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26 ENCICLOPÉDIA PRÁTICA 
DA CONSTRUÇÃO CIVIL 26 
INTERIORES E 
E X T E R I O R E S 
S U M A R I O : 
TABIQUES — FRONTAIS — EMBOÇOS — REBOCOS —TESBOÇOS 
ESTUQUES — LAMBEIS — REVESTIMENTOS — DIVISÓRIAS 
ENVIDRAÇADOS — MATERIAIS — MADEIRAS — PINTURAS 
CAIAÇÕES — 25 FIGURAS 
PREÇO i5$oo 
EDIÇÃO DO AUTOK 
F. PEREIRA DA COSTA 
DISTRIBUIÇÃO DA POBTUGÁLIA EDITOEA 
L I S B O A PREÇO 154.00
TEXTO E DESENHOS DE F. PEREIRA l» A COSTA 
I N T E R I O R 
E X T E R I O 
E 
E S 
DOE interiores e exteriores designamos todos os traba- No número dos trabalhos exteriores mencionamos os 
lhos de acabamento nas edificações. Dentro deste acabamentos cias fachadas e das empenas, com os seus 
princípio consideramos trabalhos interiores os guarne- guarnecimentos e revestimentos, pinturas e caiações. 
cimentos, os revestimentos, as divisórias envidraça- Os frontais e tabiques de tosco de madeira, ainda, 
das, os envidraçados propriamente ditos e as pintaras às vezes, necessários, são também estudados neste 
e caiações. Caderno. 
Fig. 1.—FRONTAL A FRANCESA 
— l —
INTERIORES E EXTERIORES 
Q H- T «—• f^ f"~• U KC KD rC* T AA lI Cb 
A NTIGAMEÍTTE todas as edificações continham as divi-sórias 
constituídas por frontais e tabiques de ma-deira. 
Os frontais para as divisórias mais espessas e os ta-biques 
para as mais delgadas. Hoje, com os mais pro-gressivos 
meios de construção, este género de trabalho 
quase que deixou de existir. Dizemos quase, porque 
nem sempre, mormente nas reedincações, se podem 
aplicar as paredes de tijolo. As divisórias com tosco 
de madeira são muito mais leves, não se sobrecarre-gando 
por conseguinte os pavimentos, que poderão não 
ter a resistência necessária para suportarem divisórias 
de tijolo, mesmo assente a cutelo. 
Também algumas vezes é quase que impossível poder 
ligar-se a frontais de tosco, panos de tijolo modernos. 
Assim, neste propósito, é conveniente estudar-mos 
estes motivos de tosco. 
A madeira que se utiliza nestes trabalhos é, normal-mente, 
o pinho, e a segurança das suas ligações, às ve-zes 
samblagens, é obtida com pregos. 
CORTE 
VERTICAL 
— PLANTA 
Fig. 2. — T ABI QUE DE DUAS FACES 
OS FRONTAIS À FRANCESA (Fig. 1) são 
constituídos por uma estrutura de serrafões de madeira 
sobre a qual se pregam, de uma face e outra, tábuas 
com a espessura variável de Ora,02 ou Om,025. As sec-ções 
dos prumos são normalmente de O'",10 X Om,08 
ou Ora,08 X Ora,08. 
Á estrutura é construída, de uma maneira geral, den-tro 
do que acabamos de escrever, de acordo com as 
dimensões que o frontal deve comportar. 
Este frontal tem também a designação de frontal for-rado. 
No solo, em cima do solho ou de parede, assenta-se 
um serrafão, o frechai, e em cima, a verga, prega-se 
nas vigas do tecto. Verticalmente assenta-se junto da 
parede mestra, admitimos que a haja, um prumo, e de 
aí de metro em metro mais prumos, até terminar o com-primento 
do frontal. 
De prumo a prumo, a meio da altura do frontal, 
assenta-se um travessanho a ligar entre si todos os pru-mos. 
Quando o pé direito da divisória ó bastante alto 
pode dividir-se essa altura em vários espaços, que cor-responderão 
a diferentes travessanhos. 
Em diagonal, assentam-se escoras, entre os travessa-nhos 
e os prumos para assegurarem o completo trava-mento 
do tosco. 
As samblagens são feitas por meia-madeira e por ore-lha. 
derrabada. 
Dos dois lados do frontal sobre o forro de tábuas, 
são pregadas as fasquias ; cada fasquia é fixada com 
dois pregos de fasquiado n.° 4 em cada tábua. O espaço 
de fasquia a fasquia oscila por Om,04 : o fasquiador obtém 
essa medida praticamente, encostando, de fasquia a fas-quia, 
dois dedos, o indicador e o grande juntamente. 
As fasquias que se aplicam nos frontais e tabiques 
são das mesmas que se empregam nos tectos ; têm a 
espessura de O'",015 ou Om,018 e a largura máxima 
de Om,02. A secção das fasquias é, como sabemos, de 
forma trapezoidal e assentam-se com a base mais es-treita 
para dentro. 
Em tempos suLstituiam-se as fasquias por ramos de 
castanheiro rachados ao meio e pregados, por conse-guinte, 
com o lado arredondado para dentro. 
Depois dos fasquiados assentes procede-se ao enchi-mento 
com argamassa de cal e areia, ao traço de l : 2. 
Este enchimento que é o reboco e que deve cobrir 
em todo o paramento as fasquias, também se designa 
por pardo, por ser essa a cor da argamassa. 
A espessura deste frontal é de Om,15 ou pouco mais. 
F R O N T A I S 
j-|Á na nossa construção três principais tipos de fron-tais 
de tosco de madeira: o frontal à francesa, 
© frontal à galega e o frontal tecido, que vamos descre-ver 
convenientemente. 
OS FRONTAIS À GALEGA (Fig. 6} são de 
estrutura corrente e de construção muito prática. Arvo-ram- 
se prumos, em geral com a secção de Ora,10xUm,10, 
sobre cada uma das vigas do pavimento e que vão li-gar- 
se, por conseguinte, às vigas do tecto. Essa ligação 
é obtida por uma orelha, pregada como mostramos nos 
deseuhos. 
Os prumos devem ficar muito bem destorcidos e apru-mados 
para que o frontal forme uma parede perfeita.
INTERIORES É EXTERIORES 
Depois de todos os prumos estarem assentes proce-de- 
se ao assentamento do ripado. As ripas pregam se 
sobre todos os prumos, distanciadas umas das outras 
cerca de Ora,40, pouco mais ou menos. 
Entre um paramento e outro as ripas são dispostas 
alternadamente. Cada ripa é pregada com um prego de 
sétia em cada prumo. 
As secções das ripas são de Om,036 x Om,024, mas 
pode rbertamente aceitar-se as que têm uso nos madei-ramentos. 
Os espaços entre prumos e entre ripas enchem-se 
com alvenaria de argamassa de cal e areia aos traços 
de l : 2 ou l : 3 e fragmentos de tijolo, pedra miúda, 
jorra, etc. 
Depois desta ' espécie de alvenaria estar bem seca 
faz-se o usual reboco da mesma argamassa 
até cobrir a face das ripas. 
O frontal à galega (#) é muito mais 
pesado do que o frontal forrado ou à fran-cesa, 
mas tem as suas vantagens e utili-dade. 
A sua espessura oscila por Om,15 em 
tosco. 
OS F R O N T A I S T E C I D O S 
são o que pode chamar-se verdadeiramente 
esqueleto dos velhos tempos da gaiola ou es-queleto, 
que tanto desenvolvimento tiveram 
desde o advento da Arte Pombalina até 
ao predomínio do betão armado. 
Este sistema de construção era uma 
grande escola de carpintaria civil. 
O frontal tecido ó de compleição prática. 
Dividido o comprimento do frontal a cons-truir 
em nembos, com a largura de lm,00 
pouco mais ou menos, faz-se o arvoramento 
dos prumos, com a secção vulgar de Om,10x 
X0m>10, pregados de orelha para as vigas 
do pavimento, em baixo, e do tecto, em 
cima, como ó de prever. Quando os pru-mos 
não possam coincidir com as vigas de 
que falamos, aplicam-se os chinchareis para 
neles se pregarem os prumos e fica o caso 
resolvido. 
Depois, dividida a altura do pó direito 
em partes iguais, assentam-se travessanhos 
horizontais de prumo a prumo, ligados por 
orelhas derrabadas. 
Nos rectângulos formados entre os pru-mos 
e travessanhos assentam-se escoras em 
diagonal, para melhor garantia do trava-mento. 
Nas construções de frontais em edificações já existen-tes, 
é de boa norma empregar dois frechais, um em 
baixo sobre o vigamento, e outro em cima contra o 
vigamento superior, para neles se pregarem por orelha 
os prumos de todo o frontal. 
A preparação dos portais nos frontais consegue-se 
facilmente. Assentam-se dois prumos como ombreiras, 
nos lagares convenientes, ligados aos outros prumos 
também por travessanhos e, na altura própria, assenta- 
-se nma verga que se fixa nas duas ombreiras por 
orelhas derrabadas. Dois pregos sobre cada orelha fixa 
a verga às ombreiras. Se a largura do portal ultrapassa 
Ora,60 é conveniente dividir a largura do vão em partes 
iguais, e aplicar-lhe por cada parte um pendurai que da 
verga vá pregar por orelha ordinária ao vigamento su-perior, 
Os pendurais ligam-se à verga por orelhas derra-badas. 
A construção dos portais nos frontais ó igual em to-dos 
os seus sistemas. 
Construído o tosco faz-se o seu enchimento até à 
face de um lado e outro, com alvenaria de pedra miúda 
e bocados de tijolos, com argamassa de cal e areia ao 
traço de l : 2 ou l : 3. 
A espessura do tosco deste frontal regula por Om,10, 
que é a espessura da madeira empregada. 
Hg. 3.— TABIQUE SIMPLES 
T A~'B i Q U E S 
C~")s tdbiques formam as divisórias secundárias em re- 
^^^ lação aos frontais. As espessuras dos tabiques 
são muito mais delgadas do que as dos frontais. Os tabi-ques 
em alguns casos são apenas construções ligeiras, 
mas no entanto constroem-se íabiques de certa categoria. 
(#) Em algumas 
por francesas. 
regiões do País estes frontais são designado*
INTEKIORES E EXTERIOEES 
Fig. 4.—TABIQUE ALIVIADO 
Há nma relativa diversidade de tabiques, mas apenas 
estudamos nesta nossa obra, trôs de entre eles, aqueles 
que ainda na actualidade nos são úteis. 
OS TABIQUES SIMPLES (Fig. S) são apa-nas 
construídos por uma série de tábuas costaneiras 
pregadas numas calhas que se fixaram sobre o viga-mento 
ou sobre o solho, em baixo, e nas vigas do tecto, 
9in cima. As calhas são serrat'5es com um rebaixo para 
o assentamento das costaneiras. 
A espessura delas gira em volta de Om,04 e a espes-sara 
do rebaixo mede Om,025, que corresponde à espes-sura 
das tábuas. 
A saliência da espessura da calha do lado oposto às 
tábuas ó ultrapassada pela saliência das fasquias. Ter-minado 
o tosco pregam-se as fasquias de ambos os seus 
lados, conforme indicámos para os frontais e temos o 
tabique pronto a receber o reboco. 
Quando os tabiques têm certo comprimento é íeister 
dotá-los com travessanhos de um lado ao outro. 
Assim, estes travessanhos têm os seus cantos rebai-xados, 
tal como as calhas, para a respectiva entrada 
das costaneiras. Também às vezes têm o seu compri-i,.:."&.— 
POETAIS DE;, TABIQUES 
(Tabique Simples— Tabigue Aliviado) 
mento interrompido por prumos, para lhes darem maior 
robustês e com aspas para lhe aliviarem o peso. 
OS TABIQUES DE DUAS FACES (Fig. 2) são 
uns tabiques também chamados duplos, porque são for-mados 
por duas ordens de costaneiras. às vezes tábuas 
de solho. 
Constroe-se primeiramente a estrutura de prumos 
e de travessanhos, como temos indicado, e pregam-se 
as costaneiras de um lado e depois do outro, em sen-tido 
contrário. 
De um lado pregam-se, por exemplo, no sentido dia-gonal 
da esquerda para a direita, e do outro da direita 
para a esquerda, como mostramos nos desenhos. 
A espessura deste tabique no tosco é apenas de 0™,08 
ou Om,09. Este sistema pode também comportar aspas, 
que são umas escoras metidas em diagonal. 
OS TABIQUES ALIVIADOS (Fig. 4) são 
destinados a lugares onde se não podem suportar car-gas. 
Por isso a sua construção tem por fim empurrar 
para as paredes laterais todo o peso da estrutura e do 
seu revestimento, que por mais leve que seja tem sem-pre 
a sua carga. 
Assim, a sua construção inicia-se com o assentamento 
do frechai superior pregado para o vigamento do andar 
de cima. Segue-se o assentamento das duas aspas que, 
partindo cada uma de uma viga do pavimento, junto 
das paredes laterais, vão alcançar o frechai superior a 
meio do comprimento do tabique. Uma boneca aperta 
as duas aspas. Em baixo as aspas entalham por sam-blagens 
na respectiva viga. Um travessanho liga as duas 
aspas, Om,05 acima do vigamento do pavimento. 
Entre as aspas e entre os frechais e travessanhos pre-gam- 
se tábuas costaneiras. Depc-is, finalmente, fasquiam- 
-se ambos os paramentos do modo que temos indicado. 
Se este tabique contiver um portal, pomos os prumos 
que servem do ombreiras ao vão com a sua respectiva 
verga na própria altura, e assentamos aspas dessas om-breiras 
para o vigamento do solho. 
