SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 58
Baixar para ler offline
1
50 Anos do UNIX
Uma história do sistema operacional
mais importante de todos os tempos
Marcelo Sávio
Arquiteto de TI
msavio@gmail.com
http://www.linkedin.com/in/msavio
2
Uma pequena história da Informática “moderna”…
As raízes frias da informática
3
No início houve uma grande explosão...
Deserto em Alamogordo, Novo México, EUA (1945)
4
Seguida de outras duas...
Bomba em Hiroshima,
Japão (1945)
Bomba em Nagasaki,
Japão (1945)
.. que terminaram um conflito (II Guerra Mundial)
5
E desencadearam outro...
A Guerra Fria
6
Teste de Bomba Atômica
no Atol de Bikini,
Ilhas Marshall, EUA
(1946)
Teste de Bomba Atômica
em Semipalatinsk
Cazaquistão, URSS
(1948)
Teste da Bomba-H,
no Atol de Enewetak,
Ilhas Marshall, EUA
(1952)
Teste da Bomba-H
em Semipalatinsk
Cazaquistão, URSS
(1955)
As bombas eram lançadas por aviões especiais...
Bombas nucleares
7
Como se proteger de ataques nucleares?...
B-29
B-36
B-52
TU-20
TU-4
TU-16
Aviões
Bombardeiros
8
Semi-Automated Ground Environment (SAGE)
Ameaça
9
• 24 Centros
• Cada um com 100 operadores
• Ambiente 24 x 7
10
11
Computador
AN/FSQ-7
construído
pela IBM
Computador
AN/FSQ-7
construído
pela IBM
12
Apesar de ter se tornado obsoleto no momento em que ficou
totalmente pronto – em 1962 as principais ameaças já não eram
mais os aviões bombardeiros, mas sim os mísseis balísticos
intercontinentais, contra os quais o sistema era inútil – o SAGE
trouxe uma série de inovações que, em forma de ideias ou
tecnologias, abasteceram a nascente indústria de informática:
 Multiprocessamento
 Sistema de tempo compartilhado (timesharing)
 Processamento distribuído
 Memória de núcleos magnéticos
 Modem (conversão Analogico/Digital)
 Gerenciamento de banco de dados em tempo real
 Terminais gráficos interativos e Light Pen
 Redes de computadores
 Correção automática de erros
 I/O “bufferizado”
 Engenharia de Software (500 mil linhas de código)
 Alta disponibilidade
Avanços tecnológicos do SAGE
13
Além da corrida armamentista houve a corrida espacial
Em 1957 a União Soviética lançou os
satélites Sputnik 1 e 2 e saiu na
frente na corrida espacial.
Selos comemorativos
Aliás a liderança soviética perdurou por mais de uma década:
- 1º satélite (Sputnik 1)
- 1º ser vivo enviado ao espaço (a cadela Laika)
- 1ª nave a pousar na Lua (Lunik 2)
- 1ª nave a fotografar o outro lado da Lua (Lunik 3)
- 1º astronauta (Yuri Gagarin)
- 1º vôo conjunto de duas espaçonaves (Vostok III e IV)
- 1ª mulher ao espaço (Valentina Tereshkova)
- 1ª nave a levar mais de um tripulante (Voskhod 1)
- 1º astronauta a “caminhar” no espaço (Alexei Leonov)
- A espaçonave com maior período de uso na história da exploração espacial (Soyuz).
Paranoia norteamericana
14
Acelerando as pesquisas
Os EUA criaram no mesmo ano de 1957,
dentro do Departamento de Defesa, a
agência ARPA (Advanced Research
Project Agency) para reconduzir o país à
liderança tecnológica.
• No ano seguinte criou a NASA (National Aeronautics and
Space Administration) para coordenar a cuidar
especificamente da corrida espacial.
• A ARPA quase foi desfeita, mas se reposicionou como fomentadora de diversas
tecnologias de longo prazo, sem necessariamente ter um objetivo militar específico.
15
 Na ARPA foi criada a divisão IPTO (Information Processing Techniques Office).
 O objetivo original do IPTO era incentivar a pesquisa em tecnologias de computadores
– redes, sistemas multiusuário (timesharing), interfaces homem-máquina, etc.,
estendendo a experiência feita no SAGE.
 As Instituições inicialmente agraciadas:
 MIT (Massachussets Institute of Technology)
 Carnegie-Mellon University
 RAND Corporation
 Stanford Research Institute (SRI)
 System Development Corporation
 University of California at Berkeley (UCB)
 University of California at Santa Barbara (UCSB)
 University of California at Los Angeles (UCLA)
 University of South Carolina
 University of Utah
As pesquisas em computação
1962
16
IBM S/360-75
Santa Barbara (UCSB)
SDS Sygma 7
Los Angeles (UCLA)
SDS 940
Stanford (SRI)
DEC PDP 10
Utah (UU)
I M P
I M P
I M P
O projeto mais famoso do IPTO
1º Set
1º Out
1º Nov
1º Dez
I M P1969
17
Outros projetos financiados pelo IPTO:
NLS (On-Line System)
Stanford Research Institute
Douglas Engelbart Mouse
NLS
1968
18
O Projeto MAC
Massassuchetts Institute of Technology
 Este projeto inicialmente criou o
sistema operacional CTSS
(Compatible Time Sharing System)
para o computador IBM 7094 que
suportava 30 usuários on-line
simultaneamente.
.
 O IPTO também patrocinou o Projeto MAC (Multiple
Access Computers que visava desenvolver sistemas
de uso compartilhado (time sharing)
1963
19
O Sistema Operacional MULTICS
 No Projeto MAC, o MIT começou o desenvolvimento de um novo sistema
operacional multiusuário que fosse capaz de suportar mais de 300 usuários
simultâneos on-line.
 Este sistema chamava-se MULTICS (Multiplexed Information and Computing
Service)
 A General Electric e a Bell Laboratories se juntaram ao MIT neste projeto e cada um
tinha um objetivo:
 O MIT queria desenvolver pesquisas em
sistemas operacionais (timesharing);
 A GE queria vender computadores com o
novo Sistema Operacional;
 A Bell Labs queria um bom sistema para
usar no ambiente administrativo.
1964
20
O Sistema Operacional MULTICS
Rodou inicialmente no computador GE-645
21
A Reação da IBM
 A IBM estava perdendo prestígio em dois clientes importantes: MIT e Bell
 Apesar de nova no mercado, a GE estava se tornando uma ameaça
 Os sistemas timesharing estavam começando a se tornar uma necessidade do
mercado e os computadores da IBM ainda não tinham isso, principalmente o
então novíssimo IBM System/360 (lançado em 1964).
Foi criada uma “Força Tarefa” na IBM para
aprimorar seus sistemas operacionais
 1965: Sistema operacional TSS para o
computador IBM S/360 Modelo 67
 1967: Sistema operacional CP/67 (CP/CMS)
 Evolução dos Sistemas Operacionais dos
computadores de grande porte da IBM:
• CP/CMS --> VM/370 --> VM/XA --> VM/ESA --> VM/390 --> z/VM
• DOS/360 --> DOS/VS --> DOS/VSE --> VSE/ESA --> z/VSE
• OS/360 MVT --> OS/VS2 --> MVS/370 --> MVS/XA --> MVS/ESA -->OS/390 --> z/OS
22
E o projeto MULTICS?
 No final de 1969 a Bell Labs deixou o Projeto, que continuou com o apoio
da Honeywell (que comprou a divisão de computadores da GE).
 O MIT saiu parcialmente do Projeto em 1970 e totalmente em 1975.
 Em 1974 a Honeywell lançou sua primeira versão comercial, que foi um
fracasso em vendas.
 A última máquina com o MULTICS foi desligada em Outubro de 2000
(no Depto. de Defesa Nacional do Canadá)
Principais contribuições do MULTICS:
 Sistema de arquivos hierárquico
 Memória virtual
 Implementação em linguagem de alto nível
 Multiprocessamento
 Suporte a múltiplas linguagens
 Segurança
 Reconfiguração on-line
 Engenharia de Software
23
Finalmente chegamos em 1969
O ano que mudou o destino da humanidade
24
Continuando as pesquisas em
sistemas operacionais
 Kenneth Thompson e Dennis Ritchie
(ambos da AT&T Bell Labs) trabalhavam
no desenvolvimento do sistema de
arquivos do sistema operacional
MULTICS no Projeto MAC.
 Quando a Bell abandonou o Projeto
MULTICS, resolveram continuar as
pesquisas dentro da AT&T.
 Também quiseram preservar um jogo
simulador chamado Space Travel que haviam
desenvolvido durante o Projeto MULTICS e
quiseram portá-lo para outro computador que
houvesse disponível na Bell.
1969
25
O Sistema Operacional UNIX
 Em 1970 o Depto. de Patentes da Bell
comprou um DEC PDP-11/45, para onde o
UNIX foi foi logo portado. A própria Bell
passou a utilizar o sistema.
Conseguiram um minicomputador DEC PDP-7
emprestado de outro departamento interno e
começaram a desenvolver um sistema operacional
para rodar o Space Travel.
 Escreveram o sistema operacional, uma
interface shell, um editor de textos, um
