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    UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
     Escola de Comunicações e Artes

    Fabio Eduardo Chrispim Marin




A História e a Política do Prefeito
     ERASMO CHRISPIM




                São Paulo
             Dezembro de 2009
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FABIO EDUARDO CHRISPIM MARIN


A História e a Política do Prefeito
     ERASMO CHRISPIM




             Monografia apresentada ao Departamento de Relações
             Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de
             Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em
             cumprimento parcial às exigências do Curso de
             Especialização, para obtenção do título de Especialista em
             Marketing Político e Propaganda Eleitoral, sob a orientação
             do Prof. Dra. Mariângela Haswani.




    UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
     Escola de Comunicações e Artes
                 São Paulo
              Dezembro de 2009
3




                                     Agradecimentos:

As pessoas que confiaram e acreditaram no meu trabalho:

              Minha irmã Maria Denise Chrispim Marin

                      E o amigo Paulo Henrique Degani,

                    Pela paciência, atenção e dedicação.
4




"Ainda podemos ver nas ruas da cidade um dinossauro da elite

                      caminhando sem envergar os ombros".

                            Prof.ª Terezinha Rangel Barbosa

                                     sobre Erasmo Chrispim
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                            Resumo
A presente monografia traz o estudo da imagem singular de um
político cuja carreira circunscreveu-se à cidade de Itatiba, no
interior de São Paulo, e mesclou-se com a história local por
cinco décadas. A pesquisa abrangeu o período entre o final do
século XIX aos anos 70, quando o Prefeito Erasmo Chrispim
encerrou sua vida política marcada pela vitória nas eleições
municipais das quais participou. Homem público por vocação,
membro de um partido de pequena expressão, filho e neto de
coronéis do café, o “Barão”, como era chamado, construiu um
perfil de independência aos grupos econômicos e de aliança ao
setor operário. Sua popularidade alimentava sua rebeldia.
6



                             Abstract
This monograph is based on the study about a rare image of a
politician whose career was limited to the city of Itatiba, State of
São Paulo, and has mixed up with local history for five decades.
The research covered the end of the 19th century to the 1970s,
when the Mayor Erasmo Chrispim finished a political life
differentiated by his victory in all municipal elections in which
he participated. Public man by vocation, member of a small
party and heir of a landlord´s family, the “Baron”, as he was
known, has built an image as politician independent from
economic groups and allied to the workers. His rebelliousness
was stimulated by his popularity.
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                                 Sumário


RESUMO                                                          i

ABSTRAT                                                        ii
LISTA DE FIGURAS                                               11
INTRODUÇÃO                                                     13
CAPÍTULO 1 O CENÁRIO                                           20
1.1 A República e o tempo dos Coronéis                         20

1.2 Emancipação de Itatiba – Novos personagens                 22

1.3 A crise do café e a revolução de 30                        23
1.4 A Revolução Constitucionalista de 1932                     24
        1.4.1 Itatiba na revolução                             24
1.5 1936: Erasmo Chrispim surge na política                    26
        1.5.1 Erasmo Chrispim nomeado prefeito                 28
        1.5.2 Os quatro Prefeitos do ano de 1947               28
1.6 Mudança no roteiro: Eleição para prefeito                  29
        1.6.1 Eleições de 1947                                 29
        1.6.2 Eleições presidenciais de outubro de 1950        32
        1.6.3 Eleições de 1951                                 34
        1.6.4 Estrada de Ferro e Febre Tifóide                 35
        1.6.5 Eleição de Jânio                                 38
        1.6.6 Eleições de 1955                                 38
        1.6.7 1957: Festa do Centenário                        40
        1.6.8 Estação de Tratamento de Água e Esgoto           42
        1.6.9 Primeiro Código Tributário Municipal             42
        1.6.10 Eleições de 1958                                42
        1.6.11 Eleições de 1959                                46
        1.6.12 Eleição presidencial de 1960                    48
        1.6.13 Segunda eleição de Ademar de Barros 1962        49
        1.6.14 Eleições de 1963                                50
        1.6.15 Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba   52
        1.6.16 Nova subestação da CPFL                         57
        1.6.17 Eleições de 1968                                58
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CAPÍTULO 2 O PROTAGONISTA
2.1 As origens da família Chrispim em Itatiba            60
2.2 O Personagem: Erasmo Chrispim político               67
2.3 Principais obras                                     68
2.4 A Política                                           72
2.5 Revólver: grande paixão, arma política               83
2.6 O Partido Trabalhista Nacional de Erasmo Chrispim    85
        2.6.1 Eleição de 1963 – A mais disputada         92
        2.6.2 Rebeldia, Poder e Prestigio                97
CONCLUSÃO                                               101
ANEXOS E HOMENAGENS                                     103
REFERÊNCIAS                                             105
PERIÓDICOS                                              106
DIGITAIS                                                106
IMAGEM E SOM                                            107
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                                       Lista de Figuras


Figura 1. Comício Pró Getulio Vargas com Ademar de Barros
Figura 2. Erasmo e Aparecida Dutra – Rainha do Centenário de Itatiba
Figura 3. Comício com Jânio e Carvalho Pinto
Figura 4. Propaganda de Roberto Lanhoso.
Figura 5. Chegada na Prefeitura para a posse
Figura 6. Manifestação estudantil e popular pela instalação da FEI
Figura 7. Prédio onde foi instalada a FEI de Itatiba
Figura 8. Instalação da subestação da CPFL
Figura 9. Família Chrispim no início do Século XX
Figura 10. Centro Recreativo Itatibense
Figura 11. Erasmo Chrispim com 18 anos
Figura 12. Família Chrispim em 1958
Figura 13. Palacete Chrispim como Clube XV de Novembro, na década de 40
Figura 14. Inauguração da FEIMOC com o Ministro Gama e Silva
Figura 15. Reunião social e política na residência da família Cesarini
Figura 16. Reunião política
Figura 17. Rafael Ciarbello discursando no coreto da praça na vitória das eleições de 1963
Figura 18. Comício de campanha sobre o caminhão
Figura 19. Comício de Erasmo Chrispim no coreto da Praça da Bandeira
Figura 20. Folheto distribuído por um amigo
Figura 21. Letra de música
Figura 22. Folheto de propaganda da eleição
Figura 23. Secção livre feita por correligionário
Figura 24. Jornal “O Progresso de Itatiba”
Figura 25. Visita do Governador Jânio Quadros à família Bredariol
Figura 26. Convite público para a festa da vitória
Figura 27. Visita do Governador Carvalho Pinto
Figura 28. Comemoração antecipada de eleitores do Dr. Afrânio
Figura 29. Noticia da “A Tribuna”
Figura 30. A Pedidos
Figura 31. Erasmo com Orestes Quércia
Figura 32. Erasmo com o Deputado Hebert Levy
10



Figura 33. Festa da posse em 1963 – chegadas ao coreto
Figura 34. Inauguração do busto de Erasmo Chrispim
Figura 35. Sócio Benemérito do “Itatiba E.C.”
Figura 36. Presidente Honorário do “Operários F.C”
11



                                             Introdução


       O período compreendido para esta pesquisa em que o Prefeito Erasmo Chrispim
disputou e venceu eleições em Itatiba, estado de São Paulo, começa no final do Século XIX,
entra no século XX com passagens pela década de 30 e termina nos anos 70. Nesse período
Itatiba e o Brasil passaram por revoluções, redemocratização, uma guerra mundial, ditaduras,
golpes de estado, a crise do café e a quebra da Bolsa de Valores.
       Erasmo Chrispim ou o “Barão”, como acabou conhecido na cidade, foi o homem
público que em seus 86 anos de vida, construiu uma trajetória política que se confundiu com a
história de Itatiba durante cinco décadas.
       Ao longo de sua carreira política, Erasmo Chrispim conseguiu construir uma imagem
política singular. Filho e neto de coronéis do café tornou-se popular nos meios operários e
entre os trabalhadores rurais. Paralelamente manteve os traços de personalidade que o levaram
a ser chamado de “Barão” por amigos e pelo seu eleitorado. Costumava repetir que suas
campanhas eleitorais eram sempre lançadas em casas de operários das antigas indústrias
têxteis da cidade.
       Outra marca constante em sua trajetória foi sua independência política. Membro de um
partido pequeno, o PTN, orgulhava-se de jamais ter se prendido a compromissos com grupos
ou partidos que detinham o poder. Sua popularidade alimentava essa rebeldia. Como contava
com o apoio do seu eleitorado, argumentava que não teria problemas em “criar casos” com os
poderosos de então. Erasmo Chrispim, entretanto, não era unanimidade em Itatiba. Em todos
os seus mandatos, sempre enfrentou a oposição da maioria dos vereadores e da imprensa
local, que omitia nas noticias sobre a sua administração a citação de seu nome. Nesse período
o nome de Erasmo Chrispim somente saia em atos oficiais da Prefeitura de Itatiba que a
imprensa era obrigada a publicar.
       O interesse pela história de Erasmo Chrispim deu-se inicialmente pelo carinho e
admiração, característica pessoal de um neto que acompanhou e viveu junto a ele por mais de
30 anos. Muitas das histórias aqui narradas foram compartilhadas em momentos de convívio
familiar e presenciadas pessoalmente.
       No final da década de 70, fazia parte de um grupo de jovens que acreditava que
poderiam fazer historia. Fundamos o Bloco Carnavalesco “Demônios Acadêmicos da
Benjamin”, um bloco “vai quem quer” sem muitas regras, inspirado na música “Plataforma”
de João Bosco. As reuniões boemias que eram constantemente realizadas terminavam,
invariavelmente, em serenatas. Além da música e do carnaval o grupo se interessou pela
12



cultura e pela história da cidade. Um projeto ousado foi iniciado com a gravação de uma série
de entrevistas com personalidades da história de Itatiba. A proposta era de se criar o Museu da
Imagem e do Som de Itatiba e o primeiro personagem a ser entrevistado foi o prefeito Erasmo
Chrispim. Tive a felicidade de participar como convidado dessa primeira e histórica entrevista
e, muitas das histórias contadas por Erasmo fazem parte deste estudo. Esta entrevista faz parte
do acervo da associação Pró-Memória de Itatiba. Outra entrevista usada neste estudo foi
gravada com um grupo de funcionários públicos que trabalharam na Prefeitura de Itatiba na
época do Prefeito Erasmo Chrispim. Esta última entrevista foi feita mediante a utilização de
um gravador, na Prefeitura Municipal de Itatiba, por ocasião das festividades do centenário de
nascimento de Erasmo. O acervo das fitas pertence ao Museu Histórico Municipal Padre
Francisco de Paula Lima de Itatiba. Além destas fitas o museu de Itatiba forneceu através de
seu arquivo muitas das informações, documentos e jornais para esta pesquisa.
       Muitas das pesquisas deste estudo foram feitas através dos jornais de época como: A
Reacção (1909-1940), O Progresso de Itatiba (1943-1961), A Tribuna (1952-1980), Jornal de
Itatiba – Diário (1972-2010) e o Almanaque de Itatiba para 1916 publicado pela tipografia do
Jornal “A Reacção” dentre muitos outros. Todos estes jornais fazem parte do acervo do
Museu Histórico Municipal Padre Francisco de Paula Lima de Itatiba.
       Todos estes periódicos tinham forte influência sobre a comunidade e eram as
principais fontes de informação da população.      Mas, uma boa parte dos relatos deste
estudo faz parte da história oral de Itatiba. As fontes, além das palavras e atos de Prefeito
Erasmo Chrispim, foram pessoas que conviveram e vivenciaram os fatos aqui narrados e, a
validade dessas fontes se confirmou e se consolidou na história de Itatiba. Uma das histórias
orais aqui narradas é sobre a doação do sino da Igreja Matriz feita pelo filho do Coronel
Camilo Pires, Tomé Pires de Ávila Neto. Este relato do sino assim como muitos outros são
contados através das gerações e que, mesmo com intensa procura nos anais da história de
Itatiba, não encontramos nenhuma linha que possa desvendar ou elucidar a sua veracidade.
Mas, o que o povo conta: é, foi ou será.
       Outra fonte de pesquisa foi o uso de fotos como perspectiva da época. Tanto a família
quanto o Museu Municipal dispõem de um grande acervo de fotografias e documentos.
Através dessas fontes reconstruiu-se a história e elucidaram-se as dúvidas. Utilizo neste
trabalho 36 imagens entre fotos, documentos e recortes de jornais que veicularam matéria de
interesse.
       É sobre a história política itatibense que começa o capitulo 1 desta monografia. Como
em um filme mostro o cenário da política itatibense: A República e o tempo dos Coronéis.
13



Nesta introdução procuro descrever como era a política na cidade no final do século XIX e
início do século XX, dominada pelos coronéis do café e pelo PRP - Partido Republicano
Paulista. O capítulo 1 vai até finais da década de 60 e início de 70 quando Erasmo Chrispim
termina o seu último mandato e faz o seu sucessor. Descrevo e faço uma análise das mais
importantes eleições realizadas no município, a partir da primeira eleição de Erasmo Chrispim
em 1947, inclusive as eleições presidenciais, para o Senado e para as Câmaras dos Deputados
e Assembléias Legislativas. Também há a citação e a votação em Itatiba de todos os
principais partidos brasileiros após a redemocratização do Brasil em 1945 e os principais
candidatos a deputados representando a cidade de Itatiba. A última eleição descrita neste
trabalho é a eleição municipal de 1968.
       Desde a emancipação política da cidade (1857) até a crise do café (1929) surgem
novos personagens políticos e a ascensão financeira dos imigrantes, em sua maioria italianos.
Foram momentos marcantes na história política de Itatiba, pois a cidade era grande produtora
de café, tendo inclusive uma estrada de ferro particular para atender a demanda das
exportações desse produto agrícola. Esta ligação econômica com o café fez Itatiba ser atuante
na Revolução Constitucionalista de 1932, onde vários personagens de nossa história estiveram
presentes no campo de batalha. Esta Revolução mereceu também uma breve atenção neste
trabalho.
       Em 1936, Erasmo Chrispim surge na política, vence a sua primeira eleição como
vereador e logo em seguida é nomeado Prefeito de Itatiba. Após governar a cidade por um
breve período de turbulência nacional e, também, por causa da ditadura Vargas, renuncia. É
nomeado interventor e renuncia novamente. Neste período da Era Vargas há uma grande
alternância de Prefeitos em Itatiba, chegando a ser quatro somente no ano de 1947. E é nesse
ano que há uma mudança no roteiro com as primeiras eleições diretas para prefeito.
       Também destaco vários fatos históricos marcantes como a desativação da Estrada de
Ferro (1952), a Febre Tifóide (1954), a festa de Centenário de Emancipação Política
Administrativa de Itatiba (1957), a inauguração da Estação de Tratamento de Água e Esgoto
(1951), o primeiro Código Tributário Municipal e a instalação da Faculdade de Engenharia
Industrial de Itatiba 1968, obra que, sem dúvida alguma, foi o marco da administração do
Prefeito Erasmo Chrispim.
       No capítulo 2, O PROTAGONISTA, descrevo a trajetória da Família Chrispim, desde
a sua origem, passando pelas grandes conquistas e vitórias de Erasmo Chrispim até o início da
década de 70.
14



           Dentro da origem da família trago um estudo realizado pelo médico e genealogista Dr.
Marcos Rodrigues Chaves, por ocasião do “Centenário de Nascimento do Prefeito Erasmo
Chrispim, em abril de 2001. Neste estudo ele chegou à conclusão que a Família Chrispim
originalmente é Silveira Franco e que descendem de Chrispim da Silveira Franco e das velhas
estirpes paulistas que remontam ao povoamento da Capitania de São Vicente.
           A Família Chrispim foi liderada pelo seu patriarca Coronel Benedito da Silveira
Franco Chrispim, fazendeiro, produtor de café e uma das principais lideranças políticas da
cidade de Itatiba até 1930, ano de sua morte, onde participavam ativamente das ações sociais
e filantrópicas. O Coronel Benedito Chrispim foi o espelho político de Erasmo.
           Erasmo Chrispim nasceu no dia 6 de abril de 1901, em Itatiba, e já na década de 20
queria ser dentista. Estudou no Colégio Diocesano e no Liceu de Artes e Ofícios, ambos em
São Paulo. Residiu por um bom período na capital onde foi colaborador da coluna social do
jornal “O Estado de São Paulo”. Como transitava muito pela festas da alta sociedade
paulistana, passava as notícias ao colunista. Chegou a iniciar os exames prévios para ingressar
na Faculdade de Odontologia, mas foi obrigado a desistir por causa do agravamento de um
problema congênito no ouvido, a mesma moléstia que, mais tarde, provocou a sua surdez
precoce.
           No ano de 1927, Erasmo casa-se com Alzira da Silveira Pupo, também filha de
fazendeiros de café, com que viveu a vida toda. Alzira nunca subiu num palanque e suas
aparições públicas restringiam-se a solenidades religiosas. A família hoje reúne 13 netos e
dez bisnetos. Erasmo e Alzira tiveram cinco filhos: José Lázaro (1929-1979), casado com
Terezinha Vendramin; Maria (1933-2003), casada com Benedito Rossi; Francisco (1934-
1987): Maria Cecília (1935-2007), casada com Braz Marin (1927-2003) e Antônio Carlos,
casado com Luzia Padovani.
           Continuando no enredo do filme temos o personagem político Erasmo Chrispim. Em,
1935, o jovem que sonhava tornar-se um profissional liberal decidiu-se pela vida publica.
Terminou seus dias, em 1987, com a experiência de cinco mandatos como Prefeito de Itatiba.
Declarou em entrevista ao “Jornal da Cidade de Itatiba” em 29 de julho de 1978 que foi o
único político na história que entrou na política rico e acabou pobre.
           O primeiro de seus passos, como homem público, foi a eleição como vereador, em
1935, pelo Partido Constitucionalista. Naquela época, a escolha para o poder executivo
municipal era indireta. Os sete vereadores da Câmara deveriam escolher, entre os seus pares,
o novo prefeito. Na primeira reunião que participou como vereador, foi eleito Prefeito de
Itatiba.
15



         As eleições de Erasmo Chrispim pelo voto popular direto à Prefeitura de Itatiba se
deram em três ocasiões, sempre pelo PTN - Partido Trabalhista Nacional.
         O partido, no nível municipal, era “dele”. Quando não disputava as eleições retirava o
PTN de cena, fazendo seus vereadores trocarem de legenda.
         A primeira eleição foi em 1947, na época da redemocratização do Brasil. Venceu
Domingos Pretti (UDN) e Benedito Silveira (PSP), governando de 1948 a 1951. A segunda
foi contra Pedro Mascagni (PTB-PSP) e o jornalista Romildo Prado (UDN) governando de
1955 a 1959. A terceira foi contra o Dr. Afrânio Pires da Silveira (PSP) recebendo um
mandato de 1964 até1969.
         De seus 17 anos de vida pública, Erasmo Chrispim deixou um legado como
administrador que priorizou a educação e as obras de infra-estrutura. Quando assumiu pela
primeira vez a Prefeitura de Itatiba, o único colégio da cidade era o Grupo Escolar Coronel
Júlio César, no centro. Ao longo dos seus cinco mandatos construiu pelo menos 12 escolas e
instalou a Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba. A instalação da Faculdade causou
uma grande divergência na cidade com manifestações públicas a favor e contra a sua
instalação e, apesar de todo burburinho e tentativas de se direcionar a opinião pública contra a
instalação da FEI de Itatiba no local destinado, prevaleceu a determinação do Prefeito Erasmo
Chrispim.
         Dentre suas obras mais importantes destacam-se: a construção da ETA - Estação de
Tratamento de Água e Esgoto, em 1957 e a inaugurou a primeira FEIMOC - Feira da
Indústria e dos Moveis Coloniais. O segmento dos móveis coloniais fez de Itatiba líder de
mercado e, posteriormente, “A Capital Brasileira do Móvel Colonial”.
         As campanhas políticas de Erasmo eram através do “boca a boca” e das visitas
pessoais ao eleitor. Ia de casa a casa não importando se o seu dono era simpático a sua
candidatura ou não. A empatia com os humildes construía a sua imagem. Freqüentava
constantemente as reuniões sociais dos operários e participava ativamente das festas
organizadas por Benedita de Oliveira - “Dita Maranhão”, grande líder da comunidade negra
local.
         Não discursava, talvez pelo seu problema auditivo. Sempre tinha ao seu redor grandes
oradores que o acompanhavam nos massivos comícios nos bairros, nas praças e nas vilas mais
distantes, muitas vezes sobre as carrocerias dos caminhões. Entre esses oradores destacamos
as figuras políticas do advogado Roberto Schiavinato, de Rafael Ciarbello - “Fefé”, vereador
de 1952 a 1963 e do Dr. Ovídio Bernardi, Procurador Jurídico da Prefeitura. Também se
destacam as figuras do vereador Benedito Campos Pupo - “Dito Pinhá”, um dos seus maiores
16



cabos eleitorais e de José Lazaro Chrispim - “Zé Tiché”, filho de Erasmo que trabalhava
como operário numa indústria têxtil da cidade, propriedade de um de seus maiores inimigos
políticos.
           Sua grande paixão era o revólver. Era mais fácil vê-lo nu do que sem um revólver no
coldre preso na cintura. Colecionava e negociava armas, tendo verdadeira paixão por algumas.
Não recusava uma boa oferta e, por um bom lucro, passava-as a frente. Era também exímio
atirador e tinha um modo peculiar de atirar. Girando a mão no sentido anti-horário deixava a
arma deitada e não em posição vertical. Esta arte rendeu a Erasmo inúmeros causos e boatos,
contados pelos seus admiradores e também por seus temerosos opositores. Neste trabalho
relato alguns desses casos.
           Com o seu “PTN” - Partido Trabalhista Nacional adota como estratégia única e que
vai seguir por toda sua vida política: “um partido pequeno, sem vínculos políticos com os
partidos da época” como a UDN - União Democrática Nacional, o PSD - Partido Social
Democrático, o PSP - Partido Social Progressista e o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro.
Adota o PTN, um partido fundado por dissidentes do PTB que tinha como únicas figuras de
expressão nacional o deputado Hugo Borghi e Emilio Carlos.
           São muitas as histórias resgatadas de todas as eleições itatibenses de que Erasmo
participou. Um fato marcante foi na eleição de 1955, quando Erasmo disputou contra Pedro
Mascagni e Romildo Prado. Nesta ocasião Mascagni teve apoio do industrial Paulo Abreu,
suplente do senador Auro Moura Andrade e ambos vieram a cidade juntamente com o
Governador Jânio Quadros para apoiar a sua candidatura. Um dos fatos mais comentados da
visita foi um almoço realizado na casa de família operária, tentando mostrar a ligação do
candidato com a classe trabalhadora. Não funcionou. Erasmo venceu as eleições. Outra
eleição marcante foi a de 1963 contra o advogado Dr. Afrânio Pires da Silveira. Numa das
eleições mais disputadas, Erasmo vence as eleições na reta final e arrebanha muitos votos no
seu último comício efetuado na Praça da Bandeira, praça central e coração da cidade de
Itatiba.
           A sua rebeldia, é retratada por algumas histórias de confrontos com políticos e
autoridades eclesiásticas. Apesar de sua formação católica, Erasmo enfrentou diversas vezes o
clero. Sempre se saiu bem. O seu poder e prestigio são mostrados através da visita que
recebeu de ilustres personagens políticos, deputados e governadores.
           A trajetória pública de Erasmo Chrispim pode ser lida como uma história de
sobrevivência de um líder forjado na escola coronelista da política paulista ao longo de um
período em que o modelo populista predominou na ação, nos discursos e na agenda dos
17



governantes nas três esferas de Poder no Brasil. Ao construir esse formato próprio, original,
Erasmo transformou-se uma espécie de mito político. Seja pela mudança da prática política
brasileira a partir dos anos 60 ou pela indisposição e ausência de vocação das novas
lideranças.
       Nenhum outro homem público da cidade de Itatiba atreveu-se a repetir o “modus
operandi” do velho Barão.
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                               CAPÍTULO 1 - O CENÁRIO