Um frechai aliviado, Om,05 acima das vigas, vai da 
aspa à ombreira, onde liga por orelhas derrabadas. De-pois 
enchem-se de costaneiras todos os espaços. As 
ombreiras são fixadas no frechai superior por uma ore-lha 
derrabada, e entram por respiga aliviada na viga 
do solho. Finalmente prega-se o fasquiado como de 
ordinário e reboca-se. 
Convém acentuar que as tábuas que fecham os tabi-ques. 
quase sempre costaneiras por serem do mais 
baixo preço, não têm necessidade de se encostarem bem 
umas às outras, antes pelo contrário, porque pelas fen-das 
pode a argamassa de um lado e outro juntar-se 
e formar um bloco conveniente. 
TABIQUES LIGEIROS são a designação de 
certas divisórias constituídas simplesmente por toscos 
de serrafões, de aligeirada estrutura, que levam pre-gados 
de um lado e do outro, na formação dos seus pa-ramentos, 
placas de estafe, que depois são esboçadas 
e estucadas pelos sistemas usuais. 
Também se usam algumas divisórias ligeiras, consti-tuídas 
somente por tábuas aplainadas, de macho e fê-mea, 
como tabiques, na separação de algumas depen-dências. 
Tudo isto, porém, são construções de acaso, 
que não podem fazer parte integrante das edificações. 
— 4
INTEEIORES E EXTERI@BBS 
U E C I M E N T O S 
G f T 
paramentos das paredes são cobertos de emboços, 
rebocos, esboços, estuques e diversos guarneci-mentos 
e revestimentos que distinguireiuos convenien-temente. 
A primeira cobertura a aplicar nos paramentos das 
paredes, tanto interiores como exteriores, é o emboço, 
chapado ou pardo, que pode ser de argamassa de cal 
e areia ou de cimento e areia. 
As paredes só. se emboçaiu depois d^s suas alvena-rias 
estarem bem secas. Com as alvenarias húmidas 
não se pode garantir a segurança dos guarnecimentos 
nem a habitação iica salubre. 
Por conseguinte só depois das paredes estarem natu-ralmente 
bem secas se emboçam|e rebocam. 
Fig. 6.— FRONTAL A GALEGA 
Algumas vezes, por motivo de pressas, faz-se a se-cagem 
artificial das alveuarias, mas isso trás inconve-nientes, 
porque a cal não teve o tempo suficiente para 
se carbonetar, conservando-se a argamassa mole e fria, 
não ficando as paredes com a solidez necessária. Pois 
sabe-se que a ligação dos materiais é obtida lentamente 
pela acção do ácido carbónico do ar e do leite de 
caL 
Por conseguinte partimos do princípio que só depois 
das paredes estarem bem secas se pode proceder aos 
seus guarnecimentos. 
E M B O Ç O E R E B O C O 
emboço é a primeira operação a realizar sobre os 
paramentos das paredes. Consta simplesmente 
de um chapado de argamassa sobre a alvenaria. Geral-mente 
o emboço anda junto com o reboco, que por sua 
vez consta de uma camada de argamassa de cerca de 
Om,01 de espessura e que deve ficar bem aprumada 
e serrafada, para que a parede não fique torta nem 
com saliências nem com reintrâncias. 
Na maior parte das construções emboça-se e rebo-ca- 
se tudo na mesma ocasião, mas o melhor processo 
para se obter o melhor resultado com a segurança das 
massas, ó emboçar-se e só depois do emboço seco se 
deve rebocar. 
O emboço é, pois, um trabalho ligeiro, enquanto o 
reboco é já um trabalho em que o pedreiro tem de se 
esmerar com a sua regularização. O bom acabamento 
do reboco é feito com uma régua a serrafar a massa 
do paramento em todos os Sfintidos, para a parede ficar 
bem direita e com a superfície totalmente perfeita. 
TF 
g. 7.— FRONTAL A GALEGA 
{Ligação de dou frontais} 
— 5 —
INTERIORES E EXTERIORES 
Os traços para as argamassas dos rebocos vulgares 
são 1:2 e l : 3 de cal gorda e areia e de l : 5 e l : 6 
de cimento e areia. Não é conveniente fazer massas de 
cal e cimento juntamente, porque a natureza desses dois 
materiais é antagónica e a qualidade de um anula as 
qualidades -do outro. A cal é quente; o cimento é frio. 
Para as construções na vizinhança do mar também 
não é conveniente aplicar rebocos com massa de ci-mento, 
porque se deterioram passado pouco tempo, 
A argamassa de cal gorda e areia dá, nesses locais, 
muito melhores resultados. 
Quando se pretendem rebocos de boa contextura fa-zem- 
se com cal gorda em pasta em vez de cal em pó. 
E S B O Ç O 
"PjBPOis dos rebocos estarem bem secos procede-se ao 
esboço da parede com uma massa de cal gorda 
em pasta e areia fina ao traço de 1:2 respectivamente. 
Os esboços fazem-se com massas dobradas ; isto é, 
aplicam-se por duas camadas, a primeira mais forte 
e mais grossa do que a segunda. 
Fig. S.— PAREDE EMBOÇADA E REBOCADA 
A espessura do esboço sobre o reboco oscila de 
Om,005 a Om,01 e deve ficar bem desenipenada. Os estu-cadores 
aplicam-no com a frlocha, que é ura rectângulo 
de madeira de cerca de 0"1.40xO:':J30, com a espessura 
de O"1,02 e provida de uma asa ou pega peia parte de 
baixo. A parte de cima ó a face lisa e desenipenada que 
afaga a face da parede. 
Há várias espécies de esboços: o esboço para estu-que, 
o esboço, áspero, o chamado fio de areia e o esboço 
esponjado. 
ESBOÇO PARA ESTUQUE. — É um esboço 
preparado com areia muito fina. a areia de. esboço, numa 
argamassa bem amassada com cal em pasta que se hi-drata 
no próprio local da obra, para não perder as boas 
qualidades. 
Este esboço deve ser aplicado com esmero para não 
se prejudicar o estuque. 
ESBOÇO ÁS PB EO. — É um esboço preparado 
com areia mais grossa do que aquele anteriormente des-crito. 
Tem também a designação de esboço forte. Des-tina- 
se às paredes que são simplesmente caiadas com 
qualquer cor. 
O traço normal deste esboço é de 2 : 1,5, respecti-vamente 
cal e areia. 
ESBOÇO A FIO DE A R EI A.—É um guar-necimento 
para caiar a cor, relativamente delgado, e o 
seu traço oscila por 1,5 de cal por l de areia. 
ESBOÇO E S P O N J A D O . — Trata-se de um 
esboço de massa vulgar aplicado sobre qualquer reboco, 
que depois de ser alizado com a talocha e quando já 
começa a sezoar é afagado com urna escova de esponja. 
Este afagamento é feito batendo-se com a escova de 
esponja em pancadinhas sobre o esboço. 
As vezes em lugar da esponja utiliza-se uni bocado 
de serapilheira, que provoca um afagamento um pouco 
áspero e próprio para uma caiação a cor, se a massa 
já não for dotada de qualquer terra para a colorir. 
E S T U Q U E 
Co depois do esboço estar muito bem seco se mete o 
estuque, o último guarnecimento das paredes das 
casas de habitação e de fins públicos e comerciais. 
O estuque vulgar é unia massa de cal e gesso apli-cada 
directamente sobre o esboço. 
A cal é utilizada em pasta hidratada no local da obra 
para se garantir a sua frescura e o gesso deve ser muito 
fino e bem cozido. 
O traço normal do estuque vulgar anda por 6 ou 7 
quilogramas de gesso por cerca de 30 quilogramas de cal. 
No final dá-se sobre a superfície estucada uma leve 
aguada de leite de cal. 
E S T U Q U E S E S P E C I A I S 
estuque nào ó outra coisa que uma argamassa 
branca e fina, susceptível de receber pulimeuto, 
que se aplica sobre o esboço. 
Os estucadores dão-no com a talocha sobre os para-mentos 
das paredes, onde deve ficar muito bem aper-tado, 
liso e sem cavidades. 
Há duas espécies de estuque: o de cal e o de gesso 
Para os estuques de cal há vários traços que descrê 
vemos: 
1) Cal morta com seis meses, giz (-*) e pó de márnion 
ou de qualquer outra pedra fina e branca; 
(*) O giz é uma espécie de carboneto de cal. 
6 —
INTEEIOEES E EXTEEIOEES 
2) Cal, areia muito fina e pó de calcáreo duro ou de 
mármore; 
3) Uma mistura de grés, tijolo e mármore moídos. 
Estes estuques aplicam-se por ramadas sucessivas, de-vendo 
as primeiras serem mais grossas do que as últi-mas. 
A última de/e ser bastante fina, porque assim pro-porcionará 
um melhor pulimento. 
Para o estuque de gesso também igualmente há vários 
traços. Assim, temos: 
1) Três partes de cal morta de fresco, uma parte de 
areia e quatro partes de gesso ; 
2) Gesso muito fino caldeado numa dissolução de 
cola forte, que assim tratado tem a presa menos rápida 
que o gesso ordinário, o torna-se muito duro ; 
3) Gesso caldeado em água de alúmen; 
4) Gesso calcinado num forno de reverbero e mo-lhado 
à saída em água, com 10 por cento de alúmen, 
durante três horas pouco mais ou menos, sendo depois 
esse gesso com alúmen submetido a fogo vivo e em se-guida 
pulverizado e peneirado. 
Os estuques de gesso não são muito aconselhados 
para exteriores por causa das chuvas. No entanto nos 
interiores podem ser lavados com água. 
Estes estuques, especialmente o de gesso caldeado, 
podem receber, incrustados, veios de cores a fingir 
mármores, leitos também de gesso caldeado colorido. 
Os estuques brunem-se passando-os com pó de grés 
moído e pedra pomes, e obtem-se um bom pulimento 
continuando essa operação e esfregando-se depois com 
trapos embebidos em cera. 
E S T U Q U E S C O L O R I D O S 
s estuques "podem ser de cores. Basta para isso 
preparar as massas com as tintas necessárias. 
Assim, para se obter um estuque compleíamente branco 
Fiy. 10.—PAREDE EMBOÇADA, REBOCADA, 
ESBOÇADA E ESTUCADA 
junta-se à massa cola de peixe ; para um estuque ama-relo 
ou verde, junta-se óxido de ferro hidratado ou 
óxido de cromo; para os estuques castanhos, azuis 
e cores similares, juntam-se os óxidos de manganês e de 
cobre e os hidrocarbonatos de cobre. Convém ter em 
conta que estes estuques assim preparados não resistem 
à humidade, embora se possam lavar sem perigo de se 
estragarem. 
Estes são os estuques com cor na massa. 
f.-nàoço , 
Fig. 9.— PAREDE EMBUÇADA. REBOCADA 
E ESBOÇADA 
Q 
A N O T A Ç Õ E S 
DANDO os estuques estalam não se devem tapar sim-plesmente 
as rachas, antes devem abrir se mais 
ou alargarem-se com um ponteiro, e só depois se deve 
fazer o tapamento com massa de gesso. 
O alargamento das fendas tem a designação de ale-grar. 
Depois de toda a reparação ostar concluída é conve-niente 
para harmonizar toda a parede ou tecto, dar-lhe 
uma deniio de leite de cal muito mais diluído do que 
o vulgar. 
IUAXDO certas partes dos paramentos ficam tremidas 
o melhor processo de remediar esse defeito é 
picar imediatamente o estuque, enquanto está ainda 
húmido, para se não conhecer o remendo pelas suas 
costuras, 
Depois com uma ligeira demão de leite de cal muito 
diluído fica toda a superfície perfeita. 
— 'i
INTERIORES E EXTERIORES 
Fig. 11.— PAREDE INTERIOR 
(Estuques lisos em baixo e áspero em cima) 
PODAS as dependências quando acabam de ser estu-cadas 
devem imediata e totalmente ser arejadas, 
para se evitar que o estuque apodreça. Pois, como é 
bem sabido, a humidade é o gran.de inimigo deste guar-necimento. 
Para se conseguir o bom arejamento abrem se todas 
as janelas e possivelmente todas as portas; deste modo 
o ar circula livremente e o sol pode bem entrar. 
Também se costumam às vezes fechar todas as jane-las 
e portas e depois, cora fogareiros bem acesos, bra-seiras 
e outros vasos com fogo, fazer um grande aqueci-mento 
de todas as dependências. Quando tudo estiver 
bem quente faz-se a abertura rápida de todos os vãos 
de portas e janelas. 
Esta manobra pode- ser repetida várias vezes até se 
presumir que as paredes estão bem secas 
-• 
e L 
Fig. 12. — PAREDE INTERIOR 
•''Estuques lisos com faixas de cores diferente» e silhar de -madeira) 
Também por vezes se utiliza uma porção de s:. 
muni calcinado, deposto num vaso qualquer a me: 
dependência estucada; este sal começa a absorv 
humidade, tornando-se líquido à medida que o loc 
vai aquecendo, 
Este sal recupera-se aquecendo-o de novo 
mente se pratica a operação da casa. 
São perigosas para a saúde as casas onde os esn 
se conservam húmidos ou apodrecidos. 
R E B O C O S E S P E C I A I S 
certas dependências das edificações, onde se 
talam laboratórios, lavadouros, câmaras fotográ-ficas 
de raios X e outras oficinas onde se trabalhe c c n 
ácidos, lixívias e outros produtos corrosivos e maií M 
menos similares, ó mister fazer-se a aplicação de re-bocos 
especiais, para se evitarem infiltrações que CAI-- 
ficam as paredes. 