assembler e o sistema de arquivos. Este novo
sistema foi inicialmente chamado de “UNICS”
(UNIplexed Information and Computing
Service), que depois virou UNIX
26
O anúncio do UNIX
 Ritchie e Thompson apresentaram
pela primeira vez o UNIX em um
simpósio sobre sistemas
operacionais promovido pela IBM
no seu Centro de Pesquisas
Watson nos EUA
 Após esse simpósio começaram a
receber contatos de pedidos para
fornecerem uma cópia do sistema.
IBM Watson Research Center
Yorktown, New York (EUA)
1973
27
A disseminação do UNIX
 Ritchie e Thompson publicaram
um artigo da Communications of
the Association for Computing
Machinery (CACM), o que
aumentou ainda mais a
visibilidade do sistema.
1974
28
As universidades e a disseminação do UNIX
• A partir de 1974, várias Universidades
(Harvard, Berkeley, Stanford, etc.) se
interessaram pelo sistema e o
adquiriram por um preço simbólico do
custo da fita e manuais (e sem direito a
suporte).
• A AT&T estava proibida por lei (desde
1956) de comercializar produtos fora do
mercado de telefonia e telegrafia. Esta
lei valeu até 1982.
29
A portabilidade do UNIX
 Até 1975, para se rodar o UNIX era necessário possuir um computador
DEC PDP 11, até que, na Versão 4 ,o sistema foi completamente
reescrito na linguagem de programação C, o que facilitou sua futura
portabilidade para outras máquinas.
 A primeira versão do UNIX em máquina não-
DEC rodou (em 1976) em um computador
IBM System 360 Modelo 91 na
Universidade de Princeton.
 Posteriormente, nos Laboratórios da Bell o
UNIX rodou em máquinas Interdata 8/32
30
Falando do C...
A primeira especificação formal da Linguagem C
aconteceu somente em 1978 com o lançamento
do livro “The C Programming Language”, escrito
por Brian Kernighan e Dennis Ritchie
 Linguagem de programação criada por Dennis Ritchie, baseada na
Linguagem B.
 A Linguagem B era uma adaptação (simplificação) da linguagem BCPL (Basic
CPL) criada por Martin Richards em 1967, no Projeto MAC, que por sua vez
era um adaptação da linguagem CPL.
 A linguagem CPL (Combined Program Language) foi desenvolvida na
Inglaterra em 1963, nas Universidades de Cambridge e de Londres e era
baseada na linguagem ALGOL
 A linguagem ALGOL (Algorithmic Oriented Language) foi criada em 1958
por um grupo internacional de especialistas. Era uma linguagem estruturada
de alto nível, voltada para aplicações científicas.
31
Berkeley e a disseminação do UNIX
• Em 1975 Thompson foi convidado a dar aulas
sobre sistemas operacionais na Universidade
de Berkeley.
• A partir do ano seguinte o CSRG (Computer
Sciences Research Group) dessa universidade
criou e começou a distribuir fitas com versões de
UNIX com uma série de extensões e
complementos desenvolvidos localmente. Essa
distribuição ficou conhecida como BSD (Berkeley
Software Distribution)
• Uma das extensões mais importantes foi a
implementação do protocolo TCP/IP de forma
nativa, que transformou o UNIX no sistema
padrão da ARPANET (e posteriormente da
Internet).
32
O compartilhamento de software
• Até a década de 70, o valor de um computador (basicamente mainframes
e minicomputadores) estava contido essencialmente no hardware. A
maioria dos fabricantes fornecia o código fonte de seus sistemas
operacionais e aplicativos e, embora as licenças não explicitassem
claramente a liberdade, a redistribuição do software era comum e vista
como ação positiva.
IBM System/360
DEC PDP-8
Burroughs Datatron 220
33
O compartilhamento de software
• Havia um grande compartilhamento de software entre os participantes
dos grupos de usuários de computadores, exemplos:
– SHARE (sistemas IBM)
– DECUS (sistemas DEC)
– CUBE (sistemas Burroughs)
– Etc.
• Os fabricantes até estimulavam o compartilhamento de informações e
melhorias de software produzidas entre seus usuários como forma de
diminuir os custos de suporte. Assim o software era, em geral,
desenvolvido de forma cooperativa e aberta.
• Ou seja, ainda que não houvesse esse termo o software era, na maior
parte dos casos, aberto e livre.
Grupo de Usuários de sistemas IBM
(fundado em 1955 e existe até hoje)
https://www.share.org/
34
O surgimento do Software Business
A partir de meados da década de 70 o cenário começou a mudar:
» Surgiram mais fabricantes de hardware (minicomputadores e
microcomputadores);
» O software começou a ser comercializado em separado do
hardware;
» O software deixou de ser específico de cada fabricante de
hardware;
» Surgiram as empresas especializadas em desenvolver e
comercializar software;
» Surgiram novos modelos de licenciamento, uso e propriedade
intelectual dos códigos (programas).
35
 Richard Stallman era um hacker que trabalhava, desde 1971, no
laboratório de Inteligência Artificial do MIT (AI Lab) como analista de
suporte e desenvolvimento.
OBS: O termo hacker havia sido criado no próprio MIT, na década
anterior e designava as pessoas que buscavam incansavelmente conhecer
cada vez mais dos computadores e que acreditavam no livre intercâmbio
de informações.
O (re) surgimento do Software Livre
36
Stallman e o início do
movimento do software livre
 Em 1974, o AILab do MIT iniciou o projeto LispMachine, um sistema
operacional monousuário especializado para rodar programas em Lisp,
linguagem de programação voltada para a Inteligência Artificial
 Esse projeto, no início da década de 80, deu origem a duas empresas
(Symbolics e Lisp Machines Inc.), que acabaram por contratar todos
os outros hackers do AI Lab e comercializar versões dos programas que
ali haviam sido criados, impondo restrições de uso e de acesso ao
código fonte.
 Em 1982 também chegaram ao AILab os novos computadores DEC
VAX, com sistema operacional sem código fonte.
 Esses fatos ( principalmente) motivaram Stallman a lançar o
Manifesto GNU e criar o movimento do Software Livre...
37
O Manifesto GNU
Nesse manifesto Stallman convocava
pessoas e empresas a investirem nessa
idéia contribuindo com dinheiro, máquinas
e/ou tempo. As doações serviriam para
desenvolver software totalmente livre.
Em 1983, Stallman divulgou o Manifesto GNU, que
anunciava a intenção da criação de um novo sistema
operacional completo, utilizando-se única e exclusivamente
programas livres (Free Software).
Livro de 2002
38
A Free Software Foundation
Em 1984, Stallman deixou seu emprego no MIT e deu início a
criação dos programas do Projeto GNU.
Em 1985, como mais pessoas já estavam envolvidas no projeto,
era hora de buscar mais investimentos a fim de poder manter
um grupo permanente de desenvolvimento. Foi então criada a
Free Software Foundation (FSF).
39
Definição de Software Livre (segundo a FSF)
“Software Livre é uma questão de liberdade”
 Liberdade de executar um programa, para qualquer propósito;
 Liberdade de estudar como um programa funciona, e adaptá-lo para as
suas necessidades;
 Liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar aos
demais;
 Liberdade de aperfeiçoar um programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos,
de modo que toda a comunidade também se beneficie;
40
GPL (General Public License)
Não
GPL
GPL
Não distribuir Remover
código
GPL
Distribuir
Sob
GPL
Software proprietário
Software livre
contiver
http://www.gnu.org/licenses/gpl.html
A GPL é a licença com maior
utilização por parte de projetos
de software livre (GNU, Linux,
wikipedia, etc.)
Se
então
– Em Janeiro de 1989 a FSF criou a licença GPL;
– Em Junho de 1991 a GPL evoluiu para a segunda versão;
– Em Junho de 2007 a GPL v3 foi publicada.
41
• Muitas vezes o termo software livre (free software) se
confunde com software aberto (open source). Isso passou
a acontecer principalmente após a criação da
Open Source Initiative (OSI), em 1988.
• Diferentemente da FSF, a OSI não tem licenças próprias, mas certifica
todas as dezenas licenças atualmente existentes no mercado (inclusive as
da própria FSF) dentro de seus próprios parâmetros de software aberto.
