental).
Em tempos de Fake News é imprescindível orientar os
alunos sobre como analisar uma informação e,
principalmente, aprender a produzir conhecimento de forma
crítica. A educação geográfica também tem essa função, e
pode ser desenvolvida por meio da análise de situações
sociais que promovam o compromisso com a justiça espacial
e ambiental.
Os dados primários podem ser coletados pelos próprios
alunos, in loco [ou por aplicativos eletrônicos]. São uma
fonte importante para entender o contexto local e realizar
estudos de caso. Os dados secundários podem ser obtidos
em instituições oficiais ou de igual confiabilidade [como
universidades, institutos de pesquisa e de saúde]. São
exemplos as plataformas online indicadas neste material
didático (ver seção 1). De posse dos dados das plataformas
e de uma teoria geográfica, o professor poderá contribuir
para que a aprendizagem seja significativa e crítica.
A cartografia escolar é aliada desta compreensão da
Pandemia da Covid-19, por meio do uso e criação dos
diferentes mapas, croquis e gráficos, mas, para isso, carece
da informação de como os dados foram produzidos e a
confiabilidade das fontes.
É nesse contexto que na seção 3 apresenta-se as sequências
didáticas como propostas de uso das plataformas online
sobre a Covid-19. Essas diferentes plataformas possuem, e
produzem, dados alfanuméricos e espaciais nas mais
distintas escalas geográficas: global, nacional, regional e
local. O leitor (professor/professora) poderá inspirar-se
nestas sequências didáticas para elaborar suas próprias
ações pedagógicas sobre a cartografia da Covid-19, (re)
contextualizando-as, conforme suas necessidades.
As propostas das sequências didáticas se apoiam em
Cavalcanti (2013), quanto a proposição metodológica da
tríade: problematização, sistematização e síntese (Figura 01).
55
56
Figura 01: Abordagem metodológica das sequências didáticas sobre a cartografia da covid-19
Fonte: Adaptado de Cavalcanti (2013). Org.: Elaboração própria
A problematização é realizada no espaço/tempo da aula,
por meio do diálogo, e objetiva conhecer a percepção dos
alunos sobre o fenômeno. Nela, é possível construir as
hipóteses a serem investigadas sobre o fenômeno. A
sistematização é o momento da confrontação entre essas
hipóteses e os conhecimentos científicos relacionados à
pandemia. E a síntese configura-se na organização de
atividades para que os alunos possam sistematizar o
conhecimento aprendido. Trata-se de um processo
intencional, no qual o professor cria situações didáticas
para o desenvolvimento do pensamento espacial e do
raciocínio geográfico.
Para tanto, o professor dispõe de um conjunto de
linguagens para valorizar a expressão do estudante, seja
por meio verbal (oral ou escrita), corporal, visual, sonoro
etc, em referência ao seu aprendizado no processo
didático. Nesse sentido, sugere-se que mais uma vez o
professor se apoie na cartografia para essa síntese,
incentivado elaboração de mapas pelos próprios alunos,
sejam eles mapas mentais ou mapas temáticos produzidos
a partir de mapas mudos.
Em relação as orientações metodológicas para a
cartografia escolar as propostas estão embasadas em
Simielli (1999), a qual propõe que dos anos iniciais ao 6º
ano do ensino fundamental, realize-se a alfabetização
cartográfica (Figura 02); do 6º ao 9º ano do ensino
fundamental, desenvolva-se ações para a localização, a
análise e a correlação, e no ensino médio, possa realizar a
síntese. Com isso, a autora espera que por meio da
cartografia escolar seja possível criar as condições para o
desenvolvimento do leitor crítico de mapas e do
mapeador consciente.
57
Figura 2: Elementos da alfabetização cartográfica
Fonte: Adaptado de Simielli (1999). Org.: Elaboração própria
58
Também é possível pensar que esse processo de
aprendizagem possa ocorrer no contexto do letramento
cartográfico e geográfico (Figura 3), no qual o aluno ao ser
alfabetizado cartograficamente, domine a sintaxe e os códigos
de leitura dos mapas e do mundo, e compreenda de modo
significativo o espaço geográfico por meio destas
representações.
Figura 3: Mapa conceitual sobre os letramentos geográfico e cartográfico.
Fonte: Souza (2016)
59
Desse modo, perante a leitura dos mapas, que envolve a
indicação de onde e como se distribuem os objetos e
fenômenos no mapa, sugere-se que os alunos procedam
as etapas de localização, de análise, de correlação e de
síntese. Localizar consiste em indicar onde estão
determinados objetos, elementos ou fenômenos no
espaço, ou, no sentido inverso, o que há em determinado
espaço representado pelo mapa. Analisar envolve a
descrição da variação espacial da informação, sendo
oportuno utilizar referenciais de formas (faixa, círculo,
formato irregular, etc.) e padrões (contínuo, disperso,
concentrado, fragmentado, etc.) de distribuição desses
objetos, elementos ou fenômenos no mapa.
A localização e análise representam uma leitura elementar.
A correlação representa a leitura intermediária de mapas,
por meio da comparação entre as ocorrências de objetos,
elementos e fenômenos entre dois ou mais mapas, na
busca de associações e relações de causa e efeito entre
eles. E a síntese se refere a leitura avançada de mapas, no
intuito de integrar um conjunto de conhecimentos sobre
um tema que explique sua ocorrência e sua distribuição
espacial. Para tanto, deve-se fazer uso de um repertório de
conhecimentos prévios sobre o assunto, que envolve
questões de apropriação do território, demográficas,
sociais, econômicas e físico-ambientais. Não havendo a
possibilidade de uma explicação conclusiva, recomenda-
se levantar hipóteses, mas deve-se evitar o uso de senso
comum para explicar o que se vê no mapa.
São estas orientações que embasam as seis sequências
didáticas, propostas nesta seção 3. As três primeiras serão
publicados na 1ª edição, e as três últimas, na 2ª. edição
deste material.
A primeira sequência didática, de autoria dos professores
Vânia Souza e Ícaro Rodrigues, intitula-se: “O efeito da
pandemia nos diferentes países segundo o IDH e índice
GINI” e aborda a identificação, a classificação e a
compreensão da pandemia da Covid-19 no contexto das
diferenças socioeconômicas entre os países. A segunda
sequência didática, de autoria professores Lidiane Oliveira
e Pedro Santos Neto, intitula-se: “Segregação sócio-
espacial: a espacialização dos casos de Covid-19 no
Brasil e a potencialização das diferenças sociais” e
articula a espacialização da Covid-19 e a desigualdade
socioespacial no Brasil. A terceira sequência didática, de
autoria das professoras Flávia Gabriela Silva e Josiane
Oliveira, intitula-se: “A espacialização da Covid-19e a
estrutura de saúde na cidade de Goiânia”, problematiza
a representação da espacialização da Covid-19 no
município de Goiânia/GO e inclui sugestões para
elaboração de mapa tátil aos alunos cegos e com baixa
visão, com adaptação também para alunos surdos.
60
A quarta sequência didática, de autoria das professoras
Ana Paula Cesar e Juliana Meneguelli, intitula-se
“Espacialização da Covid-19 através da comparação de
mapas” e apresenta ações de alfabetização e letramento
cartográfico, por meio da leitura e interpretação de
diferentes tipos de mapas sobre a covid-19 no Brasil. A
quinta sequência didática, de autoria dos professores
Gabriel Cavillini e Igor Pinheiro, intitula-se: “A
espacialização e distribuição da Covid-19 na Cidade de
Goiânia- GO” e correlaciona os dados na covid-19 com a
desigualdade socioespacial, na perspectiva intraurbana de
Goiânia. A sexta, e última sequência didática, de autoria
dos professores Aliny Queiroz e Enoque Morais, intitula-se
“A regionalização e a espacialização dos casos de
Covid-19 no território brasileiro” e analisa a
espacialização dos casos da covid-19 no contexto da
regionalização do Brasil e os correlaciona aos fluxos
econômicos e populacionais no território brasileiro.
Deste modo, as sequências didáticas foram organizadas
para diferentes níveis de ensino e, em diferentes graus de
complexidade e, todas elas, podem ser adaptadas
conforme as necessidades e interesse do professor.
Conforme exposto na introdução deste material, atenta-se
ao fato de que os professores possuem todo um cabedal
de experiências e saberes acadêmicos e profissionais, não
sendo o intuito deste prover “receitas”, mas sim, oferecer
sugestões que possam ser adaptadas à realidade de sua
prática e do objeto de ensino. De qualquer modo, espera-
se que esses encaminhamentos didáticos possam
contribuir na prática docente dos professores de
Geografia.
61
62
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI. L. S. Os conteúdos geográficos no cotidiano
da escola e a meta de formação de conceitos. In:
ALBUQUERQUE, M. A. M, FERREIRA, J.A.S. (Orgs.)
Formação, pesquisas e práticas docentes. João Pessoa:
Mídia Gráfica e editora LTDA, 2013.
SOUZA, V. L. C. A. A cartografia como linguagem nas
aulas de geografia: Desafios dos professores do ensino
médio das escolas públicas do Distrito Federal. Tese de
Doutorado. UNB. Brasília, 2016.
SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e
médio. In: CARLOS, A. F. A. (Org.). A geografia na sala de
aula. São Paulo: Contexto, 1999. p. 92-108.
Equipe GECE
Coordenação da Seção 3
Laís Rodrigues Campos
Professora do CEPAE/UFG
Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes
Professora da Unicentro
Autores das Sequências Didáticas da
Seção 3
Ana Paula Feitosa Cesar
Mestranda PPGeo/UFG
Aliny Ferreira Queiroz
Mestranda PPGeo/UFG
Enoque Gomes de Morais
Doutorando PPGeo/UFG
Flávia Gabriela Domingos Silva
Professora da Rede Municipal/Goiânia
Gabriel Martins Cavallini
Mestrando PPGeo/UFG
Ícaro Felipe Soares Rodrigues
Professor da Rede Estadual/Goiás
Igor de Araújo Pinheiro
Doutorando PPGeo/UFG
Josiane Silva de Oliveira
Mestranda PPGeo/UFG
Juliana Meneguelli
Professora da Rede Estadual/Goiás
Lidiane Bezerra Oliveira
Doutoranda PPGeo/UFG
Pedro Moreira dos Santos Neto
Professor da Rede Estadual/Mato Grosso
Vânia Lucia Costa Alves Souza
Professora da Rede/Distrito Federal
Críticas, sugestões e dúvidas?
Escreva-nos:
gece.ufg@gmail.com
Sequência Didática 01
Os efeitos da pandemia nos diferentes países segundo o
Índice de Desenvolvimento Humano e Índice GINI
Introdução
Em meio a uma pandemia da covid-19 a propagação do
vírus de maneira rápida tem imposto uma tomada de
decisões importantes no Brasil e no mundo. Segundo os
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 31 de
maio de 2020, os casos confirmados da covid-19
ultrapassavam a marca de 6 milhões em todo mundo.
Neste contexto, na busca pela redução da ampla
disseminação do novo coronavírus medidas de
distanciamento social têm sido adotadas pelos países de
acordo com a gravidade da pandemia.
Devido a seriedade dos fatos, a Geografia pode (e deve)
explorar o tema com os estudantes para que eles
desenvolvam um pensamento geográfico em relação a
pandemia da covid-19 e, para isso, podem fazê-lo na
mediação com a linguagem cartográfica. Em outras
palavras, queremos dizer que o objetivo do ensino de
Geografia é contribuir para a formação cidadã dos alunos,
proporcionando a eles os elementos simbólicos que lhes
permitam ampliar a sua capacidade de pensamento. Isso é
possível por meio de conteúdos estruturados a partir de
conceitos e princípios geográficos (CAVALCANTI, 2019).
Nesse sentido, a Cartografia aparece como uma
linguagem imprescindível, pois permite que os alunos
desenvolvam raciocínios que buscam caracterizar,
identificar, estabelecer conexões, comparações e
aproximações dos diferentes lugares do globo.
De acordo com Cavalcanti (2012), para que os alunos
façam uma leitura da espacialidade é importante que eles
respondam primeiramente a uma pergunta que é própria
da Geografia: “onde?”. Isto é, a Geografia cumpre função
importante de auxiliar o aluno a se localizar no mundo e a
localizar “as coisas” no mundo. Na continuação dessa
abordagem, complementa-se com outra indagação
geográfica: “porque nesse lugar?”. Caminhando um pouco
mais para a abordagem do fenômeno, pergunta-se: “como
é esse lugar?”.
Pela sua relevância metodológica, acreditamos ser
necessário promover aos alunos situações de
aprendizagem por meio de problemas, mobilizando
conceitos e habilidades espaciais e, para isso, há várias
possibilidades nas diferentes formas de representação,
com o intuito de responder às questões geográficas para o
ensino de Geografia, por exemplo: como os alunos
percebem a pandemia? Onde está o fenômeno e por quê?
Por que impacta diferentemente aqui e não em outro
lugar? É possível comparar os números da pandemia em
países tão diferentes? Quais são as características sociais e
econômicas desses lugares?
65
Quando tratamos sobre essas questões espaciais,
entendemos que estamos desenvolvendo uma leitura
geográfica do mundo e dos lugares, portanto,
potencializamos a construção de um pensamento
geográfico. É com esse objetivo maior que propomos essa
sequência didática.
Para isso, o primeiro ponto é definir os conteúdos que serão
desenvolvidos ao longo do percurso didático, bem como o
nível de análise cartográfica. Neste caso, a escolha pelo
conteúdo e o quadro de competências e habilidades que
deve ser alcançado pela sequência didática tem como
premissa levar os alunos a realizarem uma leitura do mundo
por meio de sua experiência cotidiana, ajudando-o a pensar
melhor e mais amplamente sobre sua realidade. Outro
aspecto se refere ao nível de análise do fenômeno,
elaborado pela Simielli (1996) em três níveis, a saber: a)
localização e análise; b) correlação; c) síntese.
Para a escolha do nível de abordagem cartográfica e da
plataforma trabalhada nesta sequência didática
consideramos a escala cartográfica, uma vez que é ela que
define o que terá visibilidade em um fenômeno, ou seja, a
escala estabelece o que é significativo representar e, se você
alterar a escala, as variáveis significativas também mudam.
Por esse motivo, a escolha foi da plataforma da Organização
Mundial de Saúde (OMS) – na língua inglesa indicada como
World Health Organization (WHO) para trabalhar com escala
global, enquanto para a escala regional (nacional) optamos
pela plataforma desenvolvida pelo Google, como pode ser
observado na Tabela 01, a seguir.
Diante dessa abordagem, definimos como objetivo principal
desta sequência didática promover um ensino que
possibilite aos alunos identificar, classificar e compreender a
divisão dos países segundo os critérios socioeconômicos em
um momento de pandemia da covid-19. Estes exercícios
foram planejados para permitir que os alunos questionem
sua realidade, identifiquem a sua localização e saibam
analisar “os fenômenos” do mundo e o porquê de elas
estarem nesses lugares.
66
Tabela 1 - Definição a ser realizada para a sequência
Nível de
Ensino
Escala
Abordagem
cartográfica
Plataforma indicadas no material
didático
3º Série
do
Ensino
Médio
Global
Localização,
análise,
correlação e
síntese
https://covid19.who.int/
Regional
(Nacional)
Localização,
análise,
correlação e
síntese
https://news.google.com/covid19/map?
hl=pt-BR&gl=BR&ceid=BR:pt-419
Org.: Elaboração própria
Encaminhamentos Didáticos
Problema: É possível comparar os números da pandemia
em países tão diferentes?
Desigualdade social
A agenda universal estabelecida pela Organização das
Nações Unidas (ONU) estabelece objetivos e metas de
ações para direcionar o mundo para um caminho
sustentável e resiliente seguindo o lema “não deixar
ninguém para trás”. Nesta agenda, existem 17 objetivos
para transformar o nosso mundo. Falaremos do objetivo
10 que se refere a redução de desigualdades dentro dos
países e entre eles.
Mais de dois terços da população mundial vive em países
onde a desigualdade aumenta. Sociedades muito
desiguais são menos efetivas na redução de pobreza,
crescem mais devagar, dificultam as famílias a quebrarem
o ciclo de pobreza e impedem o avanço econômico e
social daquele país (ONU, 2020). Um país desigual é
aquele que não oferece as mesmas condições de trabalho,
renda, moradia, segurança e equipamentos urbanos à sua
população.
Nas aulas, podemos trabalhar a medição desta
desigualdade com dois índices que permitem classificar os
países e as suas desigualdades: o índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) e o índice Gini.
O IDH é uma unidade de medida utilizada para aferir o
grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade
nos quesitos educação, saúde e renda. Em educação são
considerados os índices de escolarização e da
alfabetização da população. O quesito saúde considera a
expectativa de vida das populações. O fator renda tem o
foco no PIB per capita (Produto Interno Bruto por pessoa)
e o PPC (Paridade do poder de Compra) no país. O cálculo
do IDH considera a ponderação destes 3 quesitos com o
mesmo peso, desta forma, o valor do IDH varia de 0 a 1.
