Este documento analisa como os indígenas são representados na historiografia sul-rio-grandense através das lentes das matrizes históricas lusa e platina. A representação dos indígenas reflete mais as estruturas mentais eurocêntricas dos autores do que a realidade dos povos indígenas. Há uma tendência a ver os indígenas como inferiores e relegá-los, devido a um viés etnocêntrico nas análises históricas.
Tradicoes traducoes na_cultura_popular para ssa 2Fabio Salvari
O documento discute a diversidade cultural em Pernambuco e as dificuldades em documentá-la. A autora coordenou um projeto de mapeamento da documentação sobre cultura imaterial no estado, que revelou poucos registros apesar da grande diversidade de manifestações. Isso levanta questões sobre as políticas públicas de preservação do patrimônio imaterial e sobre como registrar tradições dependentes da oralidade no contexto atual.
Este documento discute a relação entre história e memória. Aborda como a memória influencia a formação profissional em ciências humanas, especialmente em história. Também analisa como a memória tem sido afetada pelas mudanças históricas nas últimas décadas e como é um campo importante para o debate historiográfico. Por fim, discute os desafios da memória no mundo atual em termos de ética e utopia.
O documento discute a história indígena em Mato Grosso do Sul, abordando o surgimento e importância da história indígena, seu desenvolvimento no Brasil e em outros países americanos, além de conceitos como etno-história. Também apresenta sugestões para a elaboração de projetos de pesquisa na área e sugestões de leitura para uma iniciação em história indígena.
Pierre Nora analisa a distinção entre memória e história. A memória é vivida e afetiva, enquanto a história é uma reconstrução intelectual e crítica do passado. Nora propõe o conceito de "lugares de memória" para se referir a traços do passado preservados em um momento em que a memória vivida está desaparecendo diante da aceleração da história. Esses lugares preservam marcas da identidade de grupos ameaçados pelo esquecimento.
Fichamento (4) memória e patrimônio texto pierre noraRita Gonçalves
O documento discute a diferença entre memória e história, e como a memória foi "tomada como história". A memória verdadeira e espontânea deu lugar a uma memória arquivística, materializada em registros, imagens e bancos de dados. Os "lugares de memória" como museus e arquivos passaram a substituir a memória coletiva. Eles podem ser materiais, simbólicos ou funcionais, e carregam significados que dependem de como a imaginação os investe.
O documento discute a memória como um fenômeno social complexo. A memória é construída no presente e não pode ser totalmente "resgatada", já que é mutável e depende do contexto. Embora o passado influencie a memória, esta é influenciada principalmente pelas demandas do presente. Há diferentes tipos de memória como a individual, coletiva e nacional.
1) O documento discute as tensões entre concepções de tempo linear e cíclico e como isso afeta noções de patrimônio cultural.
2) Concepções de tempo linear privilegiam documentação escrita e objetos enquanto patrimônio, em contraste com concepções cíclicas que usam narrativas orais.
3) A noção moderna de patrimônio cultural surgiu no contexto ocidental linear de tempo para preservar a memória nacional, mas seu significado é dinâmico e pode não fazer sentido em outros contextos
Objetivo do ensaio: desvendar a origem da memória nas ciências humanas, mais especificamente na História e Antropologia, elencando alguns pontos da utilização da memória no campo da psicologia/psiquiatria. Relação entre Linguagem e Memória: a utilização da linguagem falada e/ou escrita torna-se uma forma de armazenamento da memória de cada indivíduo internamente. Contraponto da memória: amnésia (Esquecimento), que se configura como uma perturbação no indivíduo pela falta ou per
Tradicoes traducoes na_cultura_popular para ssa 2Fabio Salvari
O documento discute a diversidade cultural em Pernambuco e as dificuldades em documentá-la. A autora coordenou um projeto de mapeamento da documentação sobre cultura imaterial no estado, que revelou poucos registros apesar da grande diversidade de manifestações. Isso levanta questões sobre as políticas públicas de preservação do patrimônio imaterial e sobre como registrar tradições dependentes da oralidade no contexto atual.
Este documento discute a relação entre história e memória. Aborda como a memória influencia a formação profissional em ciências humanas, especialmente em história. Também analisa como a memória tem sido afetada pelas mudanças históricas nas últimas décadas e como é um campo importante para o debate historiográfico. Por fim, discute os desafios da memória no mundo atual em termos de ética e utopia.
O documento discute a história indígena em Mato Grosso do Sul, abordando o surgimento e importância da história indígena, seu desenvolvimento no Brasil e em outros países americanos, além de conceitos como etno-história. Também apresenta sugestões para a elaboração de projetos de pesquisa na área e sugestões de leitura para uma iniciação em história indígena.
Pierre Nora analisa a distinção entre memória e história. A memória é vivida e afetiva, enquanto a história é uma reconstrução intelectual e crítica do passado. Nora propõe o conceito de "lugares de memória" para se referir a traços do passado preservados em um momento em que a memória vivida está desaparecendo diante da aceleração da história. Esses lugares preservam marcas da identidade de grupos ameaçados pelo esquecimento.
Fichamento (4) memória e patrimônio texto pierre noraRita Gonçalves
O documento discute a diferença entre memória e história, e como a memória foi "tomada como história". A memória verdadeira e espontânea deu lugar a uma memória arquivística, materializada em registros, imagens e bancos de dados. Os "lugares de memória" como museus e arquivos passaram a substituir a memória coletiva. Eles podem ser materiais, simbólicos ou funcionais, e carregam significados que dependem de como a imaginação os investe.
O documento discute a memória como um fenômeno social complexo. A memória é construída no presente e não pode ser totalmente "resgatada", já que é mutável e depende do contexto. Embora o passado influencie a memória, esta é influenciada principalmente pelas demandas do presente. Há diferentes tipos de memória como a individual, coletiva e nacional.
1) O documento discute as tensões entre concepções de tempo linear e cíclico e como isso afeta noções de patrimônio cultural.
2) Concepções de tempo linear privilegiam documentação escrita e objetos enquanto patrimônio, em contraste com concepções cíclicas que usam narrativas orais.
3) A noção moderna de patrimônio cultural surgiu no contexto ocidental linear de tempo para preservar a memória nacional, mas seu significado é dinâmico e pode não fazer sentido em outros contextos
Objetivo do ensaio: desvendar a origem da memória nas ciências humanas, mais especificamente na História e Antropologia, elencando alguns pontos da utilização da memória no campo da psicologia/psiquiatria. Relação entre Linguagem e Memória: a utilização da linguagem falada e/ou escrita torna-se uma forma de armazenamento da memória de cada indivíduo internamente. Contraponto da memória: amnésia (Esquecimento), que se configura como uma perturbação no indivíduo pela falta ou per
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...REVISTANJINGAESEPE
Lopes da Silva, C. B. ., Muniz Bandeira, J. M. ., & Castro, . J. G. de O. . (2021). Negritude, nação e retratos da mãe áfrica em poemas de Noémia de Sousa e Agostinho Neto: Negritud, Nación y retratos de la Madre África en poemas de Noemia de Sousa y Agostinho Neto. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 1(Especial), 115–132. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/832
1) Os povos indígenas do Nordeste brasileiro receberam pouca atenção de etnólogos e antropólogos, com poucos estudos especializados sobre eles.
2) Esses povos eram vistos como altamente aculturados e sem muita distintividade cultural, tornando-os pouco atraentes para estudos etnológicos.
3) Recentemente, demandas políticas sobre terra e assistência levaram ao surgimento de estudos sobre esses povos, construindo-os como um objeto de pesquisa.
Apresentação de seminário do livro cartografias do estudos culturais de ana c...CDallapicula
O documento discute a trajetória dos estudos culturais na América Latina, comparando-a com a tradição britânica. A autora utiliza como referências teóricas Stuart Hall, Jesús Martín-Barbero e Néstor García Canclini. Ela analisa como esses pensadores abordaram temas como identidade cultural, hegemonia, popular e mediações culturais. O objetivo é mapear o desenvolvimento singular dos estudos culturais na América Latina.
1) O documento analisa registros históricos sobre mulheres surdas, dividindo-se em três partes: produções publicadas sobre a história dos surdos, registros de histórias de mulheres surdas no Brasil e biografias de mulheres surdas reconhecidas.
