SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
COMO O DIABO AS ARMA!

Artur Azevedo

O Sr. Paulino era o marido mais irrepreensível desta cidade em que são raríssimos os maridos
irrepreensíveis; entretanto (vejam como o diabo as arma!), um dia foi morar mesmo defronte da
casa onde ele morava, na Rua Frei Caneca, uma linda mulher, que lhe deu volta ao miolo.
Apesar de casado com uma senhora ainda bonita e frescalhona, mais nova dez anos que ele,
que orçava pelos quarenta e tantos, o Sr. Paulino resolveu chegar à fala com a sua encantadora
vizinha, que, pelos modos, era livre como os pássaros. Pelo menos morava sozinha, e recebia
de vez em quando visitas misteriosas de três ou quatro sujeitos discretos que, antes de entrar,
olhavam para trás, para adiante e para cima, o que era um meio mais seguro de serem
observados.
Essas visitas encorajaram necessariamente o Sr. Paulino; mas... como chegar à fala?... Da sua
janela, onde ele raras vezes aparecia, limitando-se a espiar a vizinha por trás das venezianas, o
pobre namorado jamais se animaria a fazer o menor gesto suspeito. Resolveu, pois, esperar que
alguma circunstância fortuita o favorecesse, ou por outra, que o diabo as armasse.
Não tardou a aparecer a circunstância fortuita, que o diabo armou: uma tarde em que o Sr.
Paulino voltava do emprego de guarda-livros de uma importante casa comercial, viu passar na
Avenida a linda mulher que tanto o impressionara, e acompanhou-a até a estação do Jardim
Botânico, onde ela tomou um bonde 1!para o Leme.
O Sr. Paulino, já se sabe, tomou o mesmo bonde e sentou-se ao lado dela, que lhe cedeu
gentilmente a ponta. A sujeita, que era matreira, percebeu que tinha sido acompanhada e
aplanava o terreno para uma explicação.
O guarda-livros cobriu o rosto com A Notícia e, fingindo que estava lendo, murmurou:
- Preciso muito falar-lhe.
- Pois fale - respondeu ela fazendo com o leque o mesmo que o outro fazia com a rósea folha
vespertina.
- Aqui não; em sua casa. Quando há de ser?
- Quando quiser.
- Amanhã?
- Amanhã, seja! Sabe onde é?
- Sei; mas só poderei lá ir depois das dez horas da noite, quando a rua estiver completamente
deserta.
- Por quê?
- Depois lhe direi.
- Bom. Esperá-lo~ei às dez e meia.
- Adeus!
- Até amanhã!
E o Sr. Paulino saltou no Largo da Lapa.
No dia seguinte à hora indicada, o guarda-livros entrava em casa da vizinha, cuja porta achou
entreaberta.
- Mas por que todo este mistério? - perguntou a tipa, que o recebeu como se o conhecesse de
longos anos.
- É porque moram ali defronte uns conhecidos meus.
- Quem? O tal Paulino?
- Conhece-o?
- De nome apenas; nunca o vi. Querem ver que também você gosta da mulher dele?
- Da mulher de quem?... do Paulino?...
- Sim, faça-se de novas! Aquela é pior do que eu!
- Mas de que Paulino fala a senhora? - perguntou o pobre homem, já trêmulo e agitado.
- Do Paulino que mora ali defronte. A ele nunca o vi, mas tenho visto os amantes da mulher!
- Os amantes da mulher?!...
- Sim, coitado. É ele a sair de casa, e os outros a entrar!...
- Os outros?... Então são muitos?!...
- Mais de um é, com certeza... Já vi dois: um rapaz alto, louro, rosado, elegante.
- Deve ser o Gouveia!
- E o outro baixinho, cheio de corpo, de bigode e pêra, pince-nez azul...
- Deve ser o Magalha-es! Dois amigos!...
E o Sr. Paulino caiu desalentado numa cadeira. Tudo lhe andava à roda. Sentia as faces em
fogo. Receou uma congestão cerebral.
A mulher notou que ele estava incomodado, e foi buscar água-da-colônia, que o reanimou.
- Fui, talvez, indiscreta, disse ela; o tal Paulino é seu amigo, e você não sabia...
- O tal Paulino sou eu, minha senhora; sou eu em carne e osso, e agradeço-lhe a informação.
Se não viesse à sua casa, jamais saberia o que se passa na minha, e continuaria a ser um
marido ridículo sem o saber! Para alguma coisa me serviu essa aventura amorosa!
E o Sr. Paulino saiu sem exigir da vizinha, atônita, outra coisa além de um copo d'água.
No dia seguinte pôs a mulher fora de casa, e cortou a chicote a cara do Gouveia. O Magalhães
escondeu-se e não foi encontrado, mas não perde por esperar.
Ora, ai têm como o diabo as arma!

