1. Um pouco da história da censura na arte
Merriam-Webster define a censura como "a prática de examinar oficialmente livros,
filmes, etc., removendo as coisas consideradas ofensivas, imorais, prejudiciais à
sociedade, etc.". Mas, o mundo da arte é um reino habitado por muitas obras-primas que
são reconhecidas e elogiadas justamente por suas características transgressoras e
polêmicas, combatentes a tabus.
A arte de "choque" cultural é feita pra informar "assustando". Pra dar um tapa na cara
do senso comum com a liberdade de expressão contra a decadência humana.
Ao longo da história da arte, obras foram alteradas, silenciadas e até mesmo apagadas
devido ao "conteúdo inaceitável" das peças, sendo por questões religiosas, sociais ou
políticas. No entanto, há séculos que os artistas vêm empurrando goela abaixo os limites
do "ofensivo" com suas obras.
1565: Michelangelo "O Juízo Final" (foto acima)
Embora o atrevimento do artista não apareça nos olhos contemporâneos dos dias atuais,
a famosa Capela Sistina de Michelangelo foi considerada profana e imoral por muitos
defensores da fé católica na época, incluindo o Papa Daniele de Volterra. A cena mostra
almas humanas peladonas. Na época alguns críticos mal conseguiam enxergar a
mensagem religiosa porque estava todo mundo com as coisas de fora.
1865: Edouard Manet da "Olympia"
Bom, nessa época os nus clássicos, introduzidos por Michelangelo, já eram
considerados "ok", e os corpos sem roupa eram não só aceitos como também
reverenciados. Na era do "Pelado legal", Ticiano e Giorgione não tiveram muitos
problemas com suas mulheres e odaliscas descobertas. Entretanto, a ruiva de Manet,
Olympia, foi considerada vulgar demais por seu toque firme na representação realista do
corpo.
1894: Frederick MacMonnies '"Bacchante and infantil Faun"
A estátua de bronze do deus romano do vinho, Bacchante, segurando uma criança pode
não ser considerada um NSFW, mas causou uma puta indignação quando um arquiteto
tentou colocar a peça no pátio da Biblioteca Pública de Boston, na Copley Square. A
União Cristã Feminina da Temperança disse que o "bêbado indecente" era indigno de
estar exposto. Os protestos das tias acabaram por transferir a peça para Nova York. Hoje
ela mora feliz no Metropolitan Museum of Art.