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Amaury Gremaud
HEG II
A economia mundial no início do século XX
Padrão Ouro
 Funcionamento
1. Liquidação de pagamentos internacionais – em equivalente ouro
Ouro
2. Conversibilidade da moeda nacional em Ouro e sistema de cambio
fixo
3. Liberdade de fluxos de capitais
4. Política Monetária – mecanismos de juros
 Recessão , inflação – ajustando balanços
 Padrões Ouro: existem diferentes possibilidades: sistema
fiduciário e proporcional (não critério único)
 Regras acima – adesão voluntaria
 AM tem poder discricionário
 Sistema existe na prática pois (Eichengreen):
a. Reduzida pressão política para sair das regras do jogo (equilíbrio
externo)
b. Crença que assim é melhor e que assim se fará – desestimula
fluxos desestabilizadores
c. Cooperação internacional
Era de ouro do Padrão Ouro e
mercado global (1896 – 1914)
 Padrão Ouro importante para integração econômica
internacional
 estabilidade e previsibilidade: Comércio
Internacional – Abertura
 Confiabilidade e diminuição riscos: fluxos de capitais
 Acreditava-se que PO age como um regulador e força
ajuste via preços
 Países: especialização
 Mundo Ricardiano – ganhos de produtividade
 GB: ainda manufaturas e serviços financeiros
 Bélgica, França etc.: manufaturas
 Alemanha: Ferro, Aço, Produtos Químicos e
equipamentos pesados para Estradas de Ferro.
 Periferia (Austrália, Argentina): minérios e agrícolas
 Mercado Global
J. M. Keynes
Que episódio extraordinário
do progresso econômico da humanidade
foi a era que chegou ao fim em 1914 ...
Enquanto tomava seu café da manha na
cama, um habitante de Londres, poderia,
por telefone, encomendar vários
produtos de todo o planeta ...se
aventurar investindo sua riqueza ...em
qualquer parte do mundo. No entanto o
mais importante: consideraria isto como
o estado natural das coisas
Todos tem esta opinião ?
 Existem defensores importantes do sistema
 O sujeito que tem telefone e que toma café na cama
 Apoio intelectual
 Financistas e aplicadores (poupadores)
 Exportadores e intermediários
 Não existem críticos ?
 Só populistas americanos ?
 Quem defende flexibilização do sistema ?
 Quem são os protecionistas ?
 Benefícios igualmente distribuídos ? Assimetrias ?
Problemas
 Estabilidade - depende de confiança e cooperação
(Eichengreen)
 não existir pressão política interna (isolamento das autoridades)
 nem conflitos internacionais – solidariedade
 Com tempo existe diminuição das condições de confiança
solidariedade
 falta de Ouro e desconfiança da alavancagem da Inglaterra
 Diminui papel central da GB e crescimento novos países industriais
 Disputas internacionais afetam credibilidade e possibilidades de
solidariedade
 Regente da orquestra: disputa pela posição ou ninguém quer seu ônus
 crescem pressões políticas: Internas e externas
 Diminui consenso – benefícios para quem ?
o Trabalhadores e periféricos
• Pareto ótimo - todos ganham mas não igualmente
• Será Pareto ótimo?
• Por que perseguir Pareto ótimo ?