Países com IDH próximos do zero significa baixa
assistência da população nos quesitos saúde, educação e
renda. Países com IDH mais próximos de um maior
significa boa assistência da população nos quesitos
citados.
O índice Gini foi criado pelo matemático Conrado Gini e é
um instrumento para medir o grau de concentração de
rendas de um determinado lugar. Ele aponta a diferença
entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.
Este índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 0 mais
igualitário é o país, ou seja, todos têm a mesma renda.
Quanto mais próximo de 1, mais o país é desigual ou
pequenos grupos detêm toda a riqueza.
67
68
Ao estudarmos as desigualdades sociais entre os países
trabalhamos também com o número de habitantes deste
país. Podemos calcular a população de um país com
pesquisas de censos nacionais que indicam a contagem
de todas as pessoas que habitam o território analisado.
Desta forma, teremos a população absoluta quando
consideramos o número total de habitantes. O dado
relativo à distribuição das pessoas em um determinado
território é denominado densidade demográfica. Ela é
obtida pela divisão do total da população absoluta pela
área na qual a população está distribuída.
A desigualdade entre países em tempo de pandemia
A covid-19 é o nome oficial da doença causada pelo novo
coronavírus. Esta doença já atingiu a maioria dos países do
mundo, conforme dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS) que você acessa nas plataformas desta
mesma instituição e também do Google (ver seção 1
deste material). Os dados apresentados nestas plataformas
nos oferecem dois dados necessários para a nossa análise,
a saber: o número de casos e o número de mortes por
país.
Cada país adota determinados critérios para realizar a
contagem das pessoas contaminadas e o número de
mortos pela Covid 19. Em muitos locais não existem testes
suficientes que validem o quantitativo de vítimas pela
doença o que geram subnotificações , ou seja, números
inferiores nas estatísticas da letalidade do vírus.
Um exemplo é o Brasil que notifica apenas 8% dos casos
de contaminação devido à ausência de testes para todos.
Além disso, em nosso país não há testagem em massa, já
que boa parte dos portadores assintomáticos ou com
sintomas leves não chega a ser testado. A prioridade dos
testes é para os pacientes graves e aqueles que precisam
de hospitalização.
Existem estudos matemáticos que fazem simulações para
um panorama real de casos, um deles é do Núcleo de
Operação e Inteligência em Saúde (NOIS) formado pelos
cientistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e
Instituto D’ór. Essas simulações comparam várias
informações dos diferentes países. Ao ler esses relatórios
técnicos observamos que a Coréia do Sul conseguiu aliar
testes e tecnologia na redução da propagação do vírus
pelo país. Este país se destaca por ter realizado muitos
testes e controle dos contaminados , reduzindo o número
de mortos e afetados pela doença. Entendemos que esta
forma de testagem e controle reflete em uma estatística
mais confiável, que no nosso exercício coloca a Coréia do
Sul com uma estatística referência no número de
contaminados.
As informações sobre o número de mortes também
podem estar subestimadas. Infelizmente não existe um
padrão internacional sobre como contar o número de
mortes nos países, por exemplo cabem as perguntas: os
registros de mortes precisam de exame? Aqueles casos
suspeitos de pessoas que não se hospitalizaram, contam?
O vírus foi a principal causa da morte? Alguns países estão
registrando mortes somente daquelas pessoas nos
hospitais, outros países registram aquelas mortes ocorridas
em outros espaços, fora do hospital, como casas de
repouso e residências. Em nossos exercícios não
corrigimos o número de mortes, considerando que este
registro é o número mínimo de mortes registradas.
Exercícios
Proposta 1 - Relacionar os índices de IDH e GINI com os
casos confirmados e mortes de 24 países.
Proposta 1
Observe a tabela 01 dos países com as informações sobre
os índices do IDH, GINI, População e número de casos e
mortes. Observe que a tabela apresenta duas colunas
extras, uma com o fator de correção e outra coluna com os
casos reais. Estes cálculos consideram a correção do
número de casos tendo como ponto de partida os dados
da Coréia do Sul. A porcentagem de morte foi calculada
pela divisão número de mortes pelo número de casos de
cada país, multiplicado por 100. A taxa da Coréia do Sul é
a referência, 2,346686222. A coluna seguinte de casos
reais, foi obtida pela multiplicação do número de mortes
por 100 e dividido pela taxa referência da Coréia do Sul.
Os países foram divididos em 4 grupos seguindo a tabela
do IDH e a sua divisão em países com muito alto, alto,
médio e baixo desenvolvimento humano. Optou-se por
escolher pelo menos um país por continente. A partir
dessa divisão as outras informações foram preenchidas
como o índice GINI, população, casos confirmados e
mortes pela COVID.
69
70
Tabela 2. Informações sobre os casos confirmados mortes pela Covid-19 de alguns países segundo IDH e GINI
Países IDH GINI População Casos confirmados Mortes % fator c Casos reais
Alemanha 0,954 0,27 83.783.942 169.575 7.417 4,3738759 316.063
Austrália 0,938 0,3 25.499.884 6.941 97 1,3974932 4.133
Nova Zelândia 0,921 0,36 4.822.233 1.147 21 1,8308631 895
Estados Unidos 0,92 0,45 331.002.651 1.271.645 76.919 6,0487793 3.277.771
Coréia do Sul 0,906 0,31 48.322.820 10.909 256 2,3466862 10.909
Rússia 0,824 0,41 145.934.462 221.344 2.009 0,907637 85.610
Romênia 0,793 0,27 19.237.691 15.362 952 6,1971098 40.568
Cuba 0,778 0,3 11.221.060 1.766 77 4,3601359 3.281
Brasil 0,761 0,49 212.559.417 155.939 10.627 6,8148443 452.851
China 0,758 0,46 1.439.323.776 84.450 4.643 5,4979278 197.853
Líbia 0,708 0,36 6.679.000 64 3 4,6875 128
África do Sul 0,705 0,62 59.308.690 10.015 194 1,9370944 8.267
Iraque 0,689 0,29 39.930.000 2.767 109 3,9392844 4.645
Paraguai 0,679 0,51 7.132.538 713 10 1,4025245 426
Índia 0,647 0,35 1.380.004.385 67.152 2.206 3,2850846 94.005
Marrocos 0,628 0,4 36.725.072 6.063 188 3,1007752 8.011
Zâmbia 0,591 0,57 18.383.955 267 7 2,6217228 298
Paquistão 0,56 0,3 220.892.340 30.941 667 2,1557157 28.423
Nepal 0,548 0,32 29.136.808 120 28 23,333333 1.193
Mianmar 0,536 0,3 53.710.000 150 6 4 256
Nigéria 0,534 0,48 206.139.589 4.399 143 3,2507388 6.094
Haiti 0,503 0,6 11.402.528 151 12 7,9470199 511
Iêmen 0,46 0,37 29.823.964 53 9 16,981132 384
Serra Leoa 0,438 0,34 7.976.983 307 18 5,8631922 767
Fonte: PNUD, 2020 e World Population Review, 2020
Legenda:
Muito Alto Desenvolvimento
Alto desenvolvimento
Médio desenvolvimento
Baixo desenvolvimento
Perguntas a serem respondidas.
a) Podemos afirmar que países com muito alto IDH
(próximo de 1) possuem maior número de mortes?
Justifique. Selecione um país deste grupo, pesquise
quais ações o governo local está executando em seu
território para justificar este efeito da pandemia no
país. Identifique a faixa etária do grupo que mais
morre no país.
b) Podemos afirmar que os países com maior índice Gini
(próximo de 1) possuem maior número de mortes?
Justifique. Selecione um país deste grupo, pesquise
quais ações o governo local está executando em seu
território para justificar este efeito da pandemia no
país. Identifique a faixa etária do grupo que mais
morre no país.
c) Em quais países o número de mortes parece
subestimado? Quais seriam as possíveis causas desta
subnotificação?
d) A China e a Índia são os países mais populosos do
mundo. Os números de mortos nestes países
parecem corretos? Justifique.
e) Em qual grupo de países (muito alto, alto, médio e
baixo IDH) existe uma maior diferença entre os casos
confirmados e casos reais?
Proposta 2
Elabore duas representações cartográficas destas relações:
Índice de Desenvolvimento Humano e número de mortes.
Esta proposta está organizada em 3 aulas.
Aula 1 - Leitura do mapa
Nesse exercício o objetivo é criar um mapa capaz de
representar adequadamente a natureza das relações entre
as informações disponibilizadas na tabela e os modos de
implantação. Neste caso, é importante que antes de iniciar
a confecção do material cartográfico, ter um momento
para explicar a turma sobre a cartografia temática e como
os cartógrafos elaboram os mapas (você pode se apoiar na
Seção 2 deste material didático). Comente também que
para um mapa ser construído adequadamente ele deve ter
uma comunicação monossêmica, ou seja, ao fazer a leitura
de um mapa todos deve compreender o mesmo
significado.
71
Nesse momento, também é importante enfatizar que os
primeiros passos com a intenção de representar seus
lugares, surgiu antes mesmo da linguagem escrita, através
de representações pictóricas. O interesse de representar
graficamente diferentes lugares contribui
significativamente para o aperfeiçoamento dos mapas.
Todavia, foi apenas a partir do século XX que os mapas
passaram a adotar padrões estabelecidos por convenções
transformadas em normas aceitas pelo que produzem
mapas. Na medida em que a ciência cartográfica seguia os
avanços tecnológicos da humanidade, muitas cartas e
mapas foram produzidos com finalidades distintas,
aproximando-se cada vez mais da precisão das medidas e
dimensões da Terra.
Após o estudo introdutório, solicite que os alunos entrem
na plataforma da OMS e observem a representação
cartográfica. Explique aos alunos que, para a
representação dos dados da pandemia da Covid-19 na
plataforma foi possibilitada por algumas etapas, como:
coletas de dados, análise, interpretação e representação
das informações sobre um mapa base. Pergunte aos
alunos qual foi a variável visual escolhida para representar
os dados da pandemia na plataforma? E se ela foi um bom
recurso para melhor visualização e comunicação dos
dados? Deixe que os alunos falem livremente.
Em seguida, pergunte a turma se pela variável tamanho
eles conseguiram perceber quais são as regiões com
maior incidência de casos confirmado de covid-19? Deixe
claro que pela variável visual tamanho é possível identificar
áreas com grande ou pequena quantidade de casos
confirmados, sendo a única capaz de representar dados
absolutos.
Aula 2 – Elaboração da representação cartográfica
Nesse momento, é importante explicar aos alunos que a
aula será para a elaboração de dois mapas trabalhando
com duas variáveis visuais, cor e tamanho. A variável visual
cor será utilizada para definir as classes do IDH, enquanto
tamanho será utilizada para representar os dados do
número de morte pela covid-19. Em um mapa mundi
mudo represente o mapa apenas com estes países da
tabela.
72
a) IDH e número de mortes - estas duas informações
devem aparecer no mapa.
Para calcular o tamanho dos círculos é necessário
considerar os dados do número de morte. Os círculos são
geometricamente proporcionais às quantidades. Uma
maneira para calcular a proporcionalidade é a que
considera a área da figura escolhida - o círculo - igual à
quantidade a ser representada (Q). Para traçá-lo, é
necessário conhecer a medida dos raios dos círculos.
Portanto, raio será proporcional a √Q. Além disso, diante
da variabilidade dos dados, os círculos podem resultar ou
muito grandes ou muito pequenos. Para adequá-los à
escala do mapa, basta multiplicar ou dividir todos os raios
por uma constante K." (MARTINELLI, 2003). Oriente os
alunos a usar o compasso para criar os círculos.
73
Para download do
mapa mudo mundi
faça a leitura do QR-
Code com seu
celular.
• Identificar todos os países da tabela. Escrever o nome em tamanho pequeno no local.
• Separar por cores os grupos dos países segundo o IDH, teremos, portanto, 4 grupos;
• Criando assim a legenda e colorir os países do mesmo grupo com a mesma cor.
Os alunos devem escolher um título para o mapa, criar a legenda, inserir a orientação e calcular a escala.
Muito Alto IDH Alto IDH
Médio IDH Baixo IDH
Aula 3 – Produção de gráficos da Covid-19
A atividade proposta demanda que o aluno crie um gráfico
com o número de mortes por país e colocar as colunas em
cada país como apresentado no gráfico 1 que mostra
colunas pretas (mortos) dos países de muito alto IDH. Fazer
o mesmo com o índice Gini. Para a construção do gráfico
utilizando lápis, papel e régua milimetrada, defina a escala
a ser utilizada.
74
MORTES
0
21.250
42.500
63.750
85.000
Alemanha Austrália Nova Zelândia Estados Unidos Coréia do Sul Rússia
2.009
256
76.919
21
97
7.417
Gráfico 1. Gráfico com o número de mortes pela COVID 19 nos países com muito alto IDH.
Fonte: PNUD, 2020 e World Population Review, 2020 Org.: Elaboração própria
75
Para download do
Planisfério Política
faça a leitura do QR-
Code com seu
celular
76
REFERÊNCIAS
CAVALCANTI, L. de S. Pensar pela Geografia: ensino e
relevância social. Goiânia: C & A Alfa Comunicação, 2019.
MARTINELLI, M. Mapas da Geografia e cartografia
temática. São Paulo: Contexto, 2003.
SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e
médio. In: CARLOS, A. F. A. (Org.). A geografia na sala de
aula. São Paulo: Contexto, 1999, p. 92-108.
PNUD Brasil, World Population Review, Ranking IDH global.
Disponível em: <https://www.br.undp.org/content/brazil/
pt/home/idh0/rankings/idh-global.html>. Acesso em
12/5/2020
WORLD POPULATION REVIEW, Gini Coefficient by country.
Disponível em: <https://worldpopulationreview.com/
countries/gini-coefficient-by-country/> acesso em
12/5/2020.
NOIS PUCRIO, Núcleo de Operações e Inteligência em
saúde , Nota técnica 1 -16/3/2020 Projeção de casos de
infecção por COVID-19 no Brasil. Disponível em:
<www.sites.google.com/view/nois-pucrio>. Acesso em
12/5/2020
ONU, Desigualdade fecha as portas para o avanço
econômico e social no mundo. Disponível em < https://
nacoesunidas.org/onu-desigualdade-fecha-as-portas-para-
avanco-economico-e-social-no-mundo/>. Acesso em
12/5/2020.
Equipe GECE
Autores da Sequência Didática 01
Vânia Lucia Costa Alves Souza
Professora da Rede/Distrito Federal
Ícaro Felipe Soares Rodrigues
Professor da Rede Estadual/Goiás
Coordenadoras da Seção 3
Laís Rodrigues Campos
Professora do CEPAE/UFG
Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes
Professora da Unicentro
Críticas, sugestões e dúvidas?
Escreva-nos:
gece.ufg@gmail.com
Sequência Didática 02
Segregação socioespacial: a espacialização dos casos de Covid-19
no Brasil e a potencialização das diferenças sociais
Introdução
A intenção dessa sequência didática não é explicar a origem
da Covid-19, mas de compreender como esse fenômeno
avança e se distribui no espaço geográfico. Para tanto, torna-
se crucial a compreensão do conceito de segregação
socioespacial e a importância da leitura e análise dos
produtos cartográficos no entendimento da realidade atual,
em múltiplas escalas.
Ao longo das orientações didáticas, serão apresentadas 3
(três) imagens que buscam dialogar com a realidade
concreta da desigualdade social nas cidades brasileiras. A
partir dessas representações, os professores podem dialogar
junto aos alunos as espacializações das moradias da
população de maior e menor poder aquisitivo, evidenciando
sobre os equipamentos e serviços urbanos presentes em
cada realidade. A ideia é possibilitar que os alunos
compreendam que as moradias estão atreladas aos níveis
político, econômico e social que são materializados na
cidade.
Neste contexto, o professor poderá construir a partir da
realidade cotidiana dos estudantes o conceito teórico-
prático de segregação socioespacial e, dessa forma, os
alunos compreenderão, tanto na teoria quanto na prática, o
que são os espaços centrais e periféricos na cidade e,
principalmente, quem são os moradores destes lugares, pois
a ideia é que os alunos compreendam o conceito de
desigualdade.
Diante do exposto, tanto os alunos quanto os professores
estarão em condições para o debate sobre a espacialização
da Covid-19, tendo como base um texto jornalístico
“Covid-19 potencializou as diferenças sociais nos estados” e
as mais diversas plataformas estatísticas e espaciais do
fenômeno supracitado. Nesse caso, selecionamos a
plataforma elaborada pela Rice University.