1.1 - A República e o tempo dos Coronéis


       Com a Carta Magna brasileira de 1891, inspirada na constituição norte-americana,
acreditava-se que teríamos uma política liberalíssima e uma revolução democrática, mas a
Proclamação da República ocorreu sem a participação popular. A economia e a sociedade do
Império permaneceram praticamente intactas e a política estava distante dos princípios
democráticos.
       Neste período da história brasileira, do fim do Império ao início da República, os
chefes políticos de cada região, quase sempre fazendeiros, recebiam da Guarda Nacional
títulos honoríficos, os quais muito dependiam de suas posses e influência política. Esta
primeira fase ficou conhecida como a “República dos Coronéis”.
       Essas patentes davam-lhes poder para mobilizar os seus exércitos em caso de guerra
ou desordem social e, também, autoridade incontestável e sem limites.
       O governo estadual fazia vistas grossas aos seus caprichos, além de assegurar verbas,
concessões e a estrutura da máquina do governo, pois interessava a eles, principalmente
eleitoralmente ao Partido Republicano, a força de seu poder.
       Todo cidadão da comunidade, de certa forma, dependia do poder do coronel e, na
maioria das vezes, votava no candidato indicado por ele. O “curral eleitoral” deste chefe
político elegia os presidentes, governadores, prefeitos, vereadores e, também as outras
autoridades como os juízes de paz e os delegados
       Em Itatiba tivemos vários destes coronéis republicanos que muito contribuíram para
com o crescimento da cidade, comprovado através de vários relatos na imprensa e de
homenagens que receberam da comunidade. Entre eles destacam-se as figuras dos
fazendeiros: Coronel Francisco Rodrigues Barbosa, conhecido popularmente como “Chico
Peroba”, um dos fundadores e, por um bom período, presidente do PRP - Partido Republicano
Paulista, em Itatiba; Coronel Julio César de Cerqueira Leite, irmão do General Francisco
Glicério. O Coronel Júlio César foi importante elo de ligação da cidade com o resto do país
através de seu irmão e, também, um dos fundadores do PRP de Itatiba, ocupando o cargo de
vereador de 1877 a 1884; Coronel Manoel Joaquim de Araújo Campos vereador pelo PRP de
1881 a 1884; Coronel Camilo José Pires, pessoa sempre disposta a ajudar nas causas de valor
da cidade. Encontramos nos almanaques itatibenses e nos textos de Eugênio Joly - do acervo
do Museu Municipal Padre Lima - mostras de sua atuação.
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                       [...] A 16 de novembro de 1874 assentou-se a pedra fundamental da torre da
                       igreja matriz, sob os auspícios do Reverendíssimo Vigário Padre Francisco
                       de Paula Lima, que muitos esforços fez para o andamento dessa importante
                       obra, que hoje se acha concluída com o auxílio de subscrições populares,
                       com o legado testamentário do cidadão Calisto Soares de Godoy, e
                       finalmente com os importantes donativos do Tenente Coronel Camilo José
                       Pires, e seu irmão Major Bento Pires de Ávila, que tomaram sua direção
                       final [...]
                       Fonte: Gazeta de Itatiba, de dezembro de 1904, números 82 e 83.


       Passando às tradições orais, contadas de geração a geração sobre a figura de Camilo
Pires, vamos a mais conhecida:


                       Conta-nos, os mais velhos, aos nossos ouvidos, com ar e pompa necessária,
                       que o Coronel Camilo Pires era um homem duro, feito do mais duro cerne da
                       peroba. Com o término da construção da torre da igreja, tendo já chegado os
                       sinos para serem colocados naquele campanário, foram os mesmos erguidos
                       sem a permissão do Coronel. Quando este chega, vindo de fora da cidade, ao
                       ouvir o badalar dos ditos sinos, segue a cavalo até ao Largo da Matriz e, sem
                       desmontar pergunta:
                       - ‘Quem autorizou o levante dos sinos?’
                       A história não precisa muito bem a resposta dada ao Coronel, montado na
                       soberba de seu alazão.
                       Ato contínuo ordenou que os sinos fossem baixados e, ao tocarem
                       novamente o chão, retoma, ainda sobre o cavalo:
                       – ‘Agora eu estou mandando: Podem subir os sinos’.
                       E, assim se fez.”

       Este relato, assim como muitos outros, é contado através das gerações e que, mesmo
com intensa procura nos anais da história de Itatiba, não encontramos nenhuma linha que
possa desvendar ou elucidar a sua veracidade. Mas, o que o povo conta: é, foi ou será.
       Outra figura de destaque na política local deste período foi o Senador Antonio de
Lacerda Franco. Itatibense de nascimento, em sua terra natal inicia sua carreira política como
vereador - entre os anos de 1880 e 1883 - culminando com a sua eleição para o Senado
Federal, em 1924. Muito contribuiu para o engrandecimento da cidade
Neste período da Primeira República o voto não era secreto e, mulheres, mendigos,
analfabetos, indígenas, soldados rasos, membros do clero e menores de 21 anos não votavam.
O voto não era obrigatório, mas havia necessidade de alistamento para se ter direito a ele,
requerendo-o em sua comarca perante comissão nomeada e presidida pelo Juiz de Direito e
composta por dois dos maiores contribuintes de imposto predial e dois dos maiores
contribuintes de propriedade rural domiciliados na cidade, além de três cidadãos eleitos pelos
membros efetivos do governo municipal. Esta normatização era referente à Lei nº 1.269 de 15
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de novembro de 1904, que foi muito criticada, pois excluía os pequenos proprietários e
contribuintes. Mas, a intenção principal era deixar o poder nas mãos dos coronéis.
       A lei permitia a realização das eleições em edifícios públicos ou em propriedades
particulares. Usando dessa prerrogativa, muitas delas foram realizadas nas casas dos chefes
políticos da cidade. A urna era muito estreita para que os votos se empilhassem, uns sobre os
outros. Este artifício permitia identificar, pela ordem de votação, o voto de cada eleitor.
Apesar de a votação ser secreta a Lei permitia “votar a descoberto”. Neste caso o eleitor devia
trazer duas cédulas, sendo que uma ele depositava na urna e a outra, para provar o seu voto,
ele guardava.
       São Paulo, o estado mais rico e, Minas Gerais o mais populoso e o segundo na
economia nacional, se revezavam no poder federal. Era a aliança: “café com leite”


1.2 - Emancipação de Itatiba - Novos personagens


       Por deliberação da Assembléia Provincial de 20 de fevereiro de 1857, a Freguesia de
Belém foi elevada à categoria de Vila. Em sete de setembro do mesmo ano, se procedeu à
eleição de vereadores sendo eleita a primeira Câmara Municipal, que prestou compromisso
perante o Presidente da Câmara de Jundiaí, em 1º de novembro, empossando os seguintes
vereadores: Francisco Tomé de Assis Passos, João Batista de Lacerda, Eugenio Joly, Antonio
Soares Muniz, Jose Pires de Godoy, Antonio Franco Pompeu e Francisco Antonio de Paula
Vianna.
       Como em outras cidades, Itatiba também teve como vereadores e intendentes, muitos
membros que detinham títulos da Guarda Nacional. No ano de 1907 é eleito, indiretamente, o
primeiro prefeito da cidade, Tenente Coronel Antonio Chateaubriand Joly. Citamos aqui
alguns dos nomes que mais se destacaram:
1897 e 1898 - Tenente Coronel Eduardo Alves de Moura
1899 - Pedro Elias de Godoy, Capitão Afonso Emilio Joly e Capitães Afonso e João Bueno de Aguiar
1899 - Joaquin Augusto Ferreira
1900 - Galdino Rodrigues Barbosa e Capitão Afonso Bueno de Aguiar
1903 - Tenente Coronel Jose de Paula Andrade e Galdino Rodrigues Barbosa
1905 - Tenente Coronel Jose de Paula Andrade e Florêncio Carlos de Araújo
1907 – Tenente Coronel Antonio Chateaubriand Joly - primeiro prefeito empossado
1910 - Major Herculano Pupo Nogueira
1917 - Pedro Elias de Godoy
1918 - Fernando de Araujo Campos
1918 - Pedro Elias de Godoy – de 1918 até 1924
1925 - Alfredo Alves Joly
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          Especificamente a partir de 1927, mostrando certa estabilidade política, apesar de toda
ebulição nacional e mundial, Itatiba mantêm no cargo de Prefeito o senhor Benedito Franco
de Godoy, que fica até meados de 1930. Deposto é substituído por um governo provisório
composto pelo Cel. Benedito da Silveira Franco Chrispim, Antonio Alves Lanhoso, Antonio
Pupo Filho, Francisco Silveira Leme e Alfredo Vieira Arantes.


1.3 - A crise do café e a revolução de 30


          A crise do café que fez parte da história de tantas famílias paulistas que sofreram suas
duras conseqüências, aporta também em Itatiba, cidade que em anos anteriores chegara a
produzir 600 mil arrobas de café anualmente, onde algumas propriedades agricolas possuíam
cerca de 1 milhão de pés de café. Muito antes de 1929 já eram estampadas em jornais e
ajuizadas em cartório, falências e concordatas dos produtores e investidores locais.
          Com o falecimento, no Natal de 1930, do Tenente Coronel Benedito da Silveira
Franco Chrispim, pai de Erasmo e um dos mais atuantes chefes políticos itatibenses, mostra-
se completamente que a crise, há tempos, chegara a Itatiba, provocando a derrocada das
famosas famílias e a divisão de enormes propriedades em pequenos sítios, comprados na
grande maioria pelos imigrantes italianos e suas famílias, meeiros ou terceiros dessas mesmas
propriedades. Desaparecem aos poucos os grandes latifúndios itatibenses restando, ainda hoje,
alguns poucos.
          Com a Revolução de outubro de 1930 que entronizou Getúlio Vargas no poder, houve
mudanças nos costumes políticos e principalmente na comunicação política. Inspirado nas
propagandas fascista e nazista, Getúlio se posicionou como o “Pai dos Pobres”, tornou-se uma
das figuras mais marcantes da história do Brasil. Muitos também o intitulavam: “a mãe dos
ricos”.
          Instituiu para o trabalhador vários benefícios que contribuíram para solidificar a sua
imagem. Entre eles se destacam: o voto secreto e o voto feminino, o Ministério do Trabalho,
ações na educação e na saúde, a carteira de trabalho, o salário mínimo, as férias remuneradas,
a aposentadoria, a jornada diária de oito horas, as garantias para o menor e para a mulher
trabalhadora e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE).
          Desde o movimento armado que resultou na Revolução de 1930, liderado pelos
estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, a situação política de Itatiba ficou
como as demais regiões do país: instável e perigosa.
22



         Com a deposição do Presidente da República Washington Luís, em 24 de outubro de
1930, e o impedimento da posse do presidente eleito Júlio Prestes, pôs-se fim à República
Velha.
         Itatiba, no ano de 1931 era comandada por uma junta governista, formada por Antonio
Pupo Filho, alternando-se no cargo com os interinos: Francisco Alves Cardoso e Dr. Luiz de
Mattos Pimenta.


1.4 - Revolução Constitucionalista de 1932


         Basicamente a Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma reação imediata aos
novos rumos do Brasil sob o comando de Getulio Vargas.
         A política itatibense por conta de toda evolução nacional e, por guardar ainda grande
relação com a elite paulistana, oligarcas do café, participava de toda movimentação pela
Revolução Constitucionalista.
         Encabeçando o movimento, inclusive com a influência espalhada pelo estado, estava o
itatibense José Gonçalves Machado, personagem importante da vida política e jornalística
paulista. Mesmo com todo o prestígio adquirido como jornalista, José Gonçalves Machado
empunha sua bandeira e parte para a luta.
         Este momento da história é relatado na primeira página do Jornal “A Tribuna” de 8 de
julho de 1973, quando da comemoração de mais um aniversário da Revolução
Constitucionalista.


1.4.2 - Itatiba na revolução


                        [...]Quando foi deflagrado o Movimento Constitucionalista, achava-se à
                        frente do governo municipal o senhor Joaquim Bueno de Campos, de
                        saudosa memória. Coube a esse honrado itatibense dirigir toda a ação civil
                        nesta cidade, para o que contou com a colaboração de muitas pessoas. Itatiba
                        também se apresentava unida em torno dos ideais revolucionários. Assim,
                        foram tomadas medidas visando a manutenção da ordem, o alistamento de
                        voluntários e a assistência aos combatentes, com a instalação da “Casa do
                        Soldado”.
                        No final da Revolução foram travados combates em nosso município, tendo
                        Itatiba se transformado em “praça de guerra”. Aureliano Leite, insigne
                        historiador e combatente de 32, em seu livro “Martírio e Glória de São
                        Paulo”, fala-nos do “Setor de Morungaba”, onde os próprios paulistas
                        tiveram que destruir uma ponte sobre o rio Jaguari, de cuja missão foi
                        incumbido, juntamente com outros elementos, o farmacêutico Benedito
                        Gonçalves Dutra[...]
                        Fonte: Jornal A Tribuna, de 8 de julho de 1973.
23



       Na mesma edição do jornal itatibense, podemos encontrar a entrevista com o soldado
constitucionalista Pedro Machado, que nos fala sobre os acontecimentos e os fatos ocorridos
em Itatiba e na região


                         [...] A reportagem de “A Tribuna”’ esteve na manhã de ontem na residência
                         do ex-combatente Pedro Machado, sita na Praça da Bandeira nº 115,
                         mantendo animada e interessante palestra com esse valoroso itatibense.
                         Interrogado sobre sua participação no Movimento Revolucionário, disse-nos
                         Sua Senhoria:
                         - “Integrei-me num batalhão de voluntários aqui em Itatiba. Seguimos para
                         São Paulo, ficando aquartelados no MMDC, instalado no prédio do Instituto
                         de Educação Caetano de Campos, na Praça da República, de onde fomos
                         para Itu, a fim de incorporarmos ao 3º BCV. Dali seguimos para frente de
                         combate, no setor sul, onde foram travados violentos combates, em Buri,
                         Guapiara e Capão Bonito.”
                         Indagado sobre os nomes dos outros itatibenses que participaram da
                         Revolução de 32, Pedro Machado faz um esforço de memória: - “João
                         Paulista, Joaquim Guimarães, Etore Andretta, Sebastião Fascione, Francisco
                         Gomes Bistulfi, Irineu Lopes de Lima, João Evangelista Machado, José
                         Gonçalves Machado, João Domingues Paes (Belquior), João Lúcio
                         (Tangará), Rosáuro Casagrande, José Rinaldi, todos já falecidos; Gentil
                         Rangel, Antonio Gotardo, João Moraes (Joãozinho), que pertenceram ao 3º
                         BCV. Em outras frentes combateram: Napoleão Godoy, Paulo Adão,
                         Otaviano Lazzarini, Antonio Oscar Nader (Asca), Dr. José Luiz Zorzi, João
                         B. Ferraz, Plínio Gandolfo, Florentino Soares, Paulo Silva, Argemiro
                         Pellizzer, Adolfo Papa, Luiz Guimarães, Lázaro Siqueira, Sebastião Salles,
                         Albano de Godoy, Paulo de Godoy, Breno Silva, José Soares, Sebastião
                         Marciano, João B. de Lima, Sebastião Silveira, Amâncio Oliveira e
                         Ferdinando Nicola.”
                         Pedro Machado contou que seu batalhão era comandado por Sílvio Sampaio,
                         tendo como subcomandante o major Garrido.
                         Interpelado sobre um grande feito de voluntários itatibenses, nosso
                         interlocutor disse que seu irmão José e o Tangará, com uma metralhadora,
                         conseguiram cobrir a retirada do 3º BCV de Capão Bonito, fato esse que
                         levou o comando a promover o primeiro ao posto de tenente e o segundo ao
                         de sargento[...]
                         Fonte: Jornal A Tribuna, de 8 de julho de 1973.


       Entre os anos de 1932 e 1935, Itatiba foi comandada por Joaquim Bueno de Campos e,
depois do período da Revolução Constitucionalista, em períodos de alternância, com José
Gonçalves Machado, então funcionário municipal.
       Esse período de volta à normalidade do país, com os ânimos um pouco menos
exaltados, traz uma nova onda de paz ao interior de São Paulo.
       Em 1935, a população de Itatiba era de 19.270 habitantes.
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1.5 - 1936: Erasmo Chrispim surge na política


       Disputando sua primeira eleição pública Erasmo Chrispim surge na política, cinco
anos após a morte de seu pai. Disputa uma vaga ao cargo de vereador, sendo eleito.
       No dia 16 de julho de 1936 acontece a instalação de mais uma legislatura da Câmara
Municipal de Itatiba com posse dos vereadores: Dr. Luiz de Mattos Pimenta, Domingos Pretti,
Dr. Romeu Bueno de Aguiar, Eleutério Rela, Erasmo Chrispim, Celso Pupo e Evaristo Silva.
       Nessa mesma sessão Erasmo é eleito e empossado Prefeito Municipal pelos
vereadores, recebendo o cargo de Antonio Pupo Filho, seu antecessor.
       Obteve de seus companheiros cinco votos, enquanto Domingos Pretti e Antonio
Augusto do Vale receberam um voto cada. Assume, em sua vaga de vereador, o suplente João
Batista Andreatta.
       A falsa tranqüilidade que reinou por alguns meses é totalmente afastada no ano de
1936. O Brasil vê-se, novamente, em meio a uma intensa agitação política. Preparava-se,
dentro de todo burburinho nacional, eleições presidenciais que teriam três candidatos:
Armando de Sales Oliveira (ex-interventor em São Paulo), José Américo de Almeida (ex-
ministro da Viação do Governo Provisório) e Plínio Salgado (líder da Ação Integralista).
       Não pretendendo deixar o governo, Getúlio prepara um golpe de estado, sufocando as
oposições políticas e militares.
       O fantasioso plano Cohen era, segundo o próprio governo, um plano comunista para
tomar o poder através do assassinato de grandes personagens da política nacional.
       O golpe, marcado para 15 de novembro, aniversário da Proclamação da República,
teve seu desfecho a 10 de novembro de 1937. O Congresso foi fechado. Uma nova
Constituição, que já estava sendo elaborada desde 1936 por Francisco Campos, foi outorgada.
A eleição não se realizou.
       Na noite do mesmo dia 10 de novembro, Getúlio fazia uma proclamação ao povo,
justificando a necessidade de um governo autoritário: nascia, assim, o Estado Novo.
       Diante desse estado de coisas Erasmo renuncia ao cargo de Prefeito de Itatiba


1.5.1 Erasmo Chrispim nomeado prefeito


       Em 1937, a autonomia dos municípios foi reduzida com a nomeação dos Prefeitos
pelos Governadores dos Estados, na realidade “Interventores Federais”. Acima dos Prefeitos
existia o Conselho Administrativo Estadual, que controlava as atividades municipais.
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O Art. 27 da Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937 definia
que a nomeação dos prefeitos era de livre nomeação do Governador do Estado. Erasmo
retorna ao comando da cidade como interventor, por nomeação do Comandante da 2ª Região
Militar.
No ano de 1938, mais precisamente em 17 de maio de 1938 ele renuncia por, “livre e
espontânea vontade”, enviando telegrama ao Governador Ademar de Barros, como declarou
em entrevista ao Jornal da Cidade de Itatiba, de 29 de julho de 1978.
       Com a renúncia de Erasmo Chrispim assume a prefeitura o secretário Sílvio Fasoli, até
a nomeação e posse do Coronel Alexandre Rodrigues Barbosa, filho do Coronel Chico
Peroba. Nomeado no dia 19 de maio de 1938 e empossado em 22 de maio, “Barbosinha” fica
no cargo até 24 de setembro de 1940 quando falece.
       Com a morte do Coronel Alexandre Rodrigues Barbosa assume a prefeitura o
jornalista Evaristo Silva, proprietário do jornal “A Reação”, tomando posse em 13 de outubro
de 1940.
       Evaristo Silva fica por longo período à frente do Executivo Municipal, retirando-se
apenas em pequenos períodos para tratamento de saúde.
       Em 1945, com o fim da ditadura do Estado Novo, em 29 de outubro foram convocadas
eleições para presidente, governadores e a Constituinte. Nesse período já haviam sido
anistiados os presos políticos e eliminada a censura. Mais de uma dezena de partidos
passaram a funcionar, formando seus diretórios nas capitais e no interior. Entre estes partidos
destacavam-se: UDN - União Democrática Nacional, PSD - Partido Social Democrático, PTB
- Partido Trabalhista Brasileiro e o PCB - Partido Comunista do Brasil.
       A Lei Eleitoral de então exigia o mínimo de 10 mil assinaturas em pelo menos cinco
Estados, para um partido ter seu registro definitivo.
Em 02 de dezembro de 1945 houve eleições para presidente, senadores e deputados. O
trabalhismo de Getúlio Vargas estava presente no eleitor itatibense. Podemos comprovar esta
afirmativa através da votação obtida no município por Getúlio Dornelles Vargas que, com 806
votos, foi o deputado mais votado. O jornal “O Progresso de Itatiba”, de 9 de dezembro de
1945, traz também a votação para Presidente da República:


Eurico Gaspar Dutra (PSD/PTB)                   2158 votos
Eduardo Gomes (UDN)                     802 votos
Ieddo Fiúza (PCB)                               29 votos
Mário Rolim Teles                               3 votos
Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, de 9 de dezembro de 1945.
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       Eurico Gaspar Dutra foi eleito Presidente do Brasil, conquistando 55% dos votos
válidos.