Estes rebocos especiais têm de ser estudados rsri 
cada caso. 
De igual modo se aplicam rebocos especiais par.. - 
tecção das paredes contra as intempéries e outros <~ 
R E B O C O CO M. D I A T O M I T E . — É 
grande vantagem a sua, aplicação nas paredes onde 
infiltrações de águas, lixívias e ácidos aparecem à í 
dos paramentos, 
O traço para este reboco de argamassa de cii 
e areia é o de l : 4 com a mistura de 10 por cento 
volume do cimento de diatomite ou de qualquer 
produto para esse fim indicado. Sobre este reboco poòt 
fazer-se o esboço. 
R E B O C O COM BARITA. — É um reboe» 
aplicado nas instalaçOes de Raios X, para ser evitada m. 
passagem dos respectivos raios, dimanados da apare-lhagem, 
através das paredes. A dosagem é feita na ar-gamassa 
de cimento e areia ao traço de l: 4 e às vezes 
de 1:3. A adição da barita à argamassa, conforme m 
força expelidora dos raios, ó de cerca do dobro do f > 
lume do cimento. 
Indica-se um traço de l de cimento, 2 de areia e 2 á» 
barita, entre outros. A espessura destes rebocos nnnea 
deve ser inferior a Om,02. Também algumas vezes §* 
indica a cal. 
R E B O C O PARA M AR M O R IT E. — Pmm 
boa segurança dos revestimentos de marmorite, rebo-cam- 
se as paredes com uma argamassa forte de cimenlB 
e areia, como por exemplo os traços de l : 3 ou l : 4. 
mas nunca mais fracos. Como o revestimento é fone 
têm os rebocos de ser fortes também, porque de con-trário 
a marmorite puxava-os e todo o trabalho ficai» 
danificado. 
R E B O C O A F A G A D O . — Trata-se de mm. 
reboco de massa de cimento, que pode ter os traços àt 
l : 3, l : 4 ou l : 5. e fica superiormente afagado ^ K-Iher, 
depois de bem alinhado e serrafado.
INTERIORES E EXTEBIORE: 
C 
Fíg. 13. — PAREDE ISTEBIOB 
(Em baixo lambris de madeira apaindado») 
%vxr^73^^^^^^tr^sx^::nrza;.l^L^±n^z:^.4^rr^i:z^^i^x 
Fig. 15.—P ABE DE REVESTIDA 
DE AZULEJOS 
Este reboco é geralmente aplicado nos socos das fa-chadas 
e nas paredes interiores de instalações sanitárias 
de condição modesta. 
O cimento alagado pode ser pintado com tintas de 
óleo. mas para poder receber bem a pintara tem pri-meiramente 
de ser queimado com ácido sulfúrico. 
O reboco afagado pode ser efectcado com cimento 
branco o com cimeníos coloridos. 
E E B O C O P R O J E C T A D O .— Designain-se 
rebocos projectados os revestimentos das paredes com 
juasnas granitadas e de várias cores, numa composicS j 
de massa de cimento, projectados contra um reboco já 
anteriormente dado às alvenarias. 
Os granitos são pequeninos grãos de mármore de 
qualquer cor e a massa é composta de cimento colorido 
ou de cimento vulgar com mistura de qualquer óxido. 
Projecta-se a massa contra a parede por meio de um 
aparelho mecânico ou, se as superfícies a revestir são 
pequenas, com uma espécie de crivo de uso normal. 
R E B O C O À T I R O L E S A . — O tírolês é 
uma argamassa de cimento e areia grossa, a um traço 
relativamente forte, para revestimento de paredes, ge-ralmente 
nos seus socos. Aplica-se, projectando-o, contra 
um reboco já dado à parede, por meio de um crivo de 
furos um pouco largos. 
Este revestimento fica quase sempre na própria cor 
do cimento, mas às vezes mistura-se na massa um óxido 
de qualquer cor para o colorir. 
Também em algumas obras dá-se-lhe a cor por caiação 
no fim de pronto. 
R E B O C O DE ALHETAS. — Os rebocos 
afagados e projectados de qualquer tipo e de qualquer 
material, são susceptíveis de serem providos de alhetas 
com os seus respectivos golpes de aresta bem vincados 
e afagados e juntas refendidas, 
De igual maneira podem comportar arestas feitas de 
qualquer sistema e também por qualquer material dife-rente 
do que se aplica na superfície. 
Fig. U.— PA1ÍEDE IN T E MOR 
(Estuques lisos e Aparador de madeira) 
Fig 19. — PAREDE REVESTIDA 
DE AZULEJOS
INTERIORES E EXTERIORES 
M A T E R I A I S 
materiais que entram na composição das arga-massas 
para os emboços, rebocos, esboços e es-tuques, 
são, como já vimos, a areia, a cal, o cimento 
e o gesso. 
Das cais e do cimento já escrevemos, quando tratámos 
das Obras de Alvenaria (*), e da areia e do gesso es-crevemos 
agora. 
A R E I A . — A areia para os rebocos deve ser 
pura, de grão seco, anguloso e áspero e sempre isenta 
de matérias estranhas. Para bem servir deve ser lavada 
e peneirada, para se libertar de pedras e lixos. 
Para os esboços finos emprega-se a areia de esboço, 
de grão muito fino e muito pura. No esboço a fio de 
de um lado e movidas do outro manualmente ; o fundo 
ó constituído por fasquias com espaços apertados. 
GESSO. — O gesso é um sulfato de cal hidratada 
e comp3e-se aproximadamente de 22/00 de água, mas 
como a pedra de que se extrai quase nunca ó pura, re-sulta 
que o gesso é uma mistura de sulfato e carbonato 
de cal. 
A calcinação da pedra é feita a uma temperatura de 
120° aproximadamente, evaporando-se a água da crista-lização 
e fazendo-se o resfriamento. 
Reduzida a pedra a pó, este conserva o ácido sulfú-rico 
que se combina com a cal. A pasta de gesso é, 
por conseguinte, um sulfato anidro de cal. 
Amassado o gesso com água toma rapidamente o en-durecimento. 
Assim, temos o gesso que no comércio tem 
o nome de gesso de presa. 
O gesso deve ser utilizado bem cozido e bem moído 
e de fabricação recente. 
TSsiot. 
Fig. 17. —- PAREDE ESTUCADA COM LAMBIUS 
DE AZULEJOS 
areia convém uma areia cujos grãos contenham quartzo 
em abundâm-ia pura garantia de um bonito áspero. 
As areias para os esboços tom de sor lavadas e bem 
peneiradas num crivo apertado. O pior elemento que 
pode passar nestas areias é a pederneira, que pode re-bentar 
com o esiuque mesmo passado muito tempo, pois 
que a pouco e pouco vem à superfície. 
As areias peneiram-se numas cirandas de madeira, 
que são umas caixas assentes em plano inclinado, fixas 
M A D E I R A S 
A s madeiras para a execução dos lambris carecem 
ser de boas qualidades, isentas quanto possível 
de nós, sem rachas e sem revessos e completamente 
secas. 
Como madeira de maior cotação para esta sorte de 
trabalhos está indicado o carvalho em primeiro lugar, a 
nogueira e a macacaúba em seguida. 
Vamos apresentar algumas características das melho-res 
madeiras para este ramo de carpintaria: 
Carvalho. — E uma madeira muito dura e resistente. 
A sua cor ó de um ainarelo-escuro com raios muito es-curos 
e a sua fibra ó compacta e fácil de ser trabalhada. 
Nogueira. — Tem a fibra muito fina e a sua cor é es-cura 
e raiada ligeiramente. E uma excelente madeira 
para, a construção de guarnecimentos e revestimentos. 
Macacaúba. — E uma bonita madeira relativamente 
dura e de cor encarniçada. 
Cedro. — E uma madeira resinosa, muito dura e quase 
incorruptível. A sua cor é de avermelhado-claro com 
veios escuros. 
Castanho.— Madeira relativamente resistente, de fibra 
compacta, de cor acastanhada e boa para os limpos de 
carpintaria, mas má no contacto com as alvenarias. 
Bicelâo. — Designada por mogno de África ó esta 
madeira dura, de cor avermelhada-escura com veios 
escuros, muito indicada para revestimentos. 
Pits-pine. — É uma madeira resinosa e muito dura. 
De cor amarelada com veios escuros, oferece boas 
vantagens para a carpintaria civil em todas as obras 
de limpos. 
Casquinha.— E, como se sabe, uma boa madeira de 
construção, resistente, de tibra compacta e de cor 
clara. Pode ser pulida e envernizada, mas recomenda-se 
para trabalhos pintados. 
(#) Ver o Caderno n.° 13 desta Enciclopédia, 
— 10 —
INTERIORES E EXTERIORES 
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Fig. 18.—AZULEJOS A FACE 
DO ESTUQUE 
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Fig. 19.—AZULEJOS EMBEIN-TBÃNCIA 
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Fig. 20.— AZULEJOS COM 
FAIXA BEINTBANTE 
R E V E S T E N T O S 
A s paredes levam, por vezes, além dos guarnecimen-tos, 
revestimentos de vários sistemas e materiais, 
que dão mais realce ou beleza aos aposentos. 
Nos paramentos exteriores, as fachadas, os revesti-mentos 
muitas vezes limitam-se a azulejos e forros de 
pedra. Nos paramentos interiores já é mais variada a 
quantidade de materiais que se aplicam nos revestimen-tos, 
sendo o mais importante a madeira e o mais vulgar 
os azulejos. 
As casas de banho, latrinas, cozinhas e vestíbulos, são 
quase sempre revestidos de azulejos; nas edificações 
de categoria são essas dependências revestidas de már-mores. 
Os revestimentos interiores são geralmente tratados 
apenas nos lambris (*). Assim, nas salas e gabinetes 
aplicam-se lambris de madeira (Fig. 21) almofadados, 
formando um todo perfeito em todas as suas faces. São 
variados os sistemas e estilos dessa carpintaria, que 
pode ser executada em todas as madeiras indicadas para 
a carpintaria e marcenaria. 
S I L H A R É S DE A Z U L E J O S 
PSTES revestimentos são, como já dissemos, destina-dos 
às dependências sanitárias, cozinhas, vestíbulos 
e escadas. A altura dos lambris ó variável, mas é sem-pre 
conveniente acertá-la com um número certo de 
fiadas. 
Os silhares de azulejos podem ser encimados ou re-matados 
superiormente por uma faixa constituída por 
peças de pequena largura. Em baixo, sobre o pavimento, 
os azulejos podem assentar directamente nele ou sobre 
o rodapé. Este pode ser constituído por ladrilhos-mo-saicos, 
rectos ou curvos, como mostramos nos desenhos. 
O assentamento dos azulejos pode ser feito com as jun-tas 
desencontradas ou com as juntas alinhadas, e, ainda, 
à face do estuque, com saliência e com reintrância. 
A saliência do silhar é obtida com a espessura do 
azulejo sobre o paramento estucado. A reintrância pode 
comportar qualquer profundidade; é apenas, para esse 
efeito, necessário preparar-lhe a faixa superior. 
Nos nossos desenhos (Figs. 18, 19 e 20) mostramos 
essas três maneiras de apresentar os lambris de azule-jos, 
que podem ser brancos ou de cores. 
S I L H A R E S DE M Á R M O R E 
s silhares de mármore podem ser formados por pe-ças 
que formam a altura própria do silhar ou por 
pedras de várias superfícies. A fixação das pedras às 
paredes pode ser feita por mechas de gesso, por massa 
de cimento e por gatos e perues de ferro galvanizado. 
(*) Designam-se por lambris ou filhares os revestimentos que 
apenas atingem certa altura dos paramentos, provindo, porém, da 
altura das costas das cadeiras.
INTERIORES E EXTERIORES 
Fig. 51.— L.ÍMBUTL DE MADEIRA APAINELADO 
(Conjunto e Pormenores) 
'% 2á. — LAMBRIL ENGRADADO SOBRE A FACE ESTUCADA
INTERIORES E EXTERIORES 
A espessura das pedras de forro oscila de Om,02 a 
Om,025 e têm a designação de pedra serrada. São puli-das 
na sua face, que não deve apresentar defeitos de 
espécie alguma. 
O lambril de pedra tem como base um rodapé também 
de pedra, e é rematado superiormente por uma faixa 
ou cornija, que costuma ser rica de molduras. Nos lam-bris 
modestos é dispensado o rodapé e a cornija. 
Este tipo de lambril pode ser saliente sobre o para-mento 
estucado e reintrante na parede. Podem ser em-pregados 
mármores de várias cores em combinações 
sumptuosas. 
S I L H A R E S DE M A D E I R A 
lambris de madeira atingem por vezes, em obras 
de grande categoria, uma riqueza invulgar, pela 
qualidade da madeira empregada e pelo alto trabalho 
de carpintaria. 
Estes revestimentos podem ser almofadados, engra-dados 
pelo sistema prático usual, e compostos por tábuas 
unidas umas às outras por macho e fêmea, com réguas 
e fasquias molduradas pregadas por cima. 
Quando os lambris são engradados e almofadados 
comportam todas as molduras que se lhe queiram dotar 
e que se acertam por samblagens, tal qual como se pra-tica 
no engradamento de portas, assunto que já estu-dámos 
(*). 
Inferiormente assenta-se sobre o lambril o rodapé 
provido com a sua respectiva base, e superiormente é 
assente um aparador, que por sua vez pode ter maior 
ou menor balanço. 
Estes são os lambris de madeira de maior categoria. 
Porém, também se aplicam destes revestimentos apeiias 
constituídos pelo engradamento (Fiy. 22), ficando o lugar 
das almofadas com o paramento da parede à vista, que 
depois se pinta como convier na formação do conjunto. 