• A OSI é uma entidade conciliadora, que tenta garantir às empresas que
praticam o modelo comercial de desenvolvimento de software, uma porta
de entrada no movimento de software aberto sem necessariamente
adotar as licenças da FSF, representando assim uma espécie de
alternativa intermediária.
• Todo software livre é, por definição, aberto, porém nem todo software
aberto é livre.
Software livre e/ou aberto?
https://opensource.org/
42
Tipo de
licença
Domínio
Público
(ex.TCP/IP)
Não
“virótica”
(ex. BSD)
“Virótica”
(ex. GPL) Proprietária
Tipos de licenças de Software
Código fonte aberto
Não há licença
Existem mais de 80 tipos de licenças cadastrados na OSI....
Acadêmicas: BSD, Bind, Sendmail...
Comunidades: Apache...
Corporativas: OSD, CPL, SPL...
43
Mas o que significa GNU?
GNU significa “Gnu is Not Unix”. É o nome de
um sistema operacional completo, compatível
com o UNIX. Esse projeto representa a
concretização da filosofia Software Livre.
E por que não poderia ser UNIX?
44
O produto comercial UNIX
 A partir 1982 (System III, versão 7), a
AT&T passou a tratar o UNIX como um
produto comercial e a não liberar mais o
código fonte... e a acionar judicialmente
quem usasse o nome ou código do UNIX
sem licença.
 Algumas empresas licenciaram o UNIX para
poderem lançar suas “versões”:
 DEC Ultrix
 HP UX
 IBM AIX
 Microsoft Xenix
 Sun OS
 Unisoft UNIPLUS
 Venturcom Venix
 etc. Primeira propaganda do UNIX
45
O UNIX no Brasil
• Algumas universidades brasileiras até tentaram licenciar o UNIX, mas
não obtiveram sucesso por causa de contendas comerciais entre o Brasil
e os EUA. Então partiram para desenvolver sistemas próprios,
compatíveis com UNIX, mas sem usar código da AT&T.
• Em 1982 o Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ criou o
Projeto PLURIX. Outras universidades também o fizeram, como a
UFMG (DCC-IX) e USP (Real).
• Algumas empresas nacionais também desenvolveram seus próprios
sistemas, como a COBRA (SOX ), EDISA (Edix), DigiRede (Digix) e
Softec (Analix).
• Mas depois chegaram ao Brasil os sistemas UNIX licenciados e hoje
nenhum desses sistemas nacionais existe mais, com exceção do Plurix,
que se transformou no TROPIX em 1994, e
ainda existe na UFRJ.
http://www.tropix.nce.ufrj.br/
46
O surgimento dos Unixes BSD
• As fitas que Berkeley distribuía continham código original da AT&T,
por isso também necessitavam licenças.
• No início dos Anos 90 surgiram projetos para se escrever um sistema
UNIX BSD sem código da AT&T, como foram os casos do 386BSD e
da BSDi. Mesmo assim as distribuições BSD foram alvo de batalhas
judiciais (que hoje já estão encerradas).
• Em 1993 o 386BSD deu origem aos sistemas NetBSD e FreeBSD.
• Em 1996 surgiu o OpenBSD, derivado do NetBSD.
• Em 2003 surgiu o DragonFlyBSD, derivado do FreeBSD.
47
Outros UNIX “acadêmicos” (e sem código da AT&T)
XINU (Xinu Is Not Unix)
Douglas Comer
1979
MINIX
Andrew Tanenbaum
1987
48
Corte rápido para a batalha das padronizações do UNIX
• Hoje a especificação do UNIX está sob a “guarda” do Open Group
http://www.unix.org/
• Em meados dos anos 80, as duas famílias mais comuns do UNIX eram o BSD e o System V da AT&T.
• Em 1984 um grupo de fornecedores formou a organização X/Open, com o objetivo de desenvolver um padrão para
sistemas abertos. Eles escolheram o UNIX como a base deste sistema.
• O X/Open acabou chamando a atenção da AT&T, que respondeu com um acordo com a Sun Microsystems, a líder de
então no fornecimento de sistemas da família BSD, para aumentar a uniformidade do UNIX e iniciar um trabalho, em
1987, no desenvolvimento de um sistema unificado. Este sistema foi lançado com o nome System V Release 4 (SVR4).
• Outro fornecedores que licenciavam o UNIX temeram que a Sun pudesse receber uma vantagem excessiva e então
formaram em 1988 a Open Software Foundation (OSF). No mesmo ano, a AT&T e outros fornecedores responderam
com a criação da UNIX International (UI) As questões técnicas logo deram lugar a uma disputa comercial pública e
despudorada pelas duas versões "abertas" do UNIX, com o X/Open defendendo um ponto de vista intermediário.
• Em 1993 os principais participantes da UI e da OSF formaram a aliança Common Open Software Environment (COSE),
marcando o final efetivo da parte mais significativa da era das guerras do UNIX. Em junho, a AT&T vendeu os seus
direitos sobre o UNIX para a Novell e, em outubro, a Novell transferiu a marca UNIX para a X/Open. No ano seguinte, a UI
e a OSF se fundiram em uma nova instituição que manteve o nome OSF.
• Surgiram algumas rupturas ocasionais promovidas por “facções” do UNIX, como a aliança "3DA", entre as empresas HP e
SCO, e o Projeto Monterey, de 1998 liderado pela IBM e Intel.
• Em 1996, a X/Open e a nova OSF se fundiram para formar a organização The Open Group. O trabalho da aliança COSE,
como a especificação Single UNIX Specification, tornou-se o padrão para os sistemas UNIX licenciados e hoje é de
responsabilidade do The Open Group. Apesar da convergência, o dano à reputação do UNIX no mercado já havia ocorrido
e o grande vencedor dessa batalha foi o Sistema Operacional Windows NT da Microsoft.
49
O surgimento do Linux
• Kernel de sistema operacional baseado no MINIX, desenvolvido
originalmente por Linus Torvalds, 21 anos, aluno da Universidade de
Helsinki (Finlândia) em meados de 1991.
50
O Linux
• Em duas semanas após o anúncio de Torvalds em
1991, 30 pessoas tinham contribuído com cerca de
200 informes de erros, contribuições de utilitários,
drivers e melhorias para serem adicionadas ao kernel
• Em Julho de 1995, mais de 15.000 pessoas de 90
países em 5 continentes tinham contribuído com
comentários, informes de erro, correções, alterações,
reparos e melhorias.
51
GNU + Linux:
 Mas como:
 O HURD ainda levaria muito tempo…
 Os sistemas BSD estavam sob batalhas judiciais…
 O Linux já estava por aí rodando e dando bons resultados...
 Então foi só uma questão de tempo unir o kernel
Linux ao sistema GNU, daí o nome GNU/Linux.
 O licenciamento através da GPL e a utilização da Internet como o canal
principal de comunicação e desenvolvimento transformaram o Linux no
mais importante exemplo de software livre desenvolvido de forma aberta
e descentralizada.
 No início dos anos 90 o sistema GNU estava praticamente completo
faltando um último (e importante) componente: o kernel do sistema.
 Foi decidido então pela implementação do HURD, baseado no Mach (um
microkernel desenvolvido na Universidade Carnegie Mellon).
52
O bate-boca na lista do Minix...
53
A Lenda: “Tanenbaum e Linux são inimigos”
“ Linus and I are not "enemies" or anything like that. I met him once and he
seemed like a nice friendly, smart guy. My only regret is that he didn't develop
Linux based on the microkernel technology of MINIX “
I REALLY am not angry with Linus. HONEST. He's not angry with me either.
54
A distribuições Linux
 O Linux é normalmente usado como parte de um distribuição (“distro”).
 As distros são criadas por indivíduos, grupos ou empresas.
 Apesar de possuírem um kernel comum (Linux versão x.y.z), as distros
divergem quanto às ferramenta de instalação, qualidade/quantidade de
documentação, programas aplicativos adicionais (de diversos tipos),
suporte, preço, etc.
 Existem centenas de distribuições. As mais usadas são:
+ uso corporativo + uso pessoal
55
A árvore
genealógica
do sistema
operacional
UNIX
Source: https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Unix
56
Sputnik DARPA IPTO
MIT
Arpanet
Redes de
Pacotes
RAND
MULTICS
UNIX
CTSS
Linguagem B
Linguagem C
Linguagem CPL
Linguagem BCPL
ALGOL
X-Window
Internet
WWW
Mozilla
TCP/IP
Project MAC
Berkeley
UCLA
BBN
UCSB
Utah
AT&T
Linux
URSS EUA
Mosaic Apache
GNU
Netscape
IBM
Minix
LCS
AI Lab
GE
O Rizoma do UNIX
Plurix, SOX etc
57
Sugestões de leitura
58
M. Sávio
https://www.linkedin.com/in/msavio
Obrigado pelo interesse e atenção

