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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI
INSTITUTO INTERDISCIPLINAR DE SOCIEDADE, CULTURA E ARTE
CURSO DE JORNALISMO
LIDIANE LEITE MACÊDO ALMEIDA
O USO DO TWITTER NOS ATENTADOS TERRORISTAS EM PARIS:
como o jornalismo dialoga com as mídias sociais
JUAZEIRO DO NORTE
2016
LIDIANE LEITE MACÊDO ALMEIDA
O USO DO TWITTER NOS ATENTADOS TERRORISTAS EM PARIS:
como o jornalismo dialoga com as mídias sociais
Monografia apresentada ao Curso de
Jornalismo da Universidade Federal do
Cariri, como requisito para a obtenção do
Título de Bacharel em Jornalismo.
Orientadora: Profª. Ma. Milene Madeiro de
Lucena
JUAZEIRO DO NORTE
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Cariri
Sistema de Bibliotecas
A447u Almeida, Lidiane Leite Macêdo.
O uso do twitter nos atentados terroristas em Paris: como o Jornalismo dialoga com as
mídias sociais / Lidiane Leite Macêdo Almeida. – 2016.
81 f.: il. color., enc. ; 30 cm.
TCC (Graduação) – Universidade Federal do Cariri, Instituto Interdisciplinar de
Sociedade, Cultura e Arte, Curso de Jornalismo, Juazeiro do Norte, 2016.
Orientação: Profª. Me. Milene Madeiro de Lucena.
1. Redes Sociais. 2. Produção Jornalística - Twitter. 3. Comunicação. I. Título.
CDD 302.23
LIDIANE LEITE MACÊDO ALMEIDA
O USO DO TWITTER NOS ATENTADOS TERRORISTAS EM PARIS:
como o jornalismo dialoga com as mídias sociais
Monografia apresentada ao Curso de
Jornalismo da Universidade Federal do
Cariri, como requisito para a obtenção do
Título de Bacharel em Jornalismo.
Orientadora: Profª. Ma. Milene Madeiro de
Lucena
Aprovada em ____ / ____ / ______ .
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
Prof. Ma. Milene Madeiro de Lucena
Universidade Federal do Cariri (UFCA)
___________________________________________________________
Prof. Me. Ricardo Rigaud Salmito
Universidade Federal do Cariri (UFCA)
___________________________________________________________
Prof. Me. Alessandro Wilson Gonçalves Reinaldo Fernandes
Universidade Federal do Cariri (UFCA)
AGRADECIMENTOS
Poderia escrever páginas e páginas para agradecer cada pessoa que me
aguentou durante esses cinco anos – divididos entre duas universidades, dois mundos
diferentes, amigos incríveis que tive a chance de conhecer e guardar para a vida. Paro
para pensar quantas vezes quis desistir e eles não me deixaram, porque acreditaram
na minha capacidade de chegar até aqui. Foram cinco anos de experiências que não
vou esquecer, livros que li, seminários que me deixaram com os cabelos em pé. Difícil
é descrever o que aprendi durante todo esse tempo, com certeza entregando cada
desafio nas mãos de Deus e pedindo paciência sempre.
Aos meus pais, Aélio e Célia, as pessoas mais importantes nesse processo.
Nunca me disseram o que fazer e sempre incentivaram as minhas escolhas, me dando
alternativas quando eu achava que tinha me perdido. Obrigada por investirem em mim
e me mostrarem o quanto é importante ter uma educação de qualidade. Vocês são a
minha luz no fim do túnel.
Ao meu irmão Artur que, em minhas fases mais estressantes, sempre tinha
alguma piada pronta para me fazer rir. Obrigada por completar minha existência. A
minha vó Leani, por ter me ensinado tanto mesmo sem nem se dar conta disso; por
ter feito com que minha infância fosse repleta de livros, poesias, histórias e sonhos.
Obrigada por ainda estar aqui.
Aos meus amigos de Fortaleza – Iara Sá, Thaís Holanda, Nícolas Brandolim,
Marília Ceres, Ana Beatriz Vieira, Ahynssa Thamir, Otelino Filho e Marina Freire, que
iniciaram essa jornada comigo, mas, infelizmente, não concluímos juntos; a amizade,
entretanto, continua. A eles, agradeço as risadas, os trabalhos mais divertidos e por
não me deixarem perder o meu sotaque.
Aos meus amigos da UFCA – Andressa Figueiredo, Felipe Azevedo, Alinne
Alcantara e Amanda Cruz; sem eles para me acompanharem todas as noites nas
aulas e nas reclamações, eu nem estaria aqui. Obrigada pela companhia, pelas ideias
e por acreditarem em mim, mesmo em meus piores momentos de desespero. Ao meu
caro amigo Antonio Pinheiro, por toda a ajuda que me deu na produção deste trabalho,
pelas sábias palavras e por ser um jornalista incrível com quem tive a chance de
trabalhar.
As minhas pessoas favoritas – Marcelo, Stella, Nunes, Kennedy e Jéssica –
que estão presentes em minha vida todos os dias. Obrigada pelo apoio, pelas risadas,
pelas brigas, pelas opiniões e por serem quem são.
Ao professor Ricardo Salmito, que me guiou no início deste trabalho e fez com
que eu acreditasse que conseguiria finalizá-lo. À minha querida professora e
orientadora, Milene Madeiro, ser humano maravilhoso que aceitou me acompanhar
nesta caminhada, me ensinando a cada leitura e observação, confiando em mim e
tendo paciência com meus e-mails enormes. Não poderia ter escolhido alguém
melhor.
Por fim, agradeço aos meus seguidores e amigos do Twitter, que assistiram
toda a saga da minha monografia, leram minhas centenas de lamentações e estiveram
comigo na alegria e na tristeza. Com certeza, eles me inspiraram e fizeram tudo
parecer mais divertido.
Sim, apontei para a fé e remei. E continuarei indo.
“Como um grupo de amigos contando o
que haviam feito naquela noite, cada um
sentado em um lugar, todos juntos, eles
conversavam. Tuitando.” (A Eclosão do
Twitter, Nick Bilton, 2013)
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre o papel do Twitter na colaboração
para a produção jornalística atualmente, utilizando os atentados terroristas em Paris,
em 13 de novembro 2015, como estudo de caso. Propõe ainda debater a respeito dos
usuários de redes sociais como fonte de pesquisa para os jornalistas, funcionando
ainda como colaboradores e não como opositores, já que algumas notícias são
divulgadas em primeira mão na rede social. O Twitter, caracterizado como microblog,
foi criado em 2006 e trouxe diversas modificações para o fazer jornalístico. Assim,
buscou-se mostrar como as mídias sociais impactaram no jornalismo tradicional,
tendo como base principalmente autores como Brambilla, Lévy, Marcondes Filho,
Recuero, Shirky e Steganha. Por meio da seleção de quatro casos – o perfil
@ParisVictims, trazendo as vítimas dos atentados; o perfil da jornalista independente
@laysushi, que acompanhou em tempo real os acontecimentos; três tweets de
mulçumanos que eram contra os ataques, publicados em matéria no portal da BBC
Brasil; e, por último, o tweet postado por mulçumanos que diziam-se responsáveis
pelo ato terrorista na capital francesa, publicado no site do Diário de Pernambuco –
percebeu-se que o Twitter é ferramenta importante na produção e no
compartilhamento de informações nos dias de hoje.
Palavras-chave: Jornalismo. Twitter. Redes Sociais. Paris.
ABSTRACT
This paper has the purpose to reflect about Twitter in collaboration for the currently
journalistic production, using the terrorist attacks in Paris on November 13, 2015, as a
case study. It also proposes debate about the social network users as a source of
research for journalists, still working as collaborators and not as opponents, as some
news are reported firsthand on the social network. Twitter, characterized as
microblogging, was established in 2006 and brought several changes to the journalistic
working. Therefore, we tried to show how social media impacted on traditional
journalism, based mainly authors like Brambilla, Lévy, Marcondes Filho, Recuero,
Shirky and Steganha. Through the selection of four cases - the profile of
@ParisVictims, bringing the victims of the attacks; the profile of @laysushi,
independent journalist who followed the events in real time; three tweets of Muslims
who were against the attacks, published on the website of BBC Brazil; and, finally, the
tweet posted by Muslims who claimed themselves responsible for the terrorist act in
the French capital, published in the Diário de Pernambuco website - it was realized
that Twitter is an important tool in the production and sharing of information nowadays.
Keywords: Journalism. Twitter. Social networks. Paris.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - O funcionamento da Web 2.0.................................................. 17
FIGURA 2 - Estatísticas globais acerca do uso da internet........................ 18
FIGURA 3 - O pássaro azul, símbolo do Twitter......................................... 36
FIGURA 4 - O primeiro tweet...................................................................... 37
FIGURA 5 - O perfil de Ev Williams no Twitter............................................ 41
FIGURA 6 - O reply..................................................................................... 43
FIGURA 7 - Exemplo de Hashtag............................................................... 44
FIGURA 8 - Símbolo do Retweet................................................................ 45
FIGURA 9 - Símbolo do curtir...................................................................... 46
FIGURA 10 - Página inicial do Twitter........................................................... 48
FIGURA 11 - Perfil do En mémoire............................................................... 53
FIGURA 12 - Elif Dogan, 26, Turquia............................................................ 54
FIGURA 13 - Guillaume Decherf, 43, França............................................... 55
FIGURA 14 - Richard Rammant, 53, França................................................ 55
FIGURA 15 - Mathias Dymarski, França...................................................... 56
FIGURA 16 - Primeiro tweet de Ushirobira sobre os ataques em Paris....... 59
FIGURA 17 - Tweet postado em tempo real, com imagem do metrô em
Paris........................................................................................ 59
FIGURA 18 - Uso da hashtag #paris para categorizar o tweet.................... 59
FIGURA 19 - Imagem em tempo real de Paris, postada às 22:50............... 60
FIGURA 20 - Tweet de @IngridMattson....................................................... 64
FIGURA 21 - Tweet de @raisadoon............................................................. 64
FIGURA 22 - Tweet de @DrUmarAlQadri.................................................... 65
FIGURA 23 - Tweet publicado no portal do Diário de Pernambuco............. 67
FIGURA 24 - Tweet publicado no perfil do Diário de Pernambuco...............68
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10
2 REDES SOCIAIS E A COMUNICAÇÃO ...................................................... 15
2.1 O surgimento da Internet e a Web 2.0 ............................................ 15
2.2 Comunicação e o ciberespaço ........................................................ 19
2.3 O impacto das mídias sociais no Jornalismo .................................. 24
2.4 Definições e características das redes sociais ............................... 29
2.4.1 O Facebook........................................................................ 33
3 O TWITTER .................................................................................................. 36
3.1 E do verbo fez-se o tweet ................................................................ 36
3.2 140 caracteres ................................................................................ 39
3.3 Por que tweetamos?........................................................................ 47
4 ATENTADOS EM PARIS: O TWITTER COMO PLATAFORMA DE DIFUSÃO DE
INFORMAÇÃO................................................................................................... 50
4.1 Contexto e repercussão nas redes sociais ..................................... 50
4.2 Análise de tweets............................................................................. 51
4.2.1 @ParisVictims.................................................................... 52
4.2.2 @laysushi........................................................................... 57
4.2.3 BBC Brasil.......................................................................... 62
4.2.4 Diário de Pernambuco........................................................ 66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 71
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 74
ANEXO A – REPORTAGEM DA BBC BRASIL .............................................. 78
ANEXO B – REPORTAGEM DO DIÁRIO DE PERNAMBUCO ...................... 81
10
1 INTRODUÇÃO
O jornalismo constantemente passa por diversas modificações na sua
produção devido o surgimento das novas tecnologias, que estão sempre se
atualizando e trazendo alterações para a rotina do jornalista. Do nascimento da escrita
à origem da Internet, a comunicação foi se adaptando às necessidades que surgiam,
de maneira que essas ferramentas são essenciais e indispensáveis nos dias de hoje.
A facilidade que os computadores e os celulares trouxeram para a vida das
pessoas mudou o modo que elas se comunicam entre si. Um telefone móvel não é
mais apenas um objeto qualquer que permite fazer ligação, mas é um instrumento do
dia a dia, permitindo registrar acontecimentos em primeira mão, como assaltos,
acidentes, tragédias naturais como terremotos, ou até mesmo um cachorro que anda
de skate e pode viralizar na web.
Com a internet, você não está apenas a um mero clique de distância da
maioria das coisas que podemos imaginar; você também nunca está sozinho.
Não importa o quão bizarro, inusitado, eclético ou até mesmo ilegal seja o
seu gosto – em termos de sexo ou basicamente qualquer outra coisa -,
sempre existirão outros como você do ouro lado, equipados com conselhos,
fóruns, sistemas de encontro e discretos protocolos de segurança, conforme
o necessário. Diga ao mundo o que você quer, e se houver alguém disposto
a dar o que você deseja, é bem provável que a tecnologia irá colocá-los em
contato. (CHATFIELD, 2012, p. 104)
Em fevereiro de 2009, um avião da Turkish Airlines transportando 134
passageiros caiu na Holanda e, segundo o portal G11, a foto do acidente aéreo foi
divulgada primeiramente no Twitter, além de informações sobre o acontecido. Outro
exemplo também foi um terremoto que ocorreu em Los Angeles, Califórnia, em 2008;
os usuários do microblog comentavam em tempo real os tremores que também
aconteciam em San Diego. O Twitter se mostra, assim, como um meio de
compartilhamento de notícias, principalmente em tempo real, onde os internautas têm
a chance de comentar, criticar, discutir e divulgar informações a respeito do que acham
interessante.
Por ser uma mídia que permite postagens de apenas 140 caracteres, o Twitter
pode parecer bastante limitado. Entretanto, é possível o uso de links dentro dessas
1
Disponível em:
<http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1017557-5602,00-
FOTO+DE+ACIDENTE+AEREO+NA+HOLANDA+APARECEU+PRIMEIRO+NO+TWITTER+DIZ+CNN.html> Acesso em:
15 de fevereiro de 2016.
11
mensagens, de maneira que, se o usuário tiver interesse maior no conteúdo, ele pode
ter acesso a mais informações. O microblog, como será mostrado no Capítulo 3, foi
criado com o objetivo de fazer com que as pessoas dissessem umas às outras o que
estavam fazendo, o que estava acontecendo. A sua limitação no tamanho das
postagens mostra que o Twitter é uma ferramenta ideal para quem quer uma
informação mais ágil e objetiva. Em sua coluna no portal do O Globo2, a jornalista
Cora Rónai afirma que o Facebook e o Twitter se diferenciam no quesito
temporalidade. “Tuítes têm vida muito curta: ou são vistos assim que vão ao ar, ou
caem no vazio. O que se escreve no Facebook, ao contrário, tem uma permanência
muito maior; há textos e imagens que vão e vêm indefinidamente, às vezes durante
anos”. O Twitter aparece, assim, como uma nova forma de comunicar para além dos
meios já existentes.
Hoje, é pouco provável os jornalistas realizarem uma pesquisa sobre suas
fontes ou assuntos a serem tratados sem acessar a Internet. Percebe-se, então, que
há a necessidade de existir uma relação mais próxima entre os internautas e os
profissionais do jornalismo. Portanto, este trabalho de conclusão de curso tem o
objetivo de entender de que forma o Twitter modifica o trabalho dos profissionais
jornalistas, através da colaboração dos usuários e das mudanças nas rotinas de
produção, e ainda se contribui para assegurar a credibilidade no repasse das
informações.
A metodologia escolhida foi Estudo de Caso. Diante das definições com
respeito a esse processo, Yin (2005) explica que nesse tipo de pesquisa o investigador
busca responder questões “como” e “por que”, “quando o foco se encontra em
fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real” (YIN, 2005, p.
19). Logo,
[...] utiliza-se o estudo de caso em muitas situações, para contribuir com o
conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais,
sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados. [...] o
estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características
holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real [...]. (YIN, 2005, p.
20)
Dentre as características, podemos citar principalmente os meios utilizados
para o recolhimento dos dados, como reportagens, tweets e também a própria
2
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/twitter-ou-facebook-15899921> Acesso em:
15 de fevereiro de 2016.
12
pesquisa bibliográfica (aqui, o uso de diversas fontes para o estabelecimento das
hipóteses e análises). Esse tipo selecionado de estudo de caso – com o intuito de
avaliar como o jornalismo e as mídias sociais mantêm um diálogo – utiliza tanto
pesquisas históricas, quanto revisão de literatura. Neste trabalho, trouxemos o
surgimento da Internet e das Redes Sociais e, brevemente, como o jornalismo foi se
adaptando a isso ao longo do tempo (Capítulo 1). Além disso, buscamos mostrar a
evolução gradual do Twitter (Capítulo 2) e suas atualizações.
[...] o poder diferenciador do estudo de caso é sua capacidade de lidar com
uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e
observações – além do que pode estar disponível no estudo histórico
convencional. (YIN, 2005, p. 27)
Como não existe um roteiro definido para a elaboração do estudo de caso, este
trabalho foi dividido em quatro fases: 1) delimitação do caso; 2) seleção dos objetos;
3) análise dos objetos e 4) elaboração do trabalho final. Posto isso, observam-se as
vantagens desse tipo de metodologia para esta monografia: desenvolvimento de uma
pesquisa mais aprofundada, incentivando novas descobertas, além de permitir uma
análise mais significativa dos objetos e de como eles se relacionam.
Para isso, o caso escolhido foram os atentados terroristas que ocorreram em
Paris, em 13 de novembro de 2015. Para análise, foram selecionados quatro casos,
representados por dois perfis e dois tweets publicados por fontes diferentes, mas que
nos permitem investigar o entrelaçamento entre o Twitter e jornalistas ou empresas
de comunicação, na cobertura do acontecimento: 1) @ParisVictims, perfil criado pela
Mashable, uma empresa jornalística, representa as novas frentes do jornalismo
convencional nas mídias sociais; 2) @laysushi, perfil da jornalista Lays Ushirobira,
representando o jornalismo independente dentro de uma rede social (já que ela não
está ligada a nenhuma instituição/empresa); 3) Três tweets que foram postados no
portal da BBC Brasil, para mostrar como o jornalismo tradicional utilizou o Twitter como
fonte para sua matéria; 4) Tweet em que o Estado Islâmico comemora os ataques à
Paris, divulgado no portal do Diário de Pernambuco (pelas pesquisas realizadas, o DP
foi o único site encontrado que tem a imagem do tweet oficial, escrito em árabe e sem
tradução), representando mais uma vez como a mídia social pode ser fonte do
jornalismo.
Os quatro casos foram selecionados para avaliação devido à repercussão dos
atentados no Twitter. Em pesquisas realizadas sobre o tema na internet, esses quatro
13
objetos se sobressaíram por serem citados em diversas reportagens. Durante o
acontecimento, usuários e jornalistas estavam alerta para as notícias mais recentes,
divulgando e compartilhando informações. Quando ocorreram, os atentados se
tornaram notícia tanto nos veículos de comunicação tradicionais, quanto nas mídias
sociais; inclusive, a hashtag #PrayForParis (#RezePorParis), ficou entre os primeiros
mais comentados nos Trending Topics mundial no Twitter3. Dessa maneira, consegue-
se enxergar a relevância do tema para um trabalho acadêmico, e ainda perceber a
recepção das redes sociais através das manifestações dos usuários. Dessa maneira,
foram escolhidos quatro objetos diferentes por terem alguma relação com o
jornalismo, de maneira a serem utilizados como base para análise.
Assim, esta monografia foi dividida em três capítulos que se complementam em
suas explanações. Para a primeira parte, discussão sobre o surgimento da Internet,
baseando-se nas explicações de Castells (1999; 2003), relata-se sobre o contexto em
que ela apareceu e como foi evoluindo até chegar ao que hoje é chamado de Web
2.0. Logo após, segue a comunicação e o ciberespaço, adotando como base os
conceitos de Lévy (1999) a respeito da Cibercultura, de maneira a compreender como
o universo virtual impacta no ato de fazer comunicação. Após essas definições, faz-
se um breve apanhado sobre a evolução do Jornalismo até chegar na era das
tecnologias, focando no impacto das mídias sociais nessa área da Comunicação
Social, tendo como princípios os estudos de Marcondes Filho (2009) e Moherdaui
(2002). Por fim, as redes sociais serão estudadas, tendo como fundamentais autores:
Recuero (2009; 2011), Brambilla (2011), Boyd e Ellison (2007), entre outros estudiosos
da área. O que são as redes sociais, como elas são estruturadas, além de fazer um
breve histórico sobre o Facebook, já que, de certa forma, ele possui algumas
semelhanças com o Twitter, objeto de estudo deste trabalho.
De acordo com Boyd e Ellison (2007, p. 211, tradução nossa): “O que faz dos
sites de rede social únicos não é que eles permitam que os indivíduos conheçam
estranhos, mas sim que eles permitem que os usuários articulem e tornem visível suas
redes sociais.”4 Compreende-se, assim, que o fato de o Twitter permitir que as
pessoas criem perfis públicos e interajam por meio deles, faz com que o microblog
3
Disponível em: <http://m.mdemulher.abril.com.br/estilo-de-vida/m-trends/prayforparis-internet-se-comove-
apos-atentados-simultaneos-na-capital-francesa> Acesso em: 15 de fevereiro de 2016.
4
What makes social network sites unique is not that they allow individuals to meet strangers, but rather that they
enable users to articulate and make visible their social networks.
14
esteja inserido no conceito de site de rede social. Dessa maneira, o segundo capítulo
traz o aparecimento e a evolução do Twitter, de tal forma que será explicado cada
elemento que compõe a plataforma. Para o primeiro tópico, como surgiu o Twitter: a
ideia inicial, o conceito, os criadores etc. Posteriormente, a estrutura do site. Por fim,
um questionamento: por que tweetamos?
Com a análise final no último capítulo, observamos que o jornalismo ganhou
um aliado com os usuários de redes sociais, destacando-se aqueles internautas que
estão presentes no Twitter. São essas adaptações que mostram como uma função
complementa a outra, permitindo que o público participe da produção jornalística e da
apuração da notícia.
15
2 REDES SOCIAIS E A COMUNICAÇÃO
A Internet, desde o seu surgimento, passa por frequentes mudanças a cada
dia. O que na sua origem servia apenas para fins militares, hoje abrange a
comunicação como um todo, trazendo os usuários para dentro do mundo virtual de
maneira que possam realizar seus trabalhos com mais facilidade e se tornarem mais
próximos um do outro, mesmo a quilômetros de distância. Essas inovações
tecnológicas revolucionaram o conhecimento, visto que dentro da rede é possível
encontrar todo tipo de informação. Para entender isso e, principalmente, para saber
como essas redes são essenciais no compartilhamento de informações, é preciso
conhecer de que modo a Internet apareceu e revolucionou o contato entre os
indivíduos, tema que será analisado a seguir.
2.1 O surgimento da Internet e a Web 2.0
A Internet surge no contexto da Guerra Fria, entre as décadas de 1960 e 70,
com a rede de computadores Arpanet. A missão da ARPA (Advanced Research
Projects Agency), criada em 1958, era “mobilizar recursos de pesquisa [...] com o
objetivo de alcançar superioridade tecnológica militar em relação à União Soviética na
esteira do lançamento do primeiro Sputnik em 1957” (CASTELLS, 2003, p. 13).
