1. Experiência de vida
Lya Fett Luft, escritora e tradutora brasileira. É também uma
professora universitária e colunista da revista semanal Veja
Já fui menino. Hoje não sou mais. Também deixei há muito tempo a irreverente fase da
adolescência. Não são só as marcas do tempo em minha face, nem os cabelos brancos que
determinam os anos que já vivi. O fato que se apresenta mais pontual é aquilo que chamamos de
experiência de vida. Os anos foram passando e com eles as experiências sendo acumuladas. De
erros e de acertos. De desvios e de puro aprendizado. De teimosia e de aceitação. De quedas e
subidas. De choros e risos. De lamentos e de euforia. Aprendizado que se apresenta depois de
constatações, decepções e de surpreendentes revelações. A isso chamo de maturidade. É o bendito
fruto de consciência daquilo que se pensa e faz. São ações que têm suas consequências
antecipadamente medidas. São omissões com lastro consciente nas suas causas e efeitos. Se
quando menino não imaginava e na adolescência resistia, hoje, maduro, entendo: a vida é uma
escola. Viver é essencialmente aprender. E, neste constante aprendizado, aceitar a experiência e o
conhecimento daqueles que já os viveram é sinal de que começamos a construir o lastro da
maturidade que nos legará a indestrutível sabedoria existencial.