Os mais modestos dos lambris são aqneles que se 
constróem só com tábuas de qualquer largura, unidas 
umas às outras formando como que um taipal, pregan-do- 
se por cima todas as réguas e fasquias molduradas 
que sejam indicadas. 
Pode também levar superiormente um aparador e em 
baixo ser rematado pelo rodapé. 
Os lambris de madeira são fixados às paredes com 
pregos ou parafusos, para buchas de madeira embebidas 
na alvenaria. Essa fixação faz-se nas couceiras e tra-vessas 
e nunca pelas almofadas. 
Estes revestimentos podem ser pintados, enverniza-dos, 
pulidos ou encerados consoante as madeiras em 
que são construídos. 
Os revestimentos devem fazer uma perfeita concor-dância 
com os alizares dos portais. 
S I L H A R E S S I M P L E S 
mais simples silhares são apenas constituídos por 
uma régua de madeira ou por uma faixa de már-more 
polido, assentes nas paredes, na altura própria 
(*) Ver o Caderno n.° 22 desta Enciclopédia. 
das costas das cadeiras, para elas se encostarem sem 
dano para os estuques. 
As réguas podem comportar uma moldura em toda a 
volta como ornamento. A sua largura pode medir Om,10 
e a espessura saliente Om,02 ou Om,03, isto tanto para 
madeira como para pedra. 
Algumas vezes estes silhares, cujo nome lhe é mais 
apropriado do que aos outros tipos de revestimento, 
formam na sua parte superior uma saliência de O™.OS 
ou Om,10, que é um verdadeiro aparador para objectos, 
fotografias, etc. (Fig. 16). 
S Í L H A R E S D E C H A P A S 
JTAS salas e galerias comerciais e nos átrios de resi-dências 
é usual também, a construção de lambris 
constituídos só por chapas metálicas ou de materiais de 
fantasia. Umas vezes só, simplesmente fixadas, prega-das 
ou aparafusadas para buchas nas paredes, outras 
metidas, enquadradas em engradamentos de madeira, 
como se fossem almofadas. 
Estes lambris bem trabalhados e vistosos prestam-se 
para vestíbulos, corredores e outras dependências de 
movimento, mas quando são despidos de bom arranjo 
têm só lugar em casas de trabalho. 
S I L H A R E S D E C O R T I Ç A 
A cortiça é um bom material para a construção de 
lambris. Preparadas as placas de aglomerados de 
várias cores, obtêm-se combinações relativamente felizes 
de harmonia. Com as placas de cortiça constroem-se 
apainelados com os seus rodapés em baixo e aparadores 
em cima, com as mesmas proporções que se estabelecem 
para a madeira e para o mármore. 
A sua fixação às paredes ó feita por meio de colagem. 
A conservação é obtida por enceramento. 
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Fig. 23.—DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA 
(Sobre murets de tyoloj 
— 13 —
INTERIORES E EXTERIORES 
E N V I D R A Ç A D O S 
envidraçados são geralmente divisórias de madeira 
ou ferro com vidros total ou parcialmente dis-postos, 
assentes na separação de aposentos dentro da 
mesma dependência, a fim de lhes manter a luz. 
Alguns envidraçados são dotados de portas de ligação 
de um lado para o outro, mas em muitas edificações as 
entradas para os aposentos assim separados, são feitas 
noutros locais. 
Os envidraçados podem ser completamente construí-dos 
de madeira ou de ferro, com a sua parte inferior 
almofadada, com apainelados variados, conforme o pro-jecto 
da obra, ou tendo como base on parapeito um 
murete de tijolo onde assenta, numa espécie de tábua 
de peito, o envidraçado propriamente dito (Fig. 23). 
Quando estas divisórias vão do pavimento até ao tecto 
a sua construção forma um todo completo, embora 
quando a sua superfície seja grande tenha de se engra-dar 
por partes que serão unidas no local próprio. 
O sistema do engradamento é o vulgar usado na cons-trução 
das portas por meio de samblagens. As suas 
almofadas e os seus pinásios são construídos como em 
CORTE 
VERTICAL 
,, PLANTA y, A-B 
Fig. 24. — DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA 
todos os outros casos. Aquelas por meio dos envazíados 
e estes por respigas e furos. 
O assentamento dos envidraçados comporta um leve 
encastramento num rasgo aberto no reboco das paredes 
de cada lado, onde deve entrar relativamente à vontade. 
No tecto deve do mesmo modo ficar assente, enquanto 
que no pavimento é conveniente ficar apoiado. Um ro-dapé 
de cada lado sutados para o soalho dão-lhe o re-mate 
apropriado. 
Como remate para os paramentos das paredes 
pequeninos quartos de círculo pregados de encont 
aos cantos são suficientes, como mostramos nos porme-nores 
(Fig- 25). 
Os rodapés da divisória devem concordar com os que 
estão assentes nas paredes, bem como os aparadores 
se as paredes também os possuírem. 
A altura do almofadado ó variável, se não houvei 
motivos nas 'paredes que dêem qualquer sujeição. 
A espessura da madeira para as couceiras e travessas 
vai de Om,032 a Om,042 de casquinha, e de Om,035 a 
Om.045 de pinho, consoante as dimensões das divisórias. 
Os envidraçados assentes sobre muretes são de situa-ção 
mais firme; destinam-se a larga existência. 
As secções das madeiras são as mesmas que indicá-mos 
para os anteriores. 
Os muretes são providos geralmente dos mesmos 
guarnecimentos das paredes com os quais ligam, e os 
seus rodapés conjugam-se com os restantes das mesmas 
dependências. 
Os muretes sSo encabeçados por capeamentos de pé 
dra serrada pulida ou de madeira pintada, com as fun-ções 
de tábuas de peito. É nos capeamentos dos muretes 
que se apoiam os envidraçados, que podem ou não atin 
gir o tecto. 
No nosso estudo (Fig. 24) a divisória comporta umi 
gola em toda a volta do vão, tanto dos lados como nc 
tecto. 
O envidraçado propriamente dito pode ter a fornu 
que se desejar. A situação da porta é variável; tomi 
lugar onde for mais conveniente. 
No nosso estudo o portal é guarnecido nas ombreiras 
e na verga, por uma guarnição de pedra serrada pulidí 
ou de madeira pintada, com a mesma saliência das golas 
de tijolo, que serve de aro. 
A porta tanto pode ser envidraçada como almofadada 
Alguns dos vidros, entre os quais os das fiadas d( 
cima, podem possuir movimento de bandeira basculante 
se isso for conveniente. 
Em certas edificações constroem-se envidraçados rnuitt 
acima do pavimento, umas vezes até junto do tectc 
e outras mesmo muito abaixo dele. 
Esses envidraçados comportam aros em toda a volt; 
onde assentam, com ou sem ferragens, isto é, de movi 
mento ou fixos. Quando possuem guarnecimentos no vã( 
podem ser como os que estudámos para as portas inte 
riores. 
Os envidraçados podem também comportar partes fixai 
a par de outras móveis, para deixar passar a luz e o ar 
Os envidraçados tanto podem ser interiores com< 
exteriores. Neste caso temos os que vedam estufas 
varandas e outros lugares que comuniquem para fora 
Os envidraçados interiores que são, entre eles. comi 
os que já estudámos, podem ser construídos em variai 
madeiras, conforme os locais onde têm lugar. 
Em bancos, salões de festas, galerias e outros locai 
de frequência importante, constroem-se de madeira 
caras e levam como acabamento pulimento ou cera.
INTERIORES E EXTERIORES 
Fig. 25. — PORMENORES DA DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA 
P I N T U R A 
A pintura é o último acabamento a aplicar nas edifi-cações, 
tanto nas madeiras como nas paredes 
e nos trabalhos de ferro. 
Os trabalhos de pintura têm de ser bein acabados 
para qne resultem como é de conveniência. As pinturas 
dos trabalhos de madeira são sempre feitas na base do 
óleo de linhaça, bem como as que se aplicam nos ferros. 
As pinturas a aplicar nas paredes podem ser na base 
do óleo e na de água. 
Nos trabalhos exteriores, fachadas e empenas, além 
da pintura a óleo podem ser dadas também as caiações. 
Nas paredes interiores já as tintas de água podem ser 
utilizadas com vantagens por vezes. No entanto as me-lhores 
pinturas são as que se fazem com tintas de óleo. 
No mercado encontram-se tintas de boa qualidade já 
preparadas. Algumas cores de grande beleza aplicadas 
noutros países não têm entre nós as qualidades apre-ciadas 
devido à acção do sol. sendo por isso da melhor 
conveniência preparar as tintas de acordo com os climas 
onde se empregam. 
P I N T U R A DE M A D E I R A 
A XTES de se realizar a pintura sobre a madeira ó con-veniente 
preparar primeiramente a superfície que 
se destina a pintar. 
Assim, começam-se por queimar com maçarico todos 
os nós e de seguida dá-se uma demão de aparelho com 
tinta de óleo de qualquer cor vulgar. 
Depois do aparelho estar bem seco, passa-se tudo a 
lixa e betumam-se os nós, rachas e outras imperfeições, 
que perturbam a lisura da superfície, com massa de óleo. 
Quando as massas estiverem bem secas e rijas, passa-se 
de novo toda a superfície com lixa, de modo a poder 
receber a primeira demão da pintura com tinta de óleo. 
Dão-se geralmente duas demãos e depois de uma 
nova passagem de lixa dá-se finalmente a última demão. 
Depois de toda a pintura estar bem seca dá-se como 
acabamento uma demão de esmalte. 
Nos caixilhos e portas exteriores não se aplica o es-malte, 
porque a sua resistência às intempéries é nula.
INTERIORES E EXTERIORES 
P I N T U R A D E P A R E D E S 
A s paredes destinadas a pintura síio estucadas, por-que 
de outro modo não se podia fazer trabalho 
conveniente. Os trabalhos para esta pintura iniciam-se 
pela aplicação de uma deinão de óleo de linhaça fervido 
sobre toda a superfície. 
Quando esta demão de óleo for quase toda absorvida 
pela parede, torna-se necessário dar-se-lhe outra demão 
igual. Segue-se uma demão de tinta de aparelho à base 
de óleo de linhaça em toda a superfície. 
Depois do aparelho estar bem seco será tudo bem 
passado a lixa, e em seguida tomam-se com massa de 
óleo- as juntas, rachas, buracos e outros defeitos que a 
parede possa ter. 
Só depois de todo o paramento se encontrar eomple-tamente 
seco se dá a primeira demão da sua pintura, 
e depois desta estar por sua vez seca dá-se a segunda 
e finalmente a terceira. Como complemento pode-se 
aplicar uma demão de esmalte. 
Nas pinturas exteriores não se aplicam os esmaltes. 
Nos interiores podem aplicar-se, como já dissemos, 
tintas de água. Geralmente com estas tintas, que se 
aplicam a duas demãos, não é necessário tratar os pa-ramentos 
com óleo fervido. Tratam-se com massa de 
óleo as imperfeições, e depois dos betumados estarem 
secos dão-se as demãos de tinta. 
Convém acentuar que os estuques devem ficar per-feitos 
para se evitarem grandes espessuras de massas, 
o que não é nada conveniente para as tintas de água. 
P I N T U R A D E F E R R O 
TNICIA-SE a pintura de ferro com a aplicação de uma 
demão de aparelho, que pode ser com zarcão e óleo 
de linhaça. Depois passa-se tudo a lixa, e nas grandes 
superfícies, como de chapas e almas de vigas, tomam-se 
as imperfeições com massa de óleo. 
Quando as massas estiverem secas começam-se a dar 
as demãos de pintura necessárias, umas após outras, 
à medida que se vão secando. 
COMPOSIÇÃO DAS TINTAS 
A composição das tintas deve ser feita com esmero para 
•^ que a pintura fique bem apresentada e duradoura. 
É mister, para se atingir esse fim, empregar mate-riais 
de confiança bem fabricados e preparados. Tam-bém 
é de recomendar que se pulverisem bem as terras 
porque às vezes vêm relativamente grossas, o que é um 
tanto prejudicial à pintura. Fica grossa e serabulhenta. 
O óleo tem de ser forçosamente bom, pois se assim 
não acontece, os maus óleos tornam a pintura má; por 
vezes os maus óleos não deixam mais secar a pintura, 
até que ela se deteriora, precocemente. O bom óleo para 
as pinturas é o de linhaça bem fabricado. 
O bom alvaiade é o que se obtém no mercado, em pó, 
dissolvendo-se depois com óleo de linhaça. O segredo 
da boa pintura está nas boas massas, e estas no bom 
óleo e no bom alvaiade. 
O alvaiade de chumbo, conquanto perigoso para 
saúde do operário pintor, ó melhor do que o de zine 
Porém, há quem prefira este último carbonato. 
TINTAS PKEPARADAS COM ÓLEO. 
Preparam se as tintas de óleo para a quantidade i 
l quilograma com a composição seguinte: Ok,71 < 
alvaiade, 0^30 de óleo, Ok,02 de tinta em. pó e Ok,0! 
de secante. 
Devemos lembrar que a boa prática do pintor poi 
levá-lo algumas vezes a alterar o que mais ou men 
está determinado, com vantagem para o bom trabalh 
PINTURA DE MADEIRA.—Parai met 
quadrado de superfície a pintar com três demãos, pi 
cisamos: Ok,450 de tinta preparada; para as barrage 
Ok,200 de massa de óleo; para a demão final de < 
malte Ok,120 desse produto. 