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Destaque (6)

Apres ass comunidades_virtuais
Apres ass comunidades_virtuaisApres ass comunidades_virtuais
Apres ass comunidades_virtuais
 
Formación del suelo
Formación del sueloFormación del suelo
Formación del suelo
 
Salem poor 2 14-01
Salem poor 2 14-01Salem poor 2 14-01
Salem poor 2 14-01
 
My cool new Slideshow!
My cool new Slideshow!My cool new Slideshow!
My cool new Slideshow!
 
Cartel escuelas solidariasii
Cartel escuelas solidariasiiCartel escuelas solidariasii
Cartel escuelas solidariasii
 
33 promesas
33 promesas33 promesas
33 promesas
 

Semelhante a Artur azevedo como o diabo as arma

Semelhante a Artur azevedo como o diabo as arma (20)

Artur azevedo denúncia involuntária
Artur azevedo   denúncia involuntáriaArtur azevedo   denúncia involuntária
Artur azevedo denúncia involuntária
 
A
AA
A
 
Coração, cabeça e estômago análise
Coração, cabeça e estômago   análiseCoração, cabeça e estômago   análise
Coração, cabeça e estômago análise
 
O diplomatico
O diplomaticoO diplomatico
O diplomatico
 
E-book Oscar Wilde, A esfinge sem segredo
E-book Oscar Wilde, A esfinge sem segredo E-book Oscar Wilde, A esfinge sem segredo
E-book Oscar Wilde, A esfinge sem segredo
 
A ESFINGE SEM SEGREDO.pdf
A ESFINGE SEM SEGREDO.pdfA ESFINGE SEM SEGREDO.pdf
A ESFINGE SEM SEGREDO.pdf
 
Phroybido
PhroybidoPhroybido
Phroybido
 
20
2020
20
 
A esfinge sem segredos
A esfinge sem segredosA esfinge sem segredos
A esfinge sem segredos
 
A ama seca
A ama secaA ama seca
A ama seca
 
TARADOS - Livro erotico
TARADOS - Livro eroticoTARADOS - Livro erotico
TARADOS - Livro erotico
 
Artur azevedo joão silva
Artur azevedo   joão silvaArtur azevedo   joão silva
Artur azevedo joão silva
 
O homem que matou mona
O homem que matou monaO homem que matou mona
O homem que matou mona
 
O talião
O taliãoO talião
O talião
 
Quincas borba
Quincas borbaQuincas borba
Quincas borba
 
Massacre em labeta cap 1
Massacre em labeta cap 1Massacre em labeta cap 1
Massacre em labeta cap 1
 
Massacre em labeta cap 1
Massacre em labeta cap 1Massacre em labeta cap 1
Massacre em labeta cap 1
 
O Feiticeiro
O FeiticeiroO Feiticeiro
O Feiticeiro
 
Marcha fúnebre
Marcha fúnebreMarcha fúnebre
Marcha fúnebre
 
O guinéu da coxa
O guinéu da coxaO guinéu da coxa
O guinéu da coxa
 

Mais de Tulipa Zoá

MATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLES
MATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLESMATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLES
MATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLESTulipa Zoá
 
Artur azevedo o chapéu
Artur azevedo   o chapéuArtur azevedo   o chapéu
Artur azevedo o chapéuTulipa Zoá
 
Artur azevedo o califa da rua sabão
Artur azevedo   o califa da rua sabãoArtur azevedo   o califa da rua sabão
Artur azevedo o califa da rua sabãoTulipa Zoá
 
Artur azevedo o barão de pitiaçu
Artur azevedo   o barão de pitiaçuArtur azevedo   o barão de pitiaçu
Artur azevedo o barão de pitiaçuTulipa Zoá
 
Artur azevedo o badejo
Artur azevedo   o badejoArtur azevedo   o badejo
Artur azevedo o badejoTulipa Zoá
 
Artur azevedo o asa-negra
Artur azevedo   o asa-negraArtur azevedo   o asa-negra
Artur azevedo o asa-negraTulipa Zoá
 
Artur azevedo o 15 e o 17
Artur azevedo   o 15 e o 17Artur azevedo   o 15 e o 17
Artur azevedo o 15 e o 17Tulipa Zoá
 
Artur azevedo nova viagem a lua
Artur azevedo   nova viagem a luaArtur azevedo   nova viagem a lua
Artur azevedo nova viagem a luaTulipa Zoá
 
Artur azevedo na horta
Artur azevedo   na hortaArtur azevedo   na horta
Artur azevedo na hortaTulipa Zoá
 
Artur azevedo na exposição
Artur azevedo   na exposiçãoArtur azevedo   na exposição
Artur azevedo na exposiçãoTulipa Zoá
 