A ideia é que os alunos consigam perceber a relação entre o
número de casos, o número de óbitos e a taxa de letalidade,
considerando os equipamentos e os serviços urbanos
presentes na periferia e no centro. Afinal, o acesso da
população de maior e menor poder aquisitivo aos
equipamentos de proteção, seguridade social e tratamento,
influenciam, consideravelmente, nos impactos da Covid-19
na vida das pessoas.
Assim, é válido ressaltar que os alunos consigam analisar
criticamente e refletir sobre a distribuição geográfica da
Covid-19, na relação com as periferias e os centros urbanos.
Como é de conhecimento público, o novo Coronavírus está
presente em todas as escalas geográficas, isto é, global,
nacional, regional e local, o que possibilita aos professores
de Geografia trabalharem esse tema nas aulas a partir do
contexto da pandemia em sua cidade.
79
É importante destacar o papel da avaliação nesta atividade
e entender que é um processo e não um momento único.
Portanto, será de forma contínua, valorizando os
conhecimentos prévios dos alunos. Além disso, por meio
do desenvolvimento desta atividade, buscar-se-á
identificar se os alunos compreenderam os conceitos
supracitados e sua importância para leitura e análise do
mapa na apreensão do espaço geográfico. A proposta
apoia-se na perspectiva do mapeador consciente e do
leitor crítico (SIMIELLI, 1999).
Objetivos
• Compreender o conceito de segregação socioespacial e
suas consequências para a população;
• Entender porque a incidência da Covid-19 agrava o
processo de segregação socioespacial; e
• Verificar por meio da leitura e análise de mapas o
processo de segregação socioespacial em múltiplas
escalas geográficas.
Problematizações
O professor pode iniciar a aula exibindo aos alunos
algumas charges (Figuras 01, 02 e 03) que representem o
fenômeno da segregação socioespacial, tendo o objetivo
de identificar o conhecimento dos estudantes sobre o
tema. Por meio da análise das imagens o professor poderá
instigar um diálogo com os alunos, realizando
questionamentos. Ao tempo que ocorrer o diálogo, o
docente poderá construir um mapa conceitual no quadro,
com os principais conceitos identificados.
80
Figura 01: Charge – Habitações na cidade.
Fonte: MALTA, J. (2020).
Figura 02: Charge – A cidade e seus contrastes.
Fonte: Secretaria Municipal de coordenação Geral do Planejamento e Gestão –
Belém/P, 2020.
O que podemos considerar sobre as Imagens 01, 02 e 03?
Ao analisar as Imagens 01, 02 e 03, pode-se discutir sobre
a localização das moradias, uma vez que no processo de
urbanização elas podem se distribuir em diferentes áreas
da cidade que materializam as desigualdades
socioeconômicas (1), pois esses respectivos locais seguem
uma lógica mercadológica e não necessariamente da sua
função social.
O que há de diferente nessas áreas?
A partir desses questionamentos os alunos podem
identificar as diferenças na infraestrutura dos imóveis, dos
espaços públicos e privados, dos serviços oferecidos,
entre outros.
Porque ocorrem essas diferenças?
Ao analisar as imagens pode-se perceber que em muitas
cidades as pessoas mais pobres estão sendo expulsas de
áreas consideradas de maior valor, de maior especulação
imobiliária, gerando uma forte pressão expropriatória
nessas pessoas. E por meio dela, é possível problematizar
as forças políticas, econômicas e sociais que operam as
relações que resultam nas localizações e diferenciação dos
lugares de moradia.
Quais relações ocorrem entre as pessoas a partir das
forças condicionantes desse fenômeno?
A força política determina o nível de investimento em cada
um dos espaços. Nota-se que não é raro identificarmos
que o poder público destina mais investimentos em áreas
das classes médias e altas. A força econômica determina a
relação entre as diferentes condições econômicas no que
se refere à força de trabalho. As pessoas que moram nas
áreas de periferia social vendem sua força de trabalho para
as pessoas que moram nas áreas consideradas mais ricas/
abastadas.
81
Figura 03: Charge – Segregação Urbana
Fonte: SANTOS, A.S. (2016).
82
Ao final do diálogo, o professor e os alunos terão construído
um mapa conceitual oriundo das discussões. Na Imagem 04
disponibilizamos um modelo de mapa conceitual que poderá
ajudar ao trabalho do professor. No entanto, destacamos que
o docente tem autonomia de criar o próprio mapa conceitual,
tendo em vista que as análises e discussões podem gerar
outros conceitos considerados importantes para a
internalização do conteúdo.
Sistematização
1ª Fase: Construção dos conceitos – Segregação Socioespacial
Nesta etapa, o professor, juntamente com os alunos, poderá
desvelar os conceitos teóricos sobre segregação socioespacial
(2). Na etapa da problematização, o que os alunos talvez
possam denominar de “área rica”, no discurso geográfico trata-
se como “centro/centralidade”, e o que eles chamam de “área
pobre”, geograficamente denomina-se de “periferia social”. É
nesse momento que o professor explica para os alunos com
base nos fundamentos científicos os conceitos de centro e
periferia (3), descrevendo suas características com base no
processo de produção de tais espaços pelas pessoas que ali
vivem (4).
Para entender além das características aparentes de ambos os
espaços, torna-se necessário que o professor explique as
principais relações existentes nesses lugares e quais são as
principais forças que provocam essas relações. Partindo do
mapa conceitual disponível na Imagem 04, elaborado na etapa
da problematização, pode-se discutir sobre os agentes de
produção do espaço urbano e suas ações nesse processo de
fazer e refazer a cidade, elencados a seguir (5):
• Os proprietários dos meios de produção (sobretudo os
grandes industriais): nas grandes cidades em que a
atividade fabril é expressiva, a ação espacial dos
proprietários industriais leva a criação de amplas áreas
fabris em setores distintos das áreas residenciais nobres
onde mora a elite, porém próximas às áreas proletárias.
Deste modo, a ação deles modela a cidade produzindo o
seu próprio espaço e interferindo decisivamente na
localização de outros usos da terra.
• Os proprietários fundiários: atuam no sentido de obterem a
maior renda fundiária de suas propriedades, interessando-
se que estas tenham o uso que seja mais remunerador
possível, especialmente o uso comercial ou residencial de
status.
Segregação
socioespacial
Centro
Mais inves4mentos públicos e
privados
Forças que determinam a ordem
Poli4cas Nível de inves4mento
Econômicas Força de trabalho
Sociais Culturais, étnicas e raciais
Periferia
Inves4mentos públicos e privados
escassos
Figura 04: Mapa conceitual da segregação espacial. Org.: Elaboração própria.
• Os promotores imobiliários: atuam no sentido de
apenas produzir habitações com inovações, com o valor
de uso superior às antigas, obtendo-se, portanto, um
preço de venda cada vez maior, o que amplia a exclusão
das camadas populares.
• O Estado: é através da implantação de serviços públicos
como o sistema viário, pavimentação, água, esgoto,
iluminação, parques, coleta de lixo, etc., sendo esses
pertinentes tanto às empresas como a população em
geral, que a atuação do Estado se faz de modo mais
corrente e esperado.
• Os grupos sociais excluídos: esses grupos têm como
possibilidades de moradia os locais densamente
ocupados, cortiços localizados próximo ao centro da
cidade, a casa produzida pelo sistema de
autoconstrução em loteamentos periféricos, os
conjuntos habitacionais produzidos pelo Estado, via de
regra, também distantes das regiões consideras centrais.
Após essas definições, é possível entender porque
existem essas diferenciações nos espaços. E que nesse
caso o professor já pode substituir o termo “diferenciação”
por “desigualdades” tendo em vista que os serviços
oferecidos pelo Estado são disponibilizados em maior
quantidade e qualidade nas centralidades do que nas
periferias sociais.
Assim, o professor pode discutir a significação do conceito
de segregação socioespacial. Nesse sentido, com base em
Correa (2004), a segregação residencial pode ser vista
como um meio de reprodução social, ou seja, o espaço
social age como um elemento condicionador sobre a
sociedade. Vai existir o lugar de trabalho, fábricas e
escritórios, ou seja, os locais de produção e os locais de
reprodução são as residências e bairros, definidos como
unidades territoriais e sociais.
O professor pode discutir também que esse processo
ocorre devido a renda que cada grupo social tem em
pagar pela residência que ocupa, a qual apresenta
características diferentes no que se refere ao tipo e a
localização. E ainda, sobre o quanto as desigualdades
revelam as diferenças de poder, de consumo ou de
capacidade de decisão ou ainda de possibilidade de
apreensão do espaço. Isto é, as desigualdades viram
diferenças, porque uma parte da sociedade, na esfera
econômica, política e social, participa precariamente da
vida urbana e da sociedade de consumo.
83
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Cartografia da covid 19 para uso em ambientes escolares

  • 1.
  • 2. Denis Richter Diego Tarley Ferreira Nascimento (organizadores) Goiânia/GO I 2020
  • 3. DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Bibliotecário Filipe Reis – CRB n.° 3388) Grupo de Estudos e Pesquisas de Cartografia para Escolares - GECE Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Geográfica - LEPEG Instituto de Estudos Socioambientais - IESA Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação - CEPAE Universidade Federal de Goiás - UFG Universidade Estadual de Goiás - UEG Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro C328 Cartografia da Covid-19 : orientações para uso no ambiente escolar / Denis Richter, Diego Tarley Ferreira Nascimento (Organização.). Goiânia : C&A Alfa Comunicação, 2021. 138 p. : il. color. Material de orientação didática sobre a seleção de fontes, plataformas de representação espacial e dados confiáveis, a disseminação do conhecimento científico e o papel da universidade num contexto da pandemia Covid-19. Responsabilidades autorais: Seção 1: Denis Richter e Diego Tarley Ferreira Nascimento Seção 2: Miriam Aparecida Bueno e Loçandra Borges de Moraes Seção 3: Laís Rodrigues Campos e Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes ISBN: 978-65-89324-07-2  1. Cartografia. 2. Covid-19. 3. Pandemia. I. Richter, Denis. II. Nascimento, Diego Tarley Ferreira. 1. CDU: 616-036.21
  • 4. pandemia da (doença) Covid-19, causada pelo novo coronavírus, tem incitado transformações nas relações sociais com repercussões econômicas nunca antes vivenciadas em nossa sociedade. Diante de uma das mais sérias crises de saúde pública do século XXI, medidas de isolamento social têm sido adotadas em diversos países do mundo no intuito de amenizar a rápida propagação do vírus (Sars-Cov-2). No que tange à área da educação, com a suspensão das aulas presenciais, tanto nos estabelecimentos de educação básica quanto em instituições de ensino superior, os docentes e discentes que fazem parte do Grupo de Estudos e Pesquisas em Cartografia para Escolares (GECE), vinculado ao Laboratório de Pesquisa em Educação e Geografia (LEPEG), do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), e tendo a colaboração de professores da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), oportunamente apresenta este documento, com a indicação de diferentes fontes de dados e de mapas interativos que buscam retratar o panorama e o avanço da pandemia da Covid-19 para que os professores possam fazer uso desses materiais em suas práticas de ensino. Da mesma forma, esperamos contribuir também com a comunidade externa, sobretudo por muitos encontrarem-se em suas residências, sob temores e incertezas diante de tantas informações, sendo, infelizmente, muitas delas inconsistentes. Neste sentido, apresentamos orientações de acesso a dados oficiais que permitam o trabalho reflexivo e crítico dos professores e alunos, integrando esse material às suas práticas escolares. Este material reforça a importância do saber científico e o papel da universidade no fornecimento de recursos que permitam a popularização do saber e fortalecimento das redes de conhecimento. • A pandemia da Covid-19 • Organização de um material de orientação didática • Seleção de fontes e dados oficiais e confiáveis • Disseminação do conhecimento científico como papel e função da Universidade Introdução Cartografia da Covid-19 01
  • 5. Assim, o presente material se estrutura em três seções. A primeira apresenta as principais fontes de dados sobre a pandemia da Covid-19, descrevendo o acesso, as formas de representação e as possibilidades de leitura e análise dos dados. Esta seção é destinada tanto aos profissionais da educação quanto à comunidade em geral, tendo em vista a relevância de tais dados para a percepção e compreensão do fenômeno. A segunda seção detalha um esboço dos fundamentos utilizados para a construção e utilização de representações cartográficas (mapas), tabulares e gráficas. Em seguida, a terceira seção apresenta algumas propostas de orientações metodológicas de como o professor pode realizar e encaminhar com seus alunos procedimentos de leitura, análise e interpretação dos dados. Destacamos de início que esse trabalho tem o objetivo de apresentar uma seleção de plataformas e algumas de suas possibilidades de leitura, análise e interpretação. Portanto, alertamos que não consideramos este material como algo finalizado, tampouco objetiva esgotar as inúmeras fontes ou propostas de uso de tais dados. Sabemos que os docentes possuem um cabedal significativo de experiências e propostas pertinentes para desenvolver o trabalho intelectual e que podem ser integradas a esta proposta. Por isso, salientamos que este material seguirá em construção e atualização constante, sendo oportuna e muito bem vinda toda e qualquer crítica, sugestão e contribuição, que podem ser encaminhadas ao e-mail do GECE (gece.ufg@gmail.com). Muita saúde, boa leitura e bom trabalho! Equipe GECE • Primeira seção - fontes de dados e formas de representação • Segunda seção - fundamentos para a leitura e análise das representações cartográfica, tabulares e gráficas • Terceira seção - orientações metodológicas e sequências didáticas Introdução Cartografia da Covid-19 02
  • 6. Seção 1 fontes de dados e formas de representação
  • 7. seção 1 da Cartografia da Covid-19: orientações para uso no ambiente escolar - fontes de dados e formas de representação, apresenta uma série de plataformas online com a espacialização dos dados do coronavírus em diferentes escalas, desde o global até o local, produzidas por distintos órgãos, instituições de ensino superior ou por profissionais independentes. Além disso, neste documento são detalhadas algumas orientações básicas de como o usuário pode acessar e explorar os dados, bem como como ajustar a visualização para melhorar a análise dos dados. Boa leitura! Equipe GECE • Plataformas online sobre a Covid-19 • Orientações gerais de navegação e exploração das plataformas • Indicações de diferentes plataformas por níveis de análise seção 1 Cartografia da Covid-19 04
  • 8. Na busca por dados confiáveis, orientamos sempre a utilização de fontes oficiais, diretamente nos sites dos órgãos responsáveis. No caso da pandemia da Covid-19, a principal fonte de dados é a Organização Mundial de Saúde (OMS) – na língua inglesa indicada como World Health Organization (WHO) (Figura 01). Em sua página, a OMS divulga dados de todos os países do mundo. Endereço: https://who.sprinklr.com/ No início da página, há um mapa com a visão geral (overview) dos casos de Covid-19 por países e, na barra ao lado esquerdo (A), a quantidade total de casos confirmados e de óbitos em todo o mundo. Figura 01: Captura da tela do site da OMS com a distribuição do coronavírus no mundo, tendo o destaque dos dados do Brasil. (16/04/2020) A B 05
  • 9. Nessa mesma barra é possível mudar a visualização da quantidade de casos confirmados (círculos em azul) para a quantidade de óbitos (círculos em laranja) em cada país. Nessa representação, o tamanho dos círculos é proporcional à quantidade exata de casos confirmados de contaminação ou de óbitos pela (doença) Covid-19. Ou seja, círculos menores representam menores quantidades, ao passo que círculos maiores indicam as maiores quantidades. Ao direcionar a seta do mouse sobre os círculos, aparecem os dados exatos da quantidade de casos confirmados e de óbitos de cada país. Um dos problemas das representações cartográficas que fazem uso de símbolos pontuais, como neste caso (em que há apenas um círculo para cada país), é que os leitores podem imaginar que o símbolo se refere ao local exato (uma cidade, por exemplo) ao qual está sobreposto, enquanto, na verdade, o símbolo indica a informação para todo o recorte espacial, ou seja, para todo o território do país. Por exemplo: o círculo que representa a quantidade de casos no Brasil (Figura 01 – B) se encontra aproximadamente sobre o estado do Mato Grosso, mas se refere, é claro, a todo o país. 06 Covid-19
  • 10. Outro problema dessa forma de representação é a sobreposição que pode haver por conta de símbolos muito próximos uns dos outros, como pode ser visto na Europa. Para contornar esse problema, basta fazer uso da ferramenta do “zoom” (Figura 02 - A). Ela se encontra na parte superior e direita do mapa, sendo possível aproximar (+) ou afastar (-) a visualização do mapa. Aproximando, estamos ampliando a área que permite melhor visualização dos símbolos e as correspondentes quantidades de casos confirmados nos países. Logo abaixo dos ícones do “zoom”, há um ícone representando um globo, que permite retornar à visão geral do mapa, para todo o planeta. Figura 02: Captura da tela do site da OMS com a distribuição do coronavírus na Europa. (16/04/2020) A 07