 Ordem liberal – século XIX: duas fases
 Fase do crescimento do capitalismo originário -
capitalismo concorrencial
 GB termina e se aproveita das transformações produtivas
ocorrida na sua economia
 Industrialização base em têxteis mas se consolida com
boom ferroviário
 Estado e Sistema financeiro menos presente nesta
evolução inicial, barreiras tecnológicas e financeiras não
tão grandes
 GB se transforma em oficina do mundo e grande
exportadora de manufaturas
o Tb grande importadora de matérias primas e alimentos
o Comércio se difunde : Todos se aproveitam, GB se
aproveita mais – assimetria (Hobsbawn)
• Mesmo países europeus passam por uma fase de
importação de bens ingleses (bens de capital – ferrovia)
• Para países europeus e industrialização esta fase
concorrencial permite industrialização e assimilação dos
progresso técnicos ingleses
• Periferia funcional – especialização primário
Transições do capitalismo no século
XIX
 Fase concorrencial para a fase monopolista
 Momento de transição: Crise (Deflação) 73-96
 Nova fase: continua crescimento, expansão do comércio
e mobilidade de capital e pessoas
 Importância do Estado se amplia
 Novas transformações tecnológicas
 Nova ordenação empresarial
 Concorrência internacional na produção e exportação de
manufaturas (e busca de matérias primas)
 Nova colonização
 Liderança produtiva GB posta em cheque
 GB passa a depender mais dos fluxos e serviços
financeiros (de capital)
 Apogeu do Padrão Ouro – centrado na GB e baseado em
confiança e cooperação
Fim do XIX e início do XX:
transformações
Mudanças tecnológicas – ampliação
da incorporação da ciência ao
processo produtivo
(Segunda Revolução Industrial)
Aço
Motor a combustão interna
Química fina
Eletricidade
Fim do XIX e início do XX:
transformações
 Mudanças na organização empresarial
 Aumentos das escalas de produção e diminuição da
concorrência nos mercados
 Concentração do capital
 Centralização do capital
 Cartelização
 Reações: legislação antitruste
 Difusão das sociedades anônimas
 Separação gestão e propriedade das empresas
 Crescimento (e concentração) dos bancos e formação
do “capital financeiro”
 Estreitamento das relações com setor produtivo
 Concessão de crédito
 Fusão de interesses
Fim do XIX e início do XX:
transformações
Ampliação da presença do Estado na
Economia
Protecionismo ao desenvolvimento
Transferência de recursos
Promoção de negócios internacionais
 Garantia de mercados
 Fornecedores
 Consumidores
 Aplicadores
 Imperialismo – nova colonização
Problemas (2)
 Diminui papel central da GB e crescimento novos países
industriais
 Antes da Guerra: produção industrial Alemã e norte-americana é
superior à britânica
 Novos produtos, tecnologias e novos padrões: mudam relações
de competitividade
 Novos países industriais (EUA, Alemanha ...) avançaram
defendendo livre-comércio mas praticando protecionismo
(consenso em torno dos liberais – abalado Hamilton e e List)
 Conseqüências: Cartelização e diminuição da defesa do livre comércio
nos países tradicionais
 Novos países, em geral, tem forte base agrícola
 demandas creditícias, monetárias internas diferentes da GB
 Posição no cenário internacional – diferente à época, na sua relação
com a periferia (estabilidade ao sistema)
 Balanço de Pagamento nos novos países não tão favorável ao
sistema
 Disputas internacionais afetam credibilidade e possibilidades de
solidariedade
 Tensões militares França, Grã-Bretanha e Alemanha
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que comércio global leva a uma melhora questionada
principalmente quando se percebe
 Melhora não é pareteana e mesmo que fosse, a posição relativa traz
tensões
 Existem ganhadores e perdedores,
 Por exemplo: especialização alija os produtores de bens relativamente
menos eficientes (ou com base em fatores de produção mais escassos)
mas que teriam espaço num mundo minimamente autárquico
o Fazendeiros dos países industriais e industriais dos países
exportadores de commodities
 Perdedores:
 Defendem papel protetor do Estado – Protecionismo (EUA) fuga das
regras do jogo
 Defesa papel redistribuidor do Estado
 Fuga das regras do jogo e políticas ativas (discricionários de
caráter permanente)
Problemas (3)
Líderes e periféricos
 BP Inglaterra (também França e Alemanha)
 Balança Comercial: déficit
 Balança de Transações correntes: superávit
 Balança de Capitais déficit (exportação de capitais)
 Apesar de déficit B. Comercial existem exportações de bens de
capital – vínculo entre exportadores e financistas (exportadores de
recursos)
 Acordo político que sustenta ligação entre abertura dos mercados :
comercial e financeiro
 Passa pela abertura dos países centrais às commodities periféricas
 Nem todos os produtores dos países centrais estão felizes com isto
(EUA)
 Implicitamente exportação de bens de capital também gera
possibilidade de ganhos de produtividade no setor exportador
periférico e melhorar possibilidade pagar divida externa
Balanço de pagamentos GB
(milhões de Libras)
1907 1913
Balança Comercial -142 -158
Balança de serviços 280 339
Fretes 85 94
Renda de investimentos 160 210
Juros 35 35
Transações correntes 150 181
Conta capital e financeira -91 -198
Variação de reservas -2 -5
Erros e omissões 51 1
As assimetrias
 Mais fácil desacelerar exportações de capital
quando há problemas na conta corrente do que
conseguir novos empréstimos para financiar
BTC ou fazer ajustes na própria
 Problema superávit de um, déficit de outro - manter
sistema mais difícil para país devedor que credor -
coordenação automática e simetria?
