Muito se discute sobre a influência de se ter jogadores estrangeiros atuando nas ligas e campeonatos nacionais.
É certo que, sendo esses bons jogadores, o nível técnico e a atratividade mercadológica aumentam. A dúvida que paira diz respeito às consequências que esse intenso êxodo pode ter sobre o desenvolvimento da modalidade tanto no país importador como até no exportador, que ao ter a atratividade diminuída corre o risco de perder investimentos.
Em 2014 tentamos responder esse questionamento analisando todas as seleções que participaram das Copas desde 1970, assim como os clubes que cederam seus jogadores a elas. A série histórica não contemplou as edições anteriores, pois nos respectivos períodos quase não havia jogadores atuando fora de seus países de origem.
Acrescentando a Copa de 2018 ao nosso estudo, apresentamos aqui uma análise atualizada do tema.
Campeonato Mundial de Voleibol Masculino 2014 - Patrocínios e marcas esportiv...
As ligas e as seleções - 1970 a 2018
1. AS LIGAS E AS SELEÇÕES
1970 - 2018
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2. 2
Muito se discute sobre a influência de se ter jogadores estrangeiros
atuando nas ligas e campeonatos nacionais.
É certo que, sendo esses bons jogadores, o nível técnico e a
atratividade mercadológica aumentam. A dúvida que paira diz respeito
às consequências que esse intenso êxodo pode ter sobre o
desenvolvimento da modalidade tanto no país importador como até
no exportador, que ao ter a atratividade diminuída corre o risco de
perder investimentos.
Em 2014 tentamos responder esse questionamento analisando todas
as seleções que participaram das Copas desde 1970, assim como os
clubes que cederam seus jogadores. A série histórica não contemplou
as edições anteriores, pois nos respectivos períodos quase não havia
jogadores atuando fora de seus países de nascimento.
Acrescentando 2018 ao nosso estudo, apresentamos aqui uma análise
atualizada do tema.
INTRODUÇÃO
Produzido e editado por Jambo Sport Business
Idel Halfen
Luiz Ratto
Francisco Machado
JULHO 2018 www.jambosb.com.br
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4. RESUMO DAS COPAS
OBSERVAÇÕES:
1 – Até a Copa de 1990, a Alemanha era dividida em Oriental e Ocidental, porém para efeito do estudo consideramos a Alemanha
Ocidental como Alemanha.
2 – A nomenclatura “pura” serve para designar os jogadores que pertenciam às equipes do próprio país pelo qual disputou a Copa
do Mundo.
3 – A utilização da expressão “n/a” – não aplicável, ocorre devido ao fato de os sistemas de disputas e o número de participantes
terem se alterado ao longo do tempo. Em 1982, por exemplo, não houve quartas de finais.
1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014 2018
campeão Brasil Alemanha Argentina Itália Argentina Alemanha Brasil França Brasil Itália Espanha Alemanha França
vice Itália Holanda Holanda Alemanha Alemanha Argentina Itália Brasil Alemanha França Holanda Argentina Croácia
3olugar Alemanha Polonia Brasil Polonia França Itália Suécia Croácia Turquia Alemanha Alemanha Holnda Bélgica
4olugar Uruguai Brasil Itália França Bélgica Inglaterra Bulgária Holanda CoreiaSul Portugal Uruguai Brasil Inglaterra
%jogadorescampeãonopaís 100,0 95,5 90,9 100,0 63,6 77,3 50,0 45,5 56,5 100,0 87,0 69,6 39,1
%equipespurasentreos4 75,0 50,0 50,0 50,0 12,5 25,0 25,0 0,0 0,0 25,0 25,0 0,0 25,0
%equipespurasentreos8 87,5 37,5 37,5 na na 12,5 25,0 0,0 0,0 12,5 12,5 0,0 12,5
%equipespurasentreos12 na na na 25 na na na na na na na na na
%equipespurasentreos16 81,3 43,0 50,0 na 18,8 18,8 18,8 6,3 0,0 6,3 18,8 0,0 6,3
%equipespurasentreos24 na na na 16,7 20,5 25 16,7 na na na na na na
%equipespurasentreos32 na na na na na na na 12,5 3,1 6,3 12,5 3,1 3,1
5. 5
O gráfico nos mostra que nas Copas de 1970, 1982 e 2006 as
seleções campeãs tiveram 100% dos jogadores atuando nas ligas
do próprio país.