  • 11. Descendo a barra de navegação da página (do lado direito), temos acesso aos dados globais e aos gráficos que representam a evolução diária de casos confirmados e de óbitos pela Covid-19 no planeta (Figura 03). A representação dos dados por esses dois gráficos pode ser feita a partir da quantidade de novos casos por dia (daily) ou da quantidade acumulada com os dias anteriores (cumulative) (A). Mais abaixo na página, é apresentada uma série de outros gráficos, em escala global, por regiões continentais e por países. Aqui, damos destaque apenas aos dois primeiros gráficos, que indicam a evolução diária da quantidade de casos confirmados e de óbitos, respectivamente. Figura 03: Captura da tela do site da OMS com a quantidade casos confirmados e óbitos pela Covid-19. (16/04/2020) A 08
  • 12. Para o Brasil, recomendamos como fonte os dados oficiais o Ministério da Saúde. Endereço: https://covid.saude.gov.br/ Na parte superior da página (Figura 04 – A) é apresentado o total de casos confirmados, de óbitos e de letalidade da Covid-19 para todo o país. Logo abaixo, consta um mapa do Brasil com a quantidade de casos confirmados ou de óbitos, podendo a representação ser alterada no canto superior direito do mapa (B). Quanto mais escura a tonalidade da cor, maior é a quantidade de casos. O valor exato de casos em cada unidade federativa pode ser visualizado ao clicar sobre ela. Ao lado do mapa há um gráfico indicando a quantidade e a porcentagem de casos por regiões (C). Figura 04: Captura da tela inicial do site do Ministério da Saúde sobre o coronavírus. (16/04/2020) 09 A C B
  • 13. No restante da página (Figura 05) são apresentados um quadro, com a quantidade de casos confirmados de contaminação e de óbitos por cada unidade federativa, e uma série de gráficos, que demonstra a evolução dos casos por dia, por semana epidemiológica e acumulados em todo o período, para o recorte espacial do Brasil. Figura 05: Captura da tela do site do Ministério da Saúde com gráficos e tabelas sobre a Covid-19 no país. (16/04/2020) 10
  • 14. Por último, sugerimos o uso da Plataforma COVID GOIÁS (Figura 06), desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), para o monitoramento da pandemia da Covid-19 no estado de Goiás e no município de Goiânia. https://covidgoias.ufg.br Na parte superior e direita da página (A) são apresentados os dados atuais de casos confirmados, suspeitos e de óbitos no estado de Goiás, junto com a data de atualização e a fonte da informação. Na parte inferior direita há um gráfico (B) indicando a evolução diária dos casos confirmados em Goiás. A quantidade exata pode ser visualizada ao dispor o mouse em cima dos pontos da linha. Figura 06: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020) 11 B A
  • 15. Ao clicar sobre as outras abas nesse gráfico, é possível visualizar os dados por municípios e estados (Figura 07 – A e B, respectivamente). Ainda pelo gráfico, é possível visualizar a projeção de evolução dos casos para os próximos dias no estado de Goiás (C). Nas abas que seguem, é possível ter acesso às informações referentes à fonte dos dados e dos integrantes da equipe responsável pela elaboração e manutenção da plataforma. Interessante destacar que é possível fazer o download dos dados de casos confirmados por municípios (A), em formato CSV, PDF e de planilha de Excel. Figura 07: Gráficos da tela inicial da Plataforma COVID GOIÁS. (16/04/2020)) A 12 B C
  • 16. Ao clicar no primeiro ícone, na barra de ferramentas no canto esquerdo da página (Figura 08 – A), abrirá uma janela intitulada “Camada de dados”. Na caixa de digitação, é possível fazer a busca pelo nome dos municípios (B), por exemplo, “Goianésia”. Assim que digitar e clicar em ENTER! , o mapa dará um zoom para o município (C) e automaticamente os dados indicados no título (D) e no gráfico (E) serão atualizados para esse município. Da mesma forma, os dados de projeções de evolução para os próximos dias também passam a ser indicados para o município pesquisado. Figura 08: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020) 13 A B C D E
  • 17. Ainda pelo primeiro ícone, “Camada de dados”, na barra de ferramentas, podem ser acessadas outras informações (Figura 09 – A). Ao iniciar a página, automaticamente a camada de dados de casos por municípios em Goiás estará selecionada e será representada. Figura 09: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020) 14 A
  • 18. Mas esses dados podem ser desativados e, em seguida, selecionados para serem representados os casos por bairros (Figura 10 – A), bastando escolher o município de Goiânia (B). Automaticamente a página dará um zoom no município de Goiânia (C) e serão atualizados tanto o título e os dados gerais indicados na parte superior direita da página (D), quanto os gráficos de evolução e de projeção constantes na parte inferior direita da página (E). Para ver a quantidade exata de casos nos bairros, basta passar o mouse sobre eles. Figura 10: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020) 15 A B C D E
  • 19. No ícone “Camada de dados” também é possível acessar outros dados pela opção “Informações”, como índice de tráfego e número de internações causadas por doenças respiratórias. Na opção “Serviços Gerais” (Figura 11 – A) também podem ser visualizados dados de serviços de saúde, como localização de hospitais, quantidade de leitos (geral e de UTI), unidades básicas de saúde em Goiânia e os locais de vacinação contra a H1N1, também na capital. No mapa, ao clicar em qualquer um dos ícones dos hospitais (B), é informado o horário de atendimento, a quantidade de leitos de clínica geral e disponibilizado um link do Google Maps. Para melhorar a visualização, basta clicar no ícone da barra de ferramentas intitulado “Estatísticas” (C), para que o gráfico seja minimizado (D). Figura 11: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020) 16 C A B D
  • 20. Ainda pelo ícone “Camada de Dados”, é possível acessar outros dados na opção “Geoinformações”: população municipal, índice de desenvolvimento humano municipal (IDH Municipal), quantidade de pessoas por faixas etárias, rendimento mensal e número de habitantes por setores censitários. A plataforma permite fazer alterações na aparência do mapa, clicando na aba “Mapa Base” (Figura 12 – A), que permite optar, além da base do Google Maps, pela divisão geopolítica ou por imagens de satélite. Outra possibilidade é desativar os limites municipais, na aba “Limites” (B). Voltando à barra de ferramentas, o ícone “Dicas” (C) apresenta algumas informações de sintomas do COVID-19, indicações de prevenção e como proceder no caso de suspeita. Figura 12: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020) 17 A C B
  • 21. Por fim, destaca-se a ferramenta “Histórico” (Figura 13 – A), presente na barra de ferramentas, à esquerda da página. Ao clicar nesse ícone, surge uma barra no canto esquerdo inferior da página, pela qual é possível selecionar datas anteriores (B), para que o mapa passe a retratar os municípios e a quantidade de casos registrados nas respectivas datas – dessa forma, é possível verificar o avanço da pandemia entre os municípios goianos, ao longo do tempo. Figura 13: Captura da tela da Plataforma COVID GOIÁS com os dados da doença no estado de Goiás. (16/04/2020) 18 B A
  • 22. Figura 14: Captura da tela da Plataforma da Johns Hopkins University sobre a Covid-19. (16/04/2020) 19 Além das três páginas anteriormente descritas, existem outras plataformas interativas desenvolvidas e mantidas por instituições privadas ou públicas e por iniciativas individuais, dos quais apresentamos algumas das principais em escala mundial, nacional e estadual. A Figura 14 apresenta o site desenvolvido pela Johns Hopkins University (EUA), com dados da Covid-19 no âmbito de países e, em alguns casos, também por estados. (https://coronavirus.jhu.edu/map.html).
  • 23. A Figura 15 apresenta a plataforma desenvolvida por Navid Mamoon e Gabriel Rasskin, estudantes da Carnegie Mellon University (EUA), que apresenta os dados sobre a Covid-19 de todos os países numa representação na forma de um globo terrestre. (https://www.covidvisualizer.com/) 20 Figura 15: Captura da tela da Plataforma COVIDVISUALIZER, com destaque para os dados do Brasil. (16/04/2020)
  • 24. A Figura 16 apresenta a plataforma desenvolvida pela Google, com dados de todos os países do mundo. (https://google.com/covid19-map/) 21 Figura 16: Captura da tela da Plataforma da Google sobre a Covid-19. (28/04/2020)
  • 25. A Figura 17 apresenta a plataforma desenvolvida pela Bing Maps, com os dados para países e, em alguns casos, também para os estados. (https://www.bing.com/covid) 22 Figura 17: Captura da tela da Plataforma da Bing Maps sobre a Covid-19. (16/04/2020)
  • 26. A Figura 18 apresenta a plataforma desenvolvida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com dados municipais para todo o Brasil. (https://url.gratis/MMe2O) 23 Figura 18: Captura da tela da Plataforma da UFRGS sobre a Covid-19. (16/04/2020)
  • 27. A Figura 19 apresenta a plataforma desenvolvida pela Rice University (EUA), também com dados de municípios para o Brasil. (https://coronavirusnobrasil.org/) 24 Figura 19: Captura da tela da Plataforma da Rice University sobre a Covid-19, com detalhe para os casos por municípios brasileiros. (16/04/2020)
  • 28. A Figura 20 apresenta a plataforma elaborada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” (UNESP), com mapas, animações e gráficos, com detalhamento para os municípios, no caso de São Paulo, e por estados, para restante do Brasil. (http://covid19.fct.unesp.br/data-mining/) 25 Figura 20: Captura da tela da Plataforma elaborada pela Unesp sobre a Covid-19. (16/04/2020)
  • 29. A Figura 21 apresenta a plataforma elaborada por uma parceria entre a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (SECTI), com mapa interativo de dados para os municípios baianos. (http://corona.geodatin.com/) 26 Figura 21: Captura da tela da Plataforma elaborada pela parceria da UEFS/UFBA/UESC/SECTI, sobre a Covid-19 no estado da Bahia. (16/04/2020)
  • 30. Ainda são poucas as iniciativas criadas em escala municipal para representação de dados por bairros. Além da plataforma COVID GOIÁS, que apresenta a ocorrência da doença na escala de bairros em Goiânia, outros exemplos são os dos municípios do Rio de Janeiro e de Campo Grande, que podem ser acessados a partir dos links: http://shorturl.at/dzMO1 http://sisgran.campogrande.ms.gov.br/corona/ 27 Figura 22: Captura das telas da Plataformas que espacializam os dados Covid-19 em escala municipal (Rio de Janeiro/RJ e Campo Grande/MS). (16/04/2020)
  • 31. Equipe GECE Coordenação da Seção 1 Diego Tarley Ferreira Nascimento Professor do IESA/UFG Denis Richter Professor do IESA/UFG Revisores da Seção 1 Laís Rodrigues Campos Professora do CEPAE/UFG Loçandra Borges de Moraes Professora da UEG Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes Professora da Unicentro Míriam Aparecida Bueno Professora do IESA/UFG Ivanilton José de Oliveira Professor do IESA/UFG Aliny Ferreira Queiroz Mestranda PPGeo/UFG Igor de Araújo Pinheiro Doutorando PPGeo/UFG Janine Cordeiro Braga Mestranda PPGeo/UFG Josiane Silva de Oliveira Mestranda PPGeo/UFG Mariangela Oliveira de Azevedo Doutoranda PPGeo/UFG Vânia Lucia Costa Alves Souza Professora da Rede/Distrito Federal Críticas, sugestões e dúvidas? Escreva-nos: gece.ufg@gmail.com
  • 32. Seção 2 fundamentos teóricos e metodológicos para a construção e utilização de representações cartográficas, tabulares e gráficas
  • 33. rande parte das pessoas desconhece a real importância da Cartografia em seu cotidiano, tendo em vista imaginar apenas se tratar a algo relacionado a mapas. A premissa que nos leva a essa afirmativa é o não conhecimento da alfabetização e do letramento cartográfico na Educação Básica. É nessa perspectiva que ganha destaque o debate sobre a linguagem cartográfica, objeto principal do Grupo de Estudos e Pesquisas em Cartografia Escolar (GECE), que se propõe, nesse momento em que o mundo está voltado para as informações acerca da pandemia da Covid-19, a discutir o processo de comunicação cartográfica e orientar o uso dessa linguagem específica para que todos tenham condições de transformar os dados e as informações divulgadas, em conhecimentos acerca desse fenômeno. É neste contexto que apresentamos a Seção 2 - fundamentos teóricos e metodológicos para a construção e utilização de representações cartográficas, tabulares e gráficas. Desejamos a todos uma boa leitura. Equipe GECE • A semiologia gráfica • Leitura e análise das representações cartográficas, gráficas e tabulares • Título, legenda e escala - importantes elementos do mapa seção 2 Cartografia da Covid-19 30
  • 34. A principal função do mapa é comunicar uma mensagem, concebida por alguém e destinada para uma outra pessoa, ou um grupo de pessoas. Dessa forma, a Cartografia deve ser compreendida como uma linguagem, que emprega recursos do sistema de comunicação visual (elementos gráficos) e verbal (elementos textuais). Por sua vez, o mapa deve ser entendido como um meio de comunicação, e no intuito de representar e informar alguma coisa, algum fenômeno e algum tema. Para que seja capaz de cumprir sua função, o mapa segue alguns princípios básicos de elaboração e utilização. As informações nele representadas são generalizadas e codificadas para representar elementos e fenômenos do espaço geográfico. Da mesma forma, precisa apresentar um conjunto harmonioso de palavras, símbolos e cores para permitir sua compreensão pelo título e legenda, e possuir elementos essenciais de localização (coordenadas), orientação (rosa-dos-ventos) e fator de redução (escala cartográfica). Por constituir um meio de comunicação intencional e racional destinado aos nossos olhos para comunicar algo, de maneira instantânea e isenta de ambiguidades, a construção do mapa deve seguir um conjunto de orientações e regras. E por essa razão trazemos a discussão da Teoria da Semiologia Gráfica, desenvolvida pelo francês Jacques Bertin, na década de 1960, que permite avaliar as vantagens e os limites da percepção humana perante a escolha dos símbolos utilizados no mapa. Para assegurar o adequado entendimento das informações representadas no mapa, ele deve ser construído como uma comunicação monossêmica, ou seja, o elemento representado deve possuir um significado único. Para tanto, deve haver a escolha das variáveis visuais gráficas (tamanhos, valores, cores, orientações, texturas e formas), capazes de representar adequadamente a natureza das relações entre as informações (quantitativa, ordenada e qualitativa), podendo ser expressas, nos mapas, na forma de pontos, linhas e zonas (Figura 1 - p. 03). 31
  • 35. Não constitui o objetivo desse material somente descrever os princípios da Semiologia Gráfica, mas trazê-los à discussão e colocá-los em evidência perante os mapas apresentados pelas plataformas que retratam a pandemia da Covid-19, de modo que os usuários dessas plataformas tenham ciência dos fundamentos utilizados para sua elaboração e, adequadamente, possam proceder à leitura, análise e interpretação da informação. Contudo, para maiores detalhes acerca da Semiologia Gráfica de Bertin e noção das diretrizes utilizadas para elaboração de mapas temáticos, considerando a adequada escolha das variáveis visuais para retratar as naturezas qualitativa, quantitativa e ordenada das informações, indicamos a leitura do texto: OLIVEIRA, I. J. de. A linguagem dos mapas: utilizando a cartografia para comunicar. Temporis(ação) (UEG), Cidade de Goiás (GO), v. 1, n.8, p. 37-62, 2005. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/215/o/ OLIVEIRA__Ivanilton_Jose_linguagem_dos_mapas.pdf Acesso em: 28 abr. 2020. Figura 01: Variáveis Visuais de Bertin (1967). Fonte: OLIVEIRA;. ROMÃO (2013, p. 33). 32
  • 36. Nos dias atuais a elaboração de representações gráficas e cartográficas tem sido beneficiada pelo uso de geotecnologias, especialmente pela utilização de ambiente computacional de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), de técnicas de Geoprocessamento e imagens de Sensoriamento Remoto. Por meio dessas tecnologias é possível realizar operações de coleta, armazenamento, processamento e apresentação de dados e informações que possuem uma localização espacial. Muitos programas e plataformas online permitem algum nível de interatividade do usuário, como escolher quais camadas de informações visualizar, alterar a escala de representação ampliando ou reduzindo a imagem com a ferramenta zoom, dentre outras possibilidades. Entretanto, apesar do considerável desenvolvimento e fácil acesso aos programas, bases cartográficas e dados, nem sempre é dada a devida importância aos fundamentos teórico-metodológicos da Cartografia de leitura e análise dos mapas. Daí a nossa preocupação em esclarecer essa questão utilizando como referência algumas das plataformas disponíveis para a representação de dados sobre a Covid-19. 33
  • 37. Inicialmente apresentamos a plataforma da Organização Mundial de Saúde sobre a Covid-19. O título da plataforma Coronavírus (COVID 19) (Figura 2 - A), está localizado no canto superior esquerdo. Logo abaixo do título é informado há quanto tempo foi realizada a última atualização dos dados e, por padrão (default), também são apresentadas as quantidades de novos casos, de casos confirmados e de mortes causadas pela Covid-19 no mundo. No mapa é representado o número exato de casos da doença por países, que são expressos na forma de círculos inseridos no interior de cada país. Essa plataforma exemplifica a natureza de informação quantitativa, ao representar “o quanto há em determinado lugar”, através do uso da variável visual tamanho, nesse caso, fazendo uso de círculos com tamanhos diferentes. Os círculos são geometricamente proporcionais às quantidades. Isto é, quanto maior a quantidade de casos maior o tamanho do círculo – e vice-versa. Nesse mapa, a cor azul que é utilizada para preencher os círculos não varia entre os países, por isso, não tem influência direta na representação da quantidade de casos. Figura 02: Captura da tela da plataforma da Organização Mundial de Saúde representando a quantidade de casos confirmados da Covid-19. Fonte: https://covid19.who.int/ (28/04/2020) 34 A