 Se existe cooperação, não chega à periferia da mesma
forma
 Sensação que importância dos países periféricos para
estabilidade sistêmica não era tão importante
 Países periféricos não colocam sistema em risco
18
Quem é a periferia ?
1) Exportadores de Produtos Primários
de Clima Temperado
 Concorrência com a produção europeia
 Novas técnicas e abundância de terras
 Argentina e Uruguai: elevadas taxas de crescimento
 Argentina
 Porto de Buenos Aires (final séc. XVIII)
 Grande exportador de peles, lã e carne seca, (final do XVIII)
 Expansão com base na exportação de carne
 Exportação: 27 para 376 mil ton. entre 1890 e 1914
19
2) Exportadores de Produtos
Primários de Clima Tropical
 Brasil, Colômbia, Equador, América Central, Caribe,
parte do México e Venezuela
 Café, cacau, açúcar, guano, banana, borracha
 Pouco impacto no desenvolvimento econômico
 Preços baixos
 Baixos salários
 Reduzida demanda de infraestrutura
 Exceção: Economia cafeeira de São Paulo
20
3) Exportadores de Produtos
Minerais
 México, Chile, Peru, Bolívia e Venezuela
 Industrialização na segunda metade do séc. XIX:
 Aumento da demanda de novas matérias-primas
 Economia de Enclaves:
 Grandes unidades produtivas controladas por capitais
estrangeiros
 Alta densidade de capital
 Reduzida demanda de mão-de-obra e baixos salários
 Pouca integração com a economia local
 Reduzido dinamismo do mercado interno
Países periféricos: problemas
 comportamento dos Termos de troca: grandes oscilações e
tendências de longo prazo
 Qual relação com fluxos de capital ?
 comportamento dos fluxos de capital: pró-ciclico ou contra cíclico ?
 O que ocorre quando fluxos de capital se retraem: existe aumento de
demanda por produtos dos países periféricos ?
 O que ocorre quando exportações caem – existe aumento da entrada de
capital nos países periféricos ?
 Se pró-ciclco (reforço mútuo entre balança de capital e
financeira e transações correntes): problema sério
 Problemas sócio-políticos (jogo de forças não é o mesmo)
 Influencia política dos que não defendem a conversibilidade
 Defensores da desvalorização e da inflação
 sobre quem recai os problemas de ajuste ?
22
O Imperialismo Formal:
a Ásia e a África
 “Colônias”:
 Fornecimento de matérias-primas
 Mercado consumidor
 Mercado de investimentos
 Índia: até 1858 – domínio da East Indian Company
 Vice-Reinado:
 Altos funcionários: Ingleses
 Escalões mais baixos (funcionários e soldados): Indianos
 Pressão ainda maior sobre o artesanato
 Mercado para os tecidos ingleses
 Papel fundamental da Índia para a indústria e para o
comércio inglês
 60% das exportações de tecidos depois de 1873
 Financiamento de mais de 40% dos déficits totais da Grã-Bretanha
26
Impérios Coloniais do Mundo: 1914
Número
de
Colônias
Superfície (milhares
de km2)
População
(milhares)
Metrópoles Colônias Metrópoles Colônias
Reino Unido 55 310 30.901 46.053 391.583
França 29 531 10.550 39.602 62.350
Alemanha 10 536 3.158 64.926 13.075
Bélgica 1 28 2.335 7.571 15.000
Portugal 8 90 2.063 5.960 9.680
Holanda 8 33 1.957 6.102 37.410
Itália 4 285 1.516 35.239 1.396
Estados Unidos 6 7.766 323 98.781 10.021
27
Interpretações acerca do “Imperialismo”
 Colonizadores: “Missão civilizatória do homem branco”
 Marxistas:
 Ligação com os trustes e cartéis monopolizadores e busca
de mercados
 Exportação de capitais
 Política externa agressiva necessária