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

SO de computadores pessoais
SO de computadores pessoaisSO de computadores pessoais
SO de computadores pessoaisAmanda Larentis
 
Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...
Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...
Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...Wellington Oliveira
 
Sistema operacional introdução
Sistema operacional introduçãoSistema operacional introdução
Sistema operacional introduçãoCleber Ramos
 
Mac os-x
Mac os-xMac os-x
Mac os-xdnxwit
 
RESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIO
RESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIORESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIO
RESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIOJo Gomes
 
Sistemas operacionais
Sistemas operacionaisSistemas operacionais
Sistemas operacionaisvini_campos
 
Evolução dos sistemas operativos
Evolução dos sistemas operativosEvolução dos sistemas operativos
Evolução dos sistemas operativosMarioalmeida_10
 
Memórias secundárias
Memórias secundáriasMemórias secundárias
Memórias secundáriasCarloxEnrike
 
MC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da Computação
MC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da ComputaçãoMC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da Computação
MC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da ComputaçãoFelipe J. R. Vieira
 
Arquitetura de dispositivos móveis
Arquitetura de dispositivos móveis Arquitetura de dispositivos móveis
Arquitetura de dispositivos móveis Italo Andrade
 

Mais procurados (20)

HD-Disco Rigído
HD-Disco RigídoHD-Disco Rigído
HD-Disco Rigído
 
SO de computadores pessoais
SO de computadores pessoaisSO de computadores pessoais
SO de computadores pessoais
 
Aula 5 bios
Aula 5 biosAula 5 bios
Aula 5 bios
 
Windows Vista
Windows VistaWindows Vista
Windows Vista
 
História do windows
História do windowsHistória do windows
História do windows
 
Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...
Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...
Evolução e Desempenho de Computadores - Arquitetura e Organização de Computad...
 
Sistemas operacionais
Sistemas operacionaisSistemas operacionais
Sistemas operacionais
 
Sistema operacional introdução
Sistema operacional introduçãoSistema operacional introdução
Sistema operacional introdução
 
Mac os-x
Mac os-xMac os-x
Mac os-x
 
03 - Placa-Mãe.pdf
03 - Placa-Mãe.pdf03 - Placa-Mãe.pdf
03 - Placa-Mãe.pdf
 
Linux para leigos
Linux para leigos Linux para leigos
Linux para leigos
 
Aula 5 (Raid)
Aula 5 (Raid)Aula 5 (Raid)
Aula 5 (Raid)
 
RESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIO
RESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIORESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIO
RESUMO PIRATAS NO VALE DO SILICIO
 
Sistemas operacionais
Sistemas operacionaisSistemas operacionais
Sistemas operacionais
 
Sistemas operacionais
Sistemas operacionaisSistemas operacionais
Sistemas operacionais
 
Evolução dos sistemas operativos
Evolução dos sistemas operativosEvolução dos sistemas operativos
Evolução dos sistemas operativos
 
Memórias secundárias
Memórias secundáriasMemórias secundárias
Memórias secundárias
 
Historia Sistema Operacional Linux
Historia Sistema Operacional LinuxHistoria Sistema Operacional Linux
Historia Sistema Operacional Linux
 
MC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da Computação
MC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da ComputaçãoMC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da Computação
MC - Aula 01 - Plano de Ensino e Histórico da Computação
 
Arquitetura de dispositivos móveis
Arquitetura de dispositivos móveis Arquitetura de dispositivos móveis
Arquitetura de dispositivos móveis
 

Semelhante a 50 anos do UNIX

Histórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptx
Histórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptxHistórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptx
Histórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptxXaneYT
 
Do Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando Massen
Do Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando MassenDo Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando Massen
Do Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando MassenTchelinux
 
Conhecimento Basico de Informatica - Parte I
Conhecimento Basico de Informatica - Parte IConhecimento Basico de Informatica - Parte I
Conhecimento Basico de Informatica - Parte IABCursos OnLine
 
Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1
Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1
Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1Fernanda Firmino
 
Historia informatica
Historia informaticaHistoria informatica
Historia informaticathatá Vaz
 
EvoluçAo Da Informatica12
EvoluçAo Da Informatica12EvoluçAo Da Informatica12
EvoluçAo Da Informatica1232782784
 
História dos Sistemas Operacionais
História dos Sistemas OperacionaisHistória dos Sistemas Operacionais
História dos Sistemas OperacionaisSheldon Led
 
A evolução dos computadores
A evolução dos computadoresA evolução dos computadores
A evolução dos computadoresSusannah18
 
História da informática - Parte II
História da informática - Parte IIHistória da informática - Parte II
História da informática - Parte IINécio de Lima Veras
 
Breve história da informática
Breve história da informáticaBreve história da informática
Breve história da informáticaJesse Teixeira
 
Curso redes sociais cidade rio 24012011
Curso redes sociais cidade rio 24012011Curso redes sociais cidade rio 24012011
Curso redes sociais cidade rio 24012011Fernando Flessati
 
A Trajetoria da Internet no Brasil
A Trajetoria da Internet no BrasilA Trajetoria da Internet no Brasil
A Trajetoria da Internet no BrasilMarcelo Sávio
 
Evolução da Internet
Evolução da InternetEvolução da Internet
Evolução da InternetJorge Brandão
 
Historia do computador geraçoes
Historia do computador geraçoesHistoria do computador geraçoes
Historia do computador geraçoesMaurilio Filho
 

Semelhante a 50 anos do UNIX (20)

Histórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptx
Histórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptxHistórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptx
Histórial dos sistemas operativos e Marcos históricos.pptx
 
Do Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando Massen
Do Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando MassenDo Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando Massen
Do Unix ao Linux - Carlos Santos e Fernando Massen
 
Conhecimento Basico de Informatica - Parte I
Conhecimento Basico de Informatica - Parte IConhecimento Basico de Informatica - Parte I
Conhecimento Basico de Informatica - Parte I
 
S.O
S.OS.O
S.O
 
Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1
Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1
Histórico e-evolução-dos-computadores-mbr1
 
Historia informatica
Historia informaticaHistoria informatica
Historia informatica
 
EvoluçAo Da Informatica12
EvoluçAo Da Informatica12EvoluçAo Da Informatica12
EvoluçAo Da Informatica12
 