2) A pesquisa teve como objetivo inspirar o reconhecimento da presença e importância das mulheres surdas, destacando suas histórias e lutas por direitos iguais.
3) A autora busca registrar a presença feminina na história dos sur
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de AngolaREVISTANJINGAESEPE
Pedro, L. T. ., & Mussili, P. L. . (2021). Omau kwa tya nghalondjokonona yovakwanghala vomo Angola – ova !kung (!xung) novakedi vo mokunene: Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de Angola. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 1(Especial), 164–188. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/857
O documento discute a relação entre memória e história, examinando como essa relação é influenciada pelo tempo e espaço. A memória coletiva é uma forma de produção simbólica que constrói identidades e mantém grupos. Embora memória e história sejam distintas, elas também se interpenetram de maneiras complexas.
Artigo para revista cadernos de história a reconstituição histórica dos movim...Otavio Luiz Machado
Este documento discute a importância dos arquivos estudantis para a história e como eles devem ser preservados. Em três frases:
1) Argumenta que os arquivos estudantis constituem um patrimônio cultural importante para compreender o movimento estudantil e não devem ficar sob controle de entidades privadas.
2) Aponta que as iniciativas de preservação destes arquivos merecem atenção para evitar instrumentalização política ou controle monopolista sobre a cultura.
3) Defende que as universidades devem gerir estes arquivos como
Literatura Infantil de Autoria IndígenaInstituto Uka
Este artigo analisa 15 livros de literatura infantil escritos por autores indígenas publicados depois de 2000. Discute como essas obras representam a vida indígena e estratégias usadas para apresentar essa realidade para leitores não-indígenas. Analisa se referendam ou contestam imagens tradicionais sobre indígenas e como dão a conhecer culturas indígenas de forma acessível.
Memória e identidade social michael pollakFrancilis Enes
1) O documento discute a ligação entre memória e identidade social, especificamente no contexto de histórias de vida e história oral.
2) A memória é constituída por acontecimentos, pessoas e lugares vivenciados direta ou indiretamente, que podem ser reais ou projeções. Há também transferências e projeções de eventos, lugares e pessoas entre gerações.
3) As datas de eventos públicos tendem a ser menos precisas nas memórias do que datas de eventos privados, e há tendência à transferência de datas of
Este documento discute as relações interculturais entre mulheres ciganas e não-ciganas na educação. Ele explora como a escola pode ser um espaço para o encontro intercultural entre as duas comunidades e como as experiências das mulheres de ambos os grupos étnicos podem contribuir para reformular os currículos escolares. O documento também examina como o gênero e a cultura cigana influenciam as experiências educacionais das mulheres ciganas.
O Caminho do simbólico ao mercado culturalBabiBrasileiro
O artigo científico sob o título “O Caminho do Simbólico ao Mercado Cultural” tem como objetivo estudar o caminho do valor simbólico, da tradição cultural de uma comunidade frente às regras impostas pelo mercado de consumo de produtos culturais.
Este documento discute os desafios do ensino de história em museus em um contexto onde a memória é predominante. Analisa materiais pedagógicos produzidos por museus como forma de entender concepções de história, memória e aprendizagem. Argumenta que esses materiais fornecem insights sobre projetos de história nacional e devem ser preservados para compreender a educação em museus no Brasil.
O documento discute a atuação do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife (SEC/UR) e de seu idealizador Paulo Freire no campo intelectual e educacional da cidade do Recife na década de 1960. O SEC/UR promoveu diversas atividades culturais e desenvolveu o "Sistema Paulo Freire de Educação". O texto analisa o livro "O Golpe na Alma" para entender a experiência da intelectualidade brasileira após o golpe militar de 1964.
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte nas séries finais do ensino fundamental e médio. O currículo estrutura-se em torno de oito "territórios da arte" que abordam conceitos e conteúdos relacionados a diferentes aspectos das linguagens artísticas. Cada território permite a investigação de determinados saberes estéticos e culturais de forma interconectada. O currículo tem como objetivo aproximar os alunos da arte como um saber por meio de experiências estéticas nos diferentes territóri
José d'assunção barros o campo da história - historiografia - fichamentoJorge Freitas
1. O documento discute as diversas especialidades e abordagens da historiografia moderna, que se tornou altamente fragmentada. Isso inclui a hiperespecialização dos historiadores e a divisão da história em "migalhas".
2. O autor critica a hiperespecialização excessiva que impede os historiadores de considerar outros pontos de vista e dimensões da história. Ele argumenta que os historiadores devem ter conhecimento de todas as abordagens para evitar uma visão limitada.
3. As seções do livro discutem
Candau 0908 memória e identidade do individuoDany Pereira
Este documento discute conceitos preliminares sobre memória e identidade. Apresenta uma taxonomia das manifestações da memória, distinguindo entre protomemória, memória propriamente dita e metamemória. Argumenta que enquanto esses conceitos se aplicam bem à memória individual, eles perdem validade ou se tornam problemáticos quando aplicados a grupos e sociedades.
Este documento resume as atividades e conclusões de um projeto sobre educação intercultural em Moçambique. Os alunos refletiram sobre a relação com o outro usando textos literários e desenvolveram o pensamento crítico sobre identidade cultural. Isto os ajudou a reconhecer a natureza dinâmica das culturas e a necessidade de se adaptar ao outro.
O documento apresenta uma entrevista com Ugo Maia Andrade, pesquisador do PINEB, sobre os Tumbalalá, povo indígena do submédio São Francisco. Andrade explica que os Tumbalalá são descendentes de povos indígenas confinados em missões no passado, embora tenham origens heterogêneas. Atualmente somam cerca de 1.100 pessoas distribuídas em terras nos municípios de Curaçá e Abaré, Bahia. O processo de identificação e delimitação de seu território foi recent
The Summer-Fall 2013 issue of EducationUSA Romania's quarterly publication for high school students and their parents and teachers interested in U.S. study and culture.
O documento anuncia eventos no Memorial Cemitério dos Pretos Novos em 21 de novembro de 2007 para comemorar a Consciência Negra, incluindo desenhos de um artista, apresentações musicais de batucadas e orquestra de percussão, e uma exposição e performance poética.
A Web 1.0 era estática e dominada por grandes empresas, enquanto a Web 2.0 introduzida em 2004 é dinâmica, colaborativa e centrada nos utilizadores, caracterizadas por atualizações constantes, personalização, agregação e partilha de informação. Uma Biblioteca 2.0 adapta-se aos tempos modernos utilizando ferramentas da Web 2.0 para melhorar os serviços e envolvimento dos utilizadores de forma interativa e socialmente rica.
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...REVISTANJINGAESEPE
Lopes da Silva, C. B. ., Muniz Bandeira, J. M. ., & Castro, . J. G. de O. . (2021). Negritude, nação e retratos da mãe áfrica em poemas de Noémia de Sousa e Agostinho Neto: Negritud, Nación y retratos de la Madre África en poemas de Noemia de Sousa y Agostinho Neto. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 1(Especial), 115–132. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/832
1) Os povos indígenas do Nordeste brasileiro receberam pouca atenção de etnólogos e antropólogos, com poucos estudos especializados sobre eles.
2) Esses povos eram vistos como altamente aculturados e sem muita distintividade cultural, tornando-os pouco atraentes para estudos etnológicos.
3) Recentemente, demandas políticas sobre terra e assistência levaram ao surgimento de estudos sobre esses povos, construindo-os como um objeto de pesquisa.
Apresentação de seminário do livro cartografias do estudos culturais de ana c...CDallapicula
O documento discute a trajetória dos estudos culturais na América Latina, comparando-a com a tradição britânica. A autora utiliza como referências teóricas Stuart Hall, Jesús Martín-Barbero e Néstor García Canclini. Ela analisa como esses pensadores abordaram temas como identidade cultural, hegemonia, popular e mediações culturais. O objetivo é mapear o desenvolvimento singular dos estudos culturais na América Latina.
1) O documento analisa registros históricos sobre mulheres surdas, dividindo-se em três partes: produções publicadas sobre a história dos surdos, registros de histórias de mulheres surdas no Brasil e biografias de mulheres surdas reconhecidas.
2) A pesquisa teve como objetivo inspirar o reconhecimento da presença e importância das mulheres surdas, destacando suas histórias e lutas por direitos iguais.
