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09/08/2016 às 05h00
Mercado de dívida corporativa
doméstica ensaia retomada
Após mais de um ano com forte movimento de baixa, o mercado local de
dívida deve começar a apresentar alguma recuperação com a volta do
interesse de investidores institucionais por crédito corporativo. O ponto de
inflexão já aconteceu e o casamento da necessidade das empresas pela
rolagem de dívida com o maior apetite dos investidores deve dar fôlego ao
mercado, segundo especialistas.
O balanço de captações nos primeiros sete meses, no entanto, ainda não é
animador. Dados levantados pelo Valor com base em informações da
Anbima e do mercado mostram queda de 16,74% nas emissões neste ano até
julho, para R$ 41,96 bilhões. O número considera operações de debêntures,
notas promissórias, certificados de recebíveis imobiliários (CRI), certificados
de recebíveis do agronegócio (CRA) e fundos de investimento em direitos
creditórios (FIDC).
O título que apresentou a maior baixa no
volume de emissões do período foi a nota
promissória, com recuo de 52,37%,
seguida pelo FIDC, com queda de
29,06%. Já as emissões de debêntures
ainda tiveram recuo (­24,03%), mas
apresentaram recuperação em relação à
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Os certificados de recebíveis que
oferecem isenção de imposto de renda para a pessoa física foram os únicos
títulos com avanço no período. As emissões de CRA foram o grande destaque,
com crescimento de 205,34%, a R$ 5,59 bilhões. Já o CRI apresentou alta de
4,464% (R$ 6,412 bilhões).
"O mercado de renda fixa entrou em declínio durante o processo de eleições,
em 2014. De lá para cá, as empresas passaram a apresentar resultados abaixo
do esperado, com reestruturações de dívida e recuperações judiciais
machucando os fundos na marcação a mercado. Com isso, os investidores
institucionais aumentaram a aversão ao crédito corporativo, mas já
começamos a enxergar o movimento de retomada", explica Paulo Laranjeira,
responsável por renda fixa local do Bradesco BBI.
Segundo Laranjeira, o ponto de inflexão aconteceu há cerca de um mês,
quando os fundos começaram a olhar novamente para esse tipo de
investimento. A opinião é compartilhada por Aguinaldo Barbieri, gerente­
executivo de mercado de capitais e infraestrutura do Banco do Brasil (BB).
Segundo ele, já existe sinalização de mudança na tendência de baixa das
emissões locais, uma vez que a curva de juros tem sinalizado queda e levado
os investidores a olhar outras opções disponíveis no mercado além do título
público.
"As curvas já mostram queda acentuada do juros, tanto nas NTN­Bs quando
na Selic, e isso anima os investidores. Por um lado, o título público paga
menos e estimula o apetite por risco privado. Por outro, o cenário fica melhor
para o emissor de dívida", diz Barbieri, do BB. Assim, a demanda dos fundos
por papéis de dívida encontra lugar em meio à necessidade das companhias
de refinanciar suas dívidas.
A retomada, no entanto, deve acontecer de maneira mais lenta. Em um
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25/07/2016
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Captações externas
Operações mais recentes
Tomador Valor* Meses Retorno**
Vale 1.000 120 6,25%
República
BR
1.500 367 5,875%
Cosan 150 126 7,125%
Suzano 500 120 5,875%
Petrobras 1.250 120 8,75%
Petrobras 674 60 7,875%
parte importante da oferta. Posteriormente, mais no fim do ano, segundo
expectativa do BB, as operações começam a ser voltadas realmente ao
mercado de capitais.
"Operações 100% a mercado devem demorar um pouco mais. Vamos sentir o
apetite dos investidores, sem expor a empresa, e quando perceber que o
mercado voltou tentamos emissões puras. Os fundos estão com mais apetite e
vão dividir o risco, mas ainda vai ter garantia firme de bancos e apenas parte
distribuída", diz Barbieri.
Para além do investidor institucional, a pessoa física se manteve ativa
durante o primeiro semestre, o que fez com que as emissões de CRA
aumentassem 182,57%. Entre os destaques, estão as emissões da Suzano
Papel e Celulose, da Duratex, da BRF e da Fibria, todas com volume superior
de R$ 500 milhões.
"O investidor pessoa física foca em ativos de muito bom perfil de crédito, mas
o avanço do mercado foi muito grande e está trazendo aos poucos novos
'players'. Até agora saíram boas operações, feitas com critério, e esse mercado
deve continuar a crescer", diz Felipe Wilberg, diretor de mercado de capitais
de dívida no Itaú BBA.
Apesar de também contar com o benefício fiscal, as debêntures de
infraestrutura e os CRIs não apresentaram o mesmo crescimento que os
CRAs. Os CRIs refletem a tendência de baixa do setor imobiliário e acham
pouco espaço em meio aos investidores por possuir prazos mais longos que
os papéis de agronegócio. As debêntures de infraestrutura também
enfrentam a dificuldade do prazo e carregam o risco das obras do projeto,
além do custo.
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Veja as tabelas completas no ValorData
Fontes: Instituições financeiras e agências internacionais.
Elaboração: Valor Data. * Em milhões de dólares ** No
lançamento do título
Juro futuro
DI de 1 dia em 08/08/16
Vencimento
PU de
ajuste
Negociados
Taxa
efetiva
set/16 99.061,01 2.820 14,12%
out/16 97.977,05 25.755 14,12%
nov/16 96.958,95 7.185 14,10%
dez/16 95.957,12 3.445 14,07%
jan/17 94.892,32 106.120 13,98%
fev/17 93.846,99 3.210 13,89%
Veja as tabelas completas no ValorData
Fonte: BM&FBovespa e Valor PRO. Elaboração: Valor
Data.
Palavra do Gestor
Indústria de fundos mais próxima do investidor
Por Rodrigo Noel
Expectativas e a realidade da melhora nos
mercados
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O Banco Central aproveitando o vento a favor
Por Luiz Eduardo Portella
A busca por retorno e o copo meio cheio das
reformas
Por Julio Callegari
Análise Setorial
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