História dos Sistemas Operacionais
História dos Sistemas OperacionaisHistória dos Sistemas Operacionais
História dos Sistemas Operacionais
 
A evolução dos computadores
A evolução dos computadoresA evolução dos computadores
A evolução dos computadores
 
Historia da Computacao
Historia da ComputacaoHistoria da Computacao
Historia da Computacao
 
História da informática - Parte II
História da informática - Parte IIHistória da informática - Parte II
História da informática - Parte II
 
Historialdos computadores
Historialdos computadoresHistorialdos computadores
Historialdos computadores
 
Apostila so
Apostila soApostila so
Apostila so
 
Breve história da informática
Breve história da informáticaBreve história da informática
Breve história da informática
 
pwp1-Historia
pwp1-Historiapwp1-Historia
pwp1-Historia
 
Histórico da Internet
Histórico da InternetHistórico da Internet
Histórico da Internet
 
Curso redes sociais cidade rio 24012011
Curso redes sociais cidade rio 24012011Curso redes sociais cidade rio 24012011
Curso redes sociais cidade rio 24012011
 
A Trajetoria da Internet no Brasil
A Trajetoria da Internet no BrasilA Trajetoria da Internet no Brasil
A Trajetoria da Internet no Brasil
 
Evolução da Internet
Evolução da InternetEvolução da Internet
Evolução da Internet
 
Historia do computador geraçoes
Historia do computador geraçoesHistoria do computador geraçoes
Historia do computador geraçoes
 

Mais de Marcelo Sávio

Trabalhando com jogos eletronicos
Trabalhando com jogos eletronicosTrabalhando com jogos eletronicos
Trabalhando com jogos eletronicosMarcelo Sávio
 
A Trajetória da Internet no Brasil
A Trajetória da Internet no BrasilA Trajetória da Internet no Brasil
A Trajetória da Internet no BrasilMarcelo Sávio
 
Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...
Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...
Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...Marcelo Sávio
 
A carreira na área de TI
A carreira na área de TIA carreira na área de TI
A carreira na área de TIMarcelo Sávio
 
The Dawn of the Internet in Brazil
The Dawn of the Internet in BrazilThe Dawn of the Internet in Brazil
The Dawn of the Internet in BrazilMarcelo Sávio
 
Historias de las TIC en America Latina y el Caribe
Historias de las TIC en America Latina y el CaribeHistorias de las TIC en America Latina y el Caribe
Historias de las TIC en America Latina y el CaribeMarcelo Sávio
 
Transformation and change - 100 mini papers - eBook
Transformation and change - 100 mini papers - eBookTransformation and change - 100 mini papers - eBook
Transformation and change - 100 mini papers - eBookMarcelo Sávio
 
Transformacao e mudanca - 100 mini papers - eBook
Transformacao e mudanca - 100 mini papers - eBookTransformacao e mudanca - 100 mini papers - eBook
Transformacao e mudanca - 100 mini papers - eBookMarcelo Sávio
 
100 Mini Papers sobre tecnologia
100 Mini Papers sobre tecnologia100 Mini Papers sobre tecnologia
100 Mini Papers sobre tecnologiaMarcelo Sávio
 
Gameficacao do mundo corporativo
Gameficacao do mundo corporativoGameficacao do mundo corporativo
Gameficacao do mundo corporativoMarcelo Sávio
 
Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...
Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...
Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...Marcelo Sávio
 
Cloud Computing - Technologies and Trends
Cloud Computing - Technologies and TrendsCloud Computing - Technologies and Trends
Cloud Computing - Technologies and TrendsMarcelo Sávio
 
Historia da informática na América Latina
Historia da informática na América LatinaHistoria da informática na América Latina
Historia da informática na América LatinaMarcelo Sávio
 
Governança da Arquitetura Corporativa
Governança da Arquitetura CorporativaGovernança da Arquitetura Corporativa
Governança da Arquitetura CorporativaMarcelo Sávio
 
Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)
Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)
Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)Marcelo Sávio
 
Cloud Computing Overview
Cloud Computing OverviewCloud Computing Overview
Cloud Computing OverviewMarcelo Sávio
 
Certificações em Arquitetura de TI
Certificações em Arquitetura de TICertificações em Arquitetura de TI
Certificações em Arquitetura de TIMarcelo Sávio
 
Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)
Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)
Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)Marcelo Sávio
 

Mais de Marcelo Sávio (20)

Trabalhando com jogos eletronicos
Trabalhando com jogos eletronicosTrabalhando com jogos eletronicos
Trabalhando com jogos eletronicos
 
A Odisseia do Odyssey
A Odisseia do OdysseyA Odisseia do Odyssey
A Odisseia do Odyssey
 
A Trajetória da Internet no Brasil
A Trajetória da Internet no BrasilA Trajetória da Internet no Brasil
A Trajetória da Internet no Brasil
 
Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...
Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...
Introduction to the cryptography behind blockchain (from roots to quantum cry...
 
A carreira na área de TI
A carreira na área de TIA carreira na área de TI
A carreira na área de TI
 
The Dawn of the Internet in Brazil
The Dawn of the Internet in BrazilThe Dawn of the Internet in Brazil
The Dawn of the Internet in Brazil
 
Historias de las TIC en America Latina y el Caribe
Historias de las TIC en America Latina y el CaribeHistorias de las TIC en America Latina y el Caribe
Historias de las TIC en America Latina y el Caribe
 
Transformation and change - 100 mini papers - eBook
Transformation and change - 100 mini papers - eBookTransformation and change - 100 mini papers - eBook
Transformation and change - 100 mini papers - eBook
 
Transformacao e mudanca - 100 mini papers - eBook
Transformacao e mudanca - 100 mini papers - eBookTransformacao e mudanca - 100 mini papers - eBook
Transformacao e mudanca - 100 mini papers - eBook
 
100 Mini Papers sobre tecnologia
100 Mini Papers sobre tecnologia100 Mini Papers sobre tecnologia
100 Mini Papers sobre tecnologia
 
Gameficacao do mundo corporativo
Gameficacao do mundo corporativoGameficacao do mundo corporativo
Gameficacao do mundo corporativo
 
O surgimento da WWW
O surgimento da WWWO surgimento da WWW
O surgimento da WWW
 
Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...
Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...
Enterprise Architecture Governance for an Enterprise Transformation Journey: ...
 
Cloud Computing - Technologies and Trends
Cloud Computing - Technologies and TrendsCloud Computing - Technologies and Trends
Cloud Computing - Technologies and Trends
 
Historia da informática na América Latina
Historia da informática na América LatinaHistoria da informática na América Latina
Historia da informática na América Latina
 
Governança da Arquitetura Corporativa
Governança da Arquitetura CorporativaGovernança da Arquitetura Corporativa
Governança da Arquitetura Corporativa
 
Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)
Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)
Gerenciando os Service Level Agreements (SLAs)
 
Cloud Computing Overview
Cloud Computing OverviewCloud Computing Overview
Cloud Computing Overview
 
Certificações em Arquitetura de TI
Certificações em Arquitetura de TICertificações em Arquitetura de TI
Certificações em Arquitetura de TI
 
Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)
Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)
Arquitetura Orientada a Servicos (SOA)
 