No início, o que se procurava era fazer uma conexão entre os mais importantes
centros universitários de pesquisa americanos e o Pentágono, de modo que, além de
troca de informações rápidas e protegidas pela rede, o país também teria uma
tecnologia que permitiria o armazenamento e a sobrevivência de informações caso
acontecesse uma guerra nuclear. Entretanto, não se pensava que a Internet se
tornaria o que é atualmente: uma rede de computadores, conhecimento e
comunicação. Castells (2003, p. 15) explica que:
No início da década de 1990 muitos provedores de serviços da Internet
montaram suas próprias redes e estabeleceram suas próprias portas de
comunicação em bases comerciais. A partir de então, a Internet cresceu
rapidamente como uma rede global de redes de computadores. O que tornou
isso possível foi o projeto original da Arpanet, baseado numa arquitetura em
múltiplas camadas, descentralizada, e protocolos de comunicação abertos.
Nessas condições a Net pôde se expandir pela adição de novos nós e a
reconfiguração infinita da rede para acomodar necessidades de
comunicação.
16
Pinho (2003) conta que em 1990 a Arpanet foi encerrada, fazendo nascer a
Internet. Em dezembro desse mesmo ano o cientista da computação e físico britânico
Tim Berners-Lee criou a rede mundial, o World Wide Web (WWW), lançado na Net
apenas em agosto de 1991 que, segundo Castells (2003, p. 17), foi “o que permitiu à
Internet abarcar o mundo todo”.
Em 1993, os meios de comunicação e o mundo dos negócios descobrem a
Internet, enquanto a ONU inaugura sua página na rede, no endereço
http://www.un.org. A Casa Branca monta o seu site [...] e divulga o endereço
eletrônico do presidente dos Estados Unidos [...]. Os indicadores são
espantosos: o tráfego na WWW cresce a uma taxa anual de 341,64%. O
número de hosts da Internet dobra em um ano, atingindo 2 milhões em 1993
[...]. (PINHO, 2003, p. 34)
Depois disso, hackers de todos os lugares do mundo inspiraram-se para
desenvolver seus próprios navegadores, de modo que, em 1995, foi a vez da Microsoft
adentrar a esse ramo, juntamente ao seu software do Windows 95. O Internet Explorer
(IE) foi líder de mercado, mas acabou perdendo espaço para alguns concorrentes de
peso, principalmente o Google Chrome. Em 1996, já existiam aproximadamente 80
milhões de usuários conectados em cerca de 150 países (PINHO, 2003).
Castells (2003, p. 19) conclui, assim:
Embora a Internet tivesse começado na mente dos cientistas da computação
no início da década de 1960, uma rede de comunicações por computador
tivesse sido formada em 1969, e comunidades dispersas de computação
reunindo cientistas e hackers tivessem brotado desde o final da década de
1970, para a maioria das pessoas, para os empresários e para a sociedade
em geral, foi em 1995 que ela nasceu.
Ou seja, apesar de ter surgido nos anos 1960, foi somente 35 anos depois que
a Internet tornou-se conhecida e, diga-se de passagem, começou a ser acessível para
os cidadãos. Com isso, sua evolução começa a acelerar, de maneira que se inseriu
na rotina diária dos indivíduos como um meio de comunicação, para além dos já
existentes como a TV, o rádio e veículos impressos. Através dessa expansão, a
Internet trouxe para a vida das pessoas a facilidade de realizar pesquisas, atividades,
contatos, sem precisar sair de casa. Rüdiger (2011) concorda com Castells ao dizer
que as mídias digitais interativas deixaram de ser meios de comunicação no sentido
tradicional, de modo que o que ele chama de “clientes da velha mídia” estão
abandonando a sua característica de sujeitos de recepção e tornando-se criadores de
conteúdo.
17
O termo Internet foi cunhado com base na expressão inglesa “INTERaction
or INTERconnection between computer NETworks”. Assim, a Internet é a rede
das redes, o conjunto de centenas de redes de computadores conectados em
diversos países dos seis continentes para compartilhar a informação e, em
situações especiais, também recursos computacionais. As conexões entre
elas empregam diversas tecnologias, como linhas telefônicas comuns, linhas
de transmissão de dados dedicadas, satélites, linhas de microondas e cabos
de fibra óptica. (PINHO, 2003, p. 41)
Em consequência disso, aparece a Web 2.0, termo criado pelo estudioso Tim
O’Reilly em outubro de 2004 para descrever a segunda geração da World Wide Web.
Segundo Moreira e Dias (2009), o que mais se destaca na Web 2.0 é o envolvimento
dos indivíduos no processo de desenvolvimento. Como visto na Figura 1, antes da
Web 2.0, apenas o produtor de conteúdo era responsável em compartilhar a
informação na Web; agora, tanto ele quanto os usuários se responsabilizam por essa
tarefa. A Web 2.0 torna-se uma Web Social, voltada para a colaboração, participação
e descentralização. Primo (2007, p. 1) reafirma essa ideia ao dizer que:
A Web 2.0 é a segunda geração de serviços online e caracteriza-se por
potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de
informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os
participantes do processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma
combinação de técnicas informáticas [...], mas também a um determinado
período tecnológico, a um conjunto de novas estratégias mercadológicas e a
processos de comunicação mediados pelo computador.
Figura 1 – O funcionamento da Web 2.0
Fonte: https://cienciadoispontozero.files.wordpress.com/2009/11/webxweb22.png
Acesso em: 11 de novembro de 2015.
Assim, os usuários fazem parte do sistema e têm maior disponibilidade para
acessar e interferir nesse meio. Eles se tornam produtores do conteúdo, deixando de
18
lado apenas o sentido de consumidor e aderindo à característica de criador. Na
segunda geração da Web, essas informações deixaram de ser armazenadas somente
no computador pessoal do usuário; agora, é possível deixá-las arquivadas na rede.
[...] o usuário que produz o conteúdo, deixando de ser apenas consumidor de
informação e passando a ser o agente construtor, formando assim uma
comunidade, garantindo a credibilidade das informações publicadas, e a
disseminação do conteúdo. (MOREIRA; DIAS, 2009, p. 5)
De acordo com o relatório Digital, Social & Mobile in 2015 (Figura 2), divulgado
em janeiro de 2015 e produzido pela agência de marketing social We are the media5,
42% da população mundial encontra-se ativa na internet, o equivalente a 3.038 bilhões
de usuários, incluindo conexões fixas e móveis. Além disso, 29% têm contas ativas
nas mídias sociais, levando em consideração o número de contas e não apenas o
número de usuários.
Figura 2 – Estatísticas globais a respeito do uso da internet.
Fonte: http://wearesocial.net/blog/2015/03/digital-social-mobile-apac-2015/
Acesso em: 11 de novembro de 2015.
No Brasil, ainda conforme a pesquisa, 54% da população total têm acesso à
internet – um total de 110 milhões de brasileiros – e 47% (96 milhões) possui contas
ativas em redes sociais. O resultado da análise mostra que o número de usuários
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Disponível em: <http://wearesocial.net/blog/2015/03/digital-social-mobile-apac-2015/> Acesso em: 04 de
junho de 2015.
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globais da internet cresceu cerca de 28 milhões nos últimos dois meses e, além disso,
tendências globais atuais indicam que cerca de meio milhão de pessoas têm acesso
a um aparelho móvel todos os dias.
Neste cenário de Web 2.0, participação ativa dos cidadãos no meio virtual, entre
outras características, pode-se afirmar que o e-mail foi uma das primeiras formas que
o sujeito encontrou para comunicar-se com outros, de modo que não necessitava de
contato físico ou via telefone. O problema do e-mail é que pode ou não haver uma
resposta imediata, diferente dos sites de redes sociais, que permitem uma
conversação instantânea. Além do e-mail, os blogs ganharam destaque por serem
espaços onde os indivíduos compartilhariam informações ou posicionamentos
críticos, para serem lidos por outros que também se encontravam no ambiente on-
line. As redes sociais também se tornaram relevantes nesse contexto, permitindo que
os seus usuários interagissem entre si, necessitando apenas de uma conexão com
uma ou mais redes.
2.2 Comunicação e o ciberespaço
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo
das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o
trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose
incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura,
visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática
cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica
sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre
experiência e teoria. (LÉVY, 2004, p. 4)
O homem é um produto do meio em que vive e, consequentemente, transforma
esse meio. Conforme novas tecnologias vão surgindo, mais faz-se necessário que ele
se adapte a elas. Hoje, pessoas possuem uma necessidade quase física de estarem
ligadas aos seus computadores, celulares e outros dispositivos digitais. O que se
percebe é que essas ferramentas facilitaram e bastante o modo de viver no século
XXI, através das possibilidades de comunicação, entretenimento e até de suas ações
políticas e econômicas. O ato de comunicar não quer dizer propriamente que um
indivíduo vai fornecer algo novo a outro, mas mostra que eles estabelecem alguma
relação.
Seria a transmissão de informações a primeira função da comunicação?
Decerto que sim, mas em um nível mais fundamental o ato de comunicação
define a situação que vai dar sentido às mensagens trocadas. A circulação de
20
informações é, muitas vezes, apenas um pretexto para a confirmação
recíproca do estado de uma relação. (LÉVY, 2004, p. 13)
Dessa maneira, é indispensável deixar claro as diferenças entre comunicar e
informar. Como já foi dito e Wolton (2012) enfatiza, o homem sempre teve a
necessidade de se comunicar e de se relacionar com os outros. Conforme a versão
on-line do dicionário Michaelis, comunicar significa “1 Fazer saber; participar [...] 2 Pôr
em contato ou ligação; ligar, unir [...] 3 Tornar comum; transmitir [...] 4 Propagar-se,
transmitir-se [...] 5 Pegar por contágio [...] 8 Conferenciar, falar [...] 9 Corresponder-se,
ter relações. [...]”6 e informar denota à “1 Dar informe ou parecer sobre [...] 2 Dar
informação a, dar conhecimento ou notícias a; avisar [...] 3 Contar, participar
[...] 4 Tomar conhecimento de; inteirar-se [...]”7. Marcondes Filho (2009) explica que,
em seu sentido tradicional, a comunicação é o ato de trocar mensagens para
estabelecer uma ligação com alguém, como também é a transmissão de informações,
mas que precisa levar em consideração o contexto em que é apresentada. A
informação, entretanto, não aceita a intrusão do indivíduo na mensagem que ele
repassa.
O jogo da comunicação consiste em, através de mensagens, precisar, ajustar,
transformar o contexto compartilhado pelos parceiros. Ao dizer que o sentido
de uma mensagem é uma "função" do contexto, não se define nada, já que o
contexto, longe de ser um dado estável, é algo que está em jogo, um objeto
perpetuamente reconstruído e negociado. Palavras, frases, letras, sinais ou
caretas interpretam, cada um à sua maneira, a rede das mensagens
anteriores e tentam influir sobre ó significado das mensagens futuras. O
sentido emerge e se constrói no contexto, é sempre local, datado, transitório.
A cada instante, um novo comentário, uma nova interpretação, um novo
desenvolvimento podem modificar o sentido que havíamos dado a uma
proposição (por exemplo) quando ela foi emitida (...). (LÉVY, 2004, p.13)
Entende-se que, como o autor explicou, as mensagens e seus significados
passados de um emissor para um receptor vão ser modificados ao longo do caminho,
dentro do processo de comunicação. Wolton (2012, p. 30) ainda levanta alguns
questionamentos sobre essa necessidade do homem de se comunicar, interrogando
sobre um ponto importante: “[...] todas estas tecnologias da comunicação, para fazer
o quê?”. Sabe-se que a história da comunicação data-se desde tempos imemoriais,
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Disponível em:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-
portugues&palavra=comunicar> Acesso em: 09 de novembro de 2015.
7
Disponível em:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=informar>
Acesso em: 09 de novembro de 2015.
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quando os indivíduos começaram a viver em um tipo de sociedade e foram
aprendendo aos poucos como se comunicar entre si, através de desenhos nas
paredes, gestos, depois a fala, até o aparecimento da escrita e, em seguida, dos meios
de comunicação modernos.
A revolução da comunicação engloba tudo por onde passa, integrando cada
vez mais serviços, abrindo possibilidades de interação em todas as direções.
Ontem, as coisas eram simples: o que dependia do telefone era diferente do
que dependia do rádio e da televisão, e distinto do que concernia ao
computador. Os terminais diferentes remetiam a atividades diferentes, a
áreas diferentes, a culturas diferentes. Amanhã, ao contrário, tudo estará
disponível no mesmo terminal. (WOLTON, 2012, p. 94)
Nota-se, portanto, que o homem inventou e aperfeiçoou as tecnologias da
informação e da comunicação com o objetivo de preservar sua identidade cultural,
onde estão inclusos seus valores e crenças. Como Castells (1999, p. 449) afirma, “as
pessoas moldam a tecnologia para adaptá-la a suas necessidades”. Antes das
inovações tecnológicas trazidas pela criação dos computadores, todo conhecimento
e informação acumulados pela sociedade, para serem repassados, precisavam de
grandes esforços, como transporte físico, de carros, trens ou navios. Hoje, um
documento importante é facilmente enviado via e-mail ou uma foto pode ficar
guardada na memória do celular.
Com os novos meios que vingam na web, não existem fronteiras. Na sua
maioria, estes meios não são institucionalizados: pertencem a quem neles
participa. Surgem assim novas formas de expressão e comunicação que têm
influência nas relações sociais e nos processos de produção, reprodução,
construção, reconstrução e representação da realidade. (RODRIGUES,
2006, p. 10)
De acordo com Lemos (2005), a Cibercultura aparece junto ao surgimento da
informática, mas consolida-se com a popularização da internet e da tecnologia virtual.
Capobianco (2010, p. 187) explica, assim, que:
A palavra deriva-se e amplia a noção de cultura, logo, é importante ressaltar
que a cultura digital é evolução natural da cultura produzida pelas sociedades,
diferenciada pelo fato dos dados estarem armazenados em um mesmo lugar
desterritorializado, acessível à maioria das pessoas e que oferece
possibilidade de socialização e comunicação por meio de recursos técnicos
diferenciados como: e-mails, chat, fórum, wiki e outros.
Lévy (1999, p. 22) conceitua a Cibercultura como “o conjunto de técnicas
(materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de
valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. A
22
palavra ciberespaço, segundo o autor (LÉVY, 1999), foi utilizada pela primeira vez por
William Gibson, em 1984, no seu romance Neuromancer, definindo o universo das
redes digitais. Esse ciberespaço, que o autor também chama de rede, é um novo meio
de comunicação que nasce a partir da interconexão dos computadores. O ciberespaço
vai além da comunicação digital, abrigando as informações e os indivíduos que
navegam e compõem esse ambiente virtual. “Esse novo meio tem a vocação de
colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de
gravação, de comunicação e de simulação” (LÉVY, 1999, p. 93).
Chatfield (2012, p. 21) comenta que:
Desde a invenção da escrita, há mais de 5 mil anos, o mundo vem sendo
transformado pelo o que o sociólogo americano Daniel Bell chamou de
“tecnologias intelectuais”: tecnologias que nos permitem desenvolver nossas
mentes de maneira semelhante à qual desenvolvemos armas e roupa para
aumentar a capacidade de nossos corpos. De mapas a filmes, elaboramos
ferramentas que ampliam nossa percepção do mundo, nossa capacidade de
aprendizado e de comunicação, e que nos permitem transmitir nosso
conhecimento e nossas ideias.
Os primeiros computadores apareceram na Inglaterra e nos Estados Unidos no
ano de 1945. O que hoje cabe em qualquer espaço e pode ser levado a todos os
lugares, antes não caberia em um quarto de tamanho pequeno. Na época, essas
grandes máquinas calculadoras eram reservadas apenas para os serviços dos
militares, direcionadas para estatísticas e funções científicas. Lévy (1999, p. 32)
informa que:
Os anos 80 viram o prenúncio do horizonte contemporâneo da multimídia. A
informática perdeu, pouco a pouco, seu status de técnica e de setor industrial
particular para começar a fundir-se com as telecomunicações, a editoração,
o cinema e a televisão. A digitalização penetrou primeiro na produção e
gravação de músicas, mas os microprocessadores e as memórias digitais
tendiam a tornar-se a infraestrutura de produção de todo o domínio da
comunicação. Novas formas de mensagens "interativas" apareceram: este
decênio viu a invasão dos videogames, o triunfo da informática "amigável".
Foi somente na década de 1960 que essa tecnologia tornou-se disponível para
o uso da população civil. No final dos anos 80 e início dos anos 90, redes de
computadores se juntaram de modo que o número de pessoas e computadores teve
um crescimento exponencial, dando origem às tecnologias digitais como infraestrutura
do ciberespaço, visto por Lévy (1999, p. 34) como um “novo mercado de informação
e do conhecimento”.
A partir dos anos 70, gradualmente, foram aparecendo novas máquinas, mais
23
atuais e modernas, produzidas por grandes empresas como a Apple, de Steve Jobs.
Como diz Chatfield (2012, p. 20), “as que possuímos hoje são centenas de milhares
de vezes mais poderosas que a primeira geração doméstica, dez vezes mais baratas
e extremamente fáceis de usar.”
Em 1979 surgiram, entre outros, um dos primeiros processadores de texto
(Apple Writer) para microcomputadores, assim como a primeira planilha
(Visicalc, programa de simulação e de tratamento integrado de dados
contábeis e financeiros), sem contar com as inúmeras linguagens de
programação, jogos e programas especializados. O microcomputador fora
composto por interfaces sucessivas, em um processo de pesquisa cega, no
qual foram negociados, aos poucos, acessos a redes cada vez mais vastas,
até que um limite fosse rompido a conexão fosse estabelecida com os
circuitos sociotécnicos da educação e do escritório. Simultaneamente, estes
mesmos circuitos começavam a se redefinir em função da nova máquina. A
“revolução da informática” havia começado. (LÉVY, 2004, p. 29)
A partir disso, aparecem aos poucos as chamadas comunidades virtuais,
definidas como um grupo de pessoas que tem interesses ou destinos em comum e
comunicam-se entre si de forma regular (RHEINGOLD apud CASALEGNO, 2006).
Howard Rheingold, em entrevista a Casalegno (2006, p. 204) “introduz um novo
conceito de ‘rede social’: o uso social e diário da Net, mesmo que ao mesmo tempo a
rede seja pretendida como uma matriz que permite a criação de relações sociais e
criações comunitárias”. Castells (2003, p. 105) complementa essa visão ao dizer que:
A noção de “comunidades virtuais”, proposta pelos pioneiros da interação
social na Internet, tinha uma grande virtude: chamava a atenção para o
surgimento de novos suportes tecnológicos para a sociabilidade, diferentes
de formas anteriores de interação, mas não necessariamente inferiores a
elas.
Castells (1999) esclarece que essas comunidades são redes sociais
interpessoais, que se baseiam em laços fracos, independentes do fator físico. Nelas,
as pessoas vão mostrando o que elas querem que seja visto, de forma a criar um tipo
de portfólio. Rosa e Kamimura (2012) elencam alguns comportamentos típicos dos
usuários de redes sociais, entre eles: leitura dos mais variados assuntos e opiniões
contra ou a favor; procuram interagir com usuários que têm preferências similares;
confiam nas recomendações encontradas nas redes on-line, mesmo que tenham sido
feitas por indivíduos desconhecidos; e exigem, de certa forma, a leitura de notícias
recentes e úteis.
As novas tecnologias digitais modificaram, assim, a forma como os seres
humanos pensam, agem e se relacionam, e também o modo como eles comunicam e
24
compartilham informações. A própria imprensa precisou adaptar-se a esse contexto,
atualizando seu modo de fazer notícia, dando novas funções e habilidades para o
profissional, além de contar com a participação do público. Virginio et al. (2011, p. 4)
corrobora com esse ponto de vista quando diz que:
Esses avanços tecnológicos impactam no jornalismo gerando novas
capacidades de operação, principalmente para o repórter em campo em
coberturas de reportagens de grande repercussão. Com estes dispositivos de
múltiplas funções, o profissional do jornalismo pode agregar à sua rotina
produtiva, o registro de áudio, vídeo, imagens e a produção de textos
jornalísticos, além de poder editar, transmitir ao vivo e enviar estes conteúdos
através das redes móveis.
A imprensa, até pouco tempo atrás, exercia seu trabalho de forma tradicional.
Os computadores eram utilizados apenas para redação e edição de textos, de maneira
que os jornalistas não enxergavam que maiores utilidades esses aparatos poderiam
ter. A televisão, o rádio e os jornais impressos não deixaram de existir, muito menos
de terem sua audiência formada, mas, como o homem, também precisaram adequar-
se ao que estava sendo proposto pelas novas tecnologias.
A televisão e o rádio foram inventados há cerca de um século; a prensa há
mais de quinhentos anos. Em apenas duas décadas, no entanto, fomos da
abertura da internet para o público geral à marca de mais de 2 bilhões de
pessoas conectadas; e passaram-se apenas três décadas desde o
lançamento do primeiro sistema comercial de celular até a conexão de 5
bilhões de usuários ativos. (CHATFIELD, 2012, p. 12)
Hoje, os veículos de comunicação já possuem suas páginas nas redes sociais,
onde entram diretamente em contato com os usuários, estes que têm a opção de dar
opiniões e contribuir para melhorias.
2.3 O impacto das mídias sociais no Jornalismo
Brambilla (2011, p. 86) define mídia social “como aquela utilizada pelas pessoas
por meio de tecnologias e políticas na Web com fins de compartilhamento de opiniões,
ideias, experiências e perspectivas”. Suas características principais são o formato de
conversação, a facilidade do discurso bidirecional e a ausência de censura. Para a
autora, essas mídias facilitam porque sincronizam pessoas ou grupos de diferentes
regiões, seja no mesmo país ou ao redor do mundo, de forma a documentar o que
está acontecendo.
Assim, com a utilização dos computadores em ambientes de trabalho e o
25
aparecimento gradual dessas mídias, ocorreu uma modificação no modo como as
pessoas realizam suas atividades profissionais, como no caso dos jornalistas,
principalmente na produção e reprodução da notícia.
A internet foi construída originalmente para facilitar a colaboração. Por outro
lado, os computadores pessoais, em especial os destinados ao uso
doméstico, foram pensados como ferramentas para a criatividade individual.
Por mais de uma década, desde o início dos anos 1970, o desenvolvimento
das redes e o dos computadores domésticos avançaram por caminhos
separados. Eles enfim começaram a andar juntos no final dos anos 1980 com
a chegada dos modems, dos serviços on-line e da web. Assim como a
combinação de motores a vapor e de processos mecânicos ajudou a fomentar
a Revolução Industrial, a combinação do computador com as redes de
distribuição levou à revolução digital e que permitiu a qualquer um criar,
disseminar e acessar qualquer informação a partir de qualquer lugar.
(ISAACSON, 2014, p. 15)
Marcondes Filho (2009) explica que o aparecimento do jornalismo se associa
à desconstrução do poder que estava nas mãos da Igreja e da Universidade – apenas
quem estava inserido nesses ambientes tinha acesso ao conhecimento, à realização
de pesquisas. De forma gradual, o saber reservado para esses letrados passa a
circular dentro da sociedade. Os jornalistas ficam, então, responsáveis por esse papel
“[...] de procurar, explorar, escavar, vasculhar, virar tudo de pernas para o ar, até
mesmo profanar, no interesse da notícia” (MARCONDES FILHO, 2009, p. 18).