 Lenin: “Imperialismo, o último estágio do capitalismo”
 Tendência inevitável do capitalismo
 Rosa Luxemburgo: forma de contrarrestar a tendência de queda da taxa de
lucro
 Acirramento das disputas entre as potências capitalistas centrais  guerras e
catástrofes
 Outros:
 Atavismo e/ou questões ligadas a certos grupos sociais
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  • 1. Amaury Gremaud HEG II A economia mundial no início do século XX
  • 2. Padrão Ouro  Funcionamento 1. Liquidação de pagamentos internacionais – em equivalente ouro Ouro 2. Conversibilidade da moeda nacional em Ouro e sistema de cambio fixo 3. Liberdade de fluxos de capitais 4. Política Monetária – mecanismos de juros  Recessão , inflação – ajustando balanços  Padrões Ouro: existem diferentes possibilidades: sistema fiduciário e proporcional (não critério único)  Regras acima – adesão voluntaria  AM tem poder discricionário  Sistema existe na prática pois (Eichengreen): a. Reduzida pressão política para sair das regras do jogo (equilíbrio externo) b. Crença que assim é melhor e que assim se fará – desestimula fluxos desestabilizadores c. Cooperação internacional
  • 3. Era de ouro do Padrão Ouro e mercado global (1896 – 1914)  Padrão Ouro importante para integração econômica internacional  estabilidade e previsibilidade: Comércio Internacional – Abertura  Confiabilidade e diminuição riscos: fluxos de capitais  Acreditava-se que PO age como um regulador e força ajuste via preços  Países: especialização  Mundo Ricardiano – ganhos de produtividade  GB: ainda manufaturas e serviços financeiros  Bélgica, França etc.: manufaturas  Alemanha: Ferro, Aço, Produtos Químicos e equipamentos pesados para Estradas de Ferro.  Periferia (Austrália, Argentina): minérios e agrícolas  Mercado Global
  • 4. J. M. Keynes Que episódio extraordinário do progresso econômico da humanidade foi a era que chegou ao fim em 1914 ... Enquanto tomava seu café da manha na cama, um habitante de Londres, poderia, por telefone, encomendar vários produtos de todo o planeta ...se aventurar investindo sua riqueza ...em qualquer parte do mundo. No entanto o mais importante: consideraria isto como o estado natural das coisas
  • 5. Todos tem esta opinião ?  Existem defensores importantes do sistema  O sujeito que tem telefone e que toma café na cama  Apoio intelectual  Financistas e aplicadores (poupadores)  Exportadores e intermediários  Não existem críticos ?  Só populistas americanos ?  Quem defende flexibilização do sistema ?  Quem são os protecionistas ?  Benefícios igualmente distribuídos ? Assimetrias ?
  • 6. Problemas  Estabilidade - depende de confiança e cooperação (Eichengreen)  não existir pressão política interna (isolamento das autoridades)  nem conflitos internacionais – solidariedade  Com tempo existe diminuição das condições de confiança solidariedade  falta de Ouro e desconfiança da alavancagem da Inglaterra  Diminui papel central da GB e crescimento novos países industriais  Disputas internacionais afetam credibilidade e possibilidades de solidariedade  Regente da orquestra: disputa pela posição ou ninguém quer seu ônus  crescem pressões políticas: Internas e externas  Diminui consenso – benefícios para quem ? o Trabalhadores e periféricos • Pareto ótimo - todos ganham mas não igualmente • Será Pareto ótimo? • Por que perseguir Pareto ótimo ?