50 anos do UNIX

  • 1. 1 50 Anos do UNIX Uma história do sistema operacional mais importante de todos os tempos Marcelo Sávio Arquiteto de TI msavio@gmail.com http://www.linkedin.com/in/msavio
  • 2. 2 Uma pequena história da Informática “moderna”… As raízes frias da informática
  • 3. 3 No início houve uma grande explosão... Deserto em Alamogordo, Novo México, EUA (1945)
  • 4. 4 Seguida de outras duas... Bomba em Hiroshima, Japão (1945) Bomba em Nagasaki, Japão (1945) .. que terminaram um conflito (II Guerra Mundial)
  • 6. 6 Teste de Bomba Atômica no Atol de Bikini, Ilhas Marshall, EUA (1946) Teste de Bomba Atômica em Semipalatinsk Cazaquistão, URSS (1948) Teste da Bomba-H, no Atol de Enewetak, Ilhas Marshall, EUA (1952) Teste da Bomba-H em Semipalatinsk Cazaquistão, URSS (1955) As bombas eram lançadas por aviões especiais... Bombas nucleares
  • 7. 7 Como se proteger de ataques nucleares?... B-29 B-36 B-52 TU-20 TU-4 TU-16 Aviões Bombardeiros
  • 9. 9 • 24 Centros • Cada um com 100 operadores • Ambiente 24 x 7
  • 10. 10
  • 12. 12 Apesar de ter se tornado obsoleto no momento em que ficou totalmente pronto – em 1962 as principais ameaças já não eram mais os aviões bombardeiros, mas sim os mísseis balísticos intercontinentais, contra os quais o sistema era inútil – o SAGE trouxe uma série de inovações que, em forma de ideias ou tecnologias, abasteceram a nascente indústria de informática:  Multiprocessamento  Sistema de tempo compartilhado (timesharing)  Processamento distribuído  Memória de núcleos magnéticos  Modem (conversão Analogico/Digital)  Gerenciamento de banco de dados em tempo real  Terminais gráficos interativos e Light Pen  Redes de computadores  Correção automática de erros  I/O “bufferizado”  Engenharia de Software (500 mil linhas de código)  Alta disponibilidade Avanços tecnológicos do SAGE
  • 13. 13 Além da corrida armamentista houve a corrida espacial Em 1957 a União Soviética lançou os satélites Sputnik 1 e 2 e saiu na frente na corrida espacial. Selos comemorativos Aliás a liderança soviética perdurou por mais de uma década: - 1º satélite (Sputnik 1) - 1º ser vivo enviado ao espaço (a cadela Laika) - 1ª nave a pousar na Lua (Lunik 2) - 1ª nave a fotografar o outro lado da Lua (Lunik 3) - 1º astronauta (Yuri Gagarin) - 1º vôo conjunto de duas espaçonaves (Vostok III e IV) - 1ª mulher ao espaço (Valentina Tereshkova) - 1ª nave a levar mais de um tripulante (Voskhod 1) - 1º astronauta a “caminhar” no espaço (Alexei Leonov) - A espaçonave com maior período de uso na história da exploração espacial (Soyuz). Paranoia norteamericana
  • 14. 14 Acelerando as pesquisas Os EUA criaram no mesmo ano de 1957, dentro do Departamento de Defesa, a agência ARPA (Advanced Research Project Agency) para reconduzir o país à liderança tecnológica. • No ano seguinte criou a NASA (National Aeronautics and Space Administration) para coordenar a cuidar especificamente da corrida espacial. • A ARPA quase foi desfeita, mas se reposicionou como fomentadora de diversas tecnologias de longo prazo, sem necessariamente ter um objetivo militar específico.
  • 15. 15  Na ARPA foi criada a divisão IPTO (Information Processing Techniques Office).  O objetivo original do IPTO era incentivar a pesquisa em tecnologias de computadores – redes, sistemas multiusuário (timesharing), interfaces homem-máquina, etc., estendendo a experiência feita no SAGE.  As Instituições inicialmente agraciadas:  MIT (Massachussets Institute of Technology)  Carnegie-Mellon University  RAND Corporation  Stanford Research Institute (SRI)  System Development Corporation  University of California at Berkeley (UCB)  University of California at Santa Barbara (UCSB)  University of California at Los Angeles (UCLA)  University of South Carolina  University of Utah As pesquisas em computação 1962
  • 16. 16 IBM S/360-75 Santa Barbara (UCSB) SDS Sygma 7 Los Angeles (UCLA) SDS 940 Stanford (SRI) DEC PDP 10 Utah (UU) I M P I M P I M P O projeto mais famoso do IPTO 1º Set 1º Out 1º Nov 1º Dez I M P1969
  • 17. 17 Outros projetos financiados pelo IPTO: NLS (On-Line System) Stanford Research Institute Douglas Engelbart Mouse NLS 1968
  • 18. 18 O Projeto MAC Massassuchetts Institute of Technology  Este projeto inicialmente criou o sistema operacional CTSS (Compatible Time Sharing System) para o computador IBM 7094 que suportava 30 usuários on-line simultaneamente. .  O IPTO também patrocinou o Projeto MAC (Multiple Access Computers que visava desenvolver sistemas de uso compartilhado (time sharing) 1963
  • 19. 19 O Sistema Operacional MULTICS  No Projeto MAC, o MIT começou o desenvolvimento de um novo sistema operacional multiusuário que fosse capaz de suportar mais de 300 usuários simultâneos on-line.  Este sistema chamava-se MULTICS (Multiplexed Information and Computing Service)  A General Electric e a Bell Laboratories se juntaram ao MIT neste projeto e cada um tinha um objetivo:  O MIT queria desenvolver pesquisas em sistemas operacionais (timesharing);  A GE queria vender computadores com o novo Sistema Operacional;  A Bell Labs queria um bom sistema para usar no ambiente administrativo. 1964
  • 20. 20 O Sistema Operacional MULTICS Rodou inicialmente no computador GE-645
  • 21. 21 A Reação da IBM  A IBM estava perdendo prestígio em dois clientes importantes: MIT e Bell  Apesar de nova no mercado, a GE estava se tornando uma ameaça  Os sistemas timesharing estavam começando a se tornar uma necessidade do mercado e os computadores da IBM ainda não tinham isso, principalmente o então novíssimo IBM System/360 (lançado em 1964). Foi criada uma “Força Tarefa” na IBM para aprimorar seus sistemas operacionais  1965: Sistema operacional TSS para o computador IBM S/360 Modelo 67  1967: Sistema operacional CP/67 (CP/CMS)  Evolução dos Sistemas Operacionais dos computadores de grande porte da IBM: • CP/CMS --> VM/370 --> VM/XA --> VM/ESA --> VM/390 --> z/VM • DOS/360 --> DOS/VS --> DOS/VSE --> VSE/ESA --> z/VSE • OS/360 MVT --> OS/VS2 --> MVS/370 --> MVS/XA --> MVS/ESA -->OS/390 --> z/OS
  • 22. 22 E o projeto MULTICS?  No final de 1969 a Bell Labs deixou o Projeto, que continuou com o apoio da Honeywell (que comprou a divisão de computadores da GE).  O MIT saiu parcialmente do Projeto em 1970 e totalmente em 1975.  Em 1974 a Honeywell lançou sua primeira versão comercial, que foi um fracasso em vendas.  A última máquina com o MULTICS foi desligada em Outubro de 2000 (no Depto. de Defesa Nacional do Canadá) Principais contribuições do MULTICS:  Sistema de arquivos hierárquico  Memória virtual  Implementação em linguagem de alto nível  Multiprocessamento  Suporte a múltiplas linguagens  Segurança  Reconfiguração on-line  Engenharia de Software
  • 23. 23 Finalmente chegamos em 1969 O ano que mudou o destino da humanidade
  • 24. 24 Continuando as pesquisas em sistemas operacionais  Kenneth Thompson e Dennis Ritchie (ambos da AT&T Bell Labs) trabalhavam no desenvolvimento do sistema de arquivos do sistema operacional MULTICS no Projeto MAC.  Quando a Bell abandonou o Projeto MULTICS, resolveram continuar as pesquisas dentro da AT&T.  Também quiseram preservar um jogo simulador chamado Space Travel que haviam desenvolvido durante o Projeto MULTICS e quiseram portá-lo para outro computador que houvesse disponível na Bell. 1969
  • 25. 25 O Sistema Operacional UNIX  Em 1970 o Depto. de Patentes da Bell comprou um DEC PDP-11/45, para onde o UNIX foi foi logo portado. A própria Bell passou a utilizar o sistema. Conseguiram um minicomputador DEC PDP-7 emprestado de outro departamento interno e começaram a desenvolver um sistema operacional para rodar o Space Travel.  Escreveram o sistema operacional, uma interface shell, um editor de textos, um assembler e o sistema de arquivos. Este novo sistema foi inicialmente chamado de “UNICS” (UNIplexed Information and Computing Service), que depois virou UNIX