Os primeiros jornais impressos continham apenas três ou quatro páginas,
englobando notícias mais sensacionalistas, como desastres, nascimentos de pessoas
importantes, entre outros temas. O jornalismo exercido entre os séculos XVI e XVII
não era tido exatamente como um meio de formar opinião pública, mas apenas de
manter as pessoas informadas acerca do que estava acontecendo pelos arredores. É
somente entre os anos de 1780 e 1800, após a Revolução Francesa, que surge o
conceito de esfera pública, “[...] ambientes abertos de discussão democrática [...]. É a
infraestrutura para a constituição de opiniões políticas [...]” (MARCONDES FILHO,
2009, p. 24). Com isso, a liberdade de expressão começa a ser exercida dentro do
jornalismo.
No século XX, surge o jornalismo da era tecnológica (MARCONDES FILHO,
2009). Aqui o jornalista como agente humano é complementado pelas redes, e essas
novas tecnologias vão interferir diretamente na produção da notícia: o profissional
deixa de ter uma relação com o papel, modificando até mesmo a conexão física entre
ele e seus colegas - em uma redação de jornal hoje, por exemplo, os textos para
revisão não são impressos e levados para o editor corrigi-los à mão; tudo é feito por
26
e-mail ou através de sistemas especializados. A imagem ainda modifica a estética do
veículo impresso, tornando a aparência do jornal um tópico decisivo na sua
construção.
Essa era da informação digital tem início nos Estados Unidos, por volta do fim
dos anos 1980. Segundo Moherdaui (2002), o primeiro jornal que se inseriu no meio
on-line foi o The New York Times8, durante os anos 70. “O jornal passou a
disponibilizar resumos e textos completos de artigos atuais e artigos de suas edições
diárias passadas a assinantes que possuíam pequenos computadores”. Já em
território brasileiro, o primeiro a realizar uma cobertura completa em plataforma virtual
foi o Jornal do Brasil9, em 28 de maio de 1995 (MOHERDAUI, 2002, p. 24).
De acordo com a autora supracitada, o provedor IG (Internet Grátis)10 lançou,
em 2000, o Último Segundo11, “[...] o primeiro jornal on-line concebido e produzido
para a Internet no Brasil” (MOHERDAUI, 2002, p. 26). Além desses portais, outros
foram aparecendo nos anos seguintes, como o GloboNews.com12, onde era possível
encontrar o conteúdo dos jornais, revistas, rádio e tv das Organizações Globo, e ainda
manchetes criadas especificamente para o site.
No Brasil, a explosão de produções jornalísticas na Web se deu somente no
início de 2000, mas a batalha ocorrida em Kosovo, em 1999, que deixou
milhares de sérvios e albaneses e kosovares mortos, foi considerada a
“Guerra da Internet”, primeira grande cobertura on-line produzida para o
mundo digital [...]. E o jornalismo on-line brasileiro teve um importante papel
nesse conflito. Naquele ano, o Universo Online publicou relatos
impressionantes de pessoas que estavam próximas às áreas de maior
conflito. (MOHERDAUI, 2002, p. 30)
A partir disso, vê-se que existem duas formas de jornalismo na Internet: em
uma, a informação é 100% on-line, dada em tempo real; em outra, portais que
publicam a reprodução do que está escrito em seu veículo impresso. Na Web é
possível divulgar uma notícia recente e criar links com matérias a respeito do mesmo
tema, facilitando a compreensão textual e também possibilitando uma abrangência do
conhecimento. “O jornalismo on-line não tem periodicidade, a sua dinâmica é
determinada pelos acontecimentos que merecem ser noticiados” (MOHERDAUI,
2002, p. 96).
8
http://www.nytimes.com/
9
http://www.jb.com.br/
10
http://www.ig.com.br/
11
http://ultimosegundo.ig.com.br/
12
http://g1.globo.com/globo-news/index.html
27
As novas tecnologias digitais introduzem a “imaterialidade jornalística”. Na
tela do computador, o texto jornalístico perde a materialidade e se torna pura
fibrilação visual de pontos, um texto permanentemente provisório, nunca
terminado, passível de interferências por todos os que por ele passam em
todos os momentos da produção do jornal. Imaterial está se tornando também
o próprio jornal, cada vez mais editado on-line, assim como a redação,
acessível de qualquer ponto do planeta, tanto para se receber pautas como
para se fazer uma reportagem, nela inserir fotos tiradas em tempo real,
diagramar e enviar, tudo pronto, ao terminal instalado do outro lado do mundo.
(MARCONDES FILHO, 2009, p. 51)
Atualmente, as práticas jornalísticas possuem um maior e diferenciado número
de produtores de notícias, sendo que uma parcela dessa quantia não está inserida
nas organizações. Com a expansão das redes sociais e até mesmo dessa facilidade
de criação de notícias por parte de não profissionais da área, o monopólio da
informação não se encontra mais nas mãos dos jornalistas e de empresas e sim de
todos que possuem interesse em se manifestar. Marcondes Filho (2009) afirma ainda
que o bom jornalista hoje é aquele que consegue dar conta de funções em uma
velocidade que anula o quesito da qualidade de seu texto. Para o autor, não existem
mais especialistas em determinadas áreas ou temas: “temos uma multidão de bons
redatores, capazes de passar por todas as redações e mesmo funcionar como
editores delas, sem que se projete qualquer nome individualmente” (MARCONDES
FILHO, 2009, p. 165).
Antes a publicação exigia acesso a uma gráfica, e em consequência o ato de
publicar alguma coisa ficava limitado a uma fração mínima da população, e a
possibilidade de atingir uma população fora de uma área geograficamente
limitada era ainda mais restrita. Agora, conectando-se à internet, um usuário
tem acesso a uma plataforma que é ao mesmo tempo global e gratuita.
Nossas ferramentas de comunicação não se tornaram apenas mais baratas;
tornaram-se também melhores. Em particular, são mais favoráveis a usos
inovadores, porque são consideravelmente mais flexíveis que as antigas.
(SHIRKY, 2012, p. 69)
O espaço físico da redação ainda existe para alguns, utilizada para reuniões de
pauta, mas os textos podem ser escritos e enviados de casa, desconstruindo a ideia
da locomoção e todo o trabalho de precisar produzir determinada reportagem em seu
horário de serviço.
Os temas tratados nos jornais também sofrem consequências com a
implementação dos meios eletrônicos. Como sustenta Marcondes Filho (2009, p. 162),
“há um reducionismo dos grandes temas a assuntos de natureza subjetiva, individual
ou particular”. A notícia perde seu caráter de densidade. Essa notícia, definida por
Alsina (2009, p. 296) como a narração de um fato e não o fato propriamente dito, não
28
possui a obrigação de ser verdadeira, de modo que, sendo ou não verossímeis, ainda
continuarão sendo notícias. O que alguns autores questionam é o papel dos jornalistas
dentro dessa era em que tudo é notícia e todos podem produzir essa notícia.
A democratização dos meios de produção tem possibilitado que repórteres
cidadãos, ou seja, indivíduos sem formação jornalística, também tenham
acesso às ferramentas de produção, tanto colaborando na produção de
notícias tradicionais por um veículo, quanto produzindo conteúdo para ser
veiculado em espaços autônomos. A possibilidade de participação de
pessoas comuns não-jornalistas no processo de produção de notícias na
Internet provoca a necessidade de se repensar o papel do jornalismo. A Web
2.0 trouxe à tona uma nova geração de sites de notícias, bem como novos
modelos colaborativos e abertos para se fazer jornalismo. O surgimento de
novos tipos de publicação fez com que a fronteira entre os meios tradicionais
e os meios colaborativos se tornasse nebulosa. (ZAGO, 2011, p. 60)
Essas mudanças na forma de produção, assim, confundem tanto a função do
jornalista quanto o que é jornalismo no século XXI. Shirky (2012) utiliza o termo
“amadorização em massa” para definir essa maneira de compartilhamento por
qualquer pessoa. Para ele, “o futuro apresentado pela internet é a amadorização em
massa da capacidade de publicação e uma mudança de ‘Por que publicar isto?’ para
‘Por que não?’” (SHIRKY, 2012, p. 55). Na atividade de publicar notícias não existe
mais o caráter de exclusividade, porque os usuários podem fazer isso sem repressão.
O problema, porém, é que a profissionalização em massa é um oximoro, já
que uma classe profissional implica uma função especializada, testes
mínimos de competência e uma minoria de membros. Nenhuma dessas
condições está presente nos blogs políticos, no compartilhamento de fotos ou
em várias outras ferramentas de autopublicação. Os blogs individuais não são
apenas sites alternativos de publicação; eles são alternativas à própria
publicação enquanto atividade própria dos editores, uma classe minoritária e
profissional. Da mesma maneira que você não precisa ser um motorista
profissional para dirigir, não precisa ser um editor profissional para publicar. A
amadorização em massa é um resultado da difusão radical de capacidades
expressivas, e o precedente mais óbvio foi aquele que deu origem ao mundo
moderno: a difusão da imprensa cinco séculos atrás. (SHIRKY, 2012, p. 60)
O que o autor acima defende é que, apesar de haver uma redução no prestígio
da publicação feita por profissionais, ainda assim essa publicação valoriza o discurso
e a ação públicos (SHIRKY, 2012, p. 71). O que pode ocorrer é uma inexistência de
filtros e a internet acabar abarcando todos os tipos de assuntos, informações, notícias
em excesso, diferente do jornalismo tradicional, onde vai acontecer a seleção dos
fatos, de acordo com critérios das editorias, que deverão ser publicados.
Em vista disso, de como o jornalismo recebeu o impacto das mídias sociais, as
empresas de comunicação agora possuem um novo cargo, cujas pesquisas sobre ele
29
ainda são bastante escassas: o analista de mídias sociais, também chamado de
gestor de mídias sociais ou social mídia, responsável pela comunicação em redes
sociais. Ou seja, apesar da relutância à adaptação aos novos meios, os veículos de
comunicação tiveram que aceitar que a Web tem papel relevante e colaborativo.
Observa-se, assim, que ocorreram modificações em diversos setores da função
jornalística. As notícias são produzidas em todos os lugares, o tempo todo, devido ao
acesso às fontes e aos dispositivos que permitem uma apuração mais fácil. A
convergência entre as mídias é outro ponto que tem significância, já que nos portais
é possível colocar imagens, vídeos e áudios junto aos textos, possibilitando uma
melhor recepção a quem lê. Os profissionais procuram novas formas de unir a sua
função de produzir à função do leitor de colaborar, como, por exemplo, os jornais
impressos e emissoras de rádio que hoje possuem canais para o leitor mandar sua
participação, seja um furo de reportagem, seja uma imagem ou um vídeo exclusivo,
indicando a busca de caminhos para dialogar com outro aspecto da Internet, a
interatividade.
Essa era da informação trouxe para o jornalismo características que permitem
que a profissão continue a ter importante papel na sociedade. As redes sociais,
portanto, podem promover aspectos tanto negativos, quanto positivos na difusão da
notícia, tópico que será abordado no capítulo final deste trabalho.
2.4 Definições e características das redes sociais
A Internet oferece opções diversas para quem quer manter-se informado.
Desde que surgiu, trouxe expressivas mudanças para a sociedade, que é o que
Recuero (2009) chama de comunicação mediada pelo computador (CMC), através da
qual, de acordo com a autora, os indivíduos podem se expressar e sociabilizar entre
si. Sejam portais de notícias, sites aleatórios, aplicativos e gadgets13, entre outros
meios. Dentro disso, aparecem as redes sociais como espaços para compartilhar
opiniões, notícias, fatos, acontecimentos ou, até mesmo, nada que seja importante,
mas, querendo ou não, vai ser repassado para amigos ou seguidores e, talvez,
13
“Na Internet ou mesmo dentro de algum sistema computacional (sistema operacional, navegador web ou
desktop), chama-se widget, mas vezes também chama-se de gadget algum pequeno software, pequeno módulo,
ferramenta ou serviço que pode ser agregado a um ambiente maior.”
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Gadget> Acesso em: 10 de novembro de 2015.
30
também compartilhado por ser de interesse comum.
Essas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir-
se, interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de
computadores, rastros que permitem o reconhecimento dos padrões de suas
conexões e a visualização de suas redes sociais através desses rastros.
(RECUERO, 2009, p. 24)
Uma pesquisa realizada pela companhia Nielsen14 mostrou que entre os anos
de 2011 e 2012 cresceu o número de conexões principalmente em celulares e tablets.
O Facebook é o líder entre as redes mais visitadas via computador, com 152.2 milhões
de visitantes, com o Twitter em terceiro lugar (37 milhões), perdendo para o Blogger
(58.5 milhões). Sobre os motivos que levam as pessoas a se conectarem, a pesquisa
revelou que: 63% conhecem as pessoas fora das redes, 50% têm amigos em comum,
13% têm acesso a redes de negócios, 6% aceita todas as solicitações de amizade,
entre outros pontos. Vale ressaltar que a pesquisa focou nos usuários norte-
americanos, mas ainda colabora para dar uma ideia de como está o acesso às redes
sociais nos últimos anos.
Tais redes, surgiram como quem não quer nada, devagar, de forma que, sem
que os usuários percebessem, já possuíam certa dependência com relação a elas.
São pessoas, microempresas, organizações e grandes corporações que constituem
esse ambiente virtual, dividindo informações, atendendo reclamações, fazendo o que
o homem faz desde os tempos das cavernas: comunicar. Brambilla (2011, p. 15)
informa que:
Sites de rede social foram especialmente significativos para a revolução da
“mídia social” porque vão criar redes que estão permanentemente
conectadas, por onde circulam informações de forma síncrona (como nas
conversações, por exemplo) e assíncrona (como no envio de mensagens).
Redes sociais tornaram‐se a nova mídia, em cima da qual a informação
circula, é filtrada e repassada; conectada à conversação, onde é debatida,
discutida e, assim, gera a possibilidade de novas formas de organização
social baseadas em interesses das coletividades.
Ainda conceituando as redes sociais, Duarte et al. (2008) as compara com
redes biológicas, por serem autogenerativas, mas gerando apenas produtos
imateriais. Tornam-se redes de comunicações ao criarem pensamentos e significados,
que vão originar outras comunicações.
14
Disponível em: <http://www.nielsen.com/content/dam/corporate/us/en/reports-downloads/2012-
Reports/The-Social-Media-Report-2012.pdf> Acesso em: 4 de junho de 2015.
31
Enquanto as comunicações continuam nas redes sociais, elas formam ciclos
múltiplos de retroalimentação que finalmente produzem um sistema
compartilhado de crenças, explicações e valores – um contexto comum de
sentido, também conhecido como cultura, que é continuamente apoiada em
comunicações seguintes. Por meio dessa cultura, os indivíduos adquirem
identidade como membros da rede social e, nesse sentido, a rede gera seu
próprio limite. Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de
confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pela
rede de comunicações. (DUARTE et al., 2008, p. 23)
Para ser uma rede social, é necessário que ela permita aos indivíduos, de
acordo com Boyd e Ellison (2007, p. 211), “[...] (1) construir um perfil público ou semi-
público dentro de um sistema limitado, (2) articular uma lista de outros usuários com
quem eles compartilham uma conexão, e (3) ver e navegar sua lista de conexões e
aquelas feitas por outras pessoas dentro do sistema (tradução nossa)”15. Assim, blogs,
microblogs (como o Twitter) e redes como o Facebook inserem-se nessa definição,
pois permitem que o usuário tenha seu perfil, adicione amigos e construa interações
dentro desse meio.
Depois de aderir a um site de rede social, os usuários são solicitados a
identificar outros no sistema com quem têm uma relação. O rótulo para estes
relacionamentos difere dependendo dos termos do site - termos populares
incluem “Amigos”, “Contatos”, e “Fãs”. A maioria dos SRS necessita de
confirmação bidirecional para a amizade, mas alguns não. Estes laços
unidirecionais são por vezes rotulados como “Fãs” ou “Seguidores”, mas
muitos sites chamam de Amigos também. O termo “Amigos” pode ser mal
entendido, porque a conexão não significa necessariamente amizade no
sentido vernacular de todos os dias, e as razões para as pessoas se
conectarem são variadas. (BOYD; ELLISON, 2007, p. 213, tradução nossa)16
As redes sociais, por sua característica de interação e compartilhamento, hoje
também são conhecidas como redes de relacionamento. Segundo Recuero (2009),
são formadas por dois componentes importantes: atores sociais e conexões. No caso
dos primeiros, são apenas representações, pois são espaços em que eles se
manifestam e interagem entre si, sendo estes espaços considerados privados, por
tratarem do lugar individual do sujeito, mas, ao mesmo tempo, públicos, por estarem,
15“(1) construct a public or semi-public profile within a bounded system, (2) articulate a list of other users with
whom they share a connection, and (3) view and traverse their list of connections and those made by others
within the system.” (BOYD; ELLISON, 2007, p. 211)
16After joining a social network site, users are prompted to identify others in the system with whom they have a
relationship. The label for these relationships differs depending on the site—popular terms include “Friends”,
“Contacts” and “Fans”. Most SNSs require bi-directional confirmation for Friendship, but some do not. These one-
directional ties are sometimes labeled as “Fans” or “Followers”, but many sites call these Friends as well. The
term “Friends” can be misleading, because the connection does not necessarily mean friendship in the everyday
vernacular sense, and the reasons people connect are varied. (BOYD; ELLISON, 2007, p. 213)
32
de certa forma, abertos para serem lidos e interpretados. A autora explica:
Os atores são o primeiro elemento da rede social, representados pelos nós
(ou nodos). Trata-se das pessoas envolvidas na rede que se analisa. Como
partes do sistema, os atores atuam de forma a moldar as estruturas sociais,
através da interação e da constituição de laços sociais. [...] Um ator, assim,
pode ser representado por um weblog, por um fotolog, por um twitter ou
mesmo por um perfil no Orkut. E, mesmo assim, essas ferramentas podem
apresentar um único nó (como um weblog, por exemplo), que é mantido por
vários atores (um grupo de autores do mesmo blog coletivo). (RECUERO,
2009, p. 25)
Desse modo, em grande parte das redes, como Facebook, Instagram, Twitter
e, um exemplo mais antigo e extinto hoje, o Orkut, os usuários são encontrados
através de seus perfis, criando uma identidade própria, onde eles publicam o que
querem que seja visto em relação a eles, seja verdadeiro ou falso. Tais perfis
representam esses atores e estabelecem uma conexão entre eles e outros. Recuero
(2009) explica que as conexões existentes e estabelecidas em uma rede social se
constituem de laços sociais que, por conseguinte, são compostos pelas interações
sociais entre os atores. Essas interações são tidas como aquilo que o indivíduo deixa
na Internet, como um comentário, por exemplo. E é esse contato que vai colaborar
para a criação de laços sociais entre os usuários.
A interação social é caracterizada não apenas pelas mensagens trocadas (o
conteúdo) e pelos interagentes que se encontram em um dado contexto
(geográfico, social, político, temporal), mas também pelo relacionamento que
existe entre eles. [...] Trata-se de uma construção coletiva, inventada pelos
interagentes durante o processo, que não pode ser manipulada
unilateralmente nem pré-determinada. (PRIMO, 2010, p. 7)
Outros aspectos relevantes encontrados nas redes sociais é que estas
permitem não apenas o compartilhamento de texto, mas som e imagem. O que antes
era visto apenas nos canais televisivos e rádios, como filmes, novelas, séries,
podcasts e outros programas de entretenimento são livremente postos na rede e
disponibilizados para quem tiver interesse. Festivais como Rock in Rio e Lollapalooza
têm cobertura ao vivo no YouTube. Assim, um indivíduo encontra certo link de seu
interesse e compartilha em sua timeline, de modo que seus amigos e seguidores que
têm gostos semelhantes, veem e também compartilham em suas timelines. Ou seja,
a ação é ver o vídeo e a reação é compartilhar e assim sucessivamente, atraindo
visualizações, discussões e conversações para o tema. Conforme isso, Brambilla
(2011, p. 79) complementa:
33
O boca a boca sempre existiu. Faz parte das nossas relações humanas
buscar em pessoas nas quais confiamos opiniões e experiências que nos
ajudem a formar nosso próprio relato sobre o mundo. Com as redes sociais,
a definição de boca a boca passou a incluir todos os meios pelos quais nos
comunicamos e compartilhamos informações, nos transformando em mídia.
Basta um computador ou um telefone celular e um sinal de Internet e
espalhamos crenças, valores, sentimentos e fatos, falamos daquilo que
amamos ou detestamos em blogs, vídeos, fotos, microblogs, ferramentas de
geolocalização, etc. Desenvolvemos conteúdo e passamos a ser relevantes
para uma ou mais pessoas, influenciando decisões, sobretudo aquelas
relacionadas ao consumo de marcas, produtos e serviços.
Apesar do objeto de estudo deste trabalho ser o Twitter, achamos pertinente
citar o Facebook como outro exemplo de rede social porque ele é similar ao microblog,
nas suas características essenciais de rede social, explicitadas por Boyd e Ellison
(2007) anteriormente.
2.4.1 O Facebook
Criado em fevereiro de 2004, por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Eduardo
Saverin e Chris Hughes, na época estudantes de Harvard, o Facebook começou a se
expandir apenas no ano seguinte, somente para as universidades. Para terem acesso,
as pessoas precisavam de convites. Kirkpatrick (2010, p. 31) afirma que o Facebook
era uma “ferramenta de comunicação muito básica, destinada a resolver o problema
simples de acompanhar seus colegas da faculdade e o que acontecia com eles.”
Sendo uma forma de comunicação fundamentalmente nova, o Facebook
também produz efeitos interpessoais e sociais fundamentalmente novos. O
Efeito Facebook acontece quando a rede social põe as pessoas em contato
umas com as outras, às vezes de forma inesperada, em torno de algo que
tenham em comum: uma experiência, um interesse, um problema ou uma
causa. Isso pode acontecer em pequena ou grande escala – desde um grupo
de dois ou três amigos ou uma família até milhões, como na Colômbia. O
software do Facebook imprime uma característica viral à informação. As
ideias no Facebook têm a capacidade de se espalhar pelos grupos e fazer
com que um grande número de pessoas tome conhecimento de algo quase
simultaneamente, propagando-se de uma pessoa para outra e para muitas
com uma facilidade rara – como um vírus, ou meme. Você pode enviar
mensagens para outras pessoas mesmo que não esteja explicitamente
tentando fazer isso. [...] Antigamente, a difusão de informações em larga
escala era privilégio da mídia eletrônica – rádio e televisão. Mas o Efeito
Facebook [...] significa que pessoas comuns estão originando a transmissão
em broadcast. Não é preciso saber nada de especial nem ter nenhuma
habilidade específica. O Twitter é outro serviço, com um número mais limitado
de funções, que também pode possibilitar a qualquer indivíduo fazer
poderosas transmissões pela internet. E também tem tido um impacto político
significativo. (KIRKPATRICK, 2010, p. 13-14)
34
Em 31 de março de 2015, o blog17 da empresa divulgou que a rede social
atingiu a marca de 1,44 bilhão de usuários ativos por mês. Em 2012, quando tinha
acabado de chegar aos 1 bilhão, o Facebook ganhou o título de maior rede social
virtual do mundo. O perfil do usuário é composto por informações pessoais, tais como
status de relacionamento, número de telefone, endereço de e-mail, livros, filmes e
músicas favoritos, cursos que estava fazendo, data de aniversário.