Já 2018 foi a Copa em que a equipe campeã teve menos
jogadores participando das ligas de seu país natal –> 39,1%
Excetuando as primeiras Copas, quando o processo de
globalização no futebol ainda era incipiente, o percentual de
jogadores atuando em clubes locais demonstram ter muito mais
relação com o poder econômico de suas nações do que
propriamente com a qualidade técnica.
RESUMO DAS COPAS
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20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
1970
1974
1978
1982
1986
1990
1994
1998
2002
2006
2010
2014
2018
Copas
% jogadores
6. O quadro ao lado nos traz toda a evolução do
processo de globalização ao longo das Copas.
Em 1970, o percentual de jogadores que atuavam
em clubes dos países das próprias seleções que
representavam era de 98,28%, ou seja, apenas
1,72% dos jogadores que fizeram parte dos plantéis
das 16 seleções atuavam no exterior.
Duas décadas depois esse percentual caiu para
72,59%, uma queda de mais de 25 pontos;
Tal índice vinha decrescendo a cada Copa, até que
em 2018 voltou a subir, mesmo assim superando
apenas o percentual de 2014, o que se explica em
função da ausência da seleção italiana na
competição.
Outro dado interessante diz respeito ao número de
países cujos campeonatos tiveram pelo menos um
representante na Copa.
Em 1970 foram 18 países - o menor número da
amostra - e em 2018 foram 55 países, o maior
número.
RESUMO DAS COPAS
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%jogadoresque #de paisescom #seleções
Copas atuamnopais prepresentantes participantes
1970 98,28 18 16
1974 88,07 25 16
1978 89,20 20 24
1982 82,51 32 24
1986 75,28 31 24
1990 72,59 29 24
1994 61,55 34 24
1998 56,17 38 32
2002 51,09 43 32
2006 46,47 48 32
2010 40,76 53 32
2014 20,38 52 32
2018 28,94 55 32
7. 7
A partir dessa parte do estudo analisaremos as
eventuais correlações que possam existir entre a
qualidade técnica das ligas/campeonatos com o
desempenho das seleções destes países na Copa
do Mundo.
O parâmetro utilizado para estimar a qualidade
técnica dos campeonatos/ligas foi a quantidade
de jogadores que neles atuavam e que foram
convocados para as seleções participantes das
respectivas edições da Copa do Mundo, ou seja,
um campeonato/liga que tenha 30 jogadores
atuando em seus clubes será considerado, em
tese, melhor tecnicamente do que um/uma que
tenha 15.
Já para o desempenho das seleções,
consideramos a classificação e a fase em que
foram eliminadas.
PARTICIPAÇÃO DAS LIGAS
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8. • Ao lado de cada liga há a respectiva quantidade de atletas e o percentual que representa em relação
ao total.
• A última coluna corresponde ao somatório do percentual das 5 ligas que mais cederam jogadores.
• Em 1974, não foi explicitado o nome de nenhuma liga na 3ª posição, pois seis cederam quantidades
iguais.
PARTICIPAÇÃO DAS LIGAS
LIGAS QUE MAIS TIVERAM JOGADORES CONVOCADOS PARA SELEÇÕES
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Copas Primeiro Qtde. % Segundo Qtde. % Terceiro Qtde. % % das top 5
1970 Italia 24 6,9 Bélgica 23 6,6 Mexico 23 6,6 32,7
1974 Brasil 27 7,7 Alemanha 24 6,8 6 ligas 22 6,3 33,2
1978 Alemanha 30 8,5 Espanha 24 6,8 França 24 6,8 34,9
1982 Inglaterra 50 9,5 França 31 5,9 Bélgica 28 5,3 34,9
1986 Itália 38 7,2 França 36 6,8 Espanha 28 5,3 30,6
1990 Itália 53 10,0 Inglaterra 47 8,9 Espanha 32 6,0 34,8
1994 Espanha 46 8,7 Alemanha 45 8,5 Itália 45 8,5 36,2
1998 Inglaterra 74 10,5 Espanha 70 9,9 Itália 70 9,9 42,1
2002 Inglaterra 102 13,9 Itália 75 10,2 Alemanha 59 8,0 47,6
2006 Inglaterra 99 13,5 Alemanha 75 10,2 Itália 61 8,3 47,1
2010 Inglaterra 116 15,8 Alemanha 85 11,5 Itália 78 10,6 52,0
2014 Inglaterra 115 15,6 Itália 83 11,3 Alemanha 76 10,3 52,0
2018 Inglaterra 124 15,8 Espanha 81 11,5 Alemanha 66 10,6 51,2
9. 9
Desde a Copa de 1998 as ligas inglesas têm sido as que mais
“cedem” jogadores às seleções participantes das Copas,
situação que também ocorreu em 1982.