PINTURA DE PAREDES.— Para l mel 
qnadrado de superfície de estuque a pintar com ti 
demãos. necessita-se de Ok,500 de tinta preparada, al< 
de Ok,240 de óleo fervido e de Ok,250 de massa de ól 
para os trabalhos preliminares. Se se aplicar uma dem 
de esmalte precisamos de Ok.180 desse produto. 
P I N T U R A DE F E R R O . — Para l mel 
quadrado de superfície a pintar com três deniãos, s 
necessários Ok,300 de tinta preparada. Para os seus p] 
paratórios gastam-se cerca de Õk,180 de massa de ól( 
PREPARAÇÃO DE MASSAS DE ÓLEO. 
Compõe-se uma massa de óleo para l quilograma c< 
a composição seguinte: Ok,160 de óleo e Ok,840 de ci 
Esta ó a massa de vidraceiro, usada nos vidros. 
Também se prepara uma boa massa para barragei 
cuja composição para o volume de l quilograma, 
assim: Ok,050 de óleo, Ok,500 de cré e Ok,450 de 
vaiade. 
PREPARAÇÃO DO ÓLEO FERVIDO. 
Para os preparatórios de pintura sobre estuque pré] 
ra-se o óleo fervente com a mistura de litargírio, i 
seguintes quantidades, para l metro quadrado de parec 
(^,180 de óleo e Ok,030 de litargírio, isto para u; 
demão; para duas demãos: Ok,320 de óleo e Ok 
s040 
litargírio. 
C A I A Ç Ã O 
PODAS as paredes exteriores, fachadas, empenas 
muros são por vezes simplesmente caiados. J 
certas edificações também se fazem caiações em parec 
interiores. 
As boas caiações são feitas geralmente com t 
demãos, levando a primeira, para boa fixação das ag 
das, uma mistura de sebo, qne é realizada em cei 
de 5 por cento do volume da cal que compõe a agua-o 
chamado leite de cal. As duas demãos finais pod 
ser de qualquer cor, bastando para isso juntar ao lê 
de cal a tiata cm pó que se desejar. 
Quando a caiação for aplicada sobre esboço áspero 
em fio de areia, obtem-se óptimo resultado quandi 
última das demãos for aplicada com escova de espoe 
Também se costuma fazer essa demão com uma bon< 
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— 16 —

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Construção civil: revestimentos internos e externos

  • 1. 26 ENCICLOPÉDIA PRÁTICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL 26 INTERIORES E E X T E R I O R E S S U M A R I O : TABIQUES — FRONTAIS — EMBOÇOS — REBOCOS —TESBOÇOS ESTUQUES — LAMBEIS — REVESTIMENTOS — DIVISÓRIAS ENVIDRAÇADOS — MATERIAIS — MADEIRAS — PINTURAS CAIAÇÕES — 25 FIGURAS PREÇO i5$oo EDIÇÃO DO AUTOK F. PEREIRA DA COSTA DISTRIBUIÇÃO DA POBTUGÁLIA EDITOEA L I S B O A PREÇO 154.00
  • 2. TEXTO E DESENHOS DE F. PEREIRA l» A COSTA I N T E R I O R E X T E R I O E E S DOE interiores e exteriores designamos todos os traba- No número dos trabalhos exteriores mencionamos os lhos de acabamento nas edificações. Dentro deste acabamentos cias fachadas e das empenas, com os seus princípio consideramos trabalhos interiores os guarne- guarnecimentos e revestimentos, pinturas e caiações. cimentos, os revestimentos, as divisórias envidraça- Os frontais e tabiques de tosco de madeira, ainda, das, os envidraçados propriamente ditos e as pintaras às vezes, necessários, são também estudados neste e caiações. Caderno. Fig. 1.—FRONTAL A FRANCESA — l —
  • 3. INTERIORES E EXTERIORES Q H- T «—• f^ f"~• U KC KD rC* T AA lI Cb A NTIGAMEÍTTE todas as edificações continham as divi-sórias constituídas por frontais e tabiques de ma-deira. Os frontais para as divisórias mais espessas e os ta-biques para as mais delgadas. Hoje, com os mais pro-gressivos meios de construção, este género de trabalho quase que deixou de existir. Dizemos quase, porque nem sempre, mormente nas reedincações, se podem aplicar as paredes de tijolo. As divisórias com tosco de madeira são muito mais leves, não se sobrecarre-gando por conseguinte os pavimentos, que poderão não ter a resistência necessária para suportarem divisórias de tijolo, mesmo assente a cutelo. Também algumas vezes é quase que impossível poder ligar-se a frontais de tosco, panos de tijolo modernos. Assim, neste propósito, é conveniente estudar-mos estes motivos de tosco. A madeira que se utiliza nestes trabalhos é, normal-mente, o pinho, e a segurança das suas ligações, às ve-zes samblagens, é obtida com pregos. CORTE VERTICAL — PLANTA Fig. 2. — T ABI QUE DE DUAS FACES OS FRONTAIS À FRANCESA (Fig. 1) são constituídos por uma estrutura de serrafões de madeira sobre a qual se pregam, de uma face e outra, tábuas com a espessura variável de Ora,02 ou Om,025. As sec-ções dos prumos são normalmente de O'",10 X Om,08 ou Ora,08 X Ora,08. Á estrutura é construída, de uma maneira geral, den-tro do que acabamos de escrever, de acordo com as dimensões que o frontal deve comportar. Este frontal tem também a designação de frontal for-rado. No solo, em cima do solho ou de parede, assenta-se um serrafão, o frechai, e em cima, a verga, prega-se nas vigas do tecto. Verticalmente assenta-se junto da parede mestra, admitimos que a haja, um prumo, e de aí de metro em metro mais prumos, até terminar o com-primento do frontal. De prumo a prumo, a meio da altura do frontal, assenta-se um travessanho a ligar entre si todos os pru-mos. Quando o pé direito da divisória ó bastante alto pode dividir-se essa altura em vários espaços, que cor-responderão a diferentes travessanhos. Em diagonal, assentam-se escoras, entre os travessa-nhos e os prumos para assegurarem o completo trava-mento do tosco. As samblagens são feitas por meia-madeira e por ore-lha. derrabada. Dos dois lados do frontal sobre o forro de tábuas, são pregadas as fasquias ; cada fasquia é fixada com dois pregos de fasquiado n.° 4 em cada tábua. O espaço de fasquia a fasquia oscila por Om,04 : o fasquiador obtém essa medida praticamente, encostando, de fasquia a fas-quia, dois dedos, o indicador e o grande juntamente. As fasquias que se aplicam nos frontais e tabiques são das mesmas que se empregam nos tectos ; têm a espessura de O'",015 ou Om,018 e a largura máxima de Om,02. A secção das fasquias é, como sabemos, de forma trapezoidal e assentam-se com a base mais es-treita para dentro. Em tempos suLstituiam-se as fasquias por ramos de castanheiro rachados ao meio e pregados, por conse-guinte, com o lado arredondado para dentro. Depois dos fasquiados assentes procede-se ao enchi-mento com argamassa de cal e areia, ao traço de l : 2. Este enchimento que é o reboco e que deve cobrir em todo o paramento as fasquias, também se designa por pardo, por ser essa a cor da argamassa. A espessura deste frontal é de Om,15 ou pouco mais. F R O N T A I S j-|Á na nossa construção três principais tipos de fron-tais de tosco de madeira: o frontal à francesa, © frontal à galega e o frontal tecido, que vamos descre-ver convenientemente. OS FRONTAIS À GALEGA (Fig. 6} são de estrutura corrente e de construção muito prática. Arvo-ram- se prumos, em geral com a secção de Ora,10xUm,10, sobre cada uma das vigas do pavimento e que vão li-gar- se, por conseguinte, às vigas do tecto. Essa ligação é obtida por uma orelha, pregada como mostramos nos deseuhos. Os prumos devem ficar muito bem destorcidos e apru-mados para que o frontal forme uma parede perfeita.
  • 4. INTERIORES É EXTERIORES Depois de todos os prumos estarem assentes proce-de- se ao assentamento do ripado. As ripas pregam se sobre todos os prumos, distanciadas umas das outras cerca de Ora,40, pouco mais ou menos. Entre um paramento e outro as ripas são dispostas alternadamente. Cada ripa é pregada com um prego de sétia em cada prumo. As secções das ripas são de Om,036 x Om,024, mas pode rbertamente aceitar-se as que têm uso nos madei-ramentos. Os espaços entre prumos e entre ripas enchem-se com alvenaria de argamassa de cal e areia aos traços de l : 2 ou l : 3 e fragmentos de tijolo, pedra miúda, jorra, etc. Depois desta ' espécie de alvenaria estar bem seca faz-se o usual reboco da mesma argamassa até cobrir a face das ripas. O frontal à galega (#) é muito mais pesado do que o frontal forrado ou à fran-cesa, mas tem as suas vantagens e utili-dade. A sua espessura oscila por Om,15 em tosco. OS F R O N T A I S T E C I D O S são o que pode chamar-se verdadeiramente esqueleto dos velhos tempos da gaiola ou es-queleto, que tanto desenvolvimento tiveram desde o advento da Arte Pombalina até ao predomínio do betão armado. Este sistema de construção era uma grande escola de carpintaria civil. O frontal tecido ó de compleição prática. Dividido o comprimento do frontal a cons-truir em nembos, com a largura de lm,00 pouco mais ou menos, faz-se o arvoramento dos prumos, com a secção vulgar de Om,10x X0m>10, pregados de orelha para as vigas do pavimento, em baixo, e do tecto, em cima, como ó de prever. Quando os pru-mos não possam coincidir com as vigas de que falamos, aplicam-se os chinchareis para neles se pregarem os prumos e fica o caso resolvido. Depois, dividida a altura do pó direito em partes iguais, assentam-se travessanhos horizontais de prumo a prumo, ligados por orelhas derrabadas. Nos rectângulos formados entre os pru-mos e travessanhos assentam-se escoras em diagonal, para melhor garantia do trava-mento. Nas construções de frontais em edificações já existen-tes, é de boa norma empregar dois frechais, um em baixo sobre o vigamento, e outro em cima contra o vigamento superior, para neles se pregarem por orelha os prumos de todo o frontal. A preparação dos portais nos frontais consegue-se facilmente. Assentam-se dois prumos como ombreiras, nos lagares convenientes, ligados aos outros prumos também por travessanhos e, na altura própria, assenta- -se nma verga que se fixa nas duas ombreiras por orelhas derrabadas. Dois pregos sobre cada orelha fixa a verga às ombreiras. Se a largura do portal ultrapassa Ora,60 é conveniente dividir a largura do vão em partes iguais, e aplicar-lhe por cada parte um pendurai que da verga vá pregar por orelha ordinária ao vigamento su-perior, Os pendurais ligam-se à verga por orelhas derra-badas. A construção dos portais nos frontais ó igual em to-dos os seus sistemas. Construído o tosco faz-se o seu enchimento até à face de um lado e outro, com alvenaria de pedra miúda e bocados de tijolos, com argamassa de cal e areia ao traço de l : 2 ou l : 3. A espessura do tosco deste frontal regula por Om,10, que é a espessura da madeira empregada. Hg. 3.— TABIQUE SIMPLES T A~'B i Q U E S C~")s tdbiques formam as divisórias secundárias em re- ^^^ lação aos frontais. As espessuras dos tabiques são muito mais delgadas do que as dos frontais. Os tabi-ques em alguns casos são apenas construções ligeiras, mas no entanto constroem-se íabiques de certa categoria. (#) Em algumas por francesas. regiões do País estes frontais são designado*
  • 5. INTEKIORES E EXTERIOEES Fig. 4.—TABIQUE ALIVIADO Há nma relativa diversidade de tabiques, mas apenas estudamos nesta nossa obra, trôs de entre eles, aqueles que ainda na actualidade nos são úteis. OS TABIQUES SIMPLES (Fig. S) são apa-nas construídos por uma série de tábuas costaneiras pregadas numas calhas que se fixaram sobre o viga-mento ou sobre o solho, em baixo, e nas vigas do tecto, 9in cima. As calhas são serrat'5es com um rebaixo para o assentamento das costaneiras. A espessura delas gira em volta de Om,04 e a espes-sara do rebaixo mede Om,025, que corresponde à espes-sura das tábuas. A saliência da espessura da calha do lado oposto às tábuas ó ultrapassada pela saliência das fasquias. Ter-minado o tosco pregam-se as fasquias de ambos os seus lados, conforme indicámos para os frontais e temos o tabique pronto a receber o reboco. Quando os tabiques têm certo comprimento é íeister dotá-los com travessanhos de um lado ao outro. Assim, estes travessanhos têm os seus cantos rebai-xados, tal como as calhas, para a respectiva entrada das costaneiras. Também às vezes têm o seu compri-i,.:."&.— POETAIS DE;, TABIQUES (Tabique Simples— Tabigue Aliviado) mento interrompido por prumos, para lhes darem maior robustês e com aspas para lhe aliviarem o peso. OS TABIQUES DE DUAS FACES (Fig. 2) são uns tabiques também chamados duplos, porque são for-mados por duas ordens de costaneiras. às vezes tábuas de solho. Constroe-se primeiramente a estrutura de prumos e de travessanhos, como temos indicado, e pregam-se as costaneiras de um lado e depois do outro, em sen-tido contrário. De um lado pregam-se, por exemplo, no sentido dia-gonal da esquerda para a direita, e do outro da direita para a esquerda, como mostramos nos desenhos. A espessura deste tabique no tosco é apenas de 0™,08 ou Om,09. Este sistema pode também comportar aspas, que são umas escoras metidas em diagonal. OS TABIQUES ALIVIADOS (Fig. 4) são destinados a lugares onde se não podem suportar car-gas. Por isso a sua construção tem por fim empurrar para as paredes laterais todo o peso da estrutura e do seu revestimento, que por mais leve que seja tem sem-pre a sua carga. Assim, a sua construção inicia-se com o assentamento do frechai superior pregado para o vigamento do andar de cima. Segue-se o assentamento das duas aspas que, partindo cada uma de uma viga do pavimento, junto das paredes laterais, vão alcançar o frechai superior a meio do comprimento do tabique. Uma boneca aperta as duas aspas. Em baixo as aspas entalham por sam-blagens na respectiva viga. Um travessanho liga as duas aspas, Om,05 acima do vigamento do pavimento. Entre as aspas e entre os frechais e travessanhos pre-gam- se tábuas costaneiras. Depc-is, finalmente, fasquiam- -se ambos os paramentos do modo que temos indicado. Se este tabique contiver um portal, pomos os prumos que servem do ombreiras ao vão com a sua respectiva verga na própria altura, e assentamos aspas dessas om-breiras para o vigamento do solho. Um frechai aliviado, Om,05 acima das vigas, vai da aspa à ombreira, onde liga por orelhas derrabadas. De-pois enchem-se de costaneiras todos os espaços. As ombreiras são fixadas no frechai superior por uma ore-lha derrabada, e entram por respiga aliviada na viga do solho. Finalmente prega-se o fasquiado como de ordinário e reboca-se. Convém acentuar que as tábuas que fecham os tabi-ques. quase sempre costaneiras por serem do mais baixo preço, não têm necessidade de se encostarem bem umas às outras, antes pelo contrário, porque pelas fen-das pode a argamassa de um lado e outro juntar-se e formar um bloco conveniente. TABIQUES LIGEIROS são a designação de certas divisórias constituídas simplesmente por toscos de serrafões, de aligeirada estrutura, que levam pre-gados de um lado e do outro, na formação dos seus pa-ramentos, placas de estafe, que depois são esboçadas e estucadas pelos sistemas usuais. Também se usam algumas divisórias ligeiras, consti-tuídas somente por tábuas aplainadas, de macho e fê-mea, como tabiques, na separação de algumas depen-dências. Tudo isto, porém, são construções de acaso, que não podem fazer parte integrante das edificações. — 4