Com objetivos semelhantes aos do Twitter, o Facebook diferencia-se em alguns
pontos: a existência de um mural para os usuários realizarem suas postagens, onde
o limite de caracteres ultrapassa bem mais que os 140 do Twitter; para ser amigo de
alguém, uma pessoa precisa adicionar outra e aguardar que ela o aceite. O Editor da
seção Mente Aberta da Revista Época, Luís Antônio Giron, explica de que forma o
Facebook e o Twitter diferenciam-se, não especificamente em relação ao seu
conteúdo, mas à forma como os usuários se comportam nas redes.
De alguma forma, o Twitter se parece com os meios tradicionais de
comunicação, pois permite que se propaguem informações sem restrições de
comunidade. Daí, talvez, os profissionais de comunicação gostarem mais
dele do que do Facebook. O usuário pode seguir uma celebridade – e ser
seguido por ela – sem filtros. Você pode dar um furo de notícia e se tornar
importante da noite para o dia. E também tem a opção de configurar o Twitter
para que ele sirva como uma rede superexclusiva, ou então se valer de um
pseudônimo para se expressar livremente, sem as amarras de sua condição
social e profissional. [...] Quem usa o Twitter corre risco. Parece andar em
uma praça, sujeita às intempéries, ao acaso e ao contato das multidões. Faz
e recebe críticas, ataca e é atacado. [...] A presumível livre expressão do
pensamento faz parte do mecanismo do gorjeio quase infinito, que se
dissemina através da retuitagem. Ele fornece a ilusão de que o usuário é
popular, pelo número de pessoas que o seguem. [...] O usuário de Facebook
parece ser mais passivo e inclinado ao convencionalismo. Ele tem um só
nome, um só endereço e um só rosto. Seu prestígio não se mede pelo número
de seguidores como o Twitter. Ele precisa se sentir protegido e não ser
contestado. [...] O Facebook apresenta um processo de afinidades menos
eletivas que forçadas. Lembra um ambiente amplo, porém fechado e
controlado. Quem está sob seu teto é obrigado a fazer amigos e se relacionar
intensamente com os outros, só que mantendo a discórdia fora da conversa.
Bloquear pessoas é o mesmo que ofendê-las para sempre. (GIRON, 2012)18
Entende-se, assim, que as duas redes sociais aqui citadas são espaços onde
os usuários exercem seus direitos de se manifestarem e comunicarem através de suas
postagens, sejam elas limitadas a poucos toques ou não. A liberdade encontrada nas
redes sociais é a liberdade de ser e fazer o que se tem vontade. Chatfield (2012, p.
17
Disponível em: <http://newsroom.fb.com/company-info/> Acesso em: 03 de junho de 2015.
18
Disponível em:
<http://revistaepoca.globo.com/cultura/luis-antonio-giron/noticia/2012/06/twitter-ou-facebook-de-que-lado-
voce-esta.html> Acesso em: 03 de junho de 2015.
35
14) explica isso quando diz que
O mundo digital atual não é apenas uma ideia ou um conjunto de ferramentas,
da mesma forma que um dispositivo digital moderno não é apenas algo
ativado para nos entreter e nos agradar. Ao contrário – para um número cada
vez maior de pessoas, é uma passagem para o lugar onde lazer e trabalho
estão interligados: uma arena em que conciliamos de forma contínua
amizades, notícias, negócios, compras, pesquisas, política, jogos, finanças e
muitas outras atividades.
Em 2011, essas duas redes tiveram participação essencial na Revolução do
Egito, colaborando para derrubar 30 anos de governo ditatorial no país. Segundo
matéria do site da Carta Capital19, os movimentos foram organizados através do
Facebook e do Twitter. Santos (2011, p. 2) informa que
O resultado foram as grandes mobilizações que reuniram milhares de
pessoas na praça Tahrir. Ao perceber que o chamamento pela internet dava
resultados cada vez mais avassaladores, repercutindo também em cidades
do interior do país, o governo egípcio optou pela solução sem precedentes:
bloqueou a internet, numa tentativa desesperada de conter a revolta.
Assim, as redes sociais servem a um campo de diversas funcionalidades. O
Facebook, assim como o Twitter, que será estudado no próximo capítulo, vieram para
que os usuários manifestassem seus interesses e comportamentos através de um
teclado de computador ou de um celular.
19
Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/tecnologia/twitter-a-nova-via-da-revolucao> Acesso em: 4
de junho de 2015.
36
3 O TWITTER
A respeito da utilidade do Twitter, Santaella e Lemos (2010, p. 82) informam
que:
A utilização do Twitter para engajamento e participação em colaboração
intelectual on-line é um exemplo que demonstra como o encadeamento de
respostas e o entrelaçamento de ideias em fluxos coletivos pode ser um
processo complexo, que envolve dinâmicas de interação em tempo real. Essa
é uma mídia que pode ser usada simultaneamente para engajar os membros
de uma comunidade ao redor de uma ideia, aferir o entendimento coletivo do
grupo sobre determinado conceito, e também para detectar lideranças e
tendências. Tudo isso em tempo real.
Como foi dito no capítulo anterior, os sites de redes sociais permitem aos
usuários inúmeras possibilidades, entre elas, o ato de manifestar sua opinião
abertamente em seus perfis. Visto isso, o Twitter é uma dessas ferramentas que
complementa esse quadro, de forma que é uma das mais úteis e fundamentais para
quem deseja compartilhar informação de modo instantâneo e objetivo, pelo fato de um
tweet ser composto por apenas 140 caracteres e o sujeito precisar se adaptar a isso.
3.1 E do verbo fez-se o tweet
Twister. Twist tie. Twit. Twitch. Twitcher. Twitchy. Twite. Aí estava ela. “Leve
trinado produzido por algumas aves; piar, chilrear.” [...] “Som semelhante,
especialmente leve, fala ou riso trêmulo.” [...] “Agitação ou excitação;
vibração.” Um verbo. Twitter. Twitter. Twittered. Twittering. Twitters. (BILTON,
2013, p. 76)
Figura 3 – O pássaro azul, símbolo do Twitter.
Fonte: https://blog.twitter.com/2012/taking-flight-twitterbird
Acesso em: 18 de novembro de 2015.
O significado de Twite, visto na citação acima, deu origem aos verbos tweet e
tweetar, o primeiro sendo o texto já produzido pelo usuário e postado; o segundo como
a ação de produzir esse texto. Em 21 de março de 2006, Jack Dorsey, inventor do
Twitter, fez seu primeiro tweet. “Just setting up my twttr” ou, em português (tradução
37
nossa), “apenas configurando meu twitter” (Figura 4). O que pouca gente sabe é que
o Twitter passou por vários processos até ser o que é hoje.
Figura 4 – O primeiro tweet.
Fonte: https://twitter.com/jack/status/20
Acesso em: 18 de novembro de 2015.
Em 1999, Ev Williams, um dos fundadores, havia criado o Blogger, um tipo de
diário on-line que, ao seu ver, “ajudaria as pessoas que não sabiam nada de
programação de computadores a criar um ‘web log’, ou ‘blog’” (BILTON, 2013, p. 27).
O que Williams queria, na verdade, era transformar o blogger em uma espécie de
jornal virtual, onde as pessoas fariam amizades digitais. Com a popularidade de sua
criação, Ev Williams tornou-se conhecido no Vale do Silício20. Após a venda do
Blogger para o Google, ele trabalhou um tempo por lá até resolver sair da companhia
e montar a Odeo, uma empresa de podcasting21 que não obteve sucesso em sua área
e foi adquirida pela ObviousCorp.22, e logo Jack Dorsey e Biz Stone se juntariam ao
time, tornando-se substanciais na criação do Twitter.
Segundo Bilton (2013), Dorsey estava refletindo sobre a evolução da
ferramenta de status que ele utilizava no seu perfil do LiveJournal23 e pensou em
separá-la do blog e criar um site específico para ela. O autor informa que:
Essa coisa de “status” poderia ajudar as pessoas a se conectar com outras
20
Localizada na Califórnia, Estados Unidos, é uma região onde se encontram as sedes dos grandes nomes da
tecnologia: Apple Inc., Facebook, Google, Yahoo!, eBay, entre outras.
Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Vale_do_Silício> Acesso em: 15 de maio de 2015.
21
“Podcast é uma forma de transmissão de arquivos multimídia na Internet criados pelos próprios usuários.
Nestes arquivos, as pessoas disponibilizam listas e seleções de músicas ou simplesmente falam e expõem suas
opiniões sobre os mais diversos assuntos, como política ou o capítulo da novela. Pense no podcast como um
blog, só que ao invés de escrever, as pessoas falam.” Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/1252-o-
que-e-podcast-.htm> Acesso em: 15 de maio de 2015.
22
Empresa criada por Ev Williams em 2006.
23
Concorrente do Blogger, é uma espécie de diário virtual onde os usuários têm seu perfil e podem interagir com
outros usuários. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Livejournal> Acesso em: 15 de maio de 2015.
38
que não estivessem por perto. Não se tratava apenas de compartilhar a
música que você estava ouvindo ou de dizer onde você estava naquele
momento; o negócio era conectar as pessoas e fazer com que elas se
sentissem menos sozinhas. Teria de ser uma tecnologia que amenizasse o
sentimento de solidão de toda uma geração quando olhava para a tela do
computador. (BILTON, 2013, p. 71)
Assim nascia a ideia do Twitter que, até então, se chamava Status. Foi Noah
Glass, também integrante da equipe, que pensou no nome Twitter, inspirado na
vibração do celular quando uma atualização era enviada. Àquela época, o Twitter (ou
Twttr, como também era chamado) funcionava apenas através de mensagem de texto.
Esse primeiro protótipo era utilizado apenas dentro da Obvious, sendo lançado
publicamente e para computadores em julho de 2006. Em março de 2007, o Twitter
ganhou o prêmio SXSW Web Award24 na categoria Blog e deu um passo
revolucionário no caminho para a fama. Em abril do mesmo ano, desliga-se da
Obvious e torna-se um empreendimento independente, com o nome de Twitter, Inc.
Quando ocorreu um terremoto enquanto Jack Dorsey estava no escritório, ele
tweetou sobre o acontecimento em seu perfil e recebeu algumas respostas. Foi aí que,
de acordo com Bilton (2013), Ev Williams se deu conta do papel relevante que o Twitter
tinha na comunicação, indo para além de um simples status. “Jack continuava a ver o
Twitter como uma forma de falar a respeito do que estava acontecendo com ele. Ev
estava começando a ver o Twitter como uma forma de saber o que estava
acontecendo no mundo” (BILTON, 2013, p. 108).
O Twitter foi criado originalmente para servir de ponto de encontro para
grupos de pessoas que já se conheciam. Quando telefonamos para alguém,
é comum perguntarmos: "O que você está fazendo?" Entre outras coisas, o
Twitter serve para mantermos contato ao longo do dia com familiares e
amigos. Não mandaríamos um email para perguntar o que eles estão fazendo
no momento, mas se a informação estiver disponível, ela será bem-vinda.
Acontece que depois de algum tempo, os usuários do serviço começaram a
explorar outras maneiras de usar a plataforma, por exemplo, para disseminar
informação e para participar de conversas públicas. E hoje, um slogan mais
apropriado que "o que você está fazendo?" seria "o que chama a sua
atenção?" Assistiu um filme bacana? Tuite. A sua operadora fica
interrompendo o seu dia com SMSs comerciais inúteis? Tuite. Encontrou um
livro grátis explicando como usar o Twitter? Tuite, tuite! (SPYER et al. 2009,
p. 24)
Em setembro de 2011, o Twitter anunciou que havia chegado ao número de
100 milhões de usuários ativos por mês no mundo todo25. Hoje, segundo o próprio
24
O South by Southwest é um festival que engloba Cinema, Música e Tecnologia. A premiação ocorre dentro do
quesito Tecnologia.
25
Disponível em: <https://blog.twitter.com/2011/one-hundred-million-voices> Acesso em: 15 de maio de 2015.
39
site26 da companhia, 500 milhões de tweets são enviados diariamente pelos 302
milhões de usuários ativos. Desse quantitativo, 80% estão no celular e, das contas no
site, 77% encontram-se fora dos Estados Unidos. “Em 2007, as pessoas estavam
enviando 5 mil tuítes por dia. Em 2008, a empresa estava processando 300 mil tuítes
diários. Em 2009, esse número cresceu 1400%, chegando a 35 milhões de tuítes
diários” (BILTON, 2013, p. 230).
De acordo com Spyer et al. (2009), como não é muito comum para o Twitter
divulgar números a seu respeito, em uma pesquisa realizada em junho de 2009 pela
Sysomos, empresa especializada em análise de mídias sociais, o Brasil estava em
quinto lugar em relação ao crescimento do número de usuários aderindo ao site.
3.2 140 caracteres
Orihuela (2007) afirma que o Twitter é considerado um microblog por fazer uma
mistura de blog com Rede Social e mensageiro instantâneo27. Para melhor
compreensão, entende-se que é um microblog por limitar o tamanho de sua postagem;
blog por permitir que os usuários compartilhem suas opiniões de diversas formas;
Rede Social por permitir que os usuários sigam e sejam seguidos por outros; e
mensageiro instantâneo porque permite que os usuários que se encontram on-line em
determinado momento conversem entre si, seja através do Reply ou através da
Mensagem Direta, termos que serão explicados em outros tópicos.
Em 2009, o status do Twitter continha a pergunta “O que você está fazendo?”,
de modo que o sentido desse questionamento não mostrava qual era a verdadeira
intenção do microblog. O que Jack Dorsey queria era uma comunicação interna entre
os usuários da Obvious, de maneira que um saberia o que o outro estava fazendo em
tal momento. Como dito no tópico anterior, Ev Williams sabia que o Twitter tinha a
capacidade de mostrar para as pessoas o que estava acontecendo ao redor do mundo
– isso, muitas vezes, em tempo real. No blog do Twitter, Biz Stone (2009) escreveu:
O Twitter foi concebido originalmente como um serviço de atualização de
status – uma maneira simples de manter contato com as pessoas conhecidas,
enviando e recebendo respostas curtas para uma pergunta: “O que você está
fazendo?” É claro que alguém em San Francisco pode responder: “Tomando
26
Disponível em: <https://about.twitter.com/pt/company> Acesso em: 15 de maio de 2015.
27
Twitter es una aplicación web de microblogging, una mezcla de blogging con red social y mensajería
instantânea.
40
um café delicioso.” Mas uma visão panorâmica do Twitter mostra que não se
trata apenas de devaneios pessoais. Entre aquelas xícaras de café, as
pessoas estão testemunhando acidentes, organizando eventos,
compartilhando links, notícias, relatando coisas ditas por seus pais, e muito
mais28. (tradução nossa)
Hoje, com o status atual do Twitter, pode-se dizer que “O que está
acontecendo?” tem maior relação com a ideia que Williams tinha para o microblog. Os
usuários ainda compartilham o que estão fazendo – isso não mudou, mas também
espalham, através dos tweets, suas crenças, valores, notícias, além de criarem um
círculo social dentro da rede, fazendo novas amizades (inicialmente virtuais) e
possibilitando a expansão de sua abrangência.
O Twitter foi pensado para plataformas móveis como celulares, de modo que
funcionava apenas através de mensagens de texto, assim, os inventores adotaram o
padrão básico de tamanhos de SMS29: 160 caracteres, onde 140 seriam dedicados
ao texto em si e os 20 restantes para o nome do usuário, também chamado de
username. O que para algumas pessoas incomoda e impede de expressar totalmente
o que querem, tendo que, às vezes, abreviar as palavras, para muitas facilitou a leitura
do texto. Com o Twitter, os portais de notícias conseguem repassar suas informações
e, caso o leitor tenha interesse, ele clica no link e tem acesso à matéria completa
hospedada no site do portal.
Muitos usuários avançados de Twitter elogiam o serviço justamente pelo
desafio de sintetizar a informação. Isso é uma mão na roda para quem
começa a seguir 50, 80, 100 pessoas e tenta acompanhar todas as
atualizações que chegam. Como as mensagens são curtas, você pode checar
rapidamente se alguma coisa te interessa ou não. E nada impede que você
desenvolva uma idéia em seu blog e mande pelo Twitter um resumo com o
link para quem se interessar, clicar e saber mais. (SPYER et al. 2009, p. 26)
Assim, primeiramente, para se ter acesso ao Twitter, é preciso criar uma conta
na rede social, utilizando um e-mail já existente e criando uma senha. Após a
confirmação, o usuário terá diante de sua tela um novo perfil, onde vai poder seguir
pessoas e ganhar seguidores, além de criar seus tweets. Desse modo, nos tópicos a
28
Twitter was originally conceived as a mobile status update service—an easy way to keep in touch with people
in your life by sending and receiving short, frequent answers to one question, “What are you doing?” [...] Sure,
someone in San Francisco may be answering “What are you doing?” with “Enjoying an excellent cup of coffee,”
at this very moment. However, a birds-eye view of Twitter reveals that it’s not exclusively about these personal
musings. Between those cups of coffee, people are witnessing accidents, organizing events, sharing links,
breaking news, reporting stuff their dad says, and so much more.
Disponível em: <https://blog.twitter.com/2009/whats-happening> Acesso em: 20 de maio de 2015.
29
Short Message Service, em português, Serviço de Mensagens Curtas, também chamado de torpedo.
Disponível em: <http://www.significados.com.br/sms/> Acesso em: 18 de maio de 2015.
41
seguir serão explicadas cada categoria do Twitter para melhor compreensão de como
a rede social funciona. Vale ressaltar que as imagens utilizadas para ilustrar os termos
abaixo serão dos perfis oficiais dos primeiros usuários do Twitter: @ev (Ev Williams)30,
@jack31 (Jack Dorsey), @biz (Biz Stone)32 e @noah (Noah Glass)33.
Perfil, seguidores e seguindo
Utilizando a página de Ev Williams (Figura 5) como exemplo para este tópico,
nota-se que o perfil do usuário no Twitter é composto por algumas ferramentas.
O Início é onde pode-se acessar a página inicial do usuário; Notificações são
as respostas e retweets que aquele usuário recebeu e pode acessá-los; Moments
(Momentos) é uma ferramenta que foi adicionada ao Twitter nos Estados Unidos em
outubro e no Brasil em meados de novembro de 2015. O novo recurso tem o símbolo
de um raio e contém as notícias mais relevantes do momento, como diz o próprio
nome.
Figura 5 – O perfil de Ev Williams no Twitter.
Fonte: https://twitter.com/ev
Acesso em: 18 de novembro de 2015.
As Mensagens são diretas – nelas, um usuário pode mandar mensagem para
30
https://twitter.com/ev
31
https://twitter.com/jack
32
https://twitter.com/biz
33
https://twitter.com/noah
42
outro sem que seus seguidores tenham acesso a ela. Na chamada Bio, na lateral
esquerda da imagem, o usuário pode escrever uma pequena biografia sobre si
mesmo. No caso de Williams, ele optou por escrever “Here” (Aqui, em português).
Além disso, pode-se optar por colocar sua localização (San Francisco, CA, US), um
website (medium.com/@ev/) e, abaixo, o próprio Twitter informa desde quando aquele
usuário tem uma conta no site (Participa desde março de 2006). Acima dessas
informações, encontra-se o nome da pessoa e uma foto – uma característica
diferenciada do Twitter é que, quando a conta ainda está inativa ou o usuário não fez
nenhuma alteração, na sua foto de perfil aparece a imagem de um ovo, como uma
referência a algo que está para nascer. Na parte central da imagem, encontram-se o
número de tweets do usuário, o número do seguindo (Following, as pessoas que ele
segue) e seguidores (Followers, as pessoas que o seguem), curtiu (Likes, são os
tweets que ele favoritou/curtiu – essa opção será explicada em outro tópico) e as listas
(com essa opção, o usuário pode selecionar diversos perfis que tem interesse e
agrupá-los em uma timeline34 separada para compartilhar com seus seguidores, de
modo que os assuntos não se misturem). Abaixo dessas categorias, encontra-se a
timeline do usuário, onde quem acessa seu perfil pode escolher entre ver apenas os
tweets, os tweets e as respostas e as fotos e vídeos publicados. No lado direito da
imagem, encontra-se a opção Seguir (Follow), onde, ao clicar, o usuário começa a
seguir aquela pessoa e a receber os tweets dela em sua timeline, e Quem Seguir
(Who To Follow), onde o Twitter faz uma seleção de outros perfis semelhantes aos
que o usuário já segue e os sugere. Santaella e Lemos (2010, p. 73) esclarecem que:
É como se, ao apertar o botão “seguir” no perfil de um usuário no Twitter,
estivéssemos assinando o seu canal de RSS feed. Ao escolher quais
microblogs iremos seguir, estamos escolhendo quais canais de informação
iremos convidar para fazer parte de nosso fluxo de informações. Quando
seguimos alguém no Twitter, estamos fazendo uma assinatura do seu canal
de informações. Dessa forma, cada pessoa que seguimos torna-se um canal
provedor de determinado tipo de conteúdo para nosso fluxo pessoal [...]
É relevante levar em conta que, no Twitter, uma pessoa pode seguir outra sem
que esta o siga de volta, ou seja, não existe uma regra que obrigue os usuários se
seguirem entre si. Portanto, não se faz necessário que um usuário siga outro para que
tenha acesso às informações que ele compartilha, a não ser que este último opte pela
34
Em português, linha do tempo. “Trata-se da ordem das publicações feitas nas plataformas sociais online,
ajudando o internauta a se orientar, exibindo as últimas atualizações feitas pelos seus amigos.”
Disponível em: <http://www.significados.com.br/timeline/> Acesso em: 19 de maio de 2015.
43
opção de ter sua conta protegida, pois, se assim for, apenas os usuários que o seguem
podem ver seus tweets. Além disso, em uma conta protegida ou trancada (para se
referir ao cadeado que é exibido quando um usuário tem esse tipo de conta), as
pessoas não têm a possibilidade de retweetar um tweet. Ademais, vale lembrar que
um usuário pode deixar de seguir outro a qualquer momento (a essa ação dá-se o
nome de unfollow35).
@ e Reply
Bilton (2013) informa que o símbolo @ (arroba) está inserido na linguagem de
programação, sendo utilizado por engenheiros para falar com outras pessoas
conectadas a um servidor.
Esse símbolo foi usado pela primeira vez por um jovem designer da Apple,
Robert Andersen, que em 2 de novembro de 2006 respondeu ao seu irmão
colocando o @ antes de seu nome enquanto conversavam. Lentamente, o
símbolo foi penetrando no vernáculo do Twitter, e as pessoas passaram a se
referir umas às outras não pelo primeiro nome, mas por seus “@nome” no
Twitter. O novo método de comunicação tornou-se tão popular no site que, no
início de maio, Alex Payne, programador do Twitter, acrescentou uma nova
aba ao site mostrando as “@respostas” das pessoas.36
Figura 6 – O reply.
Fonte: https://twitter.com/jack/status/597218212162314240
Acesso em: 18 de novembro de 2015.
Assim, um usuário só pode mandar um tweet para outro quando insere o @
antes do nome. O reply37 (Figura 6) é uma ferramenta que permite um usuário
35
O verbo to unfollow: deixar de seguir. Disponível em: <http://pt.bab.la/dicionario/ingles-portugues/unfollow>
Acesso em: 19 de maio de 2015.
36
Atualmente, a aba “@respostas” foi substituída pela aba de Notificações.
37
Disponível em: <http://www.comofazertwitter.com.br/o-que-e-um-reply/> Acesso em: 18 de maio de 2015.
44
responder o tweet do outro; é também chamada de resposta ou mention (menção). É
importante ressaltar que o username de alguém é que vai permitir que seu perfil seja
encontrado no Twitter.