  • 38. Contudo, ao mudar a representação de casos por óbitos, na parte direita da página (Figura 03 – A), a cor de todos os círculos passa a ser laranja. Assim, a plataforma também serve como um exemplo da natureza de informação qualitativa, ao expressar uma informação que difere de outra, isto é, casos confirmados e de óbitos. Para tanto, faz uso da variável visual cor, uma dentre as mais adequadas para expressar diferenças. Deve ser observado que o círculo com as informações da propagação da doença representa apenas a posição do país no mapa mundi e não um local específico no país. Como exemplo, o círculo que representa a quantidade de casos no Brasil está localizado sobre o estado do Mato Grosso (B), mas se refere, é claro, a todo o país. Figura 03: Captura da tela da plataforma da Organização Mundial de Saúde representando a quantidade de óbitos pela Covid-19. Fonte: https://covid19.who.int/ (28/04/2020) 35 A B
  • 39. A plataforma do Ministério da Saúde sobre a pandemia da Covid-19 (Figura 04) também traz algumas contribuições à discussão das orientações da Semiologia Gráfica na elaboração e utilização de mapas temáticos. Pelo título presente na parte superior esquerda, percebe-se que a plataforma é intitulada como “Painel Coronavírus”, constando como subtítulo a data de última atualização dos dados. Logo abaixo do título são indicadas as quantidades totais de casos confirmados, de óbitos e de letalidade da doença no Brasil. O mapa presente na plataforma representa a quantidade de casos da Covid-19 nas unidades federativas do Brasil. Contudo, conforme se observa na legenda, os dados são agrupados em classes (intervalos), e por isso, remetem a uma noção de ordem ou hierarquia de importância entre as classes. Nesse caso, a variável visual empregada é o valor visual, ou seja, a variação de intensidade ou de tonalidade de uma mesma cor. Figura 04: Captura da tela da plataforma do Ministério da Saúde representando a quantidade de casos confirmados pela Covid-19 nas unidades federativas do Brasil. Fonte: https://covid.saude.gov.br/ (28/04/2020) 36 B A C
  • 40. No exemplo do mapa da plataforma do Ministério da Saúde, as classes variam de azul claro, para representar as unidades federativas com menor importância por terem menores quantidades de casos, para o azul escuro, retratando as unidades federativas mais relevantes, por terem maior incidência de casos da Covid-19. A manifestação da informação é zonal, ao preencher toda a unidade da federação com a tonalidade de cor correspondente à sua classe. Porém, ao selecionar diretamente uma das unidades federativas (Figura 04 - A, p. 07), por exemplo, é possível visualizar os dados absolutos de casos para a respectiva localidade. Da mesma forma que no caso da plataforma da OMS, a plataforma Painel Coronavírus também permite mudar a representação de casos para óbitos. Para tanto, basta clicar nos ícones presentes na parte superior direita do mapa (Figura 04 – B, p. 07), quando, ao invés da variação de tonalidades de azul utilizada para representar os casos, passa a ser utilizada a variação de tonalidades de amarelo para representar os óbitos nas unidades federativas. Ao considerar a possibilidade de modificar a visualização de casos pela representação de óbitos pela Covid-19, é possível analisar a informação sobre a perspectiva de sua qualidade (casos e óbitos da Covid-19), e, por isso, foi utilizada a cor para expressar a qualidade/diferença entre casos e óbitos. Ainda pela plataforma Painel Coronavírus do Ministério da Saúde podem ser exploradas outras formas de representação, por tabela e gráficos. Ao lado do mapa do Brasil é apresentado um gráfico do tipo setograma, popularmente denominado de gráfico de rosca (Figura 04 - C, p. 07), que retrata a proporção de casos entre as cinco regiões do Brasil. Tanto os gráficos de rosca quanto os de pizza são setogramas que objetivam demonstrar a porcentagem ocupada por cada uma das classes, considerando toda amostra de dados como 100%. Uma maior porcentagem é representada pela maior extensão da rosca ou dimensão do pedaço da pizza nos gráficos – e vice-versa, devendo ser utilizadas cores diferentes para destacar as diferentes classes. 37
  • 41. Na imagem da Figura 05 são representados outros gráficos e uma tabela. Nessa representação (tabela) é indicada a quantidade de casos confirmados, de óbitos, de incidência e de letalidade relacionada a cada uma das unidades federativas do país (Figura 05 - A). Os demais gráficos na página, classificados como do tipo cartesiano, pois representam as informações considerando dois eixos (x e y), representam o avanço da quantidade de casos ao longo dos dias e das semanas epidemiológicas, a partir de gráficos de linhas (B) e colunas empilhadas (C). Figura 05: Captura da tela da plataforma do Ministério da Saúde destacando os gráficos e tabelas com dados de casos confirmados pela Covid-19 nas unidades federativas do Brasil. Fonte: https://covid.saude.gov.br/ (28/04/2020) 38 A B C
  • 42. A plataforma desenvolvida pela Google (Figura 06) representa os dados de casos confirmados, recuperados e de mortes por países e, em alguns casos, também para os estados. Caso o leitor queira, poderá modificar a escala de análise do mapa. Na primeira captura de tela, o mapa contempla a visualização global, com a indicação dos dados de casos confirmados, recuperados e de mortes e a visualização voltada para todo os países do mundo (A). Na segunda captura de tela, ao visualizar os dados para o Brasil (B), automaticamente há a modificação do mapa, sendo aproximado (dado um zoom) e indicado os dados para o país em questão. Nessa plataforma, o Brasil é dos países em que há a espacialização ao nível de estados. Dessa forma, ao clicar sobre o círculo correspondente ao estado de Goiás (C) ocorre a aproximação (novo zoom) para esse recorte espacial e a modificação dos dados que estão localizados abaixo do título (D). Figura 06: Capturas da tela da plataforma da Google sobre a Covid-19 em nível global, do Brasil e de Goiás. Fonte: https://news.google.com/covid19/map (28/04/2020) 39 A B D C
  • 43. Poderíamos então dizer que o leitor, ao escolher se informar sobre o globo, sobre o Brasil ou a respeito de um estado brasileiro, ele “promove” uma mudança na visualização da informação no mapa, alterando a escala cartográfica e geográfica desse mapa. Se a indicação da escala cartográfica estivesse disponível na plataforma, seja gráfica ou numérica, certamente se observaria sua modificação também. Isso porque há o aumento da escala cartográfica, conforme se parte da visualização global para nacional e então para a estadual. Nesse mesmo processo, há diminuição da escala geográfica, tendo em vista partir da escala global para regional. Para contribuir com a compreensão da diferença entre escala geográfica e cartográfica, e o uso desse conceito no ensino- aprendizagem de Geografia na Educação Básica, recomendamos a leitura do texto: SILVA, L. C. O debate sobre escala geográfica à escolarização básica. Revista Sapiência: sociedade, saberes e práticas educacionais, v.8, n.3, p. 48-70, Jul./dez., 2019. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/ index.php/sapiencia/article/view/9900/7167. Acesso em: 28 abr. 2020. Interessante notar que nesta plataforma não é representada a legenda do mapa, que indicaria a correspondência entre os símbolos utilizados no mapa e as informações que os mesmos representam. Apenas clicando nos círculos azuis é possível ter ciência dos valores que os mesmos representam. Vale lembrar que, por representar os dados absolutos (exatos), trata-se aqui da natureza de informação quantitativa, com o uso da variável visual tamanho, a partir da implantação pontual de círculos maiores representando as maiores quantidades e vice-versa. Observa-se que em todos os exemplos descritos também não estão presentes os elementos essenciais de localização (coordenadas), orientação (rosa-dos-ventos) e fator de redução (escala cartográfica). Apesar de se constituírem como mapas digitais, a falta desses elementos restringe o uso dessas plataformas para além, apenas, da leitura e análise do fenômeno em questão (pandemia da Covid-19). 40
  • 44. Pela plataforma que retrata os casos de Covid-19 no Brasil, desenvolvida pela Rice University, é possível alcançar a escala geográfica do local, a partir da visualização dos dados de casos, óbitos e letalidade por município (Figura 07). Para tanto, basta pesquisar pelo nome da cidade, no campo de busca (A). Ao entrar com o nome, automaticamente o município é demarcado no mapa (B) e são representados os dados referentes desta localidade (C). Na parte superior e central da página, acima do mapa, são apresentados os totais de óbitos e a letalidade da Covid-19 no Brasil. Nos lados esquerdo e direito da página são indicadas as quantidades de casos e de óbitos por estados (D) e por cidades (E), respectivamente. Nas abas logo abaixo do mapa é possível mudar a representação do mapa de duas (2D) para três (3D) dimensões (F). Figura 07: Captura da tela da plataforma da Rice University sobre a Covid-19 no âmbito nacional, mas com a possibilidade de busca e visualização dos dados para a escala municipal. Fonte: https://coronavirusnobrasil.org/ (28/04/2020) 41 B A C D E F
  • 45. Para além das representações cartográficas é possível analisar os dados a partir de gráficos, ao clicar nas demais abas que estão parte inferior desta página (Figura 08 - A), como a “incidência”. Assim temos a possibilidade de comparar a incidência da doença entre as unidades federativas e suas respectivas capitais (B), a partir de um gráfico de colunas. Mais a direita, na aba “países” (C) podem ser visualizados gráficos de linhas que representam o avanço dos casos por dia na comparação do Brasil em relação a outros países do mundo com maior ocorrência da Covid-19 (D). Nesse último caso, é possível modificar o eixo X do gráfico (D), que retrata o recorte temporal dos dias, para melhorar a visualização do gráfico. Figura 08: Capturas da tela da plataforma da Rice University sobre a Covid-19, demonstrando gráficos de letalidade nas unidades da federação do Brasil e de casos confirmados em vários países. Fonte: https://coronavirusnobrasil.org/ (28/04/2020) 42 B A B C D
  • 46. Por se tratar de um fenômeno bastante dinâmico no espaço e no tempo, algumas plataformas buscam representar a evolução da Covid-19, no mundo e no Brasil, por meio de mapas dinâmicos. Pela plataforma desenvolvida pela Johns Hopkins University, é possível acessar uma animação que demonstra o avanço dos casos acumulados e diários da Covid-19 em todo o mundo (Figura 09 - 1). Outro exemplo é a plataforma intitulada Radar COVID-19, desenvolvida pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), que apresenta uma animação da dinâmica temporal dos casos confirmados de Covid-19 nos municípios brasileiros (Figura 09 - 2). Tais mapas são produzidos a partir da sucessão, ativada ao clicar em play (A) na plataforma da Johns Hopkins University, ou que ocorre automaticamente ao visualizar o mapa da Unesp, havendo a necessidade de padronização da legenda para que seja possível fazer a comparação temporal dos dados. Figura 09: Capturas de telas das plataformas desenvolvidas pela Johns Hopkins University (1) e pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (2). Fonte (1): https://coronavirus.jhu.edu/data/animated-world-map Fonte (2): http://covid19.fct.unesp.br/mapeamento-cartografico/ 43 A 1 2
  • 47. Por fim, apresentamos duas plataformas que retratam a escala geográfica local, uma desenvolvida pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (LAPIG/UFG) (Figura 10), retratando os casos da Covid-19 nos bairros do município de Goiânia, capital do estado de Goiás, e outra produzida pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, para a respectiva capital do estado do Mato Grosso do Sul (Figura 11, p. 16). Na primeira plataforma os passos para acesso aos dados dos bairros de Goiânia são detalhados na Seção 1 desse material. Aqui, chamamos a atenção para a potencialidade da plataforma em retratar a escala geográfica do local, indicando os casos de Covid-19 nos bairros (Figura 10). Pela legenda (Figura 10 - A) percebe-se que a quantidade de casos foi agrupada definindo-se classes de intervalos. Essas classes de intervalos possuem uma hierarquia ou relação de ordem entre si, devendo, desse modo, ser representadas utilizando-se a variável visual valor. Nesse mapa, a manifestação é zonal, assim cada bairro foi preenchido com tonalidades da cor rosa, a depender da classe de intervalo representado; ou seja, valores mais claros de rosa para representar quantidades menores e valores mais escuros da mesma cor para representar os locais com maiores quantidades de casos da Covid-19. A plataforma permite visualizar o valor exato de casos, ao dispor o cursor sobre o respectivo bairro (B). Uma outra informação bastante oportuna é o quadro indicado na parte inferior direita da página (C) que indica o ranking dos bairros por quantidade de casos confirmados. Figura 10: Captura de tela da plataforma COVID Goiás desenvolvida pelo LAPIG/UFG, representando os casos de Covid-19 nos bairros de Goiânia. Fonte: https://covidgoias.ufg.br/ (28/04/2020) 44 A B C
  • 48. Na última plataforma aqui descrita referente à cidade de Campo Grande (Figura 11), percebe-se a ausência de título, e também dos elementos essenciais de orientação, localização e escala cartográfica que não se encontram nas demais plataformas. No mapa interativo consta apenas a legenda, situada no canto inferior esquerdo do mapa (A). Pela legenda, percebe-se que é realizada a representação pontual da localização aproximada dos pacientes, classificando-os como curados, confirmados e suspeitos. Portanto, aqui, trata-se da natureza de informação qualitativa, fazendo uso da variável cor (azul, vermelho e bege) para diferenciar as três condições. Importante ressaltar que ao carregar o site aparece um aviso de que os pontos indicam uma localização aproximada dos casos da Covid-19 no município de Campo Grande, sem identificação das pessoas ou endereços completos de sua residência. Junto à legenda constam dados exatos (absolutos) e percentuais (relativos) da quantidade total de casos curados, confirmados e suspeitos em Campo Grande. No canto superior direito (B) o usuário poderá escolher quais informações serão representadas ou não no mapa (casos curados, confirmados e suspeitos) para cada dia dos meses de março e abril. O recorte temporal varia da data mais recente até o primeiro registro da doença na cidade. É possível escolher também, representar ou não, os limites das regiões urbanas do município de Campo Grande/MS (C). Figura 11: Captura da tela da Plataforma do Sistema Municipal de Indicadores de Campo Grande (SISGRAM) – MS. Fonte: http://sisgran.campogrande.ms.gov.br/corona/ (23/04/2020). 45 B A C
  • 49. Síntese Como vimos ao longo dessa seção, um mapa é composto de elementos essenciais para sua compreensão. O título do mapa, por exemplo, deve traduzir, sinteticamente, as informações referentes ao tema (recorte temático), à localidade (recorte espacial) e ao ano de obtenção dos dados e das informações representadas (recorte temporal), levando o leitor a responder às perguntas de “O quê”, “Onde” e “Quando”. Os mapas também devem trazer referenciais de orientação (rosa dos ventos), localização (coordenadas) e fator de redução (escala cartográfica), portanto estes elementos não podem faltar mesmo em um mapa digital. Nesta Seção optamos por focar a análise utilizando três elementos, conforme já explicitado anteriormente: título, legenda e escala cartográfica (embora esta não apareça claramente explicitada em nenhum dos mapas apresentados). Assim, o primeiro convite que fazemos ao leitor é consultar os títulos nas plataformas e nas demais representações cartográficas. Eles contemplam os recortes temáticos, espaciais e temporais? Eles estão posicionados adequadamente na representação de forma que sejam, efetivamente, a porta de entrada, para as informações representadas? Além disso, para que o mapa seja capaz de cumprir sua função, precisa apresentar um conjunto harmonioso de símbolos para permitir sua compreensão. Para tanto, devem ser respeitadas as diretrizes da Semiologia Gráfica, especialmente no que diz respeito do adequado uso da variável visual que permita a instantânea e única interpretação da natureza da informação. Dessa forma, outro questionamento que fazemos é em relação aos métodos de representar a informação. Conforme os exemplos apresentados nessa seção quais foram as naturezas da informação (quantitativa, ordenada ou qualitativa)?; as variáveis visuais (tamanho, valor, cor, forma e orientação)?; e os modos de manifestação da informação (pontual, linear ou zonal)? 46
  • 50. Em síntese, por tratarem da quantidade de casos e de óbitos pela Covid-19, os dados representados nas plataformas e nos demais mapas temáticos são de natureza quantitativa. Assim, as representações cartográficas indicam os dados absolutos (exatos) de casos confirmados, suspeitos, de óbitos ou de curados da doença Covid-19. A Semiologia Gráfica sugere que essa natureza da relação entre os dados deva ser representada com uma proporcionalidade visual, preferencialmente empregando-se uma variação de tamanho, na ocasião da implantação pontual, ou de espessura, ao se tratar de implantação linear da informação (Figura 12). Para dados de natureza quantitativa, costumeiramente é empregado o Método de Representação das Figuras Geométricas Proporcionais, com manifestação pontual. Nesse caso, a figura escolhida (geralmente um círculo) varia seu tamanho proporcionalmente à quantidade de casos, sendo os círculos posicionados no centro da localidade representada, sejam países, estados, regiões ou municípios. Os problemas advindos desse tipo de representação (a interpretação inadequada da localização e a sobreposição dos círculos) já foram relatados na Seção 1. Figura 12: Exemplo de variável visual tamanho utilizada para representar informações quantitativas. Fonte: BUENO et al., 2019, p. 10. 47