3) A autora busca registrar a presença feminina na história dos sur
Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de AngolaREVISTANJINGAESEPE
Pedro, L. T. ., & Mussili, P. L. . (2021). Omau kwa tya nghalondjokonona yovakwanghala vomo Angola – ova !kung (!xung) novakedi vo mokunene: Aspectos socio-históricos dos povos !kung (khoisan) de Angola. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 1(Especial), 164–188. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/857
O documento discute a relação entre memória e história, examinando como essa relação é influenciada pelo tempo e espaço. A memória coletiva é uma forma de produção simbólica que constrói identidades e mantém grupos. Embora memória e história sejam distintas, elas também se interpenetram de maneiras complexas.
Artigo para revista cadernos de história a reconstituição histórica dos movim...Otavio Luiz Machado
Este documento discute a importância dos arquivos estudantis para a história e como eles devem ser preservados. Em três frases:
1) Argumenta que os arquivos estudantis constituem um patrimônio cultural importante para compreender o movimento estudantil e não devem ficar sob controle de entidades privadas.
2) Aponta que as iniciativas de preservação destes arquivos merecem atenção para evitar instrumentalização política ou controle monopolista sobre a cultura.
3) Defende que as universidades devem gerir estes arquivos como
Literatura Infantil de Autoria IndígenaInstituto Uka
Este artigo analisa 15 livros de literatura infantil escritos por autores indígenas publicados depois de 2000. Discute como essas obras representam a vida indígena e estratégias usadas para apresentar essa realidade para leitores não-indígenas. Analisa se referendam ou contestam imagens tradicionais sobre indígenas e como dão a conhecer culturas indígenas de forma acessível.
Memória e identidade social michael pollakFrancilis Enes
1) O documento discute a ligação entre memória e identidade social, especificamente no contexto de histórias de vida e história oral.
2) A memória é constituída por acontecimentos, pessoas e lugares vivenciados direta ou indiretamente, que podem ser reais ou projeções. Há também transferências e projeções de eventos, lugares e pessoas entre gerações.
3) As datas de eventos públicos tendem a ser menos precisas nas memórias do que datas de eventos privados, e há tendência à transferência de datas of
Este documento discute as relações interculturais entre mulheres ciganas e não-ciganas na educação. Ele explora como a escola pode ser um espaço para o encontro intercultural entre as duas comunidades e como as experiências das mulheres de ambos os grupos étnicos podem contribuir para reformular os currículos escolares. O documento também examina como o gênero e a cultura cigana influenciam as experiências educacionais das mulheres ciganas.
O Caminho do simbólico ao mercado culturalBabiBrasileiro
O artigo científico sob o título “O Caminho do Simbólico ao Mercado Cultural” tem como objetivo estudar o caminho do valor simbólico, da tradição cultural de uma comunidade frente às regras impostas pelo mercado de consumo de produtos culturais.
Este documento discute os desafios do ensino de história em museus em um contexto onde a memória é predominante. Analisa materiais pedagógicos produzidos por museus como forma de entender concepções de história, memória e aprendizagem. Argumenta que esses materiais fornecem insights sobre projetos de história nacional e devem ser preservados para compreender a educação em museus no Brasil.
O documento discute a atuação do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife (SEC/UR) e de seu idealizador Paulo Freire no campo intelectual e educacional da cidade do Recife na década de 1960. O SEC/UR promoveu diversas atividades culturais e desenvolveu o "Sistema Paulo Freire de Educação". O texto analisa o livro "O Golpe na Alma" para entender a experiência da intelectualidade brasileira após o golpe militar de 1964.
O documento apresenta uma proposta de currículo para a disciplina de arte nas séries finais do ensino fundamental e médio. O currículo estrutura-se em torno de oito "territórios da arte" que abordam conceitos e conteúdos relacionados a diferentes aspectos das linguagens artísticas. Cada território permite a investigação de determinados saberes estéticos e culturais de forma interconectada. O currículo tem como objetivo aproximar os alunos da arte como um saber por meio de experiências estéticas nos diferentes territóri
José d'assunção barros o campo da história - historiografia - fichamentoJorge Freitas
1. O documento discute as diversas especialidades e abordagens da historiografia moderna, que se tornou altamente fragmentada. Isso inclui a hiperespecialização dos historiadores e a divisão da história em "migalhas".
2. O autor critica a hiperespecialização excessiva que impede os historiadores de considerar outros pontos de vista e dimensões da história. Ele argumenta que os historiadores devem ter conhecimento de todas as abordagens para evitar uma visão limitada.
3. As seções do livro discutem
Candau 0908 memória e identidade do individuoDany Pereira
Este documento discute conceitos preliminares sobre memória e identidade. Apresenta uma taxonomia das manifestações da memória, distinguindo entre protomemória, memória propriamente dita e metamemória. Argumenta que enquanto esses conceitos se aplicam bem à memória individual, eles perdem validade ou se tornam problemáticos quando aplicados a grupos e sociedades.
Este documento resume as atividades e conclusões de um projeto sobre educação intercultural em Moçambique. Os alunos refletiram sobre a relação com o outro usando textos literários e desenvolveram o pensamento crítico sobre identidade cultural. Isto os ajudou a reconhecer a natureza dinâmica das culturas e a necessidade de se adaptar ao outro.
O documento apresenta uma entrevista com Ugo Maia Andrade, pesquisador do PINEB, sobre os Tumbalalá, povo indígena do submédio São Francisco. Andrade explica que os Tumbalalá são descendentes de povos indígenas confinados em missões no passado, embora tenham origens heterogêneas. Atualmente somam cerca de 1.100 pessoas distribuídas em terras nos municípios de Curaçá e Abaré, Bahia. O processo de identificação e delimitação de seu território foi recent
The Summer-Fall 2013 issue of EducationUSA Romania's quarterly publication for high school students and their parents and teachers interested in U.S. study and culture.
O documento anuncia eventos no Memorial Cemitério dos Pretos Novos em 21 de novembro de 2007 para comemorar a Consciência Negra, incluindo desenhos de um artista, apresentações musicais de batucadas e orquestra de percussão, e uma exposição e performance poética.
A Web 1.0 era estática e dominada por grandes empresas, enquanto a Web 2.0 introduzida em 2004 é dinâmica, colaborativa e centrada nos utilizadores, caracterizadas por atualizações constantes, personalização, agregação e partilha de informação. Uma Biblioteca 2.0 adapta-se aos tempos modernos utilizando ferramentas da Web 2.0 para melhorar os serviços e envolvimento dos utilizadores de forma interativa e socialmente rica.
Este documento presenta un método en 14 pasos para generar ideas. Explica que generar ideas es fundamental para el progreso y el éxito en cualquier campo. A lo largo de la historia, varios pensadores han propuesto métodos similares con etapas como la preparación, incubación e iluminación. El autor aplicó este método en un curso durante 7 años, enseñando a estudiantes formas de generar ideas publicitarias y de negocios de manera sistemática.
El documento define las fuentes alternativas de energía y describe los principales tipos: energía solar, hidroeléctrica, eólica y nuclear. Explica que las fuentes alternativas son aquellas que pueden suplir a las convencionales cuando sean escasas y no dañan el medio ambiente. Concluye resaltando la importancia del uso de estas fuentes renovables.
Este documento discute a evangelização puritana e reformada. Resume três pontos principais:
1. A evangelização teve início no Novo Testamento, com Jesus Cristo ordenando que seus discípulos fizessem outros discípulos e espalhassem o evangelho.
2. A Reforma reacendeu a tocha da evangelização, com a ênfase na soberania de Deus e na reconciliação por meio de Cristo.
3. Os puritanos continuaram levando a tocha da evangelização adiante, pregando a mensagem e métodos da
A União Europeia está preocupada com o aumento da desinformação online e propôs novas regras para combater as notícias falsas. As regras exigiriam que as plataformas de mídia social monitorassem o conteúdo ativamente e removessem rapidamente qualquer conteúdo considerado falso ou enganoso. No entanto, algumas organizações expressaram preocupações sobre como as novas regras podem afetar a liberdade de expressão.