Nesses anos, os melhores desempenhos da seleção inglesa
se restringiram ao 4º lugar conquistado em 2018 e às duas
quartas finais em 2002 e 2006.
• 2002 – foi eliminada pelo Brasil, que viria a se sagrar
campeão e que tinha apenas 15 jogadores de seleções
disputando seu campeonato, o que equivalia a 2,0%.
• 2006 – foi derrotada por Portugal que tinha 20
jogadores (2,7%) em ação no campeonato local.
• Em 1982, 1988 e 2010 caiu nas oitavas de final/2ª fase.
• Na Copa de 2014 não ultrapassou a fase de grupos.
• Em 2018 perdeu a decisão do 3º lugar para a Bélgica,
em cujo campeonato tiveram 16 (2,2%) dos jogadores
convocados para essa edição de Copa do Mundo.
PARTICIPAÇÃO DAS LIGAS
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10. 10
O Campeonato Italiano – Serie A – já foi o que mais teve
jogadores de seleções em três Copas:
• 1970 – com uma quantidade pouco significativa: 24
jogadores, ou seja, apenas dois a mais do que os que
defenderam a própria seleção, a qual conquistou o vice-
campeonato.
• 1986 – foi eliminada nas oitavas de final pela França, país
cuja liga naquele ano teve seu campeonato como o
segundo que mais tinha jogadores em seleções (36 contra
38 da Itália).
• 1990 – nessa edição sua seleção ficou na 3ª colocação e
seu campeonato teve 53 jogadores convocados para a
disputa.
Nas edições de Copa do Mundo em que a Itália foi campeã:
• 1982 – o campeonato italiano foi o 4º com maior
quantidade de jogadores de seleções (5,1%) .
• 2006 – cedeu 8,3% dos atletas convocados para a Copa e
foi a 3ª liga nesse quesito.
A seleção italiana não se classificou para o Mundial de 2018,
mas ainda assim foi o 4º país com mais jogadores (58).
PARTICIPAÇÃO DAS LIGAS
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11. A Bundesliga foi apenas uma vez a que mais teve jogadores
disputando a Copa.
Esse fato ocorreu em 1978, quando 30 jogadores (8,5%) saíram
dos clubes alemães para jogarem por alguma seleção no
Mundial da Argentina.
Nas Copas em que a Alemanha se sagrou campeã, a presença
de jogadores que atuavam no país ocorreu da seguinte forma:
• 1974 – 2ª liga com mais jogadores de seleções com 6,8%.
• 1990 - 4ª com 5,3%.
• 2014 - 3ª com 10,3%.
• Desde a Copa de 1998, os campeonatos dos mesmos 5
países ocupam as 5 primeiras posições no tocante a “ligas
com mais jogadores de seleções”: Inglaterra, Itália,
Alemanha, Espanha e França.
• Outro índice que merece atenção é o de concentração das
5 principais ligas, que a partir de 1998 ultrapassou a
barreira dos 40% e nas duas penúltimas Copas atingiu 52%.
Em 2018 o percentual foi um pouco menor: 51,2%, queda
que deve ser creditada à não qualificação da Itália.
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12. 12
Apenas em uma Copa, o Campeonato Espanhol – La Liga
– foi o que mais “cedeu” jogadores para as seleções que
disputaram a Copa do Mundo, fato que ocorreu em
1994. Nessa edição a equipe espanhola foi eliminada nas
quartas de final para Itália, que se sagraria vice-campeã.
Em 2010, ano em que a Espanha foi campeã mundial, 60
jogadores que participaram da Copa do Mundo, atuaram
por clubes espanhóis, o que fez do país o 4º colocado no
atributo em questão.