  • 51. Em alguns mapas, ao invés dos valores exatos percebemos que algumas legendas apresentam classes de intervalos. Nesses casos, os valores visuais foram transformados utilizando o Método Coroplético. Nesse método, os dados sobre as ocorrências dos fenômenos (valores absolutos) são agrupados em classes de intervalos (valores relativos). As classes assim definidas passam a ter uma relação de hierarquia entre si, devendo então ser representadas pela variável visual valor (Figura 13). Conforme visto nos exemplos da plataforma do Ministério da Saúde (Figura 04, p. 07), da Johns Hopkins University (Figura 09 - 1, p. 14) e do LAPIG/UFG (Figura 10, p. 15), as áreas representadas com intensidades mais escuras correspondem às maiores quantidades de casos ou de óbitos pela Covid-19. Nos mapas produzidos por esse método, as informações formam uma imagem rapidamente captada pela retina, de modo que não há dúvida em quais países ou regiões de um país ocorrem as maiores ou menores quantidades de casos e de mortes pela Covid-19. Ou seja, trata-se de “mapas para ver”, que demandam a legenda apenas para conhecer os detalhes. Contudo, uma dificuldade específica em relação a esse método é que, ao contrário do Método das Figuras Geométricas Proporcionais (desde que adequadamente utilizado), os dados são organizados em intervalos, não expressando exatamente a informação. Para contornar essa limitação, as plataformas interativas permitem visualizar os dados absolutos (exatos), bastando dispor o mouse ou clicar sobre a localidade. Figura 13: Exemplo de variável visual valor (intensidade ou tonalidade) utilizada para representar informações ordenadas. Fonte: BUENO et al., 2019, p. 10. 48
  • 52. Quando se pretende representar objetos e fenômenos cuja natureza das relações seja qualitativa, ou seja, que mostram apenas relações diferentes entre si, deve-se empregar uma diferenciação visual, seja por uso de cores, orientações, texturas ou formas distintas. Como é o caso do uso de cores diferenciadas para retratar diferentes tipos de solos, ou de formas diferentes para retratar distintas infraestruturas turísticas (hotel, restaurante, museu etc.). Ou seja, a diversidade deve ser transcrita por uma diferenciação visual, seja por uso de cores, orientações ou formas diferenciadas (Figura 14) não devendo essas variáveis ser empregadas para representar dados cuja natureza das relações seja ordenada ou quantitativa. Não esperamos elencar todas as possibilidades de representação cartográfica da Covid-19, apenas relatar os principais métodos utilizados para a construção e tecer algumas orientações de utilização desses mapas, no sentido de se proceder, em ambiente escolar, à leitura, análise e interpretação desse fenômeno. Para detalhamento desses e retratação de outros métodos utilizados para a construção de mapas temáticos, recomendamos a leitura do texto a seguir: ARCHELA, Rosely Sampaio; THÉRY, Hervé. Orientação metodológica para construção e leitura de mapas temáticos. Confins [Online], 3, 2008. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/3483. Acesso em: 23 abr. 2020 Com base no que foi apresentado espera-se que o leitor tenha observado que nem todos os mapas foram construídos adequadamente. Assim, conclui-se que a elaboração de representações gráficas e cartográficas deve ser pautada no domínio do arcabouço conceitual e metodológico da Cartografia; sobretudo ao considerar o mapa enquanto importante recurso para representação e compreensão do espaço geográfico. Figura 14: Exemplos de variáveis visuais cor, forma e orientação para representar informações qualitativas. Fonte: BUENO et al., 2019, p. 10. 49
  • 53. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BUENO, Míriam Aparecida Bueno et al. Atlas escolar municipal de Goiânia. Goiânia: C&A Alfa Comunicação, 2019. OLIVEIRA, Ivanilton José de; ROMÃO, Patrícia de Araújo. Linguagem dos mapas: cartografia ao alcance de todos. Goiânia: Editora UFG, 2013. MARTINELLI, Marcello. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Moderna, 1998. 50
  • 54. Equipe GECE Coordenação da Seção 2 Míriam Aparecida Bueno Professora do IESA/UFG Loçandra Borges de Moraes Professora da UEG Revisores da Seção 2 Denis Richter Professor do IESA/UFG Diego Tarley Ferreira Nascimento Professor do IESA/UFG Laís Rodrigues Campos Professora do CEPAE/UFG Ivanilton José de Oliveira Professor do IESA/UFG Heitor Silva Sabota Doutorando PPGeo/UFG Ícaro Felipe Soares Rodrigues Professor da Rede Estadual/Goiás Igor de Araújo Pinheiro Doutorando PPGeo/UFG Marcos Pedro da Silva Doutorando PPGeo/UFG Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes Professora da Unicentro Vânia Lucia Costa Alves Souza Professora da Rede/Distrito Federal Críticas, sugestões e dúvidas? Escreva-nos: gece.ufg@gmail.com
  • 55. Seção 3 orientações metodológicas e sequências didáticas
  • 56. partir das plataformas online e das inúmeras possibilidades de leitura e análise das representações cartográficas, tabulares e gráficas, detalhadas nas seções 1 e 2, respectivamente, apresentamos agora as propostas de orientação metodológica para o trabalho na Geografia escolar. Para isso, doze professores de Geografia da educação básica, todos vinculados ao GECE, compartilham com os leitores deste material seis sequências didáticas que objetivam desenvolver o conhecimento geográfico atrelado ao uso das diferentes plataformas que espacializam os dados da covid-19. Este é foco desta desta Seção 3 - orientações metodológicas e sequências didáticas. Esperamos que essas propostas possam ajudar com seu trabalho pedagógico e fortalecer ainda mais a contribuição da Geografia diante dessa pandemia. Desejamos a todos uma boa leitura. Equipe GECE. • Alfabetização e letramento cartográfico • O processo de aprendizagem em Geografia - o raciocínio geográfico • Sequências didáticas seção 3 Cartografia da Covid-19 53
  • 57. A Geografia oferece um conjunto de ferramentas intelectuais (teorias, conceitos e procedimentos) para o entendimento da pandemia da Covid-19 e seus desdobramentos. Nesse contexto, a educação geográfica é uma ação poderosa na formação das pessoas para a compreensão do fenômeno e para oferecer subsídios a organização na crise que é, simultaneamente, sanitária, econômica, social e cultural. Nesse texto destaca-se três aspectos da potencialidade desta educação. Um primeiro aspecto é a percepção do risco, diretamente relacionado ao entendimento de como o novo coronavírus se dissemina, no contato com e entre as pessoas. É consenso que para evitar a propagação do vírus o método mais eficaz tem sido identificar a pessoa contaminada, e isolá-la. Outras medidas importantes são: higiene das mãos, uso de máscara e o distanciamento social. O segundo aspecto é conhecer os dados sobre a doença e o território. No Brasil, por exemplo, os dados sobre a pandemia [contaminados, óbitos e recuperados] são comunicadas pelas secretarias de saúde dos municípios e estados e, sistematizados, pelo Ministério da Saúde. E, por meio dessas informações são elaborados modelos para entender o avanço da doença. Os modelos são apresentados na forma de gráficos, de tabelas e de mapas. Nos gráficos, observa-se a curva epidêmica da doença, com isso, é possível acompanhar seu incremento, estabilização e queda. As tabelas oferecem os dados absolutos, em distintos recortes espaciais (bairros, municípios e unidades federativas). Os mapas demonstram a espacialização dos casos de contaminação e de óbitos, no intuito de indicar os locais com maior e menor incidência; e os pontos de articulação das redes e, os consequentes fluxos de pessoas, transportes e mercadorias. Com isso, oferece a possibilidade de entendimento e elaboração do prognóstico em relação a difusão da doença. A visualização da concentração e da difusão dos casos, articuladas ao conhecimento do território, por exemplo: o modo e intensidade de comunicação entre as grandes e o interior; a estrutura dos transportes – aeroportos, rodovias e hidrovias; a infraestrutura hospitalar existente para o atendimento das pessoas contaminadas, etc.; contribuem para o planejamento e a elaboração das estratégias de prevenção. Os mapas permitem associar, de modo instantâneo e sintético esse emaranhado de dados e, por meio de sua leitura, análise e correlação, oferece o instrumento valioso na percepção do risco à doença e os caminhos para o enfretamento da pandemia. 54
  • 58. O terceiro aspecto é a formação para a cidadania, sobretudo no que diz respeito a importância da conquista e consolidação dos direitos sociais e a redução das desigualdades de classe, de gênero e de etnia [intensificadas na pandemia]. E, para isso, a educação geográfica tem muitas possibilidades na medida em que pode explorar/problematizar o espaço nas dimensões do vivido, do percebido e do concebido. É preciso fazer perguntas apropriadas e, na escola, o ensino por meio dessa problematização passa por definir recortes apropriados (escalas), analisar dados (com fontes confiáveis) e contextualizá-los. A configuração territorial contribui para entender a localização e a distribuição do fenômeno, enquanto a correlação possibilita a análise das várias dimensões do território (econômico, social, cultural e ambiental). Em tempos de Fake News é imprescindível orientar os alunos sobre como analisar uma informação e, principalmente, aprender a produzir conhecimento de forma crítica. A educação geográfica também tem essa função, e pode ser desenvolvida por meio da análise de situações sociais que promovam o compromisso com a justiça espacial e ambiental. Os dados primários podem ser coletados pelos próprios alunos, in loco [ou por aplicativos eletrônicos]. São uma fonte importante para entender o contexto local e realizar estudos de caso. Os dados secundários podem ser obtidos em instituições oficiais ou de igual confiabilidade [como universidades, institutos de pesquisa e de saúde]. São exemplos as plataformas online indicadas neste material didático (ver seção 1). De posse dos dados das plataformas e de uma teoria geográfica, o professor poderá contribuir para que a aprendizagem seja significativa e crítica. A cartografia escolar é aliada desta compreensão da Pandemia da Covid-19, por meio do uso e criação dos diferentes mapas, croquis e gráficos, mas, para isso, carece da informação de como os dados foram produzidos e a confiabilidade das fontes. É nesse contexto que na seção 3 apresenta-se as sequências didáticas como propostas de uso das plataformas online sobre a Covid-19. Essas diferentes plataformas possuem, e produzem, dados alfanuméricos e espaciais nas mais distintas escalas geográficas: global, nacional, regional e local. O leitor (professor/professora) poderá inspirar-se nestas sequências didáticas para elaborar suas próprias ações pedagógicas sobre a cartografia da Covid-19, (re) contextualizando-as, conforme suas necessidades. As propostas das sequências didáticas se apoiam em Cavalcanti (2013), quanto a proposição metodológica da tríade: problematização, sistematização e síntese (Figura 01). 55
  • 59. 56 Figura 01: Abordagem metodológica das sequências didáticas sobre a cartografia da covid-19 Fonte: Adaptado de Cavalcanti (2013). Org.: Elaboração própria
  • 60. A problematização é realizada no espaço/tempo da aula, por meio do diálogo, e objetiva conhecer a percepção dos alunos sobre o fenômeno. Nela, é possível construir as hipóteses a serem investigadas sobre o fenômeno. A sistematização é o momento da confrontação entre essas hipóteses e os conhecimentos científicos relacionados à pandemia. E a síntese configura-se na organização de atividades para que os alunos possam sistematizar o conhecimento aprendido. Trata-se de um processo intencional, no qual o professor cria situações didáticas para o desenvolvimento do pensamento espacial e do raciocínio geográfico. Para tanto, o professor dispõe de um conjunto de linguagens para valorizar a expressão do estudante, seja por meio verbal (oral ou escrita), corporal, visual, sonoro etc, em referência ao seu aprendizado no processo didático. Nesse sentido, sugere-se que mais uma vez o professor se apoie na cartografia para essa síntese, incentivado elaboração de mapas pelos próprios alunos, sejam eles mapas mentais ou mapas temáticos produzidos a partir de mapas mudos. Em relação as orientações metodológicas para a cartografia escolar as propostas estão embasadas em Simielli (1999), a qual propõe que dos anos iniciais ao 6º ano do ensino fundamental, realize-se a alfabetização cartográfica (Figura 02); do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, desenvolva-se ações para a localização, a análise e a correlação, e no ensino médio, possa realizar a síntese. Com isso, a autora espera que por meio da cartografia escolar seja possível criar as condições para o desenvolvimento do leitor crítico de mapas e do mapeador consciente. 57
  • 61. Figura 2: Elementos da alfabetização cartográfica Fonte: Adaptado de Simielli (1999). Org.: Elaboração própria 58
  • 62. Também é possível pensar que esse processo de aprendizagem possa ocorrer no contexto do letramento cartográfico e geográfico (Figura 3), no qual o aluno ao ser alfabetizado cartograficamente, domine a sintaxe e os códigos de leitura dos mapas e do mundo, e compreenda de modo significativo o espaço geográfico por meio destas representações. Figura 3: Mapa conceitual sobre os letramentos geográfico e cartográfico. Fonte: Souza (2016) 59
  • 63. Desse modo, perante a leitura dos mapas, que envolve a indicação de onde e como se distribuem os objetos e fenômenos no mapa, sugere-se que os alunos procedam as etapas de localização, de análise, de correlação e de síntese. Localizar consiste em indicar onde estão determinados objetos, elementos ou fenômenos no espaço, ou, no sentido inverso, o que há em determinado espaço representado pelo mapa. Analisar envolve a descrição da variação espacial da informação, sendo oportuno utilizar referenciais de formas (faixa, círculo, formato irregular, etc.) e padrões (contínuo, disperso, concentrado, fragmentado, etc.) de distribuição desses objetos, elementos ou fenômenos no mapa. A localização e análise representam uma leitura elementar. A correlação representa a leitura intermediária de mapas, por meio da comparação entre as ocorrências de objetos, elementos e fenômenos entre dois ou mais mapas, na busca de associações e relações de causa e efeito entre eles. E a síntese se refere a leitura avançada de mapas, no intuito de integrar um conjunto de conhecimentos sobre um tema que explique sua ocorrência e sua distribuição espacial. Para tanto, deve-se fazer uso de um repertório de conhecimentos prévios sobre o assunto, que envolve questões de apropriação do território, demográficas, sociais, econômicas e físico-ambientais. Não havendo a possibilidade de uma explicação conclusiva, recomenda- se levantar hipóteses, mas deve-se evitar o uso de senso comum para explicar o que se vê no mapa. São estas orientações que embasam as seis sequências didáticas, propostas nesta seção 3. As três primeiras serão publicados na 1ª edição, e as três últimas, na 2ª. edição deste material. A primeira sequência didática, de autoria dos professores Vânia Souza e Ícaro Rodrigues, intitula-se: “O efeito da pandemia nos diferentes países segundo o IDH e índice GINI” e aborda a identificação, a classificação e a compreensão da pandemia da Covid-19 no contexto das diferenças socioeconômicas entre os países. A segunda sequência didática, de autoria professores Lidiane Oliveira e Pedro Santos Neto, intitula-se: “Segregação sócio- espacial: a espacialização dos casos de Covid-19 no Brasil e a potencialização das diferenças sociais” e articula a espacialização da Covid-19 e a desigualdade socioespacial no Brasil. A terceira sequência didática, de autoria das professoras Flávia Gabriela Silva e Josiane Oliveira, intitula-se: “A espacialização da Covid-19e a estrutura de saúde na cidade de Goiânia”, problematiza a representação da espacialização da Covid-19 no município de Goiânia/GO e inclui sugestões para elaboração de mapa tátil aos alunos cegos e com baixa visão, com adaptação também para alunos surdos. 60
  • 64. A quarta sequência didática, de autoria das professoras Ana Paula Cesar e Juliana Meneguelli, intitula-se “Espacialização da Covid-19 através da comparação de mapas” e apresenta ações de alfabetização e letramento cartográfico, por meio da leitura e interpretação de diferentes tipos de mapas sobre a covid-19 no Brasil. A quinta sequência didática, de autoria dos professores Gabriel Cavillini e Igor Pinheiro, intitula-se: “A espacialização e distribuição da Covid-19 na Cidade de Goiânia- GO” e correlaciona os dados na covid-19 com a desigualdade socioespacial, na perspectiva intraurbana de Goiânia. A sexta, e última sequência didática, de autoria dos professores Aliny Queiroz e Enoque Morais, intitula-se “A regionalização e a espacialização dos casos de Covid-19 no território brasileiro” e analisa a espacialização dos casos da covid-19 no contexto da regionalização do Brasil e os correlaciona aos fluxos econômicos e populacionais no território brasileiro. Deste modo, as sequências didáticas foram organizadas para diferentes níveis de ensino e, em diferentes graus de complexidade e, todas elas, podem ser adaptadas conforme as necessidades e interesse do professor. Conforme exposto na introdução deste material, atenta-se ao fato de que os professores possuem todo um cabedal de experiências e saberes acadêmicos e profissionais, não sendo o intuito deste prover “receitas”, mas sim, oferecer sugestões que possam ser adaptadas à realidade de sua prática e do objeto de ensino. De qualquer modo, espera- se que esses encaminhamentos didáticos possam contribuir na prática docente dos professores de Geografia. 61
  • 65. 62 REFERÊNCIAS CAVALCANTI. L. S. Os conteúdos geográficos no cotidiano da escola e a meta de formação de conceitos. In: ALBUQUERQUE, M. A. M, FERREIRA, J.A.S. (Orgs.) Formação, pesquisas e práticas docentes. João Pessoa: Mídia Gráfica e editora LTDA, 2013. SOUZA, V. L. C. A. A cartografia como linguagem nas aulas de geografia: Desafios dos professores do ensino médio das escolas públicas do Distrito Federal. Tese de Doutorado. UNB. Brasília, 2016. SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A. F. A. (Org.). A geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. p. 92-108.
