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Questão 107                                                             CURSO E COLÉGIO


                                    Aquele bêbado

- Juro nunca mais beber – e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: -
Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos
de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se
de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
- Curou-se 100% do vício – comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato no
meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras
coroas de ex-alcoólatras anônimos.

                                     ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de janeiro: Record, 1991.



    A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um
efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma

   A-   Metaforização do sentido liberal do verbo “beber”.
   B-   Aproximação exagerada da estética abstracionista.
   C-   Apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
   D-   Exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
   E-   Citação aleatória de nomes de diferentes artistas.



    Alternativa: A                                          CURSO E COLÉGIO


     A “causa mortis” da personagem, expressa no último parágrafo (“Morreu de
etilismo abstrato”) só adquire um efeito irônico porque, anteriormente, no
texto, o verbo “beber” foi utilizado metaforicamente como em “Bebia
paisagens”.

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Metaforização do álcool no conto

  • 1. Questão 107 CURSO E COLÉGIO Aquele bêbado - Juro nunca mais beber – e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: - Álcool. O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio. - Curou-se 100% do vício – comentavam os amigos. Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos. ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de janeiro: Record, 1991. A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma A- Metaforização do sentido liberal do verbo “beber”. B- Aproximação exagerada da estética abstracionista. C- Apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem. D- Exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”. E- Citação aleatória de nomes de diferentes artistas. Alternativa: A CURSO E COLÉGIO A “causa mortis” da personagem, expressa no último parágrafo (“Morreu de etilismo abstrato”) só adquire um efeito irônico porque, anteriormente, no texto, o verbo “beber” foi utilizado metaforicamente como em “Bebia paisagens”.