Tindakan pra rujukan untuk bayi prematur dan berat badan kurang dari 2 kg yang tidak bernafas meliputi resusitasi dengan membersihkan mulut dan hidung, menghangatkan tubuh, ventilasi paru menggunakan masker dan balon, serta kompresi jantung apabila denyut jantung kurang dari 60 kali per menit. Tindakan ini bertujuan memulihkan pernafasan dan denyut jantung sebelum rujukan ke fasilitas kesehatan le
Este documento descreve o 14o Congresso Regional de Educadores de Uberaba e do Triângulo Mineiro sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação no processo educativo. O objetivo do congresso é promover uma reflexão sobre como usar essas tecnologias de forma crítica e criativa para construir uma escola cidadã. O documento também resume um minicurso sobre como usar a internet na sala de aula.
O Twitter é uma ferramenta online que permite enviar mensagens curtas de até 140 caracteres para amigos e seguidores, e pode ser usado em sala de aula para interação entre professores e alunos.
Este documento fornece receitas para vários tipos de batidos feitos com frutas e leite, incluindo batidos de cenoura, maçã, iogurte com maçã, morango e iogurte, alperce, framboesa com banana, manga com banana, ananás ou abacaxi, pêssego, abacaxi e maracujá e outros. As receitas fornecem ingredientes e instruções passo a passo simples para preparar cada batido.
O documento descreve uma viagem de prospecção de clientes na Índia. O autor visitou uma fábrica que produz sapatos para uma marca local de 130 lojas, explorando os funcionários que trabalham e vivem 16-17 horas por dia nas fábricas. A produção é totalmente artesanal, sem máquinas, o que permite baixos custos e altos lucros por meio da exploração da mão de obra.
Este documento describe las dimensiones antropológicas de la tecnología a través de la historia. Se divide la evolución técnica en tres períodos: la técnica prehistórica, la técnica artesanal y la técnica industrial. Cada período trajo nuevas técnicas que cambiaron la forma de vida humana y las relaciones sociales. La revolución industrial marcó el inicio de la era de la máquina y la sociedad industrial moderna.
O documento descreve práticas de desenvolvimento ágil utilizando a metodologia Extreme Programming (XP). A XP envolve dividir o projeto em releases curtos com feedback contínuo do cliente, planejamento iterativo por meio de histórias de usuário, programação em pares, testes automatizados, e valoriza princípios como comunicação, simplicidade e feedback.
Writeboard es una herramienta de colaboración en línea gratuita que permite a varias personas editar y comentar documentos de forma simultánea. Los usuarios pueden compartir, revisar y comparar versiones de escritos como poemas, ensayos o capítulos de libros. Esta herramienta ofrece ventajas como el trabajo en equipo remoto y la posibilidad de recuperar versiones anteriores.
Los hombres tienden a vivir menos tiempo que las mujeres. Esto se debe a que los hombres adoptan comportamientos de riesgo más que las mujeres, como no ir regularmente al médico o no cuidar bien de su salud.
Comentários contextuais acerca do texto “cultura y culturas desde la colonial...ajr_tyler
O documento resume a obra do antropólogo peruano Rodrigo Montoya Rojas e sua proposta de "socialismo mágico". Segundo a antropóloga Selma Baptista, Rojas busca sintetizar a questão étnica e política no Peru, combinando elementos de esquerda e questões étnicas inspirados por José Mariátegui. Rojas vê a "utopia andina" como resposta ao fragmentador "localismo", propondo uma identidade andina unificada que mantenha a diversidade cultural.
1. O Rio Grande do Sul foi uma região fronteiriça disputada entre os impérios português e espanhol desde o século XVII.
2. A história do estado é marcada pela questão fronteiriça e pela alternância de períodos de ocupação portuguesa e espanhola.
3. A singularidade cultural dos gaúchos se desenvolveu nesse contexto de fronteira disputada.
Cultura gaucha-e- separatismo-no-rio-grande-do-sulrochamendess82
Este documento apresenta uma introdução sobre o estudo da cultura gaúcha e do separatismo no Rio Grande do Sul. A autora destaca a forte identidade cultural dos gaúchos e como isso está relacionado ao Movimento Separatista Sulino contemporâneo. O texto também discute brevemente os conceitos de etnicidade e separatismo que serão abordados no estudo, utilizando como referência autores das ciências sociais.
Reflexões sobre a resistência indígenaDaniel Silva
Este documento discute a importância da cultura e da festa para entender a resistência dos grupos subalternos. A festa permite observar a dialética entre dominação e resistência, onde elementos populares e dominantes se encontram. Ela é um local privilegiado para estudar valores, símbolos e comportamentos sociais.
1) O documento discute a antropologia urbana e seus objetivos de aprendizagem, que incluem problematizar a questão da antropologia urbana nos âmbitos individual e social com base no conceito de comportamentos desviantes e identificar as novas identidades religiosas e práticas ritualísticas no contexto urbano.
2) A antropologia urbana é apresentada como um subcampo da antropologia que se consolidou na década de 1960 para estudar fenômenos urbanos complexos nas grandes metrópoles.
3) Comportamentos des
Este documento apresenta seis artigos acadêmicos sobre temas relacionados à história da América, natureza e literatura. Os artigos abordam tópicos como a percepção da natureza por imigrantes italianos no Paraná, o eugenismo em Monteiro Lobato, história e sexualidade, um terremoto no Peru em 1746, a agricultura inca e as culturas inca e hispânica na obra de Garcilaso de la Vega.
Entre a fé e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990 ...UNEB
1) O documento discute as festividades em homenagem aos Santos Reis realizadas em Conceição do Coité entre 1990-2009, analisando as imbricações entre os aspectos sagrados e profanos e como a cultura africana contribuiu para o festejo.
2) A festa passou a ser objeto de estudo da historiografia a partir da década de 1970, permitindo compreender a religiosidade popular e suas relações com diferentes segmentos sociais.
3) O conceito de cultura popular é complexo e dinâmico, não fixo
Albuquerque 2408 enredos da tradição a invençãoDany Pereira
O Nordeste surgiu no início do século XX como uma nova região construída historicamente através de práticas e discursos dispersos. Sua fundação se deu sob o signo da saudade e da tradição para reagir à perda de espaços políticos e econômicos por grupos tradicionais. O Nordeste foi inventado como uma totalidade cultural e política para defender a dominação regional ameaçada pelas forças da nação.
Este documento discute o conceito de etnografia e seu papel na antropologia. Apresenta a etnografia como uma estratégia para estudar outras culturas de forma sistemática por meio da observação participante. Também destaca pioneiros como Boas e Malinowski que enfatizaram a importância da experiência de campo do pesquisador vivendo com as comunidades estudadas.
1. O documento discute a construção da identidade nacional brasileira no século XIX, com intelectuais buscando entender o "caráter nacional" a partir das teorias raciais e evolucionistas da época.
2. Intelectuais como Silvio Romero, Euclides da Cunha e Nina Rodrigues usaram o binômio raça/clima para explicar as particularidades do povo brasileiro, vista como entrave ao progresso civilizatório.
3. A mestiçagem foi inicialmente vista como sinal de degeneração pela her
O documento discute o desenvolvimento da história cultural como campo de estudo. Abrange desde as origens na Alemanha e Holanda no século XVIII, passando pelas tradições francesa e anglófona, até chegar aos debates atuais sobre métodos e abordagens, como a ênfase nos símbolos e na hermenêutica.
O documento discute as visões de Franz Boas, Clifford Geertz e Claude Lévi-Strauss sobre cultura e alteridade. Boas rejeitou as teses evolucionistas e fundou o relativismo cultural, enquanto Geertz viu a cultura como um conjunto de significados simbólicos. Lévi-Strauss defendeu a existência de leis universais, vendo a cultura como um sistema estrutural de parentesco e trocas.
Este documento discute os conceitos de povo, cultura e literatura popular regional no Brasil. No primeiro capítulo, define-se povo como as classes populares e menos abastadas da sociedade. Explica-se que cultura está ligada às manifestações do modo de vida de determinada sociedade, como expressões, tradições e costumes. Por fim, estabelece-se a relação entre povo, folclore e cultura popular como forma de expressão do povo brasileiro.
Historia da america, josé miguel arias netoVlademir Luft
1. O texto descreve como Garcilaso de La Vega, um mestiço espanhol-índio, relatou as formas de repartição de terras entre os Incas no século XVI.
