1. Está implantada a
República em Portugal!
Não perca nesta edição:
Reportagem: Fique a par de todos os
pormenores. (leia na pág. 4).
Conheça os protagonistas. (Pág. 6)
Saiba o que mudou na toponímia de
Almeirim. (Pág. 11)
Conheça os símbolos
da República Portu-
guesa: bandeira, hino,
moeda. (Pág. 9 e 10)
EM EXCLUSIVO! Entrevistas a
Manuel de Arriaga e José Relvas.
(Pág. 6 e 7)
2. Forma de governo de uma nação em que
o governante supremo é o rei, ao qual
sucede, em princípio, o filho primogénito.
Chama-se a este processo a sucessão he-
reditária.
Há dois grandes tipos de monarquias: a
Monarquia Absoluta e a Monarquia
Constitucional.
Na Monarquia Absoluta, o rei detém to-
do o poder de formar e demitir os seus
ministros ou secretários. Chega-se a afir-
mar que os reis absolutos são os repre-
sentantes legítimos de Deus na Terra e
por isso mesmo são absolutos. D. João V
em Portugal ou o rei Luís XIV em França
são exemplos típicos do absolutismo.
Na Monarquia Constitucional, o poder
encontra-se distribuído e cabe ao rei veri-
ficar o seu bom funcionamento. Neste
tipo de regime há uma lei da nação, a
Constituição, e eleições para um parla-
mento. Ao rei competirá escolher para
chefiar o governo o representante do par-
tido mais votado para o Parlamento.
Na Monarquia Constitucional o rei tem
uma função semelhante à do Presidente
na República, tendo direitos e obrigações
que são conferidos pela Constituição. Em
Portugal a Monarquia Constitucional teve
início com a aprovação da Constituição
de 1822. Esse regime político governou o
país até à implantação da República em
1910.
MONARQUIA
bastante diferentes das repúblicas atu-
ais.
Em Portugal, o movimento republicano
ganha força pública com os protestos que
se seguiram ao Ultimatum, em 1890. Lo-
go a seguir, o republicanismo sofre al-
gum abalo com a repressão e as prisões
que se seguiram à revolta de 31 de janei-
ro de 1891, no Porto para voltar a crescer
com grande
força e entu-
siasmo a
partir do iní-
cio do século
XX. As orga-
nizações re-
publicanas
multiplica-
ram-se e es-
palharam-se
pelo país em-
bora com
grande pre-
dominância
em Lisboa.
A palavra REPÚBLICA vem do latim RES
PUBLICA, ou seja, coisa pública, e é uma
forma de governo na qual o povo escolhe
por eleição um chefe para o país. Esse
chefe é normalmente chamado presiden-
te e pode ou não ser também o chefe do
governo.
A forma de eleição é normalmente reali-
zada por voto livre e secreto, em inter-
valos regulares. Em Portugal, segundo a
Constituição de 1911, o povo elegia os
membros do Parlamento e eram estes
que escolhiam o Presidente da República.
A primeira REPÚBLICA de que se tem
notícia é a República romana, fundada
no século VI aC, que pôs fim à Monar-
quia etrusca. Na Idade Média surgiram
diversas repúblicas, das quais as mais
famosas foram as italianas como Veneza,
Génova, Pisa e Florença, que, de qual-
quer maneira, tinham características
REPÚBLICA
In José Fanha, Era uma Vez a República, , 2010.
3. ANTECEDENTES
A primeira tentativa de implantação da
república aconteceu no dia 31 de Janeiro
de 1981, no Porto.
O «31 de Janeiro»
Em 1890 Inglaterra lançou a Portugal um ulti-
mato para abandonar as pretensões sobre os
territórios entre Angola e Moçambique.
O monarca português cedeu, a coroa tremeu, e
o regime monárquico ficou desacreditado.
O «Regicídio»
Mapa “Cor-de-rosa”
A crise do «Ultimato»
Em 1908, no Terreiro do Paço em Lisboa... ... a família real sofreu um atentado. O rei, D. Car-
los, e o príncipe herdeiro, D. Luiz Filipe, foram assassinados.
4. REPORTAGEM
A revolução que culminou com a implanta-
ção da República em Portugal começou
uns dias antes. No dia 3 de Outubro de
1910, aconteceu a última reunião dos co-
mandos civis e militares da revolução, já
era noite, nessa reunião surgiu a proposta
para adiantar o plano. Apenas o Almirante
Cândido dos Reis se opõe. Fica decidido
avançar com a revolução.
Foi nessa noite que foi assassinado o Dr.
Manuel Bombarda por um doente do Hos-
pital de Rilhafoles do qual era diretor. Mi-
guel Bombarda também era deputado e
um dos principais dirigentes do partido
Republicano. A ele fora dado o encargo de
distribuir armas por grupos civis, estando
prevista a sua participação no assalto ao
quartel de Artilharia.