  • 66. Equipe GECE Coordenação da Seção 3 Laís Rodrigues Campos Professora do CEPAE/UFG Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes Professora da Unicentro Autores das Sequências Didáticas da Seção 3 Ana Paula Feitosa Cesar Mestranda PPGeo/UFG Aliny Ferreira Queiroz Mestranda PPGeo/UFG Enoque Gomes de Morais Doutorando PPGeo/UFG Flávia Gabriela Domingos Silva Professora da Rede Municipal/Goiânia Gabriel Martins Cavallini Mestrando PPGeo/UFG Ícaro Felipe Soares Rodrigues Professor da Rede Estadual/Goiás Igor de Araújo Pinheiro Doutorando PPGeo/UFG Josiane Silva de Oliveira Mestranda PPGeo/UFG Juliana Meneguelli Professora da Rede Estadual/Goiás Lidiane Bezerra Oliveira Doutoranda PPGeo/UFG Pedro Moreira dos Santos Neto Professor da Rede Estadual/Mato Grosso Vânia Lucia Costa Alves Souza Professora da Rede/Distrito Federal Críticas, sugestões e dúvidas? Escreva-nos: gece.ufg@gmail.com
  • 67. Sequência Didática 01 Os efeitos da pandemia nos diferentes países segundo o Índice de Desenvolvimento Humano e Índice GINI
  • 68. Introdução Em meio a uma pandemia da covid-19 a propagação do vírus de maneira rápida tem imposto uma tomada de decisões importantes no Brasil e no mundo. Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 31 de maio de 2020, os casos confirmados da covid-19 ultrapassavam a marca de 6 milhões em todo mundo. Neste contexto, na busca pela redução da ampla disseminação do novo coronavírus medidas de distanciamento social têm sido adotadas pelos países de acordo com a gravidade da pandemia. Devido a seriedade dos fatos, a Geografia pode (e deve) explorar o tema com os estudantes para que eles desenvolvam um pensamento geográfico em relação a pandemia da covid-19 e, para isso, podem fazê-lo na mediação com a linguagem cartográfica. Em outras palavras, queremos dizer que o objetivo do ensino de Geografia é contribuir para a formação cidadã dos alunos, proporcionando a eles os elementos simbólicos que lhes permitam ampliar a sua capacidade de pensamento. Isso é possível por meio de conteúdos estruturados a partir de conceitos e princípios geográficos (CAVALCANTI, 2019). Nesse sentido, a Cartografia aparece como uma linguagem imprescindível, pois permite que os alunos desenvolvam raciocínios que buscam caracterizar, identificar, estabelecer conexões, comparações e aproximações dos diferentes lugares do globo. De acordo com Cavalcanti (2012), para que os alunos façam uma leitura da espacialidade é importante que eles respondam primeiramente a uma pergunta que é própria da Geografia: “onde?”. Isto é, a Geografia cumpre função importante de auxiliar o aluno a se localizar no mundo e a localizar “as coisas” no mundo. Na continuação dessa abordagem, complementa-se com outra indagação geográfica: “porque nesse lugar?”. Caminhando um pouco mais para a abordagem do fenômeno, pergunta-se: “como é esse lugar?”. Pela sua relevância metodológica, acreditamos ser necessário promover aos alunos situações de aprendizagem por meio de problemas, mobilizando conceitos e habilidades espaciais e, para isso, há várias possibilidades nas diferentes formas de representação, com o intuito de responder às questões geográficas para o ensino de Geografia, por exemplo: como os alunos percebem a pandemia? Onde está o fenômeno e por quê? Por que impacta diferentemente aqui e não em outro lugar? É possível comparar os números da pandemia em países tão diferentes? Quais são as características sociais e econômicas desses lugares? 65
  • 69. Quando tratamos sobre essas questões espaciais, entendemos que estamos desenvolvendo uma leitura geográfica do mundo e dos lugares, portanto, potencializamos a construção de um pensamento geográfico. É com esse objetivo maior que propomos essa sequência didática. Para isso, o primeiro ponto é definir os conteúdos que serão desenvolvidos ao longo do percurso didático, bem como o nível de análise cartográfica. Neste caso, a escolha pelo conteúdo e o quadro de competências e habilidades que deve ser alcançado pela sequência didática tem como premissa levar os alunos a realizarem uma leitura do mundo por meio de sua experiência cotidiana, ajudando-o a pensar melhor e mais amplamente sobre sua realidade. Outro aspecto se refere ao nível de análise do fenômeno, elaborado pela Simielli (1996) em três níveis, a saber: a) localização e análise; b) correlação; c) síntese. Para a escolha do nível de abordagem cartográfica e da plataforma trabalhada nesta sequência didática consideramos a escala cartográfica, uma vez que é ela que define o que terá visibilidade em um fenômeno, ou seja, a escala estabelece o que é significativo representar e, se você alterar a escala, as variáveis significativas também mudam. Por esse motivo, a escolha foi da plataforma da Organização Mundial de Saúde (OMS) – na língua inglesa indicada como World Health Organization (WHO) para trabalhar com escala global, enquanto para a escala regional (nacional) optamos pela plataforma desenvolvida pelo Google, como pode ser observado na Tabela 01, a seguir. Diante dessa abordagem, definimos como objetivo principal desta sequência didática promover um ensino que possibilite aos alunos identificar, classificar e compreender a divisão dos países segundo os critérios socioeconômicos em um momento de pandemia da covid-19. Estes exercícios foram planejados para permitir que os alunos questionem sua realidade, identifiquem a sua localização e saibam analisar “os fenômenos” do mundo e o porquê de elas estarem nesses lugares. 66 Tabela 1 - Definição a ser realizada para a sequência Nível de Ensino Escala Abordagem cartográfica Plataforma indicadas no material didático 3º Série do Ensino Médio Global Localização, análise, correlação e síntese https://covid19.who.int/ Regional (Nacional) Localização, análise, correlação e síntese https://news.google.com/covid19/map? hl=pt-BR&gl=BR&ceid=BR:pt-419 Org.: Elaboração própria
  • 70. Encaminhamentos Didáticos Problema: É possível comparar os números da pandemia em países tão diferentes? Desigualdade social A agenda universal estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) estabelece objetivos e metas de ações para direcionar o mundo para um caminho sustentável e resiliente seguindo o lema “não deixar ninguém para trás”. Nesta agenda, existem 17 objetivos para transformar o nosso mundo. Falaremos do objetivo 10 que se refere a redução de desigualdades dentro dos países e entre eles. Mais de dois terços da população mundial vive em países onde a desigualdade aumenta. Sociedades muito desiguais são menos efetivas na redução de pobreza, crescem mais devagar, dificultam as famílias a quebrarem o ciclo de pobreza e impedem o avanço econômico e social daquele país (ONU, 2020). Um país desigual é aquele que não oferece as mesmas condições de trabalho, renda, moradia, segurança e equipamentos urbanos à sua população. Nas aulas, podemos trabalhar a medição desta desigualdade com dois índices que permitem classificar os países e as suas desigualdades: o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o índice Gini. O IDH é uma unidade de medida utilizada para aferir o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade nos quesitos educação, saúde e renda. Em educação são considerados os índices de escolarização e da alfabetização da população. O quesito saúde considera a expectativa de vida das populações. O fator renda tem o foco no PIB per capita (Produto Interno Bruto por pessoa) e o PPC (Paridade do poder de Compra) no país. O cálculo do IDH considera a ponderação destes 3 quesitos com o mesmo peso, desta forma, o valor do IDH varia de 0 a 1. Países com IDH próximos do zero significa baixa assistência da população nos quesitos saúde, educação e renda. Países com IDH mais próximos de um maior significa boa assistência da população nos quesitos citados. O índice Gini foi criado pelo matemático Conrado Gini e é um instrumento para medir o grau de concentração de rendas de um determinado lugar. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Este índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 0 mais igualitário é o país, ou seja, todos têm a mesma renda. Quanto mais próximo de 1, mais o país é desigual ou pequenos grupos detêm toda a riqueza. 67
  • 71. 68 Ao estudarmos as desigualdades sociais entre os países trabalhamos também com o número de habitantes deste país. Podemos calcular a população de um país com pesquisas de censos nacionais que indicam a contagem de todas as pessoas que habitam o território analisado. Desta forma, teremos a população absoluta quando consideramos o número total de habitantes. O dado relativo à distribuição das pessoas em um determinado território é denominado densidade demográfica. Ela é obtida pela divisão do total da população absoluta pela área na qual a população está distribuída. A desigualdade entre países em tempo de pandemia A covid-19 é o nome oficial da doença causada pelo novo coronavírus. Esta doença já atingiu a maioria dos países do mundo, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) que você acessa nas plataformas desta mesma instituição e também do Google (ver seção 1 deste material). Os dados apresentados nestas plataformas nos oferecem dois dados necessários para a nossa análise, a saber: o número de casos e o número de mortes por país. Cada país adota determinados critérios para realizar a contagem das pessoas contaminadas e o número de mortos pela Covid 19. Em muitos locais não existem testes suficientes que validem o quantitativo de vítimas pela doença o que geram subnotificações , ou seja, números inferiores nas estatísticas da letalidade do vírus. Um exemplo é o Brasil que notifica apenas 8% dos casos de contaminação devido à ausência de testes para todos. Além disso, em nosso país não há testagem em massa, já que boa parte dos portadores assintomáticos ou com sintomas leves não chega a ser testado. A prioridade dos testes é para os pacientes graves e aqueles que precisam de hospitalização. Existem estudos matemáticos que fazem simulações para um panorama real de casos, um deles é do Núcleo de Operação e Inteligência em Saúde (NOIS) formado pelos cientistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e Instituto D’ór. Essas simulações comparam várias informações dos diferentes países. Ao ler esses relatórios técnicos observamos que a Coréia do Sul conseguiu aliar testes e tecnologia na redução da propagação do vírus pelo país. Este país se destaca por ter realizado muitos testes e controle dos contaminados , reduzindo o número de mortos e afetados pela doença. Entendemos que esta forma de testagem e controle reflete em uma estatística mais confiável, que no nosso exercício coloca a Coréia do Sul com uma estatística referência no número de contaminados.