PARTICIPAÇÃO DAS LIGAS
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Por mais inusitado que possa parecer nos dias atuais,
vale relatar que o campeonato brasileiro já foi o que
mais “forneceu” jogadores para as seleções de uma
Copa. Isso se deu em 1974, quando 27 jogadores (7,7%)
oriundos de nossas competições estiveram no Mundial
13. • Esse quadro se difere do anterior por mostrar a quantidade de seleções “supridas” pelas ligas, enquanto
que o do slide 8 traz a quantidade de jogadores convocados que atuavam na liga.
• Apesar de haver relação entre os citados quadros, podemos identificar que houve algumas divergências
no que tange à classificação apresentada nos rankings, são elas: 1982 – Espanha, líder em número de
seleções vs. Inglaterra, líder em número de jogadores; 1990 – França vs. Itália; 1994 – Alemanha vs.
Itália; 1998 – Espanha vs. Inglaterra
PARTICIPAÇÃO DAS LIGAS
RANKING DAS LIGAS QUE MAIS SUPRIRAM SELEÇÕES
Copas Primeiro Qtde. % Segundo Qtde. % Terceiro Qtde. %
1970 Itália / Bélgica / México 2 12,5
1974 Espanha 5 31,3 Brasil 4 25,0 França 3 18,8
1978 Alemanha/Bélgica 4 25,0 Espanha/França 3 18,8 México / Holanda 2 12,5
1982 Espanha 9 37,5 França / Bélgica 7 29,2 Inglaterra / Espanha 5 20,8
1986 Itália 9 37,5 França 7 29,2 Inglaterra / Espanha 5 20,8
1990 França 11 45,8 Itália 10 41,7 Espanha 9 37,5
1994 Alemanha 14 58,3 Espanha 11 45,8 Itália 10 41,7
1998 Espanha 20 62,5 Inglaterra / Itália / Alemanha 17 53,1 França 13 40,6
2002 Inglaterra 22 68,8 Itália 20 62,5 Alemanha 19 59,4
2006 Inglaterra 25 78,1 Alemanha 24 75,0 Itália 19 59,4
2010 Inglaterra 27 84,4 Alemanha 24 75,0 Itália 20 62,5
2014 Inglaterra 28 87,5 Itália / Alemanha 22 68,8 Espanha 19 68,8
2018 Inglaterra 28 87,5 Espanha 23 71,9 Itália 22 68,5
14. Vale ainda destacar os países que, mesmo não tendo se
qualificado para as Copas, cederam jogadores em número
significativo para outras seleções.
• Em 2018, os clubes italianos tiveram 21 jogadores
participando da Copa do Mundo, perdendo em termos
de quantidade apenas para Inglaterra, Espanha e
Alemanha.
• Em 2014, os clubes turcos cederam 26 jogadores para as
seleções que disputaram o Mundial, o que lhes deixou
atrás apenas das 5 maiores ligas e da Rússia, sob esse
aspecto.
No extremo desse caso, temos as seleções que participam
da Copa do Mundo com reduzidíssimo número de
jogadores filiados a clubes de sua liga.
• Em 2018, o Senegal não teve nenhum jogador na Copa
que fizesse parte de algum clube local, enquanto que
Nigéria e Islândia tiveram apenas um cada.
• A Irlanda do Norte disputou as Copas de 1990, 1994,
1998 e 2002 em situação igual à do Senegal - sem
nenhum jogador que atuasse no país.
PARTICIPAÇÃO DAS LIGAS
16. Por mais dados que tenham sido coletados, estimar com a devida
assertividade a influência de se exportar e importar jogadores no
que tange ao grau de competitividade das seleções é algo
extremamente complexo.
Peguemos a título de ilustração a Copa de 2014, que pode nos
fornecer os mais variados exemplos de que se concentrar em uma
única variável para se obter conclusões sobre fatos esportivos é o
caminho mais curto para se perder a credibilidade. Vejamos, então:
• A Inglaterra, equipe cujo país teve a liga com mais jogadores das
seleções, foi eliminada ainda na fase de grupos.
• A seleção da Itália, com 20 jogadores do elenco atuando nos
clubes do país (87%), também foi eliminada na mesma fase.
• A seleção alemã que tinha 70% do elenco atuando na
Bundesliga foi a campeã.
• Enquanto a Argentina, vice-campeã, tinha 13% do elenco
disputando seu campeonato, o qual foi responsável pelo
suprimento de 0,95% dos “selecionados” da Copa.