No dia 4 de Outubro, de madrugada, Ma-
chado Santos, que nem esteve na reunião
dos comandos civis e militares da revolu-
ção, avançou com um grupo de Carboná-
rios, mal armados. O comandante e o capi-
tão que tentaram opor-se. Foram mortos a
tiro. Machado Santos foi com 100 soldados
ao Quartel de Artilharia 1. O comandante
tinha prometido não se opor aos revolucio-
nários. O capitão Afonso Palla e vários sar-
gentos tomaram conta do quartel e fizeram
entrar vários civis armados que se junta-
ram aos militares a quem o capitão Palla
mandou distribuir armas. As tropas co-
mandadas pelo capitão Sá Cardoso dirigi-
ram – se ao palácio das necessidades onde
estava o rei. O navio almirante D. Carlos
caiu nas mãos dos republicanos.
Por fim no dia 5 de Outubro, a monarquia
constitucional foi deposta em Lisboa. Uma
vez institucionalizada a República, muito
do programa republicano ficou por cum-
prir, nomeadamente a extensão da partici-
pação política.
Assim Portugal tornar-se-ia uma das pri-
meiras Repúblicas da europa no início do
século XX .
A implantação da República no dia 5 de Outubro de 1910
Revolucionários num trem, no Largo das
Duas Igrejas, Lisboa.
Repórteres:
Adriana, Ana Clara, Maria Inês, Sara.
6. José Relvas foi um protagonista dos
acontecimentos do dia 5 de Outubro de
1910 porque proclamou a República Portu-
guesa na varanda da Câmara Municipal de
Lisboa.
PROTAGONISTAS
Manuel de Arriaga foi o primeiro presi-
dente da república
eleito.
Bernardino Machado, líder republicano,
foi eleito Presidente da
República duas vezes,
uma em 1915 e outra
em 1917.
«Pode passar-lhe um cilindro de estrada por
cima que ele levanta-se logo, todo lépido, a
tirar o chapéu.»
Frase de Raúl Brandão in Memórias, III..
Teófilo Braga foi eleito
o segundo presidente da
República de Portugal.
Miguel Bombarda era médico psiquiatra.
Foi assassinado por um
doente no Hospital de
Rilhafoles do qual era
diretor. Miguel Bombar-
da além de médico, era
deputado e um dos prin-
cipais dirigentes do par-
tido republicano.
Recolha elaborada por:
Adriane, Rodrigo, Tiago Campos.
Carolina Beatriz Ângelo aproveitou o
facto de ser viúva e
médica para reivindi-
car o estatuto de chefe
de família. Dessa forma
reuniu as condições
para ser a primeira
mulher portuguesa a
exercer o direito de vo-
to.
7. ENTREVISTA AO
Dr. José Relvas
JR—Eu aderi ao Parti-
do Republicano em
1907, com 49 anos,
em parte graças à cri-
se politica causada
pela chamada ao po-
der do ministro João
Franco. Que, como
devem estar recorda-
dos, governou em di-
tadura, sem o apoio
do parlamento. Para
mim isso era inconcebível.
E—Se o senhor vinha de uma família rica
porque é que se revolucionou contra a JR—
Revolucionei-me contra a monarquia pois
queria defender os meus ideais políticos e
implantar a justiça no nosso país.
E—Quais foram os cargos políticos que
ocupou ao longo da sua vida?
JR—Fui várias vezes presidente da Câmara
Municipal da Golegã, fui Ministro das Fi-
nanças do Governo Provisório, de 12 de ou-
tubro de 1910 a 4 de setembro de 1911.
Depois fui embaixador de Portugal em Es-
panha até finais de 1913, quando voltei pa-
ra Portugal.
E—Muito agradecidos pela sua disponibili-
dade em responder às nossas questões.
JR—Eu é que agradeço o vosso interesse. E
quero convidar-vos a visitarem a minha ca-
sa em Alpiarça, agora transformada em
museu.
José Maria de Mascarenhas Relvas de
Campos, nascido na Golegã a 5 de
Março de 1858 e falecido em Alpiarça
a 31 de Outubro de 1929 foi um revo-
lucionário Republicano conhecido por
ter proclamado a implantação Repú-
blica na varanda da Câmara Munici-
pal de Lisboa.
Entrevistadores—Quais eram os seus
ideais políticos que o levaram a revo-
lucionar-se contra a monarquia?
José Relvas—Eu apoiava os ideais Re-
publicanos tais como poder escolher o
líder máximo do meu país, e o fim da
distinção social com base na família
de nascimento.
E—Quando é que aderiu ao partido
Republicano?
Entrevistadores:
Alexandre, André, Frederico, Ricardo.
8. Manuel de Arriaga Brum da Silveira, filho
de Sebastião de Arriaga e Maria Antónia
Pardal Ramos Caldeira de Arriaga, nasceu
a 8 de Julho de 1840 na ilha do Faial, nos
Açores.
É o primeiro Presidente eleito da Repúbli-
ca Portuguesa e está aqui connosco para
nos dar esta entrevista.
Entrevistadoras - Sr. Manuel de Arriaga, como
se sente por ser eleito presidente?
Manuel de Arriaga- Desde já agradeço a confi-
ança que os portugueses tiveram em mim ao
escolher-me para seu presidente.
E- O que pretende para fazer melhorar a situa-
ção que o país atravessa?