# ou hashtag
Bilton (2013, p. 131) explica que, após o @, vieram as hashtags (em português
é chamado de marcador), “[...] o símbolo do jogo da velha que até então era usado
em aparelhos de telefone. No Flickr, o site de compartilhamento de fotos, as pessoas
às vezes usavam a hashtag para agrupar imagens sobre o mesmo tema.”
[...] uma parte dos usuários da internet já está familiarizada com o termo “tag”,
que quer dizer “etiqueta” em inglês. Na Web, “taguear” significa relacionar
palavras-chave a um determinado conteúdo para que ele possa ser
encontrado por outras pessoas. O Twitter não seria uma ferramenta de
comunicação tão poderosa se não fosse pelas tags. E qualquer um pode
inventar e inserir tags, basta incluir nas mensagens palavras-chave
precedidas pelo sinal de #. (SPYER et al. 2009, p. 20)
Entende-se, portanto, que hashtag é qualquer palavra ou frase que, precedida
pelo símbolo do jogo da velha, permite que o usuário, ao clicar nela, encontre tweets
que contenham aquele mesmo termo-chave. Por exemplo: se um determinado usuário
usa #supergood (Figura 7), ao clicar nele, encontrará todos os outros tweets onde os
outros usuários usaram a mesma hashtag, de modo que é feita uma seleção pelo
próprio site para agrupar esses tweets.
Figura 7 – Exemplo de Hashtag.
Fonte: https://twitter.com/biz/status/581896206231605248
Acesso em: 18 de novembro de 2015.
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O uso do twitter nos atentados terroristas em paris: como o jornalismo dialoga com as mídias sociais

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI INSTITUTO INTERDISCIPLINAR DE SOCIEDADE, CULTURA E ARTE CURSO DE JORNALISMO LIDIANE LEITE MACÊDO ALMEIDA O USO DO TWITTER NOS ATENTADOS TERRORISTAS EM PARIS: como o jornalismo dialoga com as mídias sociais JUAZEIRO DO NORTE 2016
  • 2. LIDIANE LEITE MACÊDO ALMEIDA O USO DO TWITTER NOS ATENTADOS TERRORISTAS EM PARIS: como o jornalismo dialoga com as mídias sociais Monografia apresentada ao Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri, como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Jornalismo. Orientadora: Profª. Ma. Milene Madeiro de Lucena JUAZEIRO DO NORTE 2016
  • 3. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Cariri Sistema de Bibliotecas A447u Almeida, Lidiane Leite Macêdo. O uso do twitter nos atentados terroristas em Paris: como o Jornalismo dialoga com as mídias sociais / Lidiane Leite Macêdo Almeida. – 2016. 81 f.: il. color., enc. ; 30 cm. TCC (Graduação) – Universidade Federal do Cariri, Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Arte, Curso de Jornalismo, Juazeiro do Norte, 2016. Orientação: Profª. Me. Milene Madeiro de Lucena. 1. Redes Sociais. 2. Produção Jornalística - Twitter. 3. Comunicação. I. Título. CDD 302.23
  • 4. LIDIANE LEITE MACÊDO ALMEIDA O USO DO TWITTER NOS ATENTADOS TERRORISTAS EM PARIS: como o jornalismo dialoga com as mídias sociais Monografia apresentada ao Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri, como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Jornalismo. Orientadora: Profª. Ma. Milene Madeiro de Lucena Aprovada em ____ / ____ / ______ . BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________ Prof. Ma. Milene Madeiro de Lucena Universidade Federal do Cariri (UFCA) ___________________________________________________________ Prof. Me. Ricardo Rigaud Salmito Universidade Federal do Cariri (UFCA) ___________________________________________________________ Prof. Me. Alessandro Wilson Gonçalves Reinaldo Fernandes Universidade Federal do Cariri (UFCA)
  • 5. AGRADECIMENTOS Poderia escrever páginas e páginas para agradecer cada pessoa que me aguentou durante esses cinco anos – divididos entre duas universidades, dois mundos diferentes, amigos incríveis que tive a chance de conhecer e guardar para a vida. Paro para pensar quantas vezes quis desistir e eles não me deixaram, porque acreditaram na minha capacidade de chegar até aqui. Foram cinco anos de experiências que não vou esquecer, livros que li, seminários que me deixaram com os cabelos em pé. Difícil é descrever o que aprendi durante todo esse tempo, com certeza entregando cada desafio nas mãos de Deus e pedindo paciência sempre. Aos meus pais, Aélio e Célia, as pessoas mais importantes nesse processo. Nunca me disseram o que fazer e sempre incentivaram as minhas escolhas, me dando alternativas quando eu achava que tinha me perdido. Obrigada por investirem em mim e me mostrarem o quanto é importante ter uma educação de qualidade. Vocês são a minha luz no fim do túnel. Ao meu irmão Artur que, em minhas fases mais estressantes, sempre tinha alguma piada pronta para me fazer rir. Obrigada por completar minha existência. A minha vó Leani, por ter me ensinado tanto mesmo sem nem se dar conta disso; por ter feito com que minha infância fosse repleta de livros, poesias, histórias e sonhos. Obrigada por ainda estar aqui. Aos meus amigos de Fortaleza – Iara Sá, Thaís Holanda, Nícolas Brandolim, Marília Ceres, Ana Beatriz Vieira, Ahynssa Thamir, Otelino Filho e Marina Freire, que iniciaram essa jornada comigo, mas, infelizmente, não concluímos juntos; a amizade, entretanto, continua. A eles, agradeço as risadas, os trabalhos mais divertidos e por não me deixarem perder o meu sotaque. Aos meus amigos da UFCA – Andressa Figueiredo, Felipe Azevedo, Alinne Alcantara e Amanda Cruz; sem eles para me acompanharem todas as noites nas aulas e nas reclamações, eu nem estaria aqui. Obrigada pela companhia, pelas ideias e por acreditarem em mim, mesmo em meus piores momentos de desespero. Ao meu caro amigo Antonio Pinheiro, por toda a ajuda que me deu na produção deste trabalho, pelas sábias palavras e por ser um jornalista incrível com quem tive a chance de trabalhar. As minhas pessoas favoritas – Marcelo, Stella, Nunes, Kennedy e Jéssica – que estão presentes em minha vida todos os dias. Obrigada pelo apoio, pelas risadas,
  • 6. pelas brigas, pelas opiniões e por serem quem são. Ao professor Ricardo Salmito, que me guiou no início deste trabalho e fez com que eu acreditasse que conseguiria finalizá-lo. À minha querida professora e orientadora, Milene Madeiro, ser humano maravilhoso que aceitou me acompanhar nesta caminhada, me ensinando a cada leitura e observação, confiando em mim e tendo paciência com meus e-mails enormes. Não poderia ter escolhido alguém melhor. Por fim, agradeço aos meus seguidores e amigos do Twitter, que assistiram toda a saga da minha monografia, leram minhas centenas de lamentações e estiveram comigo na alegria e na tristeza. Com certeza, eles me inspiraram e fizeram tudo parecer mais divertido. Sim, apontei para a fé e remei. E continuarei indo.
  • 7. “Como um grupo de amigos contando o que haviam feito naquela noite, cada um sentado em um lugar, todos juntos, eles conversavam. Tuitando.” (A Eclosão do Twitter, Nick Bilton, 2013)
  • 8. RESUMO O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre o papel do Twitter na colaboração para a produção jornalística atualmente, utilizando os atentados terroristas em Paris, em 13 de novembro 2015, como estudo de caso. Propõe ainda debater a respeito dos usuários de redes sociais como fonte de pesquisa para os jornalistas, funcionando ainda como colaboradores e não como opositores, já que algumas notícias são divulgadas em primeira mão na rede social. O Twitter, caracterizado como microblog, foi criado em 2006 e trouxe diversas modificações para o fazer jornalístico. Assim, buscou-se mostrar como as mídias sociais impactaram no jornalismo tradicional, tendo como base principalmente autores como Brambilla, Lévy, Marcondes Filho, Recuero, Shirky e Steganha. Por meio da seleção de quatro casos – o perfil @ParisVictims, trazendo as vítimas dos atentados; o perfil da jornalista independente @laysushi, que acompanhou em tempo real os acontecimentos; três tweets de mulçumanos que eram contra os ataques, publicados em matéria no portal da BBC Brasil; e, por último, o tweet postado por mulçumanos que diziam-se responsáveis pelo ato terrorista na capital francesa, publicado no site do Diário de Pernambuco – percebeu-se que o Twitter é ferramenta importante na produção e no compartilhamento de informações nos dias de hoje. Palavras-chave: Jornalismo. Twitter. Redes Sociais. Paris.
  • 9. ABSTRACT This paper has the purpose to reflect about Twitter in collaboration for the currently journalistic production, using the terrorist attacks in Paris on November 13, 2015, as a case study. It also proposes debate about the social network users as a source of research for journalists, still working as collaborators and not as opponents, as some news are reported firsthand on the social network. Twitter, characterized as microblogging, was established in 2006 and brought several changes to the journalistic working. Therefore, we tried to show how social media impacted on traditional journalism, based mainly authors like Brambilla, Lévy, Marcondes Filho, Recuero, Shirky and Steganha. Through the selection of four cases - the profile of @ParisVictims, bringing the victims of the attacks; the profile of @laysushi, independent journalist who followed the events in real time; three tweets of Muslims who were against the attacks, published on the website of BBC Brazil; and, finally, the tweet posted by Muslims who claimed themselves responsible for the terrorist act in the French capital, published in the Diário de Pernambuco website - it was realized that Twitter is an important tool in the production and sharing of information nowadays. Keywords: Journalism. Twitter. Social networks. Paris.
  • 10. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - O funcionamento da Web 2.0.................................................. 17 FIGURA 2 - Estatísticas globais acerca do uso da internet........................ 18 FIGURA 3 - O pássaro azul, símbolo do Twitter......................................... 36 FIGURA 4 - O primeiro tweet...................................................................... 37 FIGURA 5 - O perfil de Ev Williams no Twitter............................................ 41 FIGURA 6 - O reply..................................................................................... 43 FIGURA 7 - Exemplo de Hashtag............................................................... 44 FIGURA 8 - Símbolo do Retweet................................................................ 45 FIGURA 9 - Símbolo do curtir...................................................................... 46 FIGURA 10 - Página inicial do Twitter........................................................... 48 FIGURA 11 - Perfil do En mémoire............................................................... 53 FIGURA 12 - Elif Dogan, 26, Turquia............................................................ 54 FIGURA 13 - Guillaume Decherf, 43, França............................................... 55 FIGURA 14 - Richard Rammant, 53, França................................................ 55 FIGURA 15 - Mathias Dymarski, França...................................................... 56 FIGURA 16 - Primeiro tweet de Ushirobira sobre os ataques em Paris....... 59 FIGURA 17 - Tweet postado em tempo real, com imagem do metrô em Paris........................................................................................ 59 FIGURA 18 - Uso da hashtag #paris para categorizar o tweet.................... 59 FIGURA 19 - Imagem em tempo real de Paris, postada às 22:50............... 60 FIGURA 20 - Tweet de @IngridMattson....................................................... 64 FIGURA 21 - Tweet de @raisadoon............................................................. 64 FIGURA 22 - Tweet de @DrUmarAlQadri.................................................... 65 FIGURA 23 - Tweet publicado no portal do Diário de Pernambuco............. 67 FIGURA 24 - Tweet publicado no perfil do Diário de Pernambuco...............68
  • 11. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10 2 REDES SOCIAIS E A COMUNICAÇÃO ...................................................... 15 2.1 O surgimento da Internet e a Web 2.0 ............................................ 15 2.2 Comunicação e o ciberespaço ........................................................ 19 2.3 O impacto das mídias sociais no Jornalismo .................................. 24 2.4 Definições e características das redes sociais ............................... 29 2.4.1 O Facebook........................................................................ 33 3 O TWITTER .................................................................................................. 36 3.1 E do verbo fez-se o tweet ................................................................ 36 3.2 140 caracteres ................................................................................ 39 3.3 Por que tweetamos?........................................................................ 47 4 ATENTADOS EM PARIS: O TWITTER COMO PLATAFORMA DE DIFUSÃO DE INFORMAÇÃO................................................................................................... 50 4.1 Contexto e repercussão nas redes sociais ..................................... 50 4.2 Análise de tweets............................................................................. 51 4.2.1 @ParisVictims.................................................................... 52 4.2.2 @laysushi........................................................................... 57 4.2.3 BBC Brasil.......................................................................... 62 4.2.4 Diário de Pernambuco........................................................ 66 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 71 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 74 ANEXO A – REPORTAGEM DA BBC BRASIL .............................................. 78 ANEXO B – REPORTAGEM DO DIÁRIO DE PERNAMBUCO ...................... 81
  • 12. 10 1 INTRODUÇÃO O jornalismo constantemente passa por diversas modificações na sua produção devido o surgimento das novas tecnologias, que estão sempre se atualizando e trazendo alterações para a rotina do jornalista. Do nascimento da escrita à origem da Internet, a comunicação foi se adaptando às necessidades que surgiam, de maneira que essas ferramentas são essenciais e indispensáveis nos dias de hoje. A facilidade que os computadores e os celulares trouxeram para a vida das pessoas mudou o modo que elas se comunicam entre si. Um telefone móvel não é mais apenas um objeto qualquer que permite fazer ligação, mas é um instrumento do dia a dia, permitindo registrar acontecimentos em primeira mão, como assaltos, acidentes, tragédias naturais como terremotos, ou até mesmo um cachorro que anda de skate e pode viralizar na web. Com a internet, você não está apenas a um mero clique de distância da maioria das coisas que podemos imaginar; você também nunca está sozinho. Não importa o quão bizarro, inusitado, eclético ou até mesmo ilegal seja o seu gosto – em termos de sexo ou basicamente qualquer outra coisa -, sempre existirão outros como você do ouro lado, equipados com conselhos, fóruns, sistemas de encontro e discretos protocolos de segurança, conforme o necessário. Diga ao mundo o que você quer, e se houver alguém disposto a dar o que você deseja, é bem provável que a tecnologia irá colocá-los em contato. (CHATFIELD, 2012, p. 104) Em fevereiro de 2009, um avião da Turkish Airlines transportando 134 passageiros caiu na Holanda e, segundo o portal G11, a foto do acidente aéreo foi divulgada primeiramente no Twitter, além de informações sobre o acontecido. Outro exemplo também foi um terremoto que ocorreu em Los Angeles, Califórnia, em 2008; os usuários do microblog comentavam em tempo real os tremores que também aconteciam em San Diego. O Twitter se mostra, assim, como um meio de compartilhamento de notícias, principalmente em tempo real, onde os internautas têm a chance de comentar, criticar, discutir e divulgar informações a respeito do que acham interessante. Por ser uma mídia que permite postagens de apenas 140 caracteres, o Twitter pode parecer bastante limitado. Entretanto, é possível o uso de links dentro dessas 1 Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1017557-5602,00- FOTO+DE+ACIDENTE+AEREO+NA+HOLANDA+APARECEU+PRIMEIRO+NO+TWITTER+DIZ+CNN.html> Acesso em: 15 de fevereiro de 2016.
  • 13. 11 mensagens, de maneira que, se o usuário tiver interesse maior no conteúdo, ele pode ter acesso a mais informações. O microblog, como será mostrado no Capítulo 3, foi criado com o objetivo de fazer com que as pessoas dissessem umas às outras o que estavam fazendo, o que estava acontecendo. A sua limitação no tamanho das postagens mostra que o Twitter é uma ferramenta ideal para quem quer uma informação mais ágil e objetiva. Em sua coluna no portal do O Globo2, a jornalista Cora Rónai afirma que o Facebook e o Twitter se diferenciam no quesito temporalidade. “Tuítes têm vida muito curta: ou são vistos assim que vão ao ar, ou caem no vazio. O que se escreve no Facebook, ao contrário, tem uma permanência muito maior; há textos e imagens que vão e vêm indefinidamente, às vezes durante anos”. O Twitter aparece, assim, como uma nova forma de comunicar para além dos meios já existentes. Hoje, é pouco provável os jornalistas realizarem uma pesquisa sobre suas fontes ou assuntos a serem tratados sem acessar a Internet. Percebe-se, então, que há a necessidade de existir uma relação mais próxima entre os internautas e os profissionais do jornalismo. Portanto, este trabalho de conclusão de curso tem o objetivo de entender de que forma o Twitter modifica o trabalho dos profissionais jornalistas, através da colaboração dos usuários e das mudanças nas rotinas de produção, e ainda se contribui para assegurar a credibilidade no repasse das informações. A metodologia escolhida foi Estudo de Caso. Diante das definições com respeito a esse processo, Yin (2005) explica que nesse tipo de pesquisa o investigador busca responder questões “como” e “por que”, “quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real” (YIN, 2005, p. 19). Logo, [...] utiliza-se o estudo de caso em muitas situações, para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados. [...] o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real [...]. (YIN, 2005, p. 20) Dentre as características, podemos citar principalmente os meios utilizados para o recolhimento dos dados, como reportagens, tweets e também a própria 2 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/twitter-ou-facebook-15899921> Acesso em: 15 de fevereiro de 2016.
  • 14. 12 pesquisa bibliográfica (aqui, o uso de diversas fontes para o estabelecimento das hipóteses e análises). Esse tipo selecionado de estudo de caso – com o intuito de avaliar como o jornalismo e as mídias sociais mantêm um diálogo – utiliza tanto pesquisas históricas, quanto revisão de literatura. Neste trabalho, trouxemos o surgimento da Internet e das Redes Sociais e, brevemente, como o jornalismo foi se adaptando a isso ao longo do tempo (Capítulo 1). Além disso, buscamos mostrar a evolução gradual do Twitter (Capítulo 2) e suas atualizações. [...] o poder diferenciador do estudo de caso é sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações – além do que pode estar disponível no estudo histórico convencional. (YIN, 2005, p. 27) Como não existe um roteiro definido para a elaboração do estudo de caso, este trabalho foi dividido em quatro fases: 1) delimitação do caso; 2) seleção dos objetos; 3) análise dos objetos e 4) elaboração do trabalho final. Posto isso, observam-se as vantagens desse tipo de metodologia para esta monografia: desenvolvimento de uma pesquisa mais aprofundada, incentivando novas descobertas, além de permitir uma análise mais significativa dos objetos e de como eles se relacionam. Para isso, o caso escolhido foram os atentados terroristas que ocorreram em Paris, em 13 de novembro de 2015. Para análise, foram selecionados quatro casos, representados por dois perfis e dois tweets publicados por fontes diferentes, mas que nos permitem investigar o entrelaçamento entre o Twitter e jornalistas ou empresas de comunicação, na cobertura do acontecimento: 1) @ParisVictims, perfil criado pela Mashable, uma empresa jornalística, representa as novas frentes do jornalismo convencional nas mídias sociais; 2) @laysushi, perfil da jornalista Lays Ushirobira, representando o jornalismo independente dentro de uma rede social (já que ela não está ligada a nenhuma instituição/empresa); 3) Três tweets que foram postados no portal da BBC Brasil, para mostrar como o jornalismo tradicional utilizou o Twitter como fonte para sua matéria; 4) Tweet em que o Estado Islâmico comemora os ataques à Paris, divulgado no portal do Diário de Pernambuco (pelas pesquisas realizadas, o DP foi o único site encontrado que tem a imagem do tweet oficial, escrito em árabe e sem tradução), representando mais uma vez como a mídia social pode ser fonte do jornalismo. Os quatro casos foram selecionados para avaliação devido à repercussão dos atentados no Twitter. Em pesquisas realizadas sobre o tema na internet, esses quatro
  • 15. 13 objetos se sobressaíram por serem citados em diversas reportagens. Durante o acontecimento, usuários e jornalistas estavam alerta para as notícias mais recentes, divulgando e compartilhando informações. Quando ocorreram, os atentados se tornaram notícia tanto nos veículos de comunicação tradicionais, quanto nas mídias sociais; inclusive, a hashtag #PrayForParis (#RezePorParis), ficou entre os primeiros mais comentados nos Trending Topics mundial no Twitter3. Dessa maneira, consegue- se enxergar a relevância do tema para um trabalho acadêmico, e ainda perceber a recepção das redes sociais através das manifestações dos usuários. Dessa maneira, foram escolhidos quatro objetos diferentes por terem alguma relação com o jornalismo, de maneira a serem utilizados como base para análise. Assim, esta monografia foi dividida em três capítulos que se complementam em suas explanações. Para a primeira parte, discussão sobre o surgimento da Internet, baseando-se nas explicações de Castells (1999; 2003), relata-se sobre o contexto em que ela apareceu e como foi evoluindo até chegar ao que hoje é chamado de Web 2.0. Logo após, segue a comunicação e o ciberespaço, adotando como base os conceitos de Lévy (1999) a respeito da Cibercultura, de maneira a compreender como o universo virtual impacta no ato de fazer comunicação. Após essas definições, faz- se um breve apanhado sobre a evolução do Jornalismo até chegar na era das tecnologias, focando no impacto das mídias sociais nessa área da Comunicação Social, tendo como princípios os estudos de Marcondes Filho (2009) e Moherdaui (2002). Por fim, as redes sociais serão estudadas, tendo como fundamentais autores: Recuero (2009; 2011), Brambilla (2011), Boyd e Ellison (2007), entre outros estudiosos da área. O que são as redes sociais, como elas são estruturadas, além de fazer um breve histórico sobre o Facebook, já que, de certa forma, ele possui algumas semelhanças com o Twitter, objeto de estudo deste trabalho. De acordo com Boyd e Ellison (2007, p. 211, tradução nossa): “O que faz dos sites de rede social únicos não é que eles permitam que os indivíduos conheçam estranhos, mas sim que eles permitem que os usuários articulem e tornem visível suas redes sociais.”4 Compreende-se, assim, que o fato de o Twitter permitir que as pessoas criem perfis públicos e interajam por meio deles, faz com que o microblog 3 Disponível em: <http://m.mdemulher.abril.com.br/estilo-de-vida/m-trends/prayforparis-internet-se-comove- apos-atentados-simultaneos-na-capital-francesa> Acesso em: 15 de fevereiro de 2016. 4 What makes social network sites unique is not that they allow individuals to meet strangers, but rather that they enable users to articulate and make visible their social networks.
  • 16. 14 esteja inserido no conceito de site de rede social. Dessa maneira, o segundo capítulo traz o aparecimento e a evolução do Twitter, de tal forma que será explicado cada elemento que compõe a plataforma. Para o primeiro tópico, como surgiu o Twitter: a ideia inicial, o conceito, os criadores etc. Posteriormente, a estrutura do site. Por fim, um questionamento: por que tweetamos? Com a análise final no último capítulo, observamos que o jornalismo ganhou um aliado com os usuários de redes sociais, destacando-se aqueles internautas que estão presentes no Twitter. São essas adaptações que mostram como uma função complementa a outra, permitindo que o público participe da produção jornalística e da apuração da notícia.