  • 7.  Ordem liberal – século XIX: duas fases  Fase do crescimento do capitalismo originário - capitalismo concorrencial  GB termina e se aproveita das transformações produtivas ocorrida na sua economia  Industrialização base em têxteis mas se consolida com boom ferroviário  Estado e Sistema financeiro menos presente nesta evolução inicial, barreiras tecnológicas e financeiras não tão grandes  GB se transforma em oficina do mundo e grande exportadora de manufaturas o Tb grande importadora de matérias primas e alimentos o Comércio se difunde : Todos se aproveitam, GB se aproveita mais – assimetria (Hobsbawn) • Mesmo países europeus passam por uma fase de importação de bens ingleses (bens de capital – ferrovia) • Para países europeus e industrialização esta fase concorrencial permite industrialização e assimilação dos progresso técnicos ingleses • Periferia funcional – especialização primário
  • 8. Transições do capitalismo no século XIX  Fase concorrencial para a fase monopolista  Momento de transição: Crise (Deflação) 73-96  Nova fase: continua crescimento, expansão do comércio e mobilidade de capital e pessoas  Importância do Estado se amplia  Novas transformações tecnológicas  Nova ordenação empresarial  Concorrência internacional na produção e exportação de manufaturas (e busca de matérias primas)  Nova colonização  Liderança produtiva GB posta em cheque  GB passa a depender mais dos fluxos e serviços financeiros (de capital)  Apogeu do Padrão Ouro – centrado na GB e baseado em confiança e cooperação
  • 9. Fim do XIX e início do XX: transformações Mudanças tecnológicas – ampliação da incorporação da ciência ao processo produtivo (Segunda Revolução Industrial) Aço Motor a combustão interna Química fina Eletricidade
  • 10. Fim do XIX e início do XX: transformações  Mudanças na organização empresarial  Aumentos das escalas de produção e diminuição da concorrência nos mercados  Concentração do capital  Centralização do capital  Cartelização  Reações: legislação antitruste  Difusão das sociedades anônimas  Separação gestão e propriedade das empresas  Crescimento (e concentração) dos bancos e formação do “capital financeiro”  Estreitamento das relações com setor produtivo  Concessão de crédito  Fusão de interesses
  • 11. Fim do XIX e início do XX: transformações Ampliação da presença do Estado na Economia Protecionismo ao desenvolvimento Transferência de recursos Promoção de negócios internacionais  Garantia de mercados  Fornecedores  Consumidores  Aplicadores  Imperialismo – nova colonização
  • 12. Problemas (2)  Diminui papel central da GB e crescimento novos países industriais  Antes da Guerra: produção industrial Alemã e norte-americana é superior à britânica  Novos produtos, tecnologias e novos padrões: mudam relações de competitividade  Novos países industriais (EUA, Alemanha ...) avançaram defendendo livre-comércio mas praticando protecionismo (consenso em torno dos liberais – abalado Hamilton e e List)  Conseqüências: Cartelização e diminuição da defesa do livre comércio nos países tradicionais  Novos países, em geral, tem forte base agrícola  demandas creditícias, monetárias internas diferentes da GB  Posição no cenário internacional – diferente à época, na sua relação com a periferia (estabilidade ao sistema)  Balanço de Pagamento nos novos países não tão favorável ao sistema  Disputas internacionais afetam credibilidade e possibilidades de solidariedade  Tensões militares França, Grã-Bretanha e Alemanha
  • 13.  Crescem pressões políticas: Internas e externas: ideia de que comércio global leva a uma melhora questionada principalmente quando se percebe  Melhora não é pareteana e mesmo que fosse, a posição relativa traz tensões  Existem ganhadores e perdedores,  Por exemplo: especialização alija os produtores de bens relativamente menos eficientes (ou com base em fatores de produção mais escassos) mas que teriam espaço num mundo minimamente autárquico o Fazendeiros dos países industriais e industriais dos países exportadores de commodities  Perdedores:  Defendem papel protetor do Estado – Protecionismo (EUA) fuga das regras do jogo  Defesa papel redistribuidor do Estado  Fuga das regras do jogo e políticas ativas (discricionários de caráter permanente) Problemas (3)
  • 14. Líderes e periféricos  BP Inglaterra (também França e Alemanha)  Balança Comercial: déficit  Balança de Transações correntes: superávit  Balança de Capitais déficit (exportação de capitais)  Apesar de déficit B. Comercial existem exportações de bens de capital – vínculo entre exportadores e financistas (exportadores de recursos)  Acordo político que sustenta ligação entre abertura dos mercados : comercial e financeiro  Passa pela abertura dos países centrais às commodities periféricas  Nem todos os produtores dos países centrais estão felizes com isto (EUA)  Implicitamente exportação de bens de capital também gera possibilidade de ganhos de produtividade no setor exportador periférico e melhorar possibilidade pagar divida externa