2. Os Incas dividiam as terras de acordo com o tamanho das famílias, dando mais terra para famílias maiores e menos para as menores.
3. Ao morrer, a terra voltava para o domínio do Imperador Inca e era redistribuída entre os cidadãos.
O documento discute os conceitos de etnocentrismo, determinismo e relativismo cultural. Afirma que o etnocentrismo envolve ver o próprio grupo como superior e julgar outros grupos de acordo com os próprios valores. Também argumenta que as diferenças culturais não são determinadas biologicamente ou geograficamente, e que cada cultura desenvolve de forma única.
O livro analisa como as teorias raciais do século XIX influenciaram o pensamento de cientistas e instituições brasileiras entre 1870-1930. A autora descreve como essas ideias foram apropriadas no Brasil para explicar problemas sociais, ainda que desconsiderando aspectos como a miscigenação. O livro examina também as diferentes visões sobre raça nesse período e como evoluiu o pensamento racial brasileiro.
O documento discute os conceitos de cultura, multiculturalismo e interculturalismo no contexto do ensino de espanhol no Brasil. Primeiramente, define cultura como um conjunto de traços adquiridos por um grupo social, incluindo crenças, valores e modos de vida. Em seguida, discute que as culturas não são homogêneas e estão em constante mudança. Por fim, argumenta que uma abordagem intercultural no ensino de línguas estrangeiras é importante para desconstruir estereótipos culturais e promover a compreensão
Este documento discute a cultura surda e o papel dos intérpretes de língua de sinais. A cultura surda é constituída por elementos como a identidade surda, a diferença cultural em relação aos ouvintes e a língua de sinais. O documento argumenta que os intérpretes não apenas traduzem, mas também interpretam a cultura, história e política da comunidade surda, apresentando suas próprias particularidades e identidade.
1) O documento discute a história da antropologia, desde seu surgimento no século XIX até meados do século XX, quando teorias como o estruturalismo ganharam importância.
2) No século XIX, a antropologia surgiu para estudar sociedades "primitivas", enquanto a sociologia estudava sociedades modernas, e teorias evolucionistas propunham uma evolução linear das culturas.
3) Ao longo do século XX, a antropologia passou a valorizar o trabalho de campo, o relativismo cultural e a pluralidade de
Álcoois: compostos que contêm um grupo hidroxila (-OH) ligado a um átomo de carbono saturado.
Aldeídos: possuem o grupo carbonila (C=O) no final de uma cadeia carbônica.
Cetonas: também contêm o grupo carbonila, mas no meio da cadeia carbônica.
Ácidos carboxílicos: caracterizados pelo grupo carboxila (-COOH).
Éteres: compostos com um átomo de oxigênio ligando duas cadeias carbônicas.
Ésteres: derivados dos ácidos carboxílicos, onde o hidrogênio do grupo carboxila é substituído por um radical alquila ou arila.
Aminas: contêm o grupo amino (-NH2) ligado a um ou mais átomos de carbono.
Esses são apenas alguns exemplos. Existem muitos outros grupos funcionais que definem as propriedades químicas e físicas dos compostos orgânicas.
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“SHH! AQUI NÃO SE FALA DE BUGRE!”:
O INDÍGENA NA HISTORIOGRAFIA SUL-RIO-GRANDENSE
Marcus Antonio Schifino Wittmann
Acadêmico do Curso de História (PUCRS)
e-mail: wittmann.marcus@gmail.com
RESUMO: O presente artigo pretende analisar o imaginário construído sobre o indígena através do discurso histórico sul-rio-grandense nas suas duas grandes matrizes: a matriz lusa e a matriz platina, buscando demonstrar pontos de convergência e divergência referentes ao papel dado aos índios pela historiografia, focando-se nos trabalhos de Moisés Velhinho e Carlos Teschauer. Além disso, procura-se analisar a continuidade desse discurso e fazer um breve estudo interdisciplinar da questão, abordando temas da História, da Antropologia, da Arqueologia e da Filosofia.
Palavras-Chave: Historiografia sul-rio-grandense, História Indígena, Interdisciplinaridade.
“E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos, não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio”
(Caetano Veloso – Um índio)
A EUROPA É AQUI OU O ETNOCENTRISMO ÀS AVESSAS
Quando começa a História do que hoje conhecemos como Rio Grande do Sul? Geralmente na historiografia há duas respostas para essa questão: na implementação das Missões Jesuíticas na região, em 1627, ou na fundação do forte de Rio Grande, que daria início a cidade de Rio Grande, em 1737. O que separa essas explicações são duas diferentes matrizes historiográficas, a saber: a matriz platina e a matriz lusa. Porém, além das divergências ideológicas, há algo comum entre as duas hipóteses: a omissão quase total do papel dos primeiros povoadores da região, os indígenas.
O objetivo desse artigo é entender o papel referente a esses povos autóctones nas duas matrizes historiográficas, focando-se na produção de dois autores: Carlos Teschauer e Moysés Velhinho. Assim como, analisar se ocorre uma continuidade desses dois discursos no campo historiográfico, tentando entender como e porque relegasse, quando ocorre isso, certas funções e características aos indígenas da região. Far-se-á também uma análise
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interdisciplinar dessa questão, com propostas embasadas na História, na Antropologia, na Arqueologia e na Filosofia.
Ao analisarmos as matrizes históricas, buscando respostas sobre os indígenas, vemos que as representações dos autores demonstram muito mais sobre as estruturas mentais deles do que informações sobre os índios. Sobre as matrizes lusa e platina, afirma Gutfreind:
Por matriz entende-se um tipo de discurso com características comuns encontradas em um conjunto de obras históricas, cujos conceitos adquirem significados ocultos, conforme a conjuntura que se desenvolve e, por isso mesmo, mantém uma vitalidade sempre eficaz. Essas matrizes representam a busca da identidade político-cultural do território sul-rio-grandense (1998, p. 11).
A corrente platina, ou Jesuítico-Espanhola, defende a influência e participação dos jesuítas e das missões na formação histórica, cultural, política e religiosa do Rio Grande do Sul, porém não há uma apologia a cultura platina ou espanhola. Já a corrente lusa, ou Luso-Brasileira, afirma uma formação total a partir da lusitanidade, reforçando, ou criando, um antagonismo com a obra jesuíta e com os interesses castelhanos. Parece ser apenas um pequeno embate ideológico, mas:
Poucos eram os pontos discordantes, porém, se numericamente eram de somenos importância, sua significação equivalia à própria história sulina. Poucas palavras resumiriam a discórdia: as intenções separatistas do Rio Grande do Sul na primeira metade do século XIX e a existência de influências platinas nos hábitos e nos costumes do Rio Grande do Sul, principalmente na zona fronteiriça com o Uruguai e a Argentina. (GUTFREIND, 1998, p. 149)
Nesse grande debate procuram-se heróis da pátria para exemplificar cada corrente. Do lado Platino, temos os Jesuítas; e, do lado Luso, os bandeirantes, os açorianos e os portugueses. Mas, por que esses grandes personagens não são fruto da própria “pátria”, da própria “terra”, por que não há algum personagem indígena? Luís Henrique Torres responde a esse questionamento:
A convergência dos discursos se faz na aceitação indiscutível da inferioridade, selvageria, atraso, incompetência e inviabilidade do índio em gerir sua própria vida. Essas posições etnocêntricas são aceitas como sendo
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naturais e não frutos de uma elaboração intelectual e, portanto, questionáveis e contestáveis (1990, p. 181).
Torres apresenta um conceito importantíssimo para a discussão, o de etnocentrismo. Como a própria palavra já mostra é a centralização da etnia, tudo gira em torno do ethnos. Assim análises, juízos de valores, construção de representações e imaginários partem de uma visão do eu, não entendendo por completo o outro, que possui suas próprias concepções e características diferentes. Como o exemplo de Colombo quando entra em contato com as línguas dos povos americanos: ele possui duas explicações “reconhecer que é uma língua, e recusar-se a aceitar que seja diferente, ou então reconhecer a diferença e recusar-se a admitir que seja uma língua (...)” (TODOROV, 1988, p. 30). A língua é um fator muito importante para o etnocentrismo, pois, se um povo não possui um idioma que eu entenda, ele já é inferior1, ou, como no caso brasileiro, quando da instauração do ensino da língua geral pelo Marquês de Pombal, essa prática não era para a unificação de um “povo brasileiro”, falante de uma mesma língua, senão porque a pluralidade de línguas dificultava a melhor exploração da terra. Assim que, ensina Todorov: “é falando ao outro (não dando-lhe ordens, mas dialogando com ele), e somente então, que reconheço nele uma qualidade de sujeito, comparável ao que eu mesmo sou” e que “se a compreensão não for acompanhada de um reconhecimento pleno do outro como sujeito, então essa compreensão corre risco de ser utilizada com vistas à exploração, ao “tomar”; o saber será subordinado ao poder.” (1988, p. 128).