1.5.2 - Os quatro Prefeitos do ano de 1947.
       Os anos de 1946 e 1947 são atípicos para a política itatibense. Alternam-se no poder
cinco pessoas, todas nomeadas Prefeitos. Sobre este fato encontramos publicação na Imprensa
Oficial de Itatiba – “Coluna Espaço Histórico” do Museu Padre Lima que diz:


                      Os quatro prefeitos do ano de 1947
                      Um fato nada comum e interessante aconteceu no ano de 1947, quanto a
                      Chefia do Executivo de nossa cidade.
                      Em um período difícil e de instabilidade política, no pós II Guerra Mundial,
                      Itatiba teve como prefeitos vários cidadãos, todos nomeados pelo Governo
                      Estadual.
                      O ano de 1947 começa triste para Itatiba, com a morte do Dr. Luís de Matos
                      Pimenta. Era Prefeito Mauro Vasconcelos de Oliveira, nomeado e
                      empossado em 1946, após o pedido de exoneração de Evaristo Silva –
                      prefeito de 1940 a 1945. Evaristo assumiu a Prefeitura em decorrência do
                      falecimento de Alexandre Rodrigues Barbosa.
                      Mauro Vasconcellos exonera-se do cargo e é nomeado para substituí-lo
                      Pascoal Scavone, assumindo em 28 de março de 1947.
                      O Progresso de Itatiba, de 30 de março de 1947 diz: “Prefeito Municipal:
                      Anteontem, no Departamento das Municipalidades, o senhor Pascoal
                      Scavone foi empossado no cargo de Prefeito Municipal de Itatiba. Sua
                      Senhoria declinou das homenagens que lhe seriam prestadas nesta cidade,
                      devendo a transmissão do cargo ser feita amanhã cedo, pelo senhor Silvio
                      Fasoli, secretário da Prefeitura Municipal. A seguir, o senhor Pascoal
                      Scavone entrará no desempenho que lhe foi confiado pelo Governador do
                      Estado. Ao que soubemos, o novo Prefeito tem vários planos de
                      melhoramentos para a cidade, a serem postos logo em execução”.
                      Seis meses depois, em 28 de setembro de 1947, o Prefeito Pascoal Scavone é
                      exonerado. Nesse curto espaço de tempo Pascoal teve uma atuação vibrante
                      e definitiva para sua consolidação como cidadão prestante e competente.
                      Podemos comprovar que a cidade estava contente com sua administração em
                      matéria publicada no mesmo jornal O Progresso de Itatiba, de 5 de outubro
                      de 1947, na primeira página: “Provocou protestos do povo itatibense a
                      demissão do Prefeito Pascoal Scavone”. Com a sua demissão, passou a
                      responder pelo expediente da Prefeitura Municipal de Itatiba, Silvio Fasoli,
                      Secretário da Prefeitura Municipal.
                      O jornal “O Progresso de Itatiba” de 23 de novembro estampava a nomeação
                      de outro prefeito: “Novo Prefeito: Pelo senhor Governador do Estado foi
                      nomeado para o cargo de Prefeito Municipal desta cidade o senhor José
                      Boava, fazendeiro neste município e presidente do diretório local do PSP. O
                      novo Prefeito tomou posse do cargo na quarta - feira última.”
                      Mas, em 30 de novembro, o mesmo jornal voltava ao assunto, mostrando
                      fatos novos: “Novo Prefeito - Com o título que encima estas linhas, em
                      nossa última edição noticiávamos a nomeação do senhor José Boava para o
                      cargo de Prefeito Municipal desta cidade. Mas, acontece que antes da
                      referida edição ser posta em circulação, ou melhor, no sábado anterior, o
                      senhor José Boava já havia sido demitido do cargo, sendo nomeado para
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                        substituí-lo o senhor Silvio Fasoli, secretário da Prefeitura Municipal. A
                        nomeação desse zeloso funcionário municipal só foi conhecida em nossa
                        cidade na manhã de domingo. Porém o senhor Silvio Fasoli já não é mais o
                        Prefeito, tendo sido novamente nomeado para esse cargo o senhor José
                        Boava, que tomou posse anteontem. Como se vê, numa semana passaram
                        três titulares pela Prefeitura, o que constitui um fato assaz interessante. No
                        pé em que andam as cousas, é bem possível que no próximo número teremos
                        de noticiar a nomeação de um novo Prefeito”.
                        Fonte: Imprensa Oficial de Itatiba - Coluna Espaço Histórico, de 11 de
                        dezembro de 2004 - página 02.


        José Boava permaneceu no cargo de Prefeito Municipal até o dia 31 de dezembro de
1947.


1.6 - Mudança no roteiro: eleição para prefeito.


        Após um período de atividades políticas de base, Erasmo Chrispim surge forte, com o
PTN - Partido Trabalhista Nacional para disputar, pela primeira vez, o cargo de Prefeito. Já na
primeira batalha, em 1947, derrota a Domingos Pretti que, segundo o próprio Erasmo, em
entrevista ao jornal “Cidade de Itatiba” de 29 de julho de 1978, foi o candidato mais leal que
enfrentou.
        Um fato novo chama a atenção nesta eleição. Entre 61 candidatos a uma vaga na
Câmara Municipal aparecia apenas o nome de uma mulher: Iracy Pinto de Oliveira, candidata
mais bem votada dentro do PTB, mas não eleita.


1.6.1 - Eleições de 1947


        Nesse levantamento podemos ter uma visão detalhada dos partidos e dos votos,
inclusive com a composição da Câmara Municipal, mostrando que Erasmo não teria muitas
facilidades para governar. Dentre os vereadores eleitos destaca-se a figura do jornalista
Evaristo Silva como um dos mais fervorosos adversários políticos de Erasmo Chrispim.
        Compareceram para votar nesta eleição 2.765 eleitores que elegeram o Prefeito e uma
Câmara Municipal composta por 13 vereadores.
Votação para Prefeito
Erasmo Chrispim (PTN)                 1.107 votos
Domingos Pretti (UDN)                 1.024 votos
Benedito Silveira Franco (PSP)        558 votos
Nulos                                 26 votos
Brancos                               50 votos
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Legendas
UDN                                  773 votos
PSD                                  721 votos
PTN                                  678 votos
PSP                                  386 votos
PTB                                  113 votos

Totalização de votos apurados        2.689 votos

Composição da Câmara Municipal – por partido
União Democrática Nacional – UDN
Ranulfo Rodrigues Fão              207 votos
Benedito Gonçalves Dutra           163 votos
Romildo Prado                      139 votos
Rafael Ferrari Neto                5 1 votos
Antônio Frare                      43 votos
José Mario Ordine                  32 votos
Partido Social Democrático - PSD
Evaristo Silva                     239 votos
Adelelmo Corradine                 108 votos
Fiovarante Polessi                 81 votos
Partido Trabalhista Nacional - PTN
Pedro Mascagni                     203 votos
Luís Emanuel Bianchi               128 votos
Evilário Frare                     96 votos
Partido Social Progressista - PSP
Benedito de Godoy Camargo          72 votos


       Durante sua primeira gestão, Erasmo Chrispim realiza importantes obras e dota a
cidade de melhoramentos significativos, embelezando-a e investindo na sua infra-estrutura.
As principais realizações no período foram: reajuste do imposto predial e territorial; aumento
de vencimentos dos funcionários; reforma nos baixos do Paço Municipal; remodelação das
avenidas da Saudade, Barão de Itapema e Senador Lacerda Franco; reconstrução da casa de
máquinas destinada ao abastecimento de água para a cidade com a colocação do novo
transformador de 200 KVA; aquisição de caminhão Chevrolet - gigante para os serviços de
conservação das vias públicas e estradas municipais; reforma radical no Matadouro
Municipal; remodelamento do cemitério; completa e radical reforma na bica de água situada
na entrada da cidade; nivelamento e apedregulhamento das estradas intermunicipais, com a
colaboração do Departamento de Estradas de Rodagem - DER; aumento de mais classes no
grupo escolar e, instalação da Escola de Curso Prático Profissional.
29



       Em 1950, a população itatibense era de 17.212 habitantes sendo que somente 3.619
eleitores eram qualificados a votar nas nove seções eleitorais da cidade
       A cidade possuía neste período: 02 grupos escolares sendo um em Itatiba e um no
Distrito de Morungaba, ambos com um total de 1.424 alunos. Uma escola particular com 38
alunos e mais 34 escolas urbanas, 19 escolas isoladas, perfazendo um total de 670 alunos.
       Um dado preocupante é que a cidade de Itatiba tinha, apesar de uma boa rede
educacional, 3.431 crianças em idade escolar, afastadas das escolas.
       Dispunha ainda de dois cursos de alfabetização para adultos, sendo um no Grupo
Escolar Coronel Júlio César e um na Liga da Mocidade Itatibense, com um total de 158
alunos inscritos.
       Na área de saúde a cidade possuía somente de um hospital - a Santa Casa de
Misericórdia de Itatiba/Hospital São Carlos Borromeu - mantida por instituições beneficentes
e um Centro de Saúde mantido pelo estado.
       As informações seguintes nos mostram outros aspectos da cidade na época: numero de
prédios existentes 1.050; edifícios públicos: Prefeitura Municipal, cadeia pública, Grupo
Escolar Coronel Júlio César, Grupo Escolar de Morungaba, Mercado Municipal, Igreja Matriz
de Nossa Senhora do Belém, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja Matriz de
Morungaba, Cine Santa Rosa, Teatro São Joaquim, onde se encontraram instaladas a
Coletoria Federal e Caixa Econômica Estadual e a Casa de Misericórdia.
    Número de ruas – 43; praças – 03; jardins – 02; hotéis - 02: Itatiba e Colina; Imprensa:
“O Progresso de Itatiba”, semanário fundado em 1894 - Diretor-Redator: Romildo Prado;
veículos licenciados: a explosão (motor): 166 e a tração animal: 982.
       Itatiba, dentro do cenário político nacional, sempre esteve na rota dos grandes
comícios. Dificilmente era deixada de lado nas campanhas eleitorais e isso, muito se deve ao
prestígio político de Erasmo Chrispim, homem público que mantinha relacionamentos com a
cúpula de seu partido e com os mandatários do estado e do país.
       E, nesses episódios, muitas dos quais sem dizer uma única palavra ao microfone, sua
presença altiva pairava soberba, ofuscando, muitas vezes, a presença das ilustres
personalidades. A figura 1 ilustra um desses momentos na campanha de Getulio Vargas ao
cargo de presidente e Lucas Nogueira Garcez ao de Governador do Estado. Na foto vemos o
vereador José Boava, Erasmo Chrispim e o Governador Ademar de Barros. Na reportagem,
feita muito tempo depois, aparece erroneamente a indicação da candidatura de Ademar ao
Senado Federal.
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Figura 01: Comício Pró Getulio Vargas com Ademar de Barros




Fonte: Jornal de Itatiba, de 10 de janeiro de 1999


1.6.2 - Eleições presidenciais de outubro de 1950


        As eleições de 3 de outubro de 1950 em Itatiba aconteceram de forma aparentemente
tranqüila, tendo o comparecimento de 3.469 eleitores, dos 4.233 inscritos na comarca. Foram
eleitos: Getúlio Vargas para Presidente da República e Lucas Nogueira Garcez para
Governador do Estado de São Paulo. O jornal “O Progresso de Itatiba” de 8 de outubro de
1958 traz o resultado oficial no município de Itatiba, o qual transcrevemos:
Para Presidente da República
Getúlio Vargas (PSP/PTB)                2040 votos
Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN)          1040 votos
Cristiano Machado (PSD)               241 votos
João Mangabeira                      4 votos

Para Vice – Presidente
Café Filho (PSP)                                1.103 votos
Odilon Braga (UDN)                              970 votos
Vitorino Freire (PSD)                           916 votos
Altino Arantes                                  192 votos

Para Governador do Estado
Hugo Borghi (PTN)                               1.347 votos
Lucas Nogueira Garcez (PSP)                     1.100 votos
Prestes Maia (UDN)                              900 votos
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Para Vice - Governador
Ataliba Nogueira                           1.324 votos
Erlindo Salzano                            1.064 votos
João Gomes Martins Filho                   902 votos
Francisco Giraldes Filho                   4 votos

Para Senador
César Vergueiro                            1.138 votos
Miguel Reale                               1.093 votos
Brasílio Machado Neto                      977 votos
João da Costa Pimenta                      5 votos

Legenda Federal
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro       1.186 votos
UDN – União Democrática Nacional           618 votos
PSD – Partido Social Democrático           449 votos
PTN – Partido Trabalhista Nacional         444 votos
PSP – Partido Social Progressista          398 votos
PST – Partido Social Trabalhista           130 votos
PDC _ Partido Democrata Cristão            24 votos
PRT – Partido Republicano Trabalhista      16 votos
PR – Partido Republicano                   9 votos
PSB – Partido Socialista Brasileiro        5 votos
Votos em branco                            90 votos
Votos nulos                                86 votos

Legenda Estadual
PST – Partido Social Trabalhista           710 votos
PSP – Partido Social Progressista          540 votos
UDN – União Democrática Nacional           503 votos
PTN – Partido Trabalhista Nacional         427 votos
PDC – Partido Democrata Cristão            403 votos
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro       358 votos
PR – Partido Republicano                   100 votos
PRT – Partido Republicano Trabalhista      69 votos
PSB – Partido Socialista Brasileiro        58 votos
PRP – Partido de Representação Popular     49 votos
PL – Partido Libertador                    29 votos
PST – Partido Social Trabalhista           22 votos
PRB – Partido Ruralista Brasileiro         1 voto
Votos em branco                            94 votos
Votos nulos                                92 votos


       Nota-se nos resultados destas eleições o pode político, a influência e a fidelidade de
Erasmo Chrispim e seu eleitorado para com o seu PTN. O partido conquistou praticamente
32



uma quantidade idêntica de votos na legenda estadual – 427 votos e na federal – 444 votos e,
o candidato ao governo estadual pelo partido Hugo Borghi, foi o candidato mais votado na
cidade.
          Nesta eleição dois candidatos itatibenses disputaram cargos maiores: para Deputado
Federal concorreu e foi eleito o industrial Paulo Abreu (PTB), que teve 1.186 votos na cidade
(44,18 % dos votos), sendo o candidato mais votado dentro do seu partido. O jornalista José
Gonçalves Machado, candidato a Deputado Estadual (PSB), com 41 votos, não foi eleito.


1.6.3 - Eleições para prefeito de 1951


          No ano de 1952 assume a prefeitura a figura de Etore Consoline. Pela primeira vez
ocorre a votação para eleição do vice-prefeito. O eleitor podia votar separadamente nos
cargos, não havendo a necessidade de votar na “dobradinha” prefeito/vice. A Câmara
Municipal mantinha-se com 13 vereadores.
          Podemos notar que o PTN, partido capitaneado por Erasmo, não figura nos resultados
das eleições, saindo estrategicamente de cena.
Resultado geral das eleições de 1951
Votação para Prefeito
Etore Consoline (PTB)                       1.713 votos
Benedito Gonçalves Dutra (UDN – PSP)        1.470 votos

Votação para Vice – Prefeito
Pedro Mascagni (PTB)                        1.660 votos
Joaquim Bueno de Campos (UDN – PSP)         1.506 votos

Legendas
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro        721 votos
UDN – União Democrática Nacional            842 votos
PSP – Partido Social Progressista           614 votos

Composição da Câmara Municipal – por partido:
Partido Trabalhista Brasileiro - PTB
José Boava                              502 votos
Adelelmo Corradini                      279 votos
Fioravante Polessi                      129 votos
Luiz Pântano                            122 votos
Rafael Ciarbello                        121 votos
Amadeu Galina                           118 votos
Olivar José da Silva                    116 votos
Luiz Emanuel Bianchi                    63 votos
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União Democrática Nacional - UDN
Sebastião José                                  128 votos
Antonio Mário Machado Filho                     116 votos
Rafael Ferrari Neto                             107 votos
Partido Social Progressista - PSP
Hafiz Abib Chedid                               139 votos
Dr. Ramiro Guimarães                            89 votos
Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, nº 1.771, de 18 de outubro de 1951.


1.6.4 - Estrada de Ferro e Febre Tifóide


       O ano de 1952 registra em Itatiba um fato que deixa enormes seqüelas, principalmente
na sua vida cotidiana: a desativação da Estrada de Ferro Itatibense.
Considerada deficitária por seus administradores, a sua desativação causou um sentimento de
abandono por parte da população itatibense. O artigo transcrito abaixo, publicado
originalmente no jornal “O Estado de São Paulo” e posteriormente no “O Progresso de
Itatiba”, demonstra claramente estes sentimentos:


                         ABANDONA-SE UMA REGIÃO – a pedido
                         Há quinze dias precisamente, trafegou o último trem da Estrada de Ferro
                         Itatibense. Seus proprietários, sob a alegação de que a empresa era
                         deficitária, obtiveram do governo do Estado autorização para interromper,
                         definitivamente, as atividades da Estrada que, então, deixou de existir.
                         A medida já era esperada. Entretanto julgava-se que outra providência do
                         governo viesse amparar a situação, possibilitando a continuidade dos
                         serviços ferroviários da antiga estrada. Assim, ante a completa indiferença
                         dos poderes públicos, a suspensão definitiva do tráfego colocou em situação
                         desesperadora a população rural disseminada ao longo da linha. Os
                         moradores da região servida pela “Itatibense” ficaram completamente
                         isolados, pois que não há estrada de rodagem que atinja os centros mais
                         próximos como Itatiba, Jundiaí ou Louveira. Cuidou-se apenas de acautelar
                         os interesses dos proprietários da pequena via férrea. Não se mediu a
                         extensão dos prejuízos de toda sorte que a supressão do tráfego causou à
                         zona delimitada pelas estações de Louveira e Itatiba.
                         Estão, pois, em situação mais difícil os moradores das estações de Abadia,
                         Luiz Gonzaga, Galvões, Tapera Grande, Itapema e Paracatu. Dessas
                         estações, somente a primeira, que fica a poucos quilômetros de Louveira, e
                         Tapera Grande que tem ligação com a estrada estadual, mesmo assim muito
                         precária, podem com dificuldade, comunicar-se com as cidades próximas.
                         Em Tapera Grande, Itapema, Luiz Gonzaga e Abadia há escolas primárias,
                         mantidas pelo governo do Estado. Com a supressão do tráfego da
                         “Itatibense” estão fechadas essas escolas rurais. As professoras não podem
                         atingir sua unidade por falta de condução. É mais um lado importante da
                         questão que deixou de ser considerada, já não se falando do escoamento da
                         pequena safra de café e outros produtos agrícolas. A extinção da “Itatibense”
                         decretará fatalmente o abandono de uma região.
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Na estação de Luiz Gonzaga, as Irmãs Oblatas de Santa Úrsula, de Jundiaí,
estabeleceram residência com o mais alto dos objetivos, próprios, aliás, de
sua missão: a assistência rural. Uma enfermeira e uma assistente social,
ambas religiosas professoras, prestam inestimáveis serviços às famílias dos
trabalhadores da comunidade, que recorrem ao posto mantido pela Ordem.
Além do ambulatório, as freiras mantêm cursos de alfabetização de adultos e
de corte e costura para moças, organizações essas que seriam ampliadas
brevemente, dentro das possibilidades que a comunidade oferecer e dos
recursos de que dispuserem. Trata-se de uma obra meritória igualmente
ameaçada de paralisação justamente no momento em que a localidade
apresentava os primeiros frutos de sua benfazeja ação. Assim, sujeitando-se
a viver entre os trabalhadores rurais, partilhando de suas dificuldades e
procurando resolver os problemas sociais e peculiares da zona, mediante um
trabalho educativo dos mais sadios, essas religiosas terão que desistir de tão
nobre empresa em conseqüência da suspensão do tráfego, pois
presentemente a sua residência está completamente isolada de qualquer
centro dotado de recursos.
Atualmente, o governo do Estado está emprenhado na melhora das
condições do trabalhador rural; fala-se muito e há contínua propaganda de
aumento de produção; cuida-se dos problemas decorrentes do êxodo da
população do campo; empenham-se os poderes públicos numa grande
campanha de alfabetização. Foi justamente numa época como a presente, em
que se começa a olhar com mais carinho para o trabalhador do campo,
visando a fixação do homem ao solo, que se vibra duro golpe, que virá
destruir o pouco que se tem feito relativamente a esses problemas na zona da
“Itatibense”.
Não será preciso estudo muito profundo para se concluir que chegou o triste
fim da região até então servida pela estrada; supressão de escolas,
fechamento da Casa de Assistência Rural de Luiz Gonzaga, decréscimo da
produção. E para coroar toda série de conseqüências, o êxodo natural e
lógico da população rural.
Segundo informações que obtivemos, grandes interesses ocultos forçaram a
extinção da estrada. Ante a completa ausência de fiscalização por parte do
Departamento competente da Secretaria da Viação, tudo se fez para que os
serviços da empresa se tornassem cada vez mais precários, justificando
assim a medida pleiteada.
Para efeito de estatística, as passagens emitidas de uma estação para outra
não eram carimbadas e, após terem sido recolhidas ao término da viagem,
retornavam ao posto de emissão. Raramente recebia o passageiro o talão
correspondente ao pagamento por falta de bilhete e à respectiva multa.
Segundo ainda a mesma fonte, o governo do Estado subvencionou a estrada
com 600 mil cruzeiros anuais, durante dois exercícios, auxílio esse que ainda
não foi pago.
Como meio de restabelecer a normalidade dos serviços de transporte da
região, sugere-se que o governo estude imediatamente a possibilidade de
fazer correr diariamente duas ‘litorinas’, uma em cada sentido. Duas
locomotivas já foram vendidas, restando, portanto esse tipo de máquina de
tração, movida a motor de explosão. O pequeno volume de carga –
encomendas principalmente – poderá ser movimentado com a junção de um
carro reboque à ‘litorina’. Outros são favoráveis à exploração da estrada de
ferro pela Cia. Paulista, em cuja direção haveria ambiente propício a
entendimentos que se fazem necessários.
Entretanto, qualquer que seja a solução que se pretenda dar ao importante
fato, não admite delongas. É preciso que se faça alguma coisa, antes que os
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                      trilhos e o material rodante da Estrada de Ferro Itatibense sejam vendidos a
                      outras empresas, com campo de ação em outra região.
                      O aproveitamento como estrada de rodagem, do atual leito após a retirada
                      dos trilhos, poderá resolver o problema futuramente, sabido como é que a
                      execução de empreendimento dessa natureza demanda longo tempo.
                      Entretanto, não é solução para o momento.
                      Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, de 7 de setembro de 1952, transcrito
                      do jornal “O Estado de São Paulo”, de 31 de agosto de 1952.