  • 15. Balanço de pagamentos GB (milhões de Libras) 1907 1913 Balança Comercial -142 -158 Balança de serviços 280 339 Fretes 85 94 Renda de investimentos 160 210 Juros 35 35 Transações correntes 150 181 Conta capital e financeira -91 -198 Variação de reservas -2 -5 Erros e omissões 51 1
  • 16. As assimetrias  Mais fácil desacelerar exportações de capital quando há problemas na conta corrente do que conseguir novos empréstimos para financiar BTC ou fazer ajustes na própria  Problema superávit de um, déficit de outro - manter sistema mais difícil para país devedor que credor - coordenação automática e simetria?  Se existe cooperação, não chega à periferia da mesma forma  Sensação que importância dos países periféricos para estabilidade sistêmica não era tão importante  Países periféricos não colocam sistema em risco
  • 17. 18 Quem é a periferia ? 1) Exportadores de Produtos Primários de Clima Temperado  Concorrência com a produção europeia  Novas técnicas e abundância de terras  Argentina e Uruguai: elevadas taxas de crescimento  Argentina  Porto de Buenos Aires (final séc. XVIII)  Grande exportador de peles, lã e carne seca, (final do XVIII)  Expansão com base na exportação de carne  Exportação: 27 para 376 mil ton. entre 1890 e 1914
  • 18. 19 2) Exportadores de Produtos Primários de Clima Tropical  Brasil, Colômbia, Equador, América Central, Caribe, parte do México e Venezuela  Café, cacau, açúcar, guano, banana, borracha  Pouco impacto no desenvolvimento econômico  Preços baixos  Baixos salários  Reduzida demanda de infraestrutura  Exceção: Economia cafeeira de São Paulo
  • 19. 20 3) Exportadores de Produtos Minerais  México, Chile, Peru, Bolívia e Venezuela  Industrialização na segunda metade do séc. XIX:  Aumento da demanda de novas matérias-primas  Economia de Enclaves:  Grandes unidades produtivas controladas por capitais estrangeiros  Alta densidade de capital  Reduzida demanda de mão-de-obra e baixos salários  Pouca integração com a economia local  Reduzido dinamismo do mercado interno
  • 20. Países periféricos: problemas  comportamento dos Termos de troca: grandes oscilações e tendências de longo prazo  Qual relação com fluxos de capital ?  comportamento dos fluxos de capital: pró-ciclico ou contra cíclico ?  O que ocorre quando fluxos de capital se retraem: existe aumento de demanda por produtos dos países periféricos ?  O que ocorre quando exportações caem – existe aumento da entrada de capital nos países periféricos ?  Se pró-ciclco (reforço mútuo entre balança de capital e financeira e transações correntes): problema sério  Problemas sócio-políticos (jogo de forças não é o mesmo)  Influencia política dos que não defendem a conversibilidade  Defensores da desvalorização e da inflação  sobre quem recai os problemas de ajuste ?
  • 21. 22 O Imperialismo Formal: a Ásia e a África  “Colônias”:  Fornecimento de matérias-primas  Mercado consumidor  Mercado de investimentos  Índia: até 1858 – domínio da East Indian Company  Vice-Reinado:  Altos funcionários: Ingleses  Escalões mais baixos (funcionários e soldados): Indianos  Pressão ainda maior sobre o artesanato  Mercado para os tecidos ingleses  Papel fundamental da Índia para a indústria e para o comércio inglês  60% das exportações de tecidos depois de 1873  Financiamento de mais de 40% dos déficits totais da Grã-Bretanha
  • 22. 26 Impérios Coloniais do Mundo: 1914 Número de Colônias Superfície (milhares de km2) População (milhares) Metrópoles Colônias Metrópoles Colônias Reino Unido 55 310 30.901 46.053 391.583 França 29 531 10.550 39.602 62.350 Alemanha 10 536 3.158 64.926 13.075 Bélgica 1 28 2.335 7.571 15.000 Portugal 8 90 2.063 5.960 9.680 Holanda 8 33 1.957 6.102 37.410 Itália 4 285 1.516 35.239 1.396 Estados Unidos 6 7.766 323 98.781 10.021
  • 23. 27 Interpretações acerca do “Imperialismo”  Colonizadores: “Missão civilizatória do homem branco”  Marxistas:  Ligação com os trustes e cartéis monopolizadores e busca de mercados  Exportação de capitais  Política externa agressiva necessária  Lenin: “Imperialismo, o último estágio do capitalismo”  Tendência inevitável do capitalismo  Rosa Luxemburgo: forma de contrarrestar a tendência de queda da taxa de lucro  Acirramento das disputas entre as potências capitalistas centrais  guerras e catástrofes  Outros:  Atavismo e/ou questões ligadas a certos grupos sociais  Política nacionalista como forma de conter a luta de classes