Sendo o etnocentrismo algo natural de todas as culturas, não há como fugir dele, porém há diferenças entre concepções, como afirma Clastres:
(...) uma diferença considerável separa o etnocentrismo ocidental do seu homólogo “primitivo”; o selvagem de qualquer tribo indígena ou australiana julga que a sua cultura é superior a todas as outras sem se preocupar em exercer sobre elas um discurso científico, enquanto a etnologia pretende situar-se no elemento da universalidade sem se dar conta de que permanece, sob muitos aspectos, solidamente instalada em sua particularidade, e que o seu pseudodiscurso científico se deteriora rapidamente em verdadeira ideologia (CLASTRES, 2003, p. 32).
1 Todorov enumera alguns exemplos: “(...)os eslavos da Europa chamam o alemão vizinho de nemec, o mudo; os maias de Yucatán chama os invasores toltecas de numob, os mudos, e os maias cakchiquel se referem aos maias mam como “gagos” ou “mudos”. Os própios astecas chamam os povos ao sul de Vera Cruz de nonoualca, os mudos, e os que não falam o nahuatl de tenime, bárbaros, ou popoloca, selvagens (...)”(TODOROV, 1988, p. 73)
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Mas, qual a relação entre o etnocentrismo ocidental e a produção histórica sul-rio-grandense? Ambas as matrizes seguem a visão européia, ou portuguesa ou espanhola. Seguindo uma idéia de “evolução”, tanto cultural quanto “racial”, de sentido único da história, onde a sociedade “civilizada” é a etapa mais avançada e a “primitiva” a mais inicial, ou seja, que “(...) as sociedade sem poder [primitivas] são a imagem daquilo que não somos mais e de que a nossa cultura é para elas a imagem do que é necessário ser” (CLASTRES, 2003, p. 34). Esse “desenvolvimento” depende de várias características como o poder político, o avanço tecnológico, a demografia, o excedente alimentar, a estratificação social, o poder ideológico e de dominação. Como mostra Darcy Ribeiro:
Conceituamos as revoluções tecnológicas como inovações prodigiosas no equipamento de ação sobre a natureza e na forma de utilização de novas fontes de energia que, uma vez alcançadas por uma sociedade, a fazem ascender a uma etapa mais alta do processo evolutivo. Esta progressão opera através da multiplicação de sua capacidade produtiva com a conseqüente ampliação do seu montante populacional, da distribuição e da composição deste; da reordenação das antigas formas de estratificação social; e da redefinição de conteúdos ideológicos da cultura. Opera, também, mediante uma ampliação paralela do seu poder de dominação e de exploração dos povos que estão a seu alcance e que ficaram atrasados na história por não terem experimentado os mesmos progressos tecnológicos (1977, p. 34).
A alteridade nesse caso não é uma questão de ser diferente ou não, mas sim de ser superior ou inferior. Logo, na historiografia sul-rio-grandense o índio passou por três dimensões de análise: o plano axiológico ou tautológico (o outro é bom ou mau, é bárbaro ou civilizado), o plano praxiológico (adota-se os valores do outro, identificando-se com o outro, ou submete-se o outro) e, por fim, o plano epistêmico (a identidade do outro é conhecida ou ignorada, posta no esquecimento) (TODOROV, 1988, p. 183). O resultado disso é o que será analisado em seguida, porém, como Todorov adverte, “o postulado da diferença leva facilmente ao sentimento de superioridade, e o postulado da igualdade ao de in-diferença, e é sempre difícil resistir a esse duplo movimento” (1988, p. 61).
Mas, porque é usado um modelo europeu em terras brasileiras? Qual o motivo da “colônia” pensar como “metrópole”? Não falamos aqui da conquista da terra, mas sim da conquista da mente. Os intelectuais brasileiros foram e são formados através de uma visão estrangeira do seu país de origem, relegando um preconceito ao que é “brasileiro”. Ou seja, o Brasil é um país alocêntrico, o referencial simbólico está além-mar. Nossas fronteiras, parafraseando
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Sérgio Buarque de Holanda, são européias. É, portanto, um etnocentrismo às avessas. Como demonstra Holanda:
Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem (1995, p. 31).
Eis os pressupostos que permeiam os discursos de Pe. Carlos Teschauer e Moysés Velhinho, que são os autores principais das duas matrizes historiográficas, a Platina e a Lusa: o etnocêntrismo/eurocêntrismo, o evolucionismo cultural, a procura de grandes personagens da história e a axiologia. Isso influencia e rege a visão deles sobre os indígenas.
O DISCURSO SOBRE OS INDÍGENAS OU OS FANTOCHES
Teschauer (1851-1930), por ser um padre jesuíta, segue a linha historiográfica Jesuítico- Espanhola, sublinhando a importância das Reduções para a história do Rio Grande do Sul. Mas, que importância é essa? A de catequisar, de domar, de domesticar, os “índios selvagens”, sendo as Missões um baluarte cristão contra o perigo pagão que rondava as terras tupiniquins, um “foco de luz” no meio da “escuridão”. Moacyr Flores coloca Carlos Teschauer dentro da linha do Historicismo, na qual, segundo ele:
A narrativa histórica torna-se pragmática na demonstração da importância da religião católica na formação do Rio Grande do Sul. O espírito antecede e transcende o homem, que é apenas um joguete nas mãos de Deus que dá a cada povo uma missão, castigando aqueles que são contra os cristãos numa visão maniqueísta, nacionalista e espiritualista [...] (1989, p. 53).
Assim, os padres jesuítas são os grandes personagens da narrativa de Teschauer, pois “a civilização cristã é o centro da humanização do selvagem e o padre é o veículo na conquista espiritual” (TORRES, 1990, p. 51), deixando para o índio o mero “papel” de ser catequizado, ou seja, salvo. Porém, essa salvação só no plano espiritual, pois sobre o etnocídio indígena:
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A insistente tentativa de justificar a ação legal da Companhia, sempre em nome do Rei e do Papa, demonstra que o comprometimento da conversão dos índios estava baseado na fidelidade aos interesses do poder real e não com os interesses dos indígenas. Neste contexto, o extermínio promovido pelos exércitos luso-espanhol sobre a frágil resistência dos Guaranis em defesa de seu território, é tratada com certa indiferença, na medida em que o ator principal – o padre – supostamente não participou desta sublevação (1990, p. 50).
Os indígenas também são tratados como animais irracionais, selvagens, brutos, e ao mesmo tempo infantis, como se fossem crianças pressas em corpo de adulto, porém passíveis de conversão por possuírem alma2, o que só reforça o papel heróico dos jesuítas na missão de resgatarem os “lobos vorazes”, como Anchieta chamava os indígenas não catequizados (ANCHIETA, 1958), do “paganismo canibal”. Porém, mesmo possuindo alma e sendo homo sapiens, os índios não estavam no mesmo estágio evolutivo dos europeus, mas sim dos animas da floresta e da própria paisagem:
Evoca-se a incompetência intelectual e cultural, o atraso tecnológico e espiritual a ausência de uma “consciência pública” sempre com referência na sociedade supostamente completa, a européia católica. Um recurso constante é a comparação do índio com os animais até o ponto de fundirem-se com o cenário (TORRES, 1990, p. 53).