  • 6. INTEEIORES E EXTERI@BBS U E C I M E N T O S G f T paramentos das paredes são cobertos de emboços, rebocos, esboços, estuques e diversos guarneci-mentos e revestimentos que distinguireiuos convenien-temente. A primeira cobertura a aplicar nos paramentos das paredes, tanto interiores como exteriores, é o emboço, chapado ou pardo, que pode ser de argamassa de cal e areia ou de cimento e areia. As paredes só. se emboçaiu depois d^s suas alvena-rias estarem bem secas. Com as alvenarias húmidas não se pode garantir a segurança dos guarnecimentos nem a habitação iica salubre. Por conseguinte só depois das paredes estarem natu-ralmente bem secas se emboçam|e rebocam. Fig. 6.— FRONTAL A GALEGA Algumas vezes, por motivo de pressas, faz-se a se-cagem artificial das alveuarias, mas isso trás inconve-nientes, porque a cal não teve o tempo suficiente para se carbonetar, conservando-se a argamassa mole e fria, não ficando as paredes com a solidez necessária. Pois sabe-se que a ligação dos materiais é obtida lentamente pela acção do ácido carbónico do ar e do leite de caL Por conseguinte partimos do princípio que só depois das paredes estarem bem secas se pode proceder aos seus guarnecimentos. E M B O Ç O E R E B O C O emboço é a primeira operação a realizar sobre os paramentos das paredes. Consta simplesmente de um chapado de argamassa sobre a alvenaria. Geral-mente o emboço anda junto com o reboco, que por sua vez consta de uma camada de argamassa de cerca de Om,01 de espessura e que deve ficar bem aprumada e serrafada, para que a parede não fique torta nem com saliências nem com reintrâncias. Na maior parte das construções emboça-se e rebo-ca- se tudo na mesma ocasião, mas o melhor processo para se obter o melhor resultado com a segurança das massas, ó emboçar-se e só depois do emboço seco se deve rebocar. O emboço é, pois, um trabalho ligeiro, enquanto o reboco é já um trabalho em que o pedreiro tem de se esmerar com a sua regularização. O bom acabamento do reboco é feito com uma régua a serrafar a massa do paramento em todos os Sfintidos, para a parede ficar bem direita e com a superfície totalmente perfeita. TF g. 7.— FRONTAL A GALEGA {Ligação de dou frontais} — 5 —
  • 7. INTERIORES E EXTERIORES Os traços para as argamassas dos rebocos vulgares são 1:2 e l : 3 de cal gorda e areia e de l : 5 e l : 6 de cimento e areia. Não é conveniente fazer massas de cal e cimento juntamente, porque a natureza desses dois materiais é antagónica e a qualidade de um anula as qualidades -do outro. A cal é quente; o cimento é frio. Para as construções na vizinhança do mar também não é conveniente aplicar rebocos com massa de ci-mento, porque se deterioram passado pouco tempo, A argamassa de cal gorda e areia dá, nesses locais, muito melhores resultados. Quando se pretendem rebocos de boa contextura fa-zem- se com cal gorda em pasta em vez de cal em pó. E S B O Ç O "PjBPOis dos rebocos estarem bem secos procede-se ao esboço da parede com uma massa de cal gorda em pasta e areia fina ao traço de 1:2 respectivamente. Os esboços fazem-se com massas dobradas ; isto é, aplicam-se por duas camadas, a primeira mais forte e mais grossa do que a segunda. Fig. S.— PAREDE EMBOÇADA E REBOCADA A espessura do esboço sobre o reboco oscila de Om,005 a Om,01 e deve ficar bem desenipenada. Os estu-cadores aplicam-no com a frlocha, que é ura rectângulo de madeira de cerca de 0"1.40xO:':J30, com a espessura de O"1,02 e provida de uma asa ou pega peia parte de baixo. A parte de cima ó a face lisa e desenipenada que afaga a face da parede. Há várias espécies de esboços: o esboço para estu-que, o esboço, áspero, o chamado fio de areia e o esboço esponjado. ESBOÇO PARA ESTUQUE. — É um esboço preparado com areia muito fina. a areia de. esboço, numa argamassa bem amassada com cal em pasta que se hi-drata no próprio local da obra, para não perder as boas qualidades. Este esboço deve ser aplicado com esmero para não se prejudicar o estuque. ESBOÇO ÁS PB EO. — É um esboço preparado com areia mais grossa do que aquele anteriormente des-crito. Tem também a designação de esboço forte. Des-tina- se às paredes que são simplesmente caiadas com qualquer cor. O traço normal deste esboço é de 2 : 1,5, respecti-vamente cal e areia. ESBOÇO A FIO DE A R EI A.—É um guar-necimento para caiar a cor, relativamente delgado, e o seu traço oscila por 1,5 de cal por l de areia. ESBOÇO E S P O N J A D O . — Trata-se de um esboço de massa vulgar aplicado sobre qualquer reboco, que depois de ser alizado com a talocha e quando já começa a sezoar é afagado com urna escova de esponja. Este afagamento é feito batendo-se com a escova de esponja em pancadinhas sobre o esboço. As vezes em lugar da esponja utiliza-se uni bocado de serapilheira, que provoca um afagamento um pouco áspero e próprio para uma caiação a cor, se a massa já não for dotada de qualquer terra para a colorir. E S T U Q U E Co depois do esboço estar muito bem seco se mete o estuque, o último guarnecimento das paredes das casas de habitação e de fins públicos e comerciais. O estuque vulgar é unia massa de cal e gesso apli-cada directamente sobre o esboço. A cal é utilizada em pasta hidratada no local da obra para se garantir a sua frescura e o gesso deve ser muito fino e bem cozido. O traço normal do estuque vulgar anda por 6 ou 7 quilogramas de gesso por cerca de 30 quilogramas de cal. No final dá-se sobre a superfície estucada uma leve aguada de leite de cal. E S T U Q U E S E S P E C I A I S estuque nào ó outra coisa que uma argamassa branca e fina, susceptível de receber pulimeuto, que se aplica sobre o esboço. Os estucadores dão-no com a talocha sobre os para-mentos das paredes, onde deve ficar muito bem aper-tado, liso e sem cavidades. Há duas espécies de estuque: o de cal e o de gesso Para os estuques de cal há vários traços que descrê vemos: 1) Cal morta com seis meses, giz (-*) e pó de márnion ou de qualquer outra pedra fina e branca; (*) O giz é uma espécie de carboneto de cal. 6 —
  • 8. INTEEIOEES E EXTEEIOEES 2) Cal, areia muito fina e pó de calcáreo duro ou de mármore; 3) Uma mistura de grés, tijolo e mármore moídos. Estes estuques aplicam-se por ramadas sucessivas, de-vendo as primeiras serem mais grossas do que as últi-mas. A última de/e ser bastante fina, porque assim pro-porcionará um melhor pulimento. Para o estuque de gesso também igualmente há vários traços. Assim, temos: 1) Três partes de cal morta de fresco, uma parte de areia e quatro partes de gesso ; 2) Gesso muito fino caldeado numa dissolução de cola forte, que assim tratado tem a presa menos rápida que o gesso ordinário, o torna-se muito duro ; 3) Gesso caldeado em água de alúmen; 4) Gesso calcinado num forno de reverbero e mo-lhado à saída em água, com 10 por cento de alúmen, durante três horas pouco mais ou menos, sendo depois esse gesso com alúmen submetido a fogo vivo e em se-guida pulverizado e peneirado. Os estuques de gesso não são muito aconselhados para exteriores por causa das chuvas. No entanto nos interiores podem ser lavados com água. Estes estuques, especialmente o de gesso caldeado, podem receber, incrustados, veios de cores a fingir mármores, leitos também de gesso caldeado colorido. Os estuques brunem-se passando-os com pó de grés moído e pedra pomes, e obtem-se um bom pulimento continuando essa operação e esfregando-se depois com trapos embebidos em cera. E S T U Q U E S C O L O R I D O S s estuques "podem ser de cores. Basta para isso preparar as massas com as tintas necessárias. Assim, para se obter um estuque compleíamente branco Fiy. 10.—PAREDE EMBOÇADA, REBOCADA, ESBOÇADA E ESTUCADA junta-se à massa cola de peixe ; para um estuque ama-relo ou verde, junta-se óxido de ferro hidratado ou óxido de cromo; para os estuques castanhos, azuis e cores similares, juntam-se os óxidos de manganês e de cobre e os hidrocarbonatos de cobre. Convém ter em conta que estes estuques assim preparados não resistem à humidade, embora se possam lavar sem perigo de se estragarem. Estes são os estuques com cor na massa. f.-nàoço , Fig. 9.— PAREDE EMBUÇADA. REBOCADA E ESBOÇADA Q A N O T A Ç Õ E S DANDO os estuques estalam não se devem tapar sim-plesmente as rachas, antes devem abrir se mais ou alargarem-se com um ponteiro, e só depois se deve fazer o tapamento com massa de gesso. O alargamento das fendas tem a designação de ale-grar. Depois de toda a reparação ostar concluída é conve-niente para harmonizar toda a parede ou tecto, dar-lhe uma deniio de leite de cal muito mais diluído do que o vulgar. IUAXDO certas partes dos paramentos ficam tremidas o melhor processo de remediar esse defeito é picar imediatamente o estuque, enquanto está ainda húmido, para se não conhecer o remendo pelas suas costuras, Depois com uma ligeira demão de leite de cal muito diluído fica toda a superfície perfeita. — 'i
  • 9. INTERIORES E EXTERIORES Fig. 11.— PAREDE INTERIOR (Estuques lisos em baixo e áspero em cima) PODAS as dependências quando acabam de ser estu-cadas devem imediata e totalmente ser arejadas, para se evitar que o estuque apodreça. Pois, como é bem sabido, a humidade é o gran.de inimigo deste guar-necimento. Para se conseguir o bom arejamento abrem se todas as janelas e possivelmente todas as portas; deste modo o ar circula livremente e o sol pode bem entrar. Também se costumam às vezes fechar todas as jane-las e portas e depois, cora fogareiros bem acesos, bra-seiras e outros vasos com fogo, fazer um grande aqueci-mento de todas as dependências. Quando tudo estiver bem quente faz-se a abertura rápida de todos os vãos de portas e janelas. Esta manobra pode- ser repetida várias vezes até se presumir que as paredes estão bem secas -• e L Fig. 12. — PAREDE INTERIOR •''Estuques lisos com faixas de cores diferente» e silhar de -madeira) Também por vezes se utiliza uma porção de s:. muni calcinado, deposto num vaso qualquer a me: dependência estucada; este sal começa a absorv humidade, tornando-se líquido à medida que o loc vai aquecendo, Este sal recupera-se aquecendo-o de novo mente se pratica a operação da casa. São perigosas para a saúde as casas onde os esn se conservam húmidos ou apodrecidos. R E B O C O S E S P E C I A I S certas dependências das edificações, onde se talam laboratórios, lavadouros, câmaras fotográ-ficas de raios X e outras oficinas onde se trabalhe c c n ácidos, lixívias e outros produtos corrosivos e maií M menos similares, ó mister fazer-se a aplicação de re-bocos especiais, para se evitarem infiltrações que CAI-- ficam as paredes. Estes rebocos especiais têm de ser estudados rsri cada caso. De igual modo se aplicam rebocos especiais par.. - tecção das paredes contra as intempéries e outros <~ R E B O C O CO M. D I A T O M I T E . — É grande vantagem a sua, aplicação nas paredes onde infiltrações de águas, lixívias e ácidos aparecem à í dos paramentos, O traço para este reboco de argamassa de cii e areia é o de l : 4 com a mistura de 10 por cento volume do cimento de diatomite ou de qualquer produto para esse fim indicado. Sobre este reboco poòt fazer-se o esboço. R E B O C O COM BARITA. — É um reboe» aplicado nas instalaçOes de Raios X, para ser evitada m. passagem dos respectivos raios, dimanados da apare-lhagem, através das paredes. A dosagem é feita na ar-gamassa de cimento e areia ao traço de l: 4 e às vezes de 1:3. A adição da barita à argamassa, conforme m força expelidora dos raios, ó de cerca do dobro do f > lume do cimento. Indica-se um traço de l de cimento, 2 de areia e 2 á» barita, entre outros. A espessura destes rebocos nnnea deve ser inferior a Om,02. Também algumas vezes §* indica a cal. R E B O C O PARA M AR M O R IT E. — Pmm boa segurança dos revestimentos de marmorite, rebo-cam- se as paredes com uma argamassa forte de cimenlB e areia, como por exemplo os traços de l : 3 ou l : 4. mas nunca mais fracos. Como o revestimento é fone têm os rebocos de ser fortes também, porque de con-trário a marmorite puxava-os e todo o trabalho ficai» danificado. R E B O C O A F A G A D O . — Trata-se de mm. reboco de massa de cimento, que pode ter os traços àt l : 3, l : 4 ou l : 5. e fica superiormente afagado ^ K-Iher, depois de bem alinhado e serrafado.