       No ano de 1954 a cidade passa por delicados momentos, acometida que foi por uma
epidemia de Febre Tifóide. A epidemia atingiu 966 pessoas, com muitas mortes. A água
fornecida na cidade causou, devido a contaminação e ao não tratamento, uma grave e
preocupante epidemia na cidade que, graças a atitudes emergenciais e vigorosas, pode ser
debelada. A água da cidade era fornecida por captação do manancial do “Alto do Peroba”.


                      ... A população da época também utilizava água retirada de poços e bebia a
                      água famosa da ‘Biquinha’, tão boa que se lhe dava a propriedade de prender
                      a Itatiba aqueles que a bebessem, pela sua frescura e limpidez.
                      Fonte: Almanaque de Itatiba para 1916 – tópico História de Itatiba.

       No domingo, 26 de setembro de 1954, quando os olhos e ouvidos estavam ligados nas
eleições que aconteceriam em 3 de outubro, o Centro de Saúde estampa no jornal “A Tribuna”
importante comunicado:


                      CENTRO DE SAÚDE DE ITATIBA
                      COMUNICADO - FEBRE TIFÓIDE
                      Comunico ao povo de Itatiba a existência nesta cidade de vários casos de
                      Febre Tifóide.
                      Como se trata de doença grave, altamente contagiosa e de rara incidência
                      nesta cidade, chamo a atenção e convido o povo a colaborar no combate a
                      esse surto epidêmico, recebendo os Fiscais Sanitários desta Unidade
                      Sanitária que irão fazer a vacinação intensa contra a Febre Tifóide, bem
                      como a manterem limpos os seus quintais, destruir as moscas comuns, não
                      usar legumes ou saladas de verduras cruas, ferver o leite e beber só água
                      filtrada.
                      Itatiba, 24 de setembro de 1954.
                      Dr. José Fachardo Junqueira - Médico Chefe
                      Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 26 de setembro de 1954.

       Tentando debelar a doença, aconteceu no ano de 1954, vacinação em massa contra o
tifo. A cidade vivia um drama e deveria ainda escolher o seu destino e os seus mandatários.
Um pouco mais desse fato podemos conhecer nas páginas do Jornal “A Tribuna”, de setembro
de 1954.
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                       ... Com o decorrer dos dias, vai se desfazendo o pavor de que foi tomada a
                       nossa população, com o surto epidêmico de febre tifóide em Itatiba, pois,
                       estão sendo tomadas todas as medidas para debelar o flagelo.
                       Ao que se propala, o número de casos positivos é superior a 100. Muitos
                       doentes foram transportados para isolamentos em Campinas e São Paulo, em
                       ambulâncias do Departamento Médico do Estado. Outros deverão ser
                       internados na Santa Casa local, requisitada pelas autoridades sanitárias.
                       Até as 24 horas de anteontem, foram vacinadas 5.897 pessoas, em 1ª dose. O
                       Centro de Saúde local está atendendo as pessoas que desejam vacinar-se.
                       Outras medidas preventivas estão sendo tomadas, tudo indicando que a
                       moléstia não encontrará campo para propagar-se...
                       Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 26 de setembro de 1954.

                       Comunicam-nos da Diretoria da Santa Casa de Misericórdia:
                       Em face do surto epidêmico de febre tifóide, que se verifica nesta cidade, o
                       Departamento de Saúde Pública do Estado de São Paulo requisitou o hospital
                       da Santa Casa de Misericórdia local, para o pronto tratamento dos enfermos.
                       Para tanto, as autoridades estão providenciando medicamentos e tudo que for
                       preciso a fim de que nada falte ao hospital e aos doentes.
                       Digno de louvor o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos médicos desta
                       e das cidades vizinhas, enfermeiros, farmacêuticos, funcionários do Centro
                       de Saúde, médicos e enfermeiros do Departamento Médico do Estado e,
                       enfim, todos os que estão trabalhando no sentido de por um dique ao surto
                       epidêmico de febre tifóide. Graças a essas pessoas, a terrível moléstia não se
                       propagou em maior escala.
                       Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 30 de setembro de 1954.




1.6.5 - Eleição de Jânio Quadros


       Nessas eleições de 1954 tivemos a participação efetiva de candidatos diretamente
ligados a Itatiba, casos do candidato Deputados Federal pelo PST – Partido Social
Trabalhista, Luiz Emanuel Bianchi que obteve 717 votos e do suplente de senador na chapa
de Auro de Moura Andrade, o já deputado Paulo Abreu, cuja votação do titular em todo
estado foi de 551.549 votos. Jânio foi eleito governador com 660.264 votos contra 641.960
votos de Ademar de Barros. Prestes Maia ficou em terceiro lugar com 492.518 votos. Estas
informações foram recolhidas nas páginas do jornal “O Progresso de Itatiba”, de 24 de
outubro de 1954.


1.6.6 - Eleições de 1955


       Vivendo ainda sob o medo da epidemia de febre tifóide, a cidade espera por mais uma
eleição que se aproxima. Mais morno que os demais pleitos, consideração aceitável até pela
fragilidade emocional que residia junto aos itatibenses, deflagra-se nova campanha, tendo
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como candidatos o ex-prefeito Erasmo Chrispim, o tabelião e atual vice-prefeito Pedro
Mascagni (PTB – PSP) e o jornalista Romildo Prado (UDN), proprietário do jornal “A
Tribuna”, fundado em 28 de dezembro de 1952.
       Erasmo Chrispim vence seus adversários de forma até tranqüila, com uma margem de
182 votos.
       Na eleição, realizada em outubro de 1955, aconteceu também a escolha para a
Presidência da República. Em Itatiba houve a seguinte apuração:


Resultado das eleições - Presidente da República (Itatiba/1955):
Juarez da Távora (UDN)                       1.533 votos
Ademar de Barros (PSP)                       1.471 votos
Plínio Salgado (PRP)                         702 votos
Juscelino Kubitschek (PSD - PTB)             484 votos

Resultado das eleições: Vice-Presidente da República (Itatiba/1955):
Milton Campos                                1.565 votos
João Goulart                                 1.173 votos
Danton Coelho                                966 votos


       O candidato vitorioso nas eleições nacionais, Juscelino Kubitschek de Oliveira obteve,
em Itatiba, o pior resultado entre os candidatos.


Resultado geral das eleições de 1955 – Prefeito Municipal
Erasmo Chrispim (PTN)                         1.867 votos
Pedro Mascagni (PTB – PSP)                    1.685 votos
Romildo Prado (UDN)                           742 votos


       Na apuração dos resultados, o cargo de vice-prefeito foi preenchido pelo candidato da
coligação PTB-PSP, Professor Luís Pântano. Nesta época também se podia votar
separadamente nos candidatos a prefeito e a vice. Da mesma forma era a votação para
Presidente da República.
Votação para vice - prefeito
Luiz Pântano (PTB - PSP)                     1.491 Votos
Sebastião José (UDN)                         1.308 votos
Atílio Lanfranchi (PTN)                      1.299 votos

Legendas
PRP - Partido Republicano Paulista           568 votos
PSP - Partido Social Progressista            560 votos
PTB - Partido Trabalhista Brasileiro         1202 votos
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UDN - União Democrática Nacional               863 votos
PTN - Partido Trabalhista Nacional             766 votos

Composição da Câmara municipal - por partido
Partido Republicano Paulista – PRP
Fernando A Ramos de Mello                205 votos
Roberto Milanez                          156 votos
Partido Social Progressista - PSP
Hafiz Abi Chedid                         191 votos
José de Camargo Neto                     124 votos
Partido Trabalhista Brasileiro - PTB
Fioravante Polessi                       140 votos
José Ribas                               193 votos
Aloísio Vieira Sanfins Boava             185 votos
Perdoacil Correia Dias                   125 votos

União Democrática Nacional - UDN
Francisco de Assis Bezana                       125 votos
Ranulfo Rodrigues Fão                           124 votos
Rafael Ferrari Neto                             110 votos
Partido Trabalhista Nacional - PTN
Rafael Ciarbello                                345 votos
Benedito Campos Pupo                            104 votos
Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, nº 2.034, de 09 de outubro de 1955


1.6.7 - 1957: Festa do Centenário


       Itatiba, ou melhor, Belém de Jundiaí, emancipada no ano de 1857 comemora em 1957
o seu ‘Centenário’ e o festeja com grandes eventos.
       Os acontecimentos foram muitos e a programação dos festejos precisou da
colaboração de muitos itatibenses, engajados na preparação e desenvolvimento em todas as
festividades que destacamos: Baile e concurso da Coroação da Rainha do Centenário com a
presença da Orquestra de Sylvio Mazzuca. O baile foi realizado nas dependências do Cine
Marajoara, havendo a necessidade de uma grande mudança do cenário com a retirada de todas
as cadeiras que eram fixadas ao chão. Aparecida Dutra eleita Rainha do Centenário, derrotou
várias concorrentes e obteve 18.339 votos. Também foram realizados bailes populares em
vários clubes da cidade.
       Aconteceram também: concertos da Corporação Musical Santa Cecília, do Conjunto
de Harmônicas “Guararema”, de Jundiaí; concurso Marcha do Centenário; confecção de
flâmulas; conferência com o Dr. Luiz de Gama e Silva, Congresso Eucarístico; corrida
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ciclística e pedestre; desfile de modas infantil; exposição de telas de João Teixeira Araújo –
pintor itatibense, além de programação especial na Praça da Bandeira e Festival Infantil no
campo do Itatiba Esporte Clube. Houve também a inauguração do Posto de Puericultura,
Missa Campal Solene – na Praça da Bandeira, Noite lítero-musical com Luiz Emanuel
Bianchi – palestrante e Maria Antonieta Degani – pianista, palestra com Cornélio Pires –
“Nossa terra e nossa gente” e com o Professor André Mendonça de Queiroz Telles; Retreta da
Banda União dos Artistas de Itu, do 8º B.C. da Força Pública de Campinas, além de sessões
especiais de cinemas no Cine Marajoara e no Cine Santa Rosa, show com artistas da Rádio
Record e a destinação de verba para formação de uma escola de samba que recebeu o nome de
Escola de Samba João Pedro de Campos.

Figura 02 - Erasmo e Aparecida Dutra – Rainha do Centenário




Acervo: Família Chrispim
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1.6.8 - Estação de Tratamento de Água e Esgoto.


          Grande melhoria para a vida da cidade de Itatiba foi a inauguração da primeira ETA -
Estação de Tratamento de Água, trazendo uma maior qualidade de vida para a população
itatibense. Podemos dizer que, se não foi a melhor obra feita em suas gestões, foi a mais
significativa.
          Essa estação de tratamento foi utilizada posteriormente pelo SAAE – Serviço
Autônomo de Água e Esgoto de Itatiba, criado e gerido na gestão de Erasmo Chrispim em
1969 por meio da lei 901, autarquia municipal encarregada dos sistemas de abastecimento de
água potável e esgotos sanitários. O serviço foi administrado pela Prefeitura Municipal até
1980.
          No ano de 1980, na gestão do Prefeito Engenheiro Roberto Arantes Lanhoso e através
da Lei Municipal de nº 1.508, toda estrutura é passada à SABESP – Companhia de
Abastecimento do Estado de São Paulo, que gerencia o abastecimento de água até os dias
atuais.


1.6.9 - Primeiro Código Tributário Municipal.


          Antes desse código a legislação tributária da cidade era dispersa e parcialmente
incompatível com a Constituição Federal. Essa reformulação adaptou a legislação às
necessidades da comunidade.


1.6.10 - Eleições de 1958


          Havia um clima de euforia para as eleições de 1958, com a candidatura de Carvalho
Pinto, “que já desfrutava de grande estima e simpatia em nossa terra”, pois era proprietário de
área agrícola nos arredores do município. Além do já consagrado prestigio do candidato
Ademar de Barros. Outro destaque desta eleição foi a candidatura para deputado estadual de
Roberto Arantes Lanhoso.
          O jornal “A Tribuna” de 4 de setembro de 1958 anunciava um grande comício na
Praça da Bandeira, com a presença do governador Jânio Quadros e a do candidato Carvalho
Pinto. O evento foi organizado pelo comitê Carvalho Pinto de Itatiba, que tinha como
presidente de honra Erasmo Chrispim.
41



Figura 03: Comício com Jânio e Carvalho Pinto




Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 9 de outubro de 1958 – acervo: Museu Padre Lima - Itatiba


       Como nunca se havia visto, Itatiba dá um demonstração de civismo, comparecendo em
massa para as eleições de 3 de outubro, tendo uma abstenção de apenas 1,5% dos votos
válidos. Dos 5.696 eleitores inscritos, 5.608 votaram, constituindo-se, naquela época, o maior
percentual de votação na história política da cidade.
    Um fato interessante e digno de registro é a votação obtida pelo candidato itatibense
Roberto Arantes Lanhoso – UDN, que recebe 2.470 votos do eleitorado, 153 a mais do que
Ademar de Barros, o mais votado para o cargo de Governador. Lanhoso conquistou nesta
eleição 44,04% dos votos para deputado. Onze anos mais tarde Roberto Arantes Lanhoso,
apoiado por Erasmo Chrispim, se elege Prefeito de Itatiba.
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Figura 04: Propaganda de Roberto Lanhoso




Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 9 de outubro de 1958 – acervo: Museu Padre Lima - Itatiba


       Figuram também na planilha final de votação alguns nomes de destaque nacional e
que mereceram votos dos itatibenses, tais como: Ulisses Guimarães (72 votos), Ranieri
Mazzilli (54 votos) e Cunha Bueno (45 votos) pela coligação PSP/PSD/PRT; Menotti Del
Picchia (70 votos), Ivete Vargas (53 votos) e Leônidas Cardoso (8 votos) pelo PTB; André
Franco Montoro (4 votos) e Sólon Borges dos Reis (8 votos) pelo PDC e, Severino Cavalcanti
(10 votos) e Roberto de Abreu Sodré (5 votos) pela UDN.
Resultado geral das eleições de 1958
Para Governador
Adhemar de Barros                             2.317 votos
Carvalho Pinto                                2.196 votos
Auro de Moura Andrade                         957 votos

Para Vice-Governador
Porfírio da Paz                               1.961 votos
Padre Geraldo Costa                           1.360 votos
Queiroz Filho                                 860 votos
Cid Franco                                    856 votos

Para Senador
Frota Moreira                                 2.032 votos
Padre Calazans                                1.802 votos
Anísio Moreira                                547 votos
Castilho Cabral                               399 votos
43



Para Suplente de Senador
Arthur Audrá                               1.929 votos
Francisco Glicério                         927 votos
Nério Moreira Costa                        545 votos
Foch Simão                                 234 votos

Legendas Federais
PSP – PSD – PRT                            2.117 votos
UDN                                        917 votos
PSB – PTN                                  817 votos
PST                                        492 votos
PR                                         320 votos
PTB                                        234 votos
PDC                                        178 votos
PRP                                        65 votos
Legendas Estaduais
UDN                                        2.065 votos
PSP                                        808 votos
PTN                                        588 votos
PRT                                        299 votos
PR                                         232 votos
PDC                                        228 votos
PTB                                        142 votos
PSB                                        105 votos
PSD                                        97 votos
PRP                                        80 votos
PL                                         49 votos

Candidatos mais votados - Deputado Federal
Hugo Borghi (PSP – PSD – PRT)              909 votos
Herbert Levy (UDN)                         832 votos
José Henrique Turner (PSB – PTN)           364 votos
Ortiz Monteiro (PST)                       375 votos
Derville Alegretti (PR)                    242 votos
Nelson Omegna (PTB)                        77 votos
Plínio Cavalcanti (PDC)                    123 votos
Loureiro Júnior (PRP)                      35 votos

Candidatos mais votados - Deputado Estadual:
Roberto Arantes Lanhoso (UDN)             2.470 votos
Diogo Bastos (PSP)                        525 votos
Alfredo Farhat (PTN)                      196 votos
Augusto do Amaral (PRT)                   109 votos
Homem de Mello (PR)                       136 votos
José A. Castelo Branco (PDC)              52 votos
Benedito Matarazzo (PTB)                  84 votos
44



Cunha Ferraz (PTB)                             62 votos
Juvenal Rodrigues de Moraes (PSD)              33 votos
Bruno Filho (PRP)                              30 votos
Theodoro N. Salgado (PL)                       16 votos
Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 9 de outubro de 1958.


1.6.11 - Eleições de 1959


       Na eleição de 1959, como fez em todas as eleições anteriores, Erasmo se retira de cena
com o “seu” PTN, apesar do aparente prestigio nacional que o partido tinha em finais de 1950
e início de 1960. Os vereadores Rafael Ciarbello e João Dias da Silva, anteriormente no PTN,
se candidatam pelo inexpressivo PST - Partido Social Trabalhista e são eleitos.
Resultado geral das eleições de 1959
Para Prefeito
Pedro Mascagni (PSP)                          3.070 votos
Dr. Carlos A. Pitombo (UDN – PSB)             2.112 votos
Prof. Luiz Pântano (PTB)                      617 votos

Para vice-prefeito
Otalibe Pellizzer (PSP)                       2.533 votos
Dr. Roberto Arantes Lanhoso (UDN)             1.279 votos
José Costa (PTB)                              646 votos
Fioravante Polessi (PSB)                      552 votos
Francisco Bartholomeu (PDC)                   512 votos

Legendas
Partido Social Progressista – PSP             1.601 votos
União Democrática Nacional – UDN              1.247 votos
Partido Republicano Trabalhista – PRT         831 votos
Partido Trabalhista Brasileiro – PTB          702 votos
Partido Social Trabalhista – PST              680 votos
Partido Democrata Cristão – PDC               439 votos
Partido Socialista Brasileiro – PSB           253 votos

Composição da Câmara Municipal – por partido
Partido Social Progressista – PSP
Deusdedith Rodrigues de Almeida         542 votos
Lúcio Roque Flaiban                     319 votos
Roberto Leoni                           187 votos
Olivar José da Silva                    129 votos
União Democrática Nacional – UDN
Dr. Romeu Bueno de Aguiar               208 votos
José Mattiuzzo                          141 votos
Rafael Ferrari Neto                     138 votos
45



Partido Republicano Trabalhista – PRT
Miguel Calmon Du Pin Oliveira                  131 votos
Osmildo Tescarollo                             110 votos
Partido Trabalhista Brasileiro – PTB
José Boava                                     193 votos
Dr. Afrânio Pires da Silveira                  176 votos
Partido Social Trabalhista – PST
Rafael Ciarbello                               311 votos
João Dias da Silva                             120 votos
Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 08 de outubro de 1959.


       No final de seu mandato, atendendo a uma reivindicação de Erasmo Chrispim, o
Governador Carvalho Pinto criou, em 16 de dezembro de 1959, o terceiro Grupo Escolar de
Itatiba. A escola iniciou as suas atividades no primeiro dia de fevereiro de 1960 e, em 1962,
oficializava o nome de seu patrono: Coronel Francisco Rodrigues Barbosa – “Chico Peroba”.
       Em 1960, Itatiba tinha uma população de 20.892 habitantes.


