O documento resume a biografia de Luiz Ignácio Maranhão Filho, um advogado e político brasileiro que desapareceu em 1974 após ser preso em São Paulo por agentes policiais. Detalha sua militância no Partido Comunista Brasileiro e sua prisão e tortura anterior durante a ditadura militar. Também descreve as tentativas infrutíferas de sua esposa em obter informações sobre seu paradeiro após o desaparecimento.
Comissão da Verdade de SP investiga desaparecimento de advogado e deputado em 1974
1. Assembleia Legislativa de São Paulo
Comissão da Verdade
do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”
Presidente: Adriano Diogo (PT)
Relator: André Soares (DEM)
Membros Titulares: Ed Thomas (PSB), Marco Zerbini (PSDB) e
Ulysses Tassinari (PV)
Suplentes: Estevam Galvão (DEM), João Paulo Rillo (PT), Mauro
Bragato (PSDB), Orlando Bolçone (PSB) e Regina Gonçalves (PV)
Assessoria Técnica da Comissão da Verdade: Ivan Seixas
(Coordenador), Amelinha Teles, Tatiana Merlino, Thais Barreto, Vivian
Mendes, Renan Quinalha e Ricardo Kobayaski
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Luiz Ignácio Maranhão Filho
(Desaparecido em 3 de abril de 1974)
Dados Pessoais
Nome: Luiz Ignácio Maranhão Filho
Data de nascimento: 25 de janeiro de 1926
Local de nascimento: Natal - RN - Brasil
Organização Política: Partido Comunista
Brasileiro (PCB)
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Dados biográficos
Era casado com Odette Roselli Garcia Maranhão. Advogado, professor do
Atheneu Norteriograndense, onde havia estudado, da Fundação José
Augusto e da UFRN. Colaborou com diversos jornais, particularmente, o
Diário de Natal e publicou vários artigos na Revista Civilização Brasileira.
Em 1945, entrou para o PCB.
Em 1952, foi preso pela Aeronáutica, em Parnamirin (RN), e foi muito
torturado. Sua história constituiu um capítulo do livro A História Militar do
Brasil, de Nelson Werneck Sodré.
Em 1958, foi eleito deputado estadual, pela legenda do Partido
Trabalhista Nacional (PTN), desempenhando o mandato até 1962.
No início de 1964, visitou Cuba a convite de Fidel Castro.
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Ao voltar, com o golpe de 1964, Luiz Ignácio foi preso e, submetido à
tortura. Ficou preso na Ilha de Fernando de Noronha juntamente com
Miguel Arraes, ambos cassados em seus direitos políticos.
Ao sair da prisão, passou a viver na clandestinidade no Rio de Janeiro. No
VI Congresso do PCB, em 1967, foi eleito membro do Comitê Central.
Atuou muito próximo da Igreja Católica. Mantinha contatos com Roger
Gauraudy, filósofo filiado ao PCF.
Dados sobre sua prisão e desaparecimento
Luiz Maranhão foi preso no dia 3 de abril de 1974, numa praça em São
Paulo, capital. Pessoas que presenciaram a cena informaram que ele foi
algemado e conduzido por agentes policiais.
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Providencias tomadas por seus familiares
Odete Maranhão, sua esposa, constituiu como advogado Aldo Lins e
Silva. Buscou informações em diversas delegacias, entidades e
autoridades.
Conseguiu até uma audiência com o general Ednardo D`Ávila, então
comandante do II Exército, que lhe disse ter procurado Erasmo Dias
(coronel do Exército e Secretario de Segurança Pública do Estado de
SP), mas não houve nenhuma informação: eles lhe garantiram que
Ignácio não estava sob a responsabilidade de seus comandos.
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Seu nome consta no anexo da Lei 9.140/95 e seu caso foi
protocolado com o número 043/96.
Informações tiradas do Dossiê Ditadura: Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil 1964-1985.
(IEVE- Instituto de Estudos Sobre Violência do Estado e Imprensa Oficial, São Paulo, 2009)