MA- Vou aplicar ideais republicanos, como
por exemplo, desenvolver a nossa economia,
vou melhorar a situação social e a educação .
E- Acha que essas medidas vão fazer o país
progredir?
MA- Penso que sim, estas medidas são boas
para 'levantar' o país.
E- O senhor esteve sempre do lado dos repu-
blicanos?
MA- Sim, estive presente na revolta do 31 de
Janeiro de 1891, fui membro do partido repu-
blicano e para além disso defendo os ideais
republicanos.
E- Como republicano, o que significou
ser eleito primeiro presidente da republi-
ca ?
MA- Ser o primeiro presidente da repu-
blica significou muito para mim. Além
de Portugal ter saído de uma monarquia,
penso que estamos no rumo certo.
E-Obrigado pela disponibilidade. Dese-
jamos-lhe as maiores felicidades para o
seu novo cargo e que seja o bem para
Portugal.
MA - Viva a República! Viva Portugal!
ENTREVISTA AO
Dr. Manuel de Arriaga
Entrevistadoras: Catarina Oliveira, Catarina Tomaz, Francisca Constantino, Samantha Berg.
9. SÍMBOLOS DO NOVO REGIME
No dia 15 de Outubro de 1910 foi lançado um
concurso de que saiu vencedora a bandeira que
ainda hoje usamos.
Conhece o significado dos elementos da nossa
bandeira?
Verde escuro: O verde, simboliza as nações que
são guiadas pela Razão. Na versão popular sim-
boliza a esperança no futuro.
Vermelho rubro: Simboliza a luta dos povos pe-
los grandes ideais de Igualdade, Fraternidade e
Liberdade.
Esfera armilar: Emblema do rei D. Manuel I (1469
-1521) e que desde então esteve sempre presente
nas bandeiras de Portugal. Simboliza o Universo
e a vocação universal dos portugueses. Na versão
popular simboliza os descobrimentos portugue-
ses.
Escudo: Simboliza a afirmação da cultura ociden-
tal no mundo, e em particular dos seus valores
cristãos. Os castelos, quinas e os besantes evocam
conquistas, vitórias e lendas ligadas à fundação
de Portugal por D. Afonso Henriques (1109-1185).
A bandeira Sabia que existem várias formas de
prender uma bandeira ao mastro?
Uma vez implantada a República, o novo regime teve de mudar os símbolos do país, nomea-
damente a bandeira, o hino e a moeda.
10. O hino: A Portuguesa
Heróis do mar,______ povo,
Nação valente, _______,
Levantai hoje de novo
O esplendor de ______!
Entre as ______da memória,
Ó Pátria sente-se a ____
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à _____!
__ armas, às armas!
Sobre a ____, sobre o ____,
Às armas, às armas!
Pela _____ lutar
Contra os _____ marchar, marchar!
Contra os canhões marchar, ______!
Sabe a letra do hino da República Portugue-
sa? Complete cos espaços deixados em
branco, com as palavras que lhe damos.
| Nobre | imortal | brumas | Às |
|Portugal | vitória |
| voz | terra | canhões| marchar |
| mar | pátria |
Moeda: o Escudo
Após a implantação da República, em 5 de
Outubro de 1910, o escudo substituiu o real
como unidade monetária. Muitas pessoas só
souberam da mudança de regime através
da mudança da moeda.
Especialistas em símbolos: Ana Santos, Duarte Tomé, Tiago Omar, João Henrique.
11. TOPONÍMIA DE ALMEIRIM
este acontecimento histórico na toponímia
da cidade.
A toponímia é o ramo da onomástica que
estuda os topónimos, isto é, os nomes pró-
prios de lugares.
Devido à implantação da República em 5
de Outubro de 1910, algumas ruas, aveni-
das e praças mudaram de nome. Também
em Almeirim encontramos referências a
Jardim da República, Almeirim.
Ana Santos, Duarte Tomé, Tiago Omar, João Henrique.
12. FONTES CONSULTADAS
AAVV (1994). História de Portugal. (dir.
José Mattoso e Rui Ramos). Vol. 6. Lisboa:
Editorial Estampa.
AAVV (1999). Liberdade e Cidadania. 100 anos
portugueses, Comissão do 25.º Aniversário do
25 de Abril.
AAVV (1990). Portugal Contemporâneo. (dir.
António Reis). vol. 3. Lisboa: Alfa.
AAVV (2010). Viva a República 1910-2010. ,
Lisboa: Ed. Comissão Nacional Centenário da
República.
CRAMPTON, William (1977) - O Mundo das
Bandeiras, Lisboa: Replicação.
FARINHA, Luís; e outros (Dezembro de 2000).
”Dossier A República e os seus Presidentes” .
Revista História, pp. 17-48.
FANHA José (2010). Era uma Vez a Repú-
blica, Lisboa: Ed. Gaialivro.
OLIVEIRA, Ana e outros (2013). Novo Histó-
ria 9. Porto: Texto Editora.
SERRÃO, Luís (2001). Reis e Presidentes de Por-
tugal, vol. 4, República. Lisboa: Ed. ACJ.
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/search/
label/Publicidade%20antiga
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