Figura 05: Carreata da Vitória




Acervo: Museu Padre Lima – Itatiba
46



       Na figura 05, flagrante da carreata da vitória, na eleição de Pedro Mascagni e Otalibe
Pellizzer. Em primeiro plano, de braços abertos, o ex-prefeito Ettore Consoline
    Em janeiro de 1960 assume a chefia do executivo o tabelião Pedro Mascagni, prefeito
eleito, e o seu vice, Otalibe Pellizzer. Apesar de uma eleição ganha com mais de 800 votos de
diferença, a gestão Mascagni/Pellizzer não foi uma tarefa das mais fáceis.
       Durante todo o mandato, Mascagni teve opositores ferrenhos, tanto dentro da Câmara
Municipal, quanto na imprensa local, sendo seus atos seguidos de perto pelas páginas do
jornal “A Tribuna”, através do colunista Evaristo Silva, também opositor de Erasmo
Chrispim.
       Um dos episódios mais duros e talvez a maior derrota de Mascagni foi a chamada “Lei
dos Meios”.
       Quando da campanha eleitoral o candidato a prefeito proclamou que não aumentaria o
IPTU – imposto predial e territorial urbano – em sua gestão. Um dos seus primeiros atos, após
a vitória, foi reajustar em 100% esses mesmos impostos.
       A população, aliada aos vereadores de oposição e à imprensa local conseguiu a
aprovação de uma lei popular com a redução de 50% dos valores reajustados. Houve até
vereador que foi surpreendido escondido no forro de casas, diante de impressionante
mobilização da sociedade. No auge dos discursos, à noite, em plena Praça da Bandeira, João
Rabechi, industrial e grande orador com espírito e senso de humor, já no clima acalorado pelo
uso do vinho exclamou: “... Nesta noite ensolarada! Ensolarada para nós, mas negra para
eles...”, foi ovacionado pelo povo que saiu vitorioso.


1.6.12 - Eleição presidencial de 1960


       As eleições de 3 de outubro de 1960 deram a vitória ao candidato Jânio Quadros
(PTN/PDC). Com um discurso enfatizado no combate a corrupção, usava como símbolo de
sua campanha a vassoura e o jingle “varre, varre vassourinha...”, que se tornou um hit no
momento. Os quatro partidos que apoiavam Jânio, representando 30 por cento do eleitorado,
arrebataram quase 6 milhões de votos, enquanto os dois maiores partidos do Brasil (PSD e
PTB), apoiando o Marechal Henrique Teixeira Lott, não conseguiram sequer 2 milhões.
Contribuíram para isso o prestígio individual de Jânio e um estratagema usado por ele.
Apoiava formalmente seu companheiro a vice, Milton Campos e incentivava uma campanha
anônima e apartidária que se desenvolvia pelo país, fazendo publicidade da dobradinha Jan-
Jan (Jânio-Jango), permitida pela legislação de se poder votar em candidatos de partidos
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A história e a política do prefeito Erasmo Chrispim