  • 17. 15 2 REDES SOCIAIS E A COMUNICAÇÃO A Internet, desde o seu surgimento, passa por frequentes mudanças a cada dia. O que na sua origem servia apenas para fins militares, hoje abrange a comunicação como um todo, trazendo os usuários para dentro do mundo virtual de maneira que possam realizar seus trabalhos com mais facilidade e se tornarem mais próximos um do outro, mesmo a quilômetros de distância. Essas inovações tecnológicas revolucionaram o conhecimento, visto que dentro da rede é possível encontrar todo tipo de informação. Para entender isso e, principalmente, para saber como essas redes são essenciais no compartilhamento de informações, é preciso conhecer de que modo a Internet apareceu e revolucionou o contato entre os indivíduos, tema que será analisado a seguir. 2.1 O surgimento da Internet e a Web 2.0 A Internet surge no contexto da Guerra Fria, entre as décadas de 1960 e 70, com a rede de computadores Arpanet. A missão da ARPA (Advanced Research Projects Agency), criada em 1958, era “mobilizar recursos de pesquisa [...] com o objetivo de alcançar superioridade tecnológica militar em relação à União Soviética na esteira do lançamento do primeiro Sputnik em 1957” (CASTELLS, 2003, p. 13). No início, o que se procurava era fazer uma conexão entre os mais importantes centros universitários de pesquisa americanos e o Pentágono, de modo que, além de troca de informações rápidas e protegidas pela rede, o país também teria uma tecnologia que permitiria o armazenamento e a sobrevivência de informações caso acontecesse uma guerra nuclear. Entretanto, não se pensava que a Internet se tornaria o que é atualmente: uma rede de computadores, conhecimento e comunicação. Castells (2003, p. 15) explica que: No início da década de 1990 muitos provedores de serviços da Internet montaram suas próprias redes e estabeleceram suas próprias portas de comunicação em bases comerciais. A partir de então, a Internet cresceu rapidamente como uma rede global de redes de computadores. O que tornou isso possível foi o projeto original da Arpanet, baseado numa arquitetura em múltiplas camadas, descentralizada, e protocolos de comunicação abertos. Nessas condições a Net pôde se expandir pela adição de novos nós e a reconfiguração infinita da rede para acomodar necessidades de comunicação.
  • 18. 16 Pinho (2003) conta que em 1990 a Arpanet foi encerrada, fazendo nascer a Internet. Em dezembro desse mesmo ano o cientista da computação e físico britânico Tim Berners-Lee criou a rede mundial, o World Wide Web (WWW), lançado na Net apenas em agosto de 1991 que, segundo Castells (2003, p. 17), foi “o que permitiu à Internet abarcar o mundo todo”. Em 1993, os meios de comunicação e o mundo dos negócios descobrem a Internet, enquanto a ONU inaugura sua página na rede, no endereço http://www.un.org. A Casa Branca monta o seu site [...] e divulga o endereço eletrônico do presidente dos Estados Unidos [...]. Os indicadores são espantosos: o tráfego na WWW cresce a uma taxa anual de 341,64%. O número de hosts da Internet dobra em um ano, atingindo 2 milhões em 1993 [...]. (PINHO, 2003, p. 34) Depois disso, hackers de todos os lugares do mundo inspiraram-se para desenvolver seus próprios navegadores, de modo que, em 1995, foi a vez da Microsoft adentrar a esse ramo, juntamente ao seu software do Windows 95. O Internet Explorer (IE) foi líder de mercado, mas acabou perdendo espaço para alguns concorrentes de peso, principalmente o Google Chrome. Em 1996, já existiam aproximadamente 80 milhões de usuários conectados em cerca de 150 países (PINHO, 2003). Castells (2003, p. 19) conclui, assim: Embora a Internet tivesse começado na mente dos cientistas da computação no início da década de 1960, uma rede de comunicações por computador tivesse sido formada em 1969, e comunidades dispersas de computação reunindo cientistas e hackers tivessem brotado desde o final da década de 1970, para a maioria das pessoas, para os empresários e para a sociedade em geral, foi em 1995 que ela nasceu. Ou seja, apesar de ter surgido nos anos 1960, foi somente 35 anos depois que a Internet tornou-se conhecida e, diga-se de passagem, começou a ser acessível para os cidadãos. Com isso, sua evolução começa a acelerar, de maneira que se inseriu na rotina diária dos indivíduos como um meio de comunicação, para além dos já existentes como a TV, o rádio e veículos impressos. Através dessa expansão, a Internet trouxe para a vida das pessoas a facilidade de realizar pesquisas, atividades, contatos, sem precisar sair de casa. Rüdiger (2011) concorda com Castells ao dizer que as mídias digitais interativas deixaram de ser meios de comunicação no sentido tradicional, de modo que o que ele chama de “clientes da velha mídia” estão abandonando a sua característica de sujeitos de recepção e tornando-se criadores de conteúdo.
  • 19. 17 O termo Internet foi cunhado com base na expressão inglesa “INTERaction or INTERconnection between computer NETworks”. Assim, a Internet é a rede das redes, o conjunto de centenas de redes de computadores conectados em diversos países dos seis continentes para compartilhar a informação e, em situações especiais, também recursos computacionais. As conexões entre elas empregam diversas tecnologias, como linhas telefônicas comuns, linhas de transmissão de dados dedicadas, satélites, linhas de microondas e cabos de fibra óptica. (PINHO, 2003, p. 41) Em consequência disso, aparece a Web 2.0, termo criado pelo estudioso Tim O’Reilly em outubro de 2004 para descrever a segunda geração da World Wide Web. Segundo Moreira e Dias (2009), o que mais se destaca na Web 2.0 é o envolvimento dos indivíduos no processo de desenvolvimento. Como visto na Figura 1, antes da Web 2.0, apenas o produtor de conteúdo era responsável em compartilhar a informação na Web; agora, tanto ele quanto os usuários se responsabilizam por essa tarefa. A Web 2.0 torna-se uma Web Social, voltada para a colaboração, participação e descentralização. Primo (2007, p. 1) reafirma essa ideia ao dizer que: A Web 2.0 é a segunda geração de serviços online e caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma combinação de técnicas informáticas [...], mas também a um determinado período tecnológico, a um conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de comunicação mediados pelo computador. Figura 1 – O funcionamento da Web 2.0 Fonte: https://cienciadoispontozero.files.wordpress.com/2009/11/webxweb22.png Acesso em: 11 de novembro de 2015. Assim, os usuários fazem parte do sistema e têm maior disponibilidade para acessar e interferir nesse meio. Eles se tornam produtores do conteúdo, deixando de
  • 20. 18 lado apenas o sentido de consumidor e aderindo à característica de criador. Na segunda geração da Web, essas informações deixaram de ser armazenadas somente no computador pessoal do usuário; agora, é possível deixá-las arquivadas na rede. [...] o usuário que produz o conteúdo, deixando de ser apenas consumidor de informação e passando a ser o agente construtor, formando assim uma comunidade, garantindo a credibilidade das informações publicadas, e a disseminação do conteúdo. (MOREIRA; DIAS, 2009, p. 5) De acordo com o relatório Digital, Social & Mobile in 2015 (Figura 2), divulgado em janeiro de 2015 e produzido pela agência de marketing social We are the media5, 42% da população mundial encontra-se ativa na internet, o equivalente a 3.038 bilhões de usuários, incluindo conexões fixas e móveis. Além disso, 29% têm contas ativas nas mídias sociais, levando em consideração o número de contas e não apenas o número de usuários. Figura 2 – Estatísticas globais a respeito do uso da internet. Fonte: http://wearesocial.net/blog/2015/03/digital-social-mobile-apac-2015/ Acesso em: 11 de novembro de 2015. No Brasil, ainda conforme a pesquisa, 54% da população total têm acesso à internet – um total de 110 milhões de brasileiros – e 47% (96 milhões) possui contas ativas em redes sociais. O resultado da análise mostra que o número de usuários 5 Disponível em: <http://wearesocial.net/blog/2015/03/digital-social-mobile-apac-2015/> Acesso em: 04 de junho de 2015.
  • 21. 19 globais da internet cresceu cerca de 28 milhões nos últimos dois meses e, além disso, tendências globais atuais indicam que cerca de meio milhão de pessoas têm acesso a um aparelho móvel todos os dias. Neste cenário de Web 2.0, participação ativa dos cidadãos no meio virtual, entre outras características, pode-se afirmar que o e-mail foi uma das primeiras formas que o sujeito encontrou para comunicar-se com outros, de modo que não necessitava de contato físico ou via telefone. O problema do e-mail é que pode ou não haver uma resposta imediata, diferente dos sites de redes sociais, que permitem uma conversação instantânea. Além do e-mail, os blogs ganharam destaque por serem espaços onde os indivíduos compartilhariam informações ou posicionamentos críticos, para serem lidos por outros que também se encontravam no ambiente on- line. As redes sociais também se tornaram relevantes nesse contexto, permitindo que os seus usuários interagissem entre si, necessitando apenas de uma conexão com uma ou mais redes. 2.2 Comunicação e o ciberespaço Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria. (LÉVY, 2004, p. 4) O homem é um produto do meio em que vive e, consequentemente, transforma esse meio. Conforme novas tecnologias vão surgindo, mais faz-se necessário que ele se adapte a elas. Hoje, pessoas possuem uma necessidade quase física de estarem ligadas aos seus computadores, celulares e outros dispositivos digitais. O que se percebe é que essas ferramentas facilitaram e bastante o modo de viver no século XXI, através das possibilidades de comunicação, entretenimento e até de suas ações políticas e econômicas. O ato de comunicar não quer dizer propriamente que um indivíduo vai fornecer algo novo a outro, mas mostra que eles estabelecem alguma relação. Seria a transmissão de informações a primeira função da comunicação? Decerto que sim, mas em um nível mais fundamental o ato de comunicação define a situação que vai dar sentido às mensagens trocadas. A circulação de
  • 22. 20 informações é, muitas vezes, apenas um pretexto para a confirmação recíproca do estado de uma relação. (LÉVY, 2004, p. 13) Dessa maneira, é indispensável deixar claro as diferenças entre comunicar e informar. Como já foi dito e Wolton (2012) enfatiza, o homem sempre teve a necessidade de se comunicar e de se relacionar com os outros. Conforme a versão on-line do dicionário Michaelis, comunicar significa “1 Fazer saber; participar [...] 2 Pôr em contato ou ligação; ligar, unir [...] 3 Tornar comum; transmitir [...] 4 Propagar-se, transmitir-se [...] 5 Pegar por contágio [...] 8 Conferenciar, falar [...] 9 Corresponder-se, ter relações. [...]”6 e informar denota à “1 Dar informe ou parecer sobre [...] 2 Dar informação a, dar conhecimento ou notícias a; avisar [...] 3 Contar, participar [...] 4 Tomar conhecimento de; inteirar-se [...]”7. Marcondes Filho (2009) explica que, em seu sentido tradicional, a comunicação é o ato de trocar mensagens para estabelecer uma ligação com alguém, como também é a transmissão de informações, mas que precisa levar em consideração o contexto em que é apresentada. A informação, entretanto, não aceita a intrusão do indivíduo na mensagem que ele repassa. O jogo da comunicação consiste em, através de mensagens, precisar, ajustar, transformar o contexto compartilhado pelos parceiros. Ao dizer que o sentido de uma mensagem é uma "função" do contexto, não se define nada, já que o contexto, longe de ser um dado estável, é algo que está em jogo, um objeto perpetuamente reconstruído e negociado. Palavras, frases, letras, sinais ou caretas interpretam, cada um à sua maneira, a rede das mensagens anteriores e tentam influir sobre ó significado das mensagens futuras. O sentido emerge e se constrói no contexto, é sempre local, datado, transitório. A cada instante, um novo comentário, uma nova interpretação, um novo desenvolvimento podem modificar o sentido que havíamos dado a uma proposição (por exemplo) quando ela foi emitida (...). (LÉVY, 2004, p.13) Entende-se que, como o autor explicou, as mensagens e seus significados passados de um emissor para um receptor vão ser modificados ao longo do caminho, dentro do processo de comunicação. Wolton (2012, p. 30) ainda levanta alguns questionamentos sobre essa necessidade do homem de se comunicar, interrogando sobre um ponto importante: “[...] todas estas tecnologias da comunicação, para fazer o quê?”. Sabe-se que a história da comunicação data-se desde tempos imemoriais, 6 Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues- portugues&palavra=comunicar> Acesso em: 09 de novembro de 2015. 7 Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=informar> Acesso em: 09 de novembro de 2015.
  • 23. 21 quando os indivíduos começaram a viver em um tipo de sociedade e foram aprendendo aos poucos como se comunicar entre si, através de desenhos nas paredes, gestos, depois a fala, até o aparecimento da escrita e, em seguida, dos meios de comunicação modernos. A revolução da comunicação engloba tudo por onde passa, integrando cada vez mais serviços, abrindo possibilidades de interação em todas as direções. Ontem, as coisas eram simples: o que dependia do telefone era diferente do que dependia do rádio e da televisão, e distinto do que concernia ao computador. Os terminais diferentes remetiam a atividades diferentes, a áreas diferentes, a culturas diferentes. Amanhã, ao contrário, tudo estará disponível no mesmo terminal. (WOLTON, 2012, p. 94) Nota-se, portanto, que o homem inventou e aperfeiçoou as tecnologias da informação e da comunicação com o objetivo de preservar sua identidade cultural, onde estão inclusos seus valores e crenças. Como Castells (1999, p. 449) afirma, “as pessoas moldam a tecnologia para adaptá-la a suas necessidades”. Antes das inovações tecnológicas trazidas pela criação dos computadores, todo conhecimento e informação acumulados pela sociedade, para serem repassados, precisavam de grandes esforços, como transporte físico, de carros, trens ou navios. Hoje, um documento importante é facilmente enviado via e-mail ou uma foto pode ficar guardada na memória do celular. Com os novos meios que vingam na web, não existem fronteiras. Na sua maioria, estes meios não são institucionalizados: pertencem a quem neles participa. Surgem assim novas formas de expressão e comunicação que têm influência nas relações sociais e nos processos de produção, reprodução, construção, reconstrução e representação da realidade. (RODRIGUES, 2006, p. 10) De acordo com Lemos (2005), a Cibercultura aparece junto ao surgimento da informática, mas consolida-se com a popularização da internet e da tecnologia virtual. Capobianco (2010, p. 187) explica, assim, que: A palavra deriva-se e amplia a noção de cultura, logo, é importante ressaltar que a cultura digital é evolução natural da cultura produzida pelas sociedades, diferenciada pelo fato dos dados estarem armazenados em um mesmo lugar desterritorializado, acessível à maioria das pessoas e que oferece possibilidade de socialização e comunicação por meio de recursos técnicos diferenciados como: e-mails, chat, fórum, wiki e outros. Lévy (1999, p. 22) conceitua a Cibercultura como “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. A
  • 24. 22 palavra ciberespaço, segundo o autor (LÉVY, 1999), foi utilizada pela primeira vez por William Gibson, em 1984, no seu romance Neuromancer, definindo o universo das redes digitais. Esse ciberespaço, que o autor também chama de rede, é um novo meio de comunicação que nasce a partir da interconexão dos computadores. O ciberespaço vai além da comunicação digital, abrigando as informações e os indivíduos que navegam e compõem esse ambiente virtual. “Esse novo meio tem a vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de comunicação e de simulação” (LÉVY, 1999, p. 93). Chatfield (2012, p. 21) comenta que: Desde a invenção da escrita, há mais de 5 mil anos, o mundo vem sendo transformado pelo o que o sociólogo americano Daniel Bell chamou de “tecnologias intelectuais”: tecnologias que nos permitem desenvolver nossas mentes de maneira semelhante à qual desenvolvemos armas e roupa para aumentar a capacidade de nossos corpos. De mapas a filmes, elaboramos ferramentas que ampliam nossa percepção do mundo, nossa capacidade de aprendizado e de comunicação, e que nos permitem transmitir nosso conhecimento e nossas ideias. Os primeiros computadores apareceram na Inglaterra e nos Estados Unidos no ano de 1945. O que hoje cabe em qualquer espaço e pode ser levado a todos os lugares, antes não caberia em um quarto de tamanho pequeno. Na época, essas grandes máquinas calculadoras eram reservadas apenas para os serviços dos militares, direcionadas para estatísticas e funções científicas. Lévy (1999, p. 32) informa que: Os anos 80 viram o prenúncio do horizonte contemporâneo da multimídia. A informática perdeu, pouco a pouco, seu status de técnica e de setor industrial particular para começar a fundir-se com as telecomunicações, a editoração, o cinema e a televisão. A digitalização penetrou primeiro na produção e gravação de músicas, mas os microprocessadores e as memórias digitais tendiam a tornar-se a infraestrutura de produção de todo o domínio da comunicação. Novas formas de mensagens "interativas" apareceram: este decênio viu a invasão dos videogames, o triunfo da informática "amigável". Foi somente na década de 1960 que essa tecnologia tornou-se disponível para o uso da população civil. No final dos anos 80 e início dos anos 90, redes de computadores se juntaram de modo que o número de pessoas e computadores teve um crescimento exponencial, dando origem às tecnologias digitais como infraestrutura do ciberespaço, visto por Lévy (1999, p. 34) como um “novo mercado de informação e do conhecimento”. A partir dos anos 70, gradualmente, foram aparecendo novas máquinas, mais
  • 25. 23 atuais e modernas, produzidas por grandes empresas como a Apple, de Steve Jobs. Como diz Chatfield (2012, p. 20), “as que possuímos hoje são centenas de milhares de vezes mais poderosas que a primeira geração doméstica, dez vezes mais baratas e extremamente fáceis de usar.” Em 1979 surgiram, entre outros, um dos primeiros processadores de texto (Apple Writer) para microcomputadores, assim como a primeira planilha (Visicalc, programa de simulação e de tratamento integrado de dados contábeis e financeiros), sem contar com as inúmeras linguagens de programação, jogos e programas especializados. O microcomputador fora composto por interfaces sucessivas, em um processo de pesquisa cega, no qual foram negociados, aos poucos, acessos a redes cada vez mais vastas, até que um limite fosse rompido a conexão fosse estabelecida com os circuitos sociotécnicos da educação e do escritório. Simultaneamente, estes mesmos circuitos começavam a se redefinir em função da nova máquina. A “revolução da informática” havia começado. (LÉVY, 2004, p. 29) A partir disso, aparecem aos poucos as chamadas comunidades virtuais, definidas como um grupo de pessoas que tem interesses ou destinos em comum e comunicam-se entre si de forma regular (RHEINGOLD apud CASALEGNO, 2006). Howard Rheingold, em entrevista a Casalegno (2006, p. 204) “introduz um novo conceito de ‘rede social’: o uso social e diário da Net, mesmo que ao mesmo tempo a rede seja pretendida como uma matriz que permite a criação de relações sociais e criações comunitárias”. Castells (2003, p. 105) complementa essa visão ao dizer que: A noção de “comunidades virtuais”, proposta pelos pioneiros da interação social na Internet, tinha uma grande virtude: chamava a atenção para o surgimento de novos suportes tecnológicos para a sociabilidade, diferentes de formas anteriores de interação, mas não necessariamente inferiores a elas. Castells (1999) esclarece que essas comunidades são redes sociais interpessoais, que se baseiam em laços fracos, independentes do fator físico. Nelas, as pessoas vão mostrando o que elas querem que seja visto, de forma a criar um tipo de portfólio. Rosa e Kamimura (2012) elencam alguns comportamentos típicos dos usuários de redes sociais, entre eles: leitura dos mais variados assuntos e opiniões contra ou a favor; procuram interagir com usuários que têm preferências similares; confiam nas recomendações encontradas nas redes on-line, mesmo que tenham sido feitas por indivíduos desconhecidos; e exigem, de certa forma, a leitura de notícias recentes e úteis. As novas tecnologias digitais modificaram, assim, a forma como os seres humanos pensam, agem e se relacionam, e também o modo como eles comunicam e
  • 26. 24 compartilham informações. A própria imprensa precisou adaptar-se a esse contexto, atualizando seu modo de fazer notícia, dando novas funções e habilidades para o profissional, além de contar com a participação do público. Virginio et al. (2011, p. 4) corrobora com esse ponto de vista quando diz que: Esses avanços tecnológicos impactam no jornalismo gerando novas capacidades de operação, principalmente para o repórter em campo em coberturas de reportagens de grande repercussão. Com estes dispositivos de múltiplas funções, o profissional do jornalismo pode agregar à sua rotina produtiva, o registro de áudio, vídeo, imagens e a produção de textos jornalísticos, além de poder editar, transmitir ao vivo e enviar estes conteúdos através das redes móveis. A imprensa, até pouco tempo atrás, exercia seu trabalho de forma tradicional. Os computadores eram utilizados apenas para redação e edição de textos, de maneira que os jornalistas não enxergavam que maiores utilidades esses aparatos poderiam ter. A televisão, o rádio e os jornais impressos não deixaram de existir, muito menos de terem sua audiência formada, mas, como o homem, também precisaram adequar- se ao que estava sendo proposto pelas novas tecnologias. A televisão e o rádio foram inventados há cerca de um século; a prensa há mais de quinhentos anos. Em apenas duas décadas, no entanto, fomos da abertura da internet para o público geral à marca de mais de 2 bilhões de pessoas conectadas; e passaram-se apenas três décadas desde o lançamento do primeiro sistema comercial de celular até a conexão de 5 bilhões de usuários ativos. (CHATFIELD, 2012, p. 12) Hoje, os veículos de comunicação já possuem suas páginas nas redes sociais, onde entram diretamente em contato com os usuários, estes que têm a opção de dar opiniões e contribuir para melhorias. 2.3 O impacto das mídias sociais no Jornalismo Brambilla (2011, p. 86) define mídia social “como aquela utilizada pelas pessoas por meio de tecnologias e políticas na Web com fins de compartilhamento de opiniões, ideias, experiências e perspectivas”. Suas características principais são o formato de conversação, a facilidade do discurso bidirecional e a ausência de censura. Para a autora, essas mídias facilitam porque sincronizam pessoas ou grupos de diferentes regiões, seja no mesmo país ou ao redor do mundo, de forma a documentar o que está acontecendo. Assim, com a utilização dos computadores em ambientes de trabalho e o
  • 27. 25 aparecimento gradual dessas mídias, ocorreu uma modificação no modo como as pessoas realizam suas atividades profissionais, como no caso dos jornalistas, principalmente na produção e reprodução da notícia. A internet foi construída originalmente para facilitar a colaboração. Por outro lado, os computadores pessoais, em especial os destinados ao uso doméstico, foram pensados como ferramentas para a criatividade individual. Por mais de uma década, desde o início dos anos 1970, o desenvolvimento das redes e o dos computadores domésticos avançaram por caminhos separados. Eles enfim começaram a andar juntos no final dos anos 1980 com a chegada dos modems, dos serviços on-line e da web. Assim como a combinação de motores a vapor e de processos mecânicos ajudou a fomentar a Revolução Industrial, a combinação do computador com as redes de distribuição levou à revolução digital e que permitiu a qualquer um criar, disseminar e acessar qualquer informação a partir de qualquer lugar. (ISAACSON, 2014, p. 15) Marcondes Filho (2009) explica que o aparecimento do jornalismo se associa à desconstrução do poder que estava nas mãos da Igreja e da Universidade – apenas quem estava inserido nesses ambientes tinha acesso ao conhecimento, à realização de pesquisas. De forma gradual, o saber reservado para esses letrados passa a circular dentro da sociedade. Os jornalistas ficam, então, responsáveis por esse papel “[...] de procurar, explorar, escavar, vasculhar, virar tudo de pernas para o ar, até mesmo profanar, no interesse da notícia” (MARCONDES FILHO, 2009, p. 18). Os primeiros jornais impressos continham apenas três ou quatro páginas, englobando notícias mais sensacionalistas, como desastres, nascimentos de pessoas importantes, entre outros temas. O jornalismo exercido entre os séculos XVI e XVII não era tido exatamente como um meio de formar opinião pública, mas apenas de manter as pessoas informadas acerca do que estava acontecendo pelos arredores. É somente entre os anos de 1780 e 1800, após a Revolução Francesa, que surge o conceito de esfera pública, “[...] ambientes abertos de discussão democrática [...]. É a infraestrutura para a constituição de opiniões políticas [...]” (MARCONDES FILHO, 2009, p. 24). Com isso, a liberdade de expressão começa a ser exercida dentro do jornalismo. No século XX, surge o jornalismo da era tecnológica (MARCONDES FILHO, 2009). Aqui o jornalista como agente humano é complementado pelas redes, e essas novas tecnologias vão interferir diretamente na produção da notícia: o profissional deixa de ter uma relação com o papel, modificando até mesmo a conexão física entre ele e seus colegas - em uma redação de jornal hoje, por exemplo, os textos para revisão não são impressos e levados para o editor corrigi-los à mão; tudo é feito por