Já Moisés Velhinho (1902-1980) trabalha com a matriz Lusa; logo rechaça a ação das Missões Jesuíticas, e também, pois segue a teoria do Determinismo Sociológico, fundamenta sua explicação “com as categorias de coragem, independência, hospitalidade, religiosidade, democracia”, sem preocupar-se “com as funções das instituições ou dos grupos sociais” (FLORES, 1989, p. 41). Assim, os jesuítas fariam parte de um projeto espanhol de construir um império teocrático na região, indo contra a “natural” brasilianidade republicana dos rio- grandenses. No discurso “histórico”3 de Velhinho aborda-se o índio missioneiro como um inimigo da “civilização luso-brasileira”, por seguir um modelo platino, ou seja:
2 Teschauer faz uma pesquisa em fontes históricas e etnográficas sobre os indígenas para suas obras, porém a seleção e a interpretação das mesmas seguem um modelo de fortalecimento do projeto civilizatório jesuítico.
3 Há vários trabalhos que propõe uma crítica aos escritos de Moisés Velhinho, partindo geralmente da afirmação da falta de método científico neles. Pode-se citar Leopoldo Collor Jobim: “(...) Moysés Velhinho limita-se – o que é perfeitamente adequado a seu espírito ensaístico e diletante – a propor algumas especulações e algumas conjeturas: e mais nada. Se seus pares atribuíram a essas divagações o caráter de escrito histórico, isso revela o nível do meio acadêmico rio-grandense” (JOBIM, 1987 ,p. 341).
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Nesta disputa de fronteira origina-se outra representação, a do índio missioneiro, que defende interesses castelhanos e constitui um entrave para a civilização luso-brasileira. O índio não é mais uma criança carente de proteção, como em Teschauer (...) mas um inimigo que precisa ser combatido e se preciso exterminado para que o Rio Grande cumprisse um profético “destino histórico” (TORRES, 1990, p. 180).
Esse “destino histórico”, através da exterminação dos indígenas é necessário, pois a catequese seria “suficiente para franquear de pronto os caminhos do céu, não porém os da civilização” (VELHINHO APUD TORRES, 1990, p. 143). Assim, o autor chega ao ponto de legitimar a hecatombe indígena através dos seus heróis, os bandeirantes:
(...) os bandeirantes estavam apenas repetindo a história, em época e condições em que nenhuma raça agiria de outra forma. Não se conhecia até então, e o mesmo vale, em certa medida, até os tempos atuais, – nenhum povo que não tivesse batido o seu império sobre a escravidão e o sacrifício dos vencidos. Preando índios e escravizando-os – aqueles bárbaros que vivam em guerras permanentes e se comendo uns aos outros – os colonos apenas cumpriam uma lei da vida (VELHINHO apud. TORRES, 1990, p. 144).
Ao analisar-se o plano axiológico é inegável que o outro, o indígena, é visto como uma criatura que possui valores inversos àqueles dos colonizadores europeus, ou seja, da civilização: ele é selvagem, pagão, primitivo, canibal, etc.; no plano praxiológico geralmente há uma submissão do outro, por ser considerado inferior, porém na matriz Lusa os indígenas fazem parte da formação do gaúcho, todavia não tendo uma participação muito importante:
No platino o sangue indígena foi dominante e conduziu as violências orientadas pelo caudilhismo. Ao contrário do Prata, aqui o gaúcho não recebeu uma “perigosa dose” de sangue indígena, somente o suficiente para caracterizar certos traços psicológicos de valentia nos combates fronteiriços. O elemento lusitano impôs a ordem, a sobriedade, e o gaúcho representa a luta pelos interesses da própria sociedade e não contra ela, como fez o gaúcho “malo” platino (TORRES, 1990, p. 182-183).
E, no plano epistêmico, há um processo de esquecimento e silenciamento das populações indígenas e o que elas representam. Pois só há “participação” deles no início da “história” do Rio Grande do Sul. Após o primeiro momento de colonização, eles vão evaporando das páginas dos livros de história, como se tivessem sido “civilizados”, transformam-se em uma massa amorfa. Logo, “a negação da diferença através da ótica etnocêntrica limita a
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preservação da identidade étnica do indígena a uma palavra: a ausência” (TORRES, 1990, p. 190).
PROPOSTAS INTERDISCIPLINARES OU "VIRÁ IMPÁVIDO QUE NEM MUHAMMAD ALI"
O indígena na historiografia não é um sujeito. É apenas um objeto, manipulado e deixado de lado na maior parte do tempo. O imaginário que grande parte da população do Rio Grande do Sul tem sobre os indígenas vem dos livros de história. Nos quais, geralmente, estes são analisados junto à fauna e flora da região sul-rio-grandense, onde são vistos como populações primitivas e incivilizadas, que não possuem moral, são apenas bárbaros, salvando-se, para a matriz Platina, os poucos que foram catequizados pelos jesuítas nas Missões. Já para a matriz Lusa os indígenas são inimigos. Assim, nota-se que a conquista portuguesa sobre os indígenas, se não foi tão violenta fisicamente como a dos espanhóis, como os relatos de Cortez e Las Casas confirmam, na dimensão da memória foi gigantesca e continua sendo.
O discurso histórico dessas obras, mesmo sendo de períodos e teorias diferentes, possui certas características em comum, principalmente no que se refere à figura do indígena, e o que ele representa para a “civilização”:
Os discursos partem da falta dos nossos valores naquelas sociedades; falta Lei, Rei, mercado, intelectuais. Sobram coisas nefandas: antropofagia, bebedeiras, paganismo, promiscuidade. Aqui reside a sociedade superior, hierarquizada; politizada; lá na tribo, estão os selvagens no primeiro degrau da civilização, a distância entre “nós” e “eles” é demasiadamente grande para ser superada. (TORRES, 1990, p. 187)
Porém, há características mais sutis como, por exemplo, o termo “indígena”. Usado como se houvesse apenas um grupo étnico na região, as diferenças entre essas distintas sociedades não são relevadas. Não há o Guarani (a não ser nas Missões), o Charrua, o Kaingang, etc. apenas o índio4, não ocorre um estudo aprofundado sobre as pluralidades indígenas, a não ser para serem usadas como fator de exploração. Outro ponto de convergência é a questão do exótico. O indígena é, ao mesmo tempo: um objeto, por ser descartável e, às vezes, não considerado
4 Neste artigo usa-se o mesmo termo, mas para identificar um grupo que tem como ponto em comum a omissão dentro do discurso histórico.
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humano; e um sujeito, pois tem alma, e é um súdito cristão quando catequizado. O que os transformou quase como em uma “curiosidade”, um “produto natural brasileiro”, hoje compra-se artesanato indígena por ser algo exótico, diferente:
É antes um estado intermediário, que devem ocupar em seu espírito: são sujeitos sim, mas sujeitos reduzidos ao papel de produtores de objetos, de artesãos ou de malabaristas, cujo desempenho é admirado, mas com uma admiração que, em vez de apagá-la, marca a distância que os separa dele; e sua pertinência à série “curiosidades naturais” não é totalmente esquecida.(TODOROV, 1988, p. 126)
Podemos analisar também os verbos usados nos textos sobre os indígenas. Esses verbos, na sua maioria, demonstram ações feitas por vários atores históricos, menos os índios. Eles são apenas “catequizados”, “reduzidos”, “conquistados”, “armados”, “protegidos”. Logo, se não agem na história, não são agentes históricos e não participam dela. O único ato deles é “atacar” e promover o “canibalismo”5, como se fossem realmente selvagens ferozes. Pode-se ver a continuidade desse discurso nos livros didáticos, como afirma Telles:
Por exemplo, fala-se dos “ataques” dos índios: eles sempre atacam, nunca aparecem como atacados e a eles não é dado o direito de defesa. Nem mesmo o de comercializar com quem escolherem. Notem que os índios que se aliam aos franceses ou holandeses são sempre índios “ferozes” (In: SILVA, 1987, p. 83)
Há certos conceitos usados até hoje que também prejudicam o entendimento sobre as nações indígenas do passado, e, conseqüentemente, do presente. Como o de “pré-história” que define pelo simples aparato da escrita, o domínio do código escrito, se um povo possui ou não história. Omitindo a riqueza dos relatos orais transmitidos de geração em geração, e dos dados arqueológicos sobre essas populações ágrafas, o termo “pré-colonial” seria mais justificado. Tendo assim um marco temporal, como em todas as outras divisões históricas. O termo “subsistência” também causa controvérsias, pois definiria uma economia que manteria um povo no nível da pura e mera sobrevivência. Porém se sabe que a maioria desses povos indígenas americanos possuía um excedente alimentar capaz de sustentar até o dobro da
5 Termo que geralmente tem um entendimento errôneo. Um termo que abordaria de forma mais clara essa atividade seria “antropofagia”, onde a carne humana, geralmente de prisioneiros de guerra é ingerida em rituais de apropriação das características do adversário.