  • 72. As informações sobre o número de mortes também podem estar subestimadas. Infelizmente não existe um padrão internacional sobre como contar o número de mortes nos países, por exemplo cabem as perguntas: os registros de mortes precisam de exame? Aqueles casos suspeitos de pessoas que não se hospitalizaram, contam? O vírus foi a principal causa da morte? Alguns países estão registrando mortes somente daquelas pessoas nos hospitais, outros países registram aquelas mortes ocorridas em outros espaços, fora do hospital, como casas de repouso e residências. Em nossos exercícios não corrigimos o número de mortes, considerando que este registro é o número mínimo de mortes registradas. Exercícios Proposta 1 - Relacionar os índices de IDH e GINI com os casos confirmados e mortes de 24 países. Proposta 1 Observe a tabela 01 dos países com as informações sobre os índices do IDH, GINI, População e número de casos e mortes. Observe que a tabela apresenta duas colunas extras, uma com o fator de correção e outra coluna com os casos reais. Estes cálculos consideram a correção do número de casos tendo como ponto de partida os dados da Coréia do Sul. A porcentagem de morte foi calculada pela divisão número de mortes pelo número de casos de cada país, multiplicado por 100. A taxa da Coréia do Sul é a referência, 2,346686222. A coluna seguinte de casos reais, foi obtida pela multiplicação do número de mortes por 100 e dividido pela taxa referência da Coréia do Sul. Os países foram divididos em 4 grupos seguindo a tabela do IDH e a sua divisão em países com muito alto, alto, médio e baixo desenvolvimento humano. Optou-se por escolher pelo menos um país por continente. A partir dessa divisão as outras informações foram preenchidas como o índice GINI, população, casos confirmados e mortes pela COVID. 69
  • 73. 70 Tabela 2. Informações sobre os casos confirmados mortes pela Covid-19 de alguns países segundo IDH e GINI Países IDH GINI População Casos confirmados Mortes % fator c Casos reais Alemanha 0,954 0,27 83.783.942 169.575 7.417 4,3738759 316.063 Austrália 0,938 0,3 25.499.884 6.941 97 1,3974932 4.133 Nova Zelândia 0,921 0,36 4.822.233 1.147 21 1,8308631 895 Estados Unidos 0,92 0,45 331.002.651 1.271.645 76.919 6,0487793 3.277.771 Coréia do Sul 0,906 0,31 48.322.820 10.909 256 2,3466862 10.909 Rússia 0,824 0,41 145.934.462 221.344 2.009 0,907637 85.610 Romênia 0,793 0,27 19.237.691 15.362 952 6,1971098 40.568 Cuba 0,778 0,3 11.221.060 1.766 77 4,3601359 3.281 Brasil 0,761 0,49 212.559.417 155.939 10.627 6,8148443 452.851 China 0,758 0,46 1.439.323.776 84.450 4.643 5,4979278 197.853 Líbia 0,708 0,36 6.679.000 64 3 4,6875 128 África do Sul 0,705 0,62 59.308.690 10.015 194 1,9370944 8.267 Iraque 0,689 0,29 39.930.000 2.767 109 3,9392844 4.645 Paraguai 0,679 0,51 7.132.538 713 10 1,4025245 426 Índia 0,647 0,35 1.380.004.385 67.152 2.206 3,2850846 94.005 Marrocos 0,628 0,4 36.725.072 6.063 188 3,1007752 8.011 Zâmbia 0,591 0,57 18.383.955 267 7 2,6217228 298 Paquistão 0,56 0,3 220.892.340 30.941 667 2,1557157 28.423 Nepal 0,548 0,32 29.136.808 120 28 23,333333 1.193 Mianmar 0,536 0,3 53.710.000 150 6 4 256 Nigéria 0,534 0,48 206.139.589 4.399 143 3,2507388 6.094 Haiti 0,503 0,6 11.402.528 151 12 7,9470199 511 Iêmen 0,46 0,37 29.823.964 53 9 16,981132 384 Serra Leoa 0,438 0,34 7.976.983 307 18 5,8631922 767 Fonte: PNUD, 2020 e World Population Review, 2020 Legenda: Muito Alto Desenvolvimento Alto desenvolvimento Médio desenvolvimento Baixo desenvolvimento
  • 74. Perguntas a serem respondidas. a) Podemos afirmar que países com muito alto IDH (próximo de 1) possuem maior número de mortes? Justifique. Selecione um país deste grupo, pesquise quais ações o governo local está executando em seu território para justificar este efeito da pandemia no país. Identifique a faixa etária do grupo que mais morre no país. b) Podemos afirmar que os países com maior índice Gini (próximo de 1) possuem maior número de mortes? Justifique. Selecione um país deste grupo, pesquise quais ações o governo local está executando em seu território para justificar este efeito da pandemia no país. Identifique a faixa etária do grupo que mais morre no país. c) Em quais países o número de mortes parece subestimado? Quais seriam as possíveis causas desta subnotificação? d) A China e a Índia são os países mais populosos do mundo. Os números de mortos nestes países parecem corretos? Justifique. e) Em qual grupo de países (muito alto, alto, médio e baixo IDH) existe uma maior diferença entre os casos confirmados e casos reais? Proposta 2 Elabore duas representações cartográficas destas relações: Índice de Desenvolvimento Humano e número de mortes. Esta proposta está organizada em 3 aulas. Aula 1 - Leitura do mapa Nesse exercício o objetivo é criar um mapa capaz de representar adequadamente a natureza das relações entre as informações disponibilizadas na tabela e os modos de implantação. Neste caso, é importante que antes de iniciar a confecção do material cartográfico, ter um momento para explicar a turma sobre a cartografia temática e como os cartógrafos elaboram os mapas (você pode se apoiar na Seção 2 deste material didático). Comente também que para um mapa ser construído adequadamente ele deve ter uma comunicação monossêmica, ou seja, ao fazer a leitura de um mapa todos deve compreender o mesmo significado. 71
  • 75. Nesse momento, também é importante enfatizar que os primeiros passos com a intenção de representar seus lugares, surgiu antes mesmo da linguagem escrita, através de representações pictóricas. O interesse de representar graficamente diferentes lugares contribui significativamente para o aperfeiçoamento dos mapas. Todavia, foi apenas a partir do século XX que os mapas passaram a adotar padrões estabelecidos por convenções transformadas em normas aceitas pelo que produzem mapas. Na medida em que a ciência cartográfica seguia os avanços tecnológicos da humanidade, muitas cartas e mapas foram produzidos com finalidades distintas, aproximando-se cada vez mais da precisão das medidas e dimensões da Terra. Após o estudo introdutório, solicite que os alunos entrem na plataforma da OMS e observem a representação cartográfica. Explique aos alunos que, para a representação dos dados da pandemia da Covid-19 na plataforma foi possibilitada por algumas etapas, como: coletas de dados, análise, interpretação e representação das informações sobre um mapa base. Pergunte aos alunos qual foi a variável visual escolhida para representar os dados da pandemia na plataforma? E se ela foi um bom recurso para melhor visualização e comunicação dos dados? Deixe que os alunos falem livremente. Em seguida, pergunte a turma se pela variável tamanho eles conseguiram perceber quais são as regiões com maior incidência de casos confirmado de covid-19? Deixe claro que pela variável visual tamanho é possível identificar áreas com grande ou pequena quantidade de casos confirmados, sendo a única capaz de representar dados absolutos. Aula 2 – Elaboração da representação cartográfica Nesse momento, é importante explicar aos alunos que a aula será para a elaboração de dois mapas trabalhando com duas variáveis visuais, cor e tamanho. A variável visual cor será utilizada para definir as classes do IDH, enquanto tamanho será utilizada para representar os dados do número de morte pela covid-19. Em um mapa mundi mudo represente o mapa apenas com estes países da tabela. 72
  • 76. a) IDH e número de mortes - estas duas informações devem aparecer no mapa. Para calcular o tamanho dos círculos é necessário considerar os dados do número de morte. Os círculos são geometricamente proporcionais às quantidades. Uma maneira para calcular a proporcionalidade é a que considera a área da figura escolhida - o círculo - igual à quantidade a ser representada (Q). Para traçá-lo, é necessário conhecer a medida dos raios dos círculos. Portanto, raio será proporcional a √Q. Além disso, diante da variabilidade dos dados, os círculos podem resultar ou muito grandes ou muito pequenos. Para adequá-los à escala do mapa, basta multiplicar ou dividir todos os raios por uma constante K." (MARTINELLI, 2003). Oriente os alunos a usar o compasso para criar os círculos. 73 Para download do mapa mudo mundi faça a leitura do QR- Code com seu celular. • Identificar todos os países da tabela. Escrever o nome em tamanho pequeno no local. • Separar por cores os grupos dos países segundo o IDH, teremos, portanto, 4 grupos; • Criando assim a legenda e colorir os países do mesmo grupo com a mesma cor. Os alunos devem escolher um título para o mapa, criar a legenda, inserir a orientação e calcular a escala. Muito Alto IDH Alto IDH Médio IDH Baixo IDH
  • 77. Aula 3 – Produção de gráficos da Covid-19 A atividade proposta demanda que o aluno crie um gráfico com o número de mortes por país e colocar as colunas em cada país como apresentado no gráfico 1 que mostra colunas pretas (mortos) dos países de muito alto IDH. Fazer o mesmo com o índice Gini. Para a construção do gráfico utilizando lápis, papel e régua milimetrada, defina a escala a ser utilizada. 74 MORTES 0 21.250 42.500 63.750 85.000 Alemanha Austrália Nova Zelândia Estados Unidos Coréia do Sul Rússia 2.009 256 76.919 21 97 7.417 Gráfico 1. Gráfico com o número de mortes pela COVID 19 nos países com muito alto IDH. Fonte: PNUD, 2020 e World Population Review, 2020 Org.: Elaboração própria
  • 78. 75 Para download do Planisfério Política faça a leitura do QR- Code com seu celular
  • 79. 76 REFERÊNCIAS CAVALCANTI, L. de S. Pensar pela Geografia: ensino e relevância social. Goiânia: C & A Alfa Comunicação, 2019. MARTINELLI, M. Mapas da Geografia e cartografia temática. São Paulo: Contexto, 2003. SIMIELLI, M. E. R. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A. F. A. (Org.). A geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999, p. 92-108. PNUD Brasil, World Population Review, Ranking IDH global. Disponível em: <https://www.br.undp.org/content/brazil/ pt/home/idh0/rankings/idh-global.html>. Acesso em 12/5/2020 WORLD POPULATION REVIEW, Gini Coefficient by country. Disponível em: <https://worldpopulationreview.com/ countries/gini-coefficient-by-country/> acesso em 12/5/2020. NOIS PUCRIO, Núcleo de Operações e Inteligência em saúde , Nota técnica 1 -16/3/2020 Projeção de casos de infecção por COVID-19 no Brasil. Disponível em: <www.sites.google.com/view/nois-pucrio>. Acesso em 12/5/2020 ONU, Desigualdade fecha as portas para o avanço econômico e social no mundo. Disponível em < https:// nacoesunidas.org/onu-desigualdade-fecha-as-portas-para- avanco-economico-e-social-no-mundo/>. Acesso em 12/5/2020.
  • 80. Equipe GECE Autores da Sequência Didática 01 Vânia Lucia Costa Alves Souza Professora da Rede/Distrito Federal Ícaro Felipe Soares Rodrigues Professor da Rede Estadual/Goiás Coordenadoras da Seção 3 Laís Rodrigues Campos Professora do CEPAE/UFG Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes Professora da Unicentro Críticas, sugestões e dúvidas? Escreva-nos: gece.ufg@gmail.com
  • 81. Sequência Didática 02 Segregação socioespacial: a espacialização dos casos de Covid-19 no Brasil e a potencialização das diferenças sociais
  • 82. Introdução A intenção dessa sequência didática não é explicar a origem da Covid-19, mas de compreender como esse fenômeno avança e se distribui no espaço geográfico. Para tanto, torna- se crucial a compreensão do conceito de segregação socioespacial e a importância da leitura e análise dos produtos cartográficos no entendimento da realidade atual, em múltiplas escalas. Ao longo das orientações didáticas, serão apresentadas 3 (três) imagens que buscam dialogar com a realidade concreta da desigualdade social nas cidades brasileiras. A partir dessas representações, os professores podem dialogar junto aos alunos as espacializações das moradias da população de maior e menor poder aquisitivo, evidenciando sobre os equipamentos e serviços urbanos presentes em cada realidade. A ideia é possibilitar que os alunos compreendam que as moradias estão atreladas aos níveis político, econômico e social que são materializados na cidade. Neste contexto, o professor poderá construir a partir da realidade cotidiana dos estudantes o conceito teórico- prático de segregação socioespacial e, dessa forma, os alunos compreenderão, tanto na teoria quanto na prática, o que são os espaços centrais e periféricos na cidade e, principalmente, quem são os moradores destes lugares, pois a ideia é que os alunos compreendam o conceito de desigualdade. Diante do exposto, tanto os alunos quanto os professores estarão em condições para o debate sobre a espacialização da Covid-19, tendo como base um texto jornalístico “Covid-19 potencializou as diferenças sociais nos estados” e as mais diversas plataformas estatísticas e espaciais do fenômeno supracitado. Nesse caso, selecionamos a plataforma elaborada pela Rice University. A ideia é que os alunos consigam perceber a relação entre o número de casos, o número de óbitos e a taxa de letalidade, considerando os equipamentos e os serviços urbanos presentes na periferia e no centro. Afinal, o acesso da população de maior e menor poder aquisitivo aos equipamentos de proteção, seguridade social e tratamento, influenciam, consideravelmente, nos impactos da Covid-19 na vida das pessoas. Assim, é válido ressaltar que os alunos consigam analisar criticamente e refletir sobre a distribuição geográfica da Covid-19, na relação com as periferias e os centros urbanos. Como é de conhecimento público, o novo Coronavírus está presente em todas as escalas geográficas, isto é, global, nacional, regional e local, o que possibilita aos professores de Geografia trabalharem esse tema nas aulas a partir do contexto da pandemia em sua cidade. 79
  • 83. É importante destacar o papel da avaliação nesta atividade e entender que é um processo e não um momento único. Portanto, será de forma contínua, valorizando os conhecimentos prévios dos alunos. Além disso, por meio do desenvolvimento desta atividade, buscar-se-á identificar se os alunos compreenderam os conceitos supracitados e sua importância para leitura e análise do mapa na apreensão do espaço geográfico. A proposta apoia-se na perspectiva do mapeador consciente e do leitor crítico (SIMIELLI, 1999). Objetivos • Compreender o conceito de segregação socioespacial e suas consequências para a população; • Entender porque a incidência da Covid-19 agrava o processo de segregação socioespacial; e • Verificar por meio da leitura e análise de mapas o processo de segregação socioespacial em múltiplas escalas geográficas. Problematizações O professor pode iniciar a aula exibindo aos alunos algumas charges (Figuras 01, 02 e 03) que representem o fenômeno da segregação socioespacial, tendo o objetivo de identificar o conhecimento dos estudantes sobre o tema. Por meio da análise das imagens o professor poderá instigar um diálogo com os alunos, realizando questionamentos. Ao tempo que ocorrer o diálogo, o docente poderá construir um mapa conceitual no quadro, com os principais conceitos identificados. 80 Figura 01: Charge – Habitações na cidade. Fonte: MALTA, J. (2020). Figura 02: Charge – A cidade e seus contrastes. Fonte: Secretaria Municipal de coordenação Geral do Planejamento e Gestão – Belém/P, 2020.
  • 84. O que podemos considerar sobre as Imagens 01, 02 e 03? Ao analisar as Imagens 01, 02 e 03, pode-se discutir sobre a localização das moradias, uma vez que no processo de urbanização elas podem se distribuir em diferentes áreas da cidade que materializam as desigualdades socioeconômicas (1), pois esses respectivos locais seguem uma lógica mercadológica e não necessariamente da sua função social. O que há de diferente nessas áreas? A partir desses questionamentos os alunos podem identificar as diferenças na infraestrutura dos imóveis, dos espaços públicos e privados, dos serviços oferecidos, entre outros. Porque ocorrem essas diferenças? Ao analisar as imagens pode-se perceber que em muitas cidades as pessoas mais pobres estão sendo expulsas de áreas consideradas de maior valor, de maior especulação imobiliária, gerando uma forte pressão expropriatória nessas pessoas. E por meio dela, é possível problematizar as forças políticas, econômicas e sociais que operam as relações que resultam nas localizações e diferenciação dos lugares de moradia. Quais relações ocorrem entre as pessoas a partir das forças condicionantes desse fenômeno? A força política determina o nível de investimento em cada um dos espaços. Nota-se que não é raro identificarmos que o poder público destina mais investimentos em áreas das classes médias e altas. A força econômica determina a relação entre as diferentes condições econômicas no que se refere à força de trabalho. As pessoas que moram nas áreas de periferia social vendem sua força de trabalho para as pessoas que moram nas áreas consideradas mais ricas/ abastadas. 81 Figura 03: Charge – Segregação Urbana Fonte: SANTOS, A.S. (2016).
  • 85. 82 Ao final do diálogo, o professor e os alunos terão construído um mapa conceitual oriundo das discussões. Na Imagem 04 disponibilizamos um modelo de mapa conceitual que poderá ajudar ao trabalho do professor. No entanto, destacamos que o docente tem autonomia de criar o próprio mapa conceitual, tendo em vista que as análises e discussões podem gerar outros conceitos considerados importantes para a internalização do conteúdo. Sistematização 1ª Fase: Construção dos conceitos – Segregação Socioespacial Nesta etapa, o professor, juntamente com os alunos, poderá desvelar os conceitos teóricos sobre segregação socioespacial (2). Na etapa da problematização, o que os alunos talvez possam denominar de “área rica”, no discurso geográfico trata- se como “centro/centralidade”, e o que eles chamam de “área pobre”, geograficamente denomina-se de “periferia social”. É nesse momento que o professor explica para os alunos com base nos fundamentos científicos os conceitos de centro e periferia (3), descrevendo suas características com base no processo de produção de tais espaços pelas pessoas que ali vivem (4). Para entender além das características aparentes de ambos os espaços, torna-se necessário que o professor explique as principais relações existentes nesses lugares e quais são as principais forças que provocam essas relações. Partindo do mapa conceitual disponível na Imagem 04, elaborado na etapa da problematização, pode-se discutir sobre os agentes de produção do espaço urbano e suas ações nesse processo de fazer e refazer a cidade, elencados a seguir (5): • Os proprietários dos meios de produção (sobretudo os grandes industriais): nas grandes cidades em que a atividade fabril é expressiva, a ação espacial dos proprietários industriais leva a criação de amplas áreas fabris em setores distintos das áreas residenciais nobres onde mora a elite, porém próximas às áreas proletárias. Deste modo, a ação deles modela a cidade produzindo o seu próprio espaço e interferindo decisivamente na localização de outros usos da terra. • Os proprietários fundiários: atuam no sentido de obterem a maior renda fundiária de suas propriedades, interessando- se que estas tenham o uso que seja mais remunerador possível, especialmente o uso comercial ou residencial de status. Segregação socioespacial Centro Mais inves4mentos públicos e privados Forças que determinam a ordem Poli4cas Nível de inves4mento Econômicas Força de trabalho Sociais Culturais, étnicas e raciais Periferia Inves4mentos públicos e privados escassos Figura 04: Mapa conceitual da segregação espacial. Org.: Elaboração própria.
  • 86. • Os promotores imobiliários: atuam no sentido de apenas produzir habitações com inovações, com o valor de uso superior às antigas, obtendo-se, portanto, um preço de venda cada vez maior, o que amplia a exclusão das camadas populares. • O Estado: é através da implantação de serviços públicos como o sistema viário, pavimentação, água, esgoto, iluminação, parques, coleta de lixo, etc., sendo esses pertinentes tanto às empresas como a população em geral, que a atuação do Estado se faz de modo mais corrente e esperado. • Os grupos sociais excluídos: esses grupos têm como possibilidades de moradia os locais densamente ocupados, cortiços localizados próximo ao centro da cidade, a casa produzida pelo sistema de autoconstrução em loteamentos periféricos, os conjuntos habitacionais produzidos pelo Estado, via de regra, também distantes das regiões consideras centrais. Após essas definições, é possível entender porque existem essas diferenciações nos espaços. E que nesse caso o professor já pode substituir o termo “diferenciação” por “desigualdades” tendo em vista que os serviços oferecidos pelo Estado são disponibilizados em maior quantidade e qualidade nas centralidades do que nas periferias sociais. Assim, o professor pode discutir a significação do conceito de segregação socioespacial. Nesse sentido, com base em Correa (2004), a segregação residencial pode ser vista como um meio de reprodução social, ou seja, o espaço social age como um elemento condicionador sobre a sociedade. Vai existir o lugar de trabalho, fábricas e escritórios, ou seja, os locais de produção e os locais de reprodução são as residências e bairros, definidos como unidades territoriais e sociais. O professor pode discutir também que esse processo ocorre devido a renda que cada grupo social tem em pagar pela residência que ocupa, a qual apresenta características diferentes no que se refere ao tipo e a localização. E ainda, sobre o quanto as desigualdades revelam as diferenças de poder, de consumo ou de capacidade de decisão ou ainda de possibilidade de apreensão do espaço. Isto é, as desigualdades viram diferenças, porque uma parte da sociedade, na esfera econômica, política e social, participa precariamente da vida urbana e da sociedade de consumo. 83