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Comunicações e Artes Fabio Eduardo Chrispim Marin A História e a Política do Prefeito ERASMO CHRISPIM São Paulo Dezembro de 2009
  • 2. 2 FABIO EDUARDO CHRISPIM MARIN A História e a Política do Prefeito ERASMO CHRISPIM Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento parcial às exigências do Curso de Especialização, para obtenção do título de Especialista em Marketing Político e Propaganda Eleitoral, sob a orientação do Prof. Dra. Mariângela Haswani. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Comunicações e Artes São Paulo Dezembro de 2009
  • 3. 3 Agradecimentos: As pessoas que confiaram e acreditaram no meu trabalho: Minha irmã Maria Denise Chrispim Marin E o amigo Paulo Henrique Degani, Pela paciência, atenção e dedicação.
  • 4. 4 "Ainda podemos ver nas ruas da cidade um dinossauro da elite caminhando sem envergar os ombros". Prof.ª Terezinha Rangel Barbosa sobre Erasmo Chrispim
  • 5. 5 Resumo A presente monografia traz o estudo da imagem singular de um político cuja carreira circunscreveu-se à cidade de Itatiba, no interior de São Paulo, e mesclou-se com a história local por cinco décadas. A pesquisa abrangeu o período entre o final do século XIX aos anos 70, quando o Prefeito Erasmo Chrispim encerrou sua vida política marcada pela vitória nas eleições municipais das quais participou. Homem público por vocação, membro de um partido de pequena expressão, filho e neto de coronéis do café, o “Barão”, como era chamado, construiu um perfil de independência aos grupos econômicos e de aliança ao setor operário. Sua popularidade alimentava sua rebeldia.
  • 6. 6 Abstract This monograph is based on the study about a rare image of a politician whose career was limited to the city of Itatiba, State of São Paulo, and has mixed up with local history for five decades. The research covered the end of the 19th century to the 1970s, when the Mayor Erasmo Chrispim finished a political life differentiated by his victory in all municipal elections in which he participated. Public man by vocation, member of a small party and heir of a landlord´s family, the “Baron”, as he was known, has built an image as politician independent from economic groups and allied to the workers. His rebelliousness was stimulated by his popularity.
  • 7. 7 Sumário RESUMO i ABSTRAT ii LISTA DE FIGURAS 11 INTRODUÇÃO 13 CAPÍTULO 1 O CENÁRIO 20 1.1 A República e o tempo dos Coronéis 20 1.2 Emancipação de Itatiba – Novos personagens 22 1.3 A crise do café e a revolução de 30 23 1.4 A Revolução Constitucionalista de 1932 24 1.4.1 Itatiba na revolução 24 1.5 1936: Erasmo Chrispim surge na política 26 1.5.1 Erasmo Chrispim nomeado prefeito 28 1.5.2 Os quatro Prefeitos do ano de 1947 28 1.6 Mudança no roteiro: Eleição para prefeito 29 1.6.1 Eleições de 1947 29 1.6.2 Eleições presidenciais de outubro de 1950 32 1.6.3 Eleições de 1951 34 1.6.4 Estrada de Ferro e Febre Tifóide 35 1.6.5 Eleição de Jânio 38 1.6.6 Eleições de 1955 38 1.6.7 1957: Festa do Centenário 40 1.6.8 Estação de Tratamento de Água e Esgoto 42 1.6.9 Primeiro Código Tributário Municipal 42 1.6.10 Eleições de 1958 42 1.6.11 Eleições de 1959 46 1.6.12 Eleição presidencial de 1960 48 1.6.13 Segunda eleição de Ademar de Barros 1962 49 1.6.14 Eleições de 1963 50 1.6.15 Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba 52 1.6.16 Nova subestação da CPFL 57 1.6.17 Eleições de 1968 58
  • 8. 8 CAPÍTULO 2 O PROTAGONISTA 2.1 As origens da família Chrispim em Itatiba 60 2.2 O Personagem: Erasmo Chrispim político 67 2.3 Principais obras 68 2.4 A Política 72 2.5 Revólver: grande paixão, arma política 83 2.6 O Partido Trabalhista Nacional de Erasmo Chrispim 85 2.6.1 Eleição de 1963 – A mais disputada 92 2.6.2 Rebeldia, Poder e Prestigio 97 CONCLUSÃO 101 ANEXOS E HOMENAGENS 103 REFERÊNCIAS 105 PERIÓDICOS 106 DIGITAIS 106 IMAGEM E SOM 107
  • 9. 9 Lista de Figuras Figura 1. Comício Pró Getulio Vargas com Ademar de Barros Figura 2. Erasmo e Aparecida Dutra – Rainha do Centenário de Itatiba Figura 3. Comício com Jânio e Carvalho Pinto Figura 4. Propaganda de Roberto Lanhoso. Figura 5. Chegada na Prefeitura para a posse Figura 6. Manifestação estudantil e popular pela instalação da FEI Figura 7. Prédio onde foi instalada a FEI de Itatiba Figura 8. Instalação da subestação da CPFL Figura 9. Família Chrispim no início do Século XX Figura 10. Centro Recreativo Itatibense Figura 11. Erasmo Chrispim com 18 anos Figura 12. Família Chrispim em 1958 Figura 13. Palacete Chrispim como Clube XV de Novembro, na década de 40 Figura 14. Inauguração da FEIMOC com o Ministro Gama e Silva Figura 15. Reunião social e política na residência da família Cesarini Figura 16. Reunião política Figura 17. Rafael Ciarbello discursando no coreto da praça na vitória das eleições de 1963 Figura 18. Comício de campanha sobre o caminhão Figura 19. Comício de Erasmo Chrispim no coreto da Praça da Bandeira Figura 20. Folheto distribuído por um amigo Figura 21. Letra de música Figura 22. Folheto de propaganda da eleição Figura 23. Secção livre feita por correligionário Figura 24. Jornal “O Progresso de Itatiba” Figura 25. Visita do Governador Jânio Quadros à família Bredariol Figura 26. Convite público para a festa da vitória Figura 27. Visita do Governador Carvalho Pinto Figura 28. Comemoração antecipada de eleitores do Dr. Afrânio Figura 29. Noticia da “A Tribuna” Figura 30. A Pedidos Figura 31. Erasmo com Orestes Quércia Figura 32. Erasmo com o Deputado Hebert Levy
  • 10. 10 Figura 33. Festa da posse em 1963 – chegadas ao coreto Figura 34. Inauguração do busto de Erasmo Chrispim Figura 35. Sócio Benemérito do “Itatiba E.C.” Figura 36. Presidente Honorário do “Operários F.C”
  • 11. 11 Introdução O período compreendido para esta pesquisa em que o Prefeito Erasmo Chrispim disputou e venceu eleições em Itatiba, estado de São Paulo, começa no final do Século XIX, entra no século XX com passagens pela década de 30 e termina nos anos 70. Nesse período Itatiba e o Brasil passaram por revoluções, redemocratização, uma guerra mundial, ditaduras, golpes de estado, a crise do café e a quebra da Bolsa de Valores. Erasmo Chrispim ou o “Barão”, como acabou conhecido na cidade, foi o homem público que em seus 86 anos de vida, construiu uma trajetória política que se confundiu com a história de Itatiba durante cinco décadas. Ao longo de sua carreira política, Erasmo Chrispim conseguiu construir uma imagem política singular. Filho e neto de coronéis do café tornou-se popular nos meios operários e entre os trabalhadores rurais. Paralelamente manteve os traços de personalidade que o levaram a ser chamado de “Barão” por amigos e pelo seu eleitorado. Costumava repetir que suas campanhas eleitorais eram sempre lançadas em casas de operários das antigas indústrias têxteis da cidade. Outra marca constante em sua trajetória foi sua independência política. Membro de um partido pequeno, o PTN, orgulhava-se de jamais ter se prendido a compromissos com grupos ou partidos que detinham o poder. Sua popularidade alimentava essa rebeldia. Como contava com o apoio do seu eleitorado, argumentava que não teria problemas em “criar casos” com os poderosos de então. Erasmo Chrispim, entretanto, não era unanimidade em Itatiba. Em todos os seus mandatos, sempre enfrentou a oposição da maioria dos vereadores e da imprensa local, que omitia nas noticias sobre a sua administração a citação de seu nome. Nesse período o nome de Erasmo Chrispim somente saia em atos oficiais da Prefeitura de Itatiba que a imprensa era obrigada a publicar. O interesse pela história de Erasmo Chrispim deu-se inicialmente pelo carinho e admiração, característica pessoal de um neto que acompanhou e viveu junto a ele por mais de 30 anos. Muitas das histórias aqui narradas foram compartilhadas em momentos de convívio familiar e presenciadas pessoalmente. No final da década de 70, fazia parte de um grupo de jovens que acreditava que poderiam fazer historia. Fundamos o Bloco Carnavalesco “Demônios Acadêmicos da Benjamin”, um bloco “vai quem quer” sem muitas regras, inspirado na música “Plataforma” de João Bosco. As reuniões boemias que eram constantemente realizadas terminavam, invariavelmente, em serenatas. Além da música e do carnaval o grupo se interessou pela
  • 12. 12 cultura e pela história da cidade. Um projeto ousado foi iniciado com a gravação de uma série de entrevistas com personalidades da história de Itatiba. A proposta era de se criar o Museu da Imagem e do Som de Itatiba e o primeiro personagem a ser entrevistado foi o prefeito Erasmo Chrispim. Tive a felicidade de participar como convidado dessa primeira e histórica entrevista e, muitas das histórias contadas por Erasmo fazem parte deste estudo. Esta entrevista faz parte do acervo da associação Pró-Memória de Itatiba. Outra entrevista usada neste estudo foi gravada com um grupo de funcionários públicos que trabalharam na Prefeitura de Itatiba na época do Prefeito Erasmo Chrispim. Esta última entrevista foi feita mediante a utilização de um gravador, na Prefeitura Municipal de Itatiba, por ocasião das festividades do centenário de nascimento de Erasmo. O acervo das fitas pertence ao Museu Histórico Municipal Padre Francisco de Paula Lima de Itatiba. Além destas fitas o museu de Itatiba forneceu através de seu arquivo muitas das informações, documentos e jornais para esta pesquisa. Muitas das pesquisas deste estudo foram feitas através dos jornais de época como: A Reacção (1909-1940), O Progresso de Itatiba (1943-1961), A Tribuna (1952-1980), Jornal de Itatiba – Diário (1972-2010) e o Almanaque de Itatiba para 1916 publicado pela tipografia do Jornal “A Reacção” dentre muitos outros. Todos estes jornais fazem parte do acervo do Museu Histórico Municipal Padre Francisco de Paula Lima de Itatiba. Todos estes periódicos tinham forte influência sobre a comunidade e eram as principais fontes de informação da população. Mas, uma boa parte dos relatos deste estudo faz parte da história oral de Itatiba. As fontes, além das palavras e atos de Prefeito Erasmo Chrispim, foram pessoas que conviveram e vivenciaram os fatos aqui narrados e, a validade dessas fontes se confirmou e se consolidou na história de Itatiba. Uma das histórias orais aqui narradas é sobre a doação do sino da Igreja Matriz feita pelo filho do Coronel Camilo Pires, Tomé Pires de Ávila Neto. Este relato do sino assim como muitos outros são contados através das gerações e que, mesmo com intensa procura nos anais da história de Itatiba, não encontramos nenhuma linha que possa desvendar ou elucidar a sua veracidade. Mas, o que o povo conta: é, foi ou será. Outra fonte de pesquisa foi o uso de fotos como perspectiva da época. Tanto a família quanto o Museu Municipal dispõem de um grande acervo de fotografias e documentos. Através dessas fontes reconstruiu-se a história e elucidaram-se as dúvidas. Utilizo neste trabalho 36 imagens entre fotos, documentos e recortes de jornais que veicularam matéria de interesse. É sobre a história política itatibense que começa o capitulo 1 desta monografia. Como em um filme mostro o cenário da política itatibense: A República e o tempo dos Coronéis.
  • 13. 13 Nesta introdução procuro descrever como era a política na cidade no final do século XIX e início do século XX, dominada pelos coronéis do café e pelo PRP - Partido Republicano Paulista. O capítulo 1 vai até finais da década de 60 e início de 70 quando Erasmo Chrispim termina o seu último mandato e faz o seu sucessor. Descrevo e faço uma análise das mais importantes eleições realizadas no município, a partir da primeira eleição de Erasmo Chrispim em 1947, inclusive as eleições presidenciais, para o Senado e para as Câmaras dos Deputados e Assembléias Legislativas. Também há a citação e a votação em Itatiba de todos os principais partidos brasileiros após a redemocratização do Brasil em 1945 e os principais candidatos a deputados representando a cidade de Itatiba. A última eleição descrita neste trabalho é a eleição municipal de 1968. Desde a emancipação política da cidade (1857) até a crise do café (1929) surgem novos personagens políticos e a ascensão financeira dos imigrantes, em sua maioria italianos. Foram momentos marcantes na história política de Itatiba, pois a cidade era grande produtora de café, tendo inclusive uma estrada de ferro particular para atender a demanda das exportações desse produto agrícola. Esta ligação econômica com o café fez Itatiba ser atuante na Revolução Constitucionalista de 1932, onde vários personagens de nossa história estiveram presentes no campo de batalha. Esta Revolução mereceu também uma breve atenção neste trabalho. Em 1936, Erasmo Chrispim surge na política, vence a sua primeira eleição como vereador e logo em seguida é nomeado Prefeito de Itatiba. Após governar a cidade por um breve período de turbulência nacional e, também, por causa da ditadura Vargas, renuncia. É nomeado interventor e renuncia novamente. Neste período da Era Vargas há uma grande alternância de Prefeitos em Itatiba, chegando a ser quatro somente no ano de 1947. E é nesse ano que há uma mudança no roteiro com as primeiras eleições diretas para prefeito. Também destaco vários fatos históricos marcantes como a desativação da Estrada de Ferro (1952), a Febre Tifóide (1954), a festa de Centenário de Emancipação Política Administrativa de Itatiba (1957), a inauguração da Estação de Tratamento de Água e Esgoto (1951), o primeiro Código Tributário Municipal e a instalação da Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba 1968, obra que, sem dúvida alguma, foi o marco da administração do Prefeito Erasmo Chrispim. No capítulo 2, O PROTAGONISTA, descrevo a trajetória da Família Chrispim, desde a sua origem, passando pelas grandes conquistas e vitórias de Erasmo Chrispim até o início da década de 70.
  • 14. 14 Dentro da origem da família trago um estudo realizado pelo médico e genealogista Dr. Marcos Rodrigues Chaves, por ocasião do “Centenário de Nascimento do Prefeito Erasmo Chrispim, em abril de 2001. Neste estudo ele chegou à conclusão que a Família Chrispim originalmente é Silveira Franco e que descendem de Chrispim da Silveira Franco e das velhas estirpes paulistas que remontam ao povoamento da Capitania de São Vicente. A Família Chrispim foi liderada pelo seu patriarca Coronel Benedito da Silveira Franco Chrispim, fazendeiro, produtor de café e uma das principais lideranças políticas da cidade de Itatiba até 1930, ano de sua morte, onde participavam ativamente das ações sociais e filantrópicas. O Coronel Benedito Chrispim foi o espelho político de Erasmo. Erasmo Chrispim nasceu no dia 6 de abril de 1901, em Itatiba, e já na década de 20 queria ser dentista. Estudou no Colégio Diocesano e no Liceu de Artes e Ofícios, ambos em São Paulo. Residiu por um bom período na capital onde foi colaborador da coluna social do jornal “O Estado de São Paulo”. Como transitava muito pela festas da alta sociedade paulistana, passava as notícias ao colunista. Chegou a iniciar os exames prévios para ingressar na Faculdade de Odontologia, mas foi obrigado a desistir por causa do agravamento de um problema congênito no ouvido, a mesma moléstia que, mais tarde, provocou a sua surdez precoce. No ano de 1927, Erasmo casa-se com Alzira da Silveira Pupo, também filha de fazendeiros de café, com que viveu a vida toda. Alzira nunca subiu num palanque e suas aparições públicas restringiam-se a solenidades religiosas. A família hoje reúne 13 netos e dez bisnetos. Erasmo e Alzira tiveram cinco filhos: José Lázaro (1929-1979), casado com Terezinha Vendramin; Maria (1933-2003), casada com Benedito Rossi; Francisco (1934- 1987): Maria Cecília (1935-2007), casada com Braz Marin (1927-2003) e Antônio Carlos, casado com Luzia Padovani. Continuando no enredo do filme temos o personagem político Erasmo Chrispim. Em, 1935, o jovem que sonhava tornar-se um profissional liberal decidiu-se pela vida publica. Terminou seus dias, em 1987, com a experiência de cinco mandatos como Prefeito de Itatiba. Declarou em entrevista ao “Jornal da Cidade de Itatiba” em 29 de julho de 1978 que foi o único político na história que entrou na política rico e acabou pobre. O primeiro de seus passos, como homem público, foi a eleição como vereador, em 1935, pelo Partido Constitucionalista. Naquela época, a escolha para o poder executivo municipal era indireta. Os sete vereadores da Câmara deveriam escolher, entre os seus pares, o novo prefeito. Na primeira reunião que participou como vereador, foi eleito Prefeito de Itatiba.
  • 15. 15 As eleições de Erasmo Chrispim pelo voto popular direto à Prefeitura de Itatiba se deram em três ocasiões, sempre pelo PTN - Partido Trabalhista Nacional. O partido, no nível municipal, era “dele”. Quando não disputava as eleições retirava o PTN de cena, fazendo seus vereadores trocarem de legenda. A primeira eleição foi em 1947, na época da redemocratização do Brasil. Venceu Domingos Pretti (UDN) e Benedito Silveira (PSP), governando de 1948 a 1951. A segunda foi contra Pedro Mascagni (PTB-PSP) e o jornalista Romildo Prado (UDN) governando de 1955 a 1959. A terceira foi contra o Dr. Afrânio Pires da Silveira (PSP) recebendo um mandato de 1964 até1969. De seus 17 anos de vida pública, Erasmo Chrispim deixou um legado como administrador que priorizou a educação e as obras de infra-estrutura. Quando assumiu pela primeira vez a Prefeitura de Itatiba, o único colégio da cidade era o Grupo Escolar Coronel Júlio César, no centro. Ao longo dos seus cinco mandatos construiu pelo menos 12 escolas e instalou a Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba. A instalação da Faculdade causou uma grande divergência na cidade com manifestações públicas a favor e contra a sua instalação e, apesar de todo burburinho e tentativas de se direcionar a opinião pública contra a instalação da FEI de Itatiba no local destinado, prevaleceu a determinação do Prefeito Erasmo Chrispim. Dentre suas obras mais importantes destacam-se: a construção da ETA - Estação de Tratamento de Água e Esgoto, em 1957 e a inaugurou a primeira FEIMOC - Feira da Indústria e dos Moveis Coloniais. O segmento dos móveis coloniais fez de Itatiba líder de mercado e, posteriormente, “A Capital Brasileira do Móvel Colonial”. As campanhas políticas de Erasmo eram através do “boca a boca” e das visitas pessoais ao eleitor. Ia de casa a casa não importando se o seu dono era simpático a sua candidatura ou não. A empatia com os humildes construía a sua imagem. Freqüentava constantemente as reuniões sociais dos operários e participava ativamente das festas organizadas por Benedita de Oliveira - “Dita Maranhão”, grande líder da comunidade negra local. Não discursava, talvez pelo seu problema auditivo. Sempre tinha ao seu redor grandes oradores que o acompanhavam nos massivos comícios nos bairros, nas praças e nas vilas mais distantes, muitas vezes sobre as carrocerias dos caminhões. Entre esses oradores destacamos as figuras políticas do advogado Roberto Schiavinato, de Rafael Ciarbello - “Fefé”, vereador de 1952 a 1963 e do Dr. Ovídio Bernardi, Procurador Jurídico da Prefeitura. Também se destacam as figuras do vereador Benedito Campos Pupo - “Dito Pinhá”, um dos seus maiores
  • 16. 16 cabos eleitorais e de José Lazaro Chrispim - “Zé Tiché”, filho de Erasmo que trabalhava como operário numa indústria têxtil da cidade, propriedade de um de seus maiores inimigos políticos. Sua grande paixão era o revólver. Era mais fácil vê-lo nu do que sem um revólver no coldre preso na cintura. Colecionava e negociava armas, tendo verdadeira paixão por algumas. Não recusava uma boa oferta e, por um bom lucro, passava-as a frente. Era também exímio atirador e tinha um modo peculiar de atirar. Girando a mão no sentido anti-horário deixava a arma deitada e não em posição vertical. Esta arte rendeu a Erasmo inúmeros causos e boatos, contados pelos seus admiradores e também por seus temerosos opositores. Neste trabalho relato alguns desses casos. Com o seu “PTN” - Partido Trabalhista Nacional adota como estratégia única e que vai seguir por toda sua vida política: “um partido pequeno, sem vínculos políticos com os partidos da época” como a UDN - União Democrática Nacional, o PSD - Partido Social Democrático, o PSP - Partido Social Progressista e o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro. Adota o PTN, um partido fundado por dissidentes do PTB que tinha como únicas figuras de expressão nacional o deputado Hugo Borghi e Emilio Carlos. São muitas as histórias resgatadas de todas as eleições itatibenses de que Erasmo participou. Um fato marcante foi na eleição de 1955, quando Erasmo disputou contra Pedro Mascagni e Romildo Prado. Nesta ocasião Mascagni teve apoio do industrial Paulo Abreu, suplente do senador Auro Moura Andrade e ambos vieram a cidade juntamente com o Governador Jânio Quadros para apoiar a sua candidatura. Um dos fatos mais comentados da visita foi um almoço realizado na casa de família operária, tentando mostrar a ligação do candidato com a classe trabalhadora. Não funcionou. Erasmo venceu as eleições. Outra eleição marcante foi a de 1963 contra o advogado Dr. Afrânio Pires da Silveira. Numa das eleições mais disputadas, Erasmo vence as eleições na reta final e arrebanha muitos votos no seu último comício efetuado na Praça da Bandeira, praça central e coração da cidade de Itatiba. A sua rebeldia, é retratada por algumas histórias de confrontos com políticos e autoridades eclesiásticas. Apesar de sua formação católica, Erasmo enfrentou diversas vezes o clero. Sempre se saiu bem. O seu poder e prestigio são mostrados através da visita que recebeu de ilustres personagens políticos, deputados e governadores. A trajetória pública de Erasmo Chrispim pode ser lida como uma história de sobrevivência de um líder forjado na escola coronelista da política paulista ao longo de um período em que o modelo populista predominou na ação, nos discursos e na agenda dos
  • 17. 17 governantes nas três esferas de Poder no Brasil. Ao construir esse formato próprio, original, Erasmo transformou-se uma espécie de mito político. Seja pela mudança da prática política brasileira a partir dos anos 60 ou pela indisposição e ausência de vocação das novas lideranças. Nenhum outro homem público da cidade de Itatiba atreveu-se a repetir o “modus operandi” do velho Barão.
  • 18. 18 CAPÍTULO 1 - O CENÁRIO 1.1 - A República e o tempo dos Coronéis Com a Carta Magna brasileira de 1891, inspirada na constituição norte-americana, acreditava-se que teríamos uma política liberalíssima e uma revolução democrática, mas a Proclamação da República ocorreu sem a participação popular. A economia e a sociedade do Império permaneceram praticamente intactas e a política estava distante dos princípios democráticos. Neste período da história brasileira, do fim do Império ao início da República, os chefes políticos de cada região, quase sempre fazendeiros, recebiam da Guarda Nacional títulos honoríficos, os quais muito dependiam de suas posses e influência política. Esta primeira fase ficou conhecida como a “República dos Coronéis”. Essas patentes davam-lhes poder para mobilizar os seus exércitos em caso de guerra ou desordem social e, também, autoridade incontestável e sem limites. O governo estadual fazia vistas grossas aos seus caprichos, além de assegurar verbas, concessões e a estrutura da máquina do governo, pois interessava a eles, principalmente eleitoralmente ao Partido Republicano, a força de seu poder. Todo cidadão da comunidade, de certa forma, dependia do poder do coronel e, na maioria das vezes, votava no candidato indicado por ele. O “curral eleitoral” deste chefe político elegia os presidentes, governadores, prefeitos, vereadores e, também as outras autoridades como os juízes de paz e os delegados Em Itatiba tivemos vários destes coronéis republicanos que muito contribuíram para com o crescimento da cidade, comprovado através de vários relatos na imprensa e de homenagens que receberam da comunidade. Entre eles destacam-se as figuras dos fazendeiros: Coronel Francisco Rodrigues Barbosa, conhecido popularmente como “Chico Peroba”, um dos fundadores e, por um bom período, presidente do PRP - Partido Republicano Paulista, em Itatiba; Coronel Julio César de Cerqueira Leite, irmão do General Francisco Glicério. O Coronel Júlio César foi importante elo de ligação da cidade com o resto do país através de seu irmão e, também, um dos fundadores do PRP de Itatiba, ocupando o cargo de vereador de 1877 a 1884; Coronel Manoel Joaquim de Araújo Campos vereador pelo PRP de 1881 a 1884; Coronel Camilo José Pires, pessoa sempre disposta a ajudar nas causas de valor da cidade. Encontramos nos almanaques itatibenses e nos textos de Eugênio Joly - do acervo do Museu Municipal Padre Lima - mostras de sua atuação.
  • 19. 19 [...] A 16 de novembro de 1874 assentou-se a pedra fundamental da torre da igreja matriz, sob os auspícios do Reverendíssimo Vigário Padre Francisco de Paula Lima, que muitos esforços fez para o andamento dessa importante obra, que hoje se acha concluída com o auxílio de subscrições populares, com o legado testamentário do cidadão Calisto Soares de Godoy, e finalmente com os importantes donativos do Tenente Coronel Camilo José Pires, e seu irmão Major Bento Pires de Ávila, que tomaram sua direção final [...] Fonte: Gazeta de Itatiba, de dezembro de 1904, números 82 e 83. Passando às tradições orais, contadas de geração a geração sobre a figura de Camilo Pires, vamos a mais conhecida: Conta-nos, os mais velhos, aos nossos ouvidos, com ar e pompa necessária, que o Coronel Camilo Pires era um homem duro, feito do mais duro cerne da peroba. Com o término da construção da torre da igreja, tendo já chegado os sinos para serem colocados naquele campanário, foram os mesmos erguidos sem a permissão do Coronel. Quando este chega, vindo de fora da cidade, ao ouvir o badalar dos ditos sinos, segue a cavalo até ao Largo da Matriz e, sem desmontar pergunta: - ‘Quem autorizou o levante dos sinos?’ A história não precisa muito bem a resposta dada ao Coronel, montado na soberba de seu alazão. Ato contínuo ordenou que os sinos fossem baixados e, ao tocarem novamente o chão, retoma, ainda sobre o cavalo: – ‘Agora eu estou mandando: Podem subir os sinos’. E, assim se fez.” Este relato, assim como muitos outros, é contado através das gerações e que, mesmo com intensa procura nos anais da história de Itatiba, não encontramos nenhuma linha que possa desvendar ou elucidar a sua veracidade. Mas, o que o povo conta: é, foi ou será. Outra figura de destaque na política local deste período foi o Senador Antonio de Lacerda Franco. Itatibense de nascimento, em sua terra natal inicia sua carreira política como vereador - entre os anos de 1880 e 1883 - culminando com a sua eleição para o Senado Federal, em 1924. Muito contribuiu para o engrandecimento da cidade Neste período da Primeira República o voto não era secreto e, mulheres, mendigos, analfabetos, indígenas, soldados rasos, membros do clero e menores de 21 anos não votavam. O voto não era obrigatório, mas havia necessidade de alistamento para se ter direito a ele, requerendo-o em sua comarca perante comissão nomeada e presidida pelo Juiz de Direito e composta por dois dos maiores contribuintes de imposto predial e dois dos maiores contribuintes de propriedade rural domiciliados na cidade, além de três cidadãos eleitos pelos membros efetivos do governo municipal. Esta normatização era referente à Lei nº 1.269 de 15