  • 26. 26 O anúncio do UNIX  Ritchie e Thompson apresentaram pela primeira vez o UNIX em um simpósio sobre sistemas operacionais promovido pela IBM no seu Centro de Pesquisas Watson nos EUA  Após esse simpósio começaram a receber contatos de pedidos para fornecerem uma cópia do sistema. IBM Watson Research Center Yorktown, New York (EUA) 1973
  • 27. 27 A disseminação do UNIX  Ritchie e Thompson publicaram um artigo da Communications of the Association for Computing Machinery (CACM), o que aumentou ainda mais a visibilidade do sistema. 1974
  • 28. 28 As universidades e a disseminação do UNIX • A partir de 1974, várias Universidades (Harvard, Berkeley, Stanford, etc.) se interessaram pelo sistema e o adquiriram por um preço simbólico do custo da fita e manuais (e sem direito a suporte). • A AT&T estava proibida por lei (desde 1956) de comercializar produtos fora do mercado de telefonia e telegrafia. Esta lei valeu até 1982.
  • 29. 29 A portabilidade do UNIX  Até 1975, para se rodar o UNIX era necessário possuir um computador DEC PDP 11, até que, na Versão 4 ,o sistema foi completamente reescrito na linguagem de programação C, o que facilitou sua futura portabilidade para outras máquinas.  A primeira versão do UNIX em máquina não- DEC rodou (em 1976) em um computador IBM System 360 Modelo 91 na Universidade de Princeton.  Posteriormente, nos Laboratórios da Bell o UNIX rodou em máquinas Interdata 8/32
  • 30. 30 Falando do C... A primeira especificação formal da Linguagem C aconteceu somente em 1978 com o lançamento do livro “The C Programming Language”, escrito por Brian Kernighan e Dennis Ritchie  Linguagem de programação criada por Dennis Ritchie, baseada na Linguagem B.  A Linguagem B era uma adaptação (simplificação) da linguagem BCPL (Basic CPL) criada por Martin Richards em 1967, no Projeto MAC, que por sua vez era um adaptação da linguagem CPL.  A linguagem CPL (Combined Program Language) foi desenvolvida na Inglaterra em 1963, nas Universidades de Cambridge e de Londres e era baseada na linguagem ALGOL  A linguagem ALGOL (Algorithmic Oriented Language) foi criada em 1958 por um grupo internacional de especialistas. Era uma linguagem estruturada de alto nível, voltada para aplicações científicas.
  • 31. 31 Berkeley e a disseminação do UNIX • Em 1975 Thompson foi convidado a dar aulas sobre sistemas operacionais na Universidade de Berkeley. • A partir do ano seguinte o CSRG (Computer Sciences Research Group) dessa universidade criou e começou a distribuir fitas com versões de UNIX com uma série de extensões e complementos desenvolvidos localmente. Essa distribuição ficou conhecida como BSD (Berkeley Software Distribution) • Uma das extensões mais importantes foi a implementação do protocolo TCP/IP de forma nativa, que transformou o UNIX no sistema padrão da ARPANET (e posteriormente da Internet).
  • 32. 32 O compartilhamento de software • Até a década de 70, o valor de um computador (basicamente mainframes e minicomputadores) estava contido essencialmente no hardware. A maioria dos fabricantes fornecia o código fonte de seus sistemas operacionais e aplicativos e, embora as licenças não explicitassem claramente a liberdade, a redistribuição do software era comum e vista como ação positiva. IBM System/360 DEC PDP-8 Burroughs Datatron 220
  • 33. 33 O compartilhamento de software • Havia um grande compartilhamento de software entre os participantes dos grupos de usuários de computadores, exemplos: – SHARE (sistemas IBM) – DECUS (sistemas DEC) – CUBE (sistemas Burroughs) – Etc. • Os fabricantes até estimulavam o compartilhamento de informações e melhorias de software produzidas entre seus usuários como forma de diminuir os custos de suporte. Assim o software era, em geral, desenvolvido de forma cooperativa e aberta. • Ou seja, ainda que não houvesse esse termo o software era, na maior parte dos casos, aberto e livre. Grupo de Usuários de sistemas IBM (fundado em 1955 e existe até hoje) https://www.share.org/
  • 34. 34 O surgimento do Software Business A partir de meados da década de 70 o cenário começou a mudar: » Surgiram mais fabricantes de hardware (minicomputadores e microcomputadores); » O software começou a ser comercializado em separado do hardware; » O software deixou de ser específico de cada fabricante de hardware; » Surgiram as empresas especializadas em desenvolver e comercializar software; » Surgiram novos modelos de licenciamento, uso e propriedade intelectual dos códigos (programas).
  • 35. 35  Richard Stallman era um hacker que trabalhava, desde 1971, no laboratório de Inteligência Artificial do MIT (AI Lab) como analista de suporte e desenvolvimento. OBS: O termo hacker havia sido criado no próprio MIT, na década anterior e designava as pessoas que buscavam incansavelmente conhecer cada vez mais dos computadores e que acreditavam no livre intercâmbio de informações. O (re) surgimento do Software Livre
  • 36. 36 Stallman e o início do movimento do software livre  Em 1974, o AILab do MIT iniciou o projeto LispMachine, um sistema operacional monousuário especializado para rodar programas em Lisp, linguagem de programação voltada para a Inteligência Artificial  Esse projeto, no início da década de 80, deu origem a duas empresas (Symbolics e Lisp Machines Inc.), que acabaram por contratar todos os outros hackers do AI Lab e comercializar versões dos programas que ali haviam sido criados, impondo restrições de uso e de acesso ao código fonte.  Em 1982 também chegaram ao AILab os novos computadores DEC VAX, com sistema operacional sem código fonte.  Esses fatos ( principalmente) motivaram Stallman a lançar o Manifesto GNU e criar o movimento do Software Livre...
  • 37. 37 O Manifesto GNU Nesse manifesto Stallman convocava pessoas e empresas a investirem nessa idéia contribuindo com dinheiro, máquinas e/ou tempo. As doações serviriam para desenvolver software totalmente livre. Em 1983, Stallman divulgou o Manifesto GNU, que anunciava a intenção da criação de um novo sistema operacional completo, utilizando-se única e exclusivamente programas livres (Free Software). Livro de 2002
  • 38. 38 A Free Software Foundation Em 1984, Stallman deixou seu emprego no MIT e deu início a criação dos programas do Projeto GNU. Em 1985, como mais pessoas já estavam envolvidas no projeto, era hora de buscar mais investimentos a fim de poder manter um grupo permanente de desenvolvimento. Foi então criada a Free Software Foundation (FSF).
  • 39. 39 Definição de Software Livre (segundo a FSF) “Software Livre é uma questão de liberdade”  Liberdade de executar um programa, para qualquer propósito;  Liberdade de estudar como um programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades;  Liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar aos demais;  Liberdade de aperfeiçoar um programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade também se beneficie;
  • 40. 40 GPL (General Public License) Não GPL GPL Não distribuir Remover código GPL Distribuir Sob GPL Software proprietário Software livre contiver http://www.gnu.org/licenses/gpl.html A GPL é a licença com maior utilização por parte de projetos de software livre (GNU, Linux, wikipedia, etc.) Se então – Em Janeiro de 1989 a FSF criou a licença GPL; – Em Junho de 1991 a GPL evoluiu para a segunda versão; – Em Junho de 2007 a GPL v3 foi publicada.