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população (CLASTRES, 2008, p. 23) e os próprios Guarani são caracterizados por uma “economia da abundância” (KERN, 1994, p. 121). Ou seja: “parece-nos mesmo que, nesse sentido, é antes o proletariado europeu do século XIX, iletrado e subalimentado, que se deveria qualificar de arcaico” (CLASTRES, 2008, p. 13-14). A questão da subsistência geralmente é reforçada pelo “atraso” tecnológico. Porém, não podemos analisar sociedades diferentes por níveis de evolução tecnológica, e sim pelo uso e função dos objetos para atingir objetivos. Porém, como demonstra Clastres, o advento de materiais tecnologicamente mais “avançados” na América gerou não o “progresso” para as sociedades indígenas, mas sim a violenta conquista:
A vantagem de um machado de metal sobre um machado de pedra é evidente demais para que nela nos detenhamos: podemos, no mesmo tempo, realizar com o primeiro talvez dez vezes mais trabalho num tempo dez vezes menor. E, ao descobrirem a superioridade produtiva dos machados dos homens brancos, os índios os desejaram, não para produzirem mais no mesmo tempo, mas para produzirem a mesma coisa num tempo dez vezes mais curto. Mas foi exatamente o contrário que se verificou, pois, com os machados metálicos, irromperam no mundo primitivo dos índios a violência, a força, o poder, impostos aos selvagens pelos civilizados recém-chegados. (2003, p. 213-214)
Permeia também o mito da aculturação6, onde a “civilização” teria englobado esses grupos indígenas, transformando-os. Alguns argumentos seguem a linha da cultura material como fator de mudança, ou seja, se os indígenas usam algum objeto ocidental, ou se apropriam dele já não são mais indígenas, mas também não são ocidentais. Contudo, estudos arqueológicos sobre o contato entre as populações indígenas e os colonos europeus já levantaram questões referentes ao uso desses objetos mostrando que era uma forma de adaptação, não de aculturação, transformando algo não familiar a essas populações em algo familiar:
Longe de sugerir aculturação, esses itens modificados indicam os meios pelos quais indivíduos coloniais criativamente readaptam materiais não- familiares para atender suas necessidades em uma mudança rápida de mundo. Reconhecendo a natureza transformativa da cultura material, novos significados, funções, e significantes foram trazidos para objetos coloniais e,
6 Onde há um grupo transmissor e outro receptor de cultura (ver Redfield, Linton e Herskovits, 1936). Termo que não é mais usado deste modo desde a década de 1970, mas em alguns estudos continua vigente.
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talvez mais importante, tornando o não-familiar em familiar7. (LOREN, 2008, p. 23)
Outro “clichê” é a sociedade sem estado, ou seja, sem poder político. Clastres desconstrói esse argumento, mostrando que há sim um poder político nas sociedades indígenas, porém não baseado na coerção estatal, como é o ocidental, mas sim em três características principais: a pacificação, a oralidade e a generosidade. Ou seja, as lideranças indígenas deveriam ter esses três atributos podendo manter assim um estado de paz, porém que pudessem ao mesmo tempo liderar um exército na guerra, além de dever ser generosos para o grupo, pois seu poder só era válido com a aprovação dos outros, assim o grupo não deve obediência a esse “chefe”, e sim o contrário. Como afirma o autor: “a história dos povos que tem uma história é, diz-se, a história da luta de classes. A história dos povos sem história é, dir-se-á com ao menos tanta verdade, a história da sua luta contra o Estado” (CLASTRES, 2008, p. 185-186).
Entretanto, não podemos fazer uma análise anacrônica dos discursos históricos, que estão dentro de seus períodos e corpo teórico respectivos, com análises e teorias que surgiram após. Assim, toda essa discussão de alteridade, etnocentrismo e preconceito seria, realmente, anacrônica ao analisarmos os livros de história mais antigos. Porém não menos relevante, pois, essa discussão torna-se atual, e muito, se olharmos para os livros didáticos que circulam nas escolas, para alguns livros acadêmicos de história, e até para a própria Universidade. Por exemplo, livros, principalmente didáticos, foram e são escritos erroneamente nesse quesito da representação e omissão do indígena e seu entendimento, porém o problema não está apenas no livro em si, como afirma Faria:
[...] não se trata apenas de mudar o livro didático. O que deve ser entendido é o papel da escola e como ele é bem desempenhado, através de vários recursos (livro didático, professor, método e técnicas etc). O livro didático poderia ser diferente, mas exigiria um professor diferente: assim como este professor diferente saberia fazer bom uso até mesmo do livro didático (...) (APUD SOARES, et al. 2002, p. 100.)
No entanto, podemos aprofundar essa análise. Para alcançarmos um professor diferente, devemos visar uma formação diferente para esse profissional, ou seja, uma formação
7 Far from suggesting acculturation, these reworked items indicate the ways in which colonial individuals creatively readapted unfamiliar material to meet their needs in a quickly changing world. By recognizing the transformative nature of material culture, new meanings, functions, and significance were brought to colonial objects and, perhaps more importantly, rendered the unfamiliar familiar. (Tradução do autor)
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acadêmica diferente, já que a história indígena e do indígena não possui um espaço bem delimitado em várias universidades. Ela está entre a Arqueologia e a História do Rio Grande do Sul. Se, por um lado, a primeira prontifica-se a estudar os vestígios das populações pré- coloniais do estado, não deve cair na armadilha de considerar o indígena como um sujeito- objeto, reduzindo-o a produção de materiais, ou seja, analisar os artefatos, e não aqueles que o produziram. Logo, é necessário ter um diálogo mais aberto com a História, com a Antropologia e com a Filosofia. Por exemplo, ainda vigora o modelo do PRONAPA8 em grande parte da arqueologia brasileira e a atualização teórica ainda é lenta.9 Já a segunda, geralmente inicia na construção do forte de Rio Grande ou na chegada das Missões Jesuíticas, ou seja, nesse quesito há uma junção das duas matrizes, porém o indígena continua com seu (não) papel. Assim deve-se trabalhar com críticas a conceitos, como pré-história, subsistência, primitivo, canibalismo, guerra, vingança, mito, etc. E trazer a questão indígena para a atualidade e mostrar onde essas populações vivem atualmente, o que fazem, como vivem e, principalmente, qual a visão delas sobre o “processo civilizatório”, pois, se mantermos esses mitos de primitivismo e inferioridade:
São histórias assim que tornam os nossos colégios, inclusive religiosos, usinas de aprendizes de opressores. Amanhã, em nome do progresso, engenheiros abrirão estradas em terras de nações indígenas, advogados legalizarão hectares roubados dos posseiros, gerentes evitarão empregar negros, publicitários consagrarão a mulher branca como modelo de beleza, fazendeiros assassinarão índios tido como inúteis e indolentes, pais odiarão filhas que namorarem negro. “Haverá choro e ranger de dentes”, como diz o Evangelho. Porém, uma coisa é certa, diz São João: “a verdade nos libertará”. E, com alegria ou sofrimento, as futuras gerações terão que se deparar com este inevitável destino: a edificação de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades, sem discriminações étnicas ou raciais e sem divisões de classes. (BETTO In: SILVA, 1987, p. 10)
A tentativa de desconstrução dos discursos históricos sempre é valida, porém no referente à história indígena não é o suficiente, pois se, por um lado, a ideologia mascara esses grupos
8 Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas que, durante os anos 1960 e 1970, procurou definir Tradições e Fases dos grupos indígenas pré-coloniais brasileiros através das modificações e “evoluções” do material arqueológico, principalmente cerâmico, o que demonstraria as migrações desses grupos.
9 Por exemplo, o uso de teorias da antropologia, como a proposta sobre grupos étnicos por Barth em 1969 (ver Barth, 1998) para evitar uma violência interpretativa (LIMA In: LOPONTE; ACOSTA, 2011)
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autóctones, por outro lado, a omissão causa maiores estragos, relegando-os ao esquecimento. Este artigo foi uma tentativa de argumentação crítica sobre esse problema.
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