  • 20. 20 de novembro de 1904, que foi muito criticada, pois excluía os pequenos proprietários e contribuintes. Mas, a intenção principal era deixar o poder nas mãos dos coronéis. A lei permitia a realização das eleições em edifícios públicos ou em propriedades particulares. Usando dessa prerrogativa, muitas delas foram realizadas nas casas dos chefes políticos da cidade. A urna era muito estreita para que os votos se empilhassem, uns sobre os outros. Este artifício permitia identificar, pela ordem de votação, o voto de cada eleitor. Apesar de a votação ser secreta a Lei permitia “votar a descoberto”. Neste caso o eleitor devia trazer duas cédulas, sendo que uma ele depositava na urna e a outra, para provar o seu voto, ele guardava. São Paulo, o estado mais rico e, Minas Gerais o mais populoso e o segundo na economia nacional, se revezavam no poder federal. Era a aliança: “café com leite” 1.2 - Emancipação de Itatiba - Novos personagens Por deliberação da Assembléia Provincial de 20 de fevereiro de 1857, a Freguesia de Belém foi elevada à categoria de Vila. Em sete de setembro do mesmo ano, se procedeu à eleição de vereadores sendo eleita a primeira Câmara Municipal, que prestou compromisso perante o Presidente da Câmara de Jundiaí, em 1º de novembro, empossando os seguintes vereadores: Francisco Tomé de Assis Passos, João Batista de Lacerda, Eugenio Joly, Antonio Soares Muniz, Jose Pires de Godoy, Antonio Franco Pompeu e Francisco Antonio de Paula Vianna. Como em outras cidades, Itatiba também teve como vereadores e intendentes, muitos membros que detinham títulos da Guarda Nacional. No ano de 1907 é eleito, indiretamente, o primeiro prefeito da cidade, Tenente Coronel Antonio Chateaubriand Joly. Citamos aqui alguns dos nomes que mais se destacaram: 1897 e 1898 - Tenente Coronel Eduardo Alves de Moura 1899 - Pedro Elias de Godoy, Capitão Afonso Emilio Joly e Capitães Afonso e João Bueno de Aguiar 1899 - Joaquin Augusto Ferreira 1900 - Galdino Rodrigues Barbosa e Capitão Afonso Bueno de Aguiar 1903 - Tenente Coronel Jose de Paula Andrade e Galdino Rodrigues Barbosa 1905 - Tenente Coronel Jose de Paula Andrade e Florêncio Carlos de Araújo 1907 – Tenente Coronel Antonio Chateaubriand Joly - primeiro prefeito empossado 1910 - Major Herculano Pupo Nogueira 1917 - Pedro Elias de Godoy 1918 - Fernando de Araujo Campos 1918 - Pedro Elias de Godoy – de 1918 até 1924 1925 - Alfredo Alves Joly
  • 21. 21 Especificamente a partir de 1927, mostrando certa estabilidade política, apesar de toda ebulição nacional e mundial, Itatiba mantêm no cargo de Prefeito o senhor Benedito Franco de Godoy, que fica até meados de 1930. Deposto é substituído por um governo provisório composto pelo Cel. Benedito da Silveira Franco Chrispim, Antonio Alves Lanhoso, Antonio Pupo Filho, Francisco Silveira Leme e Alfredo Vieira Arantes. 1.3 - A crise do café e a revolução de 30 A crise do café que fez parte da história de tantas famílias paulistas que sofreram suas duras conseqüências, aporta também em Itatiba, cidade que em anos anteriores chegara a produzir 600 mil arrobas de café anualmente, onde algumas propriedades agricolas possuíam cerca de 1 milhão de pés de café. Muito antes de 1929 já eram estampadas em jornais e ajuizadas em cartório, falências e concordatas dos produtores e investidores locais. Com o falecimento, no Natal de 1930, do Tenente Coronel Benedito da Silveira Franco Chrispim, pai de Erasmo e um dos mais atuantes chefes políticos itatibenses, mostra- se completamente que a crise, há tempos, chegara a Itatiba, provocando a derrocada das famosas famílias e a divisão de enormes propriedades em pequenos sítios, comprados na grande maioria pelos imigrantes italianos e suas famílias, meeiros ou terceiros dessas mesmas propriedades. Desaparecem aos poucos os grandes latifúndios itatibenses restando, ainda hoje, alguns poucos. Com a Revolução de outubro de 1930 que entronizou Getúlio Vargas no poder, houve mudanças nos costumes políticos e principalmente na comunicação política. Inspirado nas propagandas fascista e nazista, Getúlio se posicionou como o “Pai dos Pobres”, tornou-se uma das figuras mais marcantes da história do Brasil. Muitos também o intitulavam: “a mãe dos ricos”. Instituiu para o trabalhador vários benefícios que contribuíram para solidificar a sua imagem. Entre eles se destacam: o voto secreto e o voto feminino, o Ministério do Trabalho, ações na educação e na saúde, a carteira de trabalho, o salário mínimo, as férias remuneradas, a aposentadoria, a jornada diária de oito horas, as garantias para o menor e para a mulher trabalhadora e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). Desde o movimento armado que resultou na Revolução de 1930, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, a situação política de Itatiba ficou como as demais regiões do país: instável e perigosa.
  • 22. 22 Com a deposição do Presidente da República Washington Luís, em 24 de outubro de 1930, e o impedimento da posse do presidente eleito Júlio Prestes, pôs-se fim à República Velha. Itatiba, no ano de 1931 era comandada por uma junta governista, formada por Antonio Pupo Filho, alternando-se no cargo com os interinos: Francisco Alves Cardoso e Dr. Luiz de Mattos Pimenta. 1.4 - Revolução Constitucionalista de 1932 Basicamente a Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma reação imediata aos novos rumos do Brasil sob o comando de Getulio Vargas. A política itatibense por conta de toda evolução nacional e, por guardar ainda grande relação com a elite paulistana, oligarcas do café, participava de toda movimentação pela Revolução Constitucionalista. Encabeçando o movimento, inclusive com a influência espalhada pelo estado, estava o itatibense José Gonçalves Machado, personagem importante da vida política e jornalística paulista. Mesmo com todo o prestígio adquirido como jornalista, José Gonçalves Machado empunha sua bandeira e parte para a luta. Este momento da história é relatado na primeira página do Jornal “A Tribuna” de 8 de julho de 1973, quando da comemoração de mais um aniversário da Revolução Constitucionalista. 1.4.2 - Itatiba na revolução [...]Quando foi deflagrado o Movimento Constitucionalista, achava-se à frente do governo municipal o senhor Joaquim Bueno de Campos, de saudosa memória. Coube a esse honrado itatibense dirigir toda a ação civil nesta cidade, para o que contou com a colaboração de muitas pessoas. Itatiba também se apresentava unida em torno dos ideais revolucionários. Assim, foram tomadas medidas visando a manutenção da ordem, o alistamento de voluntários e a assistência aos combatentes, com a instalação da “Casa do Soldado”. No final da Revolução foram travados combates em nosso município, tendo Itatiba se transformado em “praça de guerra”. Aureliano Leite, insigne historiador e combatente de 32, em seu livro “Martírio e Glória de São Paulo”, fala-nos do “Setor de Morungaba”, onde os próprios paulistas tiveram que destruir uma ponte sobre o rio Jaguari, de cuja missão foi incumbido, juntamente com outros elementos, o farmacêutico Benedito Gonçalves Dutra[...] Fonte: Jornal A Tribuna, de 8 de julho de 1973.
  • 23. 23 Na mesma edição do jornal itatibense, podemos encontrar a entrevista com o soldado constitucionalista Pedro Machado, que nos fala sobre os acontecimentos e os fatos ocorridos em Itatiba e na região [...] A reportagem de “A Tribuna”’ esteve na manhã de ontem na residência do ex-combatente Pedro Machado, sita na Praça da Bandeira nº 115, mantendo animada e interessante palestra com esse valoroso itatibense. Interrogado sobre sua participação no Movimento Revolucionário, disse-nos Sua Senhoria: - “Integrei-me num batalhão de voluntários aqui em Itatiba. Seguimos para São Paulo, ficando aquartelados no MMDC, instalado no prédio do Instituto de Educação Caetano de Campos, na Praça da República, de onde fomos para Itu, a fim de incorporarmos ao 3º BCV. Dali seguimos para frente de combate, no setor sul, onde foram travados violentos combates, em Buri, Guapiara e Capão Bonito.” Indagado sobre os nomes dos outros itatibenses que participaram da Revolução de 32, Pedro Machado faz um esforço de memória: - “João Paulista, Joaquim Guimarães, Etore Andretta, Sebastião Fascione, Francisco Gomes Bistulfi, Irineu Lopes de Lima, João Evangelista Machado, José Gonçalves Machado, João Domingues Paes (Belquior), João Lúcio (Tangará), Rosáuro Casagrande, José Rinaldi, todos já falecidos; Gentil Rangel, Antonio Gotardo, João Moraes (Joãozinho), que pertenceram ao 3º BCV. Em outras frentes combateram: Napoleão Godoy, Paulo Adão, Otaviano Lazzarini, Antonio Oscar Nader (Asca), Dr. José Luiz Zorzi, João B. Ferraz, Plínio Gandolfo, Florentino Soares, Paulo Silva, Argemiro Pellizzer, Adolfo Papa, Luiz Guimarães, Lázaro Siqueira, Sebastião Salles, Albano de Godoy, Paulo de Godoy, Breno Silva, José Soares, Sebastião Marciano, João B. de Lima, Sebastião Silveira, Amâncio Oliveira e Ferdinando Nicola.” Pedro Machado contou que seu batalhão era comandado por Sílvio Sampaio, tendo como subcomandante o major Garrido. Interpelado sobre um grande feito de voluntários itatibenses, nosso interlocutor disse que seu irmão José e o Tangará, com uma metralhadora, conseguiram cobrir a retirada do 3º BCV de Capão Bonito, fato esse que levou o comando a promover o primeiro ao posto de tenente e o segundo ao de sargento[...] Fonte: Jornal A Tribuna, de 8 de julho de 1973. Entre os anos de 1932 e 1935, Itatiba foi comandada por Joaquim Bueno de Campos e, depois do período da Revolução Constitucionalista, em períodos de alternância, com José Gonçalves Machado, então funcionário municipal. Esse período de volta à normalidade do país, com os ânimos um pouco menos exaltados, traz uma nova onda de paz ao interior de São Paulo. Em 1935, a população de Itatiba era de 19.270 habitantes.
  • 24. 24 1.5 - 1936: Erasmo Chrispim surge na política Disputando sua primeira eleição pública Erasmo Chrispim surge na política, cinco anos após a morte de seu pai. Disputa uma vaga ao cargo de vereador, sendo eleito. No dia 16 de julho de 1936 acontece a instalação de mais uma legislatura da Câmara Municipal de Itatiba com posse dos vereadores: Dr. Luiz de Mattos Pimenta, Domingos Pretti, Dr. Romeu Bueno de Aguiar, Eleutério Rela, Erasmo Chrispim, Celso Pupo e Evaristo Silva. Nessa mesma sessão Erasmo é eleito e empossado Prefeito Municipal pelos vereadores, recebendo o cargo de Antonio Pupo Filho, seu antecessor. Obteve de seus companheiros cinco votos, enquanto Domingos Pretti e Antonio Augusto do Vale receberam um voto cada. Assume, em sua vaga de vereador, o suplente João Batista Andreatta. A falsa tranqüilidade que reinou por alguns meses é totalmente afastada no ano de 1936. O Brasil vê-se, novamente, em meio a uma intensa agitação política. Preparava-se, dentro de todo burburinho nacional, eleições presidenciais que teriam três candidatos: Armando de Sales Oliveira (ex-interventor em São Paulo), José Américo de Almeida (ex- ministro da Viação do Governo Provisório) e Plínio Salgado (líder da Ação Integralista). Não pretendendo deixar o governo, Getúlio prepara um golpe de estado, sufocando as oposições políticas e militares. O fantasioso plano Cohen era, segundo o próprio governo, um plano comunista para tomar o poder através do assassinato de grandes personagens da política nacional. O golpe, marcado para 15 de novembro, aniversário da Proclamação da República, teve seu desfecho a 10 de novembro de 1937. O Congresso foi fechado. Uma nova Constituição, que já estava sendo elaborada desde 1936 por Francisco Campos, foi outorgada. A eleição não se realizou. Na noite do mesmo dia 10 de novembro, Getúlio fazia uma proclamação ao povo, justificando a necessidade de um governo autoritário: nascia, assim, o Estado Novo. Diante desse estado de coisas Erasmo renuncia ao cargo de Prefeito de Itatiba 1.5.1 Erasmo Chrispim nomeado prefeito Em 1937, a autonomia dos municípios foi reduzida com a nomeação dos Prefeitos pelos Governadores dos Estados, na realidade “Interventores Federais”. Acima dos Prefeitos existia o Conselho Administrativo Estadual, que controlava as atividades municipais.
  • 25. 25 O Art. 27 da Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937 definia que a nomeação dos prefeitos era de livre nomeação do Governador do Estado. Erasmo retorna ao comando da cidade como interventor, por nomeação do Comandante da 2ª Região Militar. No ano de 1938, mais precisamente em 17 de maio de 1938 ele renuncia por, “livre e espontânea vontade”, enviando telegrama ao Governador Ademar de Barros, como declarou em entrevista ao Jornal da Cidade de Itatiba, de 29 de julho de 1978. Com a renúncia de Erasmo Chrispim assume a prefeitura o secretário Sílvio Fasoli, até a nomeação e posse do Coronel Alexandre Rodrigues Barbosa, filho do Coronel Chico Peroba. Nomeado no dia 19 de maio de 1938 e empossado em 22 de maio, “Barbosinha” fica no cargo até 24 de setembro de 1940 quando falece. Com a morte do Coronel Alexandre Rodrigues Barbosa assume a prefeitura o jornalista Evaristo Silva, proprietário do jornal “A Reação”, tomando posse em 13 de outubro de 1940. Evaristo Silva fica por longo período à frente do Executivo Municipal, retirando-se apenas em pequenos períodos para tratamento de saúde. Em 1945, com o fim da ditadura do Estado Novo, em 29 de outubro foram convocadas eleições para presidente, governadores e a Constituinte. Nesse período já haviam sido anistiados os presos políticos e eliminada a censura. Mais de uma dezena de partidos passaram a funcionar, formando seus diretórios nas capitais e no interior. Entre estes partidos destacavam-se: UDN - União Democrática Nacional, PSD - Partido Social Democrático, PTB - Partido Trabalhista Brasileiro e o PCB - Partido Comunista do Brasil. A Lei Eleitoral de então exigia o mínimo de 10 mil assinaturas em pelo menos cinco Estados, para um partido ter seu registro definitivo. Em 02 de dezembro de 1945 houve eleições para presidente, senadores e deputados. O trabalhismo de Getúlio Vargas estava presente no eleitor itatibense. Podemos comprovar esta afirmativa através da votação obtida no município por Getúlio Dornelles Vargas que, com 806 votos, foi o deputado mais votado. O jornal “O Progresso de Itatiba”, de 9 de dezembro de 1945, traz também a votação para Presidente da República: Eurico Gaspar Dutra (PSD/PTB) 2158 votos Eduardo Gomes (UDN) 802 votos Ieddo Fiúza (PCB) 29 votos Mário Rolim Teles 3 votos Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, de 9 de dezembro de 1945.
  • 26. 26 Eurico Gaspar Dutra foi eleito Presidente do Brasil, conquistando 55% dos votos válidos. 1.5.2 - Os quatro Prefeitos do ano de 1947. Os anos de 1946 e 1947 são atípicos para a política itatibense. Alternam-se no poder cinco pessoas, todas nomeadas Prefeitos. Sobre este fato encontramos publicação na Imprensa Oficial de Itatiba – “Coluna Espaço Histórico” do Museu Padre Lima que diz: Os quatro prefeitos do ano de 1947 Um fato nada comum e interessante aconteceu no ano de 1947, quanto a Chefia do Executivo de nossa cidade. Em um período difícil e de instabilidade política, no pós II Guerra Mundial, Itatiba teve como prefeitos vários cidadãos, todos nomeados pelo Governo Estadual. O ano de 1947 começa triste para Itatiba, com a morte do Dr. Luís de Matos Pimenta. Era Prefeito Mauro Vasconcelos de Oliveira, nomeado e empossado em 1946, após o pedido de exoneração de Evaristo Silva – prefeito de 1940 a 1945. Evaristo assumiu a Prefeitura em decorrência do falecimento de Alexandre Rodrigues Barbosa. Mauro Vasconcellos exonera-se do cargo e é nomeado para substituí-lo Pascoal Scavone, assumindo em 28 de março de 1947. O Progresso de Itatiba, de 30 de março de 1947 diz: “Prefeito Municipal: Anteontem, no Departamento das Municipalidades, o senhor Pascoal Scavone foi empossado no cargo de Prefeito Municipal de Itatiba. Sua Senhoria declinou das homenagens que lhe seriam prestadas nesta cidade, devendo a transmissão do cargo ser feita amanhã cedo, pelo senhor Silvio Fasoli, secretário da Prefeitura Municipal. A seguir, o senhor Pascoal Scavone entrará no desempenho que lhe foi confiado pelo Governador do Estado. Ao que soubemos, o novo Prefeito tem vários planos de melhoramentos para a cidade, a serem postos logo em execução”. Seis meses depois, em 28 de setembro de 1947, o Prefeito Pascoal Scavone é exonerado. Nesse curto espaço de tempo Pascoal teve uma atuação vibrante e definitiva para sua consolidação como cidadão prestante e competente. Podemos comprovar que a cidade estava contente com sua administração em matéria publicada no mesmo jornal O Progresso de Itatiba, de 5 de outubro de 1947, na primeira página: “Provocou protestos do povo itatibense a demissão do Prefeito Pascoal Scavone”. Com a sua demissão, passou a responder pelo expediente da Prefeitura Municipal de Itatiba, Silvio Fasoli, Secretário da Prefeitura Municipal. O jornal “O Progresso de Itatiba” de 23 de novembro estampava a nomeação de outro prefeito: “Novo Prefeito: Pelo senhor Governador do Estado foi nomeado para o cargo de Prefeito Municipal desta cidade o senhor José Boava, fazendeiro neste município e presidente do diretório local do PSP. O novo Prefeito tomou posse do cargo na quarta - feira última.” Mas, em 30 de novembro, o mesmo jornal voltava ao assunto, mostrando fatos novos: “Novo Prefeito - Com o título que encima estas linhas, em nossa última edição noticiávamos a nomeação do senhor José Boava para o cargo de Prefeito Municipal desta cidade. Mas, acontece que antes da referida edição ser posta em circulação, ou melhor, no sábado anterior, o senhor José Boava já havia sido demitido do cargo, sendo nomeado para
  • 27. 27 substituí-lo o senhor Silvio Fasoli, secretário da Prefeitura Municipal. A nomeação desse zeloso funcionário municipal só foi conhecida em nossa cidade na manhã de domingo. Porém o senhor Silvio Fasoli já não é mais o Prefeito, tendo sido novamente nomeado para esse cargo o senhor José Boava, que tomou posse anteontem. Como se vê, numa semana passaram três titulares pela Prefeitura, o que constitui um fato assaz interessante. No pé em que andam as cousas, é bem possível que no próximo número teremos de noticiar a nomeação de um novo Prefeito”. Fonte: Imprensa Oficial de Itatiba - Coluna Espaço Histórico, de 11 de dezembro de 2004 - página 02. José Boava permaneceu no cargo de Prefeito Municipal até o dia 31 de dezembro de 1947. 1.6 - Mudança no roteiro: eleição para prefeito. Após um período de atividades políticas de base, Erasmo Chrispim surge forte, com o PTN - Partido Trabalhista Nacional para disputar, pela primeira vez, o cargo de Prefeito. Já na primeira batalha, em 1947, derrota a Domingos Pretti que, segundo o próprio Erasmo, em entrevista ao jornal “Cidade de Itatiba” de 29 de julho de 1978, foi o candidato mais leal que enfrentou. Um fato novo chama a atenção nesta eleição. Entre 61 candidatos a uma vaga na Câmara Municipal aparecia apenas o nome de uma mulher: Iracy Pinto de Oliveira, candidata mais bem votada dentro do PTB, mas não eleita. 1.6.1 - Eleições de 1947 Nesse levantamento podemos ter uma visão detalhada dos partidos e dos votos, inclusive com a composição da Câmara Municipal, mostrando que Erasmo não teria muitas facilidades para governar. Dentre os vereadores eleitos destaca-se a figura do jornalista Evaristo Silva como um dos mais fervorosos adversários políticos de Erasmo Chrispim. Compareceram para votar nesta eleição 2.765 eleitores que elegeram o Prefeito e uma Câmara Municipal composta por 13 vereadores. Votação para Prefeito Erasmo Chrispim (PTN) 1.107 votos Domingos Pretti (UDN) 1.024 votos Benedito Silveira Franco (PSP) 558 votos Nulos 26 votos Brancos 50 votos
  • 28. 28 Legendas UDN 773 votos PSD 721 votos PTN 678 votos PSP 386 votos PTB 113 votos Totalização de votos apurados 2.689 votos Composição da Câmara Municipal – por partido União Democrática Nacional – UDN Ranulfo Rodrigues Fão 207 votos Benedito Gonçalves Dutra 163 votos Romildo Prado 139 votos Rafael Ferrari Neto 5 1 votos Antônio Frare 43 votos José Mario Ordine 32 votos Partido Social Democrático - PSD Evaristo Silva 239 votos Adelelmo Corradine 108 votos Fiovarante Polessi 81 votos Partido Trabalhista Nacional - PTN Pedro Mascagni 203 votos Luís Emanuel Bianchi 128 votos Evilário Frare 96 votos Partido Social Progressista - PSP Benedito de Godoy Camargo 72 votos Durante sua primeira gestão, Erasmo Chrispim realiza importantes obras e dota a cidade de melhoramentos significativos, embelezando-a e investindo na sua infra-estrutura. As principais realizações no período foram: reajuste do imposto predial e territorial; aumento de vencimentos dos funcionários; reforma nos baixos do Paço Municipal; remodelação das avenidas da Saudade, Barão de Itapema e Senador Lacerda Franco; reconstrução da casa de máquinas destinada ao abastecimento de água para a cidade com a colocação do novo transformador de 200 KVA; aquisição de caminhão Chevrolet - gigante para os serviços de conservação das vias públicas e estradas municipais; reforma radical no Matadouro Municipal; remodelamento do cemitério; completa e radical reforma na bica de água situada na entrada da cidade; nivelamento e apedregulhamento das estradas intermunicipais, com a colaboração do Departamento de Estradas de Rodagem - DER; aumento de mais classes no grupo escolar e, instalação da Escola de Curso Prático Profissional.
  • 29. 29 Em 1950, a população itatibense era de 17.212 habitantes sendo que somente 3.619 eleitores eram qualificados a votar nas nove seções eleitorais da cidade A cidade possuía neste período: 02 grupos escolares sendo um em Itatiba e um no Distrito de Morungaba, ambos com um total de 1.424 alunos. Uma escola particular com 38 alunos e mais 34 escolas urbanas, 19 escolas isoladas, perfazendo um total de 670 alunos. Um dado preocupante é que a cidade de Itatiba tinha, apesar de uma boa rede educacional, 3.431 crianças em idade escolar, afastadas das escolas. Dispunha ainda de dois cursos de alfabetização para adultos, sendo um no Grupo Escolar Coronel Júlio César e um na Liga da Mocidade Itatibense, com um total de 158 alunos inscritos. Na área de saúde a cidade possuía somente de um hospital - a Santa Casa de Misericórdia de Itatiba/Hospital São Carlos Borromeu - mantida por instituições beneficentes e um Centro de Saúde mantido pelo estado. As informações seguintes nos mostram outros aspectos da cidade na época: numero de prédios existentes 1.050; edifícios públicos: Prefeitura Municipal, cadeia pública, Grupo Escolar Coronel Júlio César, Grupo Escolar de Morungaba, Mercado Municipal, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Belém, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja Matriz de Morungaba, Cine Santa Rosa, Teatro São Joaquim, onde se encontraram instaladas a Coletoria Federal e Caixa Econômica Estadual e a Casa de Misericórdia. Número de ruas – 43; praças – 03; jardins – 02; hotéis - 02: Itatiba e Colina; Imprensa: “O Progresso de Itatiba”, semanário fundado em 1894 - Diretor-Redator: Romildo Prado; veículos licenciados: a explosão (motor): 166 e a tração animal: 982. Itatiba, dentro do cenário político nacional, sempre esteve na rota dos grandes comícios. Dificilmente era deixada de lado nas campanhas eleitorais e isso, muito se deve ao prestígio político de Erasmo Chrispim, homem público que mantinha relacionamentos com a cúpula de seu partido e com os mandatários do estado e do país. E, nesses episódios, muitas dos quais sem dizer uma única palavra ao microfone, sua presença altiva pairava soberba, ofuscando, muitas vezes, a presença das ilustres personalidades. A figura 1 ilustra um desses momentos na campanha de Getulio Vargas ao cargo de presidente e Lucas Nogueira Garcez ao de Governador do Estado. Na foto vemos o vereador José Boava, Erasmo Chrispim e o Governador Ademar de Barros. Na reportagem, feita muito tempo depois, aparece erroneamente a indicação da candidatura de Ademar ao Senado Federal.
  • 30. 30 Figura 01: Comício Pró Getulio Vargas com Ademar de Barros Fonte: Jornal de Itatiba, de 10 de janeiro de 1999 1.6.2 - Eleições presidenciais de outubro de 1950 As eleições de 3 de outubro de 1950 em Itatiba aconteceram de forma aparentemente tranqüila, tendo o comparecimento de 3.469 eleitores, dos 4.233 inscritos na comarca. Foram eleitos: Getúlio Vargas para Presidente da República e Lucas Nogueira Garcez para Governador do Estado de São Paulo. O jornal “O Progresso de Itatiba” de 8 de outubro de 1958 traz o resultado oficial no município de Itatiba, o qual transcrevemos: Para Presidente da República Getúlio Vargas (PSP/PTB) 2040 votos Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN) 1040 votos Cristiano Machado (PSD) 241 votos João Mangabeira 4 votos Para Vice – Presidente Café Filho (PSP) 1.103 votos Odilon Braga (UDN) 970 votos Vitorino Freire (PSD) 916 votos Altino Arantes 192 votos Para Governador do Estado Hugo Borghi (PTN) 1.347 votos Lucas Nogueira Garcez (PSP) 1.100 votos Prestes Maia (UDN) 900 votos
  • 31. 31 Para Vice - Governador Ataliba Nogueira 1.324 votos Erlindo Salzano 1.064 votos João Gomes Martins Filho 902 votos Francisco Giraldes Filho 4 votos Para Senador César Vergueiro 1.138 votos Miguel Reale 1.093 votos Brasílio Machado Neto 977 votos João da Costa Pimenta 5 votos Legenda Federal PTB – Partido Trabalhista Brasileiro 1.186 votos UDN – União Democrática Nacional 618 votos PSD – Partido Social Democrático 449 votos PTN – Partido Trabalhista Nacional 444 votos PSP – Partido Social Progressista 398 votos PST – Partido Social Trabalhista 130 votos PDC _ Partido Democrata Cristão 24 votos PRT – Partido Republicano Trabalhista 16 votos PR – Partido Republicano 9 votos PSB – Partido Socialista Brasileiro 5 votos Votos em branco 90 votos Votos nulos 86 votos Legenda Estadual PST – Partido Social Trabalhista 710 votos PSP – Partido Social Progressista 540 votos UDN – União Democrática Nacional 503 votos PTN – Partido Trabalhista Nacional 427 votos PDC – Partido Democrata Cristão 403 votos PTB – Partido Trabalhista Brasileiro 358 votos PR – Partido Republicano 100 votos PRT – Partido Republicano Trabalhista 69 votos PSB – Partido Socialista Brasileiro 58 votos PRP – Partido de Representação Popular 49 votos PL – Partido Libertador 29 votos PST – Partido Social Trabalhista 22 votos PRB – Partido Ruralista Brasileiro 1 voto Votos em branco 94 votos Votos nulos 92 votos Nota-se nos resultados destas eleições o pode político, a influência e a fidelidade de Erasmo Chrispim e seu eleitorado para com o seu PTN. O partido conquistou praticamente