  • 28. 26 e-mail ou através de sistemas especializados. A imagem ainda modifica a estética do veículo impresso, tornando a aparência do jornal um tópico decisivo na sua construção. Essa era da informação digital tem início nos Estados Unidos, por volta do fim dos anos 1980. Segundo Moherdaui (2002), o primeiro jornal que se inseriu no meio on-line foi o The New York Times8, durante os anos 70. “O jornal passou a disponibilizar resumos e textos completos de artigos atuais e artigos de suas edições diárias passadas a assinantes que possuíam pequenos computadores”. Já em território brasileiro, o primeiro a realizar uma cobertura completa em plataforma virtual foi o Jornal do Brasil9, em 28 de maio de 1995 (MOHERDAUI, 2002, p. 24). De acordo com a autora supracitada, o provedor IG (Internet Grátis)10 lançou, em 2000, o Último Segundo11, “[...] o primeiro jornal on-line concebido e produzido para a Internet no Brasil” (MOHERDAUI, 2002, p. 26). Além desses portais, outros foram aparecendo nos anos seguintes, como o GloboNews.com12, onde era possível encontrar o conteúdo dos jornais, revistas, rádio e tv das Organizações Globo, e ainda manchetes criadas especificamente para o site. No Brasil, a explosão de produções jornalísticas na Web se deu somente no início de 2000, mas a batalha ocorrida em Kosovo, em 1999, que deixou milhares de sérvios e albaneses e kosovares mortos, foi considerada a “Guerra da Internet”, primeira grande cobertura on-line produzida para o mundo digital [...]. E o jornalismo on-line brasileiro teve um importante papel nesse conflito. Naquele ano, o Universo Online publicou relatos impressionantes de pessoas que estavam próximas às áreas de maior conflito. (MOHERDAUI, 2002, p. 30) A partir disso, vê-se que existem duas formas de jornalismo na Internet: em uma, a informação é 100% on-line, dada em tempo real; em outra, portais que publicam a reprodução do que está escrito em seu veículo impresso. Na Web é possível divulgar uma notícia recente e criar links com matérias a respeito do mesmo tema, facilitando a compreensão textual e também possibilitando uma abrangência do conhecimento. “O jornalismo on-line não tem periodicidade, a sua dinâmica é determinada pelos acontecimentos que merecem ser noticiados” (MOHERDAUI, 2002, p. 96). 8 http://www.nytimes.com/ 9 http://www.jb.com.br/ 10 http://www.ig.com.br/ 11 http://ultimosegundo.ig.com.br/ 12 http://g1.globo.com/globo-news/index.html
  • 29. 27 As novas tecnologias digitais introduzem a “imaterialidade jornalística”. Na tela do computador, o texto jornalístico perde a materialidade e se torna pura fibrilação visual de pontos, um texto permanentemente provisório, nunca terminado, passível de interferências por todos os que por ele passam em todos os momentos da produção do jornal. Imaterial está se tornando também o próprio jornal, cada vez mais editado on-line, assim como a redação, acessível de qualquer ponto do planeta, tanto para se receber pautas como para se fazer uma reportagem, nela inserir fotos tiradas em tempo real, diagramar e enviar, tudo pronto, ao terminal instalado do outro lado do mundo. (MARCONDES FILHO, 2009, p. 51) Atualmente, as práticas jornalísticas possuem um maior e diferenciado número de produtores de notícias, sendo que uma parcela dessa quantia não está inserida nas organizações. Com a expansão das redes sociais e até mesmo dessa facilidade de criação de notícias por parte de não profissionais da área, o monopólio da informação não se encontra mais nas mãos dos jornalistas e de empresas e sim de todos que possuem interesse em se manifestar. Marcondes Filho (2009) afirma ainda que o bom jornalista hoje é aquele que consegue dar conta de funções em uma velocidade que anula o quesito da qualidade de seu texto. Para o autor, não existem mais especialistas em determinadas áreas ou temas: “temos uma multidão de bons redatores, capazes de passar por todas as redações e mesmo funcionar como editores delas, sem que se projete qualquer nome individualmente” (MARCONDES FILHO, 2009, p. 165). Antes a publicação exigia acesso a uma gráfica, e em consequência o ato de publicar alguma coisa ficava limitado a uma fração mínima da população, e a possibilidade de atingir uma população fora de uma área geograficamente limitada era ainda mais restrita. Agora, conectando-se à internet, um usuário tem acesso a uma plataforma que é ao mesmo tempo global e gratuita. Nossas ferramentas de comunicação não se tornaram apenas mais baratas; tornaram-se também melhores. Em particular, são mais favoráveis a usos inovadores, porque são consideravelmente mais flexíveis que as antigas. (SHIRKY, 2012, p. 69) O espaço físico da redação ainda existe para alguns, utilizada para reuniões de pauta, mas os textos podem ser escritos e enviados de casa, desconstruindo a ideia da locomoção e todo o trabalho de precisar produzir determinada reportagem em seu horário de serviço. Os temas tratados nos jornais também sofrem consequências com a implementação dos meios eletrônicos. Como sustenta Marcondes Filho (2009, p. 162), “há um reducionismo dos grandes temas a assuntos de natureza subjetiva, individual ou particular”. A notícia perde seu caráter de densidade. Essa notícia, definida por Alsina (2009, p. 296) como a narração de um fato e não o fato propriamente dito, não
  • 30. 28 possui a obrigação de ser verdadeira, de modo que, sendo ou não verossímeis, ainda continuarão sendo notícias. O que alguns autores questionam é o papel dos jornalistas dentro dessa era em que tudo é notícia e todos podem produzir essa notícia. A democratização dos meios de produção tem possibilitado que repórteres cidadãos, ou seja, indivíduos sem formação jornalística, também tenham acesso às ferramentas de produção, tanto colaborando na produção de notícias tradicionais por um veículo, quanto produzindo conteúdo para ser veiculado em espaços autônomos. A possibilidade de participação de pessoas comuns não-jornalistas no processo de produção de notícias na Internet provoca a necessidade de se repensar o papel do jornalismo. A Web 2.0 trouxe à tona uma nova geração de sites de notícias, bem como novos modelos colaborativos e abertos para se fazer jornalismo. O surgimento de novos tipos de publicação fez com que a fronteira entre os meios tradicionais e os meios colaborativos se tornasse nebulosa. (ZAGO, 2011, p. 60) Essas mudanças na forma de produção, assim, confundem tanto a função do jornalista quanto o que é jornalismo no século XXI. Shirky (2012) utiliza o termo “amadorização em massa” para definir essa maneira de compartilhamento por qualquer pessoa. Para ele, “o futuro apresentado pela internet é a amadorização em massa da capacidade de publicação e uma mudança de ‘Por que publicar isto?’ para ‘Por que não?’” (SHIRKY, 2012, p. 55). Na atividade de publicar notícias não existe mais o caráter de exclusividade, porque os usuários podem fazer isso sem repressão. O problema, porém, é que a profissionalização em massa é um oximoro, já que uma classe profissional implica uma função especializada, testes mínimos de competência e uma minoria de membros. Nenhuma dessas condições está presente nos blogs políticos, no compartilhamento de fotos ou em várias outras ferramentas de autopublicação. Os blogs individuais não são apenas sites alternativos de publicação; eles são alternativas à própria publicação enquanto atividade própria dos editores, uma classe minoritária e profissional. Da mesma maneira que você não precisa ser um motorista profissional para dirigir, não precisa ser um editor profissional para publicar. A amadorização em massa é um resultado da difusão radical de capacidades expressivas, e o precedente mais óbvio foi aquele que deu origem ao mundo moderno: a difusão da imprensa cinco séculos atrás. (SHIRKY, 2012, p. 60) O que o autor acima defende é que, apesar de haver uma redução no prestígio da publicação feita por profissionais, ainda assim essa publicação valoriza o discurso e a ação públicos (SHIRKY, 2012, p. 71). O que pode ocorrer é uma inexistência de filtros e a internet acabar abarcando todos os tipos de assuntos, informações, notícias em excesso, diferente do jornalismo tradicional, onde vai acontecer a seleção dos fatos, de acordo com critérios das editorias, que deverão ser publicados. Em vista disso, de como o jornalismo recebeu o impacto das mídias sociais, as empresas de comunicação agora possuem um novo cargo, cujas pesquisas sobre ele
  • 31. 29 ainda são bastante escassas: o analista de mídias sociais, também chamado de gestor de mídias sociais ou social mídia, responsável pela comunicação em redes sociais. Ou seja, apesar da relutância à adaptação aos novos meios, os veículos de comunicação tiveram que aceitar que a Web tem papel relevante e colaborativo. Observa-se, assim, que ocorreram modificações em diversos setores da função jornalística. As notícias são produzidas em todos os lugares, o tempo todo, devido ao acesso às fontes e aos dispositivos que permitem uma apuração mais fácil. A convergência entre as mídias é outro ponto que tem significância, já que nos portais é possível colocar imagens, vídeos e áudios junto aos textos, possibilitando uma melhor recepção a quem lê. Os profissionais procuram novas formas de unir a sua função de produzir à função do leitor de colaborar, como, por exemplo, os jornais impressos e emissoras de rádio que hoje possuem canais para o leitor mandar sua participação, seja um furo de reportagem, seja uma imagem ou um vídeo exclusivo, indicando a busca de caminhos para dialogar com outro aspecto da Internet, a interatividade. Essa era da informação trouxe para o jornalismo características que permitem que a profissão continue a ter importante papel na sociedade. As redes sociais, portanto, podem promover aspectos tanto negativos, quanto positivos na difusão da notícia, tópico que será abordado no capítulo final deste trabalho. 2.4 Definições e características das redes sociais A Internet oferece opções diversas para quem quer manter-se informado. Desde que surgiu, trouxe expressivas mudanças para a sociedade, que é o que Recuero (2009) chama de comunicação mediada pelo computador (CMC), através da qual, de acordo com a autora, os indivíduos podem se expressar e sociabilizar entre si. Sejam portais de notícias, sites aleatórios, aplicativos e gadgets13, entre outros meios. Dentro disso, aparecem as redes sociais como espaços para compartilhar opiniões, notícias, fatos, acontecimentos ou, até mesmo, nada que seja importante, mas, querendo ou não, vai ser repassado para amigos ou seguidores e, talvez, 13 “Na Internet ou mesmo dentro de algum sistema computacional (sistema operacional, navegador web ou desktop), chama-se widget, mas vezes também chama-se de gadget algum pequeno software, pequeno módulo, ferramenta ou serviço que pode ser agregado a um ambiente maior.” Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Gadget> Acesso em: 10 de novembro de 2015.
  • 32. 30 também compartilhado por ser de interesse comum. Essas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir- se, interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de computadores, rastros que permitem o reconhecimento dos padrões de suas conexões e a visualização de suas redes sociais através desses rastros. (RECUERO, 2009, p. 24) Uma pesquisa realizada pela companhia Nielsen14 mostrou que entre os anos de 2011 e 2012 cresceu o número de conexões principalmente em celulares e tablets. O Facebook é o líder entre as redes mais visitadas via computador, com 152.2 milhões de visitantes, com o Twitter em terceiro lugar (37 milhões), perdendo para o Blogger (58.5 milhões). Sobre os motivos que levam as pessoas a se conectarem, a pesquisa revelou que: 63% conhecem as pessoas fora das redes, 50% têm amigos em comum, 13% têm acesso a redes de negócios, 6% aceita todas as solicitações de amizade, entre outros pontos. Vale ressaltar que a pesquisa focou nos usuários norte- americanos, mas ainda colabora para dar uma ideia de como está o acesso às redes sociais nos últimos anos. Tais redes, surgiram como quem não quer nada, devagar, de forma que, sem que os usuários percebessem, já possuíam certa dependência com relação a elas. São pessoas, microempresas, organizações e grandes corporações que constituem esse ambiente virtual, dividindo informações, atendendo reclamações, fazendo o que o homem faz desde os tempos das cavernas: comunicar. Brambilla (2011, p. 15) informa que: Sites de rede social foram especialmente significativos para a revolução da “mídia social” porque vão criar redes que estão permanentemente conectadas, por onde circulam informações de forma síncrona (como nas conversações, por exemplo) e assíncrona (como no envio de mensagens). Redes sociais tornaram‐se a nova mídia, em cima da qual a informação circula, é filtrada e repassada; conectada à conversação, onde é debatida, discutida e, assim, gera a possibilidade de novas formas de organização social baseadas em interesses das coletividades. Ainda conceituando as redes sociais, Duarte et al. (2008) as compara com redes biológicas, por serem autogenerativas, mas gerando apenas produtos imateriais. Tornam-se redes de comunicações ao criarem pensamentos e significados, que vão originar outras comunicações. 14 Disponível em: <http://www.nielsen.com/content/dam/corporate/us/en/reports-downloads/2012- Reports/The-Social-Media-Report-2012.pdf> Acesso em: 4 de junho de 2015.
  • 33. 31 Enquanto as comunicações continuam nas redes sociais, elas formam ciclos múltiplos de retroalimentação que finalmente produzem um sistema compartilhado de crenças, explicações e valores – um contexto comum de sentido, também conhecido como cultura, que é continuamente apoiada em comunicações seguintes. Por meio dessa cultura, os indivíduos adquirem identidade como membros da rede social e, nesse sentido, a rede gera seu próprio limite. Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pela rede de comunicações. (DUARTE et al., 2008, p. 23) Para ser uma rede social, é necessário que ela permita aos indivíduos, de acordo com Boyd e Ellison (2007, p. 211), “[...] (1) construir um perfil público ou semi- público dentro de um sistema limitado, (2) articular uma lista de outros usuários com quem eles compartilham uma conexão, e (3) ver e navegar sua lista de conexões e aquelas feitas por outras pessoas dentro do sistema (tradução nossa)”15. Assim, blogs, microblogs (como o Twitter) e redes como o Facebook inserem-se nessa definição, pois permitem que o usuário tenha seu perfil, adicione amigos e construa interações dentro desse meio. Depois de aderir a um site de rede social, os usuários são solicitados a identificar outros no sistema com quem têm uma relação. O rótulo para estes relacionamentos difere dependendo dos termos do site - termos populares incluem “Amigos”, “Contatos”, e “Fãs”. A maioria dos SRS necessita de confirmação bidirecional para a amizade, mas alguns não. Estes laços unidirecionais são por vezes rotulados como “Fãs” ou “Seguidores”, mas muitos sites chamam de Amigos também. O termo “Amigos” pode ser mal entendido, porque a conexão não significa necessariamente amizade no sentido vernacular de todos os dias, e as razões para as pessoas se conectarem são variadas. (BOYD; ELLISON, 2007, p. 213, tradução nossa)16 As redes sociais, por sua característica de interação e compartilhamento, hoje também são conhecidas como redes de relacionamento. Segundo Recuero (2009), são formadas por dois componentes importantes: atores sociais e conexões. No caso dos primeiros, são apenas representações, pois são espaços em que eles se manifestam e interagem entre si, sendo estes espaços considerados privados, por tratarem do lugar individual do sujeito, mas, ao mesmo tempo, públicos, por estarem, 15“(1) construct a public or semi-public profile within a bounded system, (2) articulate a list of other users with whom they share a connection, and (3) view and traverse their list of connections and those made by others within the system.” (BOYD; ELLISON, 2007, p. 211) 16After joining a social network site, users are prompted to identify others in the system with whom they have a relationship. The label for these relationships differs depending on the site—popular terms include “Friends”, “Contacts” and “Fans”. Most SNSs require bi-directional confirmation for Friendship, but some do not. These one- directional ties are sometimes labeled as “Fans” or “Followers”, but many sites call these Friends as well. The term “Friends” can be misleading, because the connection does not necessarily mean friendship in the everyday vernacular sense, and the reasons people connect are varied. (BOYD; ELLISON, 2007, p. 213)
  • 34. 32 de certa forma, abertos para serem lidos e interpretados. A autora explica: Os atores são o primeiro elemento da rede social, representados pelos nós (ou nodos). Trata-se das pessoas envolvidas na rede que se analisa. Como partes do sistema, os atores atuam de forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais. [...] Um ator, assim, pode ser representado por um weblog, por um fotolog, por um twitter ou mesmo por um perfil no Orkut. E, mesmo assim, essas ferramentas podem apresentar um único nó (como um weblog, por exemplo), que é mantido por vários atores (um grupo de autores do mesmo blog coletivo). (RECUERO, 2009, p. 25) Desse modo, em grande parte das redes, como Facebook, Instagram, Twitter e, um exemplo mais antigo e extinto hoje, o Orkut, os usuários são encontrados através de seus perfis, criando uma identidade própria, onde eles publicam o que querem que seja visto em relação a eles, seja verdadeiro ou falso. Tais perfis representam esses atores e estabelecem uma conexão entre eles e outros. Recuero (2009) explica que as conexões existentes e estabelecidas em uma rede social se constituem de laços sociais que, por conseguinte, são compostos pelas interações sociais entre os atores. Essas interações são tidas como aquilo que o indivíduo deixa na Internet, como um comentário, por exemplo. E é esse contato que vai colaborar para a criação de laços sociais entre os usuários. A interação social é caracterizada não apenas pelas mensagens trocadas (o conteúdo) e pelos interagentes que se encontram em um dado contexto (geográfico, social, político, temporal), mas também pelo relacionamento que existe entre eles. [...] Trata-se de uma construção coletiva, inventada pelos interagentes durante o processo, que não pode ser manipulada unilateralmente nem pré-determinada. (PRIMO, 2010, p. 7) Outros aspectos relevantes encontrados nas redes sociais é que estas permitem não apenas o compartilhamento de texto, mas som e imagem. O que antes era visto apenas nos canais televisivos e rádios, como filmes, novelas, séries, podcasts e outros programas de entretenimento são livremente postos na rede e disponibilizados para quem tiver interesse. Festivais como Rock in Rio e Lollapalooza têm cobertura ao vivo no YouTube. Assim, um indivíduo encontra certo link de seu interesse e compartilha em sua timeline, de modo que seus amigos e seguidores que têm gostos semelhantes, veem e também compartilham em suas timelines. Ou seja, a ação é ver o vídeo e a reação é compartilhar e assim sucessivamente, atraindo visualizações, discussões e conversações para o tema. Conforme isso, Brambilla (2011, p. 79) complementa:
  • 35. 33 O boca a boca sempre existiu. Faz parte das nossas relações humanas buscar em pessoas nas quais confiamos opiniões e experiências que nos ajudem a formar nosso próprio relato sobre o mundo. Com as redes sociais, a definição de boca a boca passou a incluir todos os meios pelos quais nos comunicamos e compartilhamos informações, nos transformando em mídia. Basta um computador ou um telefone celular e um sinal de Internet e espalhamos crenças, valores, sentimentos e fatos, falamos daquilo que amamos ou detestamos em blogs, vídeos, fotos, microblogs, ferramentas de geolocalização, etc. Desenvolvemos conteúdo e passamos a ser relevantes para uma ou mais pessoas, influenciando decisões, sobretudo aquelas relacionadas ao consumo de marcas, produtos e serviços. Apesar do objeto de estudo deste trabalho ser o Twitter, achamos pertinente citar o Facebook como outro exemplo de rede social porque ele é similar ao microblog, nas suas características essenciais de rede social, explicitadas por Boyd e Ellison (2007) anteriormente. 2.4.1 O Facebook Criado em fevereiro de 2004, por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes, na época estudantes de Harvard, o Facebook começou a se expandir apenas no ano seguinte, somente para as universidades. Para terem acesso, as pessoas precisavam de convites. Kirkpatrick (2010, p. 31) afirma que o Facebook era uma “ferramenta de comunicação muito básica, destinada a resolver o problema simples de acompanhar seus colegas da faculdade e o que acontecia com eles.” Sendo uma forma de comunicação fundamentalmente nova, o Facebook também produz efeitos interpessoais e sociais fundamentalmente novos. O Efeito Facebook acontece quando a rede social põe as pessoas em contato umas com as outras, às vezes de forma inesperada, em torno de algo que tenham em comum: uma experiência, um interesse, um problema ou uma causa. Isso pode acontecer em pequena ou grande escala – desde um grupo de dois ou três amigos ou uma família até milhões, como na Colômbia. O software do Facebook imprime uma característica viral à informação. As ideias no Facebook têm a capacidade de se espalhar pelos grupos e fazer com que um grande número de pessoas tome conhecimento de algo quase simultaneamente, propagando-se de uma pessoa para outra e para muitas com uma facilidade rara – como um vírus, ou meme. Você pode enviar mensagens para outras pessoas mesmo que não esteja explicitamente tentando fazer isso. [...] Antigamente, a difusão de informações em larga escala era privilégio da mídia eletrônica – rádio e televisão. Mas o Efeito Facebook [...] significa que pessoas comuns estão originando a transmissão em broadcast. Não é preciso saber nada de especial nem ter nenhuma habilidade específica. O Twitter é outro serviço, com um número mais limitado de funções, que também pode possibilitar a qualquer indivíduo fazer poderosas transmissões pela internet. E também tem tido um impacto político significativo. (KIRKPATRICK, 2010, p. 13-14)
  • 36. 34 Em 31 de março de 2015, o blog17 da empresa divulgou que a rede social atingiu a marca de 1,44 bilhão de usuários ativos por mês. Em 2012, quando tinha acabado de chegar aos 1 bilhão, o Facebook ganhou o título de maior rede social virtual do mundo. O perfil do usuário é composto por informações pessoais, tais como status de relacionamento, número de telefone, endereço de e-mail, livros, filmes e músicas favoritos, cursos que estava fazendo, data de aniversário. Com objetivos semelhantes aos do Twitter, o Facebook diferencia-se em alguns pontos: a existência de um mural para os usuários realizarem suas postagens, onde o limite de caracteres ultrapassa bem mais que os 140 do Twitter; para ser amigo de alguém, uma pessoa precisa adicionar outra e aguardar que ela o aceite. O Editor da seção Mente Aberta da Revista Época, Luís Antônio Giron, explica de que forma o Facebook e o Twitter diferenciam-se, não especificamente em relação ao seu conteúdo, mas à forma como os usuários se comportam nas redes. De alguma forma, o Twitter se parece com os meios tradicionais de comunicação, pois permite que se propaguem informações sem restrições de comunidade. Daí, talvez, os profissionais de comunicação gostarem mais dele do que do Facebook. O usuário pode seguir uma celebridade – e ser seguido por ela – sem filtros. Você pode dar um furo de notícia e se tornar importante da noite para o dia. E também tem a opção de configurar o Twitter para que ele sirva como uma rede superexclusiva, ou então se valer de um pseudônimo para se expressar livremente, sem as amarras de sua condição social e profissional. [...] Quem usa o Twitter corre risco. Parece andar em uma praça, sujeita às intempéries, ao acaso e ao contato das multidões. Faz e recebe críticas, ataca e é atacado. [...] A presumível livre expressão do pensamento faz parte do mecanismo do gorjeio quase infinito, que se dissemina através da retuitagem. Ele fornece a ilusão de que o usuário é popular, pelo número de pessoas que o seguem. [...] O usuário de Facebook parece ser mais passivo e inclinado ao convencionalismo. Ele tem um só nome, um só endereço e um só rosto. Seu prestígio não se mede pelo número de seguidores como o Twitter. Ele precisa se sentir protegido e não ser contestado. [...] O Facebook apresenta um processo de afinidades menos eletivas que forçadas. Lembra um ambiente amplo, porém fechado e controlado. Quem está sob seu teto é obrigado a fazer amigos e se relacionar intensamente com os outros, só que mantendo a discórdia fora da conversa. Bloquear pessoas é o mesmo que ofendê-las para sempre. (GIRON, 2012)18 Entende-se, assim, que as duas redes sociais aqui citadas são espaços onde os usuários exercem seus direitos de se manifestarem e comunicarem através de suas postagens, sejam elas limitadas a poucos toques ou não. A liberdade encontrada nas redes sociais é a liberdade de ser e fazer o que se tem vontade. Chatfield (2012, p. 17 Disponível em: <http://newsroom.fb.com/company-info/> Acesso em: 03 de junho de 2015. 18 Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/cultura/luis-antonio-giron/noticia/2012/06/twitter-ou-facebook-de-que-lado- voce-esta.html> Acesso em: 03 de junho de 2015.