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17. Já a Copa de 2018 nos desafia com outros resultados, mesmo com
números similares.
• A Inglaterra, mais uma vez foi o país que mais teve jogadores
que atuavam em suas ligas convocados para alguma das
seleções participantes do Mundial. Foram 124 (16,8%), sendo
que desses, 23 fizeram parte do time inglês que foi o 4º
colocado.
• A campeã França teve sua seleção constituída por nove
jogadores que atuavam no campeonato do país. No entanto,
apenas 18 jogadores (16,8%) que disputaram a Copa jogavam
em clubes franceses.
• O segundo país com mais jogadores na Copa foi a Espanha (81
jogadores representando 22 seleções) que foi eliminada nas
oitavas de final.
• Por outro lado, a Croácia, vice-campeã, teve apenas dois
jogadores do seu time atuando no próprio campeonato, o qual
teve também um da Suíça, totalizando três (0,4%).
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18. Diante do exposto, precisamos primeiramente deixar claro que o
desempenho esportivo de qualquer equipe sofre a influências de
diversas varáveis incontroláveis.
Esses “variáveis” vão desde a capacidade financeira até aos
aspectos relacionados à qualidade dos jogadores, passando,
obviamente, pelo planejamento.
Portanto, não basta simplesmente a entidade que rege o futebol
do país ou a liga querer trazer os melhores jogadores para
disputarem suas competições, se os clubes não tiverem
condições de arcar com essas despesas. Tampouco, não adianta
querer reter seus melhores talentos sem recursos para
remunerá-los.
Além do que, o fato de as ligas mais ricas atraírem os melhores
jogadores não garante uma seleção forte, vide que, até hoje,
nenhuma seleção que representasse o país com a maior
quantidade dos jogadores selecionados venceu uma Copa do
Mundo no ano em questão.
CONSIDERAÇÕES
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19. Por outro lado, argumentar que ter os melhores jogadores em seu
campeonato prejudica o desempenho da seleção também não é
correto.
Contudo, é possível afirmar sem a menor margem de erro que um
campeonato com grande número de bons jogadores tem uma
atratividade muito maior não só perante ao público, como também
perante à mídia, aos patrocinadores e aos praticantes.
Essa maior atratividade é, sobretudo, geradora de receitas, pois:
• os torcedores consomem mais ingressos e produtos
relacionados aos seus times;
• as redes de comunicação pagam valores maiores já que
passam a ter um conteúdo de alta qualidade e dessa forma
uma audiência maior (fundamental para obtenção de
anunciantes);
• os patrocinadores se sentem mais seguros para investir na
associação de suas marcas a campeonatos e clubes fortes;
• a internacionalização da liga, propiciada pela vinda de
estrangeiros, faz com que países, que até então não
acompanhavam aquele campeonato, passem a fazê-lo já
que seu “ídolo local” atua lá.
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20. CONSIDERAÇÕES
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Assim temos que o intercâmbio, de fato, contribui bastante
para a evolução técnica dos jogadores e consequentemente
das seleções, entretanto, é necessário ter em mente que o
nível técnico “inicial” dos impactados pela “globalização”
difere entre si, o que, em outras palavras, significa dizer que
há também um tempo diferente para se colher os frutos.
Apesar de uma série histórica mais ampla proporcionar uma
base estatística mais rica, é importante também considerar
que a vida útil de um jogador o deixa apto a participar em
boas condições de no máximo 4 edições de Copa do Mundo,
ou seja, a safra de jogadores é uma variável incontrolável
que afeta os resultados.
Em resumo, o que podemos tirar de “verdades” sobre as
teses e explicações acerca de resultados é que elas são
extremamente válidas para a construção de cenários e
discussões a respeito, todavia, a quantidade de variáveis
incontroláveis, inclusive o dinamismo da sociedade, não
permite sequer imaginar que haja uma fórmula mágica de
sucesso.
22. Diante de todos os dados coletadas, análises processadas e considerações feitas,
chegamos, enfim, às duas principais conclusões deste estudo:
1 – O modelo de disputa da Copa do Mundo NÃO PERMITE DETERMINAR que as
equipes vencedoras são aquelas que representam necessariamente os países
que têm as melhores estruturas e/ou políticas esportivas.
2 – É crescente o NIVELAMENTO ENTRE AS SELEÇÕES em função do intercâmbio.
CONCLUSÕES
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