1. IV – São Paulo, 118 (130) Diário Oficial Poder Executivo - Seção II quarta-feira, 16 de julho de 2008
Vôo de parapente é a mais nova arma da
Sabesp para monitorar a Mata Atlântica
J
á surgiram os primeiros resultados Primeira experiência foi realizada em Itanhaém e meta é estender
da parceria entre a Fundação Florestal
e a Companhia de Saneamento
a fiscalização aérea para todo o ecossistema da Serra do Mar
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)
FOTOS: PAULO CESAR DA SILVA
para preservar as áreas remanescentes de
Mata Atlântica em Itanhaém, no litoral
sul paulista. No sábado, dia 12 de julho,
foi lançado o projeto De Olho na Mata
Atlântica, que utilizará sobrevôos com
paramotores para melhorar a vigilância
naqueles locais, para prevenir problemas
como o desmatamento e a poluição de
rios e mananciais.
O projeto surgiu na 4ª Audiência de
Sustentabilidade, realizada em fevereiro
na sede da Sabesp, na capital. O obje-
tivo é reunir esforços dos participantes
em favor da preservação do ecossistema
da Serra do Mar. Participam a Fundação
Florestal (órgão vinculado à Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, responsável
pela preservação do Parque Estadual da
Serra do Mar), a Polícia Militar Ambiental
de Itanhaém e a Associação Brasileira de
Vôo Livre (ABVL).
Olhar panorâmico – Marcelo Morga-
do, engenheiro químico e assessor de Meio
Ambiente da Sabesp, explica que a expe-
riência inicial analisou a bacia dos Rios
Mambu e Branco. Os vôos são realiza-
dos duas vezes por semana na região, por
Projeto De Olho na Mata Atlântica: vigilância pelos ares para impedir o desmatamento e outras ações predatórias do ecossistema
pilotos cadastrados na ABVL, em sintonia
com a equipe da Polícia Ambiental, para
registrar possíveis irregularidades. A meta Conheça o paramotor
é ampliar a área de vigilância nos próxi-
mos meses. No Brasil, esta é a primeira vez O paramotor é uma aeronave ultrale-
que o parapente ajuda no monitoramento ve, de bolsa, que pode atingir até 55 qui-
de recursos hídricos e florestais – pela sua lômetros por hora. Equipado com motor
maneabilidade, o aparelho permite ao pilo- de 250 cilindradas, decola de praticamente
to voar baixo e próximo das encostas das qualquer lugar e pousa em espaços muito
matas, podendo localizar atividades sus- reduzidos. Com o paramotor não é neces-
peitas, e fornecer informações precisas à sário fazer decolagens de morros, pode-se
Polícia Ambiental, por meio de fotos, equi- decolar do chão. O equipamento é de fácil
pamentos de GPS e radiocomunicador. manuseio: o piloto coloca o motor nas
“Usar tantos equipamentos simulta- costas, como se fosse uma mochila, infla
neamente não chega a ser problema. Nas Laghi, da ABVL: o útil e o agradável o parapente, corre alguns passos e já alça Marcelo Morgado: iniciativa pioneira
competições de parapente, o piloto voa vôo. O reservatório tem capacidade para
até mil metros de altitude e, por segu- gou todo o quadro da ABVL. Piloto desde dez litros de combustível, suficientes para
rança, precisa saber com exatidão as suas 2004, Sinnayder Barcelos disse que irá até cinco horas de vôo. Ele é muito menos
coordenadas geográficas e fotografar os participar das reuniões que definirão o poluente e mais econômico que o helicóp-
locais sobrevoados. Assim, adaptamos modelo definitivo de vigilância. O lan- tero, aeronave geralmente utilizada nesse
algumas destas técnicas para ajudar a çamento do De Olho na Mata Atlântica tipo de operação.
preservar a Mata Atlântica”, explica Luiz atraiu o interesse de André Luiz, 31 anos,
Carlos Laghi, presidente da ABVL. e de Daniel Assis, de 26, ambos morado-
Laghi comemora o fato de ter achado res de Praia Grande. “Pretendo participar
um jeito de colaborar com a preservação do da vigilância”, conta André.
meio ambiente. “Desde criança eu sempre Para Luiz Kruel Moutinho, coman-
participei de atividades de preservação. Além dante da Primeira Companhia de Polícia
de ser um trabalho profissional, passa a ser Militar Ambiental, do 3º Batalhão de
gratificante poder ajudar de alguma forma”. Itanhaém, a participação da sociedade
Todos os pilotos envolvidos no trabalho são reforça a fiscalização. “É um auxílio mais Piloto Sinnayder: vigilância ambiental
profissionais registrados na associação e com que bem-vindo. Quando a população
muita experiência nesse tipo de vôo. colabora, melhora todo o patrulhamento, predatórias, como o desmatamento, a
não só o ambiental”, destaca. caça e pesca ilegais, a destruição de matas
Consciência ecológica – A idéia Edson Lobato, diretor do Núcleo de ciliares, são ações possíveis de preservação.
de reunir o prazer de voar com a neces- São Sebastião do Parque Estadual da Serra Comenta que os recursos tecnológicos de
sidade de preservação ambiental empol- do Mar, explica que monitorar atividades imagens e dados digitais facilitaram o ser-
viço. Porém, para ampliar a abrangência do
trabalho, sugere ações pontuais, como pro-
A mata reduzida a 8% do seu tamanho mover e disseminar conceitos de educação
Originalmente, a grande floresta do pelas atividades agropastoril e indus- ambiental na população e iniciativas para
conhecida como Mata Atlântica esten- trial, e pela expansão urbana, reduziu gerar emprego e renda.
dia-se ao longo da costa brasileira, do sua área original a menos de 8% do A expectativa da Sabesp e de seus par-
Rio Grande do Sul ao Piauí, cobrindo total. Atualmente, a Mata Atlântica está ceiros é que, já nas próximas reuniões, pos-
uma superfície de aproximadamente 1,3 reduzida a uma série de bolsões isolados, sam ser divulgados bons resultados, capazes
milhão de quilômetros quadrados, que com diferentes formas de relevo e paisa- de servir de estímulo para pesquisadores,
se estende por 17 Estados, represen- gens, e características climáticas diver- escolas, turistas e toda comunidade.
tando 15% do território nacional. Um sas. Há também grande multiplicidade
longo processo de devastação, provoca- cultural das populações que ali vivem. Anderson Moriel Mattos
O parapente: versatilidade na operação Da Agência Imprensa Oficial