  • 37. 35 14) explica isso quando diz que O mundo digital atual não é apenas uma ideia ou um conjunto de ferramentas, da mesma forma que um dispositivo digital moderno não é apenas algo ativado para nos entreter e nos agradar. Ao contrário – para um número cada vez maior de pessoas, é uma passagem para o lugar onde lazer e trabalho estão interligados: uma arena em que conciliamos de forma contínua amizades, notícias, negócios, compras, pesquisas, política, jogos, finanças e muitas outras atividades. Em 2011, essas duas redes tiveram participação essencial na Revolução do Egito, colaborando para derrubar 30 anos de governo ditatorial no país. Segundo matéria do site da Carta Capital19, os movimentos foram organizados através do Facebook e do Twitter. Santos (2011, p. 2) informa que O resultado foram as grandes mobilizações que reuniram milhares de pessoas na praça Tahrir. Ao perceber que o chamamento pela internet dava resultados cada vez mais avassaladores, repercutindo também em cidades do interior do país, o governo egípcio optou pela solução sem precedentes: bloqueou a internet, numa tentativa desesperada de conter a revolta. Assim, as redes sociais servem a um campo de diversas funcionalidades. O Facebook, assim como o Twitter, que será estudado no próximo capítulo, vieram para que os usuários manifestassem seus interesses e comportamentos através de um teclado de computador ou de um celular. 19 Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/tecnologia/twitter-a-nova-via-da-revolucao> Acesso em: 4 de junho de 2015.
  • 38. 36 3 O TWITTER A respeito da utilidade do Twitter, Santaella e Lemos (2010, p. 82) informam que: A utilização do Twitter para engajamento e participação em colaboração intelectual on-line é um exemplo que demonstra como o encadeamento de respostas e o entrelaçamento de ideias em fluxos coletivos pode ser um processo complexo, que envolve dinâmicas de interação em tempo real. Essa é uma mídia que pode ser usada simultaneamente para engajar os membros de uma comunidade ao redor de uma ideia, aferir o entendimento coletivo do grupo sobre determinado conceito, e também para detectar lideranças e tendências. Tudo isso em tempo real. Como foi dito no capítulo anterior, os sites de redes sociais permitem aos usuários inúmeras possibilidades, entre elas, o ato de manifestar sua opinião abertamente em seus perfis. Visto isso, o Twitter é uma dessas ferramentas que complementa esse quadro, de forma que é uma das mais úteis e fundamentais para quem deseja compartilhar informação de modo instantâneo e objetivo, pelo fato de um tweet ser composto por apenas 140 caracteres e o sujeito precisar se adaptar a isso. 3.1 E do verbo fez-se o tweet Twister. Twist tie. Twit. Twitch. Twitcher. Twitchy. Twite. Aí estava ela. “Leve trinado produzido por algumas aves; piar, chilrear.” [...] “Som semelhante, especialmente leve, fala ou riso trêmulo.” [...] “Agitação ou excitação; vibração.” Um verbo. Twitter. Twitter. Twittered. Twittering. Twitters. (BILTON, 2013, p. 76) Figura 3 – O pássaro azul, símbolo do Twitter. Fonte: https://blog.twitter.com/2012/taking-flight-twitterbird Acesso em: 18 de novembro de 2015. O significado de Twite, visto na citação acima, deu origem aos verbos tweet e tweetar, o primeiro sendo o texto já produzido pelo usuário e postado; o segundo como a ação de produzir esse texto. Em 21 de março de 2006, Jack Dorsey, inventor do Twitter, fez seu primeiro tweet. “Just setting up my twttr” ou, em português (tradução
  • 39. 37 nossa), “apenas configurando meu twitter” (Figura 4). O que pouca gente sabe é que o Twitter passou por vários processos até ser o que é hoje. Figura 4 – O primeiro tweet. Fonte: https://twitter.com/jack/status/20 Acesso em: 18 de novembro de 2015. Em 1999, Ev Williams, um dos fundadores, havia criado o Blogger, um tipo de diário on-line que, ao seu ver, “ajudaria as pessoas que não sabiam nada de programação de computadores a criar um ‘web log’, ou ‘blog’” (BILTON, 2013, p. 27). O que Williams queria, na verdade, era transformar o blogger em uma espécie de jornal virtual, onde as pessoas fariam amizades digitais. Com a popularidade de sua criação, Ev Williams tornou-se conhecido no Vale do Silício20. Após a venda do Blogger para o Google, ele trabalhou um tempo por lá até resolver sair da companhia e montar a Odeo, uma empresa de podcasting21 que não obteve sucesso em sua área e foi adquirida pela ObviousCorp.22, e logo Jack Dorsey e Biz Stone se juntariam ao time, tornando-se substanciais na criação do Twitter. Segundo Bilton (2013), Dorsey estava refletindo sobre a evolução da ferramenta de status que ele utilizava no seu perfil do LiveJournal23 e pensou em separá-la do blog e criar um site específico para ela. O autor informa que: Essa coisa de “status” poderia ajudar as pessoas a se conectar com outras 20 Localizada na Califórnia, Estados Unidos, é uma região onde se encontram as sedes dos grandes nomes da tecnologia: Apple Inc., Facebook, Google, Yahoo!, eBay, entre outras. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Vale_do_Silício> Acesso em: 15 de maio de 2015. 21 “Podcast é uma forma de transmissão de arquivos multimídia na Internet criados pelos próprios usuários. Nestes arquivos, as pessoas disponibilizam listas e seleções de músicas ou simplesmente falam e expõem suas opiniões sobre os mais diversos assuntos, como política ou o capítulo da novela. Pense no podcast como um blog, só que ao invés de escrever, as pessoas falam.” Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/1252-o- que-e-podcast-.htm> Acesso em: 15 de maio de 2015. 22 Empresa criada por Ev Williams em 2006. 23 Concorrente do Blogger, é uma espécie de diário virtual onde os usuários têm seu perfil e podem interagir com outros usuários. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Livejournal> Acesso em: 15 de maio de 2015.
  • 40. 38 que não estivessem por perto. Não se tratava apenas de compartilhar a música que você estava ouvindo ou de dizer onde você estava naquele momento; o negócio era conectar as pessoas e fazer com que elas se sentissem menos sozinhas. Teria de ser uma tecnologia que amenizasse o sentimento de solidão de toda uma geração quando olhava para a tela do computador. (BILTON, 2013, p. 71) Assim nascia a ideia do Twitter que, até então, se chamava Status. Foi Noah Glass, também integrante da equipe, que pensou no nome Twitter, inspirado na vibração do celular quando uma atualização era enviada. Àquela época, o Twitter (ou Twttr, como também era chamado) funcionava apenas através de mensagem de texto. Esse primeiro protótipo era utilizado apenas dentro da Obvious, sendo lançado publicamente e para computadores em julho de 2006. Em março de 2007, o Twitter ganhou o prêmio SXSW Web Award24 na categoria Blog e deu um passo revolucionário no caminho para a fama. Em abril do mesmo ano, desliga-se da Obvious e torna-se um empreendimento independente, com o nome de Twitter, Inc. Quando ocorreu um terremoto enquanto Jack Dorsey estava no escritório, ele tweetou sobre o acontecimento em seu perfil e recebeu algumas respostas. Foi aí que, de acordo com Bilton (2013), Ev Williams se deu conta do papel relevante que o Twitter tinha na comunicação, indo para além de um simples status. “Jack continuava a ver o Twitter como uma forma de falar a respeito do que estava acontecendo com ele. Ev estava começando a ver o Twitter como uma forma de saber o que estava acontecendo no mundo” (BILTON, 2013, p. 108). O Twitter foi criado originalmente para servir de ponto de encontro para grupos de pessoas que já se conheciam. Quando telefonamos para alguém, é comum perguntarmos: "O que você está fazendo?" Entre outras coisas, o Twitter serve para mantermos contato ao longo do dia com familiares e amigos. Não mandaríamos um email para perguntar o que eles estão fazendo no momento, mas se a informação estiver disponível, ela será bem-vinda. Acontece que depois de algum tempo, os usuários do serviço começaram a explorar outras maneiras de usar a plataforma, por exemplo, para disseminar informação e para participar de conversas públicas. E hoje, um slogan mais apropriado que "o que você está fazendo?" seria "o que chama a sua atenção?" Assistiu um filme bacana? Tuite. A sua operadora fica interrompendo o seu dia com SMSs comerciais inúteis? Tuite. Encontrou um livro grátis explicando como usar o Twitter? Tuite, tuite! (SPYER et al. 2009, p. 24) Em setembro de 2011, o Twitter anunciou que havia chegado ao número de 100 milhões de usuários ativos por mês no mundo todo25. Hoje, segundo o próprio 24 O South by Southwest é um festival que engloba Cinema, Música e Tecnologia. A premiação ocorre dentro do quesito Tecnologia. 25 Disponível em: <https://blog.twitter.com/2011/one-hundred-million-voices> Acesso em: 15 de maio de 2015.
  • 41. 39 site26 da companhia, 500 milhões de tweets são enviados diariamente pelos 302 milhões de usuários ativos. Desse quantitativo, 80% estão no celular e, das contas no site, 77% encontram-se fora dos Estados Unidos. “Em 2007, as pessoas estavam enviando 5 mil tuítes por dia. Em 2008, a empresa estava processando 300 mil tuítes diários. Em 2009, esse número cresceu 1400%, chegando a 35 milhões de tuítes diários” (BILTON, 2013, p. 230). De acordo com Spyer et al. (2009), como não é muito comum para o Twitter divulgar números a seu respeito, em uma pesquisa realizada em junho de 2009 pela Sysomos, empresa especializada em análise de mídias sociais, o Brasil estava em quinto lugar em relação ao crescimento do número de usuários aderindo ao site. 3.2 140 caracteres Orihuela (2007) afirma que o Twitter é considerado um microblog por fazer uma mistura de blog com Rede Social e mensageiro instantâneo27. Para melhor compreensão, entende-se que é um microblog por limitar o tamanho de sua postagem; blog por permitir que os usuários compartilhem suas opiniões de diversas formas; Rede Social por permitir que os usuários sigam e sejam seguidos por outros; e mensageiro instantâneo porque permite que os usuários que se encontram on-line em determinado momento conversem entre si, seja através do Reply ou através da Mensagem Direta, termos que serão explicados em outros tópicos. Em 2009, o status do Twitter continha a pergunta “O que você está fazendo?”, de modo que o sentido desse questionamento não mostrava qual era a verdadeira intenção do microblog. O que Jack Dorsey queria era uma comunicação interna entre os usuários da Obvious, de maneira que um saberia o que o outro estava fazendo em tal momento. Como dito no tópico anterior, Ev Williams sabia que o Twitter tinha a capacidade de mostrar para as pessoas o que estava acontecendo ao redor do mundo – isso, muitas vezes, em tempo real. No blog do Twitter, Biz Stone (2009) escreveu: O Twitter foi concebido originalmente como um serviço de atualização de status – uma maneira simples de manter contato com as pessoas conhecidas, enviando e recebendo respostas curtas para uma pergunta: “O que você está fazendo?” É claro que alguém em San Francisco pode responder: “Tomando 26 Disponível em: <https://about.twitter.com/pt/company> Acesso em: 15 de maio de 2015. 27 Twitter es una aplicación web de microblogging, una mezcla de blogging con red social y mensajería instantânea.
  • 42. 40 um café delicioso.” Mas uma visão panorâmica do Twitter mostra que não se trata apenas de devaneios pessoais. Entre aquelas xícaras de café, as pessoas estão testemunhando acidentes, organizando eventos, compartilhando links, notícias, relatando coisas ditas por seus pais, e muito mais28. (tradução nossa) Hoje, com o status atual do Twitter, pode-se dizer que “O que está acontecendo?” tem maior relação com a ideia que Williams tinha para o microblog. Os usuários ainda compartilham o que estão fazendo – isso não mudou, mas também espalham, através dos tweets, suas crenças, valores, notícias, além de criarem um círculo social dentro da rede, fazendo novas amizades (inicialmente virtuais) e possibilitando a expansão de sua abrangência. O Twitter foi pensado para plataformas móveis como celulares, de modo que funcionava apenas através de mensagens de texto, assim, os inventores adotaram o padrão básico de tamanhos de SMS29: 160 caracteres, onde 140 seriam dedicados ao texto em si e os 20 restantes para o nome do usuário, também chamado de username. O que para algumas pessoas incomoda e impede de expressar totalmente o que querem, tendo que, às vezes, abreviar as palavras, para muitas facilitou a leitura do texto. Com o Twitter, os portais de notícias conseguem repassar suas informações e, caso o leitor tenha interesse, ele clica no link e tem acesso à matéria completa hospedada no site do portal. Muitos usuários avançados de Twitter elogiam o serviço justamente pelo desafio de sintetizar a informação. Isso é uma mão na roda para quem começa a seguir 50, 80, 100 pessoas e tenta acompanhar todas as atualizações que chegam. Como as mensagens são curtas, você pode checar rapidamente se alguma coisa te interessa ou não. E nada impede que você desenvolva uma idéia em seu blog e mande pelo Twitter um resumo com o link para quem se interessar, clicar e saber mais. (SPYER et al. 2009, p. 26) Assim, primeiramente, para se ter acesso ao Twitter, é preciso criar uma conta na rede social, utilizando um e-mail já existente e criando uma senha. Após a confirmação, o usuário terá diante de sua tela um novo perfil, onde vai poder seguir pessoas e ganhar seguidores, além de criar seus tweets. Desse modo, nos tópicos a 28 Twitter was originally conceived as a mobile status update service—an easy way to keep in touch with people in your life by sending and receiving short, frequent answers to one question, “What are you doing?” [...] Sure, someone in San Francisco may be answering “What are you doing?” with “Enjoying an excellent cup of coffee,” at this very moment. However, a birds-eye view of Twitter reveals that it’s not exclusively about these personal musings. Between those cups of coffee, people are witnessing accidents, organizing events, sharing links, breaking news, reporting stuff their dad says, and so much more. Disponível em: <https://blog.twitter.com/2009/whats-happening> Acesso em: 20 de maio de 2015. 29 Short Message Service, em português, Serviço de Mensagens Curtas, também chamado de torpedo. Disponível em: <http://www.significados.com.br/sms/> Acesso em: 18 de maio de 2015.
  • 43. 41 seguir serão explicadas cada categoria do Twitter para melhor compreensão de como a rede social funciona. Vale ressaltar que as imagens utilizadas para ilustrar os termos abaixo serão dos perfis oficiais dos primeiros usuários do Twitter: @ev (Ev Williams)30, @jack31 (Jack Dorsey), @biz (Biz Stone)32 e @noah (Noah Glass)33. Perfil, seguidores e seguindo Utilizando a página de Ev Williams (Figura 5) como exemplo para este tópico, nota-se que o perfil do usuário no Twitter é composto por algumas ferramentas. O Início é onde pode-se acessar a página inicial do usuário; Notificações são as respostas e retweets que aquele usuário recebeu e pode acessá-los; Moments (Momentos) é uma ferramenta que foi adicionada ao Twitter nos Estados Unidos em outubro e no Brasil em meados de novembro de 2015. O novo recurso tem o símbolo de um raio e contém as notícias mais relevantes do momento, como diz o próprio nome. Figura 5 – O perfil de Ev Williams no Twitter. Fonte: https://twitter.com/ev Acesso em: 18 de novembro de 2015. As Mensagens são diretas – nelas, um usuário pode mandar mensagem para 30 https://twitter.com/ev 31 https://twitter.com/jack 32 https://twitter.com/biz 33 https://twitter.com/noah
  • 44. 42 outro sem que seus seguidores tenham acesso a ela. Na chamada Bio, na lateral esquerda da imagem, o usuário pode escrever uma pequena biografia sobre si mesmo. No caso de Williams, ele optou por escrever “Here” (Aqui, em português). Além disso, pode-se optar por colocar sua localização (San Francisco, CA, US), um website (medium.com/@ev/) e, abaixo, o próprio Twitter informa desde quando aquele usuário tem uma conta no site (Participa desde março de 2006). Acima dessas informações, encontra-se o nome da pessoa e uma foto – uma característica diferenciada do Twitter é que, quando a conta ainda está inativa ou o usuário não fez nenhuma alteração, na sua foto de perfil aparece a imagem de um ovo, como uma referência a algo que está para nascer. Na parte central da imagem, encontram-se o número de tweets do usuário, o número do seguindo (Following, as pessoas que ele segue) e seguidores (Followers, as pessoas que o seguem), curtiu (Likes, são os tweets que ele favoritou/curtiu – essa opção será explicada em outro tópico) e as listas (com essa opção, o usuário pode selecionar diversos perfis que tem interesse e agrupá-los em uma timeline34 separada para compartilhar com seus seguidores, de modo que os assuntos não se misturem). Abaixo dessas categorias, encontra-se a timeline do usuário, onde quem acessa seu perfil pode escolher entre ver apenas os tweets, os tweets e as respostas e as fotos e vídeos publicados. No lado direito da imagem, encontra-se a opção Seguir (Follow), onde, ao clicar, o usuário começa a seguir aquela pessoa e a receber os tweets dela em sua timeline, e Quem Seguir (Who To Follow), onde o Twitter faz uma seleção de outros perfis semelhantes aos que o usuário já segue e os sugere. Santaella e Lemos (2010, p. 73) esclarecem que: É como se, ao apertar o botão “seguir” no perfil de um usuário no Twitter, estivéssemos assinando o seu canal de RSS feed. Ao escolher quais microblogs iremos seguir, estamos escolhendo quais canais de informação iremos convidar para fazer parte de nosso fluxo de informações. Quando seguimos alguém no Twitter, estamos fazendo uma assinatura do seu canal de informações. Dessa forma, cada pessoa que seguimos torna-se um canal provedor de determinado tipo de conteúdo para nosso fluxo pessoal [...] É relevante levar em conta que, no Twitter, uma pessoa pode seguir outra sem que esta o siga de volta, ou seja, não existe uma regra que obrigue os usuários se seguirem entre si. Portanto, não se faz necessário que um usuário siga outro para que tenha acesso às informações que ele compartilha, a não ser que este último opte pela 34 Em português, linha do tempo. “Trata-se da ordem das publicações feitas nas plataformas sociais online, ajudando o internauta a se orientar, exibindo as últimas atualizações feitas pelos seus amigos.” Disponível em: <http://www.significados.com.br/timeline/> Acesso em: 19 de maio de 2015.
  • 45. 43 opção de ter sua conta protegida, pois, se assim for, apenas os usuários que o seguem podem ver seus tweets. Além disso, em uma conta protegida ou trancada (para se referir ao cadeado que é exibido quando um usuário tem esse tipo de conta), as pessoas não têm a possibilidade de retweetar um tweet. Ademais, vale lembrar que um usuário pode deixar de seguir outro a qualquer momento (a essa ação dá-se o nome de unfollow35). @ e Reply Bilton (2013) informa que o símbolo @ (arroba) está inserido na linguagem de programação, sendo utilizado por engenheiros para falar com outras pessoas conectadas a um servidor. Esse símbolo foi usado pela primeira vez por um jovem designer da Apple, Robert Andersen, que em 2 de novembro de 2006 respondeu ao seu irmão colocando o @ antes de seu nome enquanto conversavam. Lentamente, o símbolo foi penetrando no vernáculo do Twitter, e as pessoas passaram a se referir umas às outras não pelo primeiro nome, mas por seus “@nome” no Twitter. O novo método de comunicação tornou-se tão popular no site que, no início de maio, Alex Payne, programador do Twitter, acrescentou uma nova aba ao site mostrando as “@respostas” das pessoas.36 Figura 6 – O reply. Fonte: https://twitter.com/jack/status/597218212162314240 Acesso em: 18 de novembro de 2015. Assim, um usuário só pode mandar um tweet para outro quando insere o @ antes do nome. O reply37 (Figura 6) é uma ferramenta que permite um usuário 35 O verbo to unfollow: deixar de seguir. Disponível em: <http://pt.bab.la/dicionario/ingles-portugues/unfollow> Acesso em: 19 de maio de 2015. 36 Atualmente, a aba “@respostas” foi substituída pela aba de Notificações. 37 Disponível em: <http://www.comofazertwitter.com.br/o-que-e-um-reply/> Acesso em: 18 de maio de 2015.
  • 46. 44 responder o tweet do outro; é também chamada de resposta ou mention (menção). É importante ressaltar que o username de alguém é que vai permitir que seu perfil seja encontrado no Twitter. # ou hashtag Bilton (2013, p. 131) explica que, após o @, vieram as hashtags (em português é chamado de marcador), “[...] o símbolo do jogo da velha que até então era usado em aparelhos de telefone. No Flickr, o site de compartilhamento de fotos, as pessoas às vezes usavam a hashtag para agrupar imagens sobre o mesmo tema.” [...] uma parte dos usuários da internet já está familiarizada com o termo “tag”, que quer dizer “etiqueta” em inglês. Na Web, “taguear” significa relacionar palavras-chave a um determinado conteúdo para que ele possa ser encontrado por outras pessoas. O Twitter não seria uma ferramenta de comunicação tão poderosa se não fosse pelas tags. E qualquer um pode inventar e inserir tags, basta incluir nas mensagens palavras-chave precedidas pelo sinal de #. (SPYER et al. 2009, p. 20) Entende-se, portanto, que hashtag é qualquer palavra ou frase que, precedida pelo símbolo do jogo da velha, permite que o usuário, ao clicar nela, encontre tweets que contenham aquele mesmo termo-chave. Por exemplo: se um determinado usuário usa #supergood (Figura 7), ao clicar nele, encontrará todos os outros tweets onde os outros usuários usaram a mesma hashtag, de modo que é feita uma seleção pelo próprio site para agrupar esses tweets. Figura 7 – Exemplo de Hashtag. Fonte: https://twitter.com/biz/status/581896206231605248 Acesso em: 18 de novembro de 2015.