Artur azevedo morta que mata
Artur azevedo   morta que mataArtur azevedo   morta que mata
Artur azevedo morta que mataTulipa Zoá
 
Artur azevedo ingenuidade
Artur azevedo   ingenuidadeArtur azevedo   ingenuidade
Artur azevedo ingenuidadeTulipa Zoá
 
Artur azevedo in extremis
Artur azevedo   in extremisArtur azevedo   in extremis
Artur azevedo in extremisTulipa Zoá
 
Artur azevedo história vulgar
Artur azevedo   história vulgarArtur azevedo   história vulgar
Artur azevedo história vulgarTulipa Zoá
 
Artur azevedo história de um soneto
Artur azevedo   história de um sonetoArtur azevedo   história de um soneto
Artur azevedo história de um sonetoTulipa Zoá
 
Artur azevedo história de um dominó
Artur azevedo   história de um dominóArtur azevedo   história de um dominó
Artur azevedo história de um dominóTulipa Zoá
 
Artur azevedo fritzmac
Artur azevedo   fritzmacArtur azevedo   fritzmac
Artur azevedo fritzmacTulipa Zoá
 
Artur azevedo epaminondas
Artur azevedo   epaminondasArtur azevedo   epaminondas
Artur azevedo epaminondasTulipa Zoá
 
Artur azevedo entre a missa e o almoço
Artur azevedo   entre a missa e o almoçoArtur azevedo   entre a missa e o almoço
Artur azevedo entre a missa e o almoçoTulipa Zoá
 
Artur azevedo encontros reveladores
Artur azevedo   encontros reveladoresArtur azevedo   encontros reveladores
Artur azevedo encontros reveladoresTulipa Zoá
 

Mais de Tulipa Zoá (20)

MATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLES
MATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLESMATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLES
MATEMÁTICA FINANCEIRA - REGRA DE TRÊS SIMPLES / JUROS SIMPLES
 
Artur azevedo o chapéu
Artur azevedo   o chapéuArtur azevedo   o chapéu
Artur azevedo o chapéu
 
Artur azevedo o califa da rua sabão
Artur azevedo   o califa da rua sabãoArtur azevedo   o califa da rua sabão
Artur azevedo o califa da rua sabão
 
Artur azevedo o barão de pitiaçu
Artur azevedo   o barão de pitiaçuArtur azevedo   o barão de pitiaçu
Artur azevedo o barão de pitiaçu
 
Artur azevedo o badejo
Artur azevedo   o badejoArtur azevedo   o badejo
Artur azevedo o badejo
 
Artur azevedo o asa-negra
Artur azevedo   o asa-negraArtur azevedo   o asa-negra
Artur azevedo o asa-negra
 
Artur azevedo o 15 e o 17
Artur azevedo   o 15 e o 17Artur azevedo   o 15 e o 17
Artur azevedo o 15 e o 17
 
Artur azevedo nova viagem a lua
Artur azevedo   nova viagem a luaArtur azevedo   nova viagem a lua
Artur azevedo nova viagem a lua
 
Artur azevedo na horta
Artur azevedo   na hortaArtur azevedo   na horta
Artur azevedo na horta
 
Artur azevedo na exposição
Artur azevedo   na exposiçãoArtur azevedo   na exposição
Artur azevedo na exposição
 
Artur azevedo morta que mata
Artur azevedo   morta que mataArtur azevedo   morta que mata
Artur azevedo morta que mata
 
Artur azevedo ingenuidade
Artur azevedo   ingenuidadeArtur azevedo   ingenuidade
Artur azevedo ingenuidade
 
Artur azevedo in extremis
Artur azevedo   in extremisArtur azevedo   in extremis
Artur azevedo in extremis
 
Artur azevedo história vulgar
Artur azevedo   história vulgarArtur azevedo   história vulgar
Artur azevedo história vulgar
 
Artur azevedo história de um soneto
Artur azevedo   história de um sonetoArtur azevedo   história de um soneto
Artur azevedo história de um soneto
 
Artur azevedo história de um dominó
Artur azevedo   história de um dominóArtur azevedo   história de um dominó
Artur azevedo história de um dominó
 
Artur azevedo fritzmac
Artur azevedo   fritzmacArtur azevedo   fritzmac
Artur azevedo fritzmac
 
Artur azevedo epaminondas
Artur azevedo   epaminondasArtur azevedo   epaminondas
Artur azevedo epaminondas
 
Artur azevedo entre a missa e o almoço
Artur azevedo   entre a missa e o almoçoArtur azevedo   entre a missa e o almoço
Artur azevedo entre a missa e o almoço
 
Artur azevedo encontros reveladores
Artur azevedo   encontros reveladoresArtur azevedo   encontros reveladores
Artur azevedo encontros reveladores
 