  • 41. 41 • Muitas vezes o termo software livre (free software) se confunde com software aberto (open source). Isso passou a acontecer principalmente após a criação da Open Source Initiative (OSI), em 1988. • Diferentemente da FSF, a OSI não tem licenças próprias, mas certifica todas as dezenas licenças atualmente existentes no mercado (inclusive as da própria FSF) dentro de seus próprios parâmetros de software aberto. • A OSI é uma entidade conciliadora, que tenta garantir às empresas que praticam o modelo comercial de desenvolvimento de software, uma porta de entrada no movimento de software aberto sem necessariamente adotar as licenças da FSF, representando assim uma espécie de alternativa intermediária. • Todo software livre é, por definição, aberto, porém nem todo software aberto é livre. Software livre e/ou aberto? https://opensource.org/
  • 42. 42 Tipo de licença Domínio Público (ex.TCP/IP) Não “virótica” (ex. BSD) “Virótica” (ex. GPL) Proprietária Tipos de licenças de Software Código fonte aberto Não há licença Existem mais de 80 tipos de licenças cadastrados na OSI.... Acadêmicas: BSD, Bind, Sendmail... Comunidades: Apache... Corporativas: OSD, CPL, SPL...
  • 43. 43 Mas o que significa GNU? GNU significa “Gnu is Not Unix”. É o nome de um sistema operacional completo, compatível com o UNIX. Esse projeto representa a concretização da filosofia Software Livre. E por que não poderia ser UNIX?
  • 44. 44 O produto comercial UNIX  A partir 1982 (System III, versão 7), a AT&T passou a tratar o UNIX como um produto comercial e a não liberar mais o código fonte... e a acionar judicialmente quem usasse o nome ou código do UNIX sem licença.  Algumas empresas licenciaram o UNIX para poderem lançar suas “versões”:  DEC Ultrix  HP UX  IBM AIX  Microsoft Xenix  Sun OS  Unisoft UNIPLUS  Venturcom Venix  etc. Primeira propaganda do UNIX
  • 45. 45 O UNIX no Brasil • Algumas universidades brasileiras até tentaram licenciar o UNIX, mas não obtiveram sucesso por causa de contendas comerciais entre o Brasil e os EUA. Então partiram para desenvolver sistemas próprios, compatíveis com UNIX, mas sem usar código da AT&T. • Em 1982 o Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ criou o Projeto PLURIX. Outras universidades também o fizeram, como a UFMG (DCC-IX) e USP (Real). • Algumas empresas nacionais também desenvolveram seus próprios sistemas, como a COBRA (SOX ), EDISA (Edix), DigiRede (Digix) e Softec (Analix). • Mas depois chegaram ao Brasil os sistemas UNIX licenciados e hoje nenhum desses sistemas nacionais existe mais, com exceção do Plurix, que se transformou no TROPIX em 1994, e ainda existe na UFRJ. http://www.tropix.nce.ufrj.br/
  • 46. 46 O surgimento dos Unixes BSD • As fitas que Berkeley distribuía continham código original da AT&T, por isso também necessitavam licenças. • No início dos Anos 90 surgiram projetos para se escrever um sistema UNIX BSD sem código da AT&T, como foram os casos do 386BSD e da BSDi. Mesmo assim as distribuições BSD foram alvo de batalhas judiciais (que hoje já estão encerradas). • Em 1993 o 386BSD deu origem aos sistemas NetBSD e FreeBSD. • Em 1996 surgiu o OpenBSD, derivado do NetBSD. • Em 2003 surgiu o DragonFlyBSD, derivado do FreeBSD.
  • 47. 47 Outros UNIX “acadêmicos” (e sem código da AT&T) XINU (Xinu Is Not Unix) Douglas Comer 1979 MINIX Andrew Tanenbaum 1987
  • 48. 48 Corte rápido para a batalha das padronizações do UNIX • Hoje a especificação do UNIX está sob a “guarda” do Open Group http://www.unix.org/ • Em meados dos anos 80, as duas famílias mais comuns do UNIX eram o BSD e o System V da AT&T. • Em 1984 um grupo de fornecedores formou a organização X/Open, com o objetivo de desenvolver um padrão para sistemas abertos. Eles escolheram o UNIX como a base deste sistema. • O X/Open acabou chamando a atenção da AT&T, que respondeu com um acordo com a Sun Microsystems, a líder de então no fornecimento de sistemas da família BSD, para aumentar a uniformidade do UNIX e iniciar um trabalho, em 1987, no desenvolvimento de um sistema unificado. Este sistema foi lançado com o nome System V Release 4 (SVR4). • Outro fornecedores que licenciavam o UNIX temeram que a Sun pudesse receber uma vantagem excessiva e então formaram em 1988 a Open Software Foundation (OSF). No mesmo ano, a AT&T e outros fornecedores responderam com a criação da UNIX International (UI) As questões técnicas logo deram lugar a uma disputa comercial pública e despudorada pelas duas versões "abertas" do UNIX, com o X/Open defendendo um ponto de vista intermediário. • Em 1993 os principais participantes da UI e da OSF formaram a aliança Common Open Software Environment (COSE), marcando o final efetivo da parte mais significativa da era das guerras do UNIX. Em junho, a AT&T vendeu os seus direitos sobre o UNIX para a Novell e, em outubro, a Novell transferiu a marca UNIX para a X/Open. No ano seguinte, a UI e a OSF se fundiram em uma nova instituição que manteve o nome OSF. • Surgiram algumas rupturas ocasionais promovidas por “facções” do UNIX, como a aliança "3DA", entre as empresas HP e SCO, e o Projeto Monterey, de 1998 liderado pela IBM e Intel. • Em 1996, a X/Open e a nova OSF se fundiram para formar a organização The Open Group. O trabalho da aliança COSE, como a especificação Single UNIX Specification, tornou-se o padrão para os sistemas UNIX licenciados e hoje é de responsabilidade do The Open Group. Apesar da convergência, o dano à reputação do UNIX no mercado já havia ocorrido e o grande vencedor dessa batalha foi o Sistema Operacional Windows NT da Microsoft.
  • 49. 49 O surgimento do Linux • Kernel de sistema operacional baseado no MINIX, desenvolvido originalmente por Linus Torvalds, 21 anos, aluno da Universidade de Helsinki (Finlândia) em meados de 1991.
  • 50. 50 O Linux • Em duas semanas após o anúncio de Torvalds em 1991, 30 pessoas tinham contribuído com cerca de 200 informes de erros, contribuições de utilitários, drivers e melhorias para serem adicionadas ao kernel • Em Julho de 1995, mais de 15.000 pessoas de 90 países em 5 continentes tinham contribuído com comentários, informes de erro, correções, alterações, reparos e melhorias.
  • 51. 51 GNU + Linux:  Mas como:  O HURD ainda levaria muito tempo…  Os sistemas BSD estavam sob batalhas judiciais…  O Linux já estava por aí rodando e dando bons resultados...  Então foi só uma questão de tempo unir o kernel Linux ao sistema GNU, daí o nome GNU/Linux.  O licenciamento através da GPL e a utilização da Internet como o canal principal de comunicação e desenvolvimento transformaram o Linux no mais importante exemplo de software livre desenvolvido de forma aberta e descentralizada.  No início dos anos 90 o sistema GNU estava praticamente completo faltando um último (e importante) componente: o kernel do sistema.  Foi decidido então pela implementação do HURD, baseado no Mach (um microkernel desenvolvido na Universidade Carnegie Mellon).
  • 52. 52 O bate-boca na lista do Minix...
  • 53. 53 A Lenda: “Tanenbaum e Linux são inimigos” “ Linus and I are not "enemies" or anything like that. I met him once and he seemed like a nice friendly, smart guy. My only regret is that he didn't develop Linux based on the microkernel technology of MINIX “ I REALLY am not angry with Linus. HONEST. He's not angry with me either.
  • 54. 54 A distribuições Linux  O Linux é normalmente usado como parte de um distribuição (“distro”).  As distros são criadas por indivíduos, grupos ou empresas.  Apesar de possuírem um kernel comum (Linux versão x.y.z), as distros divergem quanto às ferramenta de instalação, qualidade/quantidade de documentação, programas aplicativos adicionais (de diversos tipos), suporte, preço, etc.  Existem centenas de distribuições. As mais usadas são: + uso corporativo + uso pessoal
  • 55. 55 A árvore genealógica do sistema operacional UNIX Source: https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Unix
  • 56. 56 Sputnik DARPA IPTO MIT Arpanet Redes de Pacotes RAND MULTICS UNIX CTSS Linguagem B Linguagem C Linguagem CPL Linguagem BCPL ALGOL X-Window Internet WWW Mozilla TCP/IP Project MAC Berkeley UCLA BBN UCSB Utah AT&T Linux URSS EUA Mosaic Apache GNU Netscape IBM Minix LCS AI Lab GE O Rizoma do UNIX Plurix, SOX etc