  • 10. INTERIORES E EXTEBIORE: C Fíg. 13. — PAREDE ISTEBIOB (Em baixo lambris de madeira apaindado») %vxr^73^^^^^^tr^sx^::nrza;.l^L^±n^z:^.4^rr^i:z^^i^x Fig. 15.—P ABE DE REVESTIDA DE AZULEJOS Este reboco é geralmente aplicado nos socos das fa-chadas e nas paredes interiores de instalações sanitárias de condição modesta. O cimento alagado pode ser pintado com tintas de óleo. mas para poder receber bem a pintara tem pri-meiramente de ser queimado com ácido sulfúrico. O reboco afagado pode ser efectcado com cimento branco o com cimeníos coloridos. E E B O C O P R O J E C T A D O .— Designain-se rebocos projectados os revestimentos das paredes com juasnas granitadas e de várias cores, numa composicS j de massa de cimento, projectados contra um reboco já anteriormente dado às alvenarias. Os granitos são pequeninos grãos de mármore de qualquer cor e a massa é composta de cimento colorido ou de cimento vulgar com mistura de qualquer óxido. Projecta-se a massa contra a parede por meio de um aparelho mecânico ou, se as superfícies a revestir são pequenas, com uma espécie de crivo de uso normal. R E B O C O À T I R O L E S A . — O tírolês é uma argamassa de cimento e areia grossa, a um traço relativamente forte, para revestimento de paredes, ge-ralmente nos seus socos. Aplica-se, projectando-o, contra um reboco já dado à parede, por meio de um crivo de furos um pouco largos. Este revestimento fica quase sempre na própria cor do cimento, mas às vezes mistura-se na massa um óxido de qualquer cor para o colorir. Também em algumas obras dá-se-lhe a cor por caiação no fim de pronto. R E B O C O DE ALHETAS. — Os rebocos afagados e projectados de qualquer tipo e de qualquer material, são susceptíveis de serem providos de alhetas com os seus respectivos golpes de aresta bem vincados e afagados e juntas refendidas, De igual maneira podem comportar arestas feitas de qualquer sistema e também por qualquer material dife-rente do que se aplica na superfície. Fig. U.— PA1ÍEDE IN T E MOR (Estuques lisos e Aparador de madeira) Fig 19. — PAREDE REVESTIDA DE AZULEJOS
  • 11. INTERIORES E EXTERIORES M A T E R I A I S materiais que entram na composição das arga-massas para os emboços, rebocos, esboços e es-tuques, são, como já vimos, a areia, a cal, o cimento e o gesso. Das cais e do cimento já escrevemos, quando tratámos das Obras de Alvenaria (*), e da areia e do gesso es-crevemos agora. A R E I A . — A areia para os rebocos deve ser pura, de grão seco, anguloso e áspero e sempre isenta de matérias estranhas. Para bem servir deve ser lavada e peneirada, para se libertar de pedras e lixos. Para os esboços finos emprega-se a areia de esboço, de grão muito fino e muito pura. No esboço a fio de de um lado e movidas do outro manualmente ; o fundo ó constituído por fasquias com espaços apertados. GESSO. — O gesso é um sulfato de cal hidratada e comp3e-se aproximadamente de 22/00 de água, mas como a pedra de que se extrai quase nunca ó pura, re-sulta que o gesso é uma mistura de sulfato e carbonato de cal. A calcinação da pedra é feita a uma temperatura de 120° aproximadamente, evaporando-se a água da crista-lização e fazendo-se o resfriamento. Reduzida a pedra a pó, este conserva o ácido sulfú-rico que se combina com a cal. A pasta de gesso é, por conseguinte, um sulfato anidro de cal. Amassado o gesso com água toma rapidamente o en-durecimento. Assim, temos o gesso que no comércio tem o nome de gesso de presa. O gesso deve ser utilizado bem cozido e bem moído e de fabricação recente. TSsiot. Fig. 17. —- PAREDE ESTUCADA COM LAMBIUS DE AZULEJOS areia convém uma areia cujos grãos contenham quartzo em abundâm-ia pura garantia de um bonito áspero. As areias para os esboços tom de sor lavadas e bem peneiradas num crivo apertado. O pior elemento que pode passar nestas areias é a pederneira, que pode re-bentar com o esiuque mesmo passado muito tempo, pois que a pouco e pouco vem à superfície. As areias peneiram-se numas cirandas de madeira, que são umas caixas assentes em plano inclinado, fixas M A D E I R A S A s madeiras para a execução dos lambris carecem ser de boas qualidades, isentas quanto possível de nós, sem rachas e sem revessos e completamente secas. Como madeira de maior cotação para esta sorte de trabalhos está indicado o carvalho em primeiro lugar, a nogueira e a macacaúba em seguida. Vamos apresentar algumas características das melho-res madeiras para este ramo de carpintaria: Carvalho. — E uma madeira muito dura e resistente. A sua cor ó de um ainarelo-escuro com raios muito es-curos e a sua fibra ó compacta e fácil de ser trabalhada. Nogueira. — Tem a fibra muito fina e a sua cor é es-cura e raiada ligeiramente. E uma excelente madeira para, a construção de guarnecimentos e revestimentos. Macacaúba. — E uma bonita madeira relativamente dura e de cor encarniçada. Cedro. — E uma madeira resinosa, muito dura e quase incorruptível. A sua cor é de avermelhado-claro com veios escuros. Castanho.— Madeira relativamente resistente, de fibra compacta, de cor acastanhada e boa para os limpos de carpintaria, mas má no contacto com as alvenarias. Bicelâo. — Designada por mogno de África ó esta madeira dura, de cor avermelhada-escura com veios escuros, muito indicada para revestimentos. Pits-pine. — É uma madeira resinosa e muito dura. De cor amarelada com veios escuros, oferece boas vantagens para a carpintaria civil em todas as obras de limpos. Casquinha.— E, como se sabe, uma boa madeira de construção, resistente, de tibra compacta e de cor clara. Pode ser pulida e envernizada, mas recomenda-se para trabalhos pintados. (#) Ver o Caderno n.° 13 desta Enciclopédia, — 10 —
  • 12. INTERIORES E EXTERIORES ri .1ii í iiii1! i fjfu» ?J-i*f •e&oc 4 i 71 u „ y * ] SfcSrS j§ V*/1 ái ; 1 t t111 1 Fig. 18.—AZULEJOS A FACE DO ESTUQUE L. r .J L-.,,,,,,Jm^^L^ JL^I R^^^^S^^ftg?^^?:;?^ l Fig. 19.—AZULEJOS EMBEIN-TBÃNCIA P' i ii - i — iiii j iijj L. j !iij 4-«~- Si s-. _..: 1 j "^ •C-St •*-,_ — 1 * — -_L_ 1 1 r ~ ' _ — t I? I1 1 111 sI 1 Ít Fig. 20.— AZULEJOS COM FAIXA BEINTBANTE R E V E S T E N T O S A s paredes levam, por vezes, além dos guarnecimen-tos, revestimentos de vários sistemas e materiais, que dão mais realce ou beleza aos aposentos. Nos paramentos exteriores, as fachadas, os revesti-mentos muitas vezes limitam-se a azulejos e forros de pedra. Nos paramentos interiores já é mais variada a quantidade de materiais que se aplicam nos revestimen-tos, sendo o mais importante a madeira e o mais vulgar os azulejos. As casas de banho, latrinas, cozinhas e vestíbulos, são quase sempre revestidos de azulejos; nas edificações de categoria são essas dependências revestidas de már-mores. Os revestimentos interiores são geralmente tratados apenas nos lambris (*). Assim, nas salas e gabinetes aplicam-se lambris de madeira (Fig. 21) almofadados, formando um todo perfeito em todas as suas faces. São variados os sistemas e estilos dessa carpintaria, que pode ser executada em todas as madeiras indicadas para a carpintaria e marcenaria. S I L H A R É S DE A Z U L E J O S PSTES revestimentos são, como já dissemos, destina-dos às dependências sanitárias, cozinhas, vestíbulos e escadas. A altura dos lambris ó variável, mas é sem-pre conveniente acertá-la com um número certo de fiadas. Os silhares de azulejos podem ser encimados ou re-matados superiormente por uma faixa constituída por peças de pequena largura. Em baixo, sobre o pavimento, os azulejos podem assentar directamente nele ou sobre o rodapé. Este pode ser constituído por ladrilhos-mo-saicos, rectos ou curvos, como mostramos nos desenhos. O assentamento dos azulejos pode ser feito com as jun-tas desencontradas ou com as juntas alinhadas, e, ainda, à face do estuque, com saliência e com reintrância. A saliência do silhar é obtida com a espessura do azulejo sobre o paramento estucado. A reintrância pode comportar qualquer profundidade; é apenas, para esse efeito, necessário preparar-lhe a faixa superior. Nos nossos desenhos (Figs. 18, 19 e 20) mostramos essas três maneiras de apresentar os lambris de azule-jos, que podem ser brancos ou de cores. S I L H A R E S DE M Á R M O R E s silhares de mármore podem ser formados por pe-ças que formam a altura própria do silhar ou por pedras de várias superfícies. A fixação das pedras às paredes pode ser feita por mechas de gesso, por massa de cimento e por gatos e perues de ferro galvanizado. (*) Designam-se por lambris ou filhares os revestimentos que apenas atingem certa altura dos paramentos, provindo, porém, da altura das costas das cadeiras.
