1. Vivendo na Eternidade
Olhe à sua volta, é vida abundante,
Há flores, árvores e sapos, muitos outros seres,
E tudo faz parte da roda, da rota, da rota da roda da vida,
Está sempre mudando, está sempre crescendo, girando,
Como você... e as pessoas ao seu redor,
Sua vida nunca é a mesma,
Sua vida nunca mais será a mesma,
A cada dia você renasce, é um novo ser,
Você um dia foi criança, adolescente,
Agora já é uma mulher,
Um dia se sentirá absolutamente adulta,
Já fez e fará muito mais coisas importantes,
Quem sabe terá filhos,
E um dia, para os outros normal,
Para você, especial, sem um sentido para amanhã,
Um ‘hoje’ em que você se extinguirá,
Como se fosse a chama de uma vela,
Abrirá caminho para uma nova vida...
Isso não é uma certeza,
É o ciclo natural das coisas,
E, depois, nós apenas existimos...
O que muitas pessoas possuem
Não se pode chamar de vida,
Elas apenas existem, como rochas,
Presas à margem de um regato,
Mas, escute, ouça atentamente,
Uma música, um suspiro, um trovão ou o silêncio,
Todos os sons que puder escutar agora,
Escute o seu coração, seus pensamentos,
E você descobre finalmente o segredo da vida,
Eles clamam, contam, cantam, algo chamado viver...
Inconscientemente, sabem que vão morrer...
Se as pessoas descobrissem uma nascente
Que lhes proporcionassem a vida eterna,
Se matariam para chegar lá,
Uma coisa pode-se aprender sobre elas, sobre isso,
Muitas fariam tudo, qualquer coisa para não morrer,
E fariam tudo para evitar viverem realmente suas vidas,
Você pararia, como está agora, para sempre?
Talvez sim, mas o preço,
Por essa dádiva, ou punição, é muito alto,
É preciso entender, aceitar que
Não querer morrer não é errado,
Não querer que as pessoas que amamos morram
Também não é errado,
Nenhuma pessoa quer isso,
Mas faz parte da roda, da rota da roda da vida,
É o mesmo que nascer,
Não se pode ter a vida sem a condição de se ter a morte...
Ninguém tem que viver para sempre,
2. Tem apenas que viver...
Não tenha medo da morte,
Tenha medo da vida não vivida
A morte, a passagem, faz parte da vida,
É um presente de Deus, que a gente quer
sempre no mais longínquo futuro...
Um fim, com um sentido de recomeço,
Como é uma companheira, uma parceira,
que nunca se identifica onde está,
Convido-a para estar comigo sempre,
Quantas vezes o medo dela já me salvou...
Não tenho contas para contar...
Creio ser ela um anjo de Deus,
Uma parte de Deus, sempre por perto, atenta,
Que recebe o Seu sinal e faz a sua parte,
Não lamenta nem comemora,
Apenas cumpre o seu papel,
Só conhece a sua sina,
Não conhece a vida, por isso
Não sofre, não vive, só mata,
Mas, sem saber, faz uma passagem fabulosa
Dessa experiência para outra,
Aonde quem vai, fatalmente, não deseja voltar...
Às vezes ficamos tristes quando as pessoas partem,
Ficamos com aquela imagem final, gravada, fotografada,
Da inércia, do estático, da matéria, agora sólida...
Nem parece aquela pessoa que ria, que ía, que vinha,
Realizava, se movimentava, e agora jaz ali, na memória...
Temos um consolo, se ela também me amava,
É porque eu era pra ela algo de muito bom,
Agora que se foi, não sei onde está mais,
Se ainda me observa, se me acompanha
Mas, se sim ou se não,
Tenho que ser a cada dia melhor do que eu era,
Assim, onde quer que ela esteja,
Sentirá mais orgulho de ter me amado...
E eu comemorarei mais, oferecerei mais,
Mais as alegrias das minhas vitórias,
Do que as tristezas da minha saudade...