Artur azevedo como o diabo as arma

  • 1. COMO O DIABO AS ARMA! Artur Azevedo O Sr. Paulino era o marido mais irrepreensível desta cidade em que são raríssimos os maridos irrepreensíveis; entretanto (vejam como o diabo as arma!), um dia foi morar mesmo defronte da casa onde ele morava, na Rua Frei Caneca, uma linda mulher, que lhe deu volta ao miolo. Apesar de casado com uma senhora ainda bonita e frescalhona, mais nova dez anos que ele, que orçava pelos quarenta e tantos, o Sr. Paulino resolveu chegar à fala com a sua encantadora vizinha, que, pelos modos, era livre como os pássaros. Pelo menos morava sozinha, e recebia de vez em quando visitas misteriosas de três ou quatro sujeitos discretos que, antes de entrar, olhavam para trás, para adiante e para cima, o que era um meio mais seguro de serem observados. Essas visitas encorajaram necessariamente o Sr. Paulino; mas... como chegar à fala?... Da sua janela, onde ele raras vezes aparecia, limitando-se a espiar a vizinha por trás das venezianas, o pobre namorado jamais se animaria a fazer o menor gesto suspeito. Resolveu, pois, esperar que alguma circunstância fortuita o favorecesse, ou por outra, que o diabo as armasse. Não tardou a aparecer a circunstância fortuita, que o diabo armou: uma tarde em que o Sr. Paulino voltava do emprego de guarda-livros de uma importante casa comercial, viu passar na Avenida a linda mulher que tanto o impressionara, e acompanhou-a até a estação do Jardim Botânico, onde ela tomou um bonde 1!para o Leme. O Sr. Paulino, já se sabe, tomou o mesmo bonde e sentou-se ao lado dela, que lhe cedeu gentilmente a ponta. A sujeita, que era matreira, percebeu que tinha sido acompanhada e aplanava o terreno para uma explicação. O guarda-livros cobriu o rosto com A Notícia e, fingindo que estava lendo, murmurou: - Preciso muito falar-lhe. - Pois fale - respondeu ela fazendo com o leque o mesmo que o outro fazia com a rósea folha vespertina. - Aqui não; em sua casa. Quando há de ser? - Quando quiser. - Amanhã? - Amanhã, seja! Sabe onde é? - Sei; mas só poderei lá ir depois das dez horas da noite, quando a rua estiver completamente deserta. - Por quê? - Depois lhe direi. - Bom. Esperá-lo~ei às dez e meia. - Adeus! - Até amanhã! E o Sr. Paulino saltou no Largo da Lapa. No dia seguinte à hora indicada, o guarda-livros entrava em casa da vizinha, cuja porta achou entreaberta. - Mas por que todo este mistério? - perguntou a tipa, que o recebeu como se o conhecesse de longos anos. - É porque moram ali defronte uns conhecidos meus. - Quem? O tal Paulino? - Conhece-o? - De nome apenas; nunca o vi. Querem ver que também você gosta da mulher dele? - Da mulher de quem?... do Paulino?... - Sim, faça-se de novas! Aquela é pior do que eu! - Mas de que Paulino fala a senhora? - perguntou o pobre homem, já trêmulo e agitado. - Do Paulino que mora ali defronte. A ele nunca o vi, mas tenho visto os amantes da mulher! - Os amantes da mulher?!... - Sim, coitado. É ele a sair de casa, e os outros a entrar!... - Os outros?... Então são muitos?!... - Mais de um é, com certeza... Já vi dois: um rapaz alto, louro, rosado, elegante.
  • 2. - Deve ser o Gouveia! - E o outro baixinho, cheio de corpo, de bigode e pêra, pince-nez azul... - Deve ser o Magalha-es! Dois amigos!... E o Sr. Paulino caiu desalentado numa cadeira. Tudo lhe andava à roda. Sentia as faces em fogo. Receou uma congestão cerebral. A mulher notou que ele estava incomodado, e foi buscar água-da-colônia, que o reanimou. - Fui, talvez, indiscreta, disse ela; o tal Paulino é seu amigo, e você não sabia... - O tal Paulino sou eu, minha senhora; sou eu em carne e osso, e agradeço-lhe a informação. Se não viesse à sua casa, jamais saberia o que se passa na minha, e continuaria a ser um marido ridículo sem o saber! Para alguma coisa me serviu essa aventura amorosa! E o Sr. Paulino saiu sem exigir da vizinha, atônita, outra coisa além de um copo d'água. No dia seguinte pôs a mulher fora de casa, e cortou a chicote a cara do Gouveia. O Magalhães escondeu-se e não foi encontrado, mas não perde por esperar. Ora, ai têm como o diabo as arma!