  • 13. INTERIORES E EXTERIORES Fig. 51.— L.ÍMBUTL DE MADEIRA APAINELADO (Conjunto e Pormenores) '% 2á. — LAMBRIL ENGRADADO SOBRE A FACE ESTUCADA
  • 14. INTERIORES E EXTERIORES A espessura das pedras de forro oscila de Om,02 a Om,025 e têm a designação de pedra serrada. São puli-das na sua face, que não deve apresentar defeitos de espécie alguma. O lambril de pedra tem como base um rodapé também de pedra, e é rematado superiormente por uma faixa ou cornija, que costuma ser rica de molduras. Nos lam-bris modestos é dispensado o rodapé e a cornija. Este tipo de lambril pode ser saliente sobre o para-mento estucado e reintrante na parede. Podem ser em-pregados mármores de várias cores em combinações sumptuosas. S I L H A R E S DE M A D E I R A lambris de madeira atingem por vezes, em obras de grande categoria, uma riqueza invulgar, pela qualidade da madeira empregada e pelo alto trabalho de carpintaria. Estes revestimentos podem ser almofadados, engra-dados pelo sistema prático usual, e compostos por tábuas unidas umas às outras por macho e fêmea, com réguas e fasquias molduradas pregadas por cima. Quando os lambris são engradados e almofadados comportam todas as molduras que se lhe queiram dotar e que se acertam por samblagens, tal qual como se pra-tica no engradamento de portas, assunto que já estu-dámos (*). Inferiormente assenta-se sobre o lambril o rodapé provido com a sua respectiva base, e superiormente é assente um aparador, que por sua vez pode ter maior ou menor balanço. Estes são os lambris de madeira de maior categoria. Porém, também se aplicam destes revestimentos apeiias constituídos pelo engradamento (Fiy. 22), ficando o lugar das almofadas com o paramento da parede à vista, que depois se pinta como convier na formação do conjunto. Os mais modestos dos lambris são aqneles que se constróem só com tábuas de qualquer largura, unidas umas às outras formando como que um taipal, pregan-do- se por cima todas as réguas e fasquias molduradas que sejam indicadas. Pode também levar superiormente um aparador e em baixo ser rematado pelo rodapé. Os lambris de madeira são fixados às paredes com pregos ou parafusos, para buchas de madeira embebidas na alvenaria. Essa fixação faz-se nas couceiras e tra-vessas e nunca pelas almofadas. Estes revestimentos podem ser pintados, enverniza-dos, pulidos ou encerados consoante as madeiras em que são construídos. Os revestimentos devem fazer uma perfeita concor-dância com os alizares dos portais. S I L H A R E S S I M P L E S mais simples silhares são apenas constituídos por uma régua de madeira ou por uma faixa de már-more polido, assentes nas paredes, na altura própria (*) Ver o Caderno n.° 22 desta Enciclopédia. das costas das cadeiras, para elas se encostarem sem dano para os estuques. As réguas podem comportar uma moldura em toda a volta como ornamento. A sua largura pode medir Om,10 e a espessura saliente Om,02 ou Om,03, isto tanto para madeira como para pedra. Algumas vezes estes silhares, cujo nome lhe é mais apropriado do que aos outros tipos de revestimento, formam na sua parte superior uma saliência de O™.OS ou Om,10, que é um verdadeiro aparador para objectos, fotografias, etc. (Fig. 16). S Í L H A R E S D E C H A P A S JTAS salas e galerias comerciais e nos átrios de resi-dências é usual também, a construção de lambris constituídos só por chapas metálicas ou de materiais de fantasia. Umas vezes só, simplesmente fixadas, prega-das ou aparafusadas para buchas nas paredes, outras metidas, enquadradas em engradamentos de madeira, como se fossem almofadas. Estes lambris bem trabalhados e vistosos prestam-se para vestíbulos, corredores e outras dependências de movimento, mas quando são despidos de bom arranjo têm só lugar em casas de trabalho. S I L H A R E S D E C O R T I Ç A A cortiça é um bom material para a construção de lambris. Preparadas as placas de aglomerados de várias cores, obtêm-se combinações relativamente felizes de harmonia. Com as placas de cortiça constroem-se apainelados com os seus rodapés em baixo e aparadores em cima, com as mesmas proporções que se estabelecem para a madeira e para o mármore. A sua fixação às paredes ó feita por meio de colagem. A conservação é obtida por enceramento. n .,-. 1 • COR A-l '.'f™" — "y i. í. 2 :E-T. D" li J r TEí VÊ 3 - C-r -PLAN Fig. 23.—DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA (Sobre murets de tyoloj — 13 —
  • 15. INTERIORES E EXTERIORES E N V I D R A Ç A D O S envidraçados são geralmente divisórias de madeira ou ferro com vidros total ou parcialmente dis-postos, assentes na separação de aposentos dentro da mesma dependência, a fim de lhes manter a luz. Alguns envidraçados são dotados de portas de ligação de um lado para o outro, mas em muitas edificações as entradas para os aposentos assim separados, são feitas noutros locais. Os envidraçados podem ser completamente construí-dos de madeira ou de ferro, com a sua parte inferior almofadada, com apainelados variados, conforme o pro-jecto da obra, ou tendo como base on parapeito um murete de tijolo onde assenta, numa espécie de tábua de peito, o envidraçado propriamente dito (Fig. 23). Quando estas divisórias vão do pavimento até ao tecto a sua construção forma um todo completo, embora quando a sua superfície seja grande tenha de se engra-dar por partes que serão unidas no local próprio. O sistema do engradamento é o vulgar usado na cons-trução das portas por meio de samblagens. As suas almofadas e os seus pinásios são construídos como em CORTE VERTICAL ,, PLANTA y, A-B Fig. 24. — DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA todos os outros casos. Aquelas por meio dos envazíados e estes por respigas e furos. O assentamento dos envidraçados comporta um leve encastramento num rasgo aberto no reboco das paredes de cada lado, onde deve entrar relativamente à vontade. No tecto deve do mesmo modo ficar assente, enquanto que no pavimento é conveniente ficar apoiado. Um ro-dapé de cada lado sutados para o soalho dão-lhe o re-mate apropriado. Como remate para os paramentos das paredes pequeninos quartos de círculo pregados de encont aos cantos são suficientes, como mostramos nos porme-nores (Fig- 25). Os rodapés da divisória devem concordar com os que estão assentes nas paredes, bem como os aparadores se as paredes também os possuírem. A altura do almofadado ó variável, se não houvei motivos nas 'paredes que dêem qualquer sujeição. A espessura da madeira para as couceiras e travessas vai de Om,032 a Om,042 de casquinha, e de Om,035 a Om.045 de pinho, consoante as dimensões das divisórias. Os envidraçados assentes sobre muretes são de situa-ção mais firme; destinam-se a larga existência. As secções das madeiras são as mesmas que indicá-mos para os anteriores. Os muretes são providos geralmente dos mesmos guarnecimentos das paredes com os quais ligam, e os seus rodapés conjugam-se com os restantes das mesmas dependências. Os muretes sSo encabeçados por capeamentos de pé dra serrada pulida ou de madeira pintada, com as fun-ções de tábuas de peito. É nos capeamentos dos muretes que se apoiam os envidraçados, que podem ou não atin gir o tecto. No nosso estudo (Fig. 24) a divisória comporta umi gola em toda a volta do vão, tanto dos lados como nc tecto. O envidraçado propriamente dito pode ter a fornu que se desejar. A situação da porta é variável; tomi lugar onde for mais conveniente. No nosso estudo o portal é guarnecido nas ombreiras e na verga, por uma guarnição de pedra serrada pulidí ou de madeira pintada, com a mesma saliência das golas de tijolo, que serve de aro. A porta tanto pode ser envidraçada como almofadada Alguns dos vidros, entre os quais os das fiadas d( cima, podem possuir movimento de bandeira basculante se isso for conveniente. Em certas edificações constroem-se envidraçados rnuitt acima do pavimento, umas vezes até junto do tectc e outras mesmo muito abaixo dele. Esses envidraçados comportam aros em toda a volt; onde assentam, com ou sem ferragens, isto é, de movi mento ou fixos. Quando possuem guarnecimentos no vã( podem ser como os que estudámos para as portas inte riores. Os envidraçados podem também comportar partes fixai a par de outras móveis, para deixar passar a luz e o ar Os envidraçados tanto podem ser interiores com< exteriores. Neste caso temos os que vedam estufas varandas e outros lugares que comuniquem para fora Os envidraçados interiores que são, entre eles. comi os que já estudámos, podem ser construídos em variai madeiras, conforme os locais onde têm lugar. Em bancos, salões de festas, galerias e outros locai de frequência importante, constroem-se de madeira caras e levam como acabamento pulimento ou cera.
  • 16. INTERIORES E EXTERIORES Fig. 25. — PORMENORES DA DIVISÓRIA ENVIDRAÇADA P I N T U R A A pintura é o último acabamento a aplicar nas edifi-cações, tanto nas madeiras como nas paredes e nos trabalhos de ferro. Os trabalhos de pintura têm de ser bein acabados para qne resultem como é de conveniência. As pinturas dos trabalhos de madeira são sempre feitas na base do óleo de linhaça, bem como as que se aplicam nos ferros. As pinturas a aplicar nas paredes podem ser na base do óleo e na de água. Nos trabalhos exteriores, fachadas e empenas, além da pintura a óleo podem ser dadas também as caiações. Nas paredes interiores já as tintas de água podem ser utilizadas com vantagens por vezes. No entanto as me-lhores pinturas são as que se fazem com tintas de óleo. No mercado encontram-se tintas de boa qualidade já preparadas. Algumas cores de grande beleza aplicadas noutros países não têm entre nós as qualidades apre-ciadas devido à acção do sol. sendo por isso da melhor conveniência preparar as tintas de acordo com os climas onde se empregam. P I N T U R A DE M A D E I R A A XTES de se realizar a pintura sobre a madeira ó con-veniente preparar primeiramente a superfície que se destina a pintar. Assim, começam-se por queimar com maçarico todos os nós e de seguida dá-se uma demão de aparelho com tinta de óleo de qualquer cor vulgar. Depois do aparelho estar bem seco, passa-se tudo a lixa e betumam-se os nós, rachas e outras imperfeições, que perturbam a lisura da superfície, com massa de óleo. Quando as massas estiverem bem secas e rijas, passa-se de novo toda a superfície com lixa, de modo a poder receber a primeira demão da pintura com tinta de óleo. Dão-se geralmente duas demãos e depois de uma nova passagem de lixa dá-se finalmente a última demão. Depois de toda a pintura estar bem seca dá-se como acabamento uma demão de esmalte. Nos caixilhos e portas exteriores não se aplica o es-malte, porque a sua resistência às intempéries é nula.
  • 17. INTERIORES E EXTERIORES P I N T U R A D E P A R E D E S A s paredes destinadas a pintura síio estucadas, por-que de outro modo não se podia fazer trabalho conveniente. Os trabalhos para esta pintura iniciam-se pela aplicação de uma deinão de óleo de linhaça fervido sobre toda a superfície. Quando esta demão de óleo for quase toda absorvida pela parede, torna-se necessário dar-se-lhe outra demão igual. Segue-se uma demão de tinta de aparelho à base de óleo de linhaça em toda a superfície. Depois do aparelho estar bem seco será tudo bem passado a lixa, e em seguida tomam-se com massa de óleo- as juntas, rachas, buracos e outros defeitos que a parede possa ter. Só depois de todo o paramento se encontrar eomple-tamente seco se dá a primeira demão da sua pintura, e depois desta estar por sua vez seca dá-se a segunda e finalmente a terceira. Como complemento pode-se aplicar uma demão de esmalte. Nas pinturas exteriores não se aplicam os esmaltes. Nos interiores podem aplicar-se, como já dissemos, tintas de água. Geralmente com estas tintas, que se aplicam a duas demãos, não é necessário tratar os pa-ramentos com óleo fervido. Tratam-se com massa de óleo as imperfeições, e depois dos betumados estarem secos dão-se as demãos de tinta. Convém acentuar que os estuques devem ficar per-feitos para se evitarem grandes espessuras de massas, o que não é nada conveniente para as tintas de água. P I N T U R A D E F E R R O TNICIA-SE a pintura de ferro com a aplicação de uma demão de aparelho, que pode ser com zarcão e óleo de linhaça. Depois passa-se tudo a lixa, e nas grandes superfícies, como de chapas e almas de vigas, tomam-se as imperfeições com massa de óleo. Quando as massas estiverem secas começam-se a dar as demãos de pintura necessárias, umas após outras, à medida que se vão secando. COMPOSIÇÃO DAS TINTAS A composição das tintas deve ser feita com esmero para •^ que a pintura fique bem apresentada e duradoura. É mister, para se atingir esse fim, empregar mate-riais de confiança bem fabricados e preparados. Tam-bém é de recomendar que se pulverisem bem as terras porque às vezes vêm relativamente grossas, o que é um tanto prejudicial à pintura. Fica grossa e serabulhenta. O óleo tem de ser forçosamente bom, pois se assim não acontece, os maus óleos tornam a pintura má; por vezes os maus óleos não deixam mais secar a pintura, até que ela se deteriora, precocemente. O bom óleo para as pinturas é o de linhaça bem fabricado. O bom alvaiade é o que se obtém no mercado, em pó, dissolvendo-se depois com óleo de linhaça. O segredo da boa pintura está nas boas massas, e estas no bom óleo e no bom alvaiade. O alvaiade de chumbo, conquanto perigoso para saúde do operário pintor, ó melhor do que o de zine Porém, há quem prefira este último carbonato. TINTAS PKEPARADAS COM ÓLEO. Preparam se as tintas de óleo para a quantidade i l quilograma com a composição seguinte: Ok,71 < alvaiade, 0^30 de óleo, Ok,02 de tinta em. pó e Ok,0! de secante. Devemos lembrar que a boa prática do pintor poi levá-lo algumas vezes a alterar o que mais ou men está determinado, com vantagem para o bom trabalh PINTURA DE MADEIRA.—Parai met quadrado de superfície a pintar com três demãos, pi cisamos: Ok,450 de tinta preparada; para as barrage Ok,200 de massa de óleo; para a demão final de < malte Ok,120 desse produto. PINTURA DE PAREDES.— Para l mel qnadrado de superfície de estuque a pintar com ti demãos. necessita-se de Ok,500 de tinta preparada, al< de Ok,240 de óleo fervido e de Ok,250 de massa de ól para os trabalhos preliminares. Se se aplicar uma dem de esmalte precisamos de Ok.180 desse produto. P I N T U R A DE F E R R O . — Para l mel quadrado de superfície a pintar com três deniãos, s necessários Ok,300 de tinta preparada. Para os seus p] paratórios gastam-se cerca de Õk,180 de massa de ól( PREPARAÇÃO DE MASSAS DE ÓLEO. Compõe-se uma massa de óleo para l quilograma c< a composição seguinte: Ok,160 de óleo e Ok,840 de ci Esta ó a massa de vidraceiro, usada nos vidros. Também se prepara uma boa massa para barragei cuja composição para o volume de l quilograma, assim: Ok,050 de óleo, Ok,500 de cré e Ok,450 de vaiade. PREPARAÇÃO DO ÓLEO FERVIDO. Para os preparatórios de pintura sobre estuque pré] ra-se o óleo fervente com a mistura de litargírio, i seguintes quantidades, para l metro quadrado de parec (^,180 de óleo e Ok,030 de litargírio, isto para u; demão; para duas demãos: Ok,320 de óleo e Ok s040 litargírio. C A I A Ç Ã O PODAS as paredes exteriores, fachadas, empenas muros são por vezes simplesmente caiados. J certas edificações também se fazem caiações em parec interiores. As boas caiações são feitas geralmente com t demãos, levando a primeira, para boa fixação das ag das, uma mistura de sebo, qne é realizada em cei de 5 por cento do volume da cal que compõe a agua-o chamado leite de cal. As duas demãos finais pod ser de qualquer cor, bastando para isso juntar ao lê de cal a tiata cm pó que se desejar. Quando a caiação for aplicada sobre esboço áspero em fio de areia, obtem-se óptimo resultado quandi última das demãos for aplicada com escova de espoe Também se costuma fazer essa demão com uma bon< de serapilheira. — 16 —