O autor relata uma viagem de férias em família que teve o carro enguiçado. Caminhou até um posto de gasolina fechado e conseguiu ligar para um serviço de socorro. O socorrista paraplégico o ajudou sem cobrar e disse para apenas "passar adiante" quando tivesse chance de ajudar alguém.
2. Lá estava eu com minha família, em férias,
num acampamento isolado
e com o carro enguiçado.
3. Isso aconteceu há 5 anos, mas lembro-me
como se fosse ontem. Tentei dar a partida no carro.
Nada.
4. Caminhei para fora do acampamento e,
felizmente, meus palavrões foram abafados
pelo barulho do riacho.
5. Concluí que era vítima de uma bateria arriada.
Sem alternativa, decidi ir à pé até a vila mais próxima
e procurar ajuda.
6. Depois de uma hora e um tornozelo torcido,
cheguei, finalmente, a um posto de gasolina.
Ao me aproximar do posto, lembrei que era domingo
e, é claro, o lugar estava fechado.
7. Por sorte havia um telefone público e uma lista
telefônica já com as folhas em frangalhos.
8. Consegui ligar para a única companhia
de socorro que encontrei na lista, localizada
a cerca de 30 km dali.
9. Não tem problema, disse a pessoa do outro
lado da linha. Normalmente não trabalho aos
domingos, mas posso chegar aí em mais ou
menos meia hora.
10. Fiquei aliviado, mas, ao mesmo tempo, consciente
das implicações financeiras que essa oferta
de ajuda me causaria.
11. Logo seguimos, eu e o Zé, no seu reluzente
caminhão-guincho, em direção ao acampamento.
12. Quando saí do caminhão, observei, com espanto, o Zé
descer com a ajuda de muletas para se locomover.
Santo Deus! Ele era paraplégico!!!
13. Enquanto ele se movimentava, comecei, novamente,
minha ginástica mental de calcular o preço da sua
ajuda.
14. - É só a bateria descarregada, uma pequena carga
elétrica e vocês poderão seguir viagem, disse-me ele.
15. O homem era impressionante. Enquanto a bateria
carregava, ele distraiu meu filho com truques de
mágica e chegou a tirar uma moeda da orelha,
presenteando-a ao garoto.
16. Enquanto ele colocava os cabos de volta no caminhão,
perguntei quanto lhe devia.
- Oh! nada - respondeu ele, para minha surpresa.
18. - Não, reiterou ele. Há muito anos atrás, alguém me
ajudou a sair de uma situação muito pior. Foi quando
perdi minhas pernas e a pessoa que me socorreu,
simplesmente disse:
- Quando tiver uma oportunidade “passe isso adiante.”
19. - Eis a minha chance... Você não me deve nada!
Apenas lembre-se: quando tiver uma oportunidade
semelhante, faça o mesmo...
20. “Somos todos anjos de uma asa só,
precisamos nos abraçar para alçar vôo.”