  • 32. 32 uma quantidade idêntica de votos na legenda estadual – 427 votos e na federal – 444 votos e, o candidato ao governo estadual pelo partido Hugo Borghi, foi o candidato mais votado na cidade. Nesta eleição dois candidatos itatibenses disputaram cargos maiores: para Deputado Federal concorreu e foi eleito o industrial Paulo Abreu (PTB), que teve 1.186 votos na cidade (44,18 % dos votos), sendo o candidato mais votado dentro do seu partido. O jornalista José Gonçalves Machado, candidato a Deputado Estadual (PSB), com 41 votos, não foi eleito. 1.6.3 - Eleições para prefeito de 1951 No ano de 1952 assume a prefeitura a figura de Etore Consoline. Pela primeira vez ocorre a votação para eleição do vice-prefeito. O eleitor podia votar separadamente nos cargos, não havendo a necessidade de votar na “dobradinha” prefeito/vice. A Câmara Municipal mantinha-se com 13 vereadores. Podemos notar que o PTN, partido capitaneado por Erasmo, não figura nos resultados das eleições, saindo estrategicamente de cena. Resultado geral das eleições de 1951 Votação para Prefeito Etore Consoline (PTB) 1.713 votos Benedito Gonçalves Dutra (UDN – PSP) 1.470 votos Votação para Vice – Prefeito Pedro Mascagni (PTB) 1.660 votos Joaquim Bueno de Campos (UDN – PSP) 1.506 votos Legendas PTB – Partido Trabalhista Brasileiro 721 votos UDN – União Democrática Nacional 842 votos PSP – Partido Social Progressista 614 votos Composição da Câmara Municipal – por partido: Partido Trabalhista Brasileiro - PTB José Boava 502 votos Adelelmo Corradini 279 votos Fioravante Polessi 129 votos Luiz Pântano 122 votos Rafael Ciarbello 121 votos Amadeu Galina 118 votos Olivar José da Silva 116 votos Luiz Emanuel Bianchi 63 votos
  • 33. 33 União Democrática Nacional - UDN Sebastião José 128 votos Antonio Mário Machado Filho 116 votos Rafael Ferrari Neto 107 votos Partido Social Progressista - PSP Hafiz Abib Chedid 139 votos Dr. Ramiro Guimarães 89 votos Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, nº 1.771, de 18 de outubro de 1951. 1.6.4 - Estrada de Ferro e Febre Tifóide O ano de 1952 registra em Itatiba um fato que deixa enormes seqüelas, principalmente na sua vida cotidiana: a desativação da Estrada de Ferro Itatibense. Considerada deficitária por seus administradores, a sua desativação causou um sentimento de abandono por parte da população itatibense. O artigo transcrito abaixo, publicado originalmente no jornal “O Estado de São Paulo” e posteriormente no “O Progresso de Itatiba”, demonstra claramente estes sentimentos: ABANDONA-SE UMA REGIÃO – a pedido Há quinze dias precisamente, trafegou o último trem da Estrada de Ferro Itatibense. Seus proprietários, sob a alegação de que a empresa era deficitária, obtiveram do governo do Estado autorização para interromper, definitivamente, as atividades da Estrada que, então, deixou de existir. A medida já era esperada. Entretanto julgava-se que outra providência do governo viesse amparar a situação, possibilitando a continuidade dos serviços ferroviários da antiga estrada. Assim, ante a completa indiferença dos poderes públicos, a suspensão definitiva do tráfego colocou em situação desesperadora a população rural disseminada ao longo da linha. Os moradores da região servida pela “Itatibense” ficaram completamente isolados, pois que não há estrada de rodagem que atinja os centros mais próximos como Itatiba, Jundiaí ou Louveira. Cuidou-se apenas de acautelar os interesses dos proprietários da pequena via férrea. Não se mediu a extensão dos prejuízos de toda sorte que a supressão do tráfego causou à zona delimitada pelas estações de Louveira e Itatiba. Estão, pois, em situação mais difícil os moradores das estações de Abadia, Luiz Gonzaga, Galvões, Tapera Grande, Itapema e Paracatu. Dessas estações, somente a primeira, que fica a poucos quilômetros de Louveira, e Tapera Grande que tem ligação com a estrada estadual, mesmo assim muito precária, podem com dificuldade, comunicar-se com as cidades próximas. Em Tapera Grande, Itapema, Luiz Gonzaga e Abadia há escolas primárias, mantidas pelo governo do Estado. Com a supressão do tráfego da “Itatibense” estão fechadas essas escolas rurais. As professoras não podem atingir sua unidade por falta de condução. É mais um lado importante da questão que deixou de ser considerada, já não se falando do escoamento da pequena safra de café e outros produtos agrícolas. A extinção da “Itatibense” decretará fatalmente o abandono de uma região.
  • 34. 34 Na estação de Luiz Gonzaga, as Irmãs Oblatas de Santa Úrsula, de Jundiaí, estabeleceram residência com o mais alto dos objetivos, próprios, aliás, de sua missão: a assistência rural. Uma enfermeira e uma assistente social, ambas religiosas professoras, prestam inestimáveis serviços às famílias dos trabalhadores da comunidade, que recorrem ao posto mantido pela Ordem. Além do ambulatório, as freiras mantêm cursos de alfabetização de adultos e de corte e costura para moças, organizações essas que seriam ampliadas brevemente, dentro das possibilidades que a comunidade oferecer e dos recursos de que dispuserem. Trata-se de uma obra meritória igualmente ameaçada de paralisação justamente no momento em que a localidade apresentava os primeiros frutos de sua benfazeja ação. Assim, sujeitando-se a viver entre os trabalhadores rurais, partilhando de suas dificuldades e procurando resolver os problemas sociais e peculiares da zona, mediante um trabalho educativo dos mais sadios, essas religiosas terão que desistir de tão nobre empresa em conseqüência da suspensão do tráfego, pois presentemente a sua residência está completamente isolada de qualquer centro dotado de recursos. Atualmente, o governo do Estado está emprenhado na melhora das condições do trabalhador rural; fala-se muito e há contínua propaganda de aumento de produção; cuida-se dos problemas decorrentes do êxodo da população do campo; empenham-se os poderes públicos numa grande campanha de alfabetização. Foi justamente numa época como a presente, em que se começa a olhar com mais carinho para o trabalhador do campo, visando a fixação do homem ao solo, que se vibra duro golpe, que virá destruir o pouco que se tem feito relativamente a esses problemas na zona da “Itatibense”. Não será preciso estudo muito profundo para se concluir que chegou o triste fim da região até então servida pela estrada; supressão de escolas, fechamento da Casa de Assistência Rural de Luiz Gonzaga, decréscimo da produção. E para coroar toda série de conseqüências, o êxodo natural e lógico da população rural. Segundo informações que obtivemos, grandes interesses ocultos forçaram a extinção da estrada. Ante a completa ausência de fiscalização por parte do Departamento competente da Secretaria da Viação, tudo se fez para que os serviços da empresa se tornassem cada vez mais precários, justificando assim a medida pleiteada. Para efeito de estatística, as passagens emitidas de uma estação para outra não eram carimbadas e, após terem sido recolhidas ao término da viagem, retornavam ao posto de emissão. Raramente recebia o passageiro o talão correspondente ao pagamento por falta de bilhete e à respectiva multa. Segundo ainda a mesma fonte, o governo do Estado subvencionou a estrada com 600 mil cruzeiros anuais, durante dois exercícios, auxílio esse que ainda não foi pago. Como meio de restabelecer a normalidade dos serviços de transporte da região, sugere-se que o governo estude imediatamente a possibilidade de fazer correr diariamente duas ‘litorinas’, uma em cada sentido. Duas locomotivas já foram vendidas, restando, portanto esse tipo de máquina de tração, movida a motor de explosão. O pequeno volume de carga – encomendas principalmente – poderá ser movimentado com a junção de um carro reboque à ‘litorina’. Outros são favoráveis à exploração da estrada de ferro pela Cia. Paulista, em cuja direção haveria ambiente propício a entendimentos que se fazem necessários. Entretanto, qualquer que seja a solução que se pretenda dar ao importante fato, não admite delongas. É preciso que se faça alguma coisa, antes que os
  • 35. 35 trilhos e o material rodante da Estrada de Ferro Itatibense sejam vendidos a outras empresas, com campo de ação em outra região. O aproveitamento como estrada de rodagem, do atual leito após a retirada dos trilhos, poderá resolver o problema futuramente, sabido como é que a execução de empreendimento dessa natureza demanda longo tempo. Entretanto, não é solução para o momento. Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, de 7 de setembro de 1952, transcrito do jornal “O Estado de São Paulo”, de 31 de agosto de 1952. No ano de 1954 a cidade passa por delicados momentos, acometida que foi por uma epidemia de Febre Tifóide. A epidemia atingiu 966 pessoas, com muitas mortes. A água fornecida na cidade causou, devido a contaminação e ao não tratamento, uma grave e preocupante epidemia na cidade que, graças a atitudes emergenciais e vigorosas, pode ser debelada. A água da cidade era fornecida por captação do manancial do “Alto do Peroba”. ... A população da época também utilizava água retirada de poços e bebia a água famosa da ‘Biquinha’, tão boa que se lhe dava a propriedade de prender a Itatiba aqueles que a bebessem, pela sua frescura e limpidez. Fonte: Almanaque de Itatiba para 1916 – tópico História de Itatiba. No domingo, 26 de setembro de 1954, quando os olhos e ouvidos estavam ligados nas eleições que aconteceriam em 3 de outubro, o Centro de Saúde estampa no jornal “A Tribuna” importante comunicado: CENTRO DE SAÚDE DE ITATIBA COMUNICADO - FEBRE TIFÓIDE Comunico ao povo de Itatiba a existência nesta cidade de vários casos de Febre Tifóide. Como se trata de doença grave, altamente contagiosa e de rara incidência nesta cidade, chamo a atenção e convido o povo a colaborar no combate a esse surto epidêmico, recebendo os Fiscais Sanitários desta Unidade Sanitária que irão fazer a vacinação intensa contra a Febre Tifóide, bem como a manterem limpos os seus quintais, destruir as moscas comuns, não usar legumes ou saladas de verduras cruas, ferver o leite e beber só água filtrada. Itatiba, 24 de setembro de 1954. Dr. José Fachardo Junqueira - Médico Chefe Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 26 de setembro de 1954. Tentando debelar a doença, aconteceu no ano de 1954, vacinação em massa contra o tifo. A cidade vivia um drama e deveria ainda escolher o seu destino e os seus mandatários. Um pouco mais desse fato podemos conhecer nas páginas do Jornal “A Tribuna”, de setembro de 1954.
  • 36. 36 ... Com o decorrer dos dias, vai se desfazendo o pavor de que foi tomada a nossa população, com o surto epidêmico de febre tifóide em Itatiba, pois, estão sendo tomadas todas as medidas para debelar o flagelo. Ao que se propala, o número de casos positivos é superior a 100. Muitos doentes foram transportados para isolamentos em Campinas e São Paulo, em ambulâncias do Departamento Médico do Estado. Outros deverão ser internados na Santa Casa local, requisitada pelas autoridades sanitárias. Até as 24 horas de anteontem, foram vacinadas 5.897 pessoas, em 1ª dose. O Centro de Saúde local está atendendo as pessoas que desejam vacinar-se. Outras medidas preventivas estão sendo tomadas, tudo indicando que a moléstia não encontrará campo para propagar-se... Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 26 de setembro de 1954. Comunicam-nos da Diretoria da Santa Casa de Misericórdia: Em face do surto epidêmico de febre tifóide, que se verifica nesta cidade, o Departamento de Saúde Pública do Estado de São Paulo requisitou o hospital da Santa Casa de Misericórdia local, para o pronto tratamento dos enfermos. Para tanto, as autoridades estão providenciando medicamentos e tudo que for preciso a fim de que nada falte ao hospital e aos doentes. Digno de louvor o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos médicos desta e das cidades vizinhas, enfermeiros, farmacêuticos, funcionários do Centro de Saúde, médicos e enfermeiros do Departamento Médico do Estado e, enfim, todos os que estão trabalhando no sentido de por um dique ao surto epidêmico de febre tifóide. Graças a essas pessoas, a terrível moléstia não se propagou em maior escala. Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 30 de setembro de 1954. 1.6.5 - Eleição de Jânio Quadros Nessas eleições de 1954 tivemos a participação efetiva de candidatos diretamente ligados a Itatiba, casos do candidato Deputados Federal pelo PST – Partido Social Trabalhista, Luiz Emanuel Bianchi que obteve 717 votos e do suplente de senador na chapa de Auro de Moura Andrade, o já deputado Paulo Abreu, cuja votação do titular em todo estado foi de 551.549 votos. Jânio foi eleito governador com 660.264 votos contra 641.960 votos de Ademar de Barros. Prestes Maia ficou em terceiro lugar com 492.518 votos. Estas informações foram recolhidas nas páginas do jornal “O Progresso de Itatiba”, de 24 de outubro de 1954. 1.6.6 - Eleições de 1955 Vivendo ainda sob o medo da epidemia de febre tifóide, a cidade espera por mais uma eleição que se aproxima. Mais morno que os demais pleitos, consideração aceitável até pela fragilidade emocional que residia junto aos itatibenses, deflagra-se nova campanha, tendo
  • 37. 37 como candidatos o ex-prefeito Erasmo Chrispim, o tabelião e atual vice-prefeito Pedro Mascagni (PTB – PSP) e o jornalista Romildo Prado (UDN), proprietário do jornal “A Tribuna”, fundado em 28 de dezembro de 1952. Erasmo Chrispim vence seus adversários de forma até tranqüila, com uma margem de 182 votos. Na eleição, realizada em outubro de 1955, aconteceu também a escolha para a Presidência da República. Em Itatiba houve a seguinte apuração: Resultado das eleições - Presidente da República (Itatiba/1955): Juarez da Távora (UDN) 1.533 votos Ademar de Barros (PSP) 1.471 votos Plínio Salgado (PRP) 702 votos Juscelino Kubitschek (PSD - PTB) 484 votos Resultado das eleições: Vice-Presidente da República (Itatiba/1955): Milton Campos 1.565 votos João Goulart 1.173 votos Danton Coelho 966 votos O candidato vitorioso nas eleições nacionais, Juscelino Kubitschek de Oliveira obteve, em Itatiba, o pior resultado entre os candidatos. Resultado geral das eleições de 1955 – Prefeito Municipal Erasmo Chrispim (PTN) 1.867 votos Pedro Mascagni (PTB – PSP) 1.685 votos Romildo Prado (UDN) 742 votos Na apuração dos resultados, o cargo de vice-prefeito foi preenchido pelo candidato da coligação PTB-PSP, Professor Luís Pântano. Nesta época também se podia votar separadamente nos candidatos a prefeito e a vice. Da mesma forma era a votação para Presidente da República. Votação para vice - prefeito Luiz Pântano (PTB - PSP) 1.491 Votos Sebastião José (UDN) 1.308 votos Atílio Lanfranchi (PTN) 1.299 votos Legendas PRP - Partido Republicano Paulista 568 votos PSP - Partido Social Progressista 560 votos PTB - Partido Trabalhista Brasileiro 1202 votos
  • 38. 38 UDN - União Democrática Nacional 863 votos PTN - Partido Trabalhista Nacional 766 votos Composição da Câmara municipal - por partido Partido Republicano Paulista – PRP Fernando A Ramos de Mello 205 votos Roberto Milanez 156 votos Partido Social Progressista - PSP Hafiz Abi Chedid 191 votos José de Camargo Neto 124 votos Partido Trabalhista Brasileiro - PTB Fioravante Polessi 140 votos José Ribas 193 votos Aloísio Vieira Sanfins Boava 185 votos Perdoacil Correia Dias 125 votos União Democrática Nacional - UDN Francisco de Assis Bezana 125 votos Ranulfo Rodrigues Fão 124 votos Rafael Ferrari Neto 110 votos Partido Trabalhista Nacional - PTN Rafael Ciarbello 345 votos Benedito Campos Pupo 104 votos Fonte: Jornal “O Progresso de Itatiba”, nº 2.034, de 09 de outubro de 1955 1.6.7 - 1957: Festa do Centenário Itatiba, ou melhor, Belém de Jundiaí, emancipada no ano de 1857 comemora em 1957 o seu ‘Centenário’ e o festeja com grandes eventos. Os acontecimentos foram muitos e a programação dos festejos precisou da colaboração de muitos itatibenses, engajados na preparação e desenvolvimento em todas as festividades que destacamos: Baile e concurso da Coroação da Rainha do Centenário com a presença da Orquestra de Sylvio Mazzuca. O baile foi realizado nas dependências do Cine Marajoara, havendo a necessidade de uma grande mudança do cenário com a retirada de todas as cadeiras que eram fixadas ao chão. Aparecida Dutra eleita Rainha do Centenário, derrotou várias concorrentes e obteve 18.339 votos. Também foram realizados bailes populares em vários clubes da cidade. Aconteceram também: concertos da Corporação Musical Santa Cecília, do Conjunto de Harmônicas “Guararema”, de Jundiaí; concurso Marcha do Centenário; confecção de flâmulas; conferência com o Dr. Luiz de Gama e Silva, Congresso Eucarístico; corrida
  • 39. 39 ciclística e pedestre; desfile de modas infantil; exposição de telas de João Teixeira Araújo – pintor itatibense, além de programação especial na Praça da Bandeira e Festival Infantil no campo do Itatiba Esporte Clube. Houve também a inauguração do Posto de Puericultura, Missa Campal Solene – na Praça da Bandeira, Noite lítero-musical com Luiz Emanuel Bianchi – palestrante e Maria Antonieta Degani – pianista, palestra com Cornélio Pires – “Nossa terra e nossa gente” e com o Professor André Mendonça de Queiroz Telles; Retreta da Banda União dos Artistas de Itu, do 8º B.C. da Força Pública de Campinas, além de sessões especiais de cinemas no Cine Marajoara e no Cine Santa Rosa, show com artistas da Rádio Record e a destinação de verba para formação de uma escola de samba que recebeu o nome de Escola de Samba João Pedro de Campos. Figura 02 - Erasmo e Aparecida Dutra – Rainha do Centenário Acervo: Família Chrispim
  • 40. 40 1.6.8 - Estação de Tratamento de Água e Esgoto. Grande melhoria para a vida da cidade de Itatiba foi a inauguração da primeira ETA - Estação de Tratamento de Água, trazendo uma maior qualidade de vida para a população itatibense. Podemos dizer que, se não foi a melhor obra feita em suas gestões, foi a mais significativa. Essa estação de tratamento foi utilizada posteriormente pelo SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Itatiba, criado e gerido na gestão de Erasmo Chrispim em 1969 por meio da lei 901, autarquia municipal encarregada dos sistemas de abastecimento de água potável e esgotos sanitários. O serviço foi administrado pela Prefeitura Municipal até 1980. No ano de 1980, na gestão do Prefeito Engenheiro Roberto Arantes Lanhoso e através da Lei Municipal de nº 1.508, toda estrutura é passada à SABESP – Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo, que gerencia o abastecimento de água até os dias atuais. 1.6.9 - Primeiro Código Tributário Municipal. Antes desse código a legislação tributária da cidade era dispersa e parcialmente incompatível com a Constituição Federal. Essa reformulação adaptou a legislação às necessidades da comunidade. 1.6.10 - Eleições de 1958 Havia um clima de euforia para as eleições de 1958, com a candidatura de Carvalho Pinto, “que já desfrutava de grande estima e simpatia em nossa terra”, pois era proprietário de área agrícola nos arredores do município. Além do já consagrado prestigio do candidato Ademar de Barros. Outro destaque desta eleição foi a candidatura para deputado estadual de Roberto Arantes Lanhoso. O jornal “A Tribuna” de 4 de setembro de 1958 anunciava um grande comício na Praça da Bandeira, com a presença do governador Jânio Quadros e a do candidato Carvalho Pinto. O evento foi organizado pelo comitê Carvalho Pinto de Itatiba, que tinha como presidente de honra Erasmo Chrispim.
  • 41. 41 Figura 03: Comício com Jânio e Carvalho Pinto Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 9 de outubro de 1958 – acervo: Museu Padre Lima - Itatiba Como nunca se havia visto, Itatiba dá um demonstração de civismo, comparecendo em massa para as eleições de 3 de outubro, tendo uma abstenção de apenas 1,5% dos votos válidos. Dos 5.696 eleitores inscritos, 5.608 votaram, constituindo-se, naquela época, o maior percentual de votação na história política da cidade. Um fato interessante e digno de registro é a votação obtida pelo candidato itatibense Roberto Arantes Lanhoso – UDN, que recebe 2.470 votos do eleitorado, 153 a mais do que Ademar de Barros, o mais votado para o cargo de Governador. Lanhoso conquistou nesta eleição 44,04% dos votos para deputado. Onze anos mais tarde Roberto Arantes Lanhoso, apoiado por Erasmo Chrispim, se elege Prefeito de Itatiba.
  • 42. 42 Figura 04: Propaganda de Roberto Lanhoso Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 9 de outubro de 1958 – acervo: Museu Padre Lima - Itatiba Figuram também na planilha final de votação alguns nomes de destaque nacional e que mereceram votos dos itatibenses, tais como: Ulisses Guimarães (72 votos), Ranieri Mazzilli (54 votos) e Cunha Bueno (45 votos) pela coligação PSP/PSD/PRT; Menotti Del Picchia (70 votos), Ivete Vargas (53 votos) e Leônidas Cardoso (8 votos) pelo PTB; André Franco Montoro (4 votos) e Sólon Borges dos Reis (8 votos) pelo PDC e, Severino Cavalcanti (10 votos) e Roberto de Abreu Sodré (5 votos) pela UDN. Resultado geral das eleições de 1958 Para Governador Adhemar de Barros 2.317 votos Carvalho Pinto 2.196 votos Auro de Moura Andrade 957 votos Para Vice-Governador Porfírio da Paz 1.961 votos Padre Geraldo Costa 1.360 votos Queiroz Filho 860 votos Cid Franco 856 votos Para Senador Frota Moreira 2.032 votos Padre Calazans 1.802 votos Anísio Moreira 547 votos Castilho Cabral 399 votos
  • 43. 43 Para Suplente de Senador Arthur Audrá 1.929 votos Francisco Glicério 927 votos Nério Moreira Costa 545 votos Foch Simão 234 votos Legendas Federais PSP – PSD – PRT 2.117 votos UDN 917 votos PSB – PTN 817 votos PST 492 votos PR 320 votos PTB 234 votos PDC 178 votos PRP 65 votos Legendas Estaduais UDN 2.065 votos PSP 808 votos PTN 588 votos PRT 299 votos PR 232 votos PDC 228 votos PTB 142 votos PSB 105 votos PSD 97 votos PRP 80 votos PL 49 votos Candidatos mais votados - Deputado Federal Hugo Borghi (PSP – PSD – PRT) 909 votos Herbert Levy (UDN) 832 votos José Henrique Turner (PSB – PTN) 364 votos Ortiz Monteiro (PST) 375 votos Derville Alegretti (PR) 242 votos Nelson Omegna (PTB) 77 votos Plínio Cavalcanti (PDC) 123 votos Loureiro Júnior (PRP) 35 votos Candidatos mais votados - Deputado Estadual: Roberto Arantes Lanhoso (UDN) 2.470 votos Diogo Bastos (PSP) 525 votos Alfredo Farhat (PTN) 196 votos Augusto do Amaral (PRT) 109 votos Homem de Mello (PR) 136 votos José A. Castelo Branco (PDC) 52 votos Benedito Matarazzo (PTB) 84 votos
  • 44. 44 Cunha Ferraz (PTB) 62 votos Juvenal Rodrigues de Moraes (PSD) 33 votos Bruno Filho (PRP) 30 votos Theodoro N. Salgado (PL) 16 votos Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 9 de outubro de 1958. 1.6.11 - Eleições de 1959 Na eleição de 1959, como fez em todas as eleições anteriores, Erasmo se retira de cena com o “seu” PTN, apesar do aparente prestigio nacional que o partido tinha em finais de 1950 e início de 1960. Os vereadores Rafael Ciarbello e João Dias da Silva, anteriormente no PTN, se candidatam pelo inexpressivo PST - Partido Social Trabalhista e são eleitos. Resultado geral das eleições de 1959 Para Prefeito Pedro Mascagni (PSP) 3.070 votos Dr. Carlos A. Pitombo (UDN – PSB) 2.112 votos Prof. Luiz Pântano (PTB) 617 votos Para vice-prefeito Otalibe Pellizzer (PSP) 2.533 votos Dr. Roberto Arantes Lanhoso (UDN) 1.279 votos José Costa (PTB) 646 votos Fioravante Polessi (PSB) 552 votos Francisco Bartholomeu (PDC) 512 votos Legendas Partido Social Progressista – PSP 1.601 votos União Democrática Nacional – UDN 1.247 votos Partido Republicano Trabalhista – PRT 831 votos Partido Trabalhista Brasileiro – PTB 702 votos Partido Social Trabalhista – PST 680 votos Partido Democrata Cristão – PDC 439 votos Partido Socialista Brasileiro – PSB 253 votos Composição da Câmara Municipal – por partido Partido Social Progressista – PSP Deusdedith Rodrigues de Almeida 542 votos Lúcio Roque Flaiban 319 votos Roberto Leoni 187 votos Olivar José da Silva 129 votos União Democrática Nacional – UDN Dr. Romeu Bueno de Aguiar 208 votos José Mattiuzzo 141 votos Rafael Ferrari Neto 138 votos
  • 45. 45 Partido Republicano Trabalhista – PRT Miguel Calmon Du Pin Oliveira 131 votos Osmildo Tescarollo 110 votos Partido Trabalhista Brasileiro – PTB José Boava 193 votos Dr. Afrânio Pires da Silveira 176 votos Partido Social Trabalhista – PST Rafael Ciarbello 311 votos João Dias da Silva 120 votos Fonte: Jornal “A Tribuna”, de 08 de outubro de 1959. No final de seu mandato, atendendo a uma reivindicação de Erasmo Chrispim, o Governador Carvalho Pinto criou, em 16 de dezembro de 1959, o terceiro Grupo Escolar de Itatiba. A escola iniciou as suas atividades no primeiro dia de fevereiro de 1960 e, em 1962, oficializava o nome de seu patrono: Coronel Francisco Rodrigues Barbosa – “Chico Peroba”. Em 1960, Itatiba tinha uma população de 20.892 habitantes. Figura 05: Carreata da Vitória Acervo: Museu Padre Lima – Itatiba
  • 46. 46 Na figura 05, flagrante da carreata da vitória, na eleição de Pedro Mascagni e Otalibe Pellizzer. Em primeiro plano, de braços abertos, o ex-prefeito Ettore Consoline Em janeiro de 1960 assume a chefia do executivo o tabelião Pedro Mascagni, prefeito eleito, e o seu vice, Otalibe Pellizzer. Apesar de uma eleição ganha com mais de 800 votos de diferença, a gestão Mascagni/Pellizzer não foi uma tarefa das mais fáceis. Durante todo o mandato, Mascagni teve opositores ferrenhos, tanto dentro da Câmara Municipal, quanto na imprensa local, sendo seus atos seguidos de perto pelas páginas do jornal “A Tribuna”, através do colunista Evaristo Silva, também opositor de Erasmo Chrispim. Um dos episódios mais duros e talvez a maior derrota de Mascagni foi a chamada “Lei dos Meios”. Quando da campanha eleitoral o candidato a prefeito proclamou que não aumentaria o IPTU – imposto predial e territorial urbano – em sua gestão. Um dos seus primeiros atos, após a vitória, foi reajustar em 100% esses mesmos impostos. A população, aliada aos vereadores de oposição e à imprensa local conseguiu a aprovação de uma lei popular com a redução de 50% dos valores reajustados. Houve até vereador que foi surpreendido escondido no forro de casas, diante de impressionante mobilização da sociedade. No auge dos discursos, à noite, em plena Praça da Bandeira, João Rabechi, industrial e grande orador com espírito e senso de humor, já no clima acalorado pelo uso do vinho exclamou: “... Nesta noite ensolarada! Ensolarada para nós, mas negra para eles...”, foi ovacionado pelo povo que saiu vitorioso. 1.6.12 - Eleição presidencial de 1960 As eleições de 3 de outubro de 1960 deram a vitória ao candidato Jânio Quadros (PTN/PDC). Com um discurso enfatizado no combate a corrupção, usava como símbolo de sua campanha a vassoura e o jingle “varre, varre vassourinha...”, que se tornou um hit no momento. Os quatro partidos que apoiavam Jânio, representando 30 por cento do eleitorado, arrebataram quase 6 milhões de votos, enquanto os dois maiores partidos do Brasil (PSD e PTB), apoiando o Marechal Henrique Teixeira Lott, não conseguiram sequer 2 milhões. Contribuíram para isso o prestígio individual de Jânio e um estratagema usado por ele. Apoiava formalmente seu companheiro a vice, Milton Campos e incentivava uma campanha anônima e apartidária que se desenvolvia pelo país, fazendo publicidade da dobradinha Jan- Jan (Jânio-Jango), permitida pela legislação de se poder votar em candidatos de partidos