O documento reflete sobre as diferenças entre as identidades virtuais e reais das pessoas, notando como muitos exibem falsas alegrias, opções, amizades e características no mundo virtual. Lembra de casos específicos onde as pessoas eram muito diferentes no mundo real do que pareciam ser online, e conclui que no final, o mundo virtual nunca pode capturar completamente a realidade das pessoas e suas relações.
2. Para muitos, a passagem do virtual para o real
é bastante dura. Para outros, impossível.
Lembro-me dela, que não era ela, era ele.
Lembro-me dele que não tinha charme algum,
embora fosse um verdadeiro Don Juan no
virtual. Sabia lidar muito bem com as palavras
escritas.
Lembro-me de toda aquela falsa alegria que
vários deixaram transparecer durante anos
através das letras e que, no real, rolou ladeira
abaixo.Lembro-me de opções sexuais que não
eram verdadeiras e de amizades que não foram
sinceras. Lembro-me daquela loura fatal, sexy,
sensual que enviava sempre suas fotos
causando frisson em muitos. Trinta, trinta e
cinco anos, talvez? Não. Já era avó e beirava
seus setenta anos.
3. As tais fotos eram de cerca de trinta anos
atrás retocadas por um super photoshop.
Lembro-me de críticos literários. Viviam de
um sonho que possivelmente jamais
concretizaram. Lembro-me dos exaltados,
ferozes, provocadores. Verdadeiras
ovelhinhas no real. Lembro-me de profissões
virtuais. Médicos, Advogados, Engenheiros.
Seres reais que sequer tiveram a oportunidade
de passar na porta de uma faculdade.Lembro-me
dos donos da verdade virtuais, apenas virtuais.
No real, não tinham opinião a respeito de nada.
Perdiam-se dentro das suas próprias
dúvidas.Lembro-me dos intelectuais, vários, a
maioria de porta de boteco.Lembro-me de
amores que jamais passaram para o real pois no
virtual já eram impossíveis. Se bem que
4. Lembro-me do caráter dos seres virtuais. Como
distinguir os bons e os maus? Ainda não existe
em nenhum computador uma peça que se
encaixe e faça uma luz vermelha ou verde
piscar a cada e-mail que entra na nossa caixa
de correio nos dando a informação que
precisamos.Lembro-me dela que tomou ele da
outra e dessa mesma outra que nunca foi dele.
Mas havia quem dissesse - Ele é meu! Ela é
minha!
No virtual, ninguém nunca foi de ninguém e
quando chegaram ao real, poucos foram de
alguém.Lembro-me dos formadores de opinião
e das vaquinhas de presépio. Lembro-me da
unanimidade virtual, talvez a única coisa real.
Lembro-me de enigmas.
5. É assim ou assado? É falso ou verdadeiro?E
lembro-me dos especialistas em enganar,
trapacear, provocar. Lembro-me dos
ofendidos, feridos que sangravam
virtualmente até não poder mais.Lembro-me
das doenças virtuais(?), das mortes(?), das
fugas e dos sumiços. Seres que nem mesmo
no virtual conseguiram sustentar seus
personagens.Lembro-me dos ódios e intrigas.
Quem seria o vilão e a vítima? Jamais
saberei.Lembro-me de mim, em meio a um
tiroteio invisível e a um carinho duvidoso.
6. Lembro-me tão bem das carências excessivas
que desabrochavam em palavras
dolorosas.Lembro-me da criança que era um
adulto e do adulto que era uma
criança.Lembro-me da ofensa, da necessidade
de denegrir a imagem de pessoas que
incomodavam a outras pelo simples fato de se
destacarem virtualmente.Lembro-me,
finalmente, que o virtual jamais conseguiu ser
real e que o real vivia a anos luz do
virtual.Depois de lembrar-me de tudo isso
chego a conclusão que apenas sei que nada
sei sobre o mundo virtual, assim como
ninguém sabe.
7. Cr édit os :Cr édit os :
Aut or ia : Silvana DubocAut or ia : Silvana Duboc
Música : Ludo r ealMúsica : Ludo r eal
( Simone )( Simone )
For mat ação : Angela FazioFor mat ação : Angela Fazio
(angelaf .j f @gmail.com)(